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INTEGRADA NA
VIGILÂNCIA E
ATENÇÃO À SAÚDE
DE POPULAÇÕES
EXPOSTAS A
AGROTÓXICOS:
FLUXOGRAMAS
SUS/BA
Salvador, Bahia
2019
Secretaria da Saúde do Estado da Bahia
Atuação Integrada
na Vigilância e
Atenção à Saúde de
Populações Expostas
a Agrotóxicos:
Fluxogramas
SUS/BA
Salvador, Bahia
2019
Governador da Bahia Equipe técnica de elaboração dos Fluxogramas – Autores
Rui Costa dos Santos Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador (Divast)
Secretário da Saúde do Estado da Bahia Jacira Azevedo Cancio
Fábio Vilas-Boas Pinto Leticia Coelho da Costa Nobre
Superintendente de Vigilância e Proteção da Saúde Maria Conceição Teles da Mota
Rivia Mary de Barros Diretoria de Vigilância Sanitária e Ambiental (Divisa)
Diretora de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador Ericka Helena Costa Martins
Leticia Coelho da Costa Nobre Paula Cristina Souza Ribeiro
Ruy Muricy Abreu
Diretora de Vigilância Epidemiológica
Jeane Magnavita da Fonseca Cerqueira Diretoria do Laboratório Central de Saúde Pública Professor
Gonçalo Moniz (Lacen)
Diretora de Vigilância Sanitária e Ambiental Lidiana Moreira de Oliveira
Sandra Helena Pellegrino Marques
Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep)
Diretora do Laboratório Central de Saúde Pública Prof. Gonçalo Moniz Cristiane Medeiros Moraes de Carvalho
Arabela Leal e Silva de Mello Juarez Dias
Serviço de Verificação de Óbito Ramon Saavedra
Márcia de Paulo Costa Mazzei Tânia Cordeiro
Superintendente de Atenção Integral à Saúde Zilma Marleide
Jassicon Queiroz dos Santos Diretoria de Atenção Básica (Dab)
Diretor de Atenção Básica Clarice Campos Leite
José Cristiano Soster Iêda Zilmara de Queiroz Jorge da Silva
Coordenador Técnico do Centro de Informação e Assistência Joseth Cléria Vieira Rodrigues
Toxicológica da Bahia (CIATox-BA/Ciave) Serviço de Verificação de Óbito (SVO)/ Diretoria de Informação em
Jucelino Nery da Conceição Filho Saúde (DIS)
Grupo de Trabalho de Agrotóxicos da Secretaria da Saúde do Estado da Rosaria Souto Santos
Bahia (GT Agrotóxicos Sesab) Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Bahia
Diretorias da Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde (CIATox-BA/Ciave)
(Divast, Divisa, Divep, Lacen e SVO) Aline Souza de Oliveira
Daniel Santos Rebouças
Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Bahia
(CIATox-BA/Ciave) Jucelino Nery da Conceição Filho
Osvaldo Aurélio Magalhães de Santana
Diretoria de Atenção Básica (DAB)
Participantes do Curso de Capacitação para discussão e validação
Elaboração e organização da publicação dos fluxogramas de agrotóxicos (relação nominal completa ao final
Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador deste documento)
Leticia Coelho da Costa Nobre Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador/Centro Estadual
Jacira Azevedo Cancio de Referência em Saúde do Trabalhador (Divast/Cesat, Suvisa/Sesab)
Diretoria de Atenção Básica Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep, Suvisa/Sesab)
Iêda Zilmara de Queiroz Jorge da Silva
Diretoria do Laboratório Central de Saúde Pública Professor Gonçalo
Moniz (Lacen, Suvisa/Sesab)
Diretoria de Informação em Saúde (DIS, Suvisa/Sesab)
Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Bahia (CIATox-BA/
Ciave, SAIS/Sesab)
Diretoria de Atenção Básica (DAB, SAIS/Sesab)
Diretorias Regionais de Saúde: 13ª Dires/Visa/Sesab; 15ª Dires/AB/
Sesab; 18ª Dires/Sesab; 25ª Dires/Sesab e 26ª Dires/Sesab
Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador: Cerest
Barreiras; Cerest Itaberaba e Cerest Jequié
Secretaria Municipal de Saúde de Canudos
Secretaria Municipal de Saúde de Cocos
Secretaria Municipal de Saúde de Correntina
Secretaria Municipal de Saúde de Formosa do Rio Preto
Secretaria Municipal de Saúde de Itaberaba
Secretaria Municipal de Saúde de Jaguaquara
Secretaria Municipal de Saúde de Luis Eduardo Magalhães
Secretaria Municipal de Saúde de Riachão das Neves
Secretaria Municipal de Saúde de São Desidério
4 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
Atuação Integrada
na Vigilância e
Atenção à Saúde de
Populações Expostas
a Agrotóxicos:
Fluxogramas
SUS/BAHIA
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
5
©2019 by autores
Direitos para esta edição cedidos para Divast/Cesat
Revisão geral
Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador
Leticia Coelho da Costa Nobre
Jacira Azevedo Cancio
Diretoria de Atenção Básica
Iêda Zilmara de Queiroz Jorge da Silva
Ficha catalográfica
Elaboração: Bibliotecária Eliana Carvalho – CRB - 1100
B151 BAHIA. Secretaria da Saúde do Estado. Superintendência de Vigilância
e Proteção da Saúde. Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador.
Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador.
68 p.: il.
ISBN – 978-85-65780-08-7
I. Autor. II.Título
CDU 631.174
Cesat/Divast/Suvisa/Sesab
Rua Pedro Lessa, 123, Canela
40.110-050, Salvador, Bahia, Brasil
Tel. (55) (71) 3103-2200
sesab.divast@saude.ba.gov.br
www.saude.ba.gov.br/suvisa/divast/
6 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
Sumário
Apresentação 9
Introdução 11
Linha do tempo das ações de VSPEA desenvolvidas pela Sesab 12
Por que o uso de agrotóxicos é um problema de saúde pública? 17
Panorama do uso de agrotóxicos e seus impactos na saúde 18
Caracterização dos estabelecimentos e da população ocupada na agricultura no estado da Bahia
18
Comércio e uso de agrotóxicos no Brasil e na Bahia – algumas informações
20
Impactos à saúde decorrentes do uso de agrotóxicos – perfil epidemiológico
24
Para que precisamos de fluxogramas? 28
Fluxogramas para atenção integral à saúde de populações expostas a agrotóxicos
29
Atenção Básica (AB): Fluxogramas e descrição
30
Atenção Básica – atuação na comunidade
30
Atenção Básica – atuação no domicílio
32
Atenção Básica – atuação na unidade básica de saúde
36
Vigilância Epidemiológica e Informação em Saúde (Viep): Fluxograma e descrição
40
Vigilância Toxicológica Laboratorial – agrotóxicos inibidores de colinesterase: Fluxograma e descrição
44
Vigilância em Saúde Ambiental (VSA): Fluxograma e descrição
48
Vigilância e Atenção em Saúde do Trabalhador: Fluxograma e descrição
52
Unidade de Urgência e Emergência: Fluxograma e descrição
56
Referências 60
Relação de participantes do Curso de Vigilância à Saúde de Populações Expostas
a Agrotóxicos para Construção de Metodologias e Práticas Integradas 62
Apêndice 1
Informações toxicológicas dos principais grupos de agrotóxicos 64
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
7
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS LISTA DE ILUSTRAÇÕES
8 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
Apresentação
A
compreensão do uso de agrotóxicos como saúde das populações expostas a agrotóxicos em cada terri-
problema de saúde pública requer esforços no tório. Assim, com este instrumento espera-se a progressiva
sentido da atuação integrada e articulada entre incorporação do reconhecimento da população exposta e da
as diversas redes de atenção e vigilância em identificação dos potenciais impactos à saúde nas práticas e
saúde nos territórios. A complexidade deste rotinas de cada equipe e rede de atenção.
objeto, expressa por sua amplitude e impactos em toda a
cadeia produtiva, de uso e de consumo, demanda ações O processo de construção desses fluxogramas iniciou du-
articuladas, planejadas, monitoradas e avaliadas de forma rante o planejamento do curso Capacitação em vigilância
compreensiva e efetiva, a partir das realidades locorregio- e atenção à saúde de populações expostas a agrotóxicos:
nais. Assim, a construção de tecnologias de intervenção in- metodologias e práticas integradas, realizado em 2014 pelo
tegrada constitui um importante desafio para as práticas no Grupo de Trabalho de Agrotóxicos da Secretaria da Saúde do
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Estado da Bahia (GT Agrotóxicos Sesab). Para o desenvol-
vimento de metodologias de ação integradas, identificou-se
Com a implementação das ações propostas no Plano a necessidade de elaborar fluxogramas que deixassem mais
de Ação de Vigilância e Atenção à Saúde de Populações claras e explícitas as atividades, os processos de trabalho
Expostas a Agrotóxicos no estado da Bahia (BAHIA, 2013), e suas interrelações, a partir do local e prática concreta de
que inclui a implantação e operacionalização dos fluxos de cada instância de atenção e vigilância.
vigilância e atenção à saúde, pretende-se dar visibilidade aos
impactos à saúde humana decorrentes da utilização em toda Para essa construção foram formados subgrupos dentre os
a cadeia produtiva, de uso e consumo dos agrotóxicos, de participantes do GT Agrotóxicos Sesab, que elaboraram os
modo a ampliar o conhecimento sobre esta realidade a fim seguintes fluxogramas específicos: três relativos à Atenção
de planejar ações de promoção e proteção e intervenções Básica (ações na unidade de saúde, na comunidade e no do-
efetivas para a prevenção de adoecimentos e mortes por es- micílio); um para ações na Urgência/Emergência e um para
ses produtos no estado da Bahia. as seguintes áreas da Vigilância em Saúde (Visau): Vigilância
da Saúde do Trabalhador (Visat), Vigilância Epidemiológica
Destaca-se a necessidade de as equipes de saúde (técnicos (Viep), Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) e Vigilância
e gestores) desenvolverem suas ações de forma articulada Laboratorial.
com outros órgãos, secretarias de governo (municipais e
estaduais) e representações dos trabalhadores e dos mo- Cada fluxograma foi apresentado e validado, inicialmente, no
vimentos sociais nos territórios onde são produzidos, utili- GT Agrotóxicos Sesab, que opinou sobre sua apresentação
zados, armazenados, transportados e descartados os agro- e conteúdo. Posteriormente, foram validados durante a ca-
tóxicos e suas embalagens, com destaque para órgãos e pacitação dos técnicos de nível central, regional e municipal,
entidades que atuam nas áreas do meio ambiente, agricultu- acatando-se as recomendações consensuais. A utilização de
ra, trabalho, previdência, assistência social, desenvolvimento metodologia pró-ativa potencializou a participação dos téc-
econômico, assim como universidades e Ministério Público. nicos, com motivação, sensibilização e ampliação do conhe-
cimento sobre a importância da ação integrada e articulada.
Esta publicação destina-se às equipes de saúde, dos municí- Ao longo de 2016, os fluxogramas foram revisados e nova-
pios, das regionais de saúde e do nível central estadual, das mente validados pelo GT, considerando a experiência viven-
áreas de vigilâncias em saúde e da assistência, desde a aten- ciada no curso em 2014 e a posterior discussão no território.
ção básica até as redes de urgência/emergência e especiali-
zada. Considera-se que é um importante instrumento orien- Espera-se que a utilização desses fluxos contribua para a
tador para a organização das ações em cada área ou rede integração das intervenções sanitárias nas práticas concre-
de atenção e vigilância, para a reorganização dos processos tas e cotidianas das equipes de saúde em cada território,
de trabalho, bem como para o planejamento das ações de diminuindo a fragmentação e fortalecendo a integralidade e
promoção e proteção à saúde, de prevenção de agravos e efetividade das ações de promoção e proteção da saúde das
danos e de ações de cuidado, manejo e recuperação da populações expostas a agrotóxicos.
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
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10 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
Introdução
A
Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) agrotóxicos. Com a criação do GT Agrotóxicos Sesab nesse
desenvolve ações de atenção e vigilância da ano, elas passaram a ser desenvolvidas pelas diretorias da
saúde de populações expostas a agrotóxicos Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde – Suvisa
desde a década de 1980, articuladas, inicial- e da Superintendência de Atenção Integral à Saúde – SAIS
mente, em torno das ações da Coordenação de (por meio das diretorias de Atenção Básica - DAB e do
Saúde Ambiental e do Centro de Informação e Assistência CIATox-BA/Ciave), sendo o GT coordenado pela Coordenação
Toxicológica da Bahia (CIATox-BA/Ciave). A partir da década de Vigilância em Saúde Ambiental/Diretoria de Vigilância
de 1990, incorporam-se às ações de saúde do trabalhador, Sanitária e Ambiental (Coviam/Divisa). Este GT tem por
desenvolvidas pelo Centro Estadual de Referência em Saúde principal objetivo discutir e fortalecer as ações do estado, a
do Trabalhador (Cesat) e, posteriormente, às ações de vi- partir da implantação, coordenação e execução das ações de
gilância sanitária e às de saúde ambiental desenvolvidas a Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos
partir dos anos 2000. (VSPEA), incluindo a elaboração e implementação do Plano
de Ação de VSPEA no estado.
