Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DIREITO COMERCIAL
7. Os Actos de Comércio
Tal como nos demais ramos de direito, obviamente que, também em sede do
direito comercial nascem relações jurídicas (comerciais), com vista ao normal
exercício da actividade mercantil. E do mesmo modo, também a relação jurídico-
comercial possui elementos caracterizadores e susceptíveis de identifica-la.
São elementos gerais os factos estruturantes que dizem respeito a todos os actos
de comércio, ou seja, possíveis de serem identificados em qualquer acto
mercantil. Ao inverso, são elementos específicos, aqueles que para além dos
gerais, os factos estruturantes que devem existir em cada negócio específico para
que o acto seja válido, isto é, pretende-se que o acto mercantil possua elementos
estruturantes comuns a todos eles (gerais) e individualizadores de cada um do
mesmo.
A análise dos elementos específicos dos actos de comércio não se revela possível
de estudo pelo menos para já, porquanto, somente aquando da análise concreta de
cada acto mercantil, poder-se-ão individualizar os factores estruturantes próprios
de cada um deles.
São as partes que irão exercer a sua vontade de acção, manifestando-a por por via
de uma declaração verbal e/ou escrita e executa-la com a finalidade de produzir
os efeitos jurídicos pretendidos por elas.
Obvio é, de que revela-se indispensável, que as partes devem, nos termos das
disposições combinadas dos arts. 7º do Cód. Com. e 66º e 67º do C.C. possuir
personalidade e capacidade jurídica.
Dissemos já, que paralelamente aos elementos gerais dos actos de comércio,
verificamos também os elementos específicos, sendo para aqui chamados, todos
os factores individualizadores de cada relação jurídico-mercantil.
Nestes moldes, é certo aferir que as situações não descritas em sede de uma
relação jurídico-comercial poderão ser resolvidas por via de recurso à
interpretação e aplicação de normas jurídicas não previstas nas mesmas. Quer
isto dizer que para os elementos gerais, sempre revelar-se necessário interpretar
determinada situação, far-se-á recurso às normas gerais do Código Civil. Mas,
para os elementos específicos, far-se-ão recurso às normas do Código Comercial
ou qualquer outro diploma legal comercial, e só subsidiariamente as normas de
contratos estabelecidos no Código Civil
Referimos que os actos de comércio são negócios jurídicos e portanto podem ser
válidos ou inválidos, tal como sucede noutros negócios jurídicos.
Após a formação do acto mercantil, este deve mostrar-se válido, apto e conforme
ao estabelecido legalmente (em respeito às normas jurídicas sobre a matéria).
Para que o acto de comércio seja válido, não pode estar ferido de qualquer vício
que o torne invalido.
Quer isto dizer, que não pode a vontade das partes ser obtida por meio de coação,
ou em momento acidental. Também a sua exteriorização (forma) tem de estar em
conformidade com a lei. As próprias partes devem possuir capacidade jurídica
para concluir o negócio jurídico. O objecto tem de mostrar-se lícito e possível.
a) Nulidade, que tem como causa geral a violação de uma norma de carácter
imperativo ou ainda a ilicitude ou impossibilidade do seu objecto (vide
artigos 286.º e 294.º do C.C.).
Serve de exemplo a falta de capacidade de uma das partes (artigos 7.º do C.Com.,
66.º e 67.º do C.C.), de objecto e conteúdo (artigo 280.º doC.C.), bem como de
forma (artigo 280.º do C.C.).
Serve de exemplo a motivação do acto ou negócio quando viciada por medo, erro
ou incapacidade acidental ou, a conclusão do acto não se efectivar conforme
vontade das partes.
Sendo certo que, se o negócio jurídico possuir eficácia real, será regulado pelas
normas jurídicas do livro das coisas (direitos reais) constante do Livro III do
C.C., ao passo que se tiver eficácia obrigacional, já são aplicáveis as disposições
legais constantes do Código Comercial e subsidiariamente pelo direito das
obrigações contidas no Livro II do C.C.
Por seu turno, o acto mercantil inválido será ineficaz, porquanto a sua invalidade
não permite a produção de efeitos na esfera jurídica dos contratantes.
O Docente,