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O presente artigo científico tem como objeto o estudo sobre o assédio moral no ambiente de
trabalho, que vem se tornando algo cada vez mais corriqueiro.
Nas atuais relações de trabalho, tem se tornado comum submeter o trabalhador a constantes
humilhações, perseguições e maus tratos, causando grande abalo físico e psicológico em sua
saúde.
O assédio tem se tornado a cada dia um tema de reconhecida importância para as organizações,
embora dificilmente seja estudado fora do contexto das organizações empresariais. Em um
contexto de ascensão do número de estudantes e trabalhadores, este estudo teve como objetivo
estudar como se dão os episódios de assédio dentro das instituições e quais suas consequências
para os indivíduos, para as organizações e para a sociedade.
Ressalta-se assim a importância dos estudos dos temas relacionados ao assédio dentro das
instituições de trabalho e de ensino, para que situações deste tipo não comprometam a qualidade
de trabalho e de ensino, os resultados e o aprendizado.
Assédio moral ou violência moral no trabalho não é um fenômeno novo. Pode-se dizer que ele é
tão antigo quanto o trabalho.
Segundo Ferreira (2004, p.37):
“Pode-se afirmar, sem medo de errar, que o assédio moral nas relações de
trabalho é um dos problemas mais sérios enfrentados pela sociedade atual.
Ele é fruto de um conjunto de fatores, tais como a globalização econômica
predatória, vislumbradora somente da produção e do lucro, e a atual
organização do trabalho, marcada pela competição agressiva e pela
opressão dos trabalhadores através do medo e da ameaça. Esse constante
clima de terror psicológico gera, na vítima assediada moralmente, um
sofrimento capaz de atingir diretamente sua saúde física e psicológica,
criando uma predisposição ao desenvolvimento de doenças crônicas, cujos
resultados a acompanharão por toda a vida”.
O assédio moral nada mais é do que uma forma de violência à pessoa, mas não uma violência
comum. Sua lesividade maior talvez se deva ao fato de essa violência manifestar-se, muitas
vezes, de forma sutil, enraizada na organização, no ambiente laboral.
Os estudos sobre o Assédio Moral partiu do campo da Psicologia e Sociologia, logo após
começou a ganhar atenção dos estudiosos da Ciência e doutrinadores do Direito, com base nessas
pesquisas é encontrado os elementos caracterizadores para construir um conceito jurídico.
O Assédio Moral corresponde a um fenômeno típico da sociedade atual, com grande amplitude
no mundo todo. Sob o prisma laboral, devido o ambiente de trabalho ser muito mais propicio
para desenvolver esse fenômeno, devido um perfil de competitividade dos trabalhadores diante
da Globalização.
Dessa forma podemos dar diversas denominações para o assédio moral, mas a agressão será
sempre a mesma, deferidas por atos diversos e sempre com o objetivo de “destruir” o psicológico
do trabalhador fazendo com que este seja retirado de maneira agressiva do seu ambiente de
trabalho.
De uma forma genérica, Pamplona Filho define o assédio moral como sendo uma conduta
psicológica abusiva, reiterada, de natureza psicológica, que atenta contra a dignidade psíquica do
ser humano, com a finalidade de impor a sensação de exclusão da vítima do ambiente de trabalho
e do convívio social (2006. p. 1.079).
Logo, tem-se que são elementos indispensáveis para a caracterização do assédio moral: a
abusividade da conduta; a natureza psicológica da conduta; a reiteração da conduta; a
intencionalidade do ato; a finalidade de exclusão da vítima; e o dano psíquico gerado à vítima.
Abusividade da conduta
Trata-se de conduta que atinge diretamente o equilíbrio do meio ambiente de trabalho, que
contraria aos bons costumes da relação da coletividade (SILVA, 2010).
A guerra psicológica no ambiente de trabalho agrega dois fenômenos: o abuso de poder, que é
uma agressão clara e de mais difícil aceitação pelos trabalhadores e a manipulação perversa. O
assédio moral pode parecer, no início, algo inofensivo, mas aos poucos se propaga de forma
destruidora no ambiente de trabalho (HIRIGOYEN, 2005, p. 16).
Em geral, o assédio moral consubstancia uma violência psicológica em pequenas doses, iniciada sem
qualquer aviso, prosseguida de forma subversiva, e extremamente destrutiva por via do efeito cumulativo
de microtraumatismos frequentes e repetidos (BARRETO, 2007, p. 51).
