Você está na página 1de 10

FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
Vice-Reitoria de Ensino de Graduação – VREGRAD
Divisão de Assuntos Pedagógicos – DAP
Créditos Teórico / Prático 4,0
Código e Nome da Disciplina J589–
DIREITO ADMINISTRATIVO I

Curso DIREITO Centro


CCJ

Segundas e Quartas

17h20min – 19h00min

19h00min – 20h40min

Professor: João Marcelo Rego Magalhães

Aula 22a

UNIDADE VI – REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS

REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS

1. Regras constitucionais

1.1. O capítulo constitucional sobre a Administração Pública – arts. 37 a 41.

1.1.1. O acesso a cargos, empregos e funções públicas

Segundo o inciso I do art. 37 da CF os cargos, empregos e funções públicas são


acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos
estrangeiros, na forma da lei.

Cargo público é um conjunto de competências associadas a um determinado


servidor público, que as exerce não por relação contratual, mas por relação institucional ou
estatutária, ou seja, definida através de um diploma legal (pode ocorrer, sendo mesmo comum,
de uma norma criar o cargo e definir as atribuições, outra criar mais cargos, outra definir novas
atribuições ou um novo plano de cargos etc.).

Emprego público é todo núcleo de trabalho preenchido por agente contratado em


regime trabalhista (com obediência às regras da CLT). Aqui o que ocorre é um vínculo
puramente contratual, com pequenas especificidades em relação aos celetistas das empresas
privadas (dentre as quais podemos destacar a contratação por concurso e a possibilidade de
serem responsabilizados por improbidade).

A Constituição empregou de forma imprecisa o termo “função pública”. De fato,


função pública é qualquer atribuição que compõe o conjunto de competências dos agentes
públicos, sejam servidores públicos (ocupantes de cargos públicos em regime estatutário) ou

1
empregados públicos (ocupantes de empregos públicos em regime celetista). Assim, a melhor
interpretação a ser dada à expressão função pública é aquela que a associa com os cargos em
comissão, que são de livre nomeação e exoneração, sem a necessidade de prévia aprovação
em concurso público.

1.1.2. Funções de confiança e cargos em comissão

O inciso V do art. 37 da Constituição Federal dispõe que as funções de confiança,


exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão,
a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

Os cargos em comissão são de livre nomeação e exoneração, não sendo exigida


a prévia aprovação em concurso público.

Embargos de declaração em recurso extraordinário. Conversão em agravo regimental,


conforme pacífica orientação da Corte. Lei distrital que criou cargos em comissão para funções
rotineiras da Administração Pública. Impossibilidade.
1. A decisão ora atacada reflete a pacífica jurisprudência da Corte a respeito do tema, a qual
reconhece a inconstitucionalidade da criação de cargos em comissão para funções que não
exigem o requisito da confiança para seu preenchimento.
2. Esses cargos, ademais, deveriam ser preenchidos por pessoas determinadas, conforme
descrição constante da aludida lei.
3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual é negado provimento.
(RE 376440 ED, Relator(a):  Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 18/09/2014,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-224 DIVULG 13-11-2014 PUBLIC 14-11-2014)

Notícias STF Imprimir

Segunda-feira, 01 de outubro de 2018

STF reafirma jurisprudência sobre critérios para criação de cargos em comissão


O Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou sua jurisprudência dominante no sentido
de que a criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de
funções de direção, chefia e assessoramento, não se prestando ao desempenho de
atividades burocráticas, técnicas ou operacionais. O tema é objeto do Recurso
Extraordinário (RE) 1041210, que teve repercussão geral reconhecida e julgamento de
mérito no Plenário Virtual.
No caso dos autos, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) julgou
inconstitucional dispositivos da Lei Municipal 7.430/2015 de Guarulhos (SP) que
criavam 1.941 cargos de assessoramento na administração municipal. Segundo o
acórdão do TJ-SP, as funções descritas para os cargos teriam caráter eminentemente

