Você está na página 1de 16

Língua Viva - Versão eletrônica - Volume 01, n° 01, Outubro/2006

As línguas indígenas do Alto Madeira: estatuto atual e bibliografia básica


Henri Ramirez1

Resumo:

Numa área do tamanho da França, o Alto Madeira reúne 56 línguas que pertencem a nada
menos que 23 famílias lingüísticas. Um quadro lingüístico tão delicado sugere um cenário
histórico igualmente complexo: uma ocupação muito antiga que possa explicar esse grande
número de línguas aparentemente sem parentesco, a invasão de povos alienígenas que
exterminaram os povos já estabelecidos ou se misturaram com eles, ou uma combinação
desses fatores e de outras circunstâncias. Neste artigo, começamos por apresentar o Alto
Madeira nas suas dimensões geográficas, na sua formação histórica e no que a arqueologia
nos ensina sobre seu passado remoto. Em seguida, examinamos o estatuto atual das línguas da
área, nossos conhecimentos lingüísticos, os defeitos das investigações já realizadas assim
como algumas teorias que foram levantadas desde o começo do século XX. Como podemos
saber mais sobre o Alto Madeira? Tentando responder a esta pergunta, comentamos novas
metodologias lingüísticas, como a “Arqueologia das Palavras”, exemplificando-as à luz de
uma migração importante que teria acontecido no Guaporé durante o século XVI (Métraux,
1927). Uma bibliografia básica termina o artigo.

Abstract:

In an area as large as France, the Upper Madeira region gathers together 56 languages which
belong to nothing less than 23 language families. Such a delicate linguistic picture suggests a
historical setting which must have been equally complex: a very old settlement able to explain
this large number of apparently unclassified languages, several invasions of outsiders who
exterminated the native populations or mixed with them, or a combination of both factors and
other circumstances. In this paper, we begin presenting the Upper Madeira region in its
geographical dimensions, its historical formation and in what archeology teachs us about its
remote past. Next, we examine the current linguistic status of this area, our linguistic
knowledge, the imperfections of research already done as well as some theories raised at the
beginning of 20th century. How to know more about the Upper Madeira? Trying to give an
answer, we make comments about new linguistic methodologies, as “Archeology of Words”,
exemplifying them in the light of an important migration that may have happened in the
Guaporé valley during the 16th century (Métraux, 1927). A basic bibliography ends this paper.

Palavras-chave:

Alto Madeira, Línguas Indígenas, Classificações e Migrações, Arqueologia das Palavras.

1
Professor de Lingüística da Fundação Universidade Federal de Rondônia.
Língua Viva - Versão eletrônica - Volume 01, n° 01, Outubro/2006

1. O Alto Madeira

Com seus 3.370 kms de comprimento, o rio Madeira é o maior afluente do rio
Amazonas. Sua bacia ocupa quase todas as terras baixas da Bolívia (departamentos de Pando,
La Paz, Beni e Santa Cruz), as regiões adjacentes do noroeste do Peru e do Mato Grosso, todo
o estado de Rondônia e grande parte do estado brasileiro de Amazonas.

No seu alto curso, o Madeira é formado por quatro cursos de igual importância: o Beni
que desce dos Andes de Cochabamba, o Madre de Dios que vem dos Andes de Cuzco, o
Mamoré que junta os rios Chapare-Ichilo e Guapay (Rio Grande), e o Guaporé que nasce no
Mato Grosso. Na confluência dos rios Beni e Mamoré, abaixo da cidade de Guajará-Mirim, o
rio formado recebe o nome de Madeira. No seu curso médio, o Madeira recebe grandes
afluentes, como o rio Apediá, rebatizado no século XVIII com o nome de Machado ou Ji-
Paraná, e o rio Aripuanã com seu afluente o rio Castanha, também rebatizado no século XX
com o nome americano de Roosevelt!