Desde o início, as equipes da Sesab buscaram atuar de
forma intersetorial, com destaque para sua participação na Uma medida importante para a ampliação da visibilidade
construção e aprovação da Lei Estadual dos Agrotóxicos, desse problema em âmbito nacional se deu por ocasião da
em 1993 (BAHIA, 1993), e de seu regulamento, em 1996 aprovação do Plano Plurianual 2010-2013, do processo de
(BAHIA, 1996), em atuação conjunta com as secretarias es- pactuação intergestores (Sispacto) e da programação das
taduais de Agricultura e do Meio Ambiente, Fundacentro e ações de vigilância da saúde (ProgVS) para o mesmo pe-
universidades. ríodo, no qual o Ministério da Saúde, estados e municípios
pactuam a inclusão de notificação de intoxicações por agro-
Em 1995, a Bahia, representada pelo Cesat, participou junto tóxicos no rol de indicadores a serem monitorados.
com outros quatro estados (Minas Gerais, São Paulo, Rio de
Janeiro e Paraná) do projeto piloto sobre vigilância da saú- Em 2012, o Ministério da Saúde publicou a Portaria GM/
de de populações expostas a agrotóxicos, coordenado pela MS 2.938/2012, definindo estratégias de fortalecimento
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e Ministério da das ações de Vigilância em Saúde de Populações Expostas
Saúde. Essa iniciativa resultou na elaboração de uma publica- a Agrotóxicos, a serem incorporadas nos respectivos planos
ção sobre vigilância da saúde de populações expostas a agro- estaduais. Em 2013, o GT Agrotóxicos Sesab elaborou o pla-
tóxicos (BRASIL, 1997); na elaboração e inserção de ficha no de ação estadual, aprovado na 214ª Reunião Ordinária da
de notificação e investigação das intoxicações por agrotóxicos Comissão Intergestores Bipartite do Estado da Bahia (CIB-
no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), BA), o qual define objetivos, linhas de atuação, atividades e
à época em fase de implantação no país; e na inserção das critérios para seleção dos municípios a serem inicialmente
intoxicações por agrotóxicos na listagem de agravos de noti- contemplados.
ficação compulsória no estado da Bahia (Portaria Sesab nº
2.867, 1997, atual Portaria Sesab nº 1.736, de 23 dez 2014). Dentre as estratégias definidas para operacionalização do
Plano VSPEA Bahia, destaca-se a capacitação das equipes
Ao final dos anos 1990 e início de 2000, o Ministério da de nível central, regional e municipal e a organização dos
Saúde financiou projetos específicos de vigilância em saúde processos de trabalho para atuação na atenção integral às
(Vigisus), que incluía a vigilância da saúde de populações ex- populações expostas a agrotóxicos. O Curso Metodologia
postas a agrotóxicos. Na Bahia, foram desenvolvidos proje- Integrada para a Vigilância da Saúde de Populações Expostas
tos específicos em alguns municípios, articulando-se ações a Agrotóxicos, construído e realizado coletivamente em 2014,
de saúde do trabalhador, de vigilância epidemiológica, em com metodologias ativas e aprendizagem baseada em pro-
saúde ambiental e laboratorial. blemas, resultou em importantes desdobramentos nos anos
seguintes, tais como a elaboração de materiais didáticos,
Até 2012, o Cesat assumiu o desenvolvimento e articulação instrucionais, de comunicação e divulgação e também na re-
das ações de vigilância da saúde de populações expostas a visão e validação dos fluxos apresentados nesta publicação.
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
11
Primeiras ações
de vigilância do
uso de agrotóxicos
na Coordenação de
Saúde Ambiental
(Cosam), Aprovação da Lei Estadual
Superintendência de Agrotóxicos – Publicação do Decreto
de Saúde (Supes) Lei Estadual nº 6.455, de 25 Estadual nº 6.033, de 6 de
da Sesab. de janeiro de 1993. dezembro de 1996, que
Criação da Comissão regulamentou a Lei Estadual
Estadual de Agrotóxicos de Agrotóxicos nº 6.455, de
(CEA), sob coordenação da 25 de janeiro de 1993.
ADAB - órgão da Secretaria de Publicação do Manual de
Criação do Centro Edição da Resolução Agricultura, pela Lei Estadual
de Informação Normas e Procedimentos
Cepram nº 366, de 6 de Agrotóxicos, que funcionou Técnicos para a Vigilância da
e Assistência de fevereiro de 1985, regularmente somente entre
Toxicológica da Saúde do Trabalhador – com
que regulamentou a os anos de 1997 e 1998. capítulo Intoxicações por
Bahia (CIATox-BA/ Lei nº 4.386, de 6 de
Ciave), no Hospital Agrotóxicos (pág. 61-71).
dezembro de 1984.
Central Roberto
Santos, Sesab.
12 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
Linha do tempo das ações de
VSPEA desenvolvidas pela Sesab
Realização de Análises de Colinesterase
Investigação de óbitos por Plasmática no Setor de Bioquímica.
intoxicação por agrotóxicos
na cultura do fumo, município
de Governador Mangabeira.
Realização de inquérito
populacional – condições
de saúde e trabalho e uso Criação da ferramenta Seminário de Urgências Seminário de Urgências
de agrotóxicos na região Tabnet-Saúde do Trabalhador Toxicológicas e Curso de Toxicológicas e Curso de Prevenção
fumageira, município de no Cesat, com disponibilização Prevenção e Controle de e Controle de Intoxicações Exógenas,
Governador Mangabeira. de informações de bases Intoxicações Exógenas, com abordagem sobre agrotóxicos,
de dados da Previdência com abordagem sobre para os municípios integrantes das
Produção do vídeo
Social (Dataprev), agrotóxicos, em Alagoinhas, regionais de Bom Jesus da Lapa,
“Caso Quixabeira” sobre
Sinan, Relação Anual de Irecê, Mata de São João e Boquira, Brumado, Cruz das Almas,
a investigação de óbitos
Informações Sociais/Cadastro municípios das regionais Juazeiro e Senhor do Bonfim.
na cultura do fumo no
Geral de Empregados e de Feira de Santana, Porto
Recôncavo Baiano (município
Desempregados (Rais/ Seguro e Teixeira de Freitas.
de Governador Mangabeira).
Caged).
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
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Educação permanente para a Criação do Fórum Estadual de Combate ao Uso de Agrotóxicos, Enfrentamento de emergência
Renast-BA, com conteúdo de VSPEA. com a participação da Divast/Cesat, posteriormente ampliando a fitossanitária na Região Oeste, em nove
Inclusão do Módulo Saúde participação de outros representantes do GT Agrotóxicos Sesab. municípios de duas regiões de saúde,
do Trabalhador, no Curso de Criação do GT Agrotóxicos Sesab, reativando o que funcionava frente à liberação do uso do Benzoato de
Especialização em Saúde da Família – anteriormente. Emamectina pelo Ministério da Agricultura,
Caso Agrotóxicos. Pecuária e Aquicultura (Mapa).
Publicação da Portaria nº 2.938, de 20 de dezembro de 2012
Seminário de Urgências que autoriza o repasse do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Recomendações da Sesab para o
Toxicológicas e Curso de Prevenção Estaduais de Saúde e do Distrito Federal, para o fortalecimento Monitoramento dos Impactos à Saúde
e Controle de Intoxicações Exógenas, da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos, Humana decorrentes do Uso do Benzoato
com abordagem sobre agrotóxicos, destinado aos estados e Distrito Federal. de Emamectina em municípios da região
para os municípios integrantes oeste do estado da Bahia.
Publicação das Orientações Técnicas para Proteção da Saúde dos
das regionais de Barreiras, Gandu, Agentes de Saúde, incluindo a proteção dos Agentes de Controle de Capacitação/atualização de médicos do
Guanambi, Itabuna, Jequié, Paulo Endemias expostos a agrotóxicos de uso em saúde pública. Hospital Geral, Samu, Cerest e vigilâncias
Afonso e Teixeira de Freitas. dos municípios em emergências
Curso sobre Processo de Trabalho toxicológicas e agrotóxicos, na região de
Agrícola na Agricultura Orgânica Barreiras.
na perspectiva da Visat, região da Análise dos dados do Censo Agropecuário
Chapada Diamantina. 2006.
Lacen realiza Análises de Desenvolvimento de Projeto Mapeamento das
Colinesterase Plasmática pelo Setor Condições de Trabalho e Uso de Agrotóxicos na
de Toxicologia Humana (Clavisa) Cultura do Abacaxi em Itaberaba, em conjunto
atendendo à Nota Técnica nº 08/2007- Elaboração do Plano de
com Cerest de Itaberaba. Ação de Vigilância e Atenção à
CGLAB-CGPNCD/SVS/MS – Elaboração/
Monitoramento aos agentes de saúde. Republicação da Portaria Estadual de Saúde de Populações Expostas revisão do
Lacen define parâmetros para Notificação Compulsória, com definição a Agrotóxicos no estado da Programa de
monitoramento da colinesterase de notificação universal e imediata das Bahia e sua aprovação na 214ª Avaliação de
nos agentes de saúde que utilizam intoxicações exógenas. Reunião Ordinária da CIB-BA. Resíduos de
inseticidas organofosforados e Revisão da Ficha de Intoxicações por Publicação pela Divast/Cesat Agrotóxicos
carbamatos nas atividades de controle Agrotóxicos, do Sinan, junto com grupo das Orientações Técnicas em Água e
vetorial. coordenado pelo Ministério da Saúde. para Ações de Vigilância de Alimentos
Ambientes e Processos de (Para) na
Trabalho Agrícola. Bahia.
14 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
Linha do tempo das ações de VSPEA desenvolvidas pela Sesab
Publicação de artigos elaborados pelos representantes GT Agrotóxicos da Publicação da Nota Técnica Suvisa
Sesab na Revista Baiana de Saúde Pública, v. 40 (2016): Supl. 2 SUVISA. nº 01/2018, sobre Casos Suspeitos de
Realização de Minicurso de Vigilância Epidemiológica em Saúde do Intoxicação Exógena Ocupacional por
Trabalhador, com caso de Intoxicação por Agrotóxicos, nos nove Encontros Agrotóxicos de Uso em Saúde Pública
Macrorregionais da Renast-BA. (inseticidas/larvicidas) em Agentes de
Controle de Endemias (ACE), Bahia,
Realização de Minicurso de Vigilância de Ambientes e Processos de Trabalho Maio-Junho/2018.
Agrícola, em quatro Encontros Macrorregionais da Renast-BA (Extremo Sul,
Realização de palestra Leste, Norte e Oeste). Sessão Científica sobre o tema “O
sobre “Agrotóxicos: Uso de Agrotóxicos e a Repercussão na
intoxicações e medidas Organização e realização do Simpósio Nacional de Vigilância em Saúde de Saúde”, realizada no CIATox-BA/Ciave.
preventivas” durante o Populações Expostas a Agrotóxicos (ExpoVSPEA) pelo GT Agrotóxicos Sesab,
em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. Utilização da ferramenta Camab
Seminário de Segurança, (Caderno de Avaliação e Monitoramento
Saúde e Meio Ambiente do Apresentação de trabalhos e experiências da Bahia no Simpósio Nacional de da Atenção Básica) para divulgar os
Trabalho Rural, em Irecê. VSPEA – ExpoVSPEA. casos notificados e confirmados (Sinan)
Realização de Oficinas Aprovação da Resolução CIB-BA 19/2017, publicada no DOU de 23 de por intoxicação exógena por agrotóxico
anuais de VSA nas fevereiro de 2017, que dispõe sobre a não utilização de pulverização aérea de uso agrícola, doméstico e de saúde
regionais de saúde, de agrotóxicos, seus componentes e afins por aeronaves ou correlatos para pública no site da DAB.
enfatizando a VSPEA. o controle de vetores transmissores de doenças ou causadores de agravos à Seminário de Urgências Toxicológicas
Início do monitoramento saúde, no estado da Bahia. e Curso de Prevenção e Controle de
de agrotóxicos na água Publicação da Nota Técnica nº 07/2017 – Divep/Lacen/Divast/Suvisa/ Intoxicações Exógenas, com abordagem
de consumo humano pela Sesab, sobre o Monitoramento da Situação de Saúde dos Agentes de Controle sobre agrotóxicos, para os profissionais
Vigilância à Saúde, em 16 de Endemias – ACE e da Colinesterase Plasmática nos ACE (atualiza a Nota de saúde dos municípios integrantes
municípios prioritários. Técnica 01/2014). das regionais de Ilhéus e Jequié.
Investigação epidemiológica de Trabalho apresentado durante a Mostra Cosems Bahia 2019 realizada em 11/04/2019:
óbitos por causas mal definidas, com “Construção Coletiva de Fluxogramas de Ações de Atenção Integral à Saúde de
suspeita de intoxicação exógena (por Populações Expostas a Agrotóxicos: uma ferramenta para articulação das vigilâncias e
agrotóxicos), realizada em conjunto atenção básica”.
com técnicos de referência em Saúde
do Trabalhador de NRS/BRS, das Participação da Divast e GT Agrotóxicos Sesab no 1º Encontro de Vigilância à Saúde
macrorregiões de saúde oeste, nordeste de Populações Expostas a Agrotóxicos (VSPEA) na Macrorregião de Saúde Centro Norte,
e outras. Territórios do Piemonte da Diamantina e Irecê, organizado pelo Núcleo Regional de Saúde
Centro Norte/Base Regional de Saúde Irecê, realizado em 8 de agosto, em Irecê.
Estruturação do processo de
monitoramento dos casos de Participação do GT Agrotóxicos Sesab no 1º Encontro de Toxicovigilância das
intoxicação exógena (por agrotóxicos) Intoxicações Exógenas no Extremo Sul da Bahia, organizado pelo Núcleo Regional de
pela equipe do Núcleo de Epidemiologia Saúde Extremo Sul/Base Regional de Saúde Eunápolis, realizado de 8 a 9 de agosto, em
em Saúde do Trabalhador – NEP-ST, Porto Seguro, com ênfase em agrotóxicos, para os profissionais de saúde dos municípios
Divast/Cesat. de Eunápolis, Itabela, Mucuri, Porto Seguro e Teixeira de Freitas.
Realização de atividade de educação em saúde, em conjunto com NRS/Extremo Sul, na
comunidade no distrito de Vale Verde, em 10 de agosto.
Organização do Curso Vigilância à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos edição
2019, com participação de 150 técnicos de vigilância em saúde e de atenção básica de
diversos municípios e regiões de saúde.
Publicação das Experiências Exitosas em Vigilância em Saúde de Populações Expostas
a Agrotóxicos no Brasil, pelo Ministério da Saúde, último volume da Coleção Agrotóxicos
na ótica do Sistema Único de Saúde.
Entrevistas com o CIATox-BA/Ciave sobre intoxicação por agrotóxicos:
• 23 de abril de 2019 – BandNews
• 29 de julho de 2019 – Programa Café Duplo, da Rádio Câmara
• 31 de julho de 2019 – Jornal da Manhã - TV Bahia.
Inclusão da análise dos dados do Camab (casos notificados e confirmados por
intoxicação exógena por agrotóxico de uso agrícola, doméstico e de saúde pública) nas
notas técnicas municipais utilizadas para matriciar o apoio institucional da DAB, bem como
para responder às demandas do gabinete do Secretário da Saúde (Sesab) e da Casa Civil.