2
técnico e burocrático, sem relação de confiança, e que, por este motivo, só poderiam ser
providos por meio concurso público.
No recurso ao STF, o prefeito de Guarulhos sustentou que município atuou dentro da
sua autonomia conferida pela Constituição Federal para criar e extinguir cargos,
organizar sua estrutura administrativa e dispor sobre o regime de seus servidores.
Alegou que a criação dos cargos é necessária à administração, não visa burlar o
princípio do concurso e que suas atribuições não tem natureza técnica. Ressaltou que a
quantidade de cargos está limitada a um percentual convencionado com o Ministério
Público em anterior termo de ajustamento de conduta.
Manifestação
Em sua manifestação apresentada no Plenário Virtual, o ministro Dias Toffoli afirmou
que o tema tratado no recurso tem relevância jurídica, econômica e social, uma vez que
trata dos requisitos para a criação de cargas em comissão, envolvendo a aplicação de
princípios constitucionais tais como o do concurso público, da moralidade pública, da
igualdade, da impessoalidade, da eficiência e da economicidade.
Quanto ao mérito da controvérsia, o relator observou que o STF já se “debruçou sobre
a questão por diversas vezes” e o entendimento da Corte é no sentido de que a criação
de cargos em comissão somente se justifica quando suas atribuições, entre outros
pressupostos constitucionais, sejam adequadas às atividades de direção, chefia ou
assessoramento, sendo inviável para atividades meramente burocráticas, operacionais
ou técnicas. Ele também destacou que, como esses cargos são de livre nomeação e
exoneração, é imprescindível a existência de um vínculo de confiança entre a
autoridade nomeante e o servidor nomeado para o desempenho da atividade de chefia
ou assessoramento.
“Esses requisitos estão intrinsecamente imbricados, uma vez que somente se imagina
uma exceção ao princípio do concurso público, previsto na própria Constituição
Federal, em virtude da natureza da atividade a ser desempenhada, a qual, em razão de
sua peculiaridade, pressupõe relação de fidúcia entre nomeante e nomeado”,
argumentou o relator.
O ministro ressaltou que as atribuições inerentes aos cargos em comissão devem
observar, também, a proporcionalidade com o número de cargos efetivos no quadro
funcional do ente federado responsável por sua criação, além da utilidade pública.
Toffoli salientou que as atribuições dos cargos devem, obrigatoriamente, estar previstas
na própria lei que os criou, de forma clara e objetiva, não havendo a possibilidade de
que sejam fixadas posteriormente. “Daí ser imprescindível que a lei que cria o cargo
em comissão descreva as atribuições a ele inerentes, evitando-se termos vagos e
imprecisos”, enfatizou.
A manifestação do relator quanto ao reconhecimento da repercussão geral foi seguida
por maioria, vencido o ministro Marco Aurélio. No mérito, a posição do ministro Dias
Toffoli pelo desprovimento do RE e pela reafirmação da jurisprudência pacífica da
Corte foi seguida por maioria, vencido, também neste ponto, o Marco Aurélio.
A tese de repercussão geral fixada foi a seguinte:
a) A criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de funções de

3
direção, chefia e assessoramento, não se prestando ao desempenho de atividades
burocráticas, técnicas ou operacionais;
b) tal criação deve pressupor a necessária relação de confiança entre a autoridade
nomeante e o servidor nomeado;
c) o número de cargos comissionados criados deve guardar proporcionalidade com a
necessidade que eles visam suprir e com o número de servidores ocupantes de cargos
efetivos no ente federativo que os criar; e
d) as atribuições dos cargos em comissão devem estar descritas, de forma clara e
objetiva, na própria lei que os instituir.
Em decorrência de sua posse na Presidência do STF, o ministro Dias Toffoli foi
substituído na relatoria do RE 1041210 pela ministra Cármen Lúcia.

1.1.3. Associação sindical e direito de greve

É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical (inciso VI


do art. 37). Tal direito não foi estendido aos servidores militares.

Observar a abrangência do conceito de servidores militares (desde os policiais


militares até os integrantes das Forças Armadas).

O inciso VII do art. 37 trata do direito de greve dos servidores públicos. Sendo
norma de eficácia limitada, nunca chegou a ter tratamento legislativo, o que relegou tal direito a
uma tenebrosa incerteza jurídica. Entretanto, ao decidir os Mandados de Injunção 670, 708 e
712, o STF, por unanimidade de votos de seu Pleno, declarou a omissão legislativa do
Congresso Nacional no que se refere à regulamentação do direito de greve do servidor público.
Além disso, por maioria de votos, o Supremo definiu que se aplica ao setor público, no que for
compatível, a lei de greve para o setor privado (Lei 7.783/89).