O Alto Madeira
Língua Viva - Versão eletrônica - Volume 01, n° 01, Outubro/2006

Ao norte da linha tracejada em vermelho no mapa, limite setentrional dos Andes,


começa o reino das terras baixas e cobertas de florestas densas e húmidas, de clima tropical,
com um pequeno maciço montanhoso (500-1.000 m) no interior de Rondônia. Na Bolívia, a
floresta amazônica domina a quase totalidade do departamento de Pando e os yungas
(escarpas setentrionais dos Andes). No entanto, as savanas e os campos ocupam a maior parte
do departamento de Beni. São formações herbáceas sem mata, ou com árvores esparsas, que
ficam inundadas quatro meses por ano e têm hoje um papel destacado na pecuária. Também
há florestas de transição na parte norte do departamento de Santa Cruz (do rio San Pablo ao
rio Paraguá, passando pelo curso médio do rio Blanco) e matas semideciduais e mais secas no
Mato Grosso e na Chiquitania (centro de Santa Cruz).

2. História e pré-história

Na conquista do Alto Madeira, os espanhóis precederam os portugueses. Como as


informações históricas dependem da zona de invasão, a qualidade e a profundeza temporal de
nossos conhecimentos são muito desiguais.

No século XVI, os conquistadores espanhóis invadiram o Rio da Prata, subiram o rio


Paraguay e instalaram-se em Asunción. Uma vez fundada a cidade de Santa Cruz por Ñuflo
de Chávez (1561), várias expedições lançaram-se ao norte e exploraram as terras dos índios
chiquito, tapacura e pareci. No “Império dos Mojos” e no “Reino dos Paritis”, todos esses
aventureiros procuravam tesouros fabulosos e cidades de ouro, mas encontravam apenas
índios e mosquitos. Pouco a pouco, a esperança de descobrir ouro desapareceu e, nos séculos
XVII e XVIII, as ordens religiosas conseguiram do rei de España o controle absoluto das
terras baixas da atual Bolívia. Os franciscanos instalavam suas missões ao norte dos yungas
de Apolo, entre o Beni e o Madre de Dios, enquanto os jesuítas estabeleciam verdadeiras
teocracias nas savanas de Mojos, na Chiquitania e com os índios guarani ou itatin do
Paraguay. As crônicas desses missionários revelam, numa visão cheia de preconceitos mas
também repleta de detalhes, os primeiros contatos entre dois mundos e os costumes dos
indígenas da região (4, 11, 12, 14, 28, 49, 147). No século XIX, o explorador francês d’Orbigny
(123) percorre a Bolívia, estuda seus povos e firma as primeiras conclusões lingüísticas.
Existem boas sínteses dos primeiros contatos entre espanhóis e indígenas em Chávez Suárez
(32) e nos trabalhos de Bloch (19, 20, 21).
Língua Viva - Versão eletrônica - Volume 01, n° 01, Outubro/2006

Bem posterior à invasão espanhola, a entrada em cena dos portugueses no alto


Madeira data da descoberta do ouro em Cuiabá (1720) e nas cabeceiras do Guaporé (1730).
As crônicas oitocentistas da colônia portuguesa sobre o Guaporé são etnologicamente pobres
(2, 3, 25, 56, 84, 85, 89, 90, 125, 130, 151, 152, 154, 155, 157), e as expedições brasileiras, como a de
Fonseca (55), são raras no século XIX. A área interfluvial Madeira-Tapajós permanece
desconhecida até o fim do século XIX quando começa a exploração da borracha na bacia do
Madeira e de seus afluentes, como o Aripuanã. No começo do século XX, várias expedições
científicas (141, 142) desvelam o interior de Rondônia. Algumas sínteses interessantes da
ocupação luso-brasileira encontram-se em Hugo (71) e em Maldi (96, 97).

Os estudos antropológicos e arqueológicos são de qualidade desproporcional. Do lado


boliviano, eles já se firmam na época de d’Orbigny. Nos campos de Mojos, Denevan (46)
descreve um sistema complexo de cultivo e de irrigação, com a presença de canais artificais e
mais de 100.000 aterros que chegam a ter 300 m de comprimento e 27 m de largura. Esse
sistema permitiu a existência nos campos de Mojos de uma população que Denevan calcula
em meio milhão de pessoas, e o desenvolvimento de sociedades complexas, com grandes
unidades político-sociais e sacerdotes profissionais. Conforme Lee (88), a ocupação humana
nesses campos seria velha de 7.000 anos, o sistema agrícola tendo desabado no século XII de
nossa era.

