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KAUTSTY, Karl. A Questão Agrária.

Prefácio: Marcos Poggi Araújo, Tradução de


Otto Erich Mass,Brasília: Linha Gráfica Editora/Instituto Teotônio Vilela,1998,
Coleção Pensamento Social Democrata, 588p.

UNISC- 338:63 k21QE EX.3


Karl Kautsky nasceu em Praga em 16 de outubro de 1854.Estudou na
universidade de Viena. Filiou-se ao Partido Social-Democrata e aderiu ao
marxismo por influência de Edward Berstein. Mais tarde os dois seriam críticos da
ortodoxia marxista, e acusados de traidores do marxismo por isso.Foi secretário
de Engels entre 1883 a 1885. Foi responsável pela organização e edição do
quarto livro de o Capital sob o título de Teorias da Mais Valia.Foi considerado por
Lenine de o “ Renegado Kautsky” face a sua posição contrária à Revolução Russa
e ao totalitarismo soviético.

Ao se estudar a questão agrária segundo o método e Marx não se deve


apresentar apenas a questão do futuro que teria eventualmente a pequena
empresa agrícola; mais do que isso, nós temos que examinar todas as
transformações que sofre a agricultura nas várias fases do modo de produção
capitalista. Devemos verificar se o capital se apodera da agricultura, como o faz,
se a revoluciona, se torna insustentável as velhas formas de produção e
propriedade e se acarreta ou não a necessidade de novas formas.É esta tarefa
que se propõe o autor no livro.(36)
O desenvolvimento industrial conseguiu modificar o caráter da produção agrícola.
A família camponesa que se constituía ela própria uma cooperativa auto-suficiente
ou quase totalmente auto-suficiente, pois produzia somente produtos para a sua
subsistência, passou a produzir produtos para um mercado. Assim como também,
passou a buscar no mercado os outros produtos não só agora para a sua
subsistência, mas também e muito para o seu supérfluo.(37)
As necessidades das famílias camponesas aumentam devido ao contacto que
seus filhos têm com a cidade, principalmente aqueles filhos que vão saem de
casa para o serviço militar.(39)
O camponês passa a depender do mercado que a ele se revela mais caprichoso e
imprevisível que o tempo. As boas colheitas que deveriam ser comemoradas
somente pela sua produtividade biológica, mais grãos, agora podem ser sinais de
preço baixo, uma contradição da nova fase industrial do capitalismo.(41)
O negociante que se coloca entre o camponês e o comércio tem uma visão
melhor do mercado, com isso ele aproveita-se desta situação para explorar o
camponês.(41-42)
O que o fogo e os exércitos inimigos não conseguiram destruir na Idade Média,
pois não conseguiam tirar do camponês a autonomia de sua subsistência, o
mercado foi mais avassalador que o fogo. (42-43).
Com a industria o camponês deve necessidade de ter dinheiro que só era
conseguido mediante a venda de seus produtos para o mercado.(47).
A caça é excluída da atividade camponesa. Que é proibido de caçar em função de
leis da nobreza.(51)
A não criação de animais vacuns pelos camponeses fez com que diminuísse a
quantidade de adubos orgânicos e o surgimento da industria química de adubos.
(57) Alem de fazer do camponês um desnutrido vegetariano.
O modo de cultivo tradicional dos camponeses, com o uso da rotação de terras
tornou-se insustentável, inviável economicamente pela exigência de produzir para
um mercado. (58-59)

O desenvolvimento Econômico da cidade passa a revolucionar as condições


econômicas rurais tornando necessária, igualmente, uma revolução nas
condições de existência da propriedade. (60)
O fim da agricultura feudal, os camponeses perdem sua condição de servos e
também suas melhores terras. Abre-se o caminho para a agricultura capitalista.
(61)
Com toda a miséria reinante na cidade, ela era menor que no campo. A
concentração dos assalariados facilitava a luta pelo trabalho. A necessidade de
reprodução da força de trabalho fez com que surgissem preocupações com a
saúde.(63)
O desenvolvimento tecnológico científico da agricultura permitiu que o cultivo
alternativo de cereais e plantas forrageiras demonstrou que nem todas as plantas
esgotam igualmente o solo, de modo que uma seqüência racional de cultural
poderá elevar o rendimento a produção.Assim os efeitos benéficos da sucessivas
de culturas já eram conhecidos entre os romanos, foi generalizado no século XIX
agora para atender as necessidades do mercado.(69)
O camponês produz agora não somente na condição de industrial, como agricultor
também já não produz pessoalmente tudo que necessita. Vê-se agora obrigado a
comprar ferramentas e alimentos que precisa. É o fruto da especialização do
trabalho. (71)