São requisitos para a greve dos servidores públicos: a) tentativa de negociação


prévia e pacífica; b) frustração da negociação; c) decisão em assembleia; d) comunicação à
Administração Pública; e) adesão pacífica; f) garantia da prestação dos serviços essenciais.

Ainda no MI 708, ficou decidido que a competência para julgar questões relativas à
greve dos servidores públicos é da Justiça Comum, estadual ou federal, conforme o caso.

Entretanto, caso a greve seja de empregados públicos de empresas públicas e


sociedades de economia mista, a competência será da Justiça do Trabalho.

Ementa: CONSTITUCIONAL. GARANTIA DA SEGURANÇA INTERNA, ORDEM PÚBLICA E


PAZ SOCIAL. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DOS ART. 9º, § 1º, ART. 37, VII, E ART.
144, DA CF. VEDAÇÃO ABSOLUTA AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE AOS
SERVIDORES PÚBLICOS INTEGRANTES DAS CARREIRAS DE SEGURANÇA PÚBLICA.
1.A atividade policial é carreira de Estado imprescindível a manutenção da normalidade
democrática, sendo impossível sua complementação ou substituição pela atividade privada. A
carreira policial é o braço armado do Estado, responsável pela garantia da segurança interna,
ordem pública e paz social. E o Estado não faz greve. O Estado em greve é anárquico. A

4
Constituição Federal não permite. 2.Aparente colisão de direitos. Prevalência do interesse
público e social na manutenção da segurança interna, da ordem pública e da paz social sobre
o interesse individual de determinada categoria de servidores públicos. Impossibilidade
absoluta do exercício do direito de greve às carreiras policiais. Interpretação teleológica do
texto constitucional, em especial dos artigos 9º, § 1º, 37, VII e 144. 3.Recurso provido, com
afirmação de tese de repercussão geral: “1 - O exercício do direito de greve, sob qualquer
forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem
diretamente na área de segurança pública. 2 - É obrigatória a participação do Poder Público
em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos
termos do art. 165 do Código de Processo Civil, para vocalização dos interesses da categoria.

(ARE 654432, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE
DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 05/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-114 DIVULG 08-06-2018 PUBLIC 11-06-2018)

1.1.4. Vedação à acumulação remunerada de cargos e teto remuneratório

A Constituição Federal, no inciso XVI do art. 37, estatuiu como regra básica a
proibição da acumulação remunerada de cargos. Em nome do princípio da eficiência e da
moralidade, o texto constitucional deixa claro que o servidor, via de regra, deve se concentrar
em uma única função pública. Mas o próprio texto constitucional prevê casos em que é
possível a acumulação remunerada, desde que haja compatibilidade de horários e seja
respeitado o teto remuneratório do inciso XI do mesmo art. 37. Os casos permitidos são:

a) 2 (dois) cargos de professor;

b) 1 (um) cargo de professor com 1 (um) outro técnico ou científico 1;

c) 2 (dois) cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com


profissões regulamentadas.

1
Tribunal de Contas da União. Acórdão 5280/2019 Segunda Câmara (Aposentadoria, Relator Ministro-
Substituto André de Carvalho)
Pessoal. Acumulação de cargo público. Professor. Cargo técnico. Nível médio.
É irregular a acumulação de cargo de professor com de técnico de nível médio para o qual não se exige
qualquer formação específica. O cargo técnico ou científico (art. 37, inciso XVI, alínea b, da Constituição
Federal) é aquele cujas atribuições não possuem natureza eminentemente burocrática ou repetitiva e
para cujo exercício são exigidos conhecimentos técnicos específicos e habilitação legal, não
necessariamente em nível superior. A expressão “técnico” em nome de cargo não é suficiente, por si só,
para classificá-lo na categoria de cargo técnico ou científico a que se refere aquele dispositivo
constitucional.
Tribunal de Contas da União. Acórdão 7591/2021 Primeira Câmara (Pedido de Reexame, Relator
Ministro Vital do Rêgo)
Pessoal. Acumulação de cargo público. Professor. Cargo técnico. Nível médio.
É irregular a acumulação de cargo de professor com de técnico de nível médio para o qual não se exige
qualquer formação específica. O cargo técnico ou científico (art. 37, inciso XVI, alínea b, da Constituição
Federal) é aquele cujas atribuições não possuem natureza eminentemente burocrática ou repetitiva e
para cujo exercício são exigidos conhecimentos técnicos específicos e habilitação legal, não
necessariamente em nível superior. A expressão “técnico” em nome de cargo não é suficiente, por si só,
para classificá-lo na categoria de cargo técnico ou científico a que se refere aquele dispositivo
constitucional.

