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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Disciplina: Seminários Aplicados

APLICABILIDADE E REAÇÃO TECIDUAL DOS FIOS DE SUTURA

Luciano Schneider da Silva


Orientadora: Profa. Dra. Neusa Margarida Paulo

GOIÂNIA
2009
I

LUCIANO SCHNEIDER DA SILVA

APLICABILIDADE E REAÇÃO TECIDUAL DOS FIOS DE SUTURA

Seminário apresentado junto à Disciplina


Seminários Aplicados do Programa de Pós-
Graduação em Ciência Animal da Escola de
Veterinária da Universidade Federal de Goiás.
Nível: Doutorado.

Área de concentração:

Patologia, Clínica e Cirurgia Animal.

Linha de Pesquisa:

Técnicas cirúrgicas e anestésicas, patologia


clínica cirúrgica e cirurgia experimental.

Orientador:

Profa. Dra. Neusa Margarida Paulo – EV/UFG


Comitê de Orientação:

Profa. Dra. Liliana Borges de Menezes – IPTSP/UFG


Prof. Dr. Renato Miranda de Melo – FM/UFG

GOIÂNIA

2009
II

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 1
2 REVISÃO DA LITERATURA 2
2.1 A história dos fios de sutura 2
2.2 Classificação dos fios de suturas 5
2.3 Tipos de fios, sua aplicabilidade e reações teciduais 9
2.3.1 Fios absorvíveis de origem animal 9
2.3.1 a Fio Catgut simples e cromado 9
2.3.2 Fios absorvíveis de origem sintética 11
2.3.2 a Fio de Poliglactina 11
2.3.2 b Fio de Ácido poliglicólico 14

2.3.2 c Fio de Polidioxanona (PDS) 15


2.3.2 d Fio de Poliglecaprone 17

2.3.2 e Fio de Gliconato 20


2.3.3 Fios inabsorvíveis de origem animal 20
2.3.3 a Fio de seda 20
2.3.4 Fios inabsorvíveis de origem vegetal 21
2.3.4 a Fio de Algodão 21
2.3.4 b Fio de linho 23

2.3.5 Fios inabsorvíveis de origem sintética 23


2.3.5 a Fio de Poliamida (náilon) 23
2.3.5 b Fio de Polipropileno 26
2.3.5 c Fio de Poliéster 27
2.3.5 d Fio de Politetrafluoretileno 28
2.3.6 Fio inabsorvível de origem mineral 29
2.3.6 a Fio de aço inoxidável 29
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 31
4 REFERÊNCIAS 32
ANEXO 37
III

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Classificação dos fios de suturas quanto à absorção, origem do 6


material, composição e capilaridade.

Figura 2 Lâ Lâmina de tecido conjuntivo subcutâneo após cinco dias de 13


implante do fio de poliglactina 910, HE, 40x (SAITO et al., 2006).
Figura 3 Lâmina de tecido conjuntivo subcutâneo após 10 dias de 13
implante do fio de poliglactina 910, HE, 40x (SAITO et al., 2006).

Figura 4 Lâ Lâmina de tecido conjuntivo subcutâneo após 20 dias de 13


implante do fio de poliglactina 910, HE, 40x (SAITO et al., 2006).
Figura 5 Lâmina histológica de intestino. Rato submetido à anastomose, 17
28 dias pós-operatório. O material de sutura PDS foi circundado
por alguns fibroblastos e polimorfonucleares, HE, 40X,
(ANDERSEN et al., 1989).
Figura 6 FI Lâmina de tecido conjuntivo subcutâneo após cinco dias de 19
implante com fio de poliglecaprone, HE, 40x (SAITO et al.,
2006).
Figura 7 FI Lâmina de tecido conjuntivo subcutâneo após 10 dias de 19
implante com fio de poliglecaprone, HE, 40x (SAITO et al.,
2006).
Figura 8 Lâmina de tecido conjuntivo subcutâneo após 20 dias de 19
implante com fio de poliglecaprone, HE, 40x (SAITO et al.,
2006).
Figura 9 Aspecto histopatológico das lâminas dos animais que receberam 25
o fio de náilon, sete dias de pós-operatório. a. Sutura externa:
Reação de encapsulamento, cavidade do fio (*), reação
Inflamatória (seta), proliferação fibroblástica, formação de tecido
de granulação e hemorragia. b. Sutura interna: Reação de
encapsulamento, cavidade do fio (*), proliferação fibroblástica,
reação inflamatória intensa (seta) (RIBEIRO et al., 2005).
Figura 10 Aspecto histopatológico, lâminas dos animais que receberam o 25
fio de náilon, 14 dias de pós-operatório. a. Sutura externa.
Reação de encapsulamento, cavidade do fio com exsudado
protéico (*), proliferação fibroblástica, fibrose, reação
inflamatória, células inflamatórias (seta), formação de tecido de
granulação, vasos congestos; Aumento 10x; b. Sutura interna.
Reação de encapsulamento, cavidade do fio (*), proliferação
fibroblástica e fibrose (PF + F), reação inflamatória, vasos
congestos (RIBEIRO et al., 2005)
IV

Figura 11 Aspecto histopatológico, lâminas dos animais que receberam o 26


fio de náilon, 21 dias de pós-operatório, Aumento 10x; a. Sutura
externa. Reação de encapsulamento, cavidade do fio (*), intensa
proliferação fibroblástica, fibrose (F), reação inflamatória focal
no tecido subcutâneo (seta); b. Sutura interna. Reação de
encapsulamento, intensa proliferação fibroblástica, fibrose (F),
células inflamatórias de permeio (seta), vasos congestos
(RIBEIRO et al., 2005).
Figura 12 Politetrafluoretileno. a) 48 h: extensa área de infiltrado 29
neutrofílico envolta do fio de sutura; b) sete dias: persistência do
infiltrado inflamatório; c) 14 dias: nota-se o tecido de granulação
bem difundido; d) 21 dias: presença de células gigantes e do
tecido conectivo bem organizado, HE, 40X (NARRY et al.,
2002).
1

1 INTRODUÇÃO

A história dos fios de sutura data desde a antiguidade, antes de Cristo,


quando o homem sentiu a necessidade de fechar de alguma forma os ferimentos
para acelerar a cicatrização e promover maior conforto ao paciente. Há relatos da
utilização de vários materiais como fios de suturas a partir de 30 d. C. como: fibra
de linho, filamento de seda, tiras da serosa de intestino de herbívoros, tendões de
animais, fio do pêlo da extremidade da cauda de bovinos e cabelo de camelo. A
partir do século XIII os cirurgiões começaram a se preocupar não só com a
natureza do material implantado como fio de sutura, mas também com a sua
antissepsia. Houve então, depois desse período a prática da esterilização do
materiail usado em cirurgias e o início da produção em escala industrial dos
filamentos usados na síntese. Assim começou a tendência de se utilizar uma
variedade de fios para sutura, esterilizados, com agulhas pré-instaladas e
fornecidos para pronto uso.
A infecção de uma ferida operatória está em direta relação com a
presença de corpos estranhos na região. Embasados na idéia de que o próprio fio
poderia ser um corpo estranho ao tecido vivo, diversos autores passaram a
estudar as características físicas e químicas de cada fio e reações tissulares que
eles possam vir a provocar. A busca pelo fio de sutura ideal persistiu até os
nossos dias, pois há a necessidade de que ele seja de fácil manuseio, barato, de
fácil aquisição, resistente, biocompatível, não cancerígeno, e que após cumprir
sua função seja absorvido pelo organismo.
A reação inflamatória de uma lesão tecidual é a primeira fase da
reparação cicatricial. O material de sutura pode agir como fator irritativo
permanente, podendo exacerbar e cronificar a resposta inflamatória local e causar
transtornos à fisiologia da cicatrização.
Este trabalho da revisão da literatura tem como objetivo classificar os
fios de sutura de acordo com sua degradação, capilaridade e origem do material,
discutindo sua aplicabilidade e as eventuais reações teciduais que eles venham
provocar nos diversos tipos de tecidos.
2

