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QUALIDADE
UNIDADE 1
DA MUDANÇA
2017
MUDANÇA DA CULTURA X CULTURA DA MUDANÇA (1)
Só existem duas maneiras de mudar a cultura de uma organização: mudando as
Entretanto, todas as empresas que, nos últimos anos, optaram pela segunda
alternativa, estão pagando um alto preço pelos inúmeros efeitos colaterais dessa solução:
Pode ser que algumas dessas empresas optaram por mudar de pessoas, somente
depois de esgotarem seus recursos para mobilizar as pessoas para a inovação, a mudança e a
Paradoxalmente, penso que essas eram, justamente, as pessoas que não precisavam dessas
ameaças para funcionarem bem! Portanto, um remédio perigoso para quem não precisava
dele.
Para as outras, não tão seguras de si, as ameaças às têm remetido para um território
OS SENTIMENTOS E OS MEDOS
Will Schutz, celebrado psicólogo americano, formulou uma teoria - Teoria FIRO,
segundo a qual, o ser humano orienta-se, basicamente, por três necessidades são chamadas
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Resumidamente: quando me incluem, eu tendo a sentir-me importante; quando eu
posso exercer o controle e/ou influencio, tendo a sentir-me competente; e, quando as pessoas
entretanto, eu tenho dúvidas sobre se os outros vão me incluir; permitir que eu exerça
alguma influência; e, se serão abertos ou não comigo, posso estar sendo remetido para os
No momento que a empresa opta por mudar a sua cultura, ela está sinalizando que
quem não mudar poderá ser ignorado (deixar de ser considerado para promoções, para
participar de projetos especiais, não ser convidado para reuniões importantes, etc.); também,
poderá ser humilhado (destituído de posições de poder, sofrer cortes significativos no seu
orçamento e, o pior, ser demitido de forma desrespeitosa); e, finalmente ser rejeitado (ser
produz um clima organizacional assustador para a maioria e estimulador para uns poucos,
aqueles cuja autoestima, mais consistente que a média, sempre os coloca mais facilmente nas
áreas de risco. É bom lembrar que as áreas de risco são, também, frequentadas pelos
arrogantes.
Todavia, é preciso não confundir a arrogância com autoestima consistente, pois ela é
apenas a outra face da mesma moeda: mais uma forma de expressão da baixa autoestima.
Como todas as empresas estão se defrontando, cada vez mais e para sempre, com a
Uma empresa possui uma cultura da mudança quando seus funcionários são
introduzir inovações e a correr riscos conscientes porque se sentem seguros de que, caso
falhem ou fracassem, isto não será motivo para serem excluídos, humilhados ou rejeitados.
Quando existe, a cultura da mudança faz parte da ideologia central (2) da empresa.
comportamentos das pessoas no dia-a-dia. Assim enriquecida, a ideologia central passa a ter
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outro papel de extrema importância: funcionar como um porto seguro ao qual cada um
de riscos, mas também e, principalmente, na volta, quando e se ela for necessária. Nesta
última hipótese, é a ideologia central que assegurará as condições para uma abordagem
pedagógica dos erros e fracassos: "tolerância com respeito a erros honestos", assim expressa
a ideologia central da 3M, não por acaso uma empresa reconhecidamente campeã em
inovações.
A tolerância com relação a erros honestos é uma das práticas mais evidentes da
existência de uma cultura da mudança. Outra evidência diz respeito ao processo decisório.
tomadas, que devemos buscar as explicações para esses fenômenos. Muitas vezes, as
alijamento daqueles que serão, de alguma forma, envolvidos na sua implementação e/ou
serão afetados por ela. É justamente na implementação que aqueles anteriormente excluídos,
humilhados e rejeitados, mostram sua força. Uma força invisível, muitas vezes impossível de
praticado no gabinete fechado das diretorias, para práticas cada vez mais consensuais e
alimentando sua cultura da mudança. Elas estão assegurando participação, voz e veto a
todos os que se interessam e tem algo a ver com o problema a ser decidido. Elas já conhecem
as consequências de um processo decisório que não garante essas condições. Para essas
organizações não há mais retorno: as decisões somente são tomadas com 100% de
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ALTA PERFORMANCE E A CONFIANÇA
importância da confiança pode ser avaliada pelos resultados de uma pesquisa conduzida por
alta confiança e economias de alta performance". Para eles, "quando os parentes próximos
são as únicas pessoas em que se pode ter confiança, mais recursos têm que ser dirigidos para
honestos; estimula e mantém condições para elevar a autoestima dos seus funcionários; e,
pratica processo decisório que efetivamente garante participação, voz e veto a todos os
envolvidos nas decisões específicas.
recursos para obter adesão, motivação e participação das pessoas, superando os limitados
recursos das "cenouras e chicotes".
das garantias que contam, aquelas que são essenciais, para que às pessoas não reste apenas a
alternativa de apegarem-se ao acessório, tal como náufragos agarrados aos restos dos barcos.
REFERÊNCIAS:
(1) esta expressão foi usada pela 1ª vez por Maria das Graças de Pinho Tavares no seu livro
1991.
(2) ver "Feitas para Durar" de James C.Collins e Jerry I.Porras - Ed. Rocco.
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(3) Financial Times, 26/6/96 - citada por Clóvis Rossi, Folha de São Paulo.
Odino Marcondes