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INSTITUTO VITÓRIA

DILEMAS E DESAFIOS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL

ARRUDA, Welberth Luiz Nunes

RESUMO
A docência no ensino superior, como uma prática histórica e cultural, destaca-se pelos
conflitos e dilemas, principalmente, advindos do tempo de hoje cujo avanço tecnológico e a
ênfase na sociedade do conhecimento são suas referências. Nesse sentido questionamos
sobre que dilema hoje enfrentamos os docentes do ensino superior? Que conflitos os
angustiam? Que formação profissional é necessária em um tempo de incertezas políticas e
de conhecimentos? É viável o compartilhamento e socialização desses conhecimentos por
meio da formação desses conhecimentos por meio da formação inicial e continuada? Para
além do exercício efetivo da docência, o que em si, já exige em pool de conhecimentos
específicos e necessários, é importante, também, estimular nos graduandos a curiosidade
sobre os campos de pesquisa, bem como a formação de profissionais pesquisadores nas
áreas de atuação do ensino superior. Este artigo objetiva analisar a identidade profissional do
docente universitário em face aos anseios, lutas e reflexões acerca dos constantes conflitos
enfrentados por estes profissionais. Para o desenvolvimento do estudo, a metodologia foi
pautada de artigos que abordam essa temática.

Palavra-Chave: Docência, Graduando, Profissional.

INTRODUÇÃO

A universidade no Brasil, desde a sua origem, apresenta um conjunto de


conflitos referentes deste nível de ensino, bem como os embates políticos e
epistemológicos delineadores dos currículos e a expansão do ensino superior
com a entrada, cada vez mais frequente, de jovens e adultos. Severino
(2007, 2008, 2009) Tardif (2002), Gatti (2009), Terrien (2012), Zabalza (2004)
têm se dedicado a refletir sobre essas questões.
Considerando a importância do papel do docente do ensino superior nos
deteremos neste estudo sobre a formação inicial e continuada desse
profissional. Indagamos sobre os saberes constituídos na caminhada de
formação desse profissional docente. Decerto, a formação inicial dos
professores no ensino superior torna-se insuficiente para o enfrentamento
dos desafios ao longo da carreira. Sobre isto Gatti (2009) afirma que nas
instituições de ensino superior o cenário da formação de docentes não inspira
ânimo e nem permite uma formação adequada.

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Neste sentido, não sendo pessimista quanto Gatti, entendemos que mesmo a
formação de professores não se constituir de um campo para milagres, é
fundamental paciência histórica e o entendimento da educação enquanto
processo para acontecer transformações.
Deste ponto de vista levantamos outras questões:que saberes são
necessários para constituição do docente na educação superior? Qual seria o
papel da pesquisa na formação dos saberes docentes? A pesquisa apresenta
uma relação direta com o ensino de modo a garantir um status de qualidade
a Educação superior? Quais habilidades e saberes contribuem para formação
inicial e continuada destes docentes? Qual a importância da extensão para a
formação inicial de professores? Na dita “Sociedade do Conhecimento” que
saberes são necessários para atender as demandas de formação de jovens e
adultos que almejam sua formação no nível superior?

MARCO TEÓRICO

Severino (2008) ao traçar um quadro do Ensino Superior no Brasil afirma que


tanto na “retórica oficial” quanto na via do senso com o Ensino Superior tem
um olhar privilegiado sobre si. O autor (Severino, 2008, p. 74) ainda destaca
a importância deste nível de ensino para a formação de profissionais e
lideranças de diversos campos de saber “[...] como um mecanismo poderoso
para ascensão social”.
De acordo com Severino (2008), o ensino superior foi introduzindo no Brasil
apenas na terceira década do século XX podendo ser caracterizado,
basicamente, por dois modelos: o de caráter privado e como instituição
isolada.
A consolidação deste modelo ocorreu no governo Imperial se instituindo as
faculdades de: direito, medicina e engenharia. Destarte, a assunção do
ensino superior privado sobre o público.
Para Severino (2008), o atual modelo de ensino superior encontra-se
consolidado em modelos capitalistas sob a égide da globalização econômica
e cultural. Neste aspecto o Brasil ocupa a posição de figurante ma divisão
internacional do trabalho que impacta diretamente a sociedade nas suas
formas de ver, viver, construir e pensar o Brasil, especialmente nesta época