5
A vedação se estende, conforme o inciso XVII, a empregos e funções e abrange
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.

O § 10 do art. 37 permite a cumulação de remuneração com proventos de


aposentadoria, se tal cumulação fosse possível quando o aposentado era servidor ativo.

Não há qualquer vedação à acumulação de um cargo público com um ou mais


empregos privados, mas deve ser observada a compatibilidade entre as atividades para que o
servidor não seja enquadrado nas hipóteses de improbidade administrativa. É pacífica a
possibilidade de acumular cargo público com um ou mais empregos privados de professor.

A vedação se estende, conforme o inciso XVII, a empregos e funções e abrange


autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.

Deve ser observado que a Constituição anterior exigia ainda a correlação de


matérias para a acumulação, ou seja, os cargos de professor deveriam ser na mesma área do
conhecimento, restrição também aplicável à acumulação do cargo de professor com cargo
técnico ou científico, que deveria ter pertinência com o que ministrado em sala de aula. O
professor José Afonso da Silva já se manifestou no sentido de que “a Constituição não exige
mais a correlação de matérias entre os cargos acumuláveis de professor e outro técnico
científico”2. Esta não é, contudo, a posição do STJ (MS 13.083, julgado em 13.05.2009) e do
TCU (Acórdão nº 1.338/2011-Plenário), que entendem ainda ser necessária a correlação de
matérias.

A acumulação de cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com


profissões regulamentadas, deve se ater à mesma área de atuação, ou seja, 2 cargos
privativos de médico, 2 cargos privativos de dentista, 2 cargos privativos de enfermeiro (ainda
que seja um de auxiliar de enfermagem e outro de técnico em enfermagem), 2 cargos
privativos de psicólogo etc. Esta parece ser a interpretação dada pelo STF quando apreciou o
RE 248.248, Relator o Min. Menezes Direito, julgado em 02.09.2008.

STJ. Informativo nº 521 (26 de junho de 2013).


DIREITO ADMINISTRATIVO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS
PÚBLICOS INDEPENDENTEMENTE DE CARGA HORÁRIA
MÁXIMA CONSIDERADA EM ACÓRDÃO DO TCU.
Havendo compatibilidade de horários, é possível a acumulação de
dois cargos públicos privativos de profissionais de saúde, ainda que
a soma da carga horária referente àqueles cargos ultrapasse o limite
máximo de sessenta horas semanais considerado pelo TCU na
apreciação de caso análogo. De fato, o art. 37, XVI, da CF e o art.
118, § 2º, da Lei 8.112/1990 somente condicionam a acumulação
lícita de cargos à compatibilidade de horários, não havendo qualquer
dispositivo que estabeleça limite máximo, diário ou semanal, à carga
horária a ser cumprida. Dessa forma, não se pode negar o direito à
acumulação com base numa suposta incompatibilidade com decisão
proferida pelo TCU (Acórdão 2.133/2005), a qual não possui força
normativa capaz de se sobrepor à garantia constitucional e legal.
Ademais, mostra-se desarrazoado negar o referido direito com
fundamento em mera presunção de que a realização de jornada de
trabalho superior a sessenta horas semanais comprometeria a
qualidade do serviço a ser prestado. Precedentes citados: AgRg no
REsp 1.168.979-RJ, Sexta Turma, DJe 14/12/2012; MS 15.663-DF,
Primeira Seção, DJe 3/4/2012; e EDcl no REsp 1.195.791-RJ,
2
José Afonso da Silva. Curso de direito constitucional positivo. 36. ed. São Paulo: Malheiros, 2013, pág.
693.

6
Segunda Turma, DJe 28/6/2012. AgRg no AREsp 291.919-RJ, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 18/4/2013.

Ainda sobre cumulação de cargos de profissionais de saúde:

Tribunal de Contas da União


Boletim de Pessoal nº 55
Acórdão 1990/2018 Primeira Câmara (Pedido de Reexame, Relator
Ministro Bruno Dantas)
Acumulação de cargo público. Profissional da área de saúde.
Médico. Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho. Auditor. Medicina do
trabalho. Compatibilidade de horário.
É possível, desde que haja compatibilidade de horários, a
acumulação de cargo público de médico com o de Auditor Fiscal do
Trabalho, especialidade Medicina do Trabalho, oriundo da
transformação do cargo de Médico do Trabalho realizada pela Lei
10.593/2002, porquanto tal transformação não alterou a essência das
atividades profissionais exercidas, que continuaram sendo privativas
de profissionais com formação em medicina.

REsp 1.460.331-CE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd.
Min. Gurgel de Faria, por maioria, julgado em 10/04/2018, DJe
07/05/2018.
Servidor público. Médico do trabalho. Cargo de auditor-fiscal.
Enquadramento. Cumulação com outro vínculo como médico.
Impossibilidade.
O Auditor Fiscal do Trabalho, com especialidade em medicina
do trabalho, não pode cumular o exercício do seu cargo com
outro da área de saúde.
De início, verifica-se que os cargos de Fiscal do Trabalho, Assistente
Social, Engenheiro, Arquiteto e Médico do Trabalho foram
transformados na carreira de Auditor-Fiscal do Trabalho, nos termos
dos arts. 10, § 1º, e 11 da MP n. 1.915-1/1999 e 9º, § 1º, e 10 da Lei
n. 10.593/2002. Aos ocupantes do cargo de Médico do Trabalho, à
época da edição da MP n. 1.915-1/1999, foi concedida a opção de
permanecerem na mesma situação funcional, hipótese em que, se
assim pretendessem, ficariam em quadro em extinção, sendo certo
que a referida escolha, irretratável, deveria ocorrer até 30/09/1999.
As atribuições dos Auditores do Trabalho estão determinadas na MP
n. 1.915-1/1999 e na atual Lei n. 10.593/2002, possuindo natureza
distinta em relação ao cargo de Médico do Trabalho, não se
relacionando as funções do primeiro à prestação de serviços
médicos à população. O fato de haver cargo de Auditor Fiscal com
exigência de pós-graduação na área de medicina do trabalho não
significa que seus ocupantes, obrigatoriamente médicos, estejam
exercendo a medicina propriamente dita e não implicando a
alteração da natureza da carreira de Auditor Fiscal do Trabalho para
a de médico. Nesse diapasão, os servidores da referida carreira são
agentes do Estado que analisam as condições de trabalho, as
situações das empresas, liberando estas ou fazendo-lhes exigências
de ajustes, funções que não são específicas do cargo de médico (art.
11 da Lei n. 10.593/2002). Nesse caminho, verifica-se que não é
possível o enquadramento no cargo de Auditor Fiscal com a
cumulação de um segundo vínculo como médico. Entender de forma
contrária causaria tratamento desigual para aqueles servidores, que,
visando acumular dois cargos de médico da administração pública,
fizeram a opção por permanecer como médico do trabalho (art. 10, §

7
2º, da MP n. 1.915-1/1999 e art. 9º, § 2º, da Lei n. 10.593/2002).

Quanto à questão do teto remuneratório, vejamos os seguintes julgados:

Notícias STF Imprimir


Quinta-feira, 27 de abril de 2017

Teto constitucional incide em cada cargo nos casos em que é permitida a acumulação,
decide STF
Por decisão majoritária, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) negou provimento a
dois Recursos Extraordinários (REs 602043 e 612975) em que o Estado do Mato Grosso
questionava decisões do Tribunal de Justiça local (TJ-MT) contrárias à aplicação do teto na
remuneração acumulada de dois cargos públicos exercidos pelo mesmo servidor. Os ministros
entenderam que deve ser aplicado o teto remuneratório constitucional de forma isolada para
cada cargo público acumulado, nas formas autorizadas pela Constituição. O tema
debatido nos recursos teve repercussão geral reconhecida.
Tese de repercussão geral
O Plenário aprovou a seguinte tese para efeito de repercussão geral, sugerida pelo relator da
matéria, ministro Marco Aurélio: “Nos casos autorizados, constitucionalmente, de acumulação
de cargos, empregos e funções, a incidência do artigo 37, inciso XI, da Constituição Federal,
pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do
teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público”.
Processos relacionados
RE 602043
RE 612975

TETO CONSTITUCIONAL – ACUMULAÇÃO DE CARGOS – ALCANCE.


