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revistacult.uol.com.br/home/um-conto-de-duas-universidades/
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possível ascensão social para os filhos dos trabalhadores semiqualificados,
especialmente os trabalhadores imigrantes, em um contexto marcado pelo aumento da
insegurança social promovido pelo neoliberalismo.
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Trata-se de uma característica do regime de acumulação sob o domínio do capital
financeiro que se consolidou mundialmente nos anos 1990: com o aumento da
concorrência em escala global e o consequente estabelecimento de novos critérios de
governança corporativa, os diferentes sistemas nacionais de pesquisa – sejam eles
estatais, semipúblicos ou privados – passaram a ser pressionados por resultados de
curto prazo. Os investimentos tangíveis ou intangíveis em pesquisa distanciaram-se
daquela experiência histórica sustentada por um tipo de compromisso com horizontes
de longo prazo que foi assegurado até meados dos anos 1980, tanto nos países de
capitalismo avançado quanto em alguns países de capitalismo semiperiférico.
Em termos globais, essa lei coroou o processo pelo qual o poder da acumulação
capitalista sob domínio das finanças e a consequente pressão sobre o sistema nacional
de produção e difusão de conhecimento científico aprofundaram a alienação das
atividades acadêmicas. A instrumentalização do financiamento público da pesquisa
científica pelos oligopólios domésticos e o deslocamento do controle estatal para o
controle do mercado implicaram alterações significativas no nível, nos objetivos, nas
prioridades e no horizonte de tempo dos investimentos relacionados à pesquisa.
A perda da autonomia
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Atualmente, quer estejamos analisando laboratórios de empresas públicas voltadas
para a inovação, quer estejamos estudando o processo de incubação de empresas
tecnológicas financiadas por agências de fomento à pesquisa em universidades de
excelência, encontraremos a mesma lógica produtivista que controla as corporações
privadas regulando o trabalho científico e acadêmico por meio da aceleração dos ciclos,
do estabelecimento de metas, da organização por “unidades de negócios”, da formação
de equipes e da flexibilidade do trabalho intelectual. Isso sem falar na pressão quase
“taylorista” exercida sobre os pesquisadores para patentear novos processos e produtos
ou publicar dezenas de artigos em revistas indexadas.
Por outro lado, longe da realidade dos setores considerados de ponta, os cursos de
graduação das áreas das ciências humanas e, principalmente, aqueles voltados para a
formação de professores vivenciam a realidade marcada por um dos aspectos
contemporâneos mais perversos da lógica mercantil: a desvalorização tanto dos
ensinos fundamental e médio quanto das atividades acadêmicas e científicas voltadas à
formação de professores. Nessa desvalorização encontraremos parte substantiva das
razões capazes de explicar a atual revolta estudantil nos cursos de pedagogia e de
ciências humanas.
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