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Estudos no campo da linguística têm contribuído e muito para mudanças no

ensino de Língua Portuguesa no Brasil, assim como a proposta dos PCN (Parâmetros
Curriculares nacionais). Em ambas as concepções teóricas há uma proposta de ensino
de língua centrado no uso. No campo da linguística, há a abordagem funcionalista que
não privilegia a análise da língua sob uma perspectiva imanente, pelo contrário, a língua
é tida como maleável e adaptativa a novos padrões que derivam do uso, portanto, a
estrutura gramatical é analisada em seu contexto discursivo para que se possa proceder á
explicação das regularidades observadas no uso da língua.
A pesquisa parte de uma análise do processo de mudança das construções que
expressam aspecto terminativo, para isso, utilizamos a teorização de Travalia (2006)
sobre aspecto como embasamento inicial para a pesquisa. Desse modo, compreende-se
aspecto como sendo uma categoria verbal de tempo,não dêitica, através da qual se
marca a duração da situação e/ou das fases, sendo que estas podem ser consideradas sob
diferentes pontos de vista, a saber: o do desenvolvimento, o do completamento e o da
realização da situação. Como foi dito, o aspecto é uma categoria verbal ligada ao
“TEMPO”, isso porque ele indica o espaço temporal ocupado pela situação em seu
desenvolvimento, marcando o tempo gasto pela situação em sua realização, e por estar
ligada ao “TEMPO” muitas vezes há uma confusão entre a categoria de tempo e a de
aspecto, entretanto, elas não se confundem, porque diferentemente da categoria de
tempo, a de aspecto não é uma categoria dêitica , pois se refere à situação em si. Como
afirma Comrie (1976) o aspecto são as diferentes maneiras de ver a constituição
temporal interna da situação, o aspecto, portanto, é um tempo interno à situação.
Outra confusão em relação ao aspecto é a consideração que é feita de noções
presentes nos verbos que são apresentadas como aspectuais , mais que nada têm a ver
com aspecto, pois não há nada que é dito sobre a duração da situação. Duas noções
temporais que na verdade são noções de tempo, são a iminência da ação e o passado
recente, e para evitar que noções semânticas não aspectuais sejam classificadas como
aspectuais, é necessário que verificar se a noção semântica é uma noção temporal não
dêitica que indica a duração da situação ou uma de suas fases.
Inicialmente, por meio da pesquisa bibliográfica foi possível verificar que
Travalia (2006) apresenta a caracterização e as noções aspectuais com os respectivos
aspectos. O aspecto terminativo se encaixa na fase de desenvolvimento da situação, nos
últimos momentos, ou no ponto de término. Na visão de Castilho (1968, 2012), o
aspecto terminativo é o aspecto que expressa uma ação que chegou ao fim depois de ter
durado, podendo ser expresso pelas formas dos verbos acabar e terminar, que podem
ocupar a posição V1 das construções, conforme o esquema [V1 de V2 inf.], em que a
posição V2 é preenchida por verbos sempre no infinitivo.
O aspecto terminativo envolve duas situações diferentes. Na primeira, a situação
não foi efetivamente concluída, pois se apresenta nos últimos momentos. Na segunda, a
situação foi totalmente concluída, pois se encontra no momento de término. Além disso,
as situações terminativas são sempre dinâmicas, durativas e podem ser perfectivas ou
imperfectivas, télicas ou atélicas. São noções aspectuais relevantes para a pesquisa, pois
algumas dessas noções fizeram parte do grupo de fatores que foi utilizado para a análise
das construções. Além disso, em relação à perfectividade, há caracterizações que são
frequentemente citadas, mas essencialmente caracterizações inadequadas dessa noção,
como afirma Comrie (1976), ás vezes afirma-se que as formas perfectivas indicam
situações de curta duração, enquanto as formas imperfectivas indicam situações de
longa duração. Relacionado a isso também é a sua caracterização como indicando uma
situação pontual ou momentânea. Alguns exemplos usados pelo autor servem para negar
essa visão. O que é evidenciado é que a perfectividade pode ser combinada com outras
propriedades aspectuais, e que isso produz formas perfeitas que claramente não são
pontuais.
A perfectividade foi uma das propriedades de V1 aplicada para a análise das
construções, além de algumas propriedades de V2, como a telicidade, controle e
agentividade, isso foi relevante para perceber a proximidade entre V1 e V2, bem como
as restrições que são impostas pelas construções sobre as formas verbais que podem
figurar na posição V2 e as restrições que são impostas pelas construções sobre o
predicado e seus argumentos. E portanto, a presente pesquisa justifica-se por realizar um
estudo sobre o aspecto terminativo, isso pode contribuir para a compreensão do
funcionamento do aspecto terminativo em Língua Portuguesa, a pesquisa pode também
despertar discussões a respeito do aspecto verbal, além de contribuir para a teoria linguística
nela empregada tendo como base os resultados.
que define a duração de uma situação,portanto, está essencialmente ligado a noção de
processo. Dentre os valores que o aspecto pode apresentar, há o valor de aspecto
terminativo, que constitui o objeto de estudo dessa pesquisa.

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