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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SARANDI ESTADO DO PARANÁ

PRIORIDADE PROCESSUAL

TEREZA GONÇALVES , brasileira, viúva,


aposentada, inscrita no RG nº 6.964.479-1, CPF nº 667.390.989-
72, NB INSS, 140828998-6 residente e domiciliada na Rua das
Violetas, nº 986, jardim verão na cidade de Sarandi-PR, CEP
87111-470, por meio do advogado que a esta subscreve,
constituído nos termos do incluso instrumento de mandato e ao
final assinado, com escritório profissional sito ao rodapé
desta, e de acordo com a lei processual em vigor, sob o palio
da assistência judiciária, vem respeitosamente à honrosa
presença de Vossa Excelência, com fulcro na Lei nº 9.099/95,
promover a presente:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO


C/C PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA E CONDENAÇÃO EM DANOS MORAIS.

Em desfavor do BANCO PAN S.A, instituição


financeira com sede na Avenida Paulista, nº 1.374 - 12º andar,
na Cidade de São Paulo-SP, inscrita no CNPJ/MF sob o nº

Av. Gov. Bento Munhoz da Rocha Neto, 46 - CEP 87.030-010 – Maringá/PR - Tele/WhatsApp (44) 3227-3295. 1
59.285.411/0001-13 ("Companhia"), Com base nos fatos e
fundamentos a seguir expostos.

1. – PRELIMINARMENTE

a. GRATUIDADE JUDICIÁRIA

Requer, a concessão da gratuidade judiciária,


pois não possui condições de arcar com o encargo financeiro,
com base no Art. 98 e seguintes do CPC bem como art 5º CF/88,
o que pode ser evidenciado pelo só fato de ser beneficiária da
Previdência Social, com RMI equivalente a um salário mínimo,
além de ser pessoa idosa que necessita de alimentação,
medicação e cuidados específicos.

2. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

se trata de uma relação de consumo na qual o


consumidor é parte vulnerável e hipossuficiente (art. 4º, I do
CDC), evidência corroborada pelo fato de que a Autora é pessoa
idosa e de pouca instrução, o encargo de provar deve ser
revertido ao fornecedor por ser esta a parte mais forte na
relação de consumo, além da responsabilidade objetiva da
instituição financeira e detentor de todos os dados técnicos
atinentes aos serviços e produtos adquiridos.

Sendo assim, com fundamento no Art.6º,VIII do


CDC, a Autora requer a inversão do ônus da prova, incumbindo
ao Réu a demonstração de todas as provas referentes ao pedido
desta peça, principalmente possíveis instrumentos de contrato
de empréstimo falsamente assinados em nome da Requerente, para

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que seja comprovada a fraude na contratação do empréstimo
junto ao Réu.

3. PRIORIDADE PROCESSUAL

Necessário, ainda, a observância da prioridade


processual no presente caso, uma vez que a Autora possui mais
de 65 anos, enquadrando-se no conceito de idoso, estabelecido
pela Lei 10.741/03, com a previsão da referida garantia no
Art. 71 do citado diploma legal.

4. FATOS

A autora é beneficiária de aposentadoria por


idade perante a Previdência Social – INSS.

Em 05/12/2020 compareceu ao banco do Brasil,


nesta cidade, para sacar sua aposentadoria, como o faz todos
os meses, realizou o saque a menor, pois faltava a quantia de
R$ 129,00 (cento e vinte e nove reais), pensou que se tratava
de um erro do INSS, que poderia ser averiguado, assim procurou
o INSS para tomar informação sobre os valores divergentes, lá
recebeu informação da concessão de empréstimo, feito no Banco
PAN S.A, para ser pago em parcelas de R$ 129,00 (cento e vinte
e nove reais).

A Autora ficou preocupada, pois não fez o


referido empréstimo, não assinou contrato para a obtenção
deste empréstimo nesta data, também não recebeu nesta data
algum valor, que correspondesse ao empréstimo.

