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Com o advento da chamada globalização, e com ela a liberalização comercial e

econômica, a concorrência entre as organizações que atuam no mercado nacional e


no internacional, se intensificaram. Como consequência, as organizações tem se
voltado para um monitoramento constante de suas atividades, bem como da
viabilidade dos produtos oferecidos.

Nesse contexto, a inovação, que consiste na implementação de um bem ou serviço


novo, significativamente melhorado, um processo ou um método organizacional,
independente de sua fonte, industria, empresas, laboratórios, institutos de pesquisa
e desenvolvimentos, e principalmente a academia, se torna primordial. A gestão
desses bem ou serviço novo tem se mostrado de crescente importância.

Esta pesquisa se deterá na inovação e na gestão das patentes a partir da produção


acadêmica denominada, nesse artigo de propriedade intelectual. As perguntas
geradoras são: Como a produção acadêmica se relaciona com a propriedade
intelectual? Como deve ser a gestão e a transferência desse “bem ou serviço”da
universidade para as organizações?

No artigo de Amadei e Torkomian (2009), podemos observar o depósito das


universidades públicas do estado de São Paulo no Instituto Nacional de Propriedade
Industrial (Inpi) no período de 1995 até 2006. Neste período foram registrados um
total de 672 patentes. Deste total, a UNICAMP é responsável por 60%. A partir das
observações dos dados deste estudo, os autores puderam inferir que, o
fortalecimento das políticas internas de uma universidade, relacionadas à
propriedade industrial, naturalmente levará a um maior índice de proteção das
invenções acadêmicas, incentivará a realização de novas pesquisas e, viabilizará a
transferência do que foi “produzido"na universidade para o setor produtivo.

As universidades "geram a inovação", mas, não implementam primordialmente na


forma de produtos ou serviços.

As estratégias governamentais relacionadas à política científica e tecnológica,


permitiram um amadurecimento no desempenho das universidades direcionadas ao
desenvolvimento econômico, que pode ser evidenciado pela criação de estruturas
internas com objetivo de facilitar a passagem do conhecimento científico para o meio
empresarial.

Para este fim, muitas universidades tem feito parcerias com industrias, criado spin-
offs acadêmicos e, licenciado patentes. Em contrapartida, o governo, em resposta a
esse crescimento de produção intelectual das universidades, em estabelecido novas
políticas que privilegiam as universidades com maior produção ou potencial de
produção intelectual.

A utilização do conhecimento gerado nas universidades brasileiras representa rica


fonte de informação e capacitação para o desenvolvimento e implementação dessa
“produção intelectual”, resultando no fato de que a entre universidade e setor
produtivo consiste em um caminho alternativo e complementar para o alcance de um
patamar superior das organizações brasileiras.
É primordial o estabelecimento de regulamentação no que se refere à implemen-
tação de uma infraestrutura capaz de proteger e comercializar “produção intelectual"
universitárias valendo-se de ferramentas de gestão e capacitação requeridas para
tais atividades.

Para respondermos a pergunta geradora de nossa pesquisa, é preciso que algumas


definições sejam elencadas e alguns conceitos explicados como iniciação científica,
patente, propriedade intelectual, proteção, gestão e transferência dessa propriedade
da universidade para as organizações, entre outros.

Justificativa
Com a crescente produção intelectual advindas da academia, bem como, com a
necessidade de proteção e gestão dessa propriedade. Considerando ainda as
inovações necessárias às organizações à partir da globalização, torna-se primordial
ampliar a compreensão deste tema e o estabelecimento da “relação e transferencia”
desse “bem”, produção intelectual da academia, com a utilização prática desse nas
organizações.

Iniciação Científica atual em território brasileiro

A Iniciação Científica nada mais é do que um estudo aprofundado, dentro da


graduação, a respeito de um tema de sua escolha, além do currículo, de qualquer
área do conhecimento, conforme interesse do aluno e do orientador sobre o tema
(linha de pesquisa, currículo), desde que seja relevante para seu aprendizado.

O tema escolhido precisa ser apresentado de uma perspectiva inovadora. Essa


pesquisa tem duas características importantes: factível a curto prazo, especificidade
do tema. Nessa escolha é importante considerar seus gostos pessoais, seus
conhecimentos, sua localização geográfica entre outros fatores.

O estudante demora cerca de um ano para concluir o programa, o qual conta com o
auxílio de um orientador disponível na faculdade. Devido ao curto prazo, o aluno
preferencialmente deverá ter iniciado um pré projeto, ou, pelo menos, que já tenha
um tema específico em vista.

Alguns autores (BAZIN, 1983; ALMEIDA, 1995) descrevem que a pesquisa na


graduação pode ser um caminho para a autonomia intelectual do jovem, que passa
a ter a possibilidade real de exercer sua criatividade, construir um raciocínio crítico e
modificar o que recebe. Além disso, a atividade de pesquisa habilita o cidadão a
refletir e agir mais adequadamente diante de situações político-econômicas que
envolvam o contexto global da universidade.