Conclusão e validação dos fluxogramas de atuação integrada na vigilância e atenção à
saúde de populações expostas a agrotóxicos, elaborado pelo GT Agrotóxicos Sesab.
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
15
16 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
Porque o uso de agrotóxicos é um
problema de saúde pública?
U
m ponto de partida importante para as equipes de efeitos desconhecidos e sinérgicos; menos de 10% deles
saúde constitui a compreensão do que representa apresentam estudos e pesquisas científicas consolidadas;
a utilização e a exposição a agrotóxicos para a novos produtos são lançados no mercado a cada ano, in-
saúde pública ou saúde coletiva das populações dependentemente de seus potenciais impactos terem sido
sob sua responsabilidade. estudados ou conhecidos com profundidade.
Podemos afirmar, sem dúvida, que os agrotóxicos são um im- Além desses, ressaltamos alguns fatores adicionais que im-
portante problema de saúde pública. Destacamos os principais pactam, direta ou indiretamente, na capacidade institucional
elementos e/ou argumentos que sustentam essa afirmação. de implementar ações e medidas de promoção e proteção da
saúde (e do meio ambiente), de prevenção de adoecimento
Os AGROTÓXICOS têm sido utilizados EM GRANDE ESCALA; e mortes e nas chances das populações e movimentos so-
milhões de toneladas de produtos são lançados no ambiente ciais enfrentarem coletivamente o problema, com autonomia
em zonas rurais e, inclusive, em áreas urbanas e periurba- e emancipação, garantindo melhores condições de trabalho
nas; seu uso aumentou, no Brasil e na Bahia, nas duas últi- e de vida.
mas décadas.
Existem dificuldades de acesso a INFORMAÇÕES FIDEDIG-
São utilizados numa extensa CADEIA PRODUTIVA, que im- NAS para a população e trabalhadores sobre os efeitos e
plica exposições desde a fabricação, o transporte, o comér- medidas de prevenção e proteção da saúde.
cio, uso industrial, uso doméstico, uso em saúde pública,
uso urbano, descarte de embalagens e outros materiais FRAGILIDADES DOS SERVIÇOS DE SAÚDE para identifica-
contaminados. ção, suspeita, diagnóstico, manejo e registro de casos, resul-
tando em altos índices de SUBREGISTRO DE INFORMAÇÕES
Apresentam grande AMPLITUDE DE EXPOSIÇÃO: não se de morbimortalidade relacionadas à exposição a agrotóxicos
restringem a populações de trabalhadores que os utilizam na no Brasil e Bahia.
agricultura; contaminam diversos compartimentos do am-
biente, água para consumo humano e alimentos; apresen- FRAGILIDADES NAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA, prevenção e
tam potencial de CONTAMINAÇÃO LOCAL E À DISTÂNCIA, promoção da saúde desenvolvidas por todas as instâncias
especialmente aqueles aplicados em grandes extensões de do SUS, municipais, estaduais e federal; questão pratica-
terra, em pulverizações aéreas e nas proximidades de aglo- mente não identificada nas ANÁLISES DE SITUAÇÃO DE
merações urbanas e populacionais. SAÚDE e nos PLANOS DE SAÚDE.
MAGNITUDE dos efeitos e impactos na saúde humana: en- FRAGILIDADES, fragmentação e desarticulação das AÇÕES
tre os agentes de intoxicações exógenas agudas são os que DE REGULAÇÃO E FISCALIZAÇÃO pelos órgãos envolvidos:
apresentam maior LETALIDADE; constata-se grandes contin- Saúde, Meio Ambiente, Agricultura, Trabalho; a TOMADA
gentes de trabalhadores expostos, especialmente na agricul- DE DECISÃO POLÍTICA para o desenvolvimento econômico
tura, além de outros grupos de trabalhadores e da população e produtivo NÃO CONSIDERA A SAÚDE como valor a ser
geral, ao longo de toda a cadeia de produção, uso e consumo. PROTEGIDO.
Diversidade e GRAVIDADE DE EFEITOS à saúde: seus prin- Predomínio do MODELO DE USO DE AGROQUÍMICOS para
cípios ativos e compostos apresentam efeitos agudos, suba- controle de pragas; é baixíssima a utilização de MÉTODOS
gudos e crônicos; levam a doenças graves como cânceres; AGROECOLÓGICOS e de investimento em PESQUISA, CIÊN-
neuropatias; distúrbios endócrinos; mutagênicos e teratogê- CIA E TECNOLOGIA, o que permitiria a progressiva redução
nicos; a maioria não identificada como relacionada ao uso de e substituição de seu uso por outras tecnologias mais prote-
agrotóxicos pelos serviços de saúde. tivas à saúde e ao meio ambiente.
Há grande MULTIPLICIDADE DE PRODUTOS; são DEZENAS Existe o DESPREZO pela autonomia, cultura e saberes das
DE MILHARES DE FORMULAÇÕES QUÍMICAS, de média populações tradicionais e originárias em seus modos de bem
a alta toxicidade para humanos; mistura de produtos com viver e preservação da terra e ambiente.
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
17
O
uso de agrotóxicos impacta trabalhadores e pes- e uso de agrotóxicos compiladas pelo Ibama, além das in-
soas ao longo de toda sua cadeia produtiva, des- formações epidemiológicas de intoxicações registradas nos
de sua formulação e fabricação, passando pelos sistemas de informação do SUS.
diversos tipos de usos em setores produtivos, em
áreas urbanas e rurais, até os consumidores fi-
nais que podem ser afetados por meio da ingestão de água Caracterização dos estabelecimentos
e alimentos contaminados e com resíduos de agrotóxicos. e da população ocupada na agricultura no
Além dos impactos à saúde humana, também são respon- estado da Bahia
sáveis por contaminações ambientais e em populações de
plantas e animais, causando importante desequilíbrio ao O Censo Agropecuário de 2017 estimou um total de 762.620
meio ambiente. estabelecimentos agropecuários no estado da Bahia, nos
quais trabalham 2.078.469 pessoas (pessoas ocupadas
As populações de trabalhadores mais intensamente e fre- com ou sem laço com o produtor).
quentemente expostas aos agrotóxicos são os trabalhado-
res na agricultura, na produção florestal, trabalhadores em Os estabelecimentos agropecuários no estado da Bahia cor-
indústrias de formulação e outras indústrias, como a de respondem a 32,8% do total da Região Nordeste e a 15,0%
móveis e madeireira (conservantes e fungicidas), além dos do total no Brasil. A Região Nordeste sedia 45,8% dos es-
trabalhadores em saúde pública, nas ações de combate a tabelecimentos do país (Figura 1, Tabela 1) e 42,3% das
endemias, entre outros. pessoas ocupadas (Figura 2, Tabela 1).
Nesse panorama, são apresentadas algumas informações Considerando o número de pessoas ocupadas nesses es-
sobre a estrutura rural e agrária no estado da Bahia, popu- tabelecimentos, a Bahia contribui com importante contin-
lação trabalhadora em atividades agrícolas, obtidas por meio gente de trabalhadores na agropecuária, correspondendo
do Censo Agropecuário (IBGE); informações sobre comércio a 32,7% da Região Nordeste e a 13,8% dos trabalhadores
Figura 1 – Distribuição percentual dos estabelecimentos Figura 2 – Distribuição percentual das pessoas ocupadas
agropecuários por Região, Brasil, 2017 em estabelecimentos agropecuários por Grande Região,
Brasil, 2017
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2017. Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2017.
18 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
Panorama do uso de agrotóxicos
e seus impactos na saúde
nesse setor no país. Esses percentuais refletem a impor- de áreas; 36,4% possuem culturas permanentes; 0,3% de-
tância dessa atividade econômica, tanto em termos produ- las dedicam-se ao cultivo de flores (IBGE, 2017).
tivos e do desenvolvimento econômico, quanto em termos
da estimativa da população potencialmente exposta aos A média de pessoas ocupadas é menor nos estabelecimen-
fatores de risco presentes em tais atividades e modos de tos de menos de 50 hectares, que compreendem 89,2%
produção. dos estabelecimentos; entretanto, esses estabelecimentos
são responsáveis pelo trabalho de 89,8% das pessoas ocu-
Em relação a suas características, observa-se na Tabela 2 padas; somente 17,5% das pessoas ocupadas em atividades
que a maioria das propriedades baianas possui área me- agropecuárias estão empregadas nas maiores propriedades
nor que 10 hectares (61,7%) e cultiva lavouras temporárias (com 50 ou mais hectares), que correspondem a 10,7% do
(67,1%), tipo que predomina em todas as faixas de tamanho total (Tabela 3).
Tipo de lavoura
Tamanho (área em hectares) Total Bahia
Permanentes Temporárias Área cultivo flores
Mais de 0 a menos de 2 85.597 144.169 723 203.738
De 2 a menos de 5 63.975 105.348 363 152.468
De 5 a menos de 10 41.811 75.475 280 110.409
De 10 a menos de 50 64.551 287.456 467 213.518
De 50 a menos de 100 10.421 23.928 91 39.806
De 100 a menos de 500 7.622 13.742 72 29.362
De 500 a menos de 2.500 1.174 2.240 19 6.085
De 2.500 a menos de 10.000 101 459 4 835
De 10.000 e mais 23 111 2 185
Total Bahia 275.275 507.585 2.021 756.406
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2017. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/6722#resultado> ; acesso em 17 jul. 2019.
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
19
Tabela 3: Média de pessoas ocupadas por número de estabelecimentos
segundo grupos de extensão de área (hectares), Bahia, 2017
Esses dados mostram a grande concentração da proprie- Quadro 2 - Incidência de notificação de intoxicação
dade da terra e a importância da agricultura familiar e de por agrotóxico nos maiores municípios produtores da
pequenas propriedades na garantia da ocupação da maioria Bahia. Brasil, 2014
dos trabalhadores agrícolas no estado. Incidência da
Principais municípios
notificação
produtores
De acordo com classificação realizada pelo IBGE em 2014 (1.000 hab.)
e divulgada pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2018), no São Desidério 0,09
estado da Bahia estão localizados seis dos 50 maiores pro-
dutores agrícolas do Brasil, sendo cinco situados na Região Formosa do Rio Preto 0,00
Oeste e um na Região Norte do estado (Quadro 1). Correntina 0,03
Juazeiro 0,18
Contudo, quando comparado às incidências de notificação
de intoxicação por agrotóxicos ocorridas nestes municípios, Barreiras 0,03
os mesmos não são classificados entre os 50 que mais no- Luís Eduardo Magalhães 0,00
tificam no Brasil (Quadro 2).
BRASIL, 2018. Quadro adaptado.
Luís Eduardo Magalhães Oeste 24º No Brasil, foram comercializadas 539.944,95 toneladas de
BRASIL, 2018. Quadro adaptado. agrotóxicos em 2017, tendo a Bahia se situado em 8º lugar
20 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
dentre os estados, com um total de 26.318,44 toneladas Dentre os tipos de uso dos agrotóxicos comercializados, pode-
comercializadas, correspondendo a 4,9% do total do país. se observar que tanto para o Brasil quanto para a Bahia mais
Esse quantitativo pode representar uma média de 4,78 tone- da metade dos ingredientes ativos são herbicidas; os insetici-
ladas utilizadas em cada um dos 125.885 estabelecimentos das, sozinhos ou em formulações combinadas, aparecem em
que referiram ter usado agrotóxicos no período censitário de segundo lugar para a Bahia e em terceiro para o Brasil; fungi-
2017 (IBGE, 2018). cidas é o segundo no Brasil e o terceiro na Bahia (Tabela 4).
Figura 3 – Quantidade (tonelada) de agrotóxicos (Ingrediente Ativo) vendidos por estado, Brasil, 2017
Fonte: IBAMA / Consolidação de dados fornecidos pelas empresas registrantes de produtos técnicos, agrotóxicos e afins, conforme art. 41 do Decreto n° 4.074/2002.
Dados atualizados: 25/06/2018.
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
21
Considerando a distribuição dos estabelecimentos agrope- algumas culturas são responsáveis pela utilização da maior
cuários segundo referência de uso de agrotóxicos (no ano ou parte desses produtos.
em anos anteriores), observa-se na Figura 4 que as regiões
com maior proporção de propriedades que referiram utilizar A Figura 6 mostra o mapa do estado com seus municípios
esses produtos foram a Sul (68,9%), a Sudeste (36,1%) e segundo a faixa do número de estabelecimentos que referi-
a Centro Oeste (32,9%); a Região Nordeste ficou em quarto ram utilizar agrotóxicos no município no ano de 2017.
lugar (26,9%) e a Norte com menor percentual de proprie-
dades (25,4%).
Tabela 5: Distribuição dos estabelecimentos
agropecuários segundo referência de uso de
Na Bahia, a comercialização de agrotóxicos manteve-se em agrotóxicos, Bahia, 2017
crescimento a partir de 2008, passando de aproximadamen-
te 29 milhões para 56 milhões de quilos de agrotóxicos em Uso de agrotóxicos Nº Estabelecimentos %
2013. No período de 2007 a 2013, o quantitativo de área
Não usou 614.981 80,9
plantada apresentou poucas oscilações, sendo que nos anos
de 2012 e 2013, quando houve o maior consumo de agro- Sim, mas não precisou
19.518 2,6
tóxicos, ocorreu redução da área plantada (BRASIL, 2016). utilizar no período
Sim, usou no período 125.885 16,6
Em 2006, foi registrado na Bahia percentual de 11,8% de
estabelecimentos que referiram ter utilizado agrotóxicos TOTAL 760.384 100,0
(IBGE, 2006). Em 2017, esse percentual aumentou consi- Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2017. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.
deravelmente para 19,2% considerando o uso no período e br/tabela/6653#resultado>; acesso em 17 jul. 2019.
fora dele (IBGE, 2017) (Tabela 5, Figura 5).
Centro-
Norte Nordeste Sudeste Sul
Oeste
22 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
utilizam agrotóxico, o equivalente a 20% do total. Os municí- Contudo, vale apontar o oeste baiano como uma das prin-
pios que se destacam em número de estabelecimentos que cipais regiões que mais utilizam agrotóxicos, com as lavou-
utilizam agrotóxico são: Juazeiro (Região Norte), Livramento ras de soja, milho e algodão. Do total de agrotóxicos co-
de Nossa Senhora (Região Sudoeste) e Paripiranga (Região mercializados no estado da Bahia, 40% ocorre nesta região
Nordeste) (Figura 6). (BRASIL, 2016).