O assédio moral faz com que a vítima se sinta descartada sem querer. Faz com que ela perca a
vontade de viver, sinta-se solitária, jogada à própria sorte, doente e sem valor (BARRETO, 2006,
p. 190).
Logo, vê-se que, além de abusiva, a conduta praticada pelo agressor alcança a integridade
psicológica da vítima, desestabilizando-a e destruindo sua autoestima.
Reitração da conduta
O assédio moral não se trata de um ato isolado. Como visto anteriormente, as pequenas ofensas
se acumulam e com o tempo geram graves danos à vítima. As condutas abusivas e
sistematizadas, ainda que sutis, geram um desgaste progressivo que mina a saúde psíquica e
física da vítima (BARRETO, 2007, p. 51).
Logo, em regra, discussões esporádicas e demais situações conflituosas que não ocorram de
forma reiterada não configuram o assédio moral.
Não poderá ser conduta que aconteça casuisticamente, deverá ser praticada com certa frequência.
A repetição deve acontecer com habitualidade, de forma regular e permanente (SILVA, 2010).
Segundo leciona Heinz Leymann, “o ataque deve ocorrer pelo menos uma vez na semana numa
frequência média de seis meses de duração, tempo necessário para a manifestação dos sintomas”
(in SILVA, 2010).
Todavia, alguns autores defendem que a repetição da conduta pode ser substituída pela gravidade
da ofensa para a caracterização do assédio moral.
Marcelo Rodrigues Prata discorre sobre o assunto, afirmando que: “São considerados relevantes
ao conceito de assédio moral no trabalho os atos ou o comportamento, que por sua gravidade ou
repetição continuada, sejam hábeis a desestruturar o laborista.”(2008, p. 57)
Intencionalidade do acto
Outro elemento caracterizador do assédio moral é a intencionalidade do ato praticado pelo
assediador, isto é, a intenção do agressor em causar um efeito danoso sobre a vítima e o ambiente
de trabalho (SILVA, 2010).
Conforme já mencionado anteriormente, embora toda pessoa em crise possa ser levada a utilizar-
se de mecanismos perversos para se defender, o que distinguirá uma pessoa normal do indivíduo
perverso, é que para aqueles, esses comportamentos e sentimentos não são mais do que meras
reações ocasionais, seguidas de arrependimento ou remorso. Já no assédio moral, a perversidade
implica uma estratégia de utilização e destruição do outro, sem a menor culpa (HIRIGOYEN,
2006, p. 139).
Finalidade de execução
Uma característica marcante no assédio moral é a intenção perversa do assediador de estabelecer
uma comunicação conflituosa com a vítima, através de manipulação e agressões sutis, com o
principal escopo de destruir a saúde psíquica da vítima e excluí-la do ambiente de trabalho.
Quanto ao último elemento (dano psíquico), nós o consideramos dispensável, data vênia de inúmeras
posições contrárias. O conceito de assédio moral deverá ser definido pelo comportamento do assediador,
e não pelo resultado danoso. Ademais, a constituição vigente protege não apenas a integridade psíquica,
mas também a moral. A se exigir o elemento alusivo ao dano psíquico como indispensável ao conceito de
assédio, teríamos um mesmo comportamento caracterizando ou não a figura ilícita, conforme o grau de
resistência da vítima, ficando sem punição as agressões que não tenham conseguido dobrar
psicologicamente a pessoa. E mais, a se admitir como elemento do assédio moral o dano psíquico, o terror
psicológico se converteria em um ilícito sujeito à mente e à subjetividade do ofendido (BARROS, 2006,
p. 893).
Assédio sexual no ambiente de trabalho ou acadêmico
Na discussão sobre assédio sexual, podem ser identificadas três fasesimportantes: a primeira
delas, iniciada em meados da década de 70 com asfeministas norte-americanas, fundou-se em
denunciar a ocorrência do assédio;a segunda, durante a década de 90, enfatizou a criação de leis
e regimentos afim de repreender sistematicamente o assédio, tornando-o crime; a terceira fase,e
mais atual, consiste no estudo científico do fenômeno.(FUKUDA, 2012).
