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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

DIREITO COMERCIAL

Delimitação do Direito Comercial face ao Direito Civil

Direito Comercial como Direito Privado Especial

Fontes do Direito Comercial

a) Fontes internas (autónomas e não autónomas)


b) Fontes Internacionais

4. Delimitação do Direito Comercial face ao Direito Civil

Como referfiu-se já, assim como o Direito Civil, também o Direito Comercial é
um ramo de Direito privado, ou seja, os sujeitos neles intervenientes, estão
desprovidos da figura do “ius imperium – poder de autoridade”.

Não se revela desnecessário fazer menção de que os ramos de Direito público se


contrapõem sempre ao de Direito privado, evidenciando-se sempre nos
primeiros, a intervenção da figura do Estado ao nível das relações jurídicas, ao
passo que nos segundos, as relações jurídicas efectivarem-se somente entre
particulares em condição de igualdade, com direitos e deveres.

Depreende-se do exposto, que o Direito Comercial, enquanto Direito Privado,


rege-se por normas e regras jurídicas próprias distintas de normas jurídicas de
âmbito genérico, aplicáveis a generalidade das pessoas.

Ou seja, no caso concreto, o Direito Comercial, apenas serve de aplicação para os


sujeitos que intervêm na actividade comercial e excepcionalmente a particulares
com ela se relacionarem. Diferente já do que sucede com o Direito Civil que, não
obstante reportar-se de igual modo às relações jurídicas privadas entre
particulares, as normas e princípios jurídicos regulamentares, são aplicáveis a um
leque de destinatários mais genéricos.

Reconhece-se porém, que o Direito Comercial derivou do Direito Civil, em


virtude deste último ser também privado e comum, como mais adiante se verá.
Mas, a autonomia do Direito Comercial, e consequentemente das suas normas e
princípios jurídicos, deriva essencialmente da necessidade de as mesmas serem
especificamente destinadas a quem pratica actos de comércio do âmbito da
actividade comercial, ou aos sujeitos que agem nesta última, com a qualidade que
se impõe para prática daqueles actos.

Ainda assim, a natureza privada do Direito Comercial, tal como sucede com o
Direito Civil, revela-se apenas a nível de sistema, na medida em que, se
considerarmos isoladamente que algumas das suas áreas possuem regras de
direito público, como sucede com o registo comercial ou com deveres
contabilísticos dos comerciantes.

No entanto, é de todo relevante precisar a delimitação de aplicação das normas


jurídico-comerciais a um leque especifico de destinatários da actividade
comercial, contrapondo-as às normas jurídico-civis cujo leque de destinatários é
mais abrangente.

5. Direito Comercial como Direito Privado Especial

O Direito Comercial é considerado especial, para se distinguir do Direito Civil,


que se considera o ramo do direito privado comum a todos os ramos privados.

A relação de especialidade ocorre quando, perante um conjunto normativo, se


dirige a um número de destinatários específicos.

Se reparamos, as normas civis, apesar de privadas, aplicam-se a generalidade das


pessoas. Diferente, as normas comerciais, aplicam-se somente às pessoas que
intervêm na actividade comercial ou com ela se relacionem.

O mesmo, poder-se-á dizer do Direito Comercial como sendo um ramo comum,


face ao Direito Bancário que daquele nasce.

Consequentemente, e porque o Direito Comercial deriva do Civil, aplicar-se-ão


as normas civis, sempre que, para determinado caso de relações jurídico-
comercias, não existam normas especiais a aplicar.

A esta situação, designar-se a subsidiariedade do Direito Civil, face ao


Comercial, isto é, o Direito Civil é subsidiário do Comercial, na medida em que
as suas normas são aplicáveis às relações comerciais, quando sobre elas não são
aplicáveis normas comerciais especiais.
6. Fontes do Direito Comercial

a) Fontes internas (autónomas e não autónomas)


b) Fontes Internacionais

São fontes do Direito Comercial os modos de revelação das relações comerciais,


isto é, os modos de origem de relações comerciais.

As fontes de Direito Comercial podem ser internas ou internacionais.

Dentro das fontes internas, temos as fontes autónomas e as não autónomas.

A semelhança de todos os outros ramos de direito, a fonte primária e autónoma


do Direito Comercial, é a Constituição angolana que, estabelece no seu artigo 38º
os princípios relativos a livre iniciativa económica e empresarial.

Seguidamente segue-se a Lei. Entenda-se aqui, toda a legislação respeitante a


actividade comercial.

Dúvidas não subsistem, que a semelhança do que sucede com os demais sistemas
jurídicos, também o ordenamento jurídico angolano privilegia a Lei (quer no
sentido amplo, quer restrito), como fonte primordial do direito.

Por seu turno, são consideradas, fontes não autónomas do Direito Comercial, a
jurisprudência, a doutrina e o costume que dependem da harmonização à lei para
sua aplicação, ou seja, são consideradas, se não contrariarem o espírito das fontes
autónomas.

Escusado agora será fornecer conceitos genéricos de jurisprudência, doutrina e


costume, na medida em que os mesmos revelam-se já sedimentados em sede
própria.

Porém, não se reputa de menos importância tornar-se presente, que tal como nos
demais ramos de Direito, também em sede de Direito Comercial, os mesmos são
indispensáveis, para efeitos de modos de revelação de relações jurídico-
comerciais e consequentemente como fontes de direito.

Por outro lado, são fontes internacionais primordiais do Direito Comercial as


convenções internacionais ratificadas pelo Estado angolano e de que faz parte, e
em certos casos, também o costume e a doutrina internacional, como não
autónomas e necessárias à harmonização daquelas primeiras.
Enquadram-se nas fontes internacionais do Direito Comercial, os tratados
internacionais que não obstante carecerem de ratificação pelos Estados, por se
tratar de um ramo do Direito privado, ainda assim, podem ser aplicados às
relações jurídico-comerciais entre sujeitos de Estados diferentes ou não, no
âmbito da autonomia privada que rege aquelas.

Em sede da actividade comercial, constitui fonte internacional de Direito


Comercial, a Convenção da ONU, sobre o Contrato de Compra e Venda de
Mercadorias, por sinal, Tratado Bussola para reger as relações comerciais com
sujeitos e elementos de diversas ordens jurídicas.

O Docente,

Dra. Dárjia Nathaly de Sá Nogueira

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