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A requerente jamais solicitou o referido
empréstimo, não sabia de sua existência, portanto neste mês de
junho de 2021, já faz sete meses, que está havendo este
desconto de empréstimo fraudado na aposentadoria da autora,
(conforme extrato anexo), assim já foram descontadas 7
parcelas de R$ 129,00 (cento e vinte e nove reais),
totalizando até o memento R$ 903,00 (novecentos e três reais).

A Autora não possui conta bancária, recebe seu


benefício através de cartão benefício no Banco Do Brasil.

Ressalta-se que a Requerente é senhora que


sobrevive apenas com um salário mínimo para custear despesas
com medicamentos e etc., recebendo então valor inferior ao
mínimo devido a conduta fraudulenta da Requerida.

5. SISTEMÁTICA DO EMPRÉSTIMO CONSIGNADO E O


CASO CONCRETO.

O INSS regulamentou o empréstimo consignado, em


sua Instrução Normativa IN28, de 16/05/2008 dentre suas
disposições ficou determinado que obrigatoriamente:

a) Art. 4º. A contratação de operações de


crédito consignado só poderá ocorrer, desde
que:

I - a operação financeira tenha sido realizada


na própria instituição financeira ou por meio do
correspondente bancário a ela vinculada, na forma da Resolução
Conselho Monetário Nacional nº 3.110, de 31 de julho de 2003,
sendo a primeira responsável pelos atos praticados em seu
nome.

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b) Art. 3º, II e III. A autorização precisa ser
dada de forma expressa, por escrito, com a apresentação dos
documentos do aposentado, para rigorosa conferencia.

c) Que os valores oriundos do empréstimo sejam


entregues somente ao aposentado, por deposito exclusivamente
em sua conta corrente ou por ordem de pagamento exclusivamente
em nome do aposentado.

Art. 22. Sempre que o beneficiário receber o


benefício por meio de crédito em conta corrente, o crédito do
empréstimo concedido deverá ser feito, obrigatoriamente, nessa
conta, constituindo motivo de recusa do pedido de consignação
a falta de indicação da conta ou indicação de conta que não
corresponda àquela pela qual o benefício é pago.

Art. 23. Confirmado o efetivo registro da


consignação pela Dataprev, a instituição financeira obriga-se
a liberar o valor contratado ao beneficiário no prazo máximo
de 48 horas, contadas da confirmação:

I - diretamente na conta corrente bancária do


beneficiário contratante, pela qual recebe o benefício
previdenciário, sempre que esta seja a modalidade pela qual o
benefício é pago;

II - obrigatoriamente na conta bancária da


empresa credenciada autorizada pelo Ministério do Turismo,
onde o beneficiário tenha adquirido o pacote turístico "Viagem
Mais-Melhor Idade", devendo incluir o código de identificação
do programa no arquivo magnético de averbação, conforme
previsto no protocolo CNAB/Febraban; e

III - para os beneficiários que recebem seus


benefícios na modalidade de cartão magnético, o depósito
deverá ser feito em conta corrente ou poupança, expressamente

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designada pelo titular do benefício e que ele seja o
responsável ou por meio de ordem de pagamento,
preferencialmente na agência/banco onde ele recebe o seu
benefício mensalmente.

É notório o fato de que a Autora não expediu


qualquer autorização direcionada à realização de consignação
em seu benefício, não pediu empréstimo consignado ao banco
Réu, não precisava do empréstimo, também não recebeu em conta
bancária nem mesmo por ordem de pagamento no caixa, o dinheiro
do suposto empréstimo.

Frente aos fatos narrados, a requerente vem a


juízo em busca de concessão da devida tutela jurisdicional nos
moldes a seguir apresentados.

6. DO DIREITO

7. - INOBSERVÂNCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS


RELATIVAS À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA,
PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR E IDOSO.