Os estudos antropológicos e lingüísticos progrediram enormemente entre 1900 e 1950,


especialmente na parte boliviana, graças às investigações de Nordenskiöld (117-120), de
Créqui-Montfort e Rivet (33-41, 136-138), de Lévi-Strauss (91), de Métraux (103-108) e de
Nimuendajú (115). Do lado boliviano, existem também boas monografias lingüísticas e
etnográficas em Ibarra Grasso (73) e Montaño Aragón (111). Do lado brasileiro, Galvão (61)
define a área cultural Madeira-Tapajós enquanto Menéndez (102) estuda os movimentos e as
migrações indígenas durante a colonização européia, descrevendo um movimento geral de
fuga, do baixo Madeira-Tapajós para o sul da mesma área e para Rondônia. As outras fontes
que citamos em bibliografia são: 16, 17, 31, 51, 87, 109, 134, 140, 144, 153, 162.

3. Estatuto atual

O quadro seguinte enumera as línguas da área com seus principais dialetos, sua
localização e o número de falantes. Entre parênteses, indicamos as principais referências
bibliográficas.
Língua Viva - Versão eletrônica - Volume 01, n° 01, Outubro/2006

LÍNGUAS INDÍGENAS DO ALTO MADEIRA

N° no mapa Denominação Localização N° de falantes


ARAWAK
1a Mojeño (2 dialetos): ignaciano, Mojos de Beni (San Ignácio, 2.000
trinitario-†loretano (15, 98, 122, 124, Isiboro-Sécure, Trinidad)
146)
1b Terena: terena, †chané, dialetos Sul do Mato Grosso e Sul de Santa 8.000 (?)
influenciados pelo guaikuru (50) Cruz
1c Paunaka Perto de Concepción (Santa Cruz) 4
1d Baure (3 dialetos): baure, Savanas do nordeste de Beni & 40
†muchojeone, †paikoneka (1, 9, 44) florestas do norte de Santa Cruz
1e Parecí (3 dialetos): waimaré-kaxiniti, Afluentes do Alto Juruena e do 800
kozarini, enawenê-nawê (143) Alto Guaporé (Mato Grosso)
1f †Sarave(ka) (36) Santa Cruz (fronteira com Brasil) 0
1g Piro: maniteneri, iñapari (126) Pando e rio Piedras (Peru) 300
1h †Lapaču ou apolista (37) Yungas de Apolo (La Paz) 0
KARIB
2 †Palmela (17, 55, 121) Nordeste de Beni perto do Guaporé 0
TUPI
3a Tupi-guarani (2 dialetos): guarayu, Do San Pablo ao Paraguá (Santa 6.000
kagwahib (18, 55, 67, 70, 113, 114) Cruz) ; Rondônia e Amazonas
3b Sirionó, yuki (54, 69, 148, 149) Matas entre Trinidad e Santa Cruz 600
3c Karitiana (141, 156) Ao leste de Porto Velho 170
3d Puruborá (81) Rio São Miguel 2
3e Mondé suruí (22, 65, 100) Rondônia e Mato Grosso 700
3f Mondé gavião-zoró, cinta-larga, aruá, Rondônia e Mato Grosso 1.800
salamãi (112)
3g Arara (58, 114) Rondônia e Mato Grosso 150
3h Makurap (24) Leste de Rondônia 50
3i Tupari (5) Rondônia, vindo de Mato Grosso 150
3j Tsakirabiat, akuntsu (60) Leste de Rondônia 30
3k Wayoro Leste de Rondônia 10
3l †Kepkiriwat (141) Leste de Rondônia 0
PANO
4a 2 dialetos: pakawara ou †karipuna, Baixo Beni, Rio Yata e Abunã 700
chácobo ou †pakaa-nova (141, 167)
4b †Atsawaka, yamiaka (34, 136) Madre de Dios (Peru) 0
4c Kaxarari Abunã (Rondônia e Amazonas) 100
4d Yaminawa (48) Acre e Pando 500
TAKANA
5a Araona (41, 129) Madre de Dios e Manupiri 81
5b Esse’ejja (165) Madidi 500
5c Cavineña (79) Beni e Rio Madidi 1.200
5d Takana (41, 166) Entre Alto Beni e Peru 1.800
5e Maropa (66) Alto Beni 5
CHAPAKURA
6a Wari’ ou “pacaa-nova” (52, 77) Rio Pacaas Novos (Rondônia) 1.300
6b Itene (moré, kautário) (6, 8, 47, 53) Rio Cautário (Rondônia) e Bolívia 20
6c Oro Win (57) Alto R. Pacaas Novos 5
6d Wanyam (miguelenho) (7) Rio São Miguel 2
6e †Tora, †urupa (114, 116, 141) Baixo Rio Machado (Rondônia) 0
6f †Chapacura próprio, †nãpeka (35) Rio Blanco (Santa Cruz) 0
NAMBIKWARA
7a Nambikwara do Norte (158) Entre os rios Cabixi e Camararé 20
(Mato Grosso)
7b Nambikwara do Sul (82, 83, 95,132) Entre Alto Guaporé e Juruena 700
(Mato Grosso)
7c Sabanê (10) Perto de Vilhena (Mato Grosso) 3
Língua Viva - Versão eletrônica - Volume 01, n° 01, Outubro/2006