Algumas universidades possuem centros de pesquisa e disponibilizam programas de


iniciação por meio de processos seletivos, em duas modalidades: remunerada - com
pagamentos ou descontos nas mensalidades - ou voluntária.

Assim, a formação de novos pesquisadores é concebida, conforme preconiza


Damasceno (1999), como um processo que se integra à vida acadêmica, e não
apenas como uma atividade livresca baseada na acumulação de informação. A
autora descreve que: “desse modo, todo esforço é realizado na perspectiva de
superar a dissociação entre a pesquisa e as demais atividades universitárias.
Enfatiza-se, portanto, a integração entre estes campos como condições para que o
iniciante assuma efetivamente o papel de investigador” (Damasceno, 1999, p. 17).

O pesquisador também pode vincular a iniciação a instituições de incentivo à


pesquisa, as quais disponibilizam bolsas de estudo, como as oferecidas pela
Fapesp, CNPq ou Capes.

Calazans (1999) inclusive é uma autora que menciona a importância de se juntar


esforços para o desenvolvimento de habilidades e capacidades que, a partir de
apreensão de teorias, metodologias, atitudes e compromissos dos aprendizes,
contribuam para a formação do pensar científico de alunos de graduação. Nesse
sentido, a atividade de pesquisa adquire um papel de prática pedagógica.

Ades (1981) afirma, que a pesquisa adquire função formativa e os universitários têm
o direito de vivenciá-la. É uma formação imprescindível, que leva o aluno a aprender
a aprender, a criar e a produzir conhecimento científico (DEMO, 1991). A pesquisa é
indispensável no ensino superior por ser um saber vivo, em contínua reelaboração e
tematização.

As bolsas e programas de iniciação científica nas universidades possibilitam aos


estudantes ingressarem em um grupo de pesquisa que se dedicam ao estudo e
análise aprofundada de uma linha de pesquisa. Os alunos são orientados por
professores mestres e doutores, que criam o projeto e solicitam da instituição a
abertura de um processo para seleção de estudantes pesquisadores.

Ao longo do projeto, o discente tem contato com os métodos e procedimentos


científicos para coleta de dados, análise das informações, formulação de hipóteses e
desenvolvimento de uma teoria embasada cientificamente. Os trabalhos são
realizados em conjunto com o orientador ou em equipes maiores, com outros
estudantes e professores.

Outro benefício da pesquisa para o aluno é que ela pode permitir a articulação entre
os vários conhecimentos, ou seja, a pesquisa pode se constituir em um dos
caminhos para a execução de projetos interdisciplinares, que envolvam, também, a
superação da dicotomia Teoria e Prática (BARIANI, 1998, BRIDI, 2000).

Além de ser uma oportunidade para turbinar o currículo ainda na graduação, a


iniciação científica é importante para o estudante desenvolver a criatividade,
aprender a trabalhar em grupo, e treinar a capacidade para formular problemas e
encontrar soluções.

Patente e propriedade intelectual.

Proteção, gestão e transferência desse saber entre a universidade e as


organizações que colocarão esse saber na prática.
Bibliografia
ADES, C. (1981). Treino em Pesquisa, Treino em Compreensão. Psicologia: Ciência
e Profissão, I(1), 107 –140.
ALMEIDA, L. M. A. C. A Importância do programa de iniciação científica para a
formação de pesquisadores. In: ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA USF,
1. 1996, Bragança Paulista. Anais... Bragança Paulista: Universidade São
Francisco/Ippea, 1996. p.22-24
AMADEI, José Roberto Plácido; TORKOMIAN, Ana Lúcia Vitale. As patentes nas
universidades: análise dos depósitos das universidades públicas paulistas. Ci. Inf.,
Brasília, v. 38, ed. n. 2, p. 9-18, 2009.
BARIANI, I. C. (1998). Estilos Cognitivos de Universitários e Iniciação Científica,
Tese de Doutorado, FE, Unicamp.
BAZIN, M. J. (1983). O que é Iniciação Científica. Revista de Ensino de Física, 5(1),
81-88.
BRIDI, J. C. A. (2000). Desenvolvimento do Compromisso com o Curso ao Longo da
Vida Universitária, Relatório Final de Iniciação Científica PIBIC/CNPq, Campinas, SP
Calazans, J. (org). (1999). Iniciação Científica: Construindo o Pensamento Crítico,
Cortez , São Paulo.
DAMASCENO, M. N. (1999). A Formação de Novos Pesquisadores: a Investigação
como uma Construção Coletiva a partir da Relação TeoriaPrática. In: Calazans, J.
(org), (1999). Iniciação Científica: Construindo o Pensamento Crítico, Cortez , São
Paulo, SP 87
DEMO, P. (1991). Qualidade e Modernidade da Educação Superior: Discutindo
Questões de Qualidade, Eficiência e Pertinência. Educação Brasileira, 13 (27), 35-
80.

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