Com a complexidade cada vez maior das relações


contratuais, decorrente da evolução das relações sociais e dos
meios de comunicação, o operador do Direito deve, cada vez
mais, empregar a extensão dos efeitos das normas
constitucionais às relações privadas.

Esta tendência é enxergada modernamente, onde


se vislumbra a “constitucionalização” dos microssistemas de
normas referentes às diferentes áreas de atuação do Direito.

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Não é concebível, no estágio atual de evolução da ciência
jurídica, o caráter absoluto das relações privadas, sem
interferência alguma do Estado ou de normas referentes ao
Direito Público.

As ofensas e os vícios apontados na “falsa”


relação contratual entre a requerente e a instituição
financeira ré ultrapassam o campo das normas regulamentares
que se mostram patentemente inobservadas pelo réu.

Muito mais, atingem frontalmente diversas


normas constitucionais.

A primeira norma constitucional a ser apontada


como objeto de ofensa por ato do réu é a dignidade da pessoa
humana (Art. 1º, III, da CF), essencialmente no campo
relacionado à pessoa idosa que possui maior relevância.

Noutro aspecto, o benefício previdenciário


decorrente de incapacidade para o trabalho, mesmo presumida,
como no caso da autora, possui natureza alimentar, pois se
trata da única fonte de renda do beneficiário, sob o manto da
proteção, inclusive, da irrepetibilidade.

A dignidade da pessoa humana confere uma


proteção ao indivíduo que vai muito além do plano da eficácia,
mas deve atingi-lo em palco de efetividade (eficácia social),
neste último aspecto, especialmente, perante outros
particulares. Isto é, não só o Estado possui o dever de
observância deste fundamento da República, mas também o
próprio particular.

Como se não bastasse a patente ofensa à


dignidade da pessoa humana, há de se reconhecer a
inobservância das normas relativas à proteção do consumidor,

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especificamente o Código de Defesa do Consumidor - CDC (Lei
8.078/90).

Vale ressaltar que as relações contratuais


entre indivíduos e instituições financeiras correspondem à
relação de consumo, matéria, inclusive, já sumulada pelo
Superior Tribunal de Justiça (súmula 297 STJ), além de ser
matéria já pacífica na jurisprudência pátria.

É necessária a consideração do Art. 14, § 1º do


CDC, que consagra a responsabilidade objetiva do fornecedor
dos serviços, levados em consideração alguns fatores, ipsi
literis:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.

§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece


a segurança que o consumidor dele pode esperar,
levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi fornecido.

Não é difícil perceber que houve uma prestação


defeituosa do serviço, com falha na segurança do seu “modo de

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fornecimento”, não sendo verificada de forma correta a
possível documentação acostada ao, também, possível
instrumento contratual, se é que existente.

A hipossuficiência do consumidor pode ser


corroborada pela análise das características pessoais e
elementos sociais que integram sua personalidade.

A autora possui baixa instrução e idade


elevada, não possuindo o conhecimento necessário a respeito do
contrato de empréstimo consignado, sendo dever do fornecedor
do serviço informá-la a respeito da possível prestação.

Neste caso, não há que se falar em qualquer


manifestação do consumidor para que o serviço fosse prestado.

Necessário esclarecer que o fornecedor é


proibido de fornecer qualquer serviço sem que o consumidor o
requeira, configurando uma prática abusiva esta atitude (Art.
39 do CDC). Além disso, é condição indispensável para a
efetividade do contrato, a prévia análise e entendimento do
consumidor a respeito de seu conteúdo, sendo dever do
fornecedor o cumprimento deste preceito (Art. 46 do CDC), a
Autora não teve contato com nenhum instrumento contratual
prévio para prestação do serviço de empréstimo consignado, por
parte do réu.

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços,


dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº
8.884, de 11.6.1994).

III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia,


qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;

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Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não
obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a
oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo,
ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a
dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.

A Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso) prescreve


uma série de normas que permitem o tratamento específico da
pessoa idosa na sociedade, com a criação de diversas garantias
e prerrogativas em status de prioridade frente aos demais
cidadãos. Algumas dessas normas, especialmente três delas
(Arts. 3º, 5º e 10º) não podem passar despercebidas neste caso
específico, já que fazem partes das diversas outras que
sofreram ofensa em face da situação fática.

O Art. 3º do mencionado estatuto prevê a


responsabilidade universal de proteção e respeito ao idoso, em
essência a sua dignidade, elencando diversas entidades que
possuem este dever, sem limitação, englobando todo o meio
social, inclusive a família, o Estado e os demais cidadãos.

Art. 3º É obrigação da família, da comunidade,


da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com
absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao
trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e
à convivência familiar e comunitária.

Finalmente, o Art. 5º prevê a responsabilidade


das pessoas físicas ou jurídicas por inobservância das normas
referentes prevenção de ofensas ao Direito do Idoso.

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Art. 5º A inobservância das normas de prevenção
importará em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos
termos da lei.

8. 2 – DA OFENSA AOS DISPOSITIVOS NORMATIVOS DO


EMPRÉSTIMO CONSIGNADO EM FOLHA DE
PAGAMENTO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.
INEXISTÊNCIA DA RELAÇÃO CONTRATUAL

Como se não bastasse, verifica-se o desrespeito


às normas específicas pertinentes ao contrato de empréstimo
consignado, nos moldes do caso apresentado.

A situação das fraudes e crimes perpetrados


contra idosos e rurícolas mostrou-se tão preocupante que, em
16 de maio de 2008 – Publicado no DOU em 19 de maio de 2008, o
INSS editou a INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/PRES Nº 28, que
estabelece critérios e procedimentos operacionais relativos à
consignação de descontos para pagamento de empréstimos e
cartão de crédito, contraídos nos benefícios da Previdência
Social.

A Referida Instrução Normativa não permite mais


que os contratos sejam firmados fora das agências bancárias e
que as contas favorecidas não sejam aquelas de titularidade do
contratante, o que diminuiu, com certeza, o número de “golpes”
até então facilitados.

Esta atitude do Poder Público mostra seriedade


do problema enfrentado.

Como foi narrado anteriormente, a Autora jamais


ingressou, em qualquer instituição bancária com a finalidade
de firmar contrato de empréstimo consignado, ou mesmo assinou

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qualquer documento apresentado por funcionário da instituição,
especialmente na sede ou filial da empresa ré.

E assim se afirma – ingressar na instituição –


pelo fato de que é exigência legal para a validade do contrato
em discussão, conforme preceitua o Art. 4º, I da IN/INSS/PRES
Nº 28:

Art. 4º A contratação de operações de crédito consignado só


poderá ocorrer, desde que:

I - a operação financeira tenha sido realizada na própria


instituição financeira ou por meio do correspondente bancário a
ela vinculada, na forma da Resolução Conselho Monetário
Nacional nº 3.110, de 31 de julho de 2003, sendo a primeira
responsável pelos atos praticados em seu nome;

A manifestação expressa (Art. 3º, III da


IN/INSS Nº 28) do beneficiário é requisito essencial para a
validade da consignação, onde sua inobservância produz a
nulidade do contrato em questão.

Havendo a referida ofensa, acompanhada de


fraude, demonstra-se a inexistência da relação contratual, uma
vez que decorre de situação criminosa.

Além disso, o acordo deve ser instruído


“mediante contrato firmado e assinado com apresentação do
documento de identidade e/ou Carteira Nacional de Habilitação
- CNH, e Cadastro de Pessoa Física - CPF, junto com a
autorização de consignação assinada, prevista no convênio”.

Ressalta-se ainda a impossibilidade de


autorização por telefone, onde a gravação de voz funcione como

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prova do ato, conforme estabelece o Art. 1º, VI, § 7º da
IN/INSS/DC 121/2005.