YABUTI
8a Djeoromitxi (128) Rio Branco (Rondônia) 40
8b Arikapu (mashubi) (138, 164) Rio Branco (Rondônia) 2
9 Rikbaktsa (canoeiro) (23) Rio Juruena (Mato Grosso) 1.000
10 Irantxe, Myky (110) Rio do Sangue (Mato Grosso) 300
11 Aikanã (masaka, huari) (161) Corumbiara e Apediá (Rondônia) 170
12 Kanoê (13) Rio Corumbiara (Rondônia) 5
13 Kwaza (koaiá) (163) Rio Apediá (Rondônia) 25
14 Canichana (33) San Pedro (R. Mamoré) 1
15 Cayuvava (40, 78) Exaltación (R. Mamoré) 1
16 Itonama (26, 27, 39, 42, 137) Nordeste de Beni 4
17 Movima (38, 68, 75, 76) Rio Yacuma (Beni) 1.500
18 Mosetén, Chimane (63, 145) Perto de San Borja (Beni) 6.000
19 Yuracare (62) Do Sécure ao Ichilo (Cochabamba) 3.000
20 Chiquitano (59, 135) Centro de Santa Cruz 6.000
21 Mura-pirahã (114, 116) Médio rio Madeira 300
22 †Matanawi (114, 116) Rio Castanha ou Roosevelt 0
23 Harakmbet (amarakaeri, wachipaeri) Madre de Dios (Peru) 650
(160)

Desde d’Orbigny (1839), o número impressionante de “línguas isoladas” faladas na


região despertou a curiosidade dos investigadores. Portanto, a comparação entre todas essas
línguas tornou-se uma necessidade desde as primeiras décadas do século XX. Ligações com
línguas bem afastadas da área, como o chibcha ou o polinésio, foram propostas para serem
logo criticadas e geralmente pouco a pouco abandonadas, enquanto outras relações genéticas
mais “modestas” tiveram êxito, como a ligação pano-takana, já sugerida em 1933 e bem
argumentada nos trabalhos de Shell (150), Key (80) e Girard (64). No entanto, muito resta a
fazer no campo da comparativa: como os estudos lexicais continuam insuficientes ou
medíocres, especialmente do lado brasileiro, torna-se impossível uma confrontação séria dos
dados lingüísticos.

Muitíssimo a fazer, também, na classificação interna das famílias amplas. Um exemplo


de extrema e lamentável confusão se encontra na família pano, cujos subagrupamentos
internos variam de um autor para outro e sem que nenhum deles se dê ao trabalho de
argumentar o método adotado. Loos (92) observa também que o número de línguas pano varia
de 30 a 50 conforme o pesquisador, a maioria dessas “línguas” sendo intercompreensíveis.
Mesma confusão na classificação interna das famílias takana e chapacura.

