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esquerdaonline.com.br/2012/10/10/um-conto-de-duas-universidades/
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Stéphane Beaud analisou profundamente em seu livro as ilusões e desilusões dos
chamados “filhos da democratização escolar” atirados na rota incerta de um interminável
período de formação. Assim, o sociólogo francês perscrutou a tensa relação produzida
por essa política de massificação dos ensinos médio e superior entre, de um lado, a
elevação global dos níveis de formação e a ascensão social para alguns, e, de outro, os
dramáticos custos simbólicos e psicológicos daqueles filhos de trabalhadores,
especialmente imigrantes, cada dia mais distantes do mundo do operário, sem, contudo,
conquistar no mercado de trabalho os tais empregos típicos de classe média prometidos
pelo governo.
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curto prazo. Os investimentos tangíveis ou intangíveis em pesquisa distanciaram-se
daquela experiência histórica sustentada por um tipo de compromisso com horizontes de
longo prazo que foi assegurado até meados dos anos 1980, tanto nos países de
capitalismo avançado quanto em alguns países de capitalismo semiperiférico.
Em termos globais, essa lei coroou o processo pelo qual o poder da acumulação
capitalista sob domínio das finanças e a consequente pressão sobre o sistema nacional
de produção e difusão de conhecimento científico aprofundaram a alienação das
atividades acadêmicas. A instrumentalização do financiamento público da pesquisa
científica pelos oligopólios domésticos e o deslocamento do controle estatal para o
controle do mercado implicaram alterações significativas no nível, nos objetivos, nas
prioridades e no horizonte de tempo dos investimentos relacionados à pesquisa.
A perda da autonomia
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privadas regulando o trabalho científico e acadêmico por meio da aceleração dos ciclos,
do estabelecimento de metas, da organização por “unidades de negócios”, da formação
de equipes e da flexibilidade do trabalho intelectual. Isso sem falar na pressão quase
“taylorista” exercida sobre os pesquisadores para patentear novos processos e produtos
ou publicar dezenas de artigos em revistas indexadas.
Por outro lado, longe da realidade dos setores considerados de ponta, os cursos de
graduação das áreas das ciências humanas e, principalmente, aqueles voltados para a
formação de professores vivenciam a realidade marcada por um dos aspectos
contemporâneos mais perversos da lógica mercantil: a desvalorização tanto dos ensinos
fundamental e médio quanto das atividades acadêmicas e científicas voltadas à
formação de professores. Nessa desvalorização encontraremos parte substantiva das
razões capazes de explicar a atual revolta estudantil nos cursos de pedagogia e de
ciências humanas.
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