Neste sentido, pressupõe-se que este só pode ocorrer em situações onde há umdeterminado
contexto de hierarquização das relações, ou seja, dentro de uma organização. Esta definição
apresenta, no entanto, algumas lacunas. Ela exclui,por exemplo, a possibilidade de que exista
assédio sexual entre pares dentro deuma hierarquia, ou até partindo de um subordinado para com
seu superiorhierárquico. Não contempla, igualmente, organizações que não as econômicas,como
as famílias ou aquelas de natureza não produtiva, em que há distribuiçãodesigual de poder.
Freitas (2001, p. 14), observa que “o assédio sexual é entre desiguais, não pela questão do gênero
masculino versus feminino,mas porque um dos elementos da relação dispõe de formas de
penalizar o outro lado”.
Entende-se, assim que o assédio sexual só se dá quando um indivíduo possui meios para
ameaçar, constranger e obrigar outro a prestar favores sexuais.
"o assédio sexual como uma imposição de poder por meio de ações de cunho
sexual, visando dominar e inferiorizar uma das partes envolvidas, não
necessariamente ligada à hierarquia, mas desde que o assediador conte com
meios de constranger e prejudicar a vítima, causando a ela danos à sua
integridade física ou psíquica, à sua imagem, ou a qualquer outro bem ou
direito que lhe seja caro".
Essa definição distancia o conceito da ideia de que o assédio precisa estar ligado ao ambiente de
trabalho; extingue a impressão de que o assédio se relaciona à hierarquia formal ou de gênero; e
amplia a abrangência do termo para vários outros contextos sociais onde ocorra. Embora muito
tenha sido discutido sobre assédio sexual na mídia a partir da década de 90, o conceito de assédio
sexual constantemente se confunde com oconceito de violência de gênero e violência sexual.
Muitos autores de outros países, por exemplo, contemplam o estupro como uma das formas de
assédio que acontecem em universidades para fins de pesquisa.
Numa reflexão dialética, poder-se-ia suscitar: "em que pese ser reprovável social e moralmente,
onde está a ilicitude do assédio sexual, quando praticado fora dos limites do tipo penal?"
De fato, existem diversas condutas que, sob determinados prismas focais, podem chocar seus
receptores - como, por exemplo, uma "grosseria" no trato social ou uma quebra de regra de
etiqueta -, mas que, vistas como atos isolados (e não como parte de um conjunto de ações
sistematicamente coordenadas para intimidar), não podem ser consideradas como atos ilícitos.
O assédio sexual, todavia, não se encaixa neste perfil mencionado, uma vez que constitui uma
violação ao princípio maior da liberdade sexual, haja vista que importa no cerceamento do
direito individual de livre disposição do seu próprio corpo, caracterizando-se como uma conduta
discriminatória vedada juridicamente.
É por isto que se justifica, ainda que a lei brasileira própria somente criminalize a conduta
quando ocorrida nas relações de trabalho e mediante "constrangimento", o sancionamento.
Desta forma, o assédio sexual, enquanto ilícito, deve ser considerado como uma violação ao
postulado dogmático da liberdade sexual, não devendo ser encarado como uma reles "infração
moral", até mesmo porque, no âmbito das relações sociais, os limites da júridicidade e da
moralidade são muito tênues.
Elementos caracterizadores.
Visando a estabelecer os elementos caracterizadores do assédio sexual, encontramos sérias
dificuldades na doutrina especializada e mesmo nas legislações do direito comparado, tendo em
vista a inexistência de unanimidade quanto a seus elementos definidores.
Isto ocorre, no nosso sentir, por uma evidente confusão entre as espécies de assédio sexual e seus
elementos definidores ou suas agravantes, dificuldade esta que, modestamente, procuraremos
superar com o conceito supra estabelecido.
De fato, conceituamos assédio sexual como "toda conduta de natureza sexual não desejada que,
embora repelida pelo destinatário, é continuadamente reiterada, cerceando-lhe a liberdade
sexual".
Assim sendo, podemos vislumbrar como elementos caracterizadores básicos do assédio sexual:
Sujeitos.
A caracterização do assédio sexual exige, pelo menos, a presença de dois indivíduos: o agente
(assediador) e o destinatário do assédio (assediado). A expressão "pelo menos" é utilizada, aqui,
por uma questão de rigor técnico, uma vez que a doutrina especializada, bem como a legislação e
a jurisprudência de alguns países, tem apresentado uma espécie de assédio sexual (como veremos
em tópicos posteriores), cujo constrangimento e instigamento sexual podem ser procedidos por
mais de um colega, em função do próprio meio ambiente de trabalho
Se, comumente, há uma relação de poder entre assediante e assediado, este não é um requisito
essencial para sua caracterização em sentido amplo, pois o assédio sexual trabalhista poderá
ocorrer também entre colegas de serviço, entre empregado e cliente da empresa e até mesmo
entre empregado e empregador, figurando este último como vítima. É necessário, contudo, saber
efetivamente de quem é a autoria do assédio, para efeito de delimitação de responsabilidades.
Nos locais de trabalho, a coerção mútua entre patrão e empregados resultou em um deslocamento
de energia e atenção dos objetivos originais das organizações. A produtividade decai, na medida
em que empregadores e empregados passam a preocupar-se com coerção e contracoerção.
Caracterizado por ataques repetitivos contra a vítima, o bullying pode abarcar situações entre
iguais, ou seja, colegas de trabalho do mesmo nível hierárquico, como também agressões vindas
de supervisores e gerentes.
Várias pessoas fingem não entender o que está se passando e outras preferem ignorar, com medo
de perder seus empregos ou possíveis agressões mais sérias.
Como afirma Hirigoyen (2002, p. 200), “quando o diálogo é impossível e a palavra daquele que
é agredido não consegue fazer-se ouvir”,A violência verbal age mais eficazmente em função da
deficiência nos diálogos entre equipes e subordinados com as lideranças.
Em razão disso há muito se discute estratégias, soluções, maneiras de evitar que a violência
verbal se propague pelas organizações.
Neste tipo de serviço o empregado é vítima em potencial do abuso de poder dos chefes.
É comum o agressor estar diretamente ligado ao funcionário, através de um cargo conferido por
eleição, exercendo uma função apontada como “superior” à dele.
No decorrer do trabalho podemos concluir que o Assédio moral, sexual, violencia verbal é terror
psicológico, é a exposição constrangedora, humilhante, vexatória no qual o agredido esta sujeito
a sofrer ofensas, xingamentos, insultos de maneira repetitiva e prolongada, uma grave ofensa ao
princípio da dignidade da pessoa humana e de forma direta fere os direitos de personalidade do
trabalhador, em função do caráter humilhante e deplorável.
Ocorre nas relações hierárquicas geridas pelo autoritarismo, na condição de vitima o empregado
sofre essas lesões vindas de seu empregador de maneira a desestruturar seu ambiente laboral,
familiar e social. Podemos observar que o Assédio moral no ambiente de trabalho, pode ser
praticado por colegas de trabalho (com o mesmo nível hierárquico), pelo superior hierárquico e
contra o mesmo de maneira perversa com o intuito de desqualificar a vítima.
Nos dias atuais infelizmente isso acontece muito, em decorrência da competitividade e em busca
do profissional ideal no mercado de trabalho, torna-se atitudes cotidianas no ambiente laboral.
No tange a questão do assédio sexual tem sido motivo para profundas reflexões sobre o tema da
litigância de má fé. Muitas vezes, por causa das vultuosas indenizações que se tem notícia no
direito comparado, é fato que, ainda que jocosamente, tem-se falado em supostas "armações"
entre a alegada.
Referência Bibliográfica
SIDMAN, M. (1995). Coerção e suas implicações. (R. Azzi; Andery, M.A, Trads.) Campinas:
Editorial Psy. (Originalmente publicado em 1989)
ALKIMIN, Maria Aparecida. Assédio moral na relação de trabalho. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2008
FERREIRA, Hádassa Dolores Bonilha. Assédio moral nas relações de trabalho. Campinas:
Russel, 2004.
RUFINO, Regina Célia Pezutto. Assédio Moral no âmbito da empresa. São Paulo: LTR, 2006.
FUKUDA, Rachel Franzan. Assédio Sexual: uma releitura a partir das relaçõesde
gênero.Simbiótic. Vitória: 2012, v. único, n. 01, p. 119
BARRETO, Marco Aurélio Aguiar. Temas atuais na Justiça do Trabalho: teoria e prática. São
Paulo: IOB Thomson, 2006.
SILVA, Lilian Cristina da. Assédio moral: Os elementos que configuram a distinção de dano
moral e assédio moral. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n° 83, dez.