Ao nosso ver, a classificação da família arawak é o ponto nevrálgico da lingüística no


Alto Madeira. Para quem tenta levar em conta a incontestável influênçia cultural e lingüística
que certos povos arawak exerceram nesta região, gostaríamos de salientar o quanto é
Língua Viva - Versão eletrônica - Volume 01, n° 01, Outubro/2006

importante classificar e posicionar corretamente as 8 línguas arawak que mencionamos no


quadro acima: o mojeño, o terena-chané, o paunaka, o baure-paikoneka, o pareci, o saraveka,
o piro e o apolista. Por que sempre citar o mojeño com o baure sem observar que o
distanciamento lingüístico entre esses dois idiomas é bastante grande, e que ele é bem maior
do que entre o mojeño e o terena? Por que o paunaka está sempre ignorado, como se ele fosse
língua morta e sem notar que suas características lingüísticas o situam numa posição chave
entre o mojeño e o baure? Como classificar o apolista do Nordenskiöld (37) dentro dos
dialetos piro, sem falar do apolista de Montaño (111) que parece um engano? São tantas
perguntas essenciais feitas desde o tempo em que Créqui-Montfort e Rivet (36) tinham
corretamente observado que o maior distanciamento lingüístico nas línguas arawak da região
encontrava-se entre o pareci e todo o resto. Observação essencial que sugere dois
supermovimentos cruciais na região:

- o primeiro, que é o mais antigo, vindo do oeste peruano, passando por Mojos e indo ao leste
até o sul do Mato Grosso;

- o segundo, muito mais recente, vindo do norte (baixo Amazonas) e indo ao sul (Rondônia e
norte do Mato Grosso).

Enfim, as migrações históricas que foram mencionadas por Métraux (103-105),


Nimuendajú (113) e Menéndez (102) são muito importantes pelo impacto que puderam causar
nas populações autóctones do Alto Madeira. Por isso, elas devem ser estudadas com o maior
cuidado possível. Baseando-se em documentos históricos, Métraux afirma que, em 1564,
muitos índios tupi-guarani itatin saíram de Assunción para Santa Cruz, e migraram de lá para
os rios San Pablo, Blanco e Guaporé, dando origem aos guarayu e aos paucerne. A consulta
dos arquivos leva também Nimuendajú a uma descoberta similar: desta vez, com os grupos
tupi-guarani kagwahib de Rondônia, que teriam vindo do alto Tapajós (para Nimuendajú) ou
do baixo Madeira-Tapajós (para Menéndez), bem no começo do século XIX.

Da mesma forma, o fato que o sistema numérico do takana seja um empréstimo do


aimara, em uma época em que não há mais contato entre ambas as línguas, sugere que certos
grupos pano (pacawara, karipuna) foram empurrados no trecho encachoeirado do rio Madeira
pelos takana, esses últimos sofrendo por sua vez as conseqüências de uma expansão incaica.

As invasões e as migrações parecem ter sido bastante numerosas, algumas em tempos


tão recentes que elas ainda ficam gravadas na memória oral de certos grupos, como os suruí e
os tupari. Infelizmente, quando essas movimentações já se apagaram da memória tribal, o
Língua Viva - Versão eletrônica - Volume 01, n° 01, Outubro/2006

pesquisador encontra raramente um documento histórico que possa comprová-las. Na


ausência de documento, como o lingüista pode contribuir no conhecimento desses
movimentos? É justamente neste ponto que o estudo dos empréstimos se faz necessário.

4. A arqueologia das palavras

Os contatos interétnicos favorecem os empréstimos lingüísticos, especialmente na


troca de palavras que designam os animais e as plantas. Portanto, os lingüistas que se dedicam
ao Alto Madeira devem privilegiar a exploração das relações entre contatos e empréstimos
lingüísticos na investigação da transferência de palavras. Esta “arqueologia das palavras” é
muito útil para evidenciar os caminhos de migrações.