De todos os lados há inobservância das regras


relativas à consignação, regulamentada pelas duas instruções
normativas citadas. Muito mais que inobservância, a autora foi
vítima de possível fraude, podendo, inclusive, ser
caracterizada a existência de crime de estelionato, não sendo
o objeto de análise desta demanda.

Portanto, resta inexistente o débito alegado


pela empresa ré, já que proveniente de fraude, onde a
requerente sequer autorizou a consignação nas parcelas de seu
benefício, muito menos assinou qualquer contrato de empréstimo
com a empresa ré, ademais buscando pela ação em tese e o nome
do banco Requerido, denota-se que é pratica reiterada e
corriqueira da mesma, vejamos:

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Portanto a prática de má-fé por parte da Requerida é
corriqueira.

9. 3 - DOS DANOS MORAIS

Com relação à reparação do dano, tem-se que


aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito, ficando obrigado a
reparar os prejuízos ocasionados (Art. 186 e 187 do CC).

No caso exposto, por se tratar de uma relação


de consumo, a reparação se dará independentemente do agente

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ter agido com culpa, uma vez que nosso ordenamento jurídico
adota a teoria da responsabilidade objetiva (Art.12doCDC).

Sendo assim, é de inteira justiça que seja


reconhecido ao autor o direito básico (Art.6,VIdoCDC) de ser
indenizado pelos danos sofridos, em face da conduta negligente
do réu em firmar contrato não assinado pela requerente, bem
como sem obediência as regras específicas de contratação
estabelecidas na lei e nas INs do INSS, danos esses de
natureza moral que são presumidamente reconhecidos, mesmo sem
a inscrição do autor em cadastro restritivo de crédito:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS. EMPRÉSTIMO NÃO PACTUADO. DESCONTO
INDEVIDO DAS PARCELAS EFETUADO DIRETAMENTE NO
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO PERCEBIDO PELA AUTORA.
DÍVIDA INEXISTENTE. NEGLIGÊNCIA DA INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA. DEVER DE INDENIZAR CARACTERIZADO.
DANOS MORAIS PRESUMIDOS. PLEITO DE MINORAÇÃO
DO QUANTUM ARBITRADO A TÍTULO DE DANOS MORAIS.
VALOR ADEQUADO AO GRAU DE CULPA DA APELANTE.
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE OBSERVADOS. SENTENÇA
MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
Configura dano moral presumido, passível de indenização, a
atitude negligente da instituição financeira que desconta do
benefício previdenciário percebido pela autora, parcela
referente a empréstimo que esta não contratou. "Comete ilícito,
passível de indenização por dano moral, estabelecimento
bancário que desconta do benefício previdenciário do autor,
parcela referente a empréstimo consignado não contratado
pelo consumidor. Mantém-se o valor dos danos morais
arbitrados, quando em consonância com a posição econômica
e social das partes, à gravidade de sua culpa e às

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repercussões da ofensa, desde que respeitada a essência
moral do direito." (Ap. 2007.025411-6, de Lages, rel. Monteiro
Rocha, Quarta Câmara de Direito Civil, 31/10/2008). O
quantum indenizatório arbitrado deve traduzir-se em montante
que, por um lado, sirva de lenitivo ao dano moral sofrido, sem
importar em enriquecimento sem causa do ofendido; e, por
outro lado, represente advertência ao ofensor e à sociedade de
que não se aceita a conduta assumida, ou a lesão dela
proveniente. (TJSP - 415765 SC 2009.041576-5, Relator:
Carlos Adilson Silva, Data de Julgamento: 08/10/2010, Quarta
Câmara de Direito Civil, Data de Publicação: Apelação Cível n.
2009.041576-5, de Blumenau)

A Autora entende ser justo, para recompensar os


danos sofridos e servir de exemplo à empresa ré na prevenção
de novas condutas ilícitas, a indenização com quantia de R$
22.040 (vinte e dois mil e quarenta reais), o equivalente a 20
salários mínimos, deixando ao entender de Vossa Excelência a
possibilidade de ser arbitrado um valor diverso.