Tabela 6: Número de estabelecimentos agropecuários que utilizaram agrotóxicos e percentual de uso por grupos de
área de lavoura em relação ao total de estabelecimentos por grupo, Bahia, 2006
Figura 6 - Número de Estabelecimentos que utilizam agrotóxicos por município no estado da Bahia. Bahia, 2017
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
23
foram inseridos no Caderno de Avaliação e Monitoramento
Impactos à saúde decorrentes do uso de da Atenção Básica (Camab).
agrotóxicos – perfil epidemiológico
Apresenta-se, a seguir, algumas informações e indicadores.
Os agrotóxicos podem causar intoxicações agudas, suba-
gudas e crônicas, com efeitos à saúde variados, mais ou Figura 7 – Casos de intoxicação por agrotóxicos notificados
menos graves, a depender das características toxicológicas no Sinan, segundo tipo de uso e relação com o trabalho,
de cada produto e de suas misturas, das condições das ex- Bahia, 2007-2018
posições nas diversas modalidades de uso e consumo, da
susceptibilidade individual e da condição de saúde da pes-
soa exposta. Seus efeitos e formas de adoecimento podem
acometer praticamente quaisquer órgãos e sistemas; além
de intoxicações agudas e subagudas, podem causar adoeci-
mento crônico, dermatoses, doenças e distúrbios neurológi-
cos, neuroendócrinos, respiratórios, acometimento hepático,
renal, cânceres, malformações, mutagênese e teratogênese,
entre outros (Apêndice 1).
24 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
Mais da metade do total de casos (2.862) de intoxicações
Figura 9 - Incidência (1:100.000) de Intoxicação
por agrotóxicos notificadas no Sinan entre os anos 2007 e
por agrotóxico de uso agrícola por município.
2018 ocorreu entre homens (61,4%) e 38,2% foram iden-
Bahia, 2007-2014
tificadas como relacionadas ao trabalho. Quase metade
(49,4%) dos casos foi identificada como não relacionada ao
trabalho e em 12,4% essa relação consta como ignorada
(Tabela 7). É possível que esses percentuais estejam de-
monstrando, em parte, a fragilidade da investigação e con-
firmação desses casos.
SIM 788 44,8 305 27,6 1.093 38,2 5,56 a 7,93 0,49 a 3,45
3,46 a 5,55 sem informação
NÃO 771 43,9 644 58,3 1.415 49,4
Ign /
Sim Não Total
Branco
Masculino 199 788 771 1758
Feminino 155 305 644 1104
Total 354 1093 1415 2862
Masculino Feminino Total Incidência casos confirmados
Fonte: Sinan_Net-Sistema de Informações de Agravos de Notificação. Dados
fornecidos pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep-Sesab). Dados acessados Fonte: Sesab/Divep/Sinan. Dados processados em 15 de abril de 2019;
em 29 de julho 2019. publicados no Camab em abril/2019. Casos por município de ocorrência.
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
25
Figura 11- Incidência, por 100.000 hab, de intoxicação por agrotóxico de uso agrícola, doméstico e de saúde pública,
por macrorregião de Saúde e total do estado. Bahia, 2008-2018
Fonte: Sinan, Divep/Suvisa/Sesab. Dados processados em 15 de abril de 2019; publicados no Camab em abril/2019. Casos por município de ocorrência.
Analisando a série histórica do estado da Bahia, observa-se Oeste vêm oscilando, com crescimento de 107% dessa taxa
um crescimento gradativo nas taxas de incidência de intoxi- em 2016 em relação ao ano anterior, redução no ano de
cação por agrotóxicos até 2013 (Figuras 10 e 11). A partir 2017 e voltando a crescer em 2018.
de 2014, ocorreram oscilações, apresentando em 2018 as
maiores incidências. Vale destacar a macrorregião Norte Entretanto, apesar de ser o estado com maior volume de co-
como sendo aquela com maiores taxas até 2017. É impor- mercialização de agrotóxicos na Região Nordeste, a incidên-
tante chamar atenção para a tendência crescente dessa in- cia de intoxicações em 2013 esteve abaixo de outros estados
cidência nas macrorregiões Sul e Extremo-Sul, com taxas dessa região do país, que apresentaram menor comercializa-
expressivas em 2017 e 2018; bem como a macrorregião ção de agrotóxicos por área plantada (BRASIL, 2016). Esse
Sudoeste que teve aumento de mais de 180% em 2018 em fato pode ser indicativo de que apesar dos investimentos,
relação ao ano anterior. Já os resultados da macrorregião ainda persistem dificuldades por parte dos profissionais de
Figura 12 - Número de casos notificados e confirmados de intoxicação por agrotóxicos de uso agrícola, doméstico e de
saúde pública. Bahia, 2008 a 2018
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
casos notificados 83 131 148 223 272 349 302 343 245 253 376
casos confirmados 50 89 92 144 196 240 198 171 143 130 151
Fonte: Dados processados em 15 de abril de 2019; publicados em Camab abril/2019. Casos por município de ocorrência.
26 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
saúde no diagnóstico de intoxicações por agrotóxicos ou de
Figura 13 - Casos de intoxicação por agrotóxicos de uso
subnotificação de casos nas unidades de saúde.
agrícola atendidos pelo CIATox-BA/Ciave. Bahia, 2015-2018
Analisando a série histórica do número de casos notifica-
dos de intoxicação por agrotóxicos (Figura 12), é possível
observar tendência de crescimento semelhante àquela dos
coeficientes de incidência até o ano de 2013. A partir de
2014, ocorreu oscilação nos resultados das notificações,
com aumento em 2018, ano em que foi notificado o maior
número de casos de todo o período analisado. Quanto aos
casos confirmados, acompanham a tendência de oscilação,
porém com redução na confirmação dos casos a partir de
2014, resultando na diminuição da proporção de casos noti-
ficados em relação aos notificados até 2018. Fonte: CIATox-BA-Ciave/Sais/Sesab. Dados processados em agosto 2019.
Vale ressaltar que dos 2.725 casos notificados de intoxicação No período 2008 a 2018 foram registrados no SIM 205 casos
por agrotóxicos no período de 2008 a 2018, 1.604 casos de óbito por intoxicações por agrotóxicos (Envenenamento
(58,9%) foram confirmados. Ocorreu, portanto, um cresci- por e exposição a pesticidas, intenção não determinada -
mento de 353% no número de casos notificados e 202% no CID Y18) no estado, mais da metade deles na macrorregião
número de casos confirmados no período em análise. Leste, seguida da Centro-Leste, Sudoeste e Sul (Tabela 8).
Estima-se que esse número seja bem maior, considerando
O aumento das notificações pode refletir o trabalho da vigi- as dificuldades e fragilidades da rede de atenção e vigilância
lância na sensibilização de gestores e profissionais de saúde em saúde para diagnóstico, notificação e investigação des-
para melhoria dos processos de detecção e notificação dos ses eventos. Além da rede de serviços de saúde, também
casos. Entretanto, a diferença maior entre casos notificados contribuem para essa invisibilidade a baixa capacidade de
e casos confirmados observada nos últimos anos pode sina- investigação e esclarecimento dos casos nos serviços de
lizar a necessidade de ampliar a capacidade de investigação medicina legal.
epidemiológica nos locais de ocorrência dos casos por parte
das equipes, de modo a subsidiar o diagnóstico e encerra- O levantamento das informações sobre o uso de agrotóxicos
mento adequado dos casos. em toda a cadeia produtiva nos territórios, com identificação
das atividades produtivas, população exposta e atividades
Destaca-se que, no período de 2015 a 2018 o Centro de e fatores de risco, e a caracterização do perfil epidemioló-
Informação e Assistência Toxicológica da Bahia (CIATox-BA/ gico fazem parte da construção da análise de situação de
Ciave) atendeu 1.626 casos de intoxicação por agrotóxicos saúde relativa da população. O conhecimento dos tipos de
de uso agrícola, o que correspondeu a 5,0% de todos os ingredientes e princípios ativos mais utilizados é importante
atendimentos da Unidade (Figura 13). Dos 1.626 casos, 91 para a busca de informações sobre suas características to-
evoluíram para óbito. Dentre todos os agentes causadores xicológicas, permitindo prever potenciais impactos à saúde,
de intoxicações agudas atendidos na rede de serviços de orientar o diagnóstico e manejo de casos e planejar as ne-
toxicologia no país, os agrotóxicos são aqueles que apresen- cessidades de organização da rede de atenção e vigilância
tam as maiores taxas de letalidade. nos territórios.
Tabela 8 - Óbitos por intoxicação por agrotóxicos, por macrorregião de saúde. Bahia, 2008 - 2018
Ano
Macrorregião de Saúde Total
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Centro-Leste 2 4 2 - 1 2 4 1 2 - 1 19
Centro-Norte 2 - - - - - - - - - - 2
Extremo Sul - 1 - 1 1 - 1 - - - - 4
Leste 11 5 16 21 17 13 14 12 9 7 3 128
Nordeste - - - - 2 - - 1 - - - 3
Norte - 1 - - - 2 - 1 - - 1 5
Oeste - - - 2 1 - - - - 2 1 6
Sudoeste 4 2 3 - 2 1 1 1 - - 4 18
Sul 2 1 2 2 1 1 - - - - 3 12
Ignorado - BA 2 - 1 - 1 2 1 1 - - - 8
Total 23 14 24 26 26 21 21 17 11 9 13 205
Fonte: Sesab/Suvisa/Divep/Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM.
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
27
É
importante ressaltar que a opção pelo fluxograma,
deu-se por esta ferramenta possibilitar a visualiza-
ção de todo o processo de trabalho, evitar comple-
xidades desnecessárias, identificar gargalos ou du-
plicidade de procedimentos. Os fluxogramas, com
seus respectivos descritores, além de simplificarem e racio-
nalizarem o trabalho, facilitam a compreensão, otimização e
melhoria da atuação das instituições. Dentre as formas de
fluxogramas foi escolhida a linear por essa forma exibir, por
meio de representação gráfica, a sequência de tarefas que
compõem o processo de trabalho no seu passo a passo.
Além de mostrar as etapas/atividades necessárias, essa fer-
ramenta também ajuda a identificar retrabalhos, redundân-
cias ou etapas desnecessárias.
28 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
Para que precisamos
de fluxogramas?
Os fluxogramas com seus respectivos descritivos foram ela- fluxogramas: Atenção Básica; Vigilância Epidemiológica e
borados visando orientar e racionalizar o trabalho das equipes Informação em Saúde; Vigilância Toxicológica Laboratorial –
de vigilância e da rede de atenção à saúde no SUS-BA. Para Agrotóxicos Inibidores de Colinesterase; Vigilância em Saúde
construção dos fluxogramas foram formados subgrupos den- Ambiental; Vigilância e Atenção em Saúde do Trabalhador e
tro do GT Agrotóxicos Sesab, por áreas de atuação, tanto das Unidade de Urgência e Emergência.
vigilâncias quanto da assistência. Durante o Curso Metodologia
Integrada para a Vigilância da Saúde de Populações Expostas Por questões didáticas e operacionais, os fluxogramas estão
a Agrotóxicos realizado em 2014, os fluxogramas foram revi- apresentados separadamente, porém, ressalta-se que os
sados e validados pelos participantes. processos de vigilância, monitoramento, investigação, inter-
venção, diagnóstico, cuidado e manejo das exposições e in-
Vale salientar que os fluxogramas apresentados aqui devem toxicações por agrotóxicos, na prática deve estar articulado,
ser adequados a cada realidade local segundo a sua organi- de modo a garantir a integralidade e a efetividade da atenção
zação e funcionamento. em saúde no território.
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
29
FLUXOGRAMA PARA ATENÇÃO INTEGRAL ATENÇÃO BÁSICA –
À SAÚDE DE POPULAÇÕES EXPOSTAS ATUAÇÃO NA
A AGROTÓXICOS COMUNIDADE
Incluir na cartografia do 2
território a análise da
Identificar parcerias: 3 situação de saúde de populações
• intra SUS (trabalhar expostas a agrotóxicos: identificar
integrado com a Visau) a situação de exposição das
populações, identificar o perfil
• intersetorial da comunidade, os grupos de
• comunidade/sociedade civil maior vulnerabilidade e identificar
problemas de saúde relacionados
ao uso de agrotóxicos
Marcar no Mapa de 4
Territorialização as
informações relacionadas a
agrotóxicos
Desenvolver ações de
promoção e prevenção 5
para a população exposta a
agrotóxicos
30 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
1. Atenção Básica
Descrição do Fluxograma para ATENÇÃO BÁSICA –
Atenção Integral à Saúde de Populações ATUAÇÃO NA
Expostas a Agrotóxicos COMUNIDADE
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
31
FLUXOGRAMA PARA ATENÇÃO INTEGRAL ATENÇÃO BÁSICA -
À SAÚDE DE POPULAÇÕES EXPOSTAS ATUAÇÃO NO
A AGROTÓXICOS DOMICILIO
Atuação da Atenção
1
Básica no domicilio
Visita domiciliar 2
Desenvolver
atividades
para família/ 4 3
Não
usuários não Usuário
expostos a exposto?
agrotóxicos Atendimento e
Sim acompanhamento
do paciente no
Orientar os membros da família quanto domicílio quando
aos sinais e sintomas e medidas de 5 ele estiver
proteção à saúde relacionados ao uso impossibilitado 7
e exposição a agrotóxicos de comparecer à
Unidade de Saúde
ou resistente
6 a atender às
Usuário tem Não
orientações do ACS
possibilidade de ir
até a UBS?
Encaminhar ao 9
Sim
Conselho Tutelar
8 Encaminhar à
Sim
Criança/adolescente Assistência Social 10
no trabalho? do município
Não
Encaminhar 11
Encaminhar usuário ao Nasf
exposto a agrotóxico 12
para Unidade de Saúde
32 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
1. Atenção Básica
Descrição do Fluxograma para ATENÇÃO BÁSICA -
Atenção Integral à Saúde de Populações ATUAÇÃO NO
Expostas a Agrotóxicos DOMICILIO
e medidas de proteção à saúde relacionadas ao uso e
1 Atuação da Atenção Básica no domicílio
exposição ao agrotóxico – As famílias devem ser orientadas
Dar-se-á por meio da visita domiciliar por parte da equipe. quanto aos sinais e sintomas de intoxicação por agrotóxico. Para
tal, a equipe deve buscar ampliar a autonomia desses sujeitos
2 Visita domiciliar (BRASIL, 2004), desenvolvendo ações que objetivem apropriar o
A visita domiciliar, enquanto atividade extra clínica das equipes usuário do conhecimento do processo saúde-doença, incluindo
multiprofissionais, promove uma visão ampliada do processo os fatores de risco e de proteção à saúde. A abordagem deve
saúde - doença, considerando que a presença do profissional no considerar tanto as diferenças sociais quanto as peculiaridades
âmbito familiar proporciona a percepção de como os indivíduos culturais.
adoecem e morrem, como vivem e relacionam-se entre si
(BRASIL, 2013). 6 Usuário tem possibilidade de ir até a UBS?
Na visita domiciliar se propõe realizar a Atenção Domiciliar que Identificar a existência ou não de limitações que possam impedir
se caracteriza como o conjunto de ações realizadas por uma a locomoção.
equipe multidisciplinar no domicilio do usuário - família, a partir do
diagnóstico da realidade em que está inserido, de seus potenciais
Atendimento e acompanhamento
e limitações. A equipe de saúde deve articular ações de promoção,
do paciente no domicílio quando ele estiver
prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação, favorecendo,
assim, o desenvolvimento e adaptação de suas funções de 7 impossibilitado de comparecer
à Unidade de Saúde ou resistente a atender
maneira a restabelecer a independência e a preservação da
às orientações do ACS
autonomia dos sujeitos (Caderno nº 17 de Saúde Bucal).
Devem ser previamente agendadas e realizadas pela equipe
3 Usuário exposto?
de saúde para o acompanhamento de: usuários acamados;
Após a visita domiciliar, o profissional classificará a família/ pacientes com deficiências motoras que os impeça de deslocar-
usuário como exposto e/ou não exposto. se até a Unidade de Saúde (BRASIL, 2013).
Família/usuário não exposto a agrotóxicos: quando o
organismo não entra em contato com os agrotóxicos. 8 Criança/adolescente no trabalho?
Família/usuário exposto: se existiu, existe ou existirá uma
O Estatuto da Criança e Adolescente no artigo 60 informa que
rota de exposição completa que ligue o contaminante de
“é proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de
interesse com a população receptora. Assim como quando
idade, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos”.
as superfícies externas ou internas do organismo entram
Contudo, no artigo 67, o estatuto destaca as condições em que
em contato com os agrotóxicos. É necessário considerar os
o trabalho não pode ser realizado pelo aprendiz: realização
fatores que condicionam a disponibilidade ou fração disponível
de trabalho noturno (entre 22h e 5h), do trabalho perigoso,
para absorção, como: dose, concentração, via de introdução,
insalubre ou penoso; do trabalho realizado em locais prejudiciais
frequência e duração (temporalidade) da exposição, propriedades
à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico,
físico-químicas e suscetibilidade da população exposta.
moral e social; e aquele realizado em horários e locais que não
Desenvolver atividades para família/usuários não permitam a frequência à escola. No capitulo V, prevê que a partir
4 expostos a agrotóxicos dos 16 anos, o trabalho é permitido, desde que garanta todos os
direitos trabalhistas e previdenciários.
Ações que possibilitem sensibilizar os usuários quanto aos riscos
de intoxicação por agrotóxico, promovendo a conscientização Nos casos de inserção de criança e adolescente no trabalho, que
crítica ambiental relacionada ao uso inadequado. não esteja de acordo com o previsto no Estatuto da Criança e
Adolescente, a equipe de saúde deve:
Orientar os membros da família quanto aos
5 sinais e sintomas e medidas de proteção à saúde Encaminhar ao Conselho Tutelar, ou
relacionadas ao uso e exposição a agrotóxicos
Encaminhar à Assistência Social do município, ou
Caso a família/usuário esteja exposto, realizar orientações
aos membros da família quanto aos sinais e sintomas Encaminhar ao Nasf.
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
33
Encaminhar ao Conselho
9 Tutelar
Encaminhar à Assistência
10 Social do município
Encaminhar usuário
12 exposto a agrotóxico
para Unidade de Saúde
34 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
1. Atenção Básica
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
35
FLUXOGRAMA PARA ATENÇÃO INTEGRAL ATENÇÃO BÁSICA -
À SAÚDE DE POPULAÇÕES EXPOSTAS ATUAÇÃO NA UNIDADE
A AGROTÓXICOS BÁSICA DE SAÚDE
C
Assistência na Unidade Básica de Saúde 1
Acolhimento/classificação de risco:
Identificar sinais e sintomas com situação de 2
exposição a agrotóxicos
Não 4
Não exposto com
sinais e sintomas 5 Usuário exposto?
Sim
Investigar outras 8
patologias 6 7 Não
Exames
Tem sinais e sintomas laboratoriais apresentam
de intoxicação? alterações? Não
Sim
Sim
Para os
trabalhadores Sim 10
celetistas e Relacionada ao
segurados 11 trabalho?
especiais,
emitir CAT
Não Acompanhar
e orientar o
usuário em
ações de 9
prevenção
Moderada Sim 12 relacionadas
14 a agrotóxicos
ou Grave Aguda?
36 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
1. Atenção Básica
Descrição do Fluxograma para ATENÇÃO BÁSICA -
Atenção Integral à Saúde de Populações ATUAÇÃO NA UNIDADE
Expostas a Agrotóxicos BÁSICA DE SAÚDE
Aplicar o Protocolo de Classificação de Risco do Estado da Bahia Sendo o usuário caracterizado como não exposto com sinais e
para intoxicação que é composto por quatro cores: VERMELHO sintomas este será encaminhado às rotinas da USB.
(emergência), AMARELO (urgência), VERDE (pouco urgente) e
AZUL (não urgente). 6 Investigar outras patologias
Observar que os grupos de maior vulnerabilidade (criança/ Além das rotinas da USB e fluxos de atendimento já
adolescente/gestante/idosos/doentes crônicos e alérgicos estabelecidos, a USB deverá realizar avaliação de outras
respiratórios) requerem uma atenção especial e direcionada. patologias.
OBS: Nos casos de sinais e sintomas de intoxicação aguda, seja
leve, grave ou moderada, em que o usuário não tenha documento 7 Tem sinais e sintomas de intoxicação?
de identificação, este fato não deverá ser obstáculo para o pronto Observar se o usuário apresenta sinais e sintomas de
atendimento. intoxicação.
Preencher a Ficha de Intoxicação Exógena do Sinan
3 e proceder à notificação no sistema 8 Exames laboratoriais apresentam alterações?
As unidades de saúde que acolherem/atenderem o (os) Sendo usuário caracterizado como exposto sem sinais e sintomas
usuário(s) com suspeita de intoxicação por agrotóxicos de intoxicação será encaminhado para consulta médica para
deverão preencher a Ficha de Intoxicação Exógena (Anexo III) e solicitação de exames laboratoriais, como: hemograma completo,
providenciar o registro no Sinan. com contagem de reticulócitos, bioquímicos (ureia, creatinina,
proteínas totais e frações), eletroforese das globulinas, bilirrubinas
4 Usuário exposto totais e frações, fosfatase alcalina, TGO, TGP, Gama-GT, TSH,
T3, T4, glicemia de jejum), dosagem de colinesterase plasmática,
Conforme as informações colhidas, o usuário será classificado
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
37
quando da suspeita de intoxicação aguda por agrotóxicos do os agrotóxicos. Tal exposição geralmente é única e ocorre num
grupo dos organofosforados e/ou carbamatos, dosagem de período de até 24 horas, acarretando efeitos rápidos sobre a
acetilcolinesterase eritrocitária, quando a suspeita de intoxicação saúde. Neste contexto, o estabelecimento da associação causa/
crônica por agrotóxicos do grupo dos organofosforados e/ou efeito encontra-se facilitado.
carbamatos, exame de urina de rotina. Avaliar se os exames
laboratoriais apresentam alterações. 13 Leve
Outros procedimentos propedêuticos devem ser realizados
Se a intoxicação for aguda, avaliar se LEVE: Quadro clínico
de acordo com o quadro clínico, inclusive encaminhamento
que pode ser caracterizado por cefaleia, irritação cutâneo
ao serviço especializado, a exemplo: teste de contato quando
mucosa, dermatite de contato irritativa ou por hipersensibilização,
houver suspeita clínica de dermatite de contato por sensibilização
náusea e discreta tontura.
provocada por substâncias dos grupos dos agrotóxicos.
Ressalte-se também que diante de um quadro de intoxicação
Acompanhar e orientar o usuário em ações de
9 prevenção relacionadas a agrotóxicos
aguda podem estar presentes sinais e/ou sintomas relativos à
intoxicação crônica. Portanto, é necessário que o paciente com
Usuários com exames sem alterações deverão ser encaminhados quadro de intoxicação aguda seja também avaliado quanto a
às rotinas da UBS, para serem orientados quanto à possibilidade de apresentar intoxicação crônica, sempre a luz da
importância dos prazos de retorno para consultas e história de exposição.
exames, e onde serão desenvolvidas ações de educação
em saúde e prevenção relacionadas a agrotóxicos. 14 Moderada ou grave
Periodicamente, pelo menos uma vez ao ano ou a depender
da intensidade da exposição, deverão ser realizadas consultas Se a intoxicação for aguda, avaliar se MODERADA OU GRAVE:
clínicas para verificar manifestações de saúde relacionadas à
INTOXICAÇÃO AGUDA MODERADA: quadro clínico que pode
exposição aos agrotóxicos.
ser caracterizado por cefaleia intensa, náuseas, vômitos, cólicas
abdominais, tontura mais intensa, fraqueza generalizada,
10 Relacionada ao trabalho?
parestesia, dispneia, salivação e sudorese aumentadas.
Caso o usuário apresente sinais e sintomas e/ou apresente
INTOXICAÇÃO AGUDA GRAVE: quadro clínico grave que pode
resultados laboratoriais alterados, deve-se perguntar se a
ser caracterizado por miose, hipotensão, arritmias cardíacas,
exposição está relacionada ao trabalho.
insuficiência respiratória, edema agudo de pulmão, pneumonite
Para os trabalhadores celetistas e segurados química, convulsões, alterações da consciência, choque, coma,
11 especiais, emitir CAT podendo evoluir para óbito.
38 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
1. Atenção Básica
19 Intoxicação crônica Acompanhar o usuário na Unidade e, se necessário,
20 encaminha-lo à rede especializada do SUS, para
São alterações no estado de saúde de um indivíduo ou de um exames complementares
grupo de pessoas que também resultam da interação nociva de
uma substância com o organismo vivo. Aqui, porém, os efeitos Os casos de intoxicação aguda leve e crônica deverão ser
danosos sobre a saúde humana, incluindo a acumulação de acompanhados na UBS, e, se necessário, encaminhados
danos genéticos, surgem no decorrer de repetidas exposições para a rede especializada do SUS, com vista à realização
ao toxicante, que normalmente ocorrem durante longos períodos de exames complementares.
de tempo. Nessas condições os quadros clínicos são indefinidos,
confusos e muitas vezes irreversíveis. A intoxicação crônica
Acompanhar o usuário no domicílio, caso
manifesta-se por meio de inúmeras patologias que atingem 21 necessário
vários órgãos e sistemas, com destaque para os problemas
imunológicos, hematológicos, hepáticos, neurológicos,
Os profissionais de saúde deverão acompanhar o usuário no
malformações congênitas e tumores. Estabelecer relações de
domicílio caso este esteja impossibilitado de comparecer à
determinação entre tais problemas de saúde e exposição a
Unidade.
agrotóxicos exige qualificação da equipe de saúde responsável,
em especial do médico. Muitas vezes é necessária a avaliação de
especialistas.
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
39
FLUXOGRAMA PARA ATENÇÃO INTEGRAL VIGILÂNCIA
À SAÚDE DE POPULAÇÕES EXPOSTAS A EPIDEMIOLÓGICA E
AGROTÓXICOS INFORMAÇÃO EM SAÚDE
Informação/Comunicação de situação
de exposição ou população/indivíduo 1
contaminada por agrotóxico
Acolher/atender o
Receber a informação/denúncia 2 usuário – Assistência à Saúde 3
Sim
Realizar a crítica da
notificação no Sistema Sinan 10
Caso Não
confirmado após 11
investigação?
Sim
40 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
2. Vigilância Epidemiológica e Informação em Saúde
Descrição do Fluxograma para Atenção VIGILÂNCIA
Integral à Saúde de Populações EPIDEMIOLÓGICA E
Expostas a Agrotóxicos INFORMAÇÃO EM SAÚDE
A Vigilância em Saúde (Visau) recebe, acolhe e investiga se a Incluir a ficha no Módulo Individual
situação informada/comunicada trata-se de um caso suspeito de 9 ou Módulo Surto no Sinan
intoxicação por agrotóxicos.
A notificação deverá ser feita no Sinan, semanalmente,
3 Acolher/atender o usuário – Assistência à Saúde comunicando o caso aos Setores de Vigilância em Saúde
o mais rápido possível, de modo a permitir a investigação
Os Estabelecimentos de Saúde – Unidades Básicas de Saúde das circunstâncias de ocorrência e adoção de medidas de
(UBS), Unidades de Pronto Atendimento (UPA), hospitais, intervenção, prevenção e controle. Se for caso individual, inserir
clínicas, entre outros e o Centro de Informação e Assistência no Sinan no Módulo Individual e se tratando de surto, inserir no
Toxicológica da Bahia (CIATox-BA/Ciave) acolhem e atendem Módulo Surto. Se o estabelecimento de saúde não tiver o sistema
o usuário definindo se é caso suspeito de intoxicação por instalado, encaminhar aos serviços responsáveis pela informação
agrotóxicos através dos critérios clínico-epidemiológicos. ou à Vigilância Epidemiológica das secretarias municipais de
saúde, que procederão ao registro do caso no Sinan. Caso
4 Caso suspeito de intoxicação por agrotóxicos?
contrário, realizar o registro no Sinan na própria Unidade.
Utilizar a definição da Ficha de Intoxicação Exógena: “todo aquele
indivíduo que, tendo sido exposto a agrotóxicos, apresente sinais Realizar a crítica da notificação
e sintomas clínicos de intoxicação e/ou alterações laboratoriais 10 no Sistema Sinan
provavelmente ou possivelmente compatíveis”.
Para que as informações possam ser utilizadas no planejamento
Retornar a informação/comunicação para e na avaliação das ações de saúde, a boa qualidade do banco
5 o veículo informante/ Unidade de Saúde de origem de dados é de fundamental importância. O responsável pela
Vigilância Epidemiológica nas unidades notificadoras e nas
Concluído que não é caso de intoxicação por agrotóxicos,
Secretarias Municipais de Saúde, assim como os Núcleos
informar ao meio denunciante o resultado da investigação.
Hospitalares de Epidemiologia (NHE), deverão manter avaliação
6 Caso Individual? sistemática da qualidade do preenchimento das fichas, bem
como de sua digitação. Fichas com muitos campos em
Cada indivíduo terá a sua notificação e investigação do caso branco, erros de digitação, duplicidade de registro devem
inseridas no sistema. ser permanentemente monitoradas. As áreas de Vigilância
Epidemiológica (Viep) e os Núcleos Hospitalares de Epidemiologia
Preencher a Ficha de Notificação/Investigação
7 de Surto e sua planilha de acompanhamento
(NHE) devem trabalhar articulados para procederem a
essa crítica. Se necessário, retornar ao local de origem das
Após suspeita de ocorrência de surto por intoxicação por informações para complementar os dados.
agrotóxicos, determinada pela Vigilância Epidemiológica,
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
41
11 Caso confirmado após a investigação?
17 Complementar a Ficha de Investigação de
Intoxicação Exógena no Sinan
A investigação deverá ser realizada para confirmação, ou não,
Complementar os campos da ficha de investigação com os dados
do caso suspeito e das circunstâncias de ocorrência. A Ficha de
obtidos, principalmente o campo Evolução do Caso, e proceder
Investigação deverá ser complementada e atualizada no Sinan. As
ao encerramento do caso no Sinan.
áreas de Assistência à Saúde (Atenção Básica; Especializada de
Média e Alta Complexidade) e de Visau (Vigilância Epidemiológica,
Vigilância em Saúde Ambiental, Vigilância da Saúde do 18 Caso notificado apenas no Sinan
Trabalhador e Vigilância Sanitária) deverão realizar a investigação Quando o caso evolui para óbito e a notificação consta apenas
clínica, epidemiológica e das circunstâncias de ocorrência de no Sistema de Informação de Agravos de Notificação.
forma articulada. A confirmação do caso de intoxicação por
agrotóxicos é feita por critério clínico-epidemiológico, podendo
Realizar busca ativa para
ou não haver exame laboratorial. Na existência de histórico de 19 captação do óbito
exposição com clínica compatível, confirma-se o caso.
Quando o óbito não se encontra na base de dados do Sistema
12 Evoluiu para óbito? de Informação sobre Mortalidade – SIM, a equipe de vigilância
do óbito (VIEP e/ou Gestão da Informação) deverá realizar a
Identificar o preenchimento, na Ficha de Notificação do Sinan, do
busca ativa do mesmo no Instituto Médico Legal – IML (CAUSA
campo Evolução do Caso.
EXTERNA), nos estabelecimentos de saúde, cartórios, funerárias
Caso registrado em conformidade e cemitérios para incluir a DO no SIM.
13 no SIM e no Sinan?
Causa de morte relacionada à intoxicação Caso o óbito esteja registrado no Cartório sem emissão de
15 por agrotóxico? DO (caso excepcional), o técnico da Vigilância do Óbito e/ou
investigador, deverá realizar a transcrição dos dados contidos no
Campo importante a ser analisado, pois irá subsidiar a
livro de registro do Cartório de Registro Civil, de forma legível, e
confirmação, ou não, de caso de intoxicação por agrotóxicos.
assinar, com o nome por extenso e com letra legível, incluir no
Realizar a investigação do óbito para possível SIM e proceder à investigação do óbito. A DO, nesse caso, não
16 alteração das causas do óbito tem finalidade legal.
42 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
2. Vigilância Epidemiológica e de Sistema de Informação em Saúde
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
43
3. Vigilância
FLUXOGRAMA PARA ATENÇÃO VIGILÂNCIA TOXICOLÓGICA
INTEGRAL À SAÚDE DE POPULAÇÕES LABORATORIAL – AGROTÓXICOS
EXPOSTAS A AGROTÓXICOS INIBIDORES DE COLINESTERASE
População em geral
com acesso à Unidade 1
de Saúde municipal ou
estadual
2
Não Avaliação 3
Exposição a clínica
organofosforado e/ou
carbamato?
Sim
4 Coleta de
É Agente de Não amostra
Controle de conforme 5
Endemias? orientação
do Lacen
Coleta de
amostra Sim
conforme 5
orientação
do Lacen
6
Não Envio de
A Regional possui amostra 7 Envio de
LMRR? ao NRS amostra 8
ao Lacen
Sim
9
Não
LMRR realiza dosagem
de colinesterase?
Sim
Os resultados
são acessíveis
às Unidades de 12
Saúde através
do WebLaudo
LEGENDA:
NRS – Núcleo Regional de Saúde
LMRR – Laboratório Municipal de Referência Regional
Lacen – Laboratório Central de Saúde Pública Professor Gonçalo Moniz
GAL – Gerenciador de Ambiente Laboratorial
44 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
Toxicológica Laboratorial – Agrotóxicos Inibidores de Colinesterase
Descrição do Fluxograma para VIGILÂNCIA TOXICOLÓGICA
Atenção Integral à Saúde de LABORATORIAL – AGROTÓXICOS
Populações Expostas a Agrotóxicos INIBIDORES DE COLINESTERASE
(ACOMPANHAMENTO OBRIGATÓRIO DAS AMOSTRAS). Na
População em geral com acesso à Unidade de
1 Saúde municipal ou estadual
planilha devem constar as seguintes informações:
Relação dos pacientes que estão enviando amostras;
População em geral que apresenta sinais e/ou sintomas que Data da coleta da amostra;
podem estar associados à intoxicação por agrotóxicos buscam as Número da identidade do paciente;
Unidades de Saúde da própria Secretaria municipal ou do estado Data de nascimento do paciente;
para realizarem atendimento pelo SUS. Tempo de exposição/contato com inseticida;
Uso de EPI (quais?);
2 Exposição a organofosforado e/ou carbamato? Contato com inseticida (qual?);
Existência de doença crônica (qual?);
Nas Unidades de Saúde é verificada a ocorrência ou não de
Uso de medicamentos (quais?).
exposição a organofosforados e/ou carbamatos durante o
atendimento, com base nos relatos do paciente e avaliação do Amostra Biológica: Alíquota de Soro.
profissional de saúde. Preparo prévio do paciente: jejum de pelo menos 4 horas.
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
45
3. Vigilância
6 A Regional possui LMRR?
12
Os resultados são acessíveis às Unidades de Saúde
através do WebLaudo
O Laboratório Municipal de Referência Regional (LMRR) recebe
amostras para analisar a colinesterase plasmática ou, quando As unidades de saúde, após se cadastrarem junto ao
não tem condições de analisar, encaminha ao Lacen/BA. São departamento de informática do Lacen, recebem uma senha
12 LMRR: Bom Jesus da Lapa, Guanambi, Brumado, Vitória da que possibilita o acesso ao WebLaudo. No caso dos agentes
Conquista, Porto Seguro, Teixeira de Freitas, Jequié, Serrinha, de controle de endemias, as coordenações epidemiológicas
Paulo Afonso, Senhor do Bonfim, Ibotirama e Salvador. dos municípios devem se cadastrar para acessar os resultados,
já que se trata de exames periódicos. No WebLaudo consta
7 Envio de amostra ao NRS também as orientações quanto as condutas a serem adotadas
O envio de amostras dos municípios ao Lacen/BA é feito através frente aos resultados das dosagens dos agentes de controle
dos Núcleos Regionais de Saúde (NRS), que são divididos de endemias por se tratar de um monitoramento de saúde do
em nove macrorregiões: Leste, Nordeste, Sul, Extremo Sul, trabalhador (Nota Técnica nº 07/2017 – Divep/Lacen/Divast/
Centro-Leste, Centro-Norte, Norte, Oeste e Sudeste. Os Núcleos Suvisa/Sesab).
Regionais de Saúde (NRS) têm a finalidade de acompanhar as
atividades de regulação e de vigilância sanitária, bem como as
ações relativas à Coordenação de Monitoramento de Prestação
de Serviços de Saúde, à Central de Aquisições e Contratações
da Saúde e à Corregedoria da Saúde, contribuindo para o
fortalecimento da gestão junto aos municípios. (Lei n° 13.204 de
11 de dezembro de 2014).
46 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
Toxicológica Laboratorial – Agrotóxicos Inibidores de Colinesterase
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
47
FLUXOGRAMA PARA ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE VIGILÂNCIA EM
DE POPULAÇÕES EXPOSTAS A AGROTÓXICOS SAÚDE AMBIENTAL
Informação/Comunicação
de situação de exposição 1
ou contaminação de
populações a agrotóxicos
Demanda 2 Rotina 7
externa
Reconhecimento das
Realizar 3 características do território
triagem 8
e eleição de áreas e
populações prioritárias
4
Enviar para Não Levantar dados com
instância 5 É competência órgãos inter/intrassetorial 9
responsável da VSA? e populações expostas
Sim
Mapear 10
6 áreas
Sim
Intoxicação por
agrotóxicos?
Diagnóstico da 11
Não situação de saúde
Preencher
ficha de campo e alimentar 14
o SISSOLO e o SISAGUA
48 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
4. Vigilância em Saúde Ambiental – VSA
Descrição do Fluxograma para Atenção Integral VIGILÂNCIA EM
à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos SAÚDE AMBIENTAL
saúde por meio de ações integradas de assistência e vigilância
Informação/Comunicação de situação de exposição
1 ou contaminação de populações a agrotóxicos em saúde, realizam a identificação e o monitoramento de
indivíduos expostos, incluindo trabalhadores, numa população de
A atuação da Vigilância em Saúde Ambiental na temática dos determinado território.
agrotóxicos poderá ocorrer a partir das seguintes situações:
Reconhecimento das características do território e
a) Por meio dos canais de informação/comunicação e mídias,
dados dos sistemas de informação em saúde, denúncias
8 eleição de áreas e populações prioritárias
(Demanda externa). A Vigilância em Saúde Ambiental deverá proceder o
b) Execução de ações programadas em vigilância em saúde reconhecimento do território identificando atividades produtivas
ambiental (Rotina). com uso intensivo de agrotóxicos, populações expostas, rotas
de exposição e mecanismo de transporte que justifiquem uma
2 Demanda externa priorização para o planejamento e execução de ações.
A Vigilância em Saúde Ambiental deverá acolher a informação/ É importante realizar levantamento de campo, caracterizar a área
comunicação e proceder à investigação. agrícola, tipos de propriedades, tipos de cultivo ou produção
(monocultura, consorciadas, agricultura familiar etc.), culturas
3 Realizar triagem produzidas (temporárias e permanentes), recursos naturais
A Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) deverá verificar se a utilizados, trabalhadores envolvidos no processo de produção
situação informada/comunicada é de sua competência. (relação de trabalho, atividades exercidas etc.).
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
49
Realizar ação conjunta intra/intersetorialmente
13 para desenvolvimento de ações de atenção
integral à saúde
50 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
4. Vigilância em Saúde Ambiental
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
51
Descrição do Fluxograma para Atenção VIGILÂNCIA E
Integral à Saúde de Populações Expostas a ATENÇÃO EM SAÚDE
Agrotóxicos DO TRABALHADOR
Sim 3 Não
Necessita avaliação
clínica?
Rede de Vigilância
Rede de Assitência à Saúde 17 em Saúde 4
Acolhimento, atendimento e
investigação clinico-diagnóstica 18
Vigilância da Saúde do Trabalhador 5
Realizar interconsulta com o
CIATox/Ciave pelo 0800 284 4343 19
21 Monitora sistemas
Não de informações
Necessita avaliação Inspeção nos (SIM, Sinan,
Reencaminha especializada? ambientes
8 SIH) e outras 12
o trabalhador e processos fontes (mídias,
para a AB, de trabalho
orienta e dá 32 jornais)
Sim
apoio técnico
ao município
22 Elabora
Analisa
Não Atendimento Sim situação de
Requer em outra relatórios e emite
avaliação especializada saúde de
unidade 25 notificações,
Registro no
em saúde do com 9 população 13
SIA/SUS, especializada 27 potencialmente
encerra caso trabalhador? de saúde recomendações
31 Necessita exposta no
no Sinan e de medidas território
emite CAT, se inspeção ou de proteção e
for o caso Sim investigação prevenção
no local de
trabalho?
23 Investiga casos
Não de surto, notifica
Relatório Região Acionar no Sinan e, se
clínico com de Saúde tem Visau (ST) 26 Não Acompanha a óbito, registra 14
parecer 30 Cerest? implantação
10 no SIM, articula-se
diagnóstico das medidas com IML
(nexo causal) recomendadas
Sim
52 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
5. Vigilância e Atenção em Saúde do Trabalhador
Descrição do Fluxograma para Atenção VIGILÂNCIA E
Integral à Saúde de Populações Expostas a ATENÇÃO EM SAÚDE
Agrotóxicos DO TRABALHADOR
riscos e agravos relacionados ao trabalho, contidas nos principais
Informação/Comunicação de situação de exposição
1 ou contaminação de trabalhador por agrotóxico sistemas de informações de interesse à saúde do trabalhador,
construção da análise e vigilância de situação de saúde do
O desencadeamento de ações de vigilância e atenção à saúde
trabalhador, com objetivo de estabelecer prioridades para
de população de trabalhadores expostos a agrotóxicos poderá
intervenção a partir da identificação de situações de risco, de
ocorrer a partir das seguintes situações:
vulnerabilidade ou de impacto à saúde dos trabalhadores que
a) identificação de atividade produtiva com exposição a agrotóxicos representa um problema coletivo.
no território de atuação da equipe de saúde a partir do planejamento
ou análise de situação de saúde do trabalhador no território; 8 Inspeção nos ambientes e processos de trabalho
b) identificação a partir de inspeção ou denúncia de uso ou de As inspeções dos ambientes e processos do trabalho onde
situação de contaminação por agrotóxico em alguma área, em há exposição potencial a agrotóxicos deverão ser realizadas
grupo de trabalhadores ou ambiente de trabalho específico; rotineiramente, a partir do mapeamento das atividades produtivas
c) busca ou demanda de trabalhador(a) com problema de saúde no território, e também quando houver demanda das instâncias
e suspeita de intoxicação por agrotóxico em algum ponto da rede da rede SUS (Rede Básica de Saúde, Urgência/Emergência,
de saúde. Rede Especializada) e de trabalhadores, suas representações
e movimentos sociais. Essas ações devem ser planejadas,
2 Rede de Atenção Integral à Saúde acompanhadas e avaliadas em todo seu processo e ao longo do
Identificada e avaliada a situação, podem ser desenvolvidas tempo. Mais detalhes da metodologia para inspeção podem ser
ações nas Redes de Vigilância em Saúde e/ou ações nas Redes encontrados nas Orientações Técnicas para Ações de Vigilância
de Assistência à Saúde. de Ambientes e Processos de Trabalho Agrícola (BAHIA, 2013).
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
53
Analisa situação de saúde de população intoxicação por agrotóxico; compreendendo anamnese clínica e
13 potencialmente exposta no território ocupacional, exame físico; se necessário, solicitação de exames
complementares e encaminhamentos para rede especializada; o
Compreende a análise da situação de saúde identificando e
médico faz uma análise composta do quadro clínico do paciente
analisando os fatores e situações de risco nos ambientes e
(que problemas de saúde ele sofreu ou desenvolveu) e pela
processos de trabalho, intervindo nos fatores determinantes dos
avaliação da sua história ocupacional e ambiental.
riscos e agravos à saúde do trabalhador.
Realizar interconsulta com o CIATox/Ciave
14 Investiga casos e surtos, notifica no Sinan e, 19 pelo 0800 284 4343
se óbito, registra no SIM e articula-se com IML
No caso de intoxicação aguda leve, moderada ou grave,
Realizar a investigação de casos e surtos ocorridos seguida
deverá ser realizada interconsulta com o CIATox/Ciave
da notificação no Sinan e após analisados, verificar os casos
pelo 0800 284 4343.
suspeitos e confirmados.
Preencher a Ficha de Intoxicação Exógena e
Em caso de óbito faz-se o registro no SIM; articula-se com IML, 20 proceder à notificação no Sinan.
órgão responsável pela realização de necropsia nos casos de
morte por causas externas. A primeira Unidade de Saúde que atender o trabalhador e identificar
que se trata de um caso suspeito de intoxicação por agrotóxico
Elabora e divulga relatórios e
15 informes epidemiológicos
deve notificar o caso no Sinan como suspeito. Se a unidade
recebeu a pessoa encaminhada ou vinda de outra unidade, deve
A equipe deverá elaborar relatórios e informes epidemiológicos perguntar ou verificar se já existe registro do caso no Sinan. Se a
para divulgar as ações desenvolvidas e a situação de saúde de unidade anterior fez a notificação, prosseguir na avaliação clínico-
população exposta a agrotóxicos. epidemiológica, avaliando a necessidade ou não de encaminhar
Desenvolve intervenções de forma articulada para unidade especializada a fim de concluir o diagnóstico.
com as outras vigilâncias, instituições Caso não identifique o registro no Sinan ou na dúvida se isso
16 governamentais envolvidas e movimentos sociais foi feito, notificar como caso suspeito ou confirmado, seguindo
(sindicatos, associações, ONG)
orientações da ficha de notificação. Após, prosseguir na
É de fundamental importância envolver as demais áreas da avaliação clínico-epidemiológica, avaliando a necessidade ou não
Vigilância em Saúde (Vigilância Epidemiológica, Vigilância de encaminhar para unidade especializada, a fim de concluir o
Sanitária, Vigilância Laboratorial, Vigilância em Saúde Ambiental) e diagnóstico.
da assistência (Atenção Básica, Urgência/Emergência, Ciave), bem
como outras instâncias setoriais (ambiente, trabalho, educação, 21 Necessita avaliação especializada?
agricultura), além da participação efetiva dos trabalhadores e suas Considerando a diversidade de produtos agrotóxicos e misturas
representações em todas as etapas do processo. utilizadas, com variados efeitos à saúde, alguns casos poderão
necessitar de avaliação especializada, a exemplo de dermatologista,
17 Rede de Assistência à Saúde
neurologista, pneumologista, hepatologista, oncologista, entre
Frequentemente, a partir das ações de vigilância em saúde outras. Se for necessário avaliação ou atendimento especializado, a
identifica-se a necessidade de encaminhar pessoas para unidade de origem deve encaminhar o trabalhador para a Unidade
avaliação clínica e cuidado na rede assistencial. Por outro lado, da Rede Especializada existente na região de saúde, explicitando a
as pessoas com suspeita de intoxicação podem dar entrada em suspeita diagnóstica e o motivo do encaminhamento (relatório/ficha
primeiro lugar pela rede assistencial; nesses casos, a Unidade de referência e contra-referência).
de Saúde deve sempre comunicar o caso, encaminhar e/ou
Requer avaliação especializada
articular-se com a vigilância em saúde para o desencadeamento 22 em saúde do trabalhador?
das ações pertinentes.
A depender da complexidade clínica do caso ou das
As principais portas de entrada da atenção-cuidado à Saúde
circunstâncias de exposição e/ou contaminação por agrotóxico,
do Trabalhador com suspeita de intoxicação por agrotóxico
a equipe deverá decidir se é necessário apoio ou avaliação
são as unidades de Urgência/Emergência, unidades da Rede
especializada de Saúde do Trabalhador.
Especializada e as unidades de Atenção Básica. A atenção
especializada ao trabalhador pode ocorrer nos Centros de 23 Região de Saúde tem Cerest?
Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) ou em outras
Se for necessário apoio ou avaliação especializada de saúde
unidades de atenção especializada.
do trabalhador duas situações serão consideradas: 1) Se a
Acolhimento, atendimento e Região de Saúde conta com a retaguarda de um Centro de
18 investigação clínico-diagnóstica Referência Regional em Saúde do Trabalhador (Cerest): nesse
O trabalhador será atendido para realização da investigação caso, a equipe do Cerest deverá ser acionada para prestar apoio
diagnóstica da suspeita de intoxicação por agrotóxicos com matricial ou o trabalhador deverá ser encaminhado ao Cerest
anamnese clínica para definir se é de fato um caso suspeito de com a ficha de referência e contra-referência. 2) Se a Região
54 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
5. Vigilância e Atenção em Saúde do Trabalhador
de Saúde não tiver Cerest, recomenda-se acionar a Vigilância demais setores da Visau; os resultados dessa inspeção devem ser
em Saúde da Secretaria de Saúde do Município. Em casos mais encaminhados por meio de relatórios para subsidiar o diagnóstico
complexos, poderá ser acionado o técnico de referência em do caso e a devida intervenção sanitária conforme a situação
saúde do trabalhador do Núcleo Regional de Saúde. específica. Caso não seja identificada a relação com o trabalho,
encerra-se o caso no Sinan.
Cerest: acolhimento, atendimento e
24 investigação clínico-diagnóstica; apoio matricial
29 Encerra o caso no Sinan
Sempre que necessário, a unidade de atendimento inicial deverá
No caso de não haver relação com o trabalho, após investigação,
acionar a equipe do Cerest para auxiliar na investigação clínica
encerra-se o caso no Sinan.
do caso e/ou no esclarecimento da situação de exposição e
circunstâncias de ocorrência do acidente e/ou contaminação por Após investigação de um caso suspeito de intoxicação
agrotóxicos. Preferencialmente, a equipe do Cerest deverá prestar por agrotóxicos, o encerramento do caso no Sinan poderá
o apoio técnico (apoio matricial) discutindo o caso e/ou atendendo compreender uma das seguintes conclusões:
junto com a equipe de atenção básica (ou especializada, ou da não é um caso de intoxicação = conclui-se como CASO
urgência/emergência). Se isso não for possível, a unidade de DESCARTADO
origem encaminhará o próprio trabalhador. No Cerest, o médico é um caso de intoxicação, mas não por agrotóxico
deverá realizar a investigação diagnóstica da suspeita de intoxicação = CONFIRMA CASO POR OUTRO AGENTE TÓXICO
por agrotóxicos, com anamnese clínica e ocupacional, exame físico, (especificando qual, conforme ficha do Sinan)
solicitação de exames complementares e encaminhamentos para é um caso de intoxicação por agrotóxico, de circunstância
rede especializada, se necessário. O diagnóstico e estabelecimento não ocupacional = CONFIRMA CASO DE INTOXICAÇÃO
da relação com o trabalho é feito mediante critério clínico POR AGROTÓXICO, especificando a outra circunstância não
epidemiológico, que inclui avaliação da história ocupacional e ocupacional
ambiental, com emissão de relatório de conclusão do caso. Em
é um caso de intoxicação por agrotóxico, de circunstância
alguns casos, será necessário realizar inspeção no ambiente de
ocupacional = CONFIRMA CASO DE INTOXICAÇÃO POR
trabalho para concluir a avaliação diagnóstica.
AGROTÓXICO RELACIONADO AO TRABALHO; nesse caso,
Atendimento em outra Unidade segue o fluxo.
25 Especializada de Saúde caso inconcluso – não foi possível confirmar nem descartar
Tanto a Unidade Básica, quanto o Cerest, poderá encaminhar o caso; necessita continuar acompanhamento; mantém
o paciente para outra unidade especializada de saúde para notificação no Sinan.
auxílio diagnóstico ou manejo e tratamento do caso. Esse
Relatório clínico com parecer diagnóstico
encaminhamento deve ser feito mediante procedimento 30 (nexo causal)
regular de referência e contra-referência, retornando sempre
Se após a investigação for confirmada a relação com o trabalho,
acompanhado de relatório médico com o resultado da avaliação.
elaborar relatório com parecer diagnóstico (nexo causal) baseado
26 Acionar a Visau (ST) em critério clínico-epidemiológico e também no resultado da
inspeção no local de trabalho, caso tenha sido realizada.
Nas regiões em que não há Cerest, acionar o apoio da Vigilância em
Saúde e/ou da Vigilância em Saúde do Trabalhador do Município. Registra no SIA/SUS, encerra caso no Sinan
31 e emite CAT, se for o caso
Necessita de inspeção ou investigação
27 no local de trabalho? Registra o procedimento assistencial e de investigação de caso
no SIA/SUS, alimentando a base de dados, e encerra o caso
Nos casos em que há suspeita de relação entre a doença e o no Sinan como confirmado e relacionado ao trabalho. No caso
ambiente de trabalho, o Cerest realiza a inspeção (de forma de trabalhadores formais, solicitar à empresa a emissão de
integrada) e os resultados devem ser encaminhados por meio de Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT); na recusa da
relatórios para subsidiar o diagnóstico da situação. Caso não seja empresa, emitir a CAT; orientar quanto aos direitos e procedimentos
necessária a investigação, elaborar relatório de conclusão do caso. trabalhistas e previdenciários. Alguns casos poderão permanecer
28 Há relação entre doença e trabalho? como inconclusos, devendo continuar a ser acompanhados.
Realizada a investigação diagnóstica a partir da análise do quadro Reencaminha o trabalhador para a Atenção
clínico e investigação da história ocupacional do paciente, verificar
32 Básica, orienta e dá apoio técnico ao município
se há relação entre o adoecimento e o trabalho. Se houver Uma vez concluída a avaliação, reencaminha o usuário para a
suspeita de relação com o trabalho, ou se for uma situação de Atenção Básica com cópia do relatório de conclusão do caso, com
contaminação ambiental que envolva estabelecimento produtivo orientações quanto a tratamento, afastamento, cuidado e medidas
específico, a equipe de Vigilância em Saúde do Município (Visau, de proteção à saúde. Orienta os municípios e disponibiliza apoio
Visat e/ou Cerest) deverá realizar inspeção no ambiente e matricial às unidades de assistência em relação às medidas de
processo de trabalho, preferencialmente de forma integrada com prevenção e ações de educação em saúde.
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
55
FLUXOGRAMA PARA ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE UNIDADE DE
DE POPULAÇÕES EXPOSTAS A AGROTÓXICOS URGÊNCIA/EMERGÊNCIA
Acolhimento com
classificação de risco 1
2
Repercussão Sim
cardiorespiratória ou
hemodinâmica?
Não
3
Necessidade Sim Descontaminação
de descontaminação cutânea 4
cutânea e/ou e/ou ocular
ocular?
Não
Apoio técnico do
6 CIATox/Ciave* Avaliação clínica 5
0800 284 4343
9
Sim Não
7
Paciente Exames complementares
assintomático Paciente
e observação clínica sintomático?
e exames por, no mínimo, 6 horas
normais? (exceto por caso de 8
paraquate, que deverá Sim
ser por, no mínimo,
48 horas)
Não Identificação
do tipo de 10
intoxicação
Aguda moderada
Aguda leve 11 ou grave 14
13 Não
Sim Não
Paciente
estável? 17 Encaminhamento ao IML
Sim informando caso suspeito
Evoluiu para ou confirmado de 18
óbito? contaminação por agrotóxico
Não
Regulação 20
19 Sim
Necessidade de
internação?
21 Não
Não Aguardar
Existe leito
vaga 22
disponível?
Exames complementares e observação clínica por,
no mínimo, 6 horas (exceto no caso de paraquate, 8 Sim
que deverá ser por, no mínimo, 48 horas)
Encaminhar o paciente
para internação 23
Alta e encaminhamento para Atenção Básica
e unidade especializada, se necessário 24
56 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
6. Unidade de Urgência/Emergência
Descrição do Fluxograma para UNIDADE DE
Atenção Integral à Saúde de Populações URGÊNCIA/
Expostas a Agrotóxicos EMERGÊNCIA
Todos os casos de exposição aguda devem ser avaliados Realizar anamnese e exame físico cuidadosos, verificando
clinicamente, pois a intoxicação aguda pode se manifestar tanto se o paciente apresenta distúrbios que representem risco
de forma súbita como em alguns minutos, horas e até por um de morte iminente e procurar corrigi-los: a)Respiratórios:
período de duas semanas após a exposição. Pode, ainda, ocorrer obstrução das vias aéreas, apneia, frequência respiratória,
de uma só vez ou até por repetidas vezes, dependendo da via de estertores; b) Cardiocirculatórios: pressão arterial, frequência
contato, quantidade, natureza do composto, doenças preexistentes e ritmo cardíacos; c) Neurológicos: avaliar estado de
e necessidade de biotransformação para se tornar ativo. consciência na admissão e seguir a intervalos regulares,
dependendo da gravidade da intoxicação.