Daremos aqui apenas um exemplo para tentar comprovar uma das migrações tupi-
guarani que acabamos de mencionar. Já vimos como Métraux e (antes dele) Nordenskiöld se
basearam em documentos históricos para reconstruir uma migração tupi-guarani do Paraguay
ao Guaporé: em 1564, 3.000 índios itatin saíram de Assunción em companhia de Ñuflo de
Chávez. Depois de atravessar o Chaco, estabeleceram-se a 30 léguas de Santa Cruz, juntos
com parentes que os haviam precedido, dando assim origem aos guarayu. Algum tempo
depois, esses índios itatin-guarayu migraram para o rio San Pablo, e de lá para o rio Blanco e
o Guaporé. Métraux acrescenta que os paucerne são os mesmo guarayu-itatin que chegaram
até o Guaporé.

Toda essa movimentação foi recentemente contestada pelo arqueólogo Eurico Miller
(109). A partir do estudo da cerâmica paucerne, o autor observa como ela é distinta da
cerâmica tupi-guarani do Paraguay, o que sugere uma origem distinta entre os paucerne e os
itatin. Miller pretende também se apoiar em argumentos glotocronológicos que marcariam
uma diferenciação de 1.482 anos entre os guarayu e os paucerne, e de 1.696 anos entre os
guarayu e os guarani. Baseando-se nesses novos fatos, Miller sugere que a migração tupi-
guarani mencionada por Métraux pode ter ocorrido em sentido exatamente oposto: de
Rondônia para o Guaporé (paucerne), e de lá para o Paraguay (itatin e guarani).

Em quem acreditar afinal? Nos documentos históricos de Métraux ou nos cacos de


cerâmica de Miller? Um simples exame do vocabulário básico mostra que os falares guarayu
e guarani possuem 97% em comum. Comparando com o português e o espanhol, com os seus
88% em comum e seus aproximados 1.100-1.300 anos de separação, entendemos dificilmente
Língua Viva - Versão eletrônica - Volume 01, n° 01, Outubro/2006

como uma diferenciação de 1.696 anos foi proposta entre o guarayu e o guarani! Uma
distância temporal de 5 a 7 séculos nos parece mais do que suficiente. Não precisa ser
lingüista para ver também que, no seu vocabulário, o guarayu é uma fala intermediária entre o
guarani e o tupinambá do litoral brasileiro: isso é exatamente o que os jesuítas já notavam no
século XVII quando comparavam as “pequenas diferenças” entre a fala dos itatin e a dos
guarani. É que os jesuítas eram bem melhores em dialetologia tupi-guarani que esses
lingüistas modernos que enumeram as mudanças de sons sem conseguir determinar sua
ordem, o que pode levar a um verdadeiro caos classificatório: uma lingüística histórica
simplificada, com suas aparências objetivas e científicas, não deve servir de álibi para impedir
a procura da verdadeira classificação das línguas...

Mas voltando aos itatin, com ou sem eles, estamos em presença de 5 micro-dialetos
tupi-guarani: o guarayu, o guarani, o tupinambá, o kagwahib e o kayabi-kamayura. Com 97%
em comum, esses falares são inteligíveis entre si, o que parece indicar uma separação de
apenas alguns séculos.

Quanto ao paucerne, como veremos agora com nossa arqueologia das palavras, até nos
seus empréstimos, ele está idêntico ao guarayu. Três palavras serão mais do que suficientes
para nos instruir. Em guarayu, temos: kave cão, merï banana de cozinhar e apu banana (em
geral). Significativamente, essas palavras são bem diferentes do guarani ou de qualquer outro
dialeto tupi-guarani, em que as palavras para “cão” e “banana” são respectivamente jawara e
pakoa. Mais significativamente ainda, as únicas línguas da Amazônia onde encontramos
essas formas ubicam-se no norte da província de Santa-Cruz: são as línguas paunaka, baure,
chapacura próprio e ... paucerne!

Em que sentido, quando e onde se efetuaram esses empréstimos? Tendo em vista que
nenhuma outra língua tupi-guarani ou chapacura tem essas palavras, mas que elas estão
presentes em certas línguas arawak faladas bem longe de Santa Cruz, como nos dialetos piro,
podemos inferir que a transferência das palavras efetuou-se das línguas arawak para o
guarayu-paucerne e o chapacura. Tendo em vista que nenhum outro dialeto tupi-guarani
possui essas palavras, a não ser o guarayu-paucerne, podemos também inferir que esses
empréstimos foram introduzidos em uma época em que o guarayu-paucerne já se tinha
separado dos outros povos tupi-guarani e em uma região onde o guarayu-paucerne tinha por
vizinhos os paunaka e/ou os baure. Em resumo: alguns séculos atrás e no departamento de
Santa Cruz.
Língua Viva - Versão eletrônica - Volume 01, n° 01, Outubro/2006

Com se vê, tudo parece indicar que a rota migratória descrita por Métraux é, espacial e
temporalmente, exata até nos seus mínimos detalhes. O que não fica claro é saber se os
guarayu-paucerne que atravessaram o norte de Santa Cruz sofreram diretamente uma
influência arawak ou se essa influência foi repassada pelo intermediário dos chapacura. Mas o
que se tornou evidente é que a posição atual ocupada pelos guarayu-paucerne é apenas o
resultado de uma migração vindo do sul, da mesma forma que os chapacura de Santa Cruz
chegaram lá depois de se terem separado do núcleo da família chapacura.

Esses contatos interétnicos devem ter deixado suas marcas não somente nas línguas,
mas também na cultura. Portanto, sugerimos que não se deve tanto comparar a cerâmica
paucerne com a do Paraguay, mas com a de seus aculturadores arawak ou chapacura.

Uma metodologia similar deveria ser aplicada em toda a região, a começar pelos
grupos kagwahib de Rondônia e do rio Marmelos, que seriam, conforme Nimuendajú, de
origem tapajoara.

5. Bibliografia básica

1. ADAM, Lucien & Charles LECLER (1880) Arte de la lengua de los indios Baures.
Paris: Bibliothèque Linguistique Américaine, vol. 7.
2. ALMEIDA E SERRA, Ricardo Franco de (1844) “Extracto da descripção geographica
da Provincia de Mato Grosso”, Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, VI
[1797]
3. ALMEIDA E SERRA, Ricardo Franco de (1867) “Diário do rio Madeira”, Revista do
Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, XX [1781]
4. ALTAMIRANO, Diego Francisco (1979) Historia de la misión de los Mojos. La Paz:
Instituto Boliviano de Cultura.
5. ALVES, Poliana M. (1991) Análise fonológica preliminar da língua Tuparí. Tese de
Mestrado: Universidade de Brasília.
6. ANGENOT de LIMA, Geralda (2002) Description phonologique, grammaticale et
lexicale du Moré. 2 volumes. Porto Velho: Editora da Universidade Federal de Rondônia.
7. ANGENOT de LIMA, Geralda (no prelo) Miguelenho-Wanham/Português.
8. ANGENOT de LIMA, Geralda & Iris Rodrigues DURAN (2001) Léxico Kaw Tayó
(Kuyubí). Guajará-Mirim : CEPLA Working Papers.
9. ANONYMOUS (n.d.) Pequeño vocabulario de la lengua Muchojeone. Manuscrito in:
Archives of Professor Paul Rivet, Paris.
10. ARAUJO, Gabriel Antunes de (2004) A grammar of Sabanê, a Nambikwaran language.
Utrecht: LOT Publications.
11. ARMENTIA,Nicolás (1887) Navegación del Madre de Dios. La Paz: Biblioteca
Boliviana de Geografía e Historia, 1.
12. ARMENTIA,Nicolás (1903) Relación Histórica de las Misiones Franciscanas de
Apolobamba. La Paz: Imprenta del Estado.
Língua Viva - Versão eletrônica - Volume 01, n° 01, Outubro/2006

13. BACELAR, Laércio (2004) Gramática da língua Kanoê. Tese de Doutorado:


Universidade Católica de Nimegue.
14. BARNADAS, Josep M. & Manuel PLAZA (2005) Mojos: seis relaciones jesuíticas.
Cochabamba: Historia Boliviana.
15. BECERRA CASANOVAS, Rogers (1980) De ayer y de hoy: diccionario del idioma
moxeño a traves del tiempo. La Paz: Proinsa Empresa Editora.
16. BECKER-DONNER, Etta (1955) “Notizen über einige Stämme an den rechten
Zuflüssen des Rio Guaporé”, