Você está na página 1de 5

Reprodução dos Curiós em Cativeiro.

Apesar da facilidade de acesso às informações disponíveis na literatura e na


Internet, da diversidade de acessórios, medicamentos, rações, complexos de
vitaminas e aminoácidos, prebióticos e probióticos, e, principalmente, da
disponibilidade de matrizes, produtos de muitas gerações reproduzidas em
cativeiro, os índices zootécnicos na criação de curiós apresentam números
modestos. Isso nos parece demonstrar que pouca importância se tem dado à
questão da habilidade materna das fêmeas em função da seleção de outras
virtudes, como fibra, repetição e qualidade de canto. O abuso nos cruzamentos
consangüíneos também colabora para o enfraquecimento fisiológico dos pássaros.
Sabe-se que os criadores amadoristas apresentam, por vezes, resultados muito
melhores, principalmente por cuidarem pessoalmente dos pássaros, com a
dedicação típica dos apaixonados.
A reprodução de curiós poderá ser feita em viveiros ou em gaiolas criadeiras. A
preferência recai sobre as gaiolas, que permitem um melhor controle da atividade
e o emprego de um macho galador para até 6 fêmeas. Assim, um curió macho
com qualidade superior poderá gerar muitos filhos em uma temporada. Apesar da
reprodução ser possível com machos de 18 meses e fêmeas de um ano, o ideal é
empregar fêmeas com dois ou três anos e machos com a definitiva plumagem
negra.
O local onde estarão reunidas as gaiolas deverá ser livre de perturbações, com
uma temperatura variando de 26 a 33° e umidade relativa entre 50 e 65%. Deverá
ser bem iluminado e receber sol pela manhã - fator que considero importantíssimo.
Nunca esquecer de colocar areia limpa ou grit mineral para as matrizes.
Naturalmente apresentamos as condições ideais, o que não significa que alguma
variação inviabilize a reprodução de curiós.
As gaiolas devem estar dispostas em prateleiras, ligeiramente afastadas das
paredes e com uma divisória móvel entre elas, para que uma fêmea não veja a
outra.
Esse dispositivo deve ser arrumado dois meses antes do inicio da estação
reprodutiva, para evitar que as fêmeas estranhem o local. Deve ser ministrado
vermífugo para todos os pássaros no inicio de agosto, e repetido 20 dias depois.
Não se deve permitir a entrada no criatório de novas aves ou de pessoas
estranhas aos pássaros durante o ciclo reprodutivo, que vai de setembro a abril.
Costumo ministrar Protovit Pedriátrico e Avitrin E, por 20 dias para todos os
galadores e fêmeas, durante o mês de agosto. Durante todo o período reprodutivo,
administro, ainda, umas 3 gotas em cada bebedouro, de Cetiva AE por semana,
para todo o plantel.
Os curiós machos galadores devem ser mostrados por alguns momentos para as
fêmeas quando se aproxima a estação reprodutiva, para despertar o instinto
sexual. As fêmeas devem ouvir o canto dos machos galadores.Há machos que
não suportam bem a vida nas prateleiras, esfriando e perdendo o interesse por
fêmeas. Esses devem ser mantidos em outro ambiente, sendo trazidos para a
prateleira apenas para galar. É desejável, no entanto, que continuem ouvindo as
fêmeas e sendo ouvido por elas.
Deve-se observar o máximo de higiene com gaiolas, ninhos e alimentos. O milho
verde, ainda bem macio, isento de agrotóxicos, pode ser oferecido 2 vezes por
semana e uma boa farinhada deve ser mantida nos comedouros. Nos dois
primeiros dias de vida dos filhotes o milho verde, bem macio, se constitui em
excelente alimento pois facilita o funcionamento do aparelho digestivo. O alpiste
cozido e misturado ou não à farinhada também é excelente opção. Cuidar para
que não fique muito tempo na gaiola, para evitar fermentação e desenvolvimento
de colônia de fungos. Nos próximos dias, o milho deve ser servido, no máximo,
duas vezes por semana. Muito cuidado com a possibilidade de fermentação no
milho. Nunca esquecer de retirar o milho da gaiola no final do dia. Se for oferecido
milho verde diariamente para uma fêmea com filhotes, esta o empregará
preferencialmente em sua alimentação, desbalanceando a dieta e comprometendo
o desenvolvimento da ninhada. Como o milho verde não é tão rico em proteínas e
outros nutrientes, devemos incentiva-la a consumir rações e farinhadas.
No inicio de setembro, os ninhos próprios para curiós devem ser colocados nas
gaiolas das fêmeas. São melhores os confeccionados com bucha vegetal e
revestidos com tecido de algodão na fixação, à armação de arame, facilmente
encontrados em lojas especializadas. Devem ser instalados no fundo da gaiola, no
compartimento oposto ao que será usado para a entrada do galador e em um nível
ligeiramente mais baixo que o do poleiro mais alto, para evitar que a fêmea
empolere nele para dormir, defecando em seu interior. Embora não seja
fundamental, por fora da gaiola pode ser colocada uma proteção que aumente a
privacidade da fêmea, melhorando sua sensação de segurança para chocar.
Existem cardos feitos de bucha vegetal vendidos em lojas especializadas. Alguns
ramos de vegetais artificiais também podem ser usados. O emprego de bucha
vegetal no ninho e na proteção é recomendado por facilitar a circulação de ar, ser
lavável e apresentar um aspecto natural. As fêmeas deverão estar com as unhas
aparadas, pois unhas compridas podem enroscar na forração do ninho arrastando-
a para fora. Também podem ferir filhotes. Colocar a disposição da fêmea um
maço de raízes de capim ou fibras de côco cortado, ou ainda fibras de cizal, para
que a fêmea prepare seu ninho para postura.
Nota-se que uma fêmea está se aprontando para a reprodução quando ela inicia a
organização do seu ninho. Ela limpa o ninho todo, retirando cascas de grãos e
algumas fezes secas. Começa a puchar com o bico o material fornecido - capim,
cizal ou raiz - e levá-lo para o ninho. Deita-se no ninho, ajeitando o material,
rodopiando sobre ele. É o que chamamos vulgarmente de "rodar o ninho".
Outro sinal importante: neste período, a fêmea aumenta substancialmente o
consumo de água, indicando que está na fase que chamamos de início do "cio".
Esse momento é fundamental para o manejo reprodutivo do curió.