A DEPENDÊNCIA DO AGRICULTOR: “Quanto mais o estabelecimento agrícola


se especializa, e quanto mais animais este possa utilizar de uma ou de outra
forma, tanto mais rapidamente se processa a comercialização. Mas se
desenvolve, igualmente, o comércio praticado pelo intermediário, que,no entanto,
torna dependente esse agricultor que, em visão alguma do mercado, por isso
mesmo cai facilmente em situações difíceis. E dessa maneira, pois, que surge a
conhecida e inesgotável fonte de logros e e de exploração do camponês.”(72)
As dificuldades das máquinas se adaptarem a agricultura:”Não são apenas as
dificuldades técnicas que se opõem à aplicação da máquina á agricultura. Além
destas existem as econômicas.”(73)A Aplicação de máquina na agricultura
pressupõe uma cultura prévia em alto grua de desenvolvimento.
A aplicação de máquinas no campo requerem alto grau de estudo.(74).
Liebig propõe no início do século XIX o uso de excrementos da zona urbana como
adubo para a agricultura.(86)Liebig era um pesquisador da agricultura.
O uso de adubos industrializados levam o camponês para o mercado.”...adubos
permitem, em certas circunstâncias, que o agricultor dispense a cultura alternante
e o esterco;que ele adapte suas culturas por completo às exigências do mercado,
ou que dedique a área que a moderna agricultura encontra sua expressão técnica
e econômica mais elevada.” (87)
Adam Smith em suas Riquezas das nações já diferencia a produção capitalista da
produção de “ valor natural” (101-102)
Uma queda geral na taxa de juros não afeta de forma alguma o valor do mercado
de capitais, mas afeta de forma avassaladora o mercado de terras.(123)
O Trabalho penoso dos proprietários da “pequena propriedade”. “É necessário ser
um admirador fanático da pequena propriedade para ver qualquer vantagem
nessa coação que ela exerce sobre os seus trabalhadores, coação que os
transforma em simples animais de carga e cuja vida toda, exceto nas horas de
dormir ou de comer, não passa de tempo exclusivamente dedicado ao
trabalho.”(154)
O ULTIMO REDUTO DA EXPLORAÇÃO CAPITALISTA-“Para nós é claro que a
alimentação sub-humana do pequeno lavrador não constitui vantagem alguma
para o pequeno estabelecimento e o mesmo se diga da aplicação sobre-humana
do mesmo ao trabalho. Esses dois fatores atestam, antes de mais nada, o atraso
econômico do pequeno estabelecimento; ambos constituem entraves sérios para
o progreso econômico. Graças a eles o pequeno estabelecimento fundiário torna-
se o intrumento
“criador de uma classe extra-social de bárbaros, reunidos esta,em si mesmo, tudo
que de rude existe nas formas primitivas de sociedade, mais os problemas e a
miséria dos países civilizados” (p. 161)
Palavra estultice- (163):Estupidez
O COOPERATIVISMO: é mais fácil associar-se o latifundiário em cooperativas
que o pequeno lavrador.(167)
As cooperativas servem ao capitalismo; “Sem dúvida alguma as cooperativas de
crédito são de maior importância para o camponês, como meio de progredir
economicamente. São meios de progresso econômico que não levam ao
socialismo(conforme muitos pensam), mas ao progresso do capitalismo.”(168)

As cooperativas aumentam as vantagens dos latifúndios em relação aos


pequenos produtores.”quem dela parece mais se beneficiar é o médio
produtor”(172)
o camponês é um fanático pela propriedade da terra.” o camponês encontra-se
mais ligado a sua terra do que o artesão a seus inStrumentos de trabalho.(179)
“ o MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA É O ÚNICO CAPAZ DE CRIAR
CONDIÇÕES PRÉVIAS PARA O ESTABELECIMENTO DE
COOPERATIVAS.”(180)
A grande industria faz com que as pequenas industrias desapareçam.(194)
O Estado serve para a manutenção das pequenas empresas. “ O fato de o Esado
amparar, por razões políticas, determinados estratos sociais que pereram a sua
estabilidade econômica, não constitui nada de extraordinário.(194)
A Lógica do sistema capitalista.(194 a 196)
O MERCADO DOS PRODUTOS ORGÂNICOS TEM LIMIAÇÕES. (197) “ A
produção de artigos de alta qualidade, seja de roupas ou de calçados, de papel ou
de produtos têxteis, de verdura ou de frutas, exige grandes conhecimentos, muita
mão-de-obra e maiôs seletos de produção, coisas que custam dinheiro, muito
dinheiro mesmo....
Mesmo que não fosse esse o caso, sria um absurdo esperar que o aumento de
prodigalidade capitalista pudesse levar a uma revitalização da pequena empresa.
(197)
O pequeno agricultor serve aos grandes latifúndios. “ O latifúndio consegue obter
os seus melhores resultados brutos e líquidos, diz Von der Golz, “ quando se
apresenta morando ao redor de seu estabelecimento um grande número de
proprietários necessita e constituem fregueses certos para os excedentes
produzidos pelo latifundiário.(223)

A questão da pluriatividade como forma de manutenção e sobrevivência dos


pequenos proprietários de terras.(226)
A AGRICULTURA NO CAPITALISMO. “ Vimos que ao término do feudalismo a
agricultura decaíra bastante e que o modo de produção capitalista voltou a elevar
consideravelmente seu nível mediante técnicas empregadas nos grandes
estabelecimentos. Vimos também que esse mesmo modo de produção chegou a
provocar certas tendências contrárias ao desenvolvimento e à expansão do
grande estabelecimento, tendências que atuam firmemente contra a emancipação
e a soberania da agricultura dentro da ordem social existente, evitando, dessa
maneira, que a agricultura atinja o nível mais elevado que é capaz de atingir sob
condições técnicas vigentes. Essas tendências inibidoras podem levar, aqui e
acolá, a um retrocesso técnico da agricultura em decorrência do fomento à divisão
do solo em parcelas menores.” (263)
A ATRAÇÃO DO URBANO: “ Quando mais progride o desenvolvimento
capitalista, maiores são a diferença culturais que se estabelecem entre cidade e o
campo; tanto mais este se atrasa em relação àquela, como maior também se
torna ainda o número de prazeres e de meios de lazer que a cidade vem a
oferecer ao campo.”(280)
Fideicomisso-direito a terra do primogênito- a indivissibilidade da terra na herança.
O USO DE IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS E A QUESTÃO AMBIENTAL.” Uma das
causas que mais favorecem a devastação por parte dos insetos que atacam as
plantas é o desaparecimento dos pássaros, seja pelo combate aos mesmos, seja
porque a ampliação das áreas de cultura tem contribuído para a limitação das
matas em que estes contribuíram os respectivos ninhos. Na economia florestal é o
moderno grande estabelecimento que tem favorecido mais a substituição das
espécies de lento desenvolvimento que logo são aproveitáveis, a curto prazo,
principalmente pelo pinheiro...” (286)
A forma com que se forma a família no sistema capitalista. A manutenção
econômica desta família.
O CAPITALISMO QUE ROMPE COM O FEUDALISMO ONERAM A EXPANSÃO
AGRÍCOLA. “...vimos que este tipo de produção gera igualmente tendências que
cada vez mias delimitam e oneram a expansão dessa agricultura,de modo que as
atuais formas de apropriação e posse cada vez mais entram em conflito com as
reais necessidades do estabelecimento agrícola racionalmente explorado. (309)
O DILEMA DO CAPITALISMO E O AUMENTO DA PRODUÇÃO. “ o modo de
produção capitalista favorece a revolução ininterrupta da produção através da
acumulação, do acúmulo progressivo de novo capital e da revolução tecnológica
decorrente do progresso das ciências que se encontram a serviço do capital. A
produção capitalista vêm crescendo mais rapidamente que a própria população.
(311)
A IMPORTÂNCIA DOS MERCADOS INTERNACIONAIS. (313)
A facilidade dos transportes e a importância da rapidez da circulação do capital.
(314)

A CRISE AGRÁRIA: Devemos nos abster-nos de procurar saber quais os reflexos


da crise agrária sobre a indústria. Devemos lembrar que o desenvolvimento desta
foi essencialmente ativado por aquela.Já se foram os tempos em que valia o dito
popular, segundo o qual “dinheiro na mão do camponês é o mesmo que dinheiro
na mão de todo mundo”(330)
O DILEMA DO PEQUENO AGRICULTOR: “ A revolução agrícola instala, dessa
maneira, um corre –corre em que todos são empurrados para a frente, sem dó
nem piedade, até caírem exaustos- exceto alguns felizes desalmados que,
pisando nos vencidos, conseguem acompanhar o ritmo da corrida;refiro-me, no
caso, aos grandes capitalistas. (383)
A concepção burguesa distingue a lógica do sistema capitalista industrial do
sistema camponês, baseada na pouca diminuição dos pequenos
estabelecimentos rurais. Já a visão socialista popular (marxista) vê, o contrário, o
fator transformacional da agricultura no ágio, ou seja, no endividamento que
distancia o camponês de sua propriedade e o expulsa de sua casa e sua herdade.
(384)
A distinção da empresa que destina sua produção ao mercado e aquela que
produz para consumo próprio.” Umas e outras acabam subordinadas à industria,
de qualquer forma, se bem que por vias diferentes.” (388) Uns acabam se
proletarizando (pluriatividades) e outros acabam produzindo produtos que servem
para as grandes industrias (como o fumo por exemplo).(389)
“..., o regime proletário deve também levar a uma socialização dos grandes
estabelecimentos agrícolas que se baseiam na espoliação de operários
assalariados. È perfeitamente correto dizer que o grande estabelecimento não
vem progredindo no campo num mesmo ritmo que a indústria urbana. Mas
decididamente errado esperar que o grande estabelecimento seja deslocado pelo
pequeno estabelecimento agrícola. No âmbito da agricultura capitalista o grande e
o pequeno estabelecimento se condicionam reciprocamente.” (394)
A TESE DO KAUTSKY: “O desenvolvimento da agricultura segue o caminho da
indústria. As necessidades da sociedade e as condições impostas pela mesma
orientam esse desenvolvimento no sentido da evolução para o grande
estabelecimento social cuja forma suprema reúne em uma entidade firme e única
a agricultura e a indústria.” (398)

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