Você está na página 1de 39
seorsson YNICAINTY WU O°LSVD Ba OANA TvaINY Yad ¥ISOD va f OwvATY sdQNVO RIMAS ~ LUIS DE CAMOES. omar EDIGOES ALMEDINA, SA Roa ds Bare, n° 6 3000-161 Coimora “Tei: 239 851904 Fax: 239851901 vwwwalmedina.net tors @ amedina.net ‘pecogioousricn GC. GRAFICA DE COMBRA, LDA. Palheia ~ Assataige 3001-453 Coimbra raeao@ graficadecoimbra.pt Maio, 2005 enosro Leese THA3I98 ‘Tne erks de dn, po ooeia ew io alae DES ‘em prin arizato excita do Editor, ‘ota psi deprcedmens judi cont infact. 117) [SUPER FLUMINA. Site cis que vio por Babilénia, m’ achei, onde sentado chorei as lembrangas de Siaio © quanto nela passe. Ali’o rio corrente de meus olhos foi manado, ¢ tudo bem comparado, Babilénia ao mal presente, Siio ao tempo passado. Ali, lembrangas contentes n’alma se representaram, € minhas cousas ausentes se fizeram tio presentes como se nunca passaramn, Ali, despois de acordado, co rosto banhado em 4gua, deste sonho imaginado, vi que todo o bem passado no é gosto, mas é migoa. F. vi que todos os danos se causavam das mudangas ¢ as mudangas dos anos; ‘onde vi quantos enganos faz 0 tempo as esperangas. (Alivi o maior bem quo pouco espago que dura, © mal quao depressa vem, ¢ quio triste estado tem quem se fia da ventura. on 1a sSdbolor tiow & desta ed rinse, em geral, @ texto de 1588, por mais correrto. A forma «Sdbolos cinw ¢ desta ed “Soke 08 tow, menos eufbaica, roy 10) Vi squilo que mais val, que entio se entende milhor ‘quanto mais perdido for; vio bem suceder mal, eo mal, muito pior. E vi com muito trabalho: comprar acrependiment vi nenhum contentamento, e vejo-me a mim, qu’ espalho tristes palavras ao vento. Bem sio rios estas guas, com que banho este papel; bem parece ser cruel vatiedade de migoas © confusio de Babel. Como homem que, por exemplo dos transes em que se achou, despois que a guerra deixou, clas paredes do templo. suas armas pendurou: Assi, despois que assentei que tudo 0 tempo gastava, da tristeza que tomei nos salgueitos pendurei 08 Srgios com que cantava. Agucle instrumento ledo dcixci da vida passada, dizendo: — Misica amada, deixo-vos neste arvoredo A meméria consagrada. Frauta minha que, 8 montes fazieis vir ara onde estiveis, correndo; © 88 dguas, que iam decendo, tornavam logo a subie: jamais vos nao ouvirio os tigtes, que se amansavam, © as ovelhas, que pastavam, das ervas se fartacio ue por vos ouvir deixavam, tangendo, Ji niio fareis docemente em s0ses tornar abrolhos na ribeira florecente; neta poreisfreio A corrente, emis, se for dos meus olhos. io movereis 2 espersura, nem podereis ji trazer ateis vs a fonte pura, pois niio pudestes mover desconcestos da ventura, Ficateis oferecida A Fama, que sempre vela, frauta de mim tio querida; porque, mudando-se a vida, se mudam 03 gostos dela, ‘Acha a tenra mocidade prazeres acomodados, © logo a maior idade ji sente por pougaidade aqueles gostos passados. Um gosto que hoje se alcanga, ‘amanba j4 0 no vejo; assi nos traz a mudanca de esperanga em esperanga, e de desejo em desejo. Mas em vida tuo escassi ‘que esperanga sera forte? Fraqueza da humana sorte, que, quanto da vida passa lestd receitando* a mortel ‘Mas deixar nesta espessura ‘canto da mocidade, nio cuide a gente futura que teri obra da idade 0 que é orga da ventura Que idade, tempo, 0 espanto de ver qui ligelro passe, nunca em mim puderam tanto que, posto que deixe o ante, causa dele deixasse. "1985: meade 1590 ran 107 ‘Mas, em tristezas.¢ enojos em gosto e contentamento, por sol, por neve, por vento, tern presente d los ojos por quien mero ian contento. Orgios e frauta deixava, despojo meu tio querido, no salgueiro que ali estava que para trofeu ficava de quem me tinha vencido. ‘Mas lembrangas da afeigio que ali cativo me tinha, me perguntaram enti que era da musica minha qu’ eu cantava em Siio? Que foi daquele cantar das gentes tao celebrado? Porque o deixava de usar, ois sempre ajuda a pasar qualquer trabalho passado? Canta o caminhante ledo ‘no caminho trabalhoso, Por antt’ 0 espesso arvoredo; €, de noite, o temeroso. cantando, refreia o medo. ‘Canta © preso. docemente 08 duros grithoes tocando; canta 0 segador contente; € 0 trabalhador, cantando, © trabalho menos sente Eu, qu’ estas couses senti an alma, de mégoae tio cheia, Como dirs, respondi, quem to alheio est de si doce canto em terra alheia? —Como podert cantar duem em choro bank’ o peito? Porque se quem trabalhar canta por menos cansar, 0 86 descansos enjeito, Que no parece razio sem seria cousa idénea, or abrandat a paixio, que cantasse em Babildnia as cantigas de Sio, Que, quando a muita geaveza de saiidade quebrante esta vital fortaleza, antes moura de tristeza que, por abrandél la, cante, Que se 0 fino pensamento 38 na tristeza consiste, nao tenho medo ao tormento: que morter de puro triste, que maior contentamento? Nem na frauta cantarci © que passo, ¢ passei ji, nem menos o escreverei, porque a pena cansara, © cu nio descansarci. Que, se vida to pequena se acrecenta em tersa csteanha, ese amor assi'o ordena, razao € que canse a pena de escrever pena tamanha. Porém se, para assentat (© que sente 0 coragic, a pena ji me cansaf, nfo canse para yoat a meméria em Siio. ‘Terra berm-aventurada, se, por algum movimento, cP alma me fores mudada, minha pena seja dada 1 perpétuo esquecimento- ‘A pena deste desterto, ‘que eu mais desejo esculpida fem pedra, ou em duro Fert, fessa nunca seja ouvida, em castigo de meu ¢ff0- 409 Ese eu cantar quises, em Babilénia sujeito, Hierusalém, sem te ver, a yor, quando a mover, se me congele no peito. ‘A minha lingua se apeguc as fauces, pois te perdi, se, enquanto viver assi, houver tempo em que te negue ou que me esqueca de ti. Mas 6 tu, terta de Gloria, se eu nunca vi tua esséncia, como me Jembras na austncia? Nao me lembras na meméria, seniio na reminisencia. Que a alma é tibua rasa, que, com a escrita doutrina celeste, tanto imagina, que voa da propria casa © sobe a patria divina, Nao 6, logo, a satidade das tecras onde naceu @ came, mas é do Céu, daguela santa cidade, donde esta alma descendeu, B aquela humena figura, ue ca me pode alterar, néo € quem se hé-de buscar: € raio de fermosura, ue 86 se deve de amar, Que 05 olhos ¢ a luz que ateia o foun awe cd ouicta, iio do sol, mas da candei sombra daquela Tdein {ht em Deus esta mais pesfeita 08 que cd me cativarsm, Sto podetosos afeitos ANS caminhos por direitos, Destes, o mando tirano me obtiga, com desatino, a cantat ao som do dano cantares d’ amor profano por versos d’ amor divino. Mas ea, lustrado co santo Raio, na terra de dor, de confusio ¢ d? espanto, como hei-de cantar 0 canto que 86 se deve ao Senhor? ‘Tanto pode o beneficio da Graga, que dé satide, que ordena que a vida mudes € 0 que tomei por vicio me fax grau para a virtudes ¢ faz que este natural amor, que tanto se prea, suba da sombra ao Real, de particular beleza para a Beleza geral Fiqne logo pendurada a frauta com que tangi, 6 Hicrusalém sagrada, ¢ tome a lira dourada, para sé cantar de ti! Nio cativo ¢ ferrolhado na Babil6nia infernal, mas dos vicios desatado, € ci desta a ti levado, Patria minha natural. E se eu muis der a cerviz a mundanos acidentes, duros, tiranos ¢ urgentes, risque-se quanto ji fiz do grio livro dos viventes. E tomando ja na mio lira santa, © capaz doutra mais alta invengio, cale-se esta confusio, cante-se a visio da paz, ur rm 1d, 158: bri Ouca-me o pastor € 0 Rei, retumbe este acento santo, mova-se no mundo espanto, que do que ja mal cantei a palinédia ja canto. ‘A vos sé me quero it, Senhot e gttio Capitio dh alta tozre de Siio, A qual ndo posso subie se me vos no dais a mio. No geio dia singular que na lira 0 douto som. Hicrusalém)cclebrar, Ieinbrai-vos de castigar os ruins filhos de Edom. Aqueles que tintos vio zno pobre sangue inocente, soberbos co poder vio, atrasai-os igualmente, conhcsam que humanos sio. aqucle poder tio duro dos afeitos com que venho, que enceadem alma e engenho, que jf me entraram 0 muro do livze alvidrio' que tenho; estes, que tio furiosos gritando vem a escalat-mec, maus espititos danosos, ‘que querem como forsosos co alicerce derrubar-mes Derrubai-es, fiquem sés, ce forsas fracos, imbeles, porque nao podemos nos ‘nem com eles ir a Vés, nem sem Vos titar-nos deles. Nio basta minha fraqueza, para me dar defensio, se vos, santo Capitio, nesta minha fortaleza nfo puserdes guarnigio. Btu, 6 carne que eacantas, filha de Babel to feia, toda de misésias cheia, que mil vezes te levantas, contra quem te senhoreia: beato 86 pode ser quem co a ajuda celeste contsa ti prevalecet, c te vier 2 fazer © mal que Ihe tu fizeste, Quem com disciplina erua se fere mais que ta vez, cuja alma, de vicios nua, faz. nédoas na carne sua, que jé a carne n? alma fez. E beato quem tomar seus pensamentos recentes ¢ em nacendo os afogar, por nifo virem a parar em vicios graves ¢ utgeates. Quem com eles logo der na pedra do furor santo, ¢, batendo, os desfizer na Pedra, que veio a ser cenfim eabeca do Canto. Quem logo, quando imagina nos vicios da carne md, 03 pensamentos declina Aquela Carne divina que na Cruz esteve ji Quem do vil contentamento ch deste mundo visivel, quanto ao homem for possivel, passar logo o entendimento para o mundo inteligivel: ali achara alegria em tudo perfeita e cheia, de tao suave harmonia que nem, por pouca, recreia, nem, por sobeja, enfastia. m3 14 [Ali verd to profundo mistério na suma alteza que, vencida a natufeza, os mores faustos do mundo julgue por maior baixeza. © tu, divino aposento, minha péteia singular! Se s6.com te imaginar tanto sobe o entendimento, que fard se em ti se achar? Ditoso quem se partie para ti, terra excelente, ‘do justo ¢ to penitente que, despois de a ti subir 14 descanse eternamente, zs 3 Basque Amor novas artes, novo engenho, para matar-me, € novas esquivangass que niio pode tirar-me as esperangas, que mal me tiraré 0 que eu no tenho. Othai de que esperangas me mantenho! ‘Vede que perigosas segurangas! Que nio temo contrastes nem mudangas, ‘andando em bravo mar, perdido o lenho. Mas, conquanto aio pode haver desgosto onde esperanca falta, Id me esconde ‘Amor um mal, que mata € no se ve. Que dias hé que n’ alma me tem posto um niio sei qué, que nasce nfo sei onde, vem no sei como, ¢ doi no sei porqué. "Thsoes oe met edo me adllacein, que em vivo ardor tremendo estou de fio; sem causa, juntamente choro ¢ tio, © mundo todo abarco € nada aperto. E tudo quanto sinto, um desconcerto; da alma um fogo me sai, da vista um rio; agora etpero, agora descontio, agora desvatio, agora acerto. _Estando em terra, chego ao Céu voando, ‘na’ hora acho mil anos, ¢ é de jeito que em mil anos nfo posso achat &” hora. Se me pergunte alguém porque assi ando, fespondo que no sei; porém suspelto que 86 porque vos vi, minha Senhora. 126 19 Tempo ¢ j& que minha conliange se desga de ta falsa opiniio; mas Amor nfo se rege pot ¥: ‘io posso perder, logo, a esperansa. ‘A vid, siz que ta dspera mudanga nio deixa viver tanto um coragio. E cu na morte tenho a salvagio? Si, mas quem a deseja nio a aleanga, Forgado ¢ logo que eu espere ¢ viva. ‘Ah! dura lei d? Amor, que nfo consente quietagio naa alma que é catival Se hei-de viver, enfim, forgadamente, para que quero a glia Fugitiva ? Ga esperanga va que me atormente? ransformase «_amador na cousa armada, por virtude do muito imaginars ndo tenho, logo, mais que desejer, Pois em mim tenho a parte deselaca, Se nela esti mint? alma transformada, que mais deseja 0 corpo de alcancar? lim si smente pode descansar, ois consigo tal alma esta iad Mas linda pein ahs somo uh eaten to assi co a alma minha se conforma, . fey 2? Peatamento como ide ae. NiN0.€ puro amor de que sou feito, matéria simples busca a forma. 81 A quela triste ¢ leda made cheia toda de migoa e de pein enquanto houver no mundo satidade quero que seja sempre celebrada, Ela 86, quando amena e marchetada saia, dando a0 mundo clatidade, viu apattar-se d’ tia outta vontade, que nunca poderd ver-se apattada, Ela s6 viu as lagrimas em fio, que d’ uns e d outros ollios derivadas s’ acrescentaram em grande e largo tio. Ela viu as palavras magoadas que pudetam tornar 0 fogo frio, € dar descanso as almas condenadas, 82 Deces Jembrangas da passada gléria, que me tirou Fortuna roubadora, deixai-me epousar em paz 0” hora, que comigo ganhais pouca vitéria. Impressa tenho n’alma larga historia deste pasado bem que nunca fora; ou fora, ¢ niio passara; mas jdagors em mim nio pode haver mais que adneméria! Vivo cm lembrangas, mouto 4” esquecide, de quem sempre devera set lembrado, se Ihe lembrara estado tio contente. ‘Oh! quem tornar pudera a ser nascidol Soubera-me lograr do bem passado, ‘se conhecer soubera o mal presente. 7 162 gt Freemosoe olhos que na idade nossa mostrais do Céu certissimos sinais, se quereis conbecer quanto possais, olhai-me a mim, que sou feitura vossa. Vereis que de viver me desapossa aquele riso com que a vida dais; vereis como de Amor no quero mais, por mais que o tempo cotta e 0 dano possa. E se dentro nest’alma ver quiserdes, como num claro espelho, ali vereis também a vossa, angélica ¢ serena. ‘Mas eu cuido que s6 por nio me verdes, ‘ver-vos em mim, Senhora, nao quereis: tanto gosto levais de minha penal py Moassm-se 08 tempos, muda muda-se 0 ser, muda-se confianga todo o mundo é composto de mudanga, tomando sempre novas qualidades, Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da esperanca; do mal ficam as mégoas na lembranga, ¢ do bem (se algum houve), as saiidades. O tempo cobte o chio de verde manto, que jé coberto foi de neve fria, ¢,em mim}, converte em choro o doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, outta mudanca faz de mor espanto, que no se muda jé como sofa. 3 a 1598, Ba 1595; enfin, pode ser que, cansado, ‘ou seja tarde, ou cedo, com pena de penar-me, me despene. B quando me condene (que isto € 0 que espero) inda a maiores dores, peididos os temores, 46h por mais que venha, nilo direi: nfio quero. Contudo estou tio forte que nem me mudasi a mesma morte. Cangio, se jé no queres ver tanta crueldade, Ii vés onde verés minha verdade. Ixt Jatt s¢0, fero ¢ estéril monte, iniitil e despido, calvo, informe, da natureza em tudo aborrecido; ‘onde nem ave voa, on fera dorme, nem tio clato corre, ou ferve fonts, nem verde ramo faz doce ruido; cujo nome, do vulgo introduzido, felix, por antiftase, infelice *; © qual a Natureza situou junto A paste onde um brago de mar alto reparte Abissia, da aribica aspereza, ‘onde fundada jé foi Berenice, ficando a parte donde © sol que nele ferve se Ihe esconde; rele apazece 0 Cabo com que 2 costa Afticana, que vem do Austro correndo, limice faz, Arémata chamado, Arbmata outro tempo, que, volvendo 0s céus, a ruda lingua mal composta, dos préptios outro nome Ihe tem dado, Aqui, no mar, que quer apressurado. entrar pela garganta deste brago, me trouxe um tempo e teve minha fera ventura, © ¥, now, 20 fin, Fd, 1898, Ea. 1098: Por amp be fee infiie. 220 Aqui, nesta remota, éspera e dura patte do mundo, quis que a vida breve tambéim de si deixasse um breve espaco, porque ficasse a vida pelo mundo em pedacos repartca Aqui me achei gastando was testes cis, tristes, forgados, maus e solizitios, trabalhosos, de dor ¢ &? ira cheios, nio tendo tio sdmente por contrition a vida, o sol ardente o Aguas frias, 108 ates gross0s, fErvidos € feios, ‘mas 05 meus pensamentos, que sio meios para enganar a propria natureza, também vi contra mi, trazendo-me & memoria alia ja pastada e breve gloria, que eu ja no mundo vi, quando vivi, por me dobrar dos males a aspercza, por me mostrar que havia no mundo muitas horas de alegeia Aqui cstiv’cu co estes peasamentos ‘gastando 0 tempo ¢ a vida; 03 quais tao alto me subiam nas asas, que cala (6 vede se seria leve o salto!) de sonhados ¢ vios contentamentes cem desesperagio de ver um di Aqui o imaginar se convertia ‘num siibito chorar, ¢ nuns suspitos que rompiam os ates. Aqui, a alma cativa, : chagada toda, estava em catnc viv8, de doses rodeada € de pesatess clesamparada ¢ descoberta aos titos a soberba Fortuna; soberba, inexorivel e importana. Nio tinha parte donde se deitasse, nem esperange algia onde a cabeyt uum pouco reclinasse, pot descanso. "Tudo dor Ihe era ¢ causa que padess, mas que perega nio, porque P&sSIsse © que quis 0 Destino nunea manso- PA $860, Bd 150: Tobe dete aan Ohl que este irado mar, gritando, amanso! Estes ventos da vox importunados, parece que se enfreiam! ‘Somente o Céu severo, a Estrclas ¢ o Fado sempre fero, com meu perpétuo dano se recreiam, mostrando-se potentes e indignados contra um corpo terreno, bicho da terta vil e tio pequeno. Se de tantos trabalhos sé tirasse saber inda por cesto que algi” hora Jembrava a uns elaros olhos que jé vis € se esta triste voz, rompendo fora, as orelhas angélicas tocasse daquela em cujo tiso ja vivi; ‘a qual, tornada um pouco sobre si, sevolvendo na mente pressurosa os tempos jé passados de meus doces errores, de meus suaves males e furores, por ela padecidos e buscados, tornada (inda que tarde) piadosa, um pouco Ihe pesasse e consigo por dura se julgasse; isto s6 que soubesse, me seria descanso para a vida que me fica; co isto afagaria o sofrimento. Ah! Senhora, Senhora, que tio sica estals, que cé tio longe, de alegria, me sustentais cum doce fingimento! Em vos afigurando o pensamento, foge todo o trabalho e toda a pena. 86 com vossas lembrangas me acho seguro ¢ forte contra 0 rosto feroz da fera Morte, ¢ logo se me ajuntam esperancas com que a fronte, tornada mais serena, ‘Torna os tormentos graves em saiidades brandas e suaves. Aqui co clas * fico, perguatando aos ventos amorosos, que respira da parte donde estais, por vés, Seahor®, A Bg, 1595, 1590: ew 222 As aves que ali voam, se vos viram, que fazicis, que estivels praticando, onde, como, com quem, que dia e que hora, ‘Alia vida cansada, que melhora, toma novos espritos, com que venga a Fortuna ¢ trabalho, 86 por tomar a ver-vos, 86 por i a servit-vos e querer-vos. Diz-me 0 ‘Tempo, que 2 tudo dara talho; mas 0 Desejo atdente, que detenga. nunca sofreu, sem tento m’ abre as chagas de novo 20 sofrimento. Assi vivo; e se alguém te perguntasse, Cangio, como nto mouro, podes-Ihe responder que porque mouro, x V inde ct, men to certo seretisio dos queixumes que sempre ando fazendo, papel, com que a pens desafogo! ‘As sem-razdes digamos que, vivendo, me faz 0 inexorivel e contririo Destino, surdo a lagrimas ¢ a rogo. Deitemos agua pouca.em muito fog0; ‘acenda-se com gritos um tormento que a todas as memérias seja estranho. Digamos mal tamanho ‘2 Deus, ao mundo, a gente ¢, enfim, a0 vento, ‘2 quem ja muitas vezes © contel, tanto debalde como 0 conto agora; amas, j4 que para errores fui nascido, vir este a ser um deles nfo duvido. ‘Que, pois jé de acestar estou 180 fora, go me culpem também, se nisto ertci Sequer este refagio sé terel alae e ervar ser calpa, ivsemente. | ‘Triste quem de tio pouco esti contente! 1g me desenganci que de quelxar-me ee meanga zemedio; mas quer PES, Foxgado The €? geita, S¢# dor ¢ grande. 12a, 1596. a, 1595: fre Me 223 OITAVAS ‘A Dom Antinio de Norosha, sobre 0 desconcerto de meunds Juern pode ser no mundo tio quicto, ou queti terd tio livre o pensamento, quem tio exprimentado to discreto, to fora, enfim, de humano entendimento que, 0 com piblico efeito, ou com secreto, the nio revolva e espante o sentimento, dcixando-lhe o julzo quasi incerto, ver e notar do mundo o desconcerto? Quem ha que veja aquele que vivia de latrocinios, mortes e adultétios, que 20 juizo das gentes merecia perpétua pena, imensos vitupérios, sea Fortuna em contritio o leva e guia, mostrando, enfim, que tudo so mistérios, em alteza d’estados triunfante, que, por livre que soja, nfo se espante? Quem ha que veja aquele que tio clara teve a vida que em tudo por perfeito © préptio Momo as gentes o julgara, ainda que lhe vira aberto o peito, sea mé Fortuna, 20 bem sdmente avara, © teprime e Ihe nega seu diteito, ave Ike nio fique 0 peito congelado, Por mais ¢ mais que seja exprimentado? Deméctito dos deus: ue exam sé, Segeedo algus de que eu ae es proferia dous: a Pena e Beneficio, im serd da fantasia har no posso clato indicio; 1. 08,20 fn 286 que, se ambos vém por nto cuidada via 2 quem os nao merece, é grande vicio em deuses sem-justiga ¢ sem-razio. Mas Demécrito o disse, ¢ Paulo nio. Dir-m’-cis que, se este estranho desconcerto novamente ao mundo se mostrassc, que, por livre que fosse e mui expetto, nao era d’ espantar se me espantasse; mas que se j de Sécrates foi certo que nenhum grande caso The mudasse © vulto, ou de prudente, ou de constante, que tome exemplo dele, ¢ nio m’ espante. Pasece a raz0 boa; mas eu digo quc este uso da Fortuna tio danado que, quanto mais usado ¢ mais antigo, tanto é mais estranhado c blasfemado. Porque se 0 Céu, das gentes tao amigo, no di & Fortuna tempo limitado, indo é para causar mui grande espanto ‘que mal tao mal olhado dure tanto. Outro espanto maior aqui me enleia; ‘que, conquanto Fortuna to profana com estes desconcertos senhorecia, a nenhiia pessoa desengana. Nao ha ninguém que assente nem que creia este discurso vao da vida humana, por mais que filosofe, nem que eatenda, que algum pouco do mundo no prctenda, Didgenes pisava de Platio, com seus sordidos pés, 0 sico estrada, mosteando outca mais alts presuncio ‘em desprezar 0 fausto to prezido. SMU Didgenes, mio ves que estFe0S s emes que segues de mais alto estado (que, ce de desprezar te prezas muito, Ff pretendes do mundo fama ¢ fruito 10 Deixo agora reis grandes, cajo estudo fartar esta sede cobigoss a (querer dominar ¢ mandar tudo, Com fama laega e pompa samptuosa, Deixo aqueles que tomam por escudo de seus vicios ¢ vide vergonhoss aay a nobreza dos seus antecessores, ‘¢ nfo cuidam de si que sio piores. ‘Deixo aquele a quem o sono espert, do gro favor do rei que serve ¢ adora, aque se mantém desta aura falsa, incerta, que dos coragdes tanto é senhora. Deixo aqueles que estio co a boca aberta, pot se encher de tesouros, d’ hora em hora, doentes desta falsa hideopesia gue, quanto mais alcanga, mais queria. Deixo outras obras vis do vulgo errado, a quem nio ha ninguém que contradiga, nem doutra cousa algiia é sojugado que d’ta opiniio ¢ usanga antiga. ‘Mas pergunto ora a Césat esforcado, ‘ou a Platio divino, que me diga, ceste das muitas tereas em que andou, estoutro, de vencé-las, que alcangou? César did: —Sou dino de meméria; vencendo vétios povos esforcados fui Monarca do mundo; ¢ larga histétia ficari dos meus feitos sublimados. E verdade; mas esse mando e gléria lograste-o muito tempo? Os conjusados Beato e Cissio o diedo que, se venceste, enfim, enfim, as mos dos tcus morreste. Dité Platéo:— Por ver 0 Etna e 0 Nilo Fai a Sicilia, ao Egipto ea outras partes, 86 por Yer ¢ escrever em alto estilo da natural citncia em muitas artes. —O tempo é breve e queres consumi-lo Platio, todo em trabalhos; e repartes tio mal de teu estudo as breves horas que, enfim, do falso Febo o filo adoras? Pois quando deste! mundo esti apactad: alma, da? ptisio terreste ¢ escura Paras est em tamanhas cousas ocupada que da Fama que fica, nada cura, 3d 1805s ah od 15005 Pai ips a 2 Ba 1895 6 1558: ua, 288 Pois se 0 corpo terreno sinta nada, © Cinico o diré se porveatusa no campo, onde deitado morto estava, de si os cies € as aves enxotava. Quem tio baixa tivesse a fantasia que nunca em mores cousas a metesse que em $6 levar seu gado a fonte fin e mungir-lhe o leite que bebesse! Quao bem-aventurado que seria! Que, por mais que Fortuna revolvesse, ‘aunca em si sentiria maior pena ‘que pesar-lhe da vida ser pequena. Veria erguer do sol a roxa face, veria corser sempre a clata fonte, sem imaginar a gua donde nace, ‘nem quem a luz esconde no hotizonte. ‘Tangendo a frauta donde o gado pace, conheceria as ervas do alto monte; ‘em Deus ereria, simples ¢ quieto, ‘sem mais especular nenhurm secreto. De um certo Trasilau se It ¢ esereve, centre as cousas da velha antiguidade, aque perdido um gro tempo 0 siso teve por causa diia grande infirmidade; ¢ enquanto, de si fora, doudo esteve, tinha por teima ¢ etia por verdade, [que exam suas as naus que navegavam, quantas no porto Pireo ancoravam. Por um senhor mui grande se teria (ale da vida alegre qe passays), pois nas que se perdiam nio perdia, Cas que vinham salvas se alegrava, Nao tardou muito tempo quando, um dia, tum Ceito, eeu iemilo, que ausente estava, A terra chegas e vendo 0 irmio perdido, do featernal amor foi comovido. ‘Aos médicos 0 entrega, © com aviso o faz estar A cura refusada, "Triste, que pot tornar-Ihe o caro siso Ihe tica a dace vida descansadal 2d9 290 [As ervas Apolineas, de improviso, fo tomam a saiide atrés passada, Seaudo, Trasilau 20 caro ixmio agradece a vontade, a obra nfo. Porque, despois de ver-se no perigo dos teabalhos que 0 siso Ihe obrigava, c despois de nao ver 0 estado antigo ‘que a vi opiniio Ihe apresentava, —0 inimigo! irmio, com cor d’amigo! Pata que me tiraste (suspicava) da mais quieta vida ¢ livre em tado ‘que nunca péde ter nenhum sesudo? Por que tei, por que duque me trocara? Por que senbor de grande fortaleza? Que me dava que © mundo se acabara, ‘ou que a ordem mudasse a natureza? Agora é-me pesada a vida cara; tei que couse & trabalho e que tristeza. Torns-me a meu estado, que eu te aviso que na doudice sé consiste 0 siso. ‘Vedes aqui, Senbor, mui claramente, como Fortuna em todos tem poder, senio s6 no que menos sabe ¢ sente, em quem nenhum desejo pode havet. Este s6 pode rir da eega gente; neste ndo pode nada acontecer; nem estat suspenso na balanga do temor mau, da pérfida esperanca. Mas se o sexeno Céu me concedeta ualquer quieto, humilde e doce estado, ‘onde com minhas Musas 86 vivera, sem ver-me em tetra alheia degradado; cali outrem ninguém me conhecera, ‘em eu conhecera outrem mais hontado, senio a vés, também como eu contente, ‘que bem sci que o sericis facilmente; © a0 longo dita clara ue, em borbulhas a: 0 doce passarinho © pura fonte, acendo, convidasse que nos conte ¥ 1595 0 1596; mip, quem da cata? consorte 0 apattasse; despois, cobrindo a neve o verde monte 20 gasalbado 0 frio nos levasse, avivando 0 juizo ao doce estudo, mais certo manjar éalma, enfim, que tudo; cantara-nos aquele que tio claro 0 fez 0 fogo da aevore Febeia, a qual ele, em estilo grande ¢ raro Joavando, o cristalino rio? enfreia; tangera-nos na frauta Sannazaro, ora nos montes, ora pela aldcia®; passara celebrando o Tejo ufano 0 brando e doce Lasso castelhano. E connosco também se achara aquela cuja lembranga e cujo claro gesto nt alma sémente vejo (porque nela esta em esséncia, puro ¢ manifesto, por alta influigio de minha estrela), mitigando o firme peito honesto, entreteeendo rosas nos cabelos, de que tomasse a luz 0 Sol em vé-los; cali, enquanto 2s flores acolhesse, ‘ou pelo Inverno ao fogo acomodado, quanto de mim sentira nos dissesse, de puro amor 0 peito saltcado: indo pedira eu entdo que Amor me desse de Trasilau o insano e doudo estado, mas que entio me dobrasse 0 entendimento, por ter de tanto bem conhecimento. ‘Mas pata onde me leva a fantasia? Porque imagino em bem-aventarangas se tdo longe a Fortuna me desvia qu’ inda me no consente as esperancas? Se um novo pensamento’ Amor me cria onde Ingat, o tempo, as esquivancas ‘do bem me fazem to desamparado que nio pode set mais que imaginado? 1 Ba. 1595 « 1568: dre 3 Bes 195, Be, 1598: Soar Bd, 1985, Bd, 1998: ers 2gr 292 Fortuna, enfim, eo Amor se conjurou contra mim, porque mais me magoasse: ‘Amor a um vio desejo me obrigou, 86 para que 2 Fortuna mo egasse. ‘Aceste estado 0 tempo me achegout, ernele quis que a vida se acabasse; se hé em mim acabar-se, que cu* nao crcio; que até da muita vida me receio. 0 A Dom Constantino, Vizo-Rei da tndia® Cac cen ease Sane ue constantes, Principe ilustre ¢ raro, sustenteis tantos negécios atduos e importantes dinos do largo Império que regeis; como sempre nas armas rutilantes vestido, © mar e a terra segurcis do pirata insolente, ¢ do tirano jugo do potentissimo Ozomano; € como, com virtude necessé mal entendida do juizo alheio, 4 desordem do vulgo temeriria ‘a santa paz porhais o duro freio; se com minha escritura longa ‘Vos ocupasse 0 tempo, certo excio que com ridiculosa fantasia contra © comum proveito pecaria, tia E nao menos seria reputado Por doce adulador sagaz e agudo, que contea meu tio b; aiXo triste estad busco favor em vos, ° que podeis tudo: $¢, contta a opiniio do vulgo exrado, vos eelebrasse em verso humilde ¢ redo, disto que com lisonja sjada peso” Padego, contra a miséria injusta que Pr. PREFACIO desta edigio . : aes}onieeainey ote xa INTRODUCAO: Pr. Tuy 0 CAnone: Title it iticisnh 2 2 a 2 x eens asst gt 9) ahhaptaterenvaan xIK ut. As «Musas» deCamdes . 2... eee “xv REDONDILHAS a) Trovas, voltas, glosas, etc. no Pp, Amor cuja providéncia (1595)... ee 37 a6 Amor que em meu pensamento (1595). 2 2 ee ee es 3289) ‘Ana quisestes que fosse (1668) . . . 3340 #Aquela cativa (1595) - 6-2 ee es 105 89 Aquele rosto que traz(1$9§) - 6 ee ee te 61 61 A verdura amena (1598)... 