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São infrações que dizem respeito à liberdade física, com a livre determinação e
formação de vontade, com a liberdade de ir e vir e com a manifestação do status libertatis.
O crime de ameaça pode ser praticado por meio de palavra, escrito, desenho
ou gesto. Esse mal pronunciado há de ser grave, sério, capaz de intimidar. Essa ameaça deve
ser de mal iminente e não de pronunciado para futuro remoto, com a intenção de
intimidar(dolo específico), não a caracterizando as ameaças vagas, feitas sob o império da
cólera passageira, sendo crime formal que se consuma no momento em que a vítima toma
conhecimento da ameaça. Trata-se de crime cuja ação penal é pública condicionada à
representação.
Por sua vez, o artigo 147 do Anteprojeto prevê o chamado ¨stalking, com pena
de prisão de 2 a 6 anos, com a seguinte conduta delituosa: perseguir alguém, de forma
reiterada ou continuada, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica,restringindo-lhe a
capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de
liberdade ou de privacidade.
A internet e as redes sociais são, dentre outros, o campo próprio para tal
situação perniciosa, onde alguém observa, vigia e segue uma outra pessoa. ¨Stalking¨ é a
vigilância exacerbada que uma pessoa dispensa a outra, sem que haja, muitas vezes, motivo
claro. Formas indesejáveis como amedrontar a vítima, criar nela o medo, são extremamente
condenáveis.
Data vênia, não procedem as críticas daqueles que entendem que ambas as
condutas devem ser objeto de discussão e solução apenas no âmbito pedagógico. Muito mais
do que isso, além do principio da intervenção mínima, é necessário dar uma resposta social,
inserindo essas ações ilícitas como crime, tipificando-as em lei.
Ainda essas condutas são diversas do crime de assédio de criança para fim
libidinoso, previsto no artigo 498 do Anteprojeto do Código Penal, através do qual o agente
alicia, assedia, instiga ou constrange, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim
de com ela praticar ato libidinoso. O crime tem pena prevista de prisão de um a três anos. Nas
mesmas penas irá incorrer: quem facilita ou induz o acesso à criança de material contendo
cena de sexo explicito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; praticar as
condutas descritas no caput desse artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma
pornográfica ou sexualmente explicita.
O Anteprojeto do Código Penal, no artigo 182, por sua vez, fala em crime de
molestamento sexual, que é ¨Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou se
aproveitando de situação que dificulte a defesa da vítima, à prática de ato libidinoso diverso
do estupro vaginal, anal e oral¨, com prisão de dois a seis anos. Se molestamento se fizer sem
violência ou grave ameaça, a pena será de um a dois anos.
Condutas que hoje, com o Código Penal de 1940, Parte Especial, são
consideradas como ato obsceno, artigo 233 do Código Penal, como a bolinação em público(RT
420/248), apalpar as nádegas((RT 537/332) ou ainda os seios de alguém, sempre que se estiver
em situação que dificulte a defesa da vítima ou ainda mediante violência ou grave ameaça.
Mas lembre-se de que para o crime de ato obsceno, basta a prática da obscenidade em local
público, aberto ou exposto ao público, independente de ter sido visto por alguém, bastando
ser potencialmente escandaloso.
Ato libidinoso é qualquer ato que satisfaça a libido alheia, mediante violência
ou grave ameaça, não se incluindo, aqui, fotos, escritos ou imagens. O beijo lascivo pode ser
considerado no tipo hoje existente.
Além disso, o estupro se qualifica caso haja lesão corporal de natureza grave
ou ainda resultasse morte.
Da maneira como está hoje a redação do artigo 213 do Código Penal,o tipo
previsto no artigo 181 do Anteprojeto(Manipulação e introdução sexual de objetos) pode ser
absorvido pelo estupro.
Ora, nos demais crimes definidos na legislação penal que acarretem lesão
grave ou morte, a ação penal é sempre pública incondicionada. Permissão com relação a ação
penal pública condicionada nesses casos fere o principio da razoabilidade. Ademais, fere o
princípio da dignidade da pessoa humana(artigo 1º, III, CF), ao princípio da proibição da
proteção deficiente, importante ofensa ao principio da proporcionalidade, deixando sem
proteção bens jurídicos normalmente tratados como de elevada importância.
Quanto a posse sexual mediante fraude, a antiga redação que foi dada ao
artigo 215 do Código Penal foi extinta. Com a mudança, o crime deixa de ocorrer apenas
contras as mulheres. Além da fraude, passa a cometer o crime aquele que utilize meio que
¨impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.¨ Retirou-se do tipo penal a
expressão ¨mulher honesta¨, ficando o tipo assim redigido: ¨Ter conjunção carnal ou praticar
outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a
livre manifestação de vontade da vítima¨. A pena é de dois a seis anos, podendo se aplicar a
multa, se o fim é cometido com o fim de vantagem econômica. No entanto, o Projeto do
Código Penal se propõe a abolição do tipo posse sexual mediante fraude.
Por sua vez, o artigo 218 do Código Penal, na redação que lhe era dada pela
Parte Especial, falava em ¨Corromper ou facilitar a corrupção de pessoa maior de 14(quatorze)
anos e menor de 18(dezoito) anos, com ela praticando ato de libertinagem, ou induzindo-a a
praticá-lo ou presenciá-lo.¨
IV – O ASSÉDIO SEXUAL
A Lei 10.224 não previu o chamado assédio ambiental, que consta do Código
Penal Espanhol(artigo 173), e que se caracteriza por ¨um comportamento de natureza sexual
de qualquer tipo que tem como consequência produzir um contexto laboral negativo –
intimidatório, hostil, ofensivo ou humilhante, para o trabalhador, impedindo-o de desenvolver
seu trabalho em um ambiente minimamente adequado¨. Na Administração Pública, pode-se
enquadrar tal conduta como improbidade, sujeitando-a a punições funcionais, por desvio de
conduta.
Não seria sujeito passivo desse crime: pessoa sujeita à hierarquia religiosa,
hóspede; empregado de hotel se assediado por hóspede ou ainda empregada doméstica que
seja assediada por vizinho.
Por sua vez, não haverá tentativa, por se entender ser o crime unissubsistente.
O Anteprojeto, no artigo 184, prevê que é crime constranger alguém com o fim
de obter prestação de natureza sexual, prevalecendo-se o agente da condição de superior
hierárquico, ascendência, confiança ou autoridade sobre a vítima. Por outro lado, se a vítima
for criança ou adolescente, a pena é aumentada de um terço até a metade.
O tipo previsto no artigo 228, na redação dada à Parte Especial, previa ¨induzir
ou atrair alguém à prostituição , facilitá-la ou impedir que alguém a abandone.¨
O artigo 183 do Anteprojeto cria um tipo penal; ¨Esterilizar alguém sem o seu
consentimento genuíno.¨. O crime tem pena de prisão de dois a oito anos.
A eugenia é um termo cunhado em 1883 por Francis Galton que vem do grego
eu, significando bom e genics, origem, ou seja, boa origem.
Vale lembrar que, em 14 de julho de 1933, os nazistas aprovaram uma lei para
a esterilização forçada de pessoas com doenças consideradas hereditárias, para que não
passassem aos filhos. Ali, no artigo 10, é prevista a chamada esterilização voluntária,
expressando a lei, de forma correta, que, na vigência da sociedade conjugal, a esterilização
depende do consentimento expresso de ambos os cônjuges(parágrafo quinto) e que a
esterilização cirúrgica em pessoas incapazes somente poderá ocorrer mediante autorização
judicial, regulamentada na forma da Lei(parágrafo sexto).
Por ser assim a norma estabelece, no artigo 10, que a esterilização voluntária
somente será permitida:
I - em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco anos de idade
ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias
entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa
interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por
equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce;
Melhor será manter a redação dos crimes já existentes no Brasil com relação a
esterilização:
Art. 15. Realizar esterilização cirúrgica em desacordo com o estabelecido no art. 10 desta Lei.
(Artigo vetado e mantido pelo Congresso Nacional) Mensagem nº 928, de 19.8.1997
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, se a prática não constitui crime mais grave.
Art. 16. Deixar o médico de notificar à autoridade sanitária as esterilizações cirúrgicas que
realizar.
Art. 19. Aplica-se aos gestores e responsáveis por instituições que permitam a prática de
qualquer dos atos ilícitos previstos nesta Lei o disposto no caput e nos §§ 1º e 2º do art. 29 do
Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.