Deve-se observar a fêmea quando aproximamos o macho galador. O macho


estufa as penas e canta para impressionar a fêmea. A fêmea baixa as asas, fecha
os olhos e toma uma postura receptiva, em formato de "V", quando a mesma
fêmea pede a gala para o galador. Esse é o momento em que ela aceitará o
macho. Se o momento for perdido, provavelmente teremos uma postura de ovos
claros ou brancos. Se o macho for colocado antes da fêmea aceitá-lo (ou pedir a
gala) é briga certa. Algumas fêmeas mais agressivas podem ser mudadas de
ambiente para a gala, pois diminuem o seu instinto territorialista. Fêmeas mais
agressivas não devem ser acasaladas com machos inexperientes, pois esses
poderão ficar inibidos para a reprodução. Uma forma muito interessante é tentar
colocá-los para cruzar pela manhã, bem cedo, quando o dia está clareando.
Posicionamos as gaiolas lado a lado, com as janelas dos passadores laterais
alinhadas e com a divisória impedindo que o casal se veja. Retiramos a divisória
vagarosamente por um momento e observamos a reação da fêmea. Observe que
por vezes ela baixa, mas fica observando o macho. É sinal de que ainda não está
totalmente receptiva e que poderá atacar o macho. Quando está realmente pronta,
ela baixa, levanta bem a cauda, colocando-se em posição de "V”, e costuma
fechar os olhos.
Se pedir gala, abrem-se os passadores e permite-se a entrada do macho galador
na gaiola da fêmea. Se tudo correr bem a gala é muito rápida. O galador retorna
rapidamente para sua gaiola.
Colocamos imediatamente a divisória da gaiola da fêmea, separando o casal. Há
necessidade de treinarmos os galadores nesse manejo. Fazemos várias
passagens empregando uma gaiola de reprodução vazia para que ele se
acostume com dimensões, posições dos poleiros e porta do passador.
Conforme mencionado anteriormente, no amanhecer tem-se o momento mais
adequado para a gala. É comum uma fêmea baixar no primeiro dia e só aceitar o
macho no segundo. Algumas fêmeas aceitam a gala mais de uma vez por dia e
por dois ou tres dias. Há fêmeas que após serem galadas uma única vez, não
aceitam mais o macho. Alguns machos se permanecerem muito tempo perto de
fêmeas no cio perdem o interesse. Melhor levá-los para perto das fêmeas somente
para galar. Somente a observação e o conhecimento do plantel permitirão atender
a individualidade de cada pássaro. Procure conhecer seus pássaros registrando
anotações de tudo o que for observado.
Machos que não concluíram bem a muda de penas costumam apresentar
problemas de fertilidade. Um macho deve cobrir apenas uma fêmea por dia.
Normalmente uma cobertura é suficiente para cada postura. A maioria dos
criadores costuma permitir duas galas, em dois dias seguidos ou uma pela manhã
e outra à tarde. Não costumamos repetir a gala se a observação mostrou que tudo
correu bem.
Costuma acontecer com alguns curiós machos galadores novos, que ainda estão
inexperientes, a galada falsa: eles sobrevoam a fêmea, porém, no momento do
"encontro das cloacas", ou ele ou ela saem antes do tempo, gerando, com isso,
ovos brancos colocados pelas fêmeas. A galada bem feita é aquela em que o
curió galador, ao final de todo o processo, dá aquela encostada na cloaca da
fêmea (o que, vulgarmente, chamamos de "selada"), quando, geralmente, ele
projeta o corpo um pouco para trás. O curió galador novo aprende com a prática,
aperfeiçoando seu instinto reprodutor. Logo, o ideal é utilizá-lo com fêmeas mais
experientes, mais tranquilas, daquelas que costumam pedir gala fácil e, digamos,
dão todo o tempo do mundo para eles aprenderem logo.
Dois ou tres dias após a gala tem início a postura. Se a fêmea iniciar o choco após
a postura do primeiro ovo devemos remover o ovo com muito cuidado e substituí-
lo por um indez de plástico (a venda nas lojas do ramo). O ovo retirado deve ser
armazenado em local seco e fresco, sobre sementes de arroz descascado muito
limpas, sendo virados duas vezes por dia. Quando a fêmea tiver botado o último
ovo recolocamos o que foi retirado, de modo a que todos os filhos nasçam no
mesmo dia. A postura normal é de 2 ovos e excepcionalmente 3. Observar
dificuldades com a postura permanecendo em condições de prestar socorro para
fêmea com “ovo atravessado”.
Sugiro a leitura do artigo do Sr. Gilson Barbosa entitulado de “Cópula e
Prostração”, cujo extrato está transcrito nesse site.
É comum uma fêmea botar e não iniciar o choco, ou mesmo largar o choco nos
primeiros dias, principalmente se a fêmea for nova. Nesse caso a solução é a
passagem dos ovos para outra fêmea ou mesmo para fêmeas de Manon (são
ótimas amas), ou ainda canárias do reino. O uso de chocadeira, com viragem
automática para ovos de pássaros apresenta bons resultados. O período de
incubação varia de 12 a 13 dias, sendo mais comum a eclosão no 13º dia.
Após o nascimento, a fêmea normalmente cuida sozinha dos filhotes, e só
devemos intervir se algo de errado estiver acontecendo. No entanto, os filhotes
também podem ser mantidos em incubadoras, a uma temperatura de 33 graus,
sendo alimentados com papas produzidas pela industria especializada com o
auxilio de uma seringa. Sugerimos a leitura do artigo Incubação Artificial e
Alimentação Manual de Filhotes.
Substitua a farinhada, no mínimo, duas vezes no dia. Inclua um premix. Muitos
criadores incluem antibióticos na farinhada que alimentará os filhotes para evitar
diarréias. Pessoalmente entendo que a manutenção da higidez do plantel e do
criatório por si só garantem o sucesso da reprodução. Quando a fêmea maltratar
os filhotes, bicando e arrancando seus cartuchos de penas, podemos empregar,
no ninho, uma proteção com tela de viveiro para que continue a alimentá-los sem
poder bicá-los.
Há necessidade de muita observação nesse período. Os filhotes não podem
passar fome ou frio. Se a fêmea não os estiver alimentando suficientemente,
complemente sua dieta com papas e seringa. Nunca sacie totalmente o filhote,
pois esse passaria a não pedir comida à mãe, que acabaria por esquecê-lo.
Substitua o ninho por outro higienizado, sempre que notar que o atual está
comprometido.
No 5 º ou 6° dia efetua-se o anilhamento. O processo é muito simples. Juntam-se
os 3 dedos anteriores e os inserimos grupados através da anilha (pode ser em
qualquer das patas). O dedo posterior será dobrado para cima e para traz,
alinhado com perna. Há fêmeas que começam a bicar a anilha dos filhotes. Se
ocorrer há necessidade de proteção do ninho com tela.
Com 13 ou 14 dias os filhotes deixam o ninho. Poderão ser separados da mãe
com 35 ou 40 dias, somente quando já estiverem comendo sozinhos.
Após a saída dos filhotes do ninho, devemos substituir o ninho, pois logo a fêmea
reiniciará o processo reprodutivo. Poderá ocorrer de uma fêmea aprontar e pedir
gala mesmo enquanto ainda está alimentando os filhotes. Não há inconveniente
em que a fêmea continue alimentando os filhotes e chocando a nova ninhada. É
preciso muita atenção para não perder o momento indicado para a gala. Os
filhotes devem ser separados da mãe no momento da cópula. O macho e os
filhotes não deverão ficar no mesmo compartimento. É possível inserir a grade
separadora na gaiola da fêmea, mantendo os filhotes em um lado e a fêmea no
outro.
Quando as fêmeas estão agressivas com os filhotes, a grade separadora poderá
manter filhotes e fêmea separados. Ainda assim ela continuará a alimentá-los
pelos intervalos dos arames.
Ao serem separados da mãe, os filhotes devem ser mantidos juntos por mais um
ou dois meses, para que se sintam mais seguros. Esse procedimento poderá ser
consorciado com o método de vetorização de canto do criatório.

Obs: procura mais informações sobre reprodução de curiós e este artigo não
esclareceu todas suas duvidas. Envie-nos sua pergunta por e-mail que
responderemos o mais breve possível.
E-mail: mundodocurio@hotmail.com

Você também pode gostar