0 0 et + 4 9 Baixos e honestos andais (1595) 82 Campo, que te estendes (1598) - - BRO OB Ty Campos cheios de prazet (1595) - jot Caterina é mais fermosa (1595) + 59 OSG Cinco galinhas e meia(161?).. eee 100 |B Conde, cujo ilustre peito (159), 6s settee mm ¢ Corre sem vela e sem leme (1595). 6 ee st pageod Costamadas artes:sB0(190s) eh): o # i eg AREAS Rit jong 9 Cousa este corpo nio tem (1595) 6 set 62 Cum real de amor 1(598) . + + + paves oe OAR IE ‘ - Belindem-vaiee(isggys baa ca ra @ MRUONEE TE c Dama d’esttanho primor(1595)/ st TS De Amor c seus danos (1595) - sss ttt 104 De mancira me sucede (1668) . - > + °° «legate 55 Despois de sempre softer (1595) + + - - Satie eee - Después que Amor me formé (1595) +t see 2 Desque una yez mité(1616) -- + est tt : 35 De vet-vos a no vos ver (595) ss ttt 16 PREFACIO desta edigio . INTRODUCGAO: 1. OCanone Lirico 2... LL. u As «Musas» de Camoes REDONDILHAS a) Trovas, voltas, glosas, ete. Amor cuja providéncia (1595)... ee Amor que em meu pensamento (1595)... os Ana quisestes que fosse (1668)... - +s. quali cativa:(1595) wea rosdinnn o « MPR AAtI iw, Aquele rosto que traz (1595) - - A verdura amena (1598)... - + ee + Baixos e honestos andais (1595). sees Campo, que te estendes (1598) - 6 6s ee te ‘Campos cheios de prazer (1595) - sj algnegen, We Caterina € mais fermosa (1595). 6 2s ss st Cinco galinhas ¢ meia (x6?) . - Conde, cujo ilustre peito (1595) » + + + Cotte sem vela e sem leme (1595)) 6 ts Costumadas artes si0(1595) 6s tt Cousa este corpo nio tem (1595) Cum real de amor 1(598) Da lindeza vossa (1595) Dama d’estranho primor (1595) + + De Amor e seus danos (1595) De maneira me sucede (1668) Despois de sempre softer (1595) Después que Amor me formé (1595) Desque una vez mité(1616) . 2s se tte De ver-vos a nio vos ver (1595) Ne 37 32 33 105 4 80 1" so 59 100 mt 15 70 62 9 15 104, 5 3r 82 35 76 Pp. XII Pr, XIX Lxv roa 419 Didme Amor tormentos dos (1595) - Dotou em vés natureza (1593) « Dous tormentos vejo (1616). . E muito para notar (1595)... ss + - “a Bles verdes sto (1595). Boo Entre estes penedos (1598) 1G E se a pena nfo me atiga (1598). - 84 76 Byses alfinctes vio (1595) 2. ee ee 2230 Este mundo ¢s el camino (1595). 6 se ss 11497 Este tempo vao (1595) ‘ 2 4 Eu, para levar a palma (1668) 9 79 Eu sou boa testemunha (1595) ap Athy Falsos lores 03 din (1595) . « 473 Foi a esperanga julgada (1595). de Ege 45 Ja agora certo conheco (1598) sononal 8 oT 36 58 Jaravas-me que outras cabras (1598) Ba RE Leva na cabega 0 pote (1668). 22 2 gs Madee, si me fuete (1595) 78 Mi corazbn me han robado (1595) G4 Minina mais que na idade (1595) » . . . wah Ger 3947 Mi aueva y dulee querella (1595) =. Penne 8 OS Nialma tia 96 ferida (1598) . . a sominiet « ¢ aueuse 8) 6 io posso chewar ao cabo (1616)... Ape seme 198, San BB Nio sabendo Amor curar (1593)... = 2 48 Nao sei quem assela (1598)... . von Baa 1 38 Nio vos guardel, quando vinha (1668) || | | sco ge We Evil Ninguém vos pode ticar (1616) a ee Nos livros doutos se trata (1616) fy eeuita reaeesitOgs mys $B Nos seus clhos belos (1616)... ¢ slegeapaibkiesesamoen gf iicomalé Nia easada fui por (1595) - view Soa se eePUtONy ot 6} arn? Nunca em prazeres pestados (1668) 011111 gh Nunca o prazor se conhece(1395)+ 6. see. 29-36 coragio eavejoso (1593). » - ara © etd 65. a ni6s ‘Olhai que dura sentenga (2395) =... ae ciads Os bons vi sempre passar(1398) . rade Os gostos, que tantas dores (1598) GT s privilégios que os Reis (1595). $n sa Para evitar dias maus (1860) . 4 ~ a 32 Para quem vos soube olhar (1595). - . a6 Peco-vos que me digais (1595)... . an aioe Perdigio, que 0 pensamento (1598) - siusneadencstusia Upieape BN ois a tantas perdigoes (1598) GR, Sn Flinn 36 Pois onde te hao-de falar? (1636) £ SS neck tame segue Pols o ver-vos tenho em mais (1595)... 1 | A ad Sleg Polo men partamento (1616)... M8 Pot cousa to pouea(1595) . ss Tica 420 Posible es a mi cuidado (1595)... . Posto 0, pensamento nele (1616) Pues me distes tal herida (1668) Quando me quer eaganae (1593). . Quando vos eu via (1595) oe Que diabo bf tio danado (1616). Quem no mundo quiser ser (1595) ‘Quem poe suas confiancas (1616) . Quem quer que vin, ow que leu (1595) Quem tio mal vos empregon (1595) Quem viveu sempze num see (1595) . Quetendo Amor esconder-vos (1668)... Querendo escrever um dia (1393) « Qucredes profane Amor (1395)... Reinando Amor em dous peitos (159: Se de dé vestida andis (1595). Se derivais da verdade (1595). Se de satidade (1595). Se desejos fui jé ter (1595). Se me for e vos deixar (1598) Se n’alma e no pensamento (1598) Se iio quereis padecer (1595) Se 65 no ver puramente (1595) Se trocas deseio (2595)... Se ves quereis embareas (1668) . Sem olhos vi o mal claso (1598) Scado os restos envidados (1393) Senhora, se eu alcangasse (1593) Sepa quien padece (1616) . . « ‘Sobolos rios que vio (1595) = + + Sé porque ¢ rapaz ruim (1598) « Suspeitas, que me querels (1595) ‘Tanto maiores tormentos (1595) ‘Tem tal jurdigio Amor (1595). - ‘Tenho-me persuadido (1595) «+ Tiempo perdido es aquel (1595) Todo o trubalhado bem (1595) + ‘Trataram-me com cautela (1595) + ‘Tudo tendes singular (1616). « Ua Datna, de malvada (1595) » « Ua diz que me quer bem (1595) Vai o bem fugindo (1595). . + Ved que engafios senorea (1395). - Verwse rosts ¢ boninas (1616) - + - « Vito mogo ¢ pequenino (1595) « + Vives eu sendo mortal (1595) + + 5) Vossa Senboria creia (V. Nos livros doutos se trata). [Vs] sois da Dama (1668) « —Vialve acd, no estés pasmado (1616). b) Letras & motos Aalma que esti ofrecida (1668)... Amor loco, amor loco (1595). © + + - + + ‘Amor que todos ofende (1395)... Amores de ta casada (1595) - A morte, pois que sou vosso (1595) « Apartaram-se os meus olhos (1595) « Campos