Nas situações jurídicas em que a Constituição Federal autoriza a acumulação de cargos, o
teto remuneratório é considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao
somatório do que recebido.
(RE 602043, Relator(a):  Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 27/04/2017,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-203 DIVULG 06-09-2017 PUBLIC 08-09-2017)

Tribunal de Contas da União


1) Acórdão 1994/2015-Plenário
2) Acórdão 2190/2017-Plenário
3) Boletim de Pessoal nº 55
Acórdão 501/2018 Plenário (Consulta, Revisor Ministro-Substituto Marcos Bemquerer)
Teto constitucional. Acumulação de cargo público. Vencimentos. Abate-teto. Metodologia.
Proventos. Consulta.
Nos casos de acumulações previstas no art. 37, inciso XVI, da Constituição Federal, esteja o
servidor em atividade ou inatividade, envolvidas ou não esferas de governo, fontes ou Poderes
distintos, o teto remuneratório deverá ser observado em relação à remuneração e/ou
proventos percebidos em cada vínculo funcional considerado de forma isolada, e não sobre o
somatório dos valores percebidos, cabendo a cada órgão responsável pelo pagamento efetuar
a glosa devida.

8
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.
PROVIMENTO POR DECISÃO MONOCRÁTICA, COM SUPORTE EM JURISPRUDÊNCIA
DOMINANTE. POSSIBILIDADE. SÚMULA 568/STJ. ACUMULAÇÃO ILEGAL DE CARGOS
PÚBLICOS. DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA.

1. A decisão singular que deu provimento ao recurso especial encontra suporte na Súmula
568/STJ, que autoriza o relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, a dar ou
negar provimento a recurso quado houver jurisprudência dominante acerca do tema (Corte
Especial, DJe 17/3/2016). Precedentes.

2. No mais, o acórdão proferido pelo Tribunal de origem destoou da atual jurisprudência desta
Corte Superior, orientada no sentido de que não ocorre a decadência da Administração
Pública de adotar procedimentos para verificar a acumulação inconstitucional de cargos
públicos.

3. Não cabe ao Superior Tribunal de Justiça, ainda que para fins de prequestionamento,
examinar na via especial matéria constitucional, sob pena de usurpação da competência do
Supremo Tribunal Federal.

4. Agravo interno a que se nega provimento.

(AgInt no REsp 1485521/ES, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
22/05/2018, DJe 30/05/2018)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.941 ALAGOAS

RELATOR : MIN. TEORI ZAVASCKI

REDATOR DO ACÓRDÃO RISTF : MIN. LUIZ FUX

REQTE.(S) :GOVERNADOR DO ESTADO DE ALAGOAS

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL.


IMPUGNAÇÃO GENÉRICA E ABSTRATA DE PARTE DA PRETENSÃO.
QUESTIONAMENTO ESPECÍFICO DA REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES
REMUNERADOS POR SUBSÍDIO. CONHECIMENTO PARCIAL. SERVIDOR PÚBLICO.
FUNÇÕES EXTRAORDINÁRIAS OU EM CONDIÇÕES DIFERENCIADAS. GRATIFICAÇÃO
DE DEDICAÇÃO EXCLUSIVA (GDE). POSSIBILIDADE DE PAGAMENTO.
COMPATIBILIDADE COM O ARTIGO 39, §§ 4º e 8º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
IMPROCEDÊNCIA DA ADI.

(...)

4. O servidor público que exerce funções extraordinárias ou labora em condições


diferenciadas pode receber parcela remuneratória além do subsídio.

5. A interpretação sistemática do artigo 39, §§ 3º, 4º e 8º, da CRFB, permitem o


pagamento dos direitos elencados no primeiro parágrafo citado.

6. O artigo 39, § 4º, da Constituição Federal, não constitui vedação absoluta de


pagamento de outras verbas além do subsídio.

7. A gratificação prevista na norma impugnada é compatível com o princípio da

9
eficiência administrativa (artigo 37, caput, da CRFB), uma vez que busca equacionar a
alocação de recursos humanos disponíveis para melhor atender à necessidade de serviços
legalmente especificados.

(...)

10

Você também pode gostar