Tal entendimento encontra eco no Enunciado nº


06 da Turma Recursal do Tribunal de Justiça de Sergipe,
transcrito:

"O desconto indevido em aposentadoria/benefício


previdenciário, decorrente de fraude de terceiro, deve ter
seu ônus suportado pela instituição financeira, restando a
proteção aos direitos do idoso/beneficiado assegurada
mediante a responsabilização pelos danos materiais e
morais ocorridos".

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Portanto requer a condenação da Requerida a
indenização com quantia de R$ 22.040 (vinte e dois mil e
quarenta reais), o equivalente a 20 salários mínimos.

10.DA CONCESSÃO DA TUTELA ANTECIPADA

Notória a necessidade de concessão de tutela


antecipada, tendo em vista o preenchimento de todos os seus
requisitos, uma vez que é demonstrada prova inequívoca,
geradora de verossimilhança das alegações, bem como o perigo
de dano grave ou de difícil reparação (Art.311 do CPC).

O preenchimento do primeiro pressuposto prova


inequívoca, já foi excessivamente demonstrado no decorrer de
toda esta petição, ademais todo o alegado pode ser comprovado
de plano, pela via documental, sem necessidade de qualquer
dilação probatória.

Tal pressuposto se encontra evidenciado por


toda a documentação apresentada em anexo, demonstrando a data
em que ocorrerá o primeiro desconto no benefício da Autora,
previsto para o dia 07/12/2015.

Observa-se ainda, no presente caso, agressão


frontal a direitos e garantias fundamentais assegurados pela
Constituição Federal, o que, por si só, já justifica o
reconhecimento da verossimilhança.

Já no tocante ao segundo requisito, perigo de


dano grave ou de difícil reparação, esse se mostra também
atendido, uma vez que, continuando os descontos em decorrência
do “falso empréstimo” junto à empresa ré, a requerente terá
sua renda mensal excessivamente diminuída, passando por

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situação financeira difícil, sendo necessária a vedação de
possíveis descontos.

Desse modo, na tentativa de salvaguardar sua


condição digna, somente a concessão de um provimento
antecipado que vise a impedir a efetivação de descontos em seu
benefício pelo Réu poderá evitar maiores percalços tanto para
ela como para toda a sua família requer a cessação imediata
dos descontos indevidos na aposentadoria da Requerente.

11. DA DEVOLUÇÃO DOS VALORES DESCONTADOS.

É incontroverso, que houve desconto indevido,


desde o primeiro em 07/12/2015 até a data futura a ser
comprovada nos autos, que o Banco parou de efetuar os
descontos no benefício previdenciário, assim sendo é
necessário à aplicação dos dispositivos pertinente previstos
nos artigos 876, 884 e 885 do Código Civil e também no CDC:

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente


não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer
tipo de constrangimento ou ameaça.

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia


indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual
ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção
monetária e juros legais, salvo hipótese de engano
justificável.

Assim também entendeu a Turma Recursal


Sergipana:

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DIREITO DO CONSUMIDOR. IDOSO. DESCONTOS
INDEVIDOS EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. FRAUDE.
AUSÊNCIA DAS CAUTELAS NECESSÁRIAS NO ATO DA
CONTRATAÇÃO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DEVOLUÇÃO EM DOBRO
QUE SE IMPÕE. AUSÊNCIA DE NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DE MÁ-FÉ. PRECEDENTES DO STJ.
DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM ARBITRADO
COM RAZOABILIDADE. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO DESPROVIDO.
(Recurso Inominado Nº 201201003678, Turma Recursal do
Estado de Sergipe, Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe,
Helio de Figueiredo Mesquita Neto, JUIZ (A) CONVOCADO
(A), Julgado em 28/06/2012)]

Tendo em vista que até o momento foram


descontadas 7 parcelas de R$ 129,00 (cento e vinte e nove
reais), totalizando R$ 903,00 (novecentos e três reais).