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pandêmica governada por políticos embrutecidos e defensores de ideologias
negacionistas contribuindo para desqualificação do país frente aos demais
países e organismos internacionais como ODCE, OMS, ONU, Unesco, dentre
outros.
Na via da globalização e do neoliberalismo, segundo Severino (2008), a partir
da década de 80 o Brasil se afasta da possibilidade de uma emancipação
econômica e social priorizando a fabricação de comoditis. O governo
brasileiro decide incentivar a produção em alta escala, com baixo custo, e
simplificação tecnológica decorrendo daí uma condição de subalternidade na
produção científica e tecnológica.
Esta realidade brasileira retrata o que denominam Dardot e Laval (2016) de
razão neoliberal. Para eles há quatro traços que a retrata: i) o mercado é uma
realidade construída que requer intervenção ativa do Estado, bem como o
estabelecimento de um sistema de direito específico. Para tanto o discurso
neoliberal se (pseudo) apresenta como um “projeto construtivista”; ii) a
essência da ordem de mercado passa a residir na concorrência, reificando a
relação de desigualdade entre as diferentes unidades de produção; iii) o
Estado passa a ser considerado “um vigia noturno” para garantir e zelar por
esta concorrência.
Todavia, este Estado é também submetido a norma de concorrência, pois
vendo-se como empresa, não se constitui como exceção à regra; iv) a
universalização da concorrência extrapola as barreiras do Estado invadindo a
individualidade dos sujeitos em sua relação consigo mesmo.
Este mesmo Estado, fazendo uso de seus Aparelhos Ideológicos, como por
exemplo a universidade, incute nos indivíduos a ideia de tornarem-se
empreendedores.
Para Brown, citado pelos autores supracitados, “[...] o mode de
governamentalidade própria do neoliberalismo sobre o conjunto de técnicas
de governo que ultrapassam a estrita ação do Estado e orquestram a forma
como os sujeitos se conduzem por si mesmos” (Dardot; Laval, 2016, p. 378).
Na produção econômica o país se limita a desenvolver o seu trabalho simples
sem qualquer expertise técnico-científica. Dardot e Laval (2016, p. 380-381)
completam:

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“Nada de direitos se não houver contrapartida” é o refrão para obrigar os
desempregados a aceitar um emprego inferior, para fazer os doentes ou os
estudantes pagarem por um serviço cujo benefício é visto estritamente como
individual, para condicionar os auxílios concedidos à família às formas desejáveis
de educação [...]. O acesso a certos bens e serviços não é mais considerado ligado
a um status que abre portas para direitos, mas o resultado de uma transação entre
um subsídio e um comportamento esperado ou um custo direto para o usuário.

Uma produção de bens de alto valor agregado na via das tecnologias de


ponta e pesquisas avançadas vão existir apenas em ilhas de excelência.
Assim, para concretização desse projeto seria necessário reformar o Estado,
reestruturação produtiva e a flexibilização dos direitos dos trabalhadores, o
que, por ocasião do governo Bolsonaro, foi descontinuado e, dado um
tratamento equivocado destas políticas e de tantas outras políticas. Sobre
isto, atevendo esta realidade, encontramos em Dardot e Laval (2016, p. 382)
uma crítica aos governos atuais.

O cinismo, a mentira, o menosprezo, a aversão à arte e à cultura, o


desleixo da linguagem e dos modos, a ignorância, a arrogância do
dinheiro e a brutalidade da dominação valem como títulos para
governar em nome apenas da “eficácia”. Quando o desempenho é o
único critério de uma política, eu importância tem o respeito à
consciência e a liberdade de pensamento e expressão? Que
importância tem o respeito às formas legais e aos procedimentos
democráticos? A nova racionalidade promove seus próprios critérios
de validação, que não tem mais nada a ver com os princípios morais
e jurídicos da democracia [...].

O que estes governos conseguem levar ao público, destacam Dardot e Laval


(2016, p. 380), são “[...] reformas cujo sentido não é explicitado, sem que se
saiba muito bem quais resultados se tenta obter por essa ação sobre a
sociedade”. Os autores não estão se referindo ao reconhecimento social de
cidadãos como sujeitos de direitos, mas ao comportamento do Estado como
empreendedor.
Severino (2008) afirma desde sempre que, enquanto as instituições
universitárias privadas seguiam a lógica do mercado na oferta de seus
produtos educacionais, as universidades públicas e o ensino público
encontram-se no embate de demandas complexas de múltiplas necessidades
oriundas da modernização tecnológica e ideologias negacionistas embora
constrangidas pela falta de autonomia financeira e pressionadas a adotar
uma bula neoliberal de redução de quadros e de conhecimento, precarização
da pesquisa e terceirização de serviços.
Segundo Gewirtz, citado por Dardot e Laval (2016, p. 381), longe de ser
neutra, a reforma do Estado:

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[...] atenta diretamente contra a lógica democrática da cidadania
social; reforçando as desigualdades sociais na distribuição dos
auxílios e no acesso aos recursos em matéria de emprego, saúde e
educação, ela reforça as lógicas sociais de exclusão que fabricam
um número crescente de “subcidadão” e “não cidadãos”. (Grifo do
autor)

A bem da verdade, a universidade como instituição responsável por uma


nova consciência social encontra-se ameaçada em sua sobrevivência, pois
as reformas do Estado estão sintonizadas com um projeto hegemônico de
cultura e conhecimento de caráter ideológico, o que implica em repercussões
profundas no cenário brasileiro e por consequência no Ensino Superior, lócus
do pensamento crítico.
De acordo com Silva r. (2001, p. 271-271) citado por Severino (2008,
p. 43):
[...] a educação superior brasileira é parte de intenso processo de
reformas, no interior de um radical movimento de transformações
político-econômicas em nível mundial, com profundas repercussões
no Brasil. Suas consequências para a identidade institucional da
universidade brasileira serão inevitáveis, se concretizadas tais
mudanças conforme diretrizes emanadas originalmente desses
organismos multilaterais, em geral tão bem traduzidos
domesticamente pelos responsáveis oficiais pela reforma do Estado
e da Educação Superior em nosso país [...]

Severino (2009, p. 260) ainda nos lembra que o papel da pesquisa é um


processo de ensino, de aprendizagem e de formação de pesquisadores, mas
essencialmente de descoberta e desvelamento do mundo a partir de uma
investigação curiosa que busca a explicação dentro de uma tradição secular
de produção de conhecimentos. Por outro lado, cabe a universidade
transformar-se em fonte universal de pesquisa, razão de sua identidade e
existência.
Reduzi-la a para um fim em si mesma é condenar o ensino superior à
mediocridade.
Em um contexto de transformações mediadas pelas tecnologias que
possibilitam a qualidade profissional no mundo do trabalho o professor se
constitui no ente fundamental ao estímulo a curiosidade, a descoberta, a
crítica ao ar livre pensamento. Cabe a este profissional assumir seu
protagonismo na reflexão de novos caminhos de ensinagem, tendo em vista
“[...] o papel preponderante que tem o professor universitário na alavancagem
da sociedade da informação e do conhecimento” (Dantas, 2017, p. 31).

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Além disso, cabe destacar o papel da pesquisa como um projeto de ensino
de aprendizagem de formação de pesquisadores, mas essencialmente como
um processo de descoberta e desvelamento do mundo a partir de uma
investigação curiosa que busca a explicação dentro de uma tradição secular
de produção de conhecimentos.
A constituição Federal de 1988 consagra a indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão em seu artigo 207: “As universidades gozam de
autonomia didáticociêntífica, administrativa e de gestão e obedecerão ao
princípio da dissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. A inclusão
desse artigo no exto constitucional ratifica o princípio norteador do que é e
como pensar a universidade, fruto de uma luta histórica que propõe
alternativas para o ensino superior para além da lógica de mercado.
Severino (2007), ressalta que a caminhada estudantil na universidade deve
ser permeada pela experiência de ensino, pesquisa e extensão na formação
dos cientistas com a devida apropriação de métodos e conteúdos das
diversas especialidades do conhecimento e no seu compromisso com a
sociedade, passa a ter o compromisso de retornar e socializar o que
aprendeu.
A produção coletiva de conhecimentos numa visão interdisciplinar proposta
por Alonso (2000) é um outro componente que agrega valor como um
conhecimento produzido a partir de diferentes pontos de vistas possibilitando
o diálogo entre os saberes e evitando hierarquizações. Esta prática
certamente é formadora de uma consciência capaz de tecer e compreender
sentidos e significados sendo esta fundamental na formação do docente
universitário.
A docência superior para Therrien (2012, p. 112), não é a mera reprodução
de uma experiência de ser professor, adquirida na caminhada em sala de
aula, mas a produção constante de diálogo entre os saberes discente e
docente. Nas relações intersubjetivas se realiza a formação docente, dialética
e dialógica, pautada em uma visão crítica da realidade cujo docente encontra
o desafio de transformar conteúdos disciplinares em pedagógicos e, portanto,
em saberes. No entanto, isto só é possível numa relação de dialógica
significativa de conteúdos a partir de conhecimentos previamente disponíveis
ao aprendiz objetivando sempre superar a superficialidade do conhecimento

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e desvelar o que parece subsumido, a verdade que sustenta a outra verdade,
e ir assim como afirma Freire (1988, p. 28), superando as opiniões e
chegando ao lócus do conhecimento.
Tardif (2002) compreende a docência para além da redução do ensino a
partir da visão do professor, embora considere os saberes oriundos de sua
experiência docente e também das relações estabelecidas com os
aprendizes e o trabalho, o que vai permitir ao professor um conjunto de
recursos disponíveis para alimentar sua prática cotidiana com um leque de
saberes assim definidos: o saber experiencial e o saber cultural herdado de
sua trajetória de vida e de sua pertença.