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A história dos fios de sutura

Desde a antiguidade, um grande número de material de sutura foi


testado e utilizado, tais como fibras vegetais, resinas, tendões, intestinos de
vários animais, crina de cavalo, filamentos de ouro, dentre outros. Uma das
menções mais antigas ao ato de suturar está registrada em escrita egípcia, que
datam 3.500 a.C. Nessa era primitiva, grandes formigas ou escaravelhos eram
colocados em feridas de modo que seus aparelhos bucais se fechavam junto às
bordas das lesões. O corpo dos insetos era torcido, arrancado, deixando suas
cabeças firmemente fixas às bordas do ferimento (MAKENZIE, 1973).
Aurélio Cornélio Celsus, um escritor e médico romano no ano 30 d. C.,
relatou que a fibra de linho não deveria ser torcida quando usada em suturas, pois
assim se tornava mais maleável, facilitando os nós nas suturas das feridas. Ele
fez a primeira menção da história sobre técnicas de ligaduras de vasos. O
conceito de ligadura e sutura está também registrado nos escritos de Hipócrates e
Galeno. Galeno de Pergamon, 150 anos d. C., tratou a ruptura de tendões dos
gladiadores com suturas utilizando fio de seda e tiras de serosa de intestino de
herbívoros, dando-lhes, pelo menos, uma chance de recuperação onde
anteriormente eles só poderiam esperar a paralisia (LYONS & PETRUCELLI,
1987).
Rhazes (850-923 d. C.), o primeiro dos grandes médicos persas,
realizou ligaduras de vasos e suturas de feridas com cordas extraídas de um
alaúde. Atribui-se a esse médico árabe a introdução da palavra kitgut, para
designar fios confeccionados com tiras do intestino de animais herbívoros,
utilizados como cordas de instrumentos musicais (kit). Acredita-se que essa seja
a origem da palavra Catgut, que denomina o fio de sutura mais conhecido de
todos os tempos. O famoso cirurgião árabe Abulcasim, na segunda metade do
século 10, produziu uma descrição detalhada de técnicas de sutura. Ele tinha
conhecimento dos diferentes tipos de suturas aplicadas aos ferimentos
abdominais. As agulhas eram feitas de osso ou de bronze, retas ou curvas.
3

Como sutura, utilizou material como fios do pelo da extremidade da cauda de


bovinos, tendões animal e fios de seda para as ligaduras vasculares (MAKENZIE,
1973).
Na Europa, no século VII, na escola de medicina da cidade de Salerno,
Rogério foi considerado como um importante cirurgião do Ocidente, após os
árabes. Ele recomendava a serosa de intestino de herbívoros como sutura
material, especialmente para as grandes feridas em vísceras abdominais. Linho
ou seda não foram considerados adequados por esse cirurgião. A lista de material
de sutura de Rogério ainda incluía tendões e pêlos de camelo. A serosa de
intestino tornou-se mais e mais importante especialmente para ligaduras, mas
também para coabitação de ossos e suturas de feridas (MAKENZIE, 1973).
O francês Ambroise Paré (1510-1590), que originalmente era um
barbeiro, tornando-se mais tarde um dos maiores cirurgiões de todos os tempos,
utilizou finas tiras de linho e seda para ligaduras vasculares. Ambroise Paré foi um
dos primeiros cirurgiões a acreditar na capacidade de regeneração dos tecidos
vivos. Ele introduziu as fitas adesivas para fechar ferimentos, além de difundir a
ligadura de vasos em substituição à cauterização destes com azeite fervente
(PASSERI, 1982).
A primeira sutura vascular, de que se tem notícia foi realizada por
Hallowell em 1759, que por sugestão de Lembert, fechou uma pequena abertura
da artéria braquial com sucesso. Infelizmente, as tentativas infrutíferas de Asman,
para reproduzir experimentalmente em cães a técnica de Lembert-Hallowell,
conduziram os cirurgiões da época ao descrédito do método, responsabilizando a
introdução do fio de sutura na luz do vaso, atravessando toda a parede, como
sendo a causa de trombose e de oclusão total (KALLAS, et al. 1999).
O professor de cirurgia Joseph Lister (1827-1912), motivado pelo
trabalho de Louis Pasteur (1822-1895) para obter procedimentos antissépticos,
utilizou o ácido carbólico e o fenol para combater germes nas mãos, instrumentos,
material cirúrgico, material de suturas e feridas. A introdução da antissepsia
reduziu a taxa de infecção para um valor inferior a cinco por cento. Nas décadas
posteriores, a desinfecção e esterilização foram processos desenvolvidos com
maior rigor. O professor Lister iniciou uma mudança fundamental na avaliação do
material de sutura. A partir de então, todos os tipos de sutura foram
4

rotineiramente esterilizados. Nesse período uma grande variedade de material de


sutura foi utilizada: material metálico (prata, cobre, alumínio e bronze), suturas
feitas de material vegetal (linho e algodão), suturas feitas de materiais de origem
animal (cabelos, tendões, artérias, músculos, tiras de nervos, seda e catgut)
(LYONS & PETRUCELLI, 1987).
Ainda no século XIX, o médico americano Philipe Physick, por meio de
seus experimentos com suturas, admitiu pela primeira vez na história a
possibilidade de que um fio cumprisse sua função e depois desaparecesse, sendo
absorvido pelos tecidos circundantes. Joseph Lister foi também pioneiro na
utilização de ácido crômico para aumentar a resistência do catgut à absorção.
Com o advento da industrialização, material como a seda e o algodão tiveram seu
uso difundido e passaram a ser anexados em agulha. Em 1900 já se dispunha de
catgut em tubo de vidro mergulhado em solução esterilizante. A partir da Primeira
Guerra Mundial foram sendo desenvolvidos métodos de esterilização mais
seguros, como a radiação ionizante com o Cobalto 60, além de material sintético
para a confecção dos fios de sutura cirúrgica. Por volta de 1940 começou a
utilização da Poliamida e Poliéster; em 1962 do Polipropileno e a partir de 1970 os
primeiros fios absorvíveis de origem sintética começaram a ser comercializados.
Em 1971 foi introduzido pela Ethicon o primeiro fio absorvível sintético, um
polímero de ácido poliglactinico, poliglactina 910. Muitos estudos enfocaram as
qualidades do fio de poliglactina 910. Assim começou a tendência de se utilizar
uma variedade de fios para sutura cirúrgica esterilizados, com agulhas pré-
instaladas e fornecidos para pronto uso. (CASTRO et al., 1974).
5

2.2 Classificação dos fios de suturas

A síntese constitui um passo muito importante no procedimento


cirúrgico, despertando interesse dos pesquisadores e fabricantes na busca de um
material com qualidades ideais. Na escolha do fio de sutura, o material a ser
utilizado não deve prejudicar o processo de cicatrização (SAITO et al., 2006). O
melhor fio é aquele que, com a menor reação inflamatória possível, seja capaz de
manter sua força tênsil até que a cicatrização da ferida cirúrgica esteja completa e
seja absorvido permitindo a funcionalidade do órgão (FERREIRA et al., 2005).
KALLAS et al. (1999) consideraram que o fio de sutura ideal, além de
fácil manuseio, deveria ser resistente, não embologênico, imunologicamente
inerte, não cancerígeno e, após cumprir sua função, desaparecer totalmente de
modo a não constituir-se em corpo estranho, além de permitir a neoangiogenese.
SKINOVSKI et al. (2005) relataram que um fio de sutura ideal não deve
ser capilar, alergênico, carcinogênico, deve ser de uso fácil, ser barato, de fácil
aquisição, facilmente esterilizado sem ser alterado e que permita uma cicatriz
esteticamente perfeita. Os autores ainda mencionaram que apesar do avanço da
ciência, ainda não foi possível desenvolver um material de sutura com todas
essas propriedades, entretanto, muito material de sutura está disponível ao
cirurgião com várias qualidades.
Os fios de sutura podem ser classificados de várias maneiras de
acordo com as suas características e propriedades. Essa classificação baseia-se
de acordo com a capilaridade (multifilamentados ou monofilamentados), com a
sua origem (orgânicos, sintéticos, minerais ou mistos) e com a sua degradação
(inabsorvíveis e absorvíveis), tempo que cada fio leva para perder sua força tênsil
e ser absorvido ou incorporado pelo organismo (Figura 1). Várias outras
propriedades diferenciam os fios cirúrgicos entre si, como absorção de fluidos,
aderência bacteriana, elasticidade, plasticidade, pliabilidade, seu diâmetro,
coeficiente de atrito e reação tecidual (HERING & GABOR, 1993).
6