Portanto requer a condenação do banco Requerido


a restituição em dobro conforme art. 42 do CDC que equivale a
R$ 1.806,00 (Mil oitocentos e seis reais).

12.PEDIDOS

Frente a todos os fatos e fundamentos expostos,


requer a Autora, que se digne Vossa Excelência a:

a) CONCEDER OS BENEFÍCIOS DA
JUSTIÇA GRATUITA, uma vez que a
Autora não possui condições

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financeiras de arcar com as
possíveis despesas do processo,
na forma da Lei 1.060/50;

b) CONCEDER A TUTELA
ANTECIPADA, inaudita altera pars
e initio litis, nos moldes do
Art. 311 do CPC, para que seja
determinada a abstenção do
desconto de R$ 129,00 feito pelo
Banco PAN/S.A, sob o pretexto de
pagamento de parcelas de
empréstimo consignado, do
benefício da Autora, junto ao
INSS, até que seja resolvida a
discussão judicial a respeito da
inexistência do referido
contrato;

c) Que o banco PAN/S.A demostre


a efetiva entrega do dinheiro do
suposto empréstimo à Autora,
como prova da existência do
empréstimo.

d) Designar audiência de
conciliação, citando o Réu
através dos correios (Art. 247
do CPC) para o seu
comparecimento e, não havendo
acordo, querendo, apresente sua
defesa, sob pena de incorrer
contra si os efeitos da revelia;

e) Declare a inversão do ônus


da prova (Art. 6º, VIII do CDC),

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essencialmente para a juntada do
alegado instrumento de contrato
de empréstimo consignado por
parte do Réu, uma vez que a
Autora nunca teve acesso a
qualquer documento deste tipo,
além da comprovação da
veracidade da assinatura da
Autora, se houver o contrato, se
necessário, determinando a
análise por perícia judicial
especializada para produção de
laudo conclusivo a respeito
deste fato;

No mérito:

f) Que seja DECLARADA A


INEXISTÊNCIA DO DÉBITO fundado
em contrato de empréstimo
consignado inquinado de fraude
proposta por terceiro,

g) Condenar o Réu ao pagamento


de indenização a título de danos
morais à Autora, tendo em vista
o grave abalo emocional e
situação de nervosismo causada e
ainda a ausência de cautela do
Réu e sua responsabilidade
objetiva, entendimento já
consagrado pelo Tribunal de
Justiça de Sergipe, no valor de
R$ 22.040 (vinte e dois mil e
quarenta reais), o equivalente a

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20 salários mínimos. ou, caso
entenda Vossa Excelência,
quantia arbitrada de acordo com
a concepção deste Juízo, nos
moldes dos fundamentos
apresentados;

h) A CONDENAÇÃO do Demandado ao
pagamento de todas as despesas
processuais e de honorários
advocatícios sugeridos em 20% do
valor da causa;

i) Incluir na esperada
condenação do Réu, a INCIDÊNCIA
DE JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA na
forma da lei em vigor, desde sua
citação;

j) A condenação do Réu para


devolver as parcelas já
descontadas até o dia da efetiva
devolução, com repetição do
indébito, totalizando R$ 129,00
x 7 x 2 = R$ 1.806.

Requer ainda o direito de provar o alegado por


todos os meios de provas admitidos em Direito, em especial os
documentos acostados a esta peça inaugural e a colheita do
depoimento da Autora e do Réu em audiência de instrução e
julgamento.

Valor da causa: R$ XXXXX, XX

Maringá,07 de Junho de 2021.

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ADVOGADO (A)

OAB/PR XXXXX

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