O primeiro atendimento com os passos iniciais para classificação
de risco e condutas de suporte básico e/ou avançado, a
ESCALA DE REED para estado de consciência –
depender dos recursos, poderá ser feito pelo Samu, até chegar à mais adequada que a de Glasgow para casos de
unidade hospitalar. intoxicação
Repercussão cardiorrespiratória ou
2 hemodinâmica?
Grau Estado de consciência
Nos casos de exposição dérmica/ocular, a descontaminação Reflexos ausentes com depressão respiratória
4
deve ser providenciada o mais rapidamente possível ou circulatória.
preferencialmente em ambiente pré-hospitalar, com cuidado para
não expor mais o paciente, a fim de evitar/reduzir a absorção do Procurar identificar o(s) produto(s), a quantidade e
agente tóxico. Em caso de derramamento do produto sobre a concentração ao(s) qual(ais) houve a exposição;
roupa ou calçado, removê-lo imediatamente e confiná-lo em saco
Verificar a via de exposição (cutânea, inalatória, ocular,
plástico fechado, de forma a evitar a continuidade de absorção
oral, parenteral etc.); observar que, frequentemente, ocorre
pelo paciente e contaminação da equipe de saúde.
contato com o produto por mais de uma via;
Verificar a duração da exposição e o tempo decorrido entre
5 Avaliação clínica
essa e o atendimento;
A avaliação clínica envolve a realização de anamnese, buscando Perguntar e investigar a origem ou circunstância da exposição
informações relacionadas ao agente tóxico envolvido, rótulo do atual e sobre possíveis exposições anteriores;
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
57
Perguntar se foram tomadas medidas como: indução de sintomatologia mais grave (incluindo os sintomas subjetivos e
vômitos, ingestão de água, leite ou aguardente etc.; sinais objetivos).
Interrogar sobre condições clínicas prévias;
Classificação de Gravidade do Envenenamento:
Guardar qualquer tipo de material para posterior análise:
embalagem de produtos, restos de produtos etc.; GRAVIDADE CARACTERÍSTICAS
Verificar lesões de boca (queimaduras/manchas indicam NENHUMA Não há sinais ou sintomas
ingestão de químicos); (0) relacionados à intoxicação.
Estabelecimento do diagnóstico; Sinais ou sintomas leves, transitórios e
LEVE (1) que se resolvem espontaneamente.
A indução de vômitos está em geral contraindicada,
principalmente em crianças menores de 2 anos, grávidas MODERADO Sintomas pronunciados ou
no 3º trimestre, paciente inconsciente ou que tenha ingerido (2) prolongados.
substâncias corrosivas ou derivados de petróleo; Os sintomas são graves ou com risco
GRAVE (3)
Observar instruções para produtos específicos; de morte.
O CIATox-BA/Ciave pode ser contactado para prestar 12 Tratamento e orientações de prevenção e controle
informações técnicas para obtenção de orientação toxicológica
As condutas, em geral, estão relacionadas com a via de
especializada, de modo a auxiliar no diagnóstico e tratamento.
exposição:
Ligar para 0800 284 4343.
Na Exposição inalatória: administrar oxigênio (exceto em
7 Paciente sintomático? intoxicação por paraquate, a não ser por hipóxia instalada).
Identificar os sintomas apresentados pelo paciente para definir o Inalação com agonistas ß2. Se necessário, corticoides VO
diagnóstico e necessidade de exames complementares. ou EV, broncodilatadores, antagonistas H1, antibioticoterapia
Exames complementares e observação clínica por, conforme indicação clínica. Realizar controle radiológico.
8 no mínimo, 6 horas (exceto no caso de paraquate,
que deverá ser por, no mínimo, 48 horas)
Tratamento dos sintomas de acordo com as manifestações
clínicas e hospitalização.
Tendo em vista a influência da forma de exposição, circunstância, Na Exposição dérmica: lavar o local abundantemente com
via, quantidade e o efeito retardado de alguns produtos, dentre água e sabão por cerca de 20 a 30 minutos. Retirar as roupas
outros fatores, o paciente deve ser mantido sob observação por, contaminadas (caso elas tenham entrado em contato com o
no mínimo, seis horas. Poderá ser necessária a realização de produto, colocando-as em um saco plástico, amarrando-o
exames laboratoriais tais como: gasometria arterial, hemograma, e descartando-o posteriormente como resíduo químico/
ionograma, coagulograma, glicemia, ureia, creatinina, sumário de resíduo perigoso), protegendo-se com luvas impermeáveis.
urina, proteínas totais e frações, bilirrubinas, fosfatase alcalina, Em exposições mais amplas, lavar os cabelos, unhas, dobras
transaminases, Gama-GT, além de análises toxicológicas, como de pele etc. Verificar a necessidade de antagonistas H1.
dosagem de colinesterase sérica quando da exposição aguda Muitos produtos são corrosivos e causam irritação e processo
a organofosforados e/ou carbamatos, além de outros exames, inflamatório local, que pode se intensificar com a exposição
como eletrocardiograma e radiografia de tórax. Lembrar que ao sol. Podem ocorrer queimaduras químicas. Tratamento
os primeiros sintomas decorrentes da exposição ao paraquate dos sintomas de acordo com as manifestações clínicas.
podem surgir em até 48h. Hospitalização.
Não há padrão preestabelecido. Sempre se deve avaliar o custo- Exposição ocular: lavar os olhos abundantemente com água
benefício dos exames laboratoriais e se eles podem mudar a ou SF 0,9 % por cerca de 20 a 30 minutos, no sentido medial
condução do caso. para lateral. Avaliação oftalmológica de urgência. Efeitos mais
comuns: lacrimejamento, fotofobia, ardência e conjuntivite.
9 Paciente assintomático e exames normais?
Muitos agrotóxicos são ácidos e possuem derivados do
Avaliar a ocorrência de manifestações clínicas e os exames petróleo como solventes em sua composição, o que agrava
complementares realizados para definir encaminhamento. os efeitos irritantes e lesivos no local, como opacificação da
córnea e queimaduras, podendo até levar a dano irreversível
10 Identificação do tipo de intoxicação como a cegueira.
O caso deve ser classificado de acordo com o escore de Na Exposição oral: tratamento de suporte vital, monitoração
gravidade Poisoning Severity Score (PSS), que leva em conta a cardíaca e respiratória. Lavagem gástrica e carvão ativado
58 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
6. UNIDADE DE URGÊNCIA /EMERGÊNCIA
são utilizados na ocorrência de grandes ingestas. Cuidados:
presença de substâncias corrosivas, hidrocarbonetos
16 Necessidade de descontaminação?
14 Intoxicação aguda moderada ou grave A internação será definida em função da gravidade do caso.
Definir por meio da classificação de gravidade de envenenamento
(PSS). 20 Regulação
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
59
ABREU, R. M. de; TAVARES, F. G. Panorama do uso de BOMBARDI, L. M. Geografia do Uso de Agrotóxicos no
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Federação. Rio de Janeiro: IBGE. p. 1-267. 2006. ISSN 2318-2660. Disponível em: <http://rbsp.sesab.
ba.gov.br/index.php/rbsp/article/view/2702>. Acesso
em: 09 set. 2019. Doi: https://doi.org/10.22278/2318-
2660.2016.v40.nS2.a2702.
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
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Nº Nome Instituição 18 Dorimar B. Almeida SMS São Desiderio
1 Adriana Galdino Batista 13ª Dires/ST/Sesab 19 Edson Ferreira Alves Divisa/Sesab
2 Adryanna Cardim de Almeida Divast/Sesab 20 Elaine Carvalho Souza SMS Canudos
3 Alex Machado SMS Itaberaba 21 Elisa Maria Carvalho DAB/Sesab
4 Aline Negrão SMS Itaberaba 22 Ericka Helena Costa Martins Divisa/Sesab
5 Aline Souza de Oliveira CIATox-BA/Ciave/Sesab 23 Eva Almeida de J. Gonçalves 18ª Dires/Sesab
6 Anameire de Jesus Martins Divast/Sesab 24 Evaine Zaira Bispo Vidal SMS Formosa do Rio Preto
7 Andrea Ferraro Divisa/Sesab 25 Fabrini Braz Guarnieri Cerest Barreiras
8 Angela de Queiroz Almeida SMS Luis Eduardo Magalhães 26 Fernanda Matos Fontenelle SMS Jaguaquara
9 Armando José Farias Coelho Divisa/Sesab 27 Gilmara Araujo Chaves Divisa/Sesab
10 Bruno del Sarto Azevedo Cerest Jequié 28 Glaucia Ponte Alencar DAB/Sesab
11 Carolina L. Moura SMS Cocos Iêda Zilmara de Queiroz
29 DAB/Sesab
Jorge da Silva
12 Clarissa Campos Leite DAB/Sesab
30 Jacira Azevedo Cancio Divast/Sesab
13 Claudine Telles de Araújo Divisa/Sesab
31 Joaquim Moura da Silva SMS Cocos
14 Cleonice Sampaio Farias 13ª Dires/AB/Sesab
Joselice Ferreira Silva de
Cristiane Medeiros Moraes 32 Divisa/Sesab
15 Divep/Sesab Lima
de Carvalho
Joseth Cléria Vieira
Cristiano Marcus Alves de 33 DAB/Sesab
16 Divast/Sesab Rodrigues
Lima
Jucelino Nery da Conceição
34 CIATox-BA/Ciave/Sesab
17 Daniela das Neves de Matos SMS Jaguaquara Filho
62 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
Relação de participantes
do Curso de Vigilância à Saúde de
Populações Expostas a Agrotóxicos
para Construção de Metodologias
e Práticas Integradas
Local: Hotel Bahiamar, Rua João Mendes da Costa Filho, 125, Jardim de Alah, Salvador - Bahia
Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
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CLASSE AGROTÓXICOS – PRINCIPAIS ASPECTOS TOXICOLÓGICOS
GRUPO
(ORGANISMO VIAS DE MECANISMO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS –
QUÍMICO LABORATÓRIO TRATAMENTO
ALVO) ABSORÇÃO DE AÇÃO INTOXICAÇÃO AGUDA
Assistência respiratória,
descontaminação da pele
Cromatografia com bastante água e sabão,
Interfere na fosforilação Debilidade, anorexia, perda gasosa utilizando
Oral, lavagem gástrica, carvão
PENTACLORO- oxidativa mitocondrial. ponderal, sudorese excessiva, soro ou urina.
respiratória e ativado, manter equilíbrio
FENOL hipertermia, vômitos, espasmos
dérmica. Glicólise anaeróbica. Exames de hidroeletrolítico, ácido base,
musculares, convulsões, coma.
suporte clínico. resfriamento (hipertermia),
evitar antitérmicos, medidas
de suporte clínico.
Medidas de descontaminação
Sabor metálico na boca, irritação de pele, lavagem gástrica
de mucosas, náuseas, vômitos, cuidadosa em superdosagem
Dosagem sérica
hemorragias (TGI), diarreia.
Corrosivo, irritante de de cobre por
SAIS DE Oral e Seguem-se anemia hemolítica,
mucosas, produz dano absorção atômica.
COBRE dérmica. hematúria, icterícia, insuficiência Corrosivo: uso de penicilamina
hepático e renal hepática. Exames de (VO) ou BAL (dimercaprol
suporte clínico IM), quelantes eficazes
FUNGICIDAS Dermatite, conjuntivite, necrose
de pele. para remoção do cobre,
hemodiálise.
Biotransformação em Descontaminação cutânea
Não é realizado de
Oral, bissulfeto de carbono. Dermatites, faringite, bronquite, com água e sabão, lavagem
DITIOCAR- rotina.
respiratória e Presença de conjuntivite, IRA (insuficiência gástrica em casos de ingestão,
BAMATOS Exames de
dérmica. contaminante ETU respiratória aguda). tratamento de convulsões
suporte clínico. com benzodiazepínicos.
(carcinogênico).
64 Atuação Integrada na Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos: Fluxogramas – SUS/BA
APÊNDICE 1
Informações toxicológicas dos principais grupos de agrotóxicos
Assistência respiratória:
Miose, lacrimejamento, aspirar secreções, O2,
broncorreia, sudorese, salivação, Dosagem da
Inibição da permeabilizar vias aéreas,
vômitos, diarreia, cólicas acetilcolinesterase
Oral, acetilcolinesterase, manter dados vitais, ampla
ORGANO- abdominais, bradicardia, tosse, plasmática ou
respiratória e alterando transmissão descontaminação (contato),
FOSFORADOS fasciculações, cãibras, hipertensão, eritrocitária.
dérmica. nervosa em sinapses esvaziamento gástrico
confusão mental, cefaleia, Exames de (ingesta).
colinérgicas.
tremores, depressão respiratória, suporte clínico.
possibilidade de neuropatia tardia. Atropinização efetiva,
Pralidoxima (Contrathion).
Assistência respiratória:
Miose, lacrimejamento, aspirar secreções, O2,
Dosagem da permeabilizar vias aéreas,
Inibição da broncorreia, sudorese, salivação, acetilcolinesterase
Oral, acetilcolinesterase, vômitos, diarreia, cólicas manter dados vitais, ampla
plasmática ou descontaminação (contato),
CARBAMATOS respiratória e alterando transmissão abdominais, bradicardia, tosse, eritrocitária.
dérmica. nervosa em sinapses fasciculações, cãibras, hipertensão, esvaziamento gástrico
colinérgicas. confusão mental, cefaleia, tremores Exames de (ingesta).
, depressão respiratória. suporte clínico. Atropinização efetiva.
Oximas são contra indicadas.
Para saber a respeito do produto, sintomas e medidas de primeiros socorros em caso de intoxicações, ligue para:
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