bem-aventurados (1595) + « Caterina bem promete (1595) - Coifa de beirame (1593)... « Com razio queixar-me posso (1668) ‘Com vossos olhos Gongalves (1595) - Da doenga em que ardeis (1595). « Da alma e de quanto tiver (1595) De atormentado e perdido (1595) De dentro tengo mi mal (1595) . De pequena tomei Amor (1595) ‘De que me serve fugir (1595) Desealea vai pela neve (1595) »Descalea vai para a fonte (1668) Deu, Senhora, por sentenga (1595) Deus te salve, Vasco amigo (1616). De vuestzos ojos centellas (1595)... Dé Ia mi ventura (1616) . Enforquei minha esperanca (1595) Esconjuro-te, Domingas (1598). . . Falso cavaleiro ingrato (1595) Ferro, fogo, frio e calma (1668) Foi-se gastando a experanga (1668) Ha um bem que chega e foge (1595) Irme quiero, madre (1595)... . Justa fue mi perdicién (1595). . ‘Mas porém a que cuidados (1595) ‘Minh’ alma lembrai-vos dela (1595). Minina dos olhos verdes (1595) Minina fermosa ¢ crua (1595) Minina fermosa(1598) . 2... | Minina, no sei dizer (1595) . Muito sou meu inimigo (1595) Na fonte esta Leanor (1616) . Nio estejais ageavada (1595) . . 422 55 R or 63 32 4 50 59 ” 90 13 40 62 60 6 B 69 3 52 a 102 47 94 64 56 70 34 83 19 88 82 28 44 a2 39 19 B 10-111 33 106 3 36 93 Ne Nio sci se me engana Helena(ry95). 2... 7 Ojos, herido me habéis(1668) .. 30 Olhos em que estio mil flores (1616)... #103 Olhos, no vos mereci(1s95) .. 2. He Para que me dan tormento(t595). 20... eee ee 46 Pastora da serra(i6i6) 2... a eset Pequenos contentamentos (1598)... . . ae ete | Petdigio perdeu a pena(1598).. . ee ee 9x Perguntais-me quem me mata (1598)... ... 0-2-0 84 Pois me faz dano olhar-vos (1595) hd 6 Por que no miras, Giraldo (1696)... ee ee eee sor Pus meus olhos nua funda (1595)... ee 435 66 Pus 0 coragio nos olhos (1595). = - dedig 65 Qual terd culpa de nds (1595) 2 ee 89 Qué veré que me contente (1616) Z 3 Quem disser que a barca pende (1668). - : 49 Quem ora soubesse (1595). + 2 + 104 Quem se confia em olhos (1616) 6. ee ee 36 Satidade minha (1595). tt Palade SPR, Sealine wert nko pode (1598). 02h lee wtih’. Pata Rs Se de meu mal me contento (1595) Been Ge PTE Se Helena apartar (1598). ct ‘ x Se me desta terra for (1598) 6 ts Se me levam figs (595) sr ec ae , m ventura épordemas (iss) 00000" see Ser ee is’ IIIT gt Senor, pois me ctarmls 3997110) ene. ete a sa dama vos di (1595) 0-0 1 Sole Fermosa ewido tendes (1616). + + : m4 Tende-me mao nele (1598) - - a aaa 5758 Todo es poco Io posible (1595) - a heceneng Seco Trabalhos descansariam (1595): * Seats faye 2 roids so am ordean S99) a pein dalle abay Trocai ocuidado (1395) IT! seta oO. “Heap tite pode mcafee (E5990 280 Cy nin cade as Seo po ww ces dina (198) Ea) ded elena Vejown avalma pineada (1599) a) 7 | a Venceu-me Amor, 130 0 TBs te Ver e mais guardat (1595) * ma ear) ee ALONE oda) Verdes silo as hortas Vie i ey, é = Verdes sio os campos (159 6:6) 3 i ‘ng * elaros olhos (160 : Vi chorse 1m 95-1618) - . a4 Vida ds inka ama Coosa IIL! 7 Wi eae OM, rg Vouso bem qereanen (tsgs)- ne & Vos tendis mi SONETOS A feemosura desta serra (1668). 0 6 ss vn ‘Abl Fortuna cruel! Abl duos Fados! (1685-1668) imi 1668)» us ‘Ab! imiga cruel, que apartamento (1685-1 us ‘Ab! minha Dinamene! Assi deixaste (1685-1668) © - - + Ms ‘Alegres campos, verdes arvoredos (1595) B iearconsene 8 Alma minha gentil, que te partiste (1595) aes ie ‘Amor, co 2 esperanca ja perdida (1595) « “Amor € um fogo que arde sem se ver (1598) - - » “ ‘Amos, que o gesto humano na alma escreve (1398) «+ + =~ a ‘A Morte, que da vide 0 n6 desata (1616). . + + pie i $8 ‘Apartava-ce Nise de Montano (1595). = + + lene ‘Apolo ¢ as nove Musas, discantando (1595) - ee st ‘Aquela fora humana, que enriquece (2598) - - catiaitiina ‘Aquela que, de pura castidade (1598). + + + sen ni BB, ‘Aquela triste ¢ leda madrugada (1595). - - + Br ‘Aqueles claros olhos que chorando (1860) . - 116 Axvore, cujo pomo, belo e beando (1616) 38 A ti, Senhor, « quem at sacras Maras ce Retain Bem sei, Amor, que é certo 0 que receio (1598) nel 96 Busque Amor novas artes, novo engenho (1595) - - - 3 *Cé nesta Babilonia, donde mana (1616). . - Sqeitarmgl® Cantando estava um dia bem seguro (1616) ge headbinnay) B93 *Cara minha inimiga, em cuja mio (159) . tateaeanaga a 86 Chorai, Ninfas, os fados poderosos (1668). - ensbecyeg 5959. Com grandes esperangas jécantei(ts98)... 2... 0... 97 Como fizeste Pércia, tal ferida (1595)... .-. 1. eee OE ‘Como quando do mar tempestuoso (1598) : on Conversasio doméstica afcigoa (1598) . . : ca Correm turvas as aguas deste rio (1616) |) eg Dai-me aa lei, Senhora, de querer-vos (1595) . Debalen dele petea cit metdo ses) 7 sn ne ae Despois que quis Amor que eu s6 passasse (1598) . sto ae (0 Despois que viu Cibele o corpo hurnano (1616) . 152 De tio divino acento ¢ voz humana (1595) Akin ates De um tio felice engenho produzido (1668) - . . )) ) aga De vés me aparto, 6 vidal Em tal mudanga(1395) 7 Diana prateada, esclarecida (1668)... . . é Ditoso seja aquele que sdmente (1598)... “ ri Diversos does reparte 0 Céu benino (1616). |. Se Dizci, Senbora, da Beleza ideia (x66)... |) Doce contentamenta ja passado (:668).. aa ee Doce sonho, suave ¢ soberano (1668) : Subs Doces dguas ¢ clacas do Mondego(1616) |.) | 1) 7) TB Doces lembrangas da passada gloria(r393). 7 ge Dos ilustres antigos que deixaram (1598) pea ee aH 424 Pp, 184 13 7% 167 133 156 158 119 137 345 150 14 437 165 157 14 335 385 154 n8 176 168 439 196 165 152 138 163 168 142 19 163 192 195 192 145 185 138 144 "1 x77 178 19 157 193 El vaso rcluciente y eristalino (1668) 2... ee ee Em fermosa Leteia se confia(1595)... 2... 2 ee Em flor vos arrancou, de entio crescida(t595)... 2... Em prisdes baixas fui um tempo atado (1598)... 0... Enquanto Febo os montes acendia(1668) . 2... ee Enquanto quis Fortuna que tivesse (1595)... 0... se Erros meus, mi fortuna, amor ardente (1616)... 2. Esforgo grande, igual ao pensamento (1598)... 2... Esté 0 lascivo ¢ doce passatinho (1595) aa ig tslghgma Esté-se a Primavera trasladando (1595) i ark Aoyor iS Este amor que vos tenho, limpo e puro(1668) . 2... Eu cantarei de amor tio docemente (1593)... 2.2... Eu cantei ja, € agora vou chorando (1616). 2... . . Eu vivia de igrimas isento (1668) 2. Ferido sem tet outa perecia (1598) 2. Fermosos olhos, que na idade nossa(1sys). a Fiow-se o coragio, de muito isento(1598). Foi ja num tempo doce cousa amar (1595)... 2... Fortuna em mim guardando seu direito (1685-1668)... 2. Grio tempo ha jé que soube da Ventura (1595)... os. lustre ¢ dino ramo dos Meneses(1598) 2... eee eee Indo o triste pastor todo embebido (1668) sire Jia saudosa Aurora destoucava (1598). aes JA nko sinto, Senhora, os desenganos (1668)... Julga-me a gente toda por perdido (1616)... 2... ew Leda serenidade deleitosa (r598) . . - Lembeangas que lembrais meu bem passado (1685-1668)... . Lembrangas satidosas, se cuidais (1595) «6 1 ee ee eee Lindo e sutil trangado, que ficaste (1595) e Males, que contea mim vos conjucastes (1595). 2s Meméria de meu bem, cortado em flores (1860)... ss Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades (1595)... = + Na desesperagio ja repousava (1616). . Naiades, v6s, que os rios habitais (1595). 2. ss eee Na metade do Céu subido atdia (1598)... « egos Na tibeira do Bufrates assentado (1668)... - brave — Nao passes, caminhante! — Quem me chama (1595). win No mundo poucos anos ¢ cansados (1598) - is geneva No mundo quis um tempo que se achasse (1598) nae WRN No tempo que de Amor viver soia (1598)... ss vee Num bosque que das Ninfas se habitava (1595) - Lae ‘Num jardim adornado de verdura (1593) - 6 0 6 0 ee Num tao alto lugar, de tanto prego (1668)... ee ee © Céu, a terra, o vento sossegado (1616)... ae Ocisne, quando sente ser chegada (1595). - - +--+ h! como se me alonga de ano em ano (1595) + s+ = xe 146 B 149 85 124 108 155 M4 24 15 109 nr 65 9t 66 87 126 162 m2 B 27 105 45 13 5 23 84 328 92 10 B 7 129 156 157 99 4 22 130 106 34 25 Pp, 189 358 191 159 178 117 170 194 123 128 179 "7 17 qe 49 162 149 160 179 129 197 172 155 180 169 138 175 124 128 158 180 162 7 155 155 181 194 195 39 166 153 127 181 159 143 129 45 O culto divinal se cclebrava (1598) - + + ) O dia em que eu naci, moura ¢ pereca (1860) - = + Filho de Latona esclarecido (1616) «+ + + © fogo que na beanda cerea ardia (1395) Olhos fermosos, em quem quis Natura (1668) Ondados fios de ouro reluzente (1598) ‘Ohl quao caro me custa o entender-te (1598) © mio cristalino se estendia (1598) Qs reinos ¢ 0 impérios poderosos (1595) Os vestidos Elisa revolvia (1598) + © tempo acaba 0 ano, o més ¢ a Hora 68) « Passo por meus trabalhos tio isento (1595) « Pede o desejo, Dama, que vos veja (1595) Pelos extremos raros que mostrou (1595) Pensamentos, que agora novamente (1598) ‘ Pois meus olhos niio cansam de chorar (1595) Por cima destas aguas, forte e firme (1616) - Porque quereis, Senhora, que oferega (1595) - Por sua Ninfa, Céfalo deixava (1616) Posto me tem Fortuna em tal estado (1608) Presenca bela, angélica figura (1616) Pues ligrimas tratais, mis ojos tristes (1685-1668) - Quando a suprema dor muito me aperta (1685-1668) Quando cuido no tempo que, contente (1668) Quando da bela vista € doce riso (1595)... we Quando de minhas magoas a comprida (1598) ‘Quando o Sol encoberto vai mostrando (1595) . Quando, Senhora, quis Amor que amasse (1668). Quando se vir com Agua o fogo arder (1685-1688) Quando vejo que meu destino ordena (1595) Quantas vezes do fuso se esquecia (1595)... 3 Que levas cruel Morte? Um claro dia (1598) Que me quereis, perpétuias saudades? (1598) Que modo tio sutil da natureza (1616) Que pode jé fazer minha ventura (1668) Que poderci do mundo jé querer (1598)... Que vencais no Oriente tantos reis (1595)... Quem fosse acompanhando juntamente (1598). — Quem jaz no grio sepulero, que desereve (1595) Quem pode livze ser, gentil Senhora (1595) ‘Quem presumir, Senhora, de louvar-vos (1685-1668) Quem quiser ver de amor Oa excelencia (1598) Quem vé, Senhora, claro e manifesto (1595) . . Quem vos levou de mim, saudoso estado (1668)... Se a Fortuna inquieta ¢ mal olhada (1668). Se alga’ hora em vés a piedade (159s)... 2. 46 ne 39 a3 132 14 B 7 8 148 29 Pe. 136 182 156 120 182 164 149 150 197 148 183 127 154 132 x6r 135 130 147 183 134 190 185 175 iat 166 as 186 184 130 Ir 195 170 334 186 168 167 196 11 187 ago 125 15 190 13 Seas penas com que Amor tio mal me trata (1595)... + 16 Se, despois @esperanga tio perdida (1598) - ee +e 49 Se de vosso fermoso ¢ lindo gosto (1668) 142 Seguia aquele fogo que o guiava (1616) 2. oe Gr Sempre a Razio vencida foi de Amor(1616) ss 5S Sempre, cruel Senhora, receci (1668) GS wie 143 Seahor Jodo Lopes, o meu haixo estado (1616)... ae so Senhora ji dest’alma perdoai (1668) ay Senhora minha, se a Fortuna imign (1616) 2 Sentindo-se tomada a bela esposa (1616)... my, ethan Gat Se pena por amar-vos se merece (1598) Le ig 34 Se tanta pena tenho merecida (1595)... _ we 35 Sete anos de pastor Jacob servia (1595) . ae ae 30 Se tomar minha pena em peniténcia (1568) - hes ore, BF Suspicos inflamados, que cantais (1598) : 39 Sustonta meu viver ta esperanga (1668) tas Tal mostea di de si vossa figura (1616) . 8 “Tanto de meu estado me acho incerto (1595) - ¥ ee + “Yempo ¢ ja que minha confianga (1595) epiteain 438. Todo 0 animal da calma tepousava (1595). - "i + Go Tomava Daliana por vinganga(1393) - - 6 es + es 69 Temou-me vossa vista soberana (1599). 0 en Transforma-se 0 amador na cousa amada (1595) ee Um mover dolhos brando € piadoso (0593) go Veneido esti de Amor mes pensamento (168)- vinden B45

Você também pode gostar