METODOLOGIA
Conforme proposto inicialmente, levantou-se artigos de autores que estudam
o tema a saber; Dantas (2017); Tardif (2002), Severino (2007,2008,2009);
Therrien (2012), Zabalza (2004) e tendo como unidade de análise o perfil do
docente, a partir de dados de 2016 do Censo da Educação Superior,
realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep).Tal estudo teve por base as categorias:
organização acadêmica, privado, regime de trabalho e licenciaturas onde se
discutiu, com base nos autores, o perfil docente universitário frente a
realidade da carreira.

Resultados
Visando delinear o perfil do docente da educação superior e de desvelar sua
identidade a ´partir do contexto social em que vivem, conforme dados de
2016 retirados do Censo da Educação Superior, passamos a refletir sobre
algumas categorias:
Organização Acadêmica: 2.407, 2.111são privadas e296 públicas; quanto
às IES públicas,41,6% são estaduais (123 IES),36,1% federais (107) e 22,3%
municipais (66). A maioria das universidades são públicas (54,8%); entre as
IES privadas, predominam as faculdades (88,4%); Quase 3/5 das IES
federais são universidades e37,4% IFs e Cefets (Tabela 1).

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Tabela 1. Número de instituições de educação superior, por organização
acadêmica e categoria administrativa- Brasil- 2016
Instituições

ANO Total Universidade Centro Faculdade IF e


Universidade Cefet

Pública Privada Público Privado Pública Privada Pública Privada

2016 2.407 10 89 10 156 138 1.866 40 a


8

Fonte: MEC/Inep (2016).

Privado: as IES privadas têm participação de 75,3% (6.058.623) no total de


matrículas de graduação. A rede pública, conta com 24,7% (1.990.078). na
comparação dos anos de 2006 a 2016, há um aumento no número de
matrículas de 66,8% em relação a rede privada, e na rede pública de 59,0%.
nas matrículas de graduação IES privadas têm uma participação de 75,3%
(6.058.623).
Houve um pequeno decréscimo 0,2% nas matrículas de rede privada em
relação a 2015. na rede pública, encontramos um aumento de 1,9 em relação
ao mesmo período. Quando se comparam os anos de 2006 e 2016, observa-
se um aumento no números de matrículas de 66,8% na rede privada e de
59,0% na rede pública.

Observa-se claramente a predominância de matrículas no setor privado,


conforme apresentado no Gráfico 1.

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Regime de trabalho: Há um índice de 70% dos docentes universitárias que
atuam em regime de tempo integral. O número desses docentes é superior
nos centros universitários (26,4%) e faculdades (19,6%). nas faculdades,
45% dos docentes trabalham em tempo parcial e 47,7% têm formação de
mestre. Observa-se que nas universidades o regime em centros universitários
e faculdades privadas denomina-se o regime parcial do trabalho (Gráfico 2).

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Gráfico 2. Tempo de trabalho
Fonte: Mec/Inep, 2016.

As licenciaturas: neste grai de ensino os dados apontam para um maior


percentual de doutores (53,7%) entre todos os graus acadêmicos. A mesma
situação se repete em relação ao regime de trabalho, com 72,4% dos
docentes dos cursos de licenciatura contratado em tempo integral (Gráfico 3).

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Percebe-se um favorecimento no ensino superior privado atendendo ao plano
nacional de Educação. Ao se observar os dados do censo desta modalidade
de ensino de 2016, 75% das matrículas de alunos foram realizadas nas
instituições privadas (6.058.623).
A partir dos dados do Inep (2016) assistimos neste início de século 21 a
privatização do ensino superior no Brasil. Encontramos explicação para este
fenômeno em Dardot e Laval (2016, p. 379) quando afirmam que a
racionalidade neoliberal:

[...] ao mesmo tempo que se adapta perfeitamente ao que restou dessas instituições
no plano da ideologia, opera uma desativação sem precedentes do caráter
normativo destas últimas. Diluição do direito público em benefício do direito privado,
conformação da ação pública aos critérios de rentabilidade e da produtividade,
depreciação simbólica da lei como ato próprio do Legislativo, fortalecimento do
Executivo, valorização dos procedimentos, tendência dos poderes de polícia a
isentar-se de todo controle judicial, promoção do “cidadão-consumidor” encarregado
de arbitrar entre “ofertas políticas” concorrentes, todas [...] tendências comprovadas
que mostram o esgotamento da democracia [...] como norma política.

De acordo com o contexto em que se encontra inseridos os professores


universitários, encontramos em Zabalza (2004) que este profissional se
encontra em um mundo de incertezas profissionais, políticas e de valores

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éticos. Neste contexto atual, a universidade perde seu status de “bem
cultural” e passa a ser considerada um mercado em que as pessoas podem
adquirir a moeda do conhecimento em seu estágio mais cobiçado, a
graduação e a pós-graduação.
No mundo da revolução técnico-científica, a universidade enquanto casa da
produção de ciência, de ideias e saberes necessários a uma sociedade em
profundas transformações, se adequa a produção de conhecimento para
atender, principalmente, as demandas mercadológicas se tornando também
uma entidade de valor econômico a serviço do neoliberalismo.
Na contra mão deste movimento, encontramos as universidades públicas,
resistindo a esta realidade para ser fiel aos direitos envidados pela luta e
classe em favor da liberdade de cátedra, de conhecimento, de inclusão
social, dentre outras lutas.
Assim, com a mudança de propósito de parte destas IES, a docência
universitária passou a atrair profissionais liberais aproveitando a expansão
nesta modalidade de ensino. Nesse sentido, o professor universitário entra no
ciclo da formação/produção cujo produto é a pesquisa e a titulação tem valor
enquanto carreira docente.
Considerando o contexto contemporâneo, a necessidade de formação de
profissionais aptos a responderem as demandas cada vez mais
especializadas do mercado de trabalho, induz a busca por matrículas nesta
modalidade de ensino, ou seja, a universidade passa a ser uma engrenagem
fundamental para a formação da força de trabalho especializada e qualificada
para os novos contextos de profissão e de sociedade conforme os interesses
metodológicos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando o recorte bibliográfico utilizado neste artigo, o profissional do


ensino superior atua, em sua maioria, em instituições privadas tendo em vista
que 87,7% IES são da iniciativa privada.
Nestas predominam professores do gênero masculino tanto nas instituições
privadas quanto nas instituições públicas os docentes mais frequentes (Inep,
2016) tem idade na faixa de 34 anos já nas instituições privadas a média de
idade é de 36 anos.
No que tange a formação há maior frequência de doutores nas instituições
públicas enquanto na IES privada a predominância é de mestres. Nas
instituições públicas o regime de trabalho é integral enquanto nas privadas a
maioria dos professores atua em regime parcial.
Quanto ao cenário de formação no ensino superior encontramos afirmações
recorrentes, denunciadas por Gatti (2009) e Cardoso (2016), da necessidade
de uma formação desses profissionais os quais afirmam que não existe uma
formação específica para estes profissionais na maioria nas instituições
públicas.
Quanto ao ensino há o dilema da privatização do ensino superior em
atendimento aos princípios da globalização.
Sobre isto Severino (2008) e Zabalz (2004) afirmam que 87,7% das
instituições dessa modalidade de ensino são privadas e que a legislação
vigente favorece a estas instituições um curriculum que a cada dia modifica
mais o verdadeira sentido da universidade transfigurando-a para se tornar
fábrica de informações e estatísticas para atender um projeto hegemômico
neoliberal destinada a preparar profissionais para o mundo do trabalho na
perspetiva do conhecimento como moeda.
Portanto, há um consenso de que os saberes são fundamentais a profissão
docente (Tarfid, 2002; Therrien, 2012; Alonso, 2000), pois tendem a fortalecer
a necessidade da profissionalização, bem como promover diálogo com os
saberes diversos oportunizando a valorização dos conhecimentos e saberes
pedagógicos e, consequentemente, a transformação social.
Para tanto, é fundamental paciência histórica e fortalecimento da identidade
docente em seu compromisso com o conhecimento a serviço da humanidade.

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Assim, tomando as palavras de Dardot e Laval (2016, p. 395) acreditamos
que “conduzir os homens não é curvá-los sob o julgo inflexível da lei nem os
fazer reconhecer a força de uma verdade”.

REFERÊNCIAS

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