FIGURA 1. Classificação dos fios de suturas quanto à absorção, origem do


material, composição e capilaridade.
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As propriedades de um fio são extremamente importantes e se


relacionam sempre com o tipo de órgão que sofre síntese. Assim, um fio com alta
capilaridade (multifilamentos) poderá ser menos útil em tecidos expostos às
coleções ou fluidos. Um fio multifilamentado permite maior aderência bacteriana e
deve ser evitado em tecidos contaminados. Fios que possuem muita memória
(capacidade de voltar ao seu estado original quando dobrado ou enrolado) ou fios
que possuem alta pliabilidade (dificuldade de se dar nós) poderão impor
dificuldades em suturas delicadas (HERING & GABOR, 1993).
Fios que irão manter tecidos expostos a grandes forças, como as
aponeuroses, deverão possuir grande força tênsil. Numa sutura sem tensão, tal
propriedade não é tão importante. Os fios têm diâmetro ou calibre variados
expressos em zeros. O número de zeros corresponde a um diâmetro capaz de
determinar a resistência tênsil do fio. Quanto maior o número de zeros, mais fino
é o fio. Conhecendo as propriedades, o cirurgião poderá escolher um fio
adequado ao propósito. As suturas de mucosas, por exemplo, na mucosa oral,
que possui uma cicatrização rápida, sem necessidade de tensão, podem ser
realizadas com fio absorvível de curta permanência. Já a sutura de musculatura
estriada e a fáscia, necessitam de um fio que ofereça resistência, com maior
permanência, baixo coeficiente de atrito e causador de pouca reação tecidual
(HERING & GABOR, 1993).
A biocompatibilidade dos fios de sutura consiste numa informação de
extrema importância, no sentido de se conhecer a resposta biológica ao material,
principalmente para que possa ser indicado em situações nas quais há risco de
prejuízo durante o processo de cicatrização. Quando se estuda o comportamento
de um fio de sutura, seja ele utilizado na realização de suturas ou em tecido
subcutâneo, é esperada que na fase pós-operatória inicial seja observada uma
reação provocada apenas pelo trauma cirúrgico. Após esta fase inicial de
cicatrização, que dura em torno de sete dias, a reação observada é causada pelo
material do qual o fio de sutura é composto. A colocação de fios de sutura no
tecido subcutâneo frequentemente induz um processo inflamatório crônico
(SAITO et al., 2006).
O fio de sutura pode agir como fator irritativo permanente, podendo
exacerbar e cronificar a resposta inflamatória local e causar transtornos à
8

fisiologia da cicatrização. Estes transtornos, representados pelo retardo na


reepitelização da linha de sutura, predisposição à formação de granulomas e ao
exagero na fibroplasia, podem ser os causadores dos maus resultados de uma
reparação tecidual (MCKEOWN et al., 1991).
Na comparação entre fios multifilamentares com monofilamentares é
comum se observar reação tecidual mais favorável nos monofilamentos devido à
menor possibilidade de retenção bacteriana. Os multifilamentos permitem que as
bactérias penetrem entre seus fios e se proliferem, protegidas das células de
defesa, que por sua vez não conseguem penetrar pelas capilaridades destes
materiais, pois possuem um diâmetro maior (CASTRO et al., 1974).
9

2.3 Tipos de fios, sua aplicabilidade e reações teciduais

2.3.1 Fios absorvíveis de origem animal

a) Fio Catgut simples e cromado

É um multifilamento preparado a partir da camada serosa do intestino


delgado dos bovinos sadios. Esta porção do intestino possui fibras longitudinais
que proporcionam maior resistência ao fio. É um fio de origem protéica, composto
de colágeno, tratado com solução de gluteraldeído para aumentar a resistência
tênsil, embalado em solução conservante de álcool isopropílico e esterilizado com
cobalto 60. Este fio não pode ser autoclavável, pois o calor desnatura as
proteínas causando a perda da resistência (SLATER, 1998).
A absorção do catgut, quando implantado no tecido, é um processo
que envolve dois estágios e fagocitose principalmente pelos macrófagos. As
ligações moleculares são quebradas por hidrólise ácida e colagenólise. Em
seguida ocorre a digestão e absorção por enzimas proteolíticas seguidas de
fagocitose pelos macrófagos. Devido à sua composição, o catgut estimula uma
reação tipo corpo estranho significativa no tecido implantado (SLATER, 1998).
Por esta razão, este é um fio absorvido rapidamente em áreas infectadas, pois os
níveis de digestão enzimática são crescentes. A absorção prematura pode ainda
ser observada quando exposto à pepsina ácida do estômago, em tecidos
altamente vascularizados e em pacientes com depleção protéica. Em geral a
absorção deste fio ocorre depois que já perdeu a sua resistência (95% em 14
dias), levando até 70 dias para ser degradado (SHAUFFERT et al., 2000).
O catgut cromado possui a mesma composição do catgut simples, só
que é tratado com uma solução salina de cromo, o que aumenta sua resistência
levando até 90 dias para ser absorvido. Este tratamento com cromo não só
prolonga a integridade do fio, mas também a resistência à digestão enzimática,
aumenta as ligações intermoleculares do fio e minimiza irritação dos tecidos.
10

Estima-se que com 14 dias o catgut cromado já perdeu 60% da sua resistência
tênsil e 90% em 21 dias. Tanto o catgut simples como o cromado, quando úmidos
em fluidos teciduais, as fibras se dilatam, enfraquecem e demonstram pouca
resistência aos nós (TOGNINI & GOLDENBERG, 1998).
BIONDO-SIMOES et al. (1998), comparando o fio de catgut cromado e
de ácido poliglicólico em suturas vesicais, observaram processo inflamatório
similar entre os grupos, e em todos eles havia presença de aderências da gordura
perivesical à linha de sutura. Da mesma forma, SCHAUFFERT et al. (2000),
comparando fios de catgut cromado e ácido poliglicólico, em ileocistoplastia em
ratos, observaram que em todos os animais havia presença de aderências de
bexiga ao mesosalpinge.
Segundo STEWART et al. (1990), os fios inabsorvíveis são
inadequados em suturas urológicas, pois, em contato com a mucosa, propiciam a
formação de cálculos. Esses mesmos autores afirmaram que os fios absorvíveis,
por sua vez, têm de garantir força tênsil suficiente até que a cicatrização seja
efetiva, o que na bexiga corresponde a 14-21 dias. Foi verificado nos resultados
desse estudo que o catgut cromado foi indicado para utilização na cirurgia
urológica, pois sua permanência foi verificada até os 21 dias de experimentação,
onde foi verificada a completa cicatrização. MORRIS et tal. (1986), estudando a
cicatrização em coelhos, mostrou formação de cálculos em todos os grupos
submetidos à cistorrafia com catgut cromado, polidioxanona e polipropileno, em
diferentes dias: 15, 30, 60 e 90.
WOUK et al. (1980) em experimento de sutura de diafragma em cães,
recomendaram o uso do catgut nas suturas diafragmáticas, justificando que o
período de cicatrização da ferida na musculatura é de 14 dias, mantendo sua
força de tensão ao longo das fases críticas de reparação tecidual.
Estudo comparativo da anastomose da aorta torácica em cães,
realizada com seda, categute cromado e categute simples, evidenciou que a seda
permaneceu intacta na parede vascular um ano após a sutura, e que devido à
pequena resistência à ruptura nos primeiros dias da cicatrização, a anastomose
com categute é pouco segura. O mesmo estudo não revelou diferenças
significativas na incidência de tromboses com as técnicas de eversão das bordas
ou com o padrão contínuo simples. Contudo observaram-se superfícies
11

endoteliais mais lisas nas suturas em chuleio, com categute (KALLAS et al.,
1999).
Em um estudo, avaliou-se a resistência tênsil da parede abdominal
após síntese de laparotomia usando fio cirúrgico catgut simples, em ratos Wistar.
Uma semana após a cirurgia os animais foram submetidos à eutanásia e
verificou-se que o fio não manteve boa resistência para garantir uma boa
cicatrização, daí a formação de pequenos sacos herniários. Os autores comentam
que o fio categute simples sofre grande absorção em uma semana, período
durante o qual ele perde metade da sua resistência. Devido às suas
características físico-químicas, o fio categute não foi indicado em tecidos que
exigem um tempo de cicatrização com mais de uma semana (ROSSI et al., 2008).

2.3.2 Fios absorvíveis de origem sintética:

a) Fio de Poliglactina

Este é um fio multifilamentar, trançado e bem estirado, absorvido num


período de 60 a 80 dias, com boa resistência à tração e de fácil manuseio, além
de não favorecer aderências e não desencadear reação inflamatória significativa
em seu redor. Por todas essas qualidades, tem sido considerado um material
excelente para qualquer tipo e plano de sutura, podendo ser empregada em
suturas mais delicadas ou que requerem maior tempo de permanência (SAITO, et
al., 2006). A Ethicon, fabricante do fio Vycril à base de poliglactina 910 (90% de
ácido glicólico e 10% de ácido lático), afirma que este é um material de sutura
absorvível confeccionado a partir de polímeros que são inertes, não-antigênicos,
não piogênicos e provocam somente uma leve reação tissular durante a absorção
(STEWART, et al., 1990).
MARTINS et al. (2006) relataram que em cirurgias vesical e uretral de
pequenos animais, a poliglactina 910 parece perder a força tênsil mais
12

rapidamente em urina alcalina que em urina ácida infectada ou estéril. FERREIRA


et al. (2005) realizaram estudo visando comparar os fios de ácido poliglicólico e
de poliglactina 910 em ileocistoplastia em cães. Foi verificado que a relação entre
a reação inflamatória e fibrose demonstrou que o processo cicatricial ocorreu em
menor período de tempo quando se empregou a poliglactina 910 e que a mesma
não desenvolveu reação inflamatória supurativa nem calcificação na linha de
sutura, sendo 40% mais eficiente que o ácido poliglicólico.
KIRPENSTEIJN et al. (1997), compararam resultados de suturas
intradérmicas em cães realizadas com fios poliglactina 910 e poliglecaprone 25.
Os cães suturados com poliglactina 910 apresentaram maior vermelhidão e
reação tecidual em relação aos suturados com poliglecaprone 25. Após o primeiro
dia, não foram observadas diferenças significantes, com mínima irritação e
formação de cicatriz. Essas diferenças no aspecto clínico e a reação microscópica
tecidual ao redor do material de sutura foram, provavelmente, causados pelos
multifilamentos da poliglactina 910. O material multifilamentar ocasionou maior
fricção tecidual do que o material monofilamentar. Ambos os fios usados no
padrão de sutura contínua intradérmica resultaram em completa reepitelização em
sete dias com mínima irritação e formação cicatricial. O tempo de absorção e a
perda da força tênsil foram similares para poliglactina 910 e poliglecaprone 25.
OKAMOTO et al. (2003) implantaram a poliglactina 910 em suturas
realizadas na pele de ratos e os resultados obtidos demonstram que do 2º ao 5º
dia pós- sutura, o tecido conjuntivo tinha infiltrado inflamatório moderado, com
discreto número de macrófagos e linfócitos e epitélio recobrindo a ferida cirúrgica
com invaginação ao nível da incisão em todos os casos. Os fios analisados
apresentaram comportamento biológico satisfatório pelos autores.
Em um estudo realizado em ratos utilizando como material de sutura a
poliglactina 910, no tecido conjuntivo subcutâneo, avaliou-se a resposta tecidual
inflamatória durante cinco, 10 e 20 dias após o implante. Notou-se que no 5º dia,
nas regiões próximas ao fio, algumas células multinucleadas ao lado de
numerosos macrófagos e as áreas mais afastadas alguns fibroblastos, capilares,
macrófagos e linfócitos (Figura 2). No 10º dia observou-se uma discreta absorção
do material de sutura em alguns pontos e ainda a presença de células
multinucleadas, com a redução do número de macrófagos junto ao fio de sutura
13

(Figura 3). No 20º dia o fio de sutura apresentou-se em menor quantidade quando
comparado aos estágios anteriores, e em contato com o material, apenas alguns
macrófagos, linfócitos e fibroblastos (Figura 4) (SAITO et al., 2006).

Figura 2 – Lâmina de tecido conjuntivo subcutâneo após cinco dias de implante


do fio de poliglactina 910, HE, 40x (SAITO et al., 2006).

Figura 3 – Lâmina de tecido conjuntivo subcutâneo após 10 dias de implante do


fio de poliglactina 910, HE, 40x (SAITO et al., 2006).

Figura 4 – Lâmina de tecido conjuntivo subcutâneo após 20 dias de implante do


fio de poliglactina 910, HE, 40x (SAITO et al., 2006).
14

ROSSI et al. (2008) ao estudarem a resistência tênsil da parede


abdominal após síntese de laparotomia utilizando três tipos de fios cirúrgicos em
ratos, verificaram que o grupo categute apresentou resistência ligeiramente menor
que ao da poliglactina 910. O grupo poliglecaprone foi o que apresentou menor
resistência entre os três fios analisados. Eles concluíram que o fio de poliglactina
910 apresentou a maior resistência tênsil dentre os três fios analisados, sendo
esta diferença estatisticamente significativa quando comparado ao fio de
poliglecaprone.

b) Fio de Ácido poliglicólico

Trata-se de um fio sintético absorvível composto de um monopolímero


de ácido glicólico (ácido hidroxiacético) moldado em multifilamentos, com boa
resistência, bom manuseio na confecção dos nós e boa fixação. Seu material é
considerado inerte, não antigênico e não piogênico. Sua absorção ocorre por
hidrólise de forma uniforme e previsível. Sua esterilização industrialmente é feita
com óxido de etileno (GOFFI & TOLOSA, 1996).
BIMONTE (1997) citou que a velocidade de absorção está diretamente
relacionada com a vascularização do tecido onde é aplicado e que a poliglactina
910 é mais resistente à hidrólise que o ácido o poliglicólico. FONTES & SADI
(1995) afirmaram que a forma de absorção determina o grau de reação
inflamatória, mas apesar dos fios de poliglactina e ácido poliglicólico sofrerem o
mesmo tipo de degradação (hidrólise) a reação ao ácido poliglicólico é mais
intensa que a da poliglactina nos tecidos.
FERREIRA et al. (2005) realizaram uma pesquisa visando comparar os
fios de ácido poliglicólico e de poliglactina 910 em ileocistoplastia em cães. Os
cães que receberam o fio de ácido poliglicólico apresentaram sinais progressivos
de fibrose após 21 dias de pós-operatório. O mesmo grupo demonstrou sinais de
início do processo de hidrólise e sinais de calcificação na linha de sutura. Os
15

autores verificaram que houve diferença significativa entre os fios utilizados, no


que se refere à reação inflamatória, grau de fibrose e calcificação na linha de
sutura, caracterizando o fio de poliglactina 910 como mais indicado para
enterocistoplastia em cães do que o fio de ácido poliglicólico.
Sua indicação é para cirurgias gerais de tecidos moles, em específico,
cirurgias plásticas, urológicas, cardiovasculares, oftalmológicas, ginecológicas,
obstétricas e ortopédicas (OKAMOTO et al., 1994).

c) Fio de Polidioxanona (PDS)

É um monofilamento sintético absorvível preparado a partir do


poliéster, poli (p-dioxanona). A fórmula empírica molecular do polímero é
C4H6O3. Polidioxanona é um polímero não alergênico, não piogênico,
provocando apenas uma ligeira reação tecidual durante a absorção. As suturas
com PDS são indicadas em aproximações de tecidos moles, em cirurgias
cardiovasculares, cirurgias oftálmicas (com exceção da córnea e da esclera). Este
monofilamento não está indicado para ser usado em tecido neural. É
particularmente útil quando se espera a combinação de uma sutura absorvível
com resistência prolongada (SLATER, 1998).
Duas características importantes descrevem o desempenho in vivo de
suturas absorvíveis: a resistência à tração e a taxa de absorção (perda de
massa). Dados obtidos a partir de implantes em ratos mostraram que PDS é
essencialmente absorvido entre 182 e 238 dias pós-implantação. Em suturas
conjugadas com implante de próteses (válvulas cardíacas ou enxertos sintéticos)
este fio não foi recomendado (BOURNE et al.,1988).
Como desvantagens, devido ao tempo de absorção prolongado, foi
observado que quando aplicado na mucosa vaginal, pode levar a irritação
leve. Os efeitos adversos associados com o uso de suturas absorvíveis sintéticas
incluem: deiscências, incapacidade de fornecer apoio adequado à ferida que sofre
distensões e alongamentos ou em ferimentos de pacientes desnutridos ou que
sofrem demora na cicatrização de feridas. Reação inflamatória aguda mínima foi
observada na sutura da pele, quando são deixadas no lugar por mais de sete
16

dias. Há relatos de formação de cálculos urinários e biliares quando em contato


prolongado com soluções salinas, tais como urina e bílis (ANDERSEN et al.,
1989).
RAY et al. (1981) descreveram um novo fio absorvível sintético
monofilamentar: a polidioxanona (PDS), e referiram vantagens sobre os fios
absorvíveis sintéticos existentes para utilização em tecidos que necessitassem
que o material de sutura permanecesse por longo período.
O fio de polidioxanona (PDS) apresentou na avaliação histológica,
menor reação de corpo estranho do que o fio de polipropileno (PLP), nas
anastomoses arteriais de cães (FERREIRA et al., 2005).
Esses autores ainda observaram que o PDS tem 20% mais resistência
do que os fios absorvíveis trançados, sofrendo degradação mais lenta nos tecidos
e preservando a resistência por muito mais tempo do que o necessário para a
cicatrização do trato urinário (EDLICH et al., 1987). STEWART et al. (1990),
estudando cicatrização em ratos e comparando os fios de catgut, poliglactina e
PDS, observaram não haver diferença na incidência de litíase entre os grupos de
animais ao fim de seis meses de experimento.
No trabalho experimental de HOUDART et al. (1986), o fio de PDS
produziu apenas ligeira reação tecidual no cólon. Em outro estudo, realizou-se 98
anastomoses colônicas em ratos e não foram relatadas complicações e reações
celulares intensas quanto ao uso do material de sutura com polidioxanona (PDS).
Verificou-se que o fio de polidioxanona manteve a sua integridade ao longo de
todo o período de observação histológica, sendo que no 28º dia havia apenas
uma ligeira reação celular observada em torno das suturas intestinas (Figura 5).
(ANDERSEN et al.,1989).
17

FIGURA 5. Lâmina histológica de intestino. Rato submetido à anastomose, 28


dias pós-operatório. O material de sutura PDS foi circundado por alguns
fibroblastos e polimorfonucleares, HE, 40X, (ANDERSEN et al.,1989).

Discutindo-se as características e peculiaridades envolvendo a síntese


da parede abdominal e suas particularidades quanto à cicatrização, tenta-se obter
o material de sutura ideal para realizá-la, ou seja, que tenha uma força de tensão
inicial adequada, que seja mantido até a completa cicatrização, levando a baixa
reação tecidual e que depois desapareça. Com essas qualidades encontra-se o
Polidioxanona, que mantém 70% da sua força de tensão aos 28 dias, ao passo
que outros fios absorvíveis similares multifilamentares mantém apenas 5% de
resistência neste período (TOGNINI & GOLDENBERG, 1998).

d) Fio de Poliglecaprone

O poliglecaprone 25 é um fio monofilamentar sintético à base de blocos


segmentados de copolímeros de épsilon coprolactona e glicolida que são
absorvidos por hidrólise quando em contato com organismos vivos. A sua
absorção é completa entre 91 e 119 dias após implantação. Apresenta excelente
18

resistência tênsil, reduzida memória e grande maleabilidade. Este material


apresenta perda da resistência tênsil de 20 % após duas semanas de pós-
operatório (período considerado crítico na cicatrização e reparação de tecidos).
Devido a essas características pode ser aplicado não somente nas suturas
internas, mas também em suturas superficiais de mucosa e externas cutâneas
(BEZWADA et al.,1995).
O poliglecaprone 25 está indicado para utilização em tecidos moles em
geral, com exceção ao uso em tecido neurológico e cardiovascular, cirurgias
oftalmológicas e microcirurgias. O fabricante ressalta a contra-indicação deste
material em coabitação com tecido sob tensão (FILHO et al., 2002).
Autores relataram que em cirurgia geral, este fio mostrou mínimas
complicações e resultados estéticos excelentes, com pequena reação tecidual e
fácil manuseio (OKAMOTO et al., 2003). Em estudos realizados em animais,
comparando o fio de poliglactina 910 e de poliglecaprone 25 empregando
metodologias já consagradas, revelaram um bom reparo em alvéolos com uma
proliferação fibroblástica e neoformação óssea mais precoce indicando que este
material pode ser indicado para uso em odontologia (OKAMOTO et al., 1994).
Considerando que o fio de poliglecaprone 25 tem apresentado boas
qualidades biológicas e, além disso, é um fio monofilamentar, foi considerado de
grande interesse avaliar sua biocompatibilidade através do implante em tecido
subcutâneo. SAITO et al. (2006), aos cinco dias pós- implante subcutâneo em
ratos, observou próximo ao fio de sutura, moderado número de macrófagos ao
lado de alguns linfócitos. Contornando essa área evidenciou-se tecido conjuntivo
mostrando os fibroblastos com disposição paralela à superfície do material e
alguns capilares neoformados (Figura 6). No 10º dia, junto ao fio observou-se
tecido conjuntivo com moderado número de fibroblastos que se dispunham
paralelamente à superfície do material. O tecido conjuntivo mais afastado do
material de sutura apresentou discreto número de fibroblastos ao lado de alguns
macrófagos e linfócitos (Figura 7). No 20º dia observou-se tecido conjuntivo bem
desenvolvido com feixes de fibras colágenas contornando o material de sutura
(Figura 8). Os resultados obtidos pelos autores demonstraram que o fio de
poliglecaprone 25 apresentou boa resposta biológica, com reação inflamatória
mais discreta e organização do tecido conjuntivo precoce.
19

FIGURA 6 – Lâmina de tecido conjuntivo subcutâneo após cinco dias de implante


com fio de poliglecaprone, HE, 40x (SAITO et al., 2006).

FIGURA 7 – Lâmina de tecido conjuntivo subcutâneo após 10 dias de implante


com fio de poliglecaprone, HE, 40x (SAITO et al., 2006).

FIGURA 8 – Lâmina de tecido conjuntivo subcutâneo após 20 dias de implante


com fio de poliglecaprone, HE, 40x (SAITO et al., 2006).
20

e) Fio de Gliconato

É um monofilamento sintético absorvível produzido a partir do


gliconato, oferece boa maleabilidade e segurança nos nós das suturas. Em 14
dias após o implante ocorre 50% da sua degradação pelos tecidos, sendo
totalmente absorvido em 90 dias. É um fio com baixo coeficiente de atrito. Sua
superfície lisa permite usá-lo em suturas delicadas e minimiza a aderência de
bactérias. Sua indicação é para cirurgias gastrointestinais, ginecológicas e
obstétricas, urológicas, suturas de pele e ligadura de vasos (MORRIS et al.,
1986).
YAMAMOTO et al. (2002) compararam o processo de reparo em
suturas de cornos uterinos e vagina de 18 cadelas realizadas com o fio
monofilamentar absorvível de gliconato (Monosyn), polipropileno (Prolene),
poliglecaprone 25 (Monocryl) e categute cromado. A presença de bridas e
aderências do corno uterino foi mais frequente com o categute cromado, pela
reação tecidual mais intensa induzida pelo fio. Houve maior resistência nas
suturas com gliconato nos cornos uterinos, mas foi o fio cirúrgico que apresentou
maior necrose isquêmica aos sete dias de pós-cirúrgico. Aos 14 dias de pós-
operatório o fio de gliconato equiparou-se aos demais fios do estudo.

2.3.3 Fios inabsorvíveis de origem animal

a) Fio de seda

É mais comumente produzido como multifilamento torcido ou trançado.


O fio de seda é um filamento não absorvível, biodegradável, produzido a partir do
composto orgânico de uma proteína chamada fibroína. Seda crua é produzida
pela larva do bicho-da-seda ao formar o casulo. Suas fibras são industrialmente
processadas para remover as ceras e gomas naturais, antes do processo de
entrançar, permitindo um fio mais apertado e uma trança mais compacta com
menor capilaridade. Geralmente é tingida de preto ou outras cores para facilitar a
21

visibilidade no tecido. Algumas empresas adicionam silicone na superfície do fio


para aumentar sua flexibilidade e minimizar a reatividade no tecido que recebe o
fio. Isso por sua vez aumenta a sua pliabilidade. Embora classificada como uma
sutura inabsorvível, a seda perde lentamente a sua resistência à tensão e é
absorvida em aproximadamente dois anos após sua implantação no tecido.
Esterilizado em cobalto 60 e indicado para cirurgias do aparelho digestivo,
cirurgias oftálmicas, odontológicas e laparorrafias (GOFFI & TOLOSA, 1996).
WOUK et al. (1980) relataram, ao realizar suturas empregando fio de
seda no músculo diafragma, para redução de hérnias diafragmáticas em cães que
apesar do material ter iniciado uma pronunciada reação granulomatosa no local
da sutura, não provocou alterações no desenrolar do processo de cicatrização,
uma vez que não foram observadas deiscências e nenhuma outra alteração
macroscópica indesejável.
PANILAITIS et al., (2003) relataram que as fibras de seda têm seu
potencial além das suas aplicações biomédicas como fios de suturas. Os fios de
seda atuais, que possuem fibras purificadas foram cultivadas in vitro na presença
de macrófagos e não foi observada ativação de macrófagos na presença de
partículas de fibroína. Mas, uma molécula presente nas fibras da seda pode
induzir a resposta inflamatória, a sericina, pois possui sinergismo com os
lipopolissacarídeos das bactérias. Mesmo assim o fio de seda foi considerado
com um potencial inflamatório baixo.

2.3.4 Fios inabsorvíveis de origem vegetal

a) Fio de Algodão

É um fio multifilamentado, considerado inabsorvível, mas


biodegradável, composto de longas fibras de algodão torcidas, com boa
flexibilidade e resistência. É esterilizado com radiação ionizante à base de cobalto
60 (SLATER, 1998).
22

O algodão ganha em resistência à tensão e em segurança dos nós,


quando umedecido. Apresenta maior segurança dos nós do que a seda e estimula
uma reação tecidual similar. Autores relataram que este material perde
lentamente a resistência à tensão, ao ser implantado em tecidos, 50% em seis
meses e 70 % em dois anos. As desvantagens do algodão é sua capilaridade,
reatividade nos tecidos e capacidade de potencializar infecções por aderência
bacteriana. Suas indicações são: cirurgia geral, ginecológica, obstétrica,
ortopédica, urológica, oftálmica e neurológica (GOFFI & TOLOSA, 1996).
O fio de algodão, por ser multifilamentar, constituído de celulose com
alto grau de absorção, facilita o acúmulo de fluidos, os quais constituem um meio
propício ao desenvolvimento microbiano. Essas propriedades absorventes do fio
de algodão podem facilitar a penetração de microrganismos no interior da ferida
cirúrgica (SALOMÃO et al., 1982).
MARTINS et al. (2006) relataram caso de uma cadela que apresentava
fístulas abdominais e dor ao caminhar cinco meses após ter sido submetida a
uma ovariohisterectomia. Na laparotomia exploratória verificou-se a presença de
granuloma caudal ao rim direito e este se apresentava com hidronefrose e
megaureter, com grande aderência intestinal a este granuloma, e presença de fios
de algodão.
SOARES et al. (2001), avaliando o emprego do fio de algodão em
feridas cirúrgicas alveolares, constataram que o algodão apresentou um grande
número de colônias bacterianas. Os autores ainda salientaram que a intensidade
da contaminação interferiria na cicatrização dos tecidos alveolares para suturas
intra-orais.
Em incisões cutâneas realizadas no dorso de cabras, sendo realizadas
posteriormente suturas com fio de algodão, náilon e seda, os autores,
macroscopicamente, não viram diferenças significativas, com sinais visíveis de
cicatrização. Microscopicamente eles notaram que o náilon levou a reação tissular
moderada e o algodão e a seda apresentaram reação inflamatória mais
exacerbada e com marcado tecido de granulação (MOHAMMED et al., 1995).
23

b) Fio de Linho

É um fio multifilamentado, inabsorvível, mas biodegradável assim como


o algodão. Este material é produzido a partir de fibras pericíclicas do caule do
linho. Possui boa resistência tênsil, é flexível, permite boa segurança na formação
dos nós e baixo atrito quando implantado nos tecidos. Sua esterilização se dá
com óxido de etileno (GOFFI & TOLOSA, 1996).
MALDONADO et al., (2006) realizaram um estudo onde os autores
avaliaram a evolução clínica e histológica da reação tecidual frente ao material de
sutura inabsorvível implantado na pele de oito equinos. O material de sutura
usado foi linho, náilon, poliéster e polipropileno. O fio de linho foi o que
apresentou as maiores reações teciduais em comparação com os outros fios e
maior formação de edema no local da sutura.

2.3.5 Fios inabsorvíveis de origem sintética

a) Fio de Poliamida (náilon)

O náilon é produzido a partir de poliamida, sendo uma cadeia alifática


longa de polímero de náilon seis, derivado da hexametilenodiamida e do ácido
adípinico. Já foi obtido como material de sutura na forma multifilamentar, mas
usualmente se tem produzido e usado mais na forma monofilamentar, sendo
portanto isento de capilaridade. Possui elevada elasticidade, superfície lisa e
uniforme, boa flexibilidade e baixo coeficiente de fricção. Sua resistência é
intermediária e similar aos fios de polipropileno. Suas propriedades proporcionam
alta resistência tênsil inicial, maleabilidade e passagem suave pelo tecido.
Embora o náilon não seja absorvido, a hidrólise progressiva pode causar uma
perda gradual de até 20% em sua resistência à tração em cada ano. As suturas
com náilon são indicadas para uso geral em aproximação dos tecidos moles e
ligadura, incluindo sua utilização em tecidos cardiovasculares, oftalmológicos,
24

neurológicos. É contra indicado em procedimentos onde haja contato prolongado


com soluções salinas (tratos biliar e urinário), podendo resultar na formação de
cálculos (RAHAL et al., 1997).
O náilon é relativamente inerte quando implantado nos tecidos e uma
delgada cápsula de tecido conjuntivo é produzida ao redor do mesmo, sendo esta
uma das maiores vantagens quando utilizado em sutura ocular. Tem ampla
aplicação como material de sutura e causa a mínima reação tecidual. Na medicina
veterinária, esse material é considerado inabsorvível, embora ocorra hidrólise
vagarosa liberando radicais poliamida bacteriostáticos (RAHAL et al., 1997).
O fio de náilon provoca uma reação inflamatória de pequena extensão
e por tempo limitado; e nas suturas profundas provoca reações do tipo corpo
estranho. A proliferação de fibroblastos e capilares sanguíneos é mais precoce
nos locais em contato com o fio. Estudos prévios revelaram que o náilon é um
material que permanece estruturalmente inalterado, porém, quanto aos eventos
histopatológicos ocorridos nos tecidos adjacentes ao fio, observou-se nos
primeiros dias pós-implante a presença de fibroblastos e novos capilares
sanguíneos, aumentando bastante no terceiro dia, e no sétimo dia observou-se
um tecido conjuntivo bem desenvolvido envolvendo o fio, além da presença de
células gigantes (WEISMANN & BRITO, 1993).
RIBEIRO et al. (2005) realizaram um estudo histopatológico da reação
tecidual dos fios de náilon monofilamentares nas suturas interna e externa em
ratos. Histopatologicamente a reação inflamatória, presença de células gigantes
de corpo estranho, proliferação fibroblástica e fibrose foram maiores nas suturas
internas realizadas com esse fio. Eles concluíram que as suturas externas
realizadas com náilon induziram menor reação tecidual, enquanto que nas suturas
internas este fio contribuiu para perpetuar a reação tecidual (Figuras 9, 10 e 11).
25

FIGURA 9 - Aspecto histopatológico das lâminas de animais que receberam o fio


de náilon, sete dias de pós-operatório. a. Sutura externa: Reação de
encapsulamento, cavidade do fio (*), reação inflamatória (seta), proliferação
fibroblástica, formação de tecido de granulação e hemorragia. b. Sutura interna:
Reação de encapsulamento, cavidade do fio (*), proliferação fibroblástica, reação
inflamatória intensa (seta) (RIBEIRO et al., 2005).

FIGURA 10 - Aspecto histopatológico das lâminas de animais que receberam o fio


de náilon, 14 dias de pós-operatório. a. Sutura externa. Reação de
encapsulamento, cavidade do fio com exsudato protéico (*), proliferação
fibroblástica, fibrose, reação inflamatória, células inflamatórias (seta), formação de
tecido de granulação, vasos congestos; Aumento 10x; b. Sutura interna. Reação
de encapsulamento, cavidade do fio (*), proliferação fibroblástica e fibrose (PF +
F), reação inflamatória, vasos congestos (RIBEIRO et al., 2005).
26

FIGURA 11 - Aspecto histopatológico de lâminas de animais que receberam o fio


de náilon, 21 dias de pós-operatório, Aumento 10x; a. Sutura externa. Reação de
encapsulamento, cavidade do fio (*), intensa proliferação fibroblástica, fibrose (F),
reação inflamatória focal no tecido subcutâneo (seta); b. Sutura interna. Reação
de encapsulamento, intensa proliferação fibroblástica, fibrose (F), células
inflamatórias de permeio (seta), vasos congestos (RIBEIRO et al., 2005).

b) Fio de Polipropileno

O polipropileno é um polímero a partir do propileno sendo produzido na


forma monofilamentar. É um material esterilizado em óxido de etileno, tem uma
resistência intermediária, similar ao náilon, uma força de nós relativamente
elevada, maleável e tenaz. Se os nós são aplicados firmemente, ocorrerá um
achatamento onde os filamentos se entrecruzam, o que proporciona uma ação de
travamento. Este material raramente fica enfraquecido pela ação de enzimas
teciduais e é a sutura menos tromboembólica, sendo frequentemente usado nas
cirurgias vasculares. Devido à sua elasticidade, o polipropileno é adequado para
sutura de tecidos com maior capacidade de alongamento como musculatura e
pele. O fio deste material é ainda considerado como inerte por alguns autores e
por ter capilaridade inibe a adesão bacteriana, resistindo às infecções. (SLATER,
1998).
Na análise do processo inflamatório crônico, ao implantar diversos tipos
de fios de sutura para anastomose traqueal em coelhos, BANDEIRA et al. (2000)
observaram que nos períodos de 14º e 28º dias de pós-operatório a resposta
27

inflamatória crônica foi maior com os fios de poliéster, polidioxanona e


polipropileno, nesta ordem, com a formação de granulomas de corpo estranho ao
redor do fio de sutura, aumento exagerado de fibroblastos, reabsorção de
cartilagem traqueal e dificuldade na reepitelização da linha de sutura, fatos estes
que determinaram maus resultados macroscópicos para este tipo de anastomose,
com a ocorrência de uma fístula traqueal e estenose cicatricial importantes em 15
animais.
O polipropileno e o fio de poliamida monofilamentar foram descritos
como mais satisfatórios do que os fios absorvíveis até então existentes (categute
simples e categute cromado), porque, embasados em estudos experimentais,
esses fios absorvíveis foram descartados para utilização na sutura músculo-
aponeurótica da parede abdominal, pois se constatou que perdiam 80% da força
tênsil em 14 dias (TOGNINI & GOLDENBERG, 1998).

c) Fio de Poliéster

Este fio é produzido a partir de um polímero de Tereftalato de Etileno,


obtido a vácuo em elevada temperatura. É preparado a partir de fibras de alto
peso molecular, cadeia longa. Suas propriedades proporcionam boa resistência
tênsil, reação tecidual moderada, fácil manuseio, além de excelente segurança do
nó (SLATER, 1998).
Considerado como um dos fios de sutura mais fortes disponíveis na
atualidade e sofre pouca ou nenhuma perda de resistência à tensão depois da
implantação nos tecidos. O fio de poliéster oferece sustentação prolongada para
tecidos de lenta cicatrização. As fibras de poliéster não revestidas possuem
elevado coeficiente de fricção. Os revestimentos com polibutilato, silicone e teflon,
diminuem a fricção, mas também reduz significativamente a segurança dos nós.
O poliéster provoca a maior reação tecidual entre os fios de sutura sintéticos. O
descamamento do material revestido com teflon nos tecidos aumenta a resposta
inflamatória. O uso de poliéster não revestido ou revestido em feridas
contaminadas ou infeccionadas está associado à infecção local persistente e às
reações teciduais exageradas (GOFFI & TOLOSA, 1996).
28

d) Fio de Politetrafluoretileno

O fio de politetrafluoretileno é um monofilamento microporoso


constituído de um polímero de cadeia de carbono com átomos de flúor em torno
dele, tendo sido utilizado em cirurgias ortopédicas e vasculares. Tem ainda como
características ser um fio maleável e elástico, não possuir memória, o que
minimiza a irritação causada pelos nós. Indicado para cirurgias cardiovasculares,
hernioplastias e cirurgias orais (LA SCALA & LLEO, 1987).
Tem-se usado o politetrafluoretileno expandido (PTFEe) para a
correção da blefaroptose com bons resultados estéticos. Trata-se de um material
poroso, inextensível, inerte e biocompatível, que tem sido empregado na correção
de defeitos abdominais com resultados satisfatórios (BAJAJ et al., 2004).
SILVÉRIO et al. (2009) sugeriram que o monofilamento de PTFEe na
cirurgia plástica de suspensão frontal, pode ser uma alternativa para tratamento
de ptose palpebral grave com função má ou nula do músculo levantador da
pálpebra superior, sendo um material adequado com bons resultados funcionais e
baixos índices de complicação.
JEONG et al. (2000) relataram que o PTFEe tem demonstrado ter uma
grande biocompatibilidade a longo prazo; não é antigênico e é inerte tanto
biológica como quimicamente . O PTFEe apresenta porosidades, com 50% do
seu volume em ar, com resultados apresentando uma colonização celular
precoce. O estudo histológico do PTFEe mostra um tempo de colonização
suficiente, que permite observar a presença de um novo estroma funcional
composto por fibroblastos, células endoteliais e neovasos que se introduzem nos
poros sem que se observe reação inflamatória, granuloma, reação a corpo
estranho, necrose ou lise.
Pesquisadores avaliaram a resposta tecidual, em região subcutânea de
ratos, frente a fios de sutura: poliglecaprone 25, poliglactina 910 e
politetrafluoretileno. No entanto, no presente estudo, o PTFEe foi o fio que
apresentou o pior comportamento biológico, em comparação com os outros
materiais. Desde os primeiros períodos, ele desencadeou uma reação inflamatória
mais agressiva, o que persistiu até o final do experimento (Figura 12). A presença
29

de células gigantes foi observada no último período de avaliação, demonstrando


características de organização do tecido conectivo (NARY et al., 2002).

Figure 12. Politetrafluoretileno. a) 48 h: extensa área de infiltrado neutrofílico


envolta ao fio de sutura; b) sete dias: persistência do infiltrado inflamatório; c) 14
dias: nota-se o tecido de granulação bem difundido; d) 21 dias: presença de
células gigantes e do tecido conectivo bem organizado, HE, 40X (NARY et al.,
2002).

2.3.6 Fio inabsorvível de origem mineral

a) Fio de aço inoxidável

É o filamento metálico mais utilizado na atualidade na síntese,


principalmente óssea. O aço inoxidável é encontrado na forma mofilamentar e
multifilamentar torcido. Trata-se de um fio inabsorvível com material
30

biologicamente inerte, não capilar e facilmente esterilizável por autoclave. O aço


inoxidável tem maior resistência à tensão em comparação a todos os outros fios
de sutura quando implantado nos tecidos (BRASIL et al., 2001).
O aço inoxidável para fios de sutura possui baixo conteúdo de carbono
em sua composição, diminuindo a reação com oxigênio, sendo o mais aceito para
fabricação de implantes. Sua composição varia ao redor de 20% de cromo, 15%
de níquel, 2-3% de molibdênio, 0,08% de carbono, 0,03% de fósforo, 0,75% de
silício, 2,0% de manganês e 0,03% de enxofre. O elemento ferro é considerado
balanço para completar 100%, e a resistência à corrosão dos aços inoxidáveis é
diretamente influenciada por esses elementos (BRASIL et al., 2001).
Apesar de ser considerado não irritante para os tecidos, o atrito das
extremidades de seus nós em contato com os órgãos, provocam lesões. Sua
utilização se dá na sutura de tecidos com lentidão de cicatrização. Pode ser
utilizado em ferimentos contaminados, pois não propicia a proliferação de
bactérias. Tem como desvantagem não ter elasticidade, podendo cortar os
tecidos, pouca maleabilidade na confecção dos nós e não suporta a repetição de
sua dobragem sem se partir. O fio de aço inoxidável ainda é indicado para
utilização no fechamento de feridas abdominais, reparação de hérnias, sutura do
externo e procedimentos ortopédicos incluindo cerclagem (BARBEIRO et al.,
1994).
31

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância de se conhecer as propriedades dos fios de sutura para


sua utilização, de acordo com o tipo de tecido e a reação tissular que irá provocar,
ficou bem evidenciada pelos autores revisados neste trabalho. Mas, nota-se que,
mesmo entre os pesquisadores, existem ainda dúvidas quanto ao melhor fio a ser
utilizado para determinado tipo de procedimento cirúrgico. Verifica-se que as
análises histológicas devem ser mais detalhadas quanto ao tipo de migração
celular. O tempo investigação pós-operatória dos grupos experimentais devem ser
melhor delineado e de acordo com o tempo de cicatrização esperado pelo tipo de
tecido que recebeu o fio de sutura. Os experimentos nesse campo de estudo
requerem amostras maiores, resultados com maior freqüência de dados e com
diferenças estatisticamente significativas, para que realmente se elucide o tipo de
interferência que os fios de sutura possam vir a causar na cicatrização tecidual.
A medicina veterinária deve estar mais presente nos experimentos em
que os animais fazem parte dos grupos experimentais, pois existem
peculiaridades pertinentes a cada espécie animal que muitas vezes não são
questionadas. Somente os profissionais da área afim podem manipular
cirurgicamente, com ética e bem-estar, os animais usados como modelos
experimentais. O médico veterinário, ao participar desses grupos interdisciplinares
de pesquisa, poderá analisar com maior exatidão os vieses e os perfis das
respostas celulares intrínsecos aos animais utilizados nesses experimentos,
contribuindo para que os resultados sejam mais qualitativos.
Portanto, deve-se lembrar que o fio de sutura ideal a ser escolhido é
aquele decorrente do bom planejamento cirúrgico e das características
específicas do paciente. Deve-se lembrar que, independente do material de
sutura a ser usado; a técnica cirúrgica, a habilidade do cirurgião e os cuidados
pós-operatórios, são fatores que sempre favorecerão uma boa recuperação e a
uma boa reparação tecidual.
32

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37

ANEXO A – Classificação dos fios de suturas quanto ao tipo, nome comercial,


fabricante e aplicabilidade.

Tecido
Tipo de Fio Nome Comercial Empresa
Indicado
Paragut Simples Paramed Mucosas
Catgut simples Catgut Simples Shalon Subcutâneo
Categute Simples Technofio Musculatura

Categute cromado Paramed Gênitourinário


Catgut cromado Categute Cromado Technofio Intestinais
Catgut comado Shalon Subcutâneo
Poliglactina Vicryl Ethicon Gênitourinário
Gastrointestinal
Dexon Davis-Greck Tecidos moles
Àcido Poliglicólico ABS Paramed Genitourinário
Policryl Polysuture Musculatura

Polidioxanona Surgycryl Polysuture Cardiovascular


PDX Vetsuture Gastrointestinal

Poliglecaprone Monocryl Ethicon Tecidos moles


PGC Vetsuture Subcutâneo

Gliconato Monosyn B. Braun Genitourinário


Gastrointestinais
Cardiovascular
PERMA-HAND Ethicon Pele
Seda Seda Paramed Mucosa oral
Polysuture Musculatura

Algodão Technofio Pele


Algodão Polysuture
Brasuture

Linho Paramed
Linho
Polysuture Pele

Nylon Technofio Pele


Poliamida Brasuture Musculatura
Polysuture Oftálmico

Prolene Polysuture Pele


Polipropileno Polipropileno Brasuture Musculatura
Ethicon Cardiovascular

Poliéster Brasuture Pele


Poliéster Mersilene Ethicon Musculatura
Dacron Davis-Grec

Politetrafluoretileno GORE-TEX Suture GORE-TEX Musculatura


Cariovascular
Mucosas
Aço inoxidável Aço Brasuture Ósseo
Polysuture Fibrocartilaginoso

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