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1. INTRODUÇÃO
Figura 1. Classificação dos principais sistemas de armazenamento de energia quanto ao tipo de aplicação.
Uma bateria é constituída por uma ou mais células eletroquímicas ligadas em série
ou em paralelo, ou ainda através de uma combinação mista de ambas. Nessas células, a
energia química armazenada é convertida em energia elétrica, a partir de reações
eletroquímicas, podendo fornecer corrente elétrica para um circuito externo através de
seus eletrodos denominados de ânodo (polaridade negativa) e de cátodo (polaridade
positiva), os quais são separados por um eletrólito [8].
Durante a descarga da bateria, reações eletroquímicas ocorrem no ânodo (oxidação)
e no cátodo (redução) com migração de elétrons entre os eletrodos através do circuito
metálico externo e migração de íons através do eletrólito [9]. A Figura 2 ilustra o esquema
de uma célula eletroquímica descarregando sobre uma carga resistiva, incluindo também
as respectivas equações químicas. Em contrapartida, durante a etapa de carga as reações
se invertem seguindo percursos inversos tanto para a condução iônica como eletrônica.
Em uma bateria eletroquímica, o produto de duas grandezas importantes fornece a
quantidade de energia armazenada por esse dispositivo. Estas grandezas são: tensão
elétrica, medida em Volts (V) e capacidade, medida em Ampère-hora (Ah).
Teoricamente, uma bateria de 50 Ah pode fornecer 5 A durante 10 horas ou 50 A durante
1 hora. Entretanto, na prática, observa-se que as operações de descarga de uma bateria
Os seguintes termos foram escritos com base em [11] e [12], onde uma lista mais
completa pode ser consultada.
Autodescarga
A autodescarga é o processo de descarregamento espontâneo das baterias, devido
às perdas nos processos químicos internos, quando elas não estão sendo utilizadas.
Normalmente, a taxa de autodescarga é especificada como uma porcentagem da
capacidade nominal que é perdida mensalmente. Esta taxa aumenta com o aumento da
temperatura, por este motivo, é aconselhado abrigar as baterias em locais arejados.
Capacidade
A capacidade indica quantos amperes de corrente é possível retirar de uma bateria
num dado período de tempo. Esse termo é normalmente representado em Ampere-hora
(1 Ah = 3600 coulombs), mas também pode ser representado em Watt-hora (Wh), quando
nos referimos a energia que se pode extrair do dispositivo. Por exemplo, uma bateria de
42 Ah é capaz de fornecer 4,2 A durante 10 horas (4,2 A x 10 h = 42 Ah), 21 A durante
2 horas, 42 h durante 1 hora, e assim por diante. Destaca-se ainda que capacidade
disponível depende de um conjunto específico de condições, como taxa de descarga,
temperatura, estado inicial de carga, etc.
Ciclo
Corresponde à sequência de descarga e carga de uma bateria. A vida útil das baterias
também é definida por uma determinada quantidade de ciclos completos.
Descarga
A descarga corresponde a retirada de corrente elétrica de uma bateria, por meio de
uma carga (dispositivo elétrico ou eletrônico que drena energia quando conectado à
bateria), através da conversão de energia química em energia elétrica. Normalmente, uma
descarga profunda ocorre quando a descarga ultrapassa 50% da capacidade da bateria.
Eficiência
A eficiência pode ser determinada pela razão entre a quantidade de carga elétrica
(Ah) retirada da bateria durante a descarga e a quantidade necessária para restaurar o
estado de carga inicial, conhecida como eficiência coulômbica ou de ampere-hora.
Alternativamente, é possível relacionar a energia (Wh) retirada da bateria durante a
descarga com a energia total característica do estado de carga inicial. Nesse caso, obtemos
a eficiência global ou de watt-hora, também conhecida como eficiência energética.
Estado de Carga
Popularmente conhecido como SOC (do inglês State of Charge), é a capacidade
disponível na bateria em um determinado momento, expressa em porcentagem da carga
nominal. Por exemplo, se 20 Ah foram retirados de uma bateria de capacidade nominal
de 100 Ah completamente carregada, significa que o novo estado de carga vale 80%.
Estado de carga de 100% indica que a bateria está totalmente carregada, enquanto
que 0% indicia que a mesma está totalmente descarregada.
Estado de Vida
Também conhecido como SOH (do inglês State of Health), é a medição percentual
da condição atual da bateria comparada com as condições iniciais. Esse valor é 100%
quando a bateria está nova e diminui de acordo com o seu uso, pois a cada ciclo de carga
ou descarga uma pequena quantidade de massa ativa se desprende das placas reduzindo
a capacidade da bateria.
Profundidade de Descarga
Este parâmetro indica, em termos percentual, o quanto da capacidade nominal foi
retirado no processo de descarga. No exemplo do estado de carga, a profundidade de
descarga corresponde a 20%, ou seja, é o valor complementar ao estado de carga.
Sobrecarga
Fornecimento de corrente a uma bateria após o término do processo de carga
completa. A sobrecarga não aumenta a disponibilidade de energia na célula e pode
resultar em gaseificação ou sobreaquecimento, ambos possuindo reflexos negativos na
vida útil do dispositivo.
Analogamente, podemos definir diferentes taxas, como C/100 (100 h), C/20 (20
h), entre outras. Assim, para carregar a bateria do exemplo acima com uma taxa de C/20,
seria necessária uma corrente de 7,5 A (150 Ah / 20 h).
Taxa de Descarga
De maneira oposta ao item anterior, esta taxa corresponde ao valor de corrente
elétrica durante o processo de descarga. Também é normalizada pela capacidade nominal
da bateria.
Tensão de Corte
Tensão de final de descarga, a partir da qual podem ocorrer danos irreversíveis a
bateria.
Tensão Nominal
Tensão média da bateria durante o seu descarregamento com uma determinada taxa
de descarga a uma determinada temperatura.
Vida Útil
Pode ser especificada pelo número de ciclos ou período de tempo, dependendo da
aplicação. Indica até quando ou quantas vezes a bateria pode ser usada antes de apresentar
falhas em satisfazer as especificações. Fatores como temperatura e profundidade de
descarga estão inversamente relacionados com a vida cíclica da bateria, ou seja, quanto
Devido aos processos químicos internos e ao uso incorreto das baterias, muitos
problemas podem surgir com o tempo, principalmente em baterias de chumbo-ácido.
Dentre estes, podemos destacar:
Estratificação
A água e o ácido utilizados no eletrólito possuem densidades diferentes. Por esse
motivo, se a bateria ficar por muito tempo sem uso, essa mistura irá se separar em
camadas, ficando o ácido na parte inferior e a água na parte superior. Desse modo, os
eletrodos serão corroídos por ficarem em contato com o ácido puro e, consequentemente,
a capacidade da bateria será reduzida. Esse efeito é mais significante em baterias de
chumbo-ácido.
Gaseificação
Pode ocorrer em baterias de chumbo-ácido e corresponde à produção de gás em um
ou mais eletrodos. Este fenômeno ocorre em situações de sobrecarga, na qual toda
corrente elétrica passa a ser consumida no processo de eletrólise da água contida no
eletrólito, resultando na formação de bolhas de hidrogênio e de oxigênio. A liberação de
gases leva à perda do eletrólito e ao aumento da resistência interna da bateria. No caso
Sedimentação
Durante os ciclos de carga-descarga ocorre o desprendimento de material ativo dos
eletrodos e sua sedimentação no fundo do vaso. Uma sedimentação acumulada pode levar
ao curto-circuito das placas, inutilizando a bateria.
Sulfatação
Este problema ocorre tipicamente em baterias de chumbo-ácido, em condições
normais de operação. Durante um processo de descarga forma-se uma camada de sulfato
de Chumbo na superfície das placas, o que impede o contato entre a parte ativa e o
eletrólito, diminuindo assim a capacidade da bateria. Se a bateria permanecer por muito
tempo descarregada ou se não for devidamente carregada, os pequenos cristais de sulfato
de chumbo juntam-se formando cristais maiores. Estes, por sua vez, se tornam
irreversíveis e a capacidade da bateria é reduzida permanentemente.
Este método é muito eficaz para diversos tipos de baterias. Consiste em aplicar uma
corrente de valor fixo ao acumulador, desconectando-o quando sua tensão atingir o valor
de final de carga. A Figura 4 mostra o comportamento da tensão da bateria durante o
carregamento. Apesar de ter um bom desempenho, essa técnica pode provocar
sobretensões e, consequentemente, gaseificação e sobreaquecimento, principalmente no
Neste tipo de recarga, utiliza-se uma tensão constante com valor igual ao da tensão
de carga máxima da bateria, a qual é especificada pelo fabricante. Trata-se de um método
muito simples de ser implementado e controlado, porém, alguns aspectos devem ser
considerados ao utilizá-lo. Um deles é o fato da corrente inicial de carga ser muito
elevada, podendo chegar a 5 vezes o valor da corrente nominal da bateria, conforme
ilustrado na Figura 5. O outro ponto negativo é o fato de não se garantir um
balanceamento de carga entre as células. Consequentemente, algumas podem estar
sujeitas a sobretensão e sobreaquecimento.
7. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
[1] Hussein Ibrahim, Adrian Ilinca, and Jean Perron. Energy storage systems
characteristics and comparisons. Renewable and sustainable energy reviews,
12(5):1221{1250, 2008.
[2] Y. Wang, K. T. Tan, X. Y. Peng, and P. L. So. Coordinated control of distributed
energy-storage systems for voltage regulation in distribution networks. IEEE
Transactions on Power Delivery, 31(3):1132{1141, June 2016.
[3] M. Zeraati, M. E. Hamedani Golshan, and J. M. Guerrero. Distributed control of
battery energy storage systems for voltage regulation in distribution networks with high
pv penetration. IEEE Transactions on Smart Grid, 9(4):3582{3593, July 2018.
[4] Carl D Parker. Lead-acid battery energy-storage systems for electricity supply
networks. Journal of Power Sources, 100(1-2):18{28, 2001.
[5] B. Bhargava and G. Dishaw. Application of an energy source power system stabilizer
on the 10 mw battery energy storage system at chino substation. IEEE Transactions on
Power Systems, 13(1):145{151, Feb 1998.
[6] A. D. Del Rosso and S. W. Eckroad. Energy storage for relief of transmission
congestion. IEEE Transactions on Smart Grid, 5(2):1138{1146, March 2014.
[7] S. M. Lukic, J. Cao, R. C. Bansal, F. Rodriguez, and A. Emadi. Energy storage
systems for automotive applications. IEEE Transactions on Industrial Electronics, v. 55,
n. 6, pp. 2258-2267, June 2008.
[8] C. M. D. Porciuncula, “Aplicação de modelos elétricos de bateria na predição do
tempo de vida de dispositivos móveis,” (Dissertação), Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - Unijuí, 2012.
[9] Eduardo T. Serra et al, “Armazenamento de Energia: Situação Atual, Perspectiva e
Recomendações”. Comitê de Energia da Academia Nacional de Engenharia, Dezembro
2016.
[10] M. Jongerden and B. R. Haverkort. “Battery modeling”. Technical Report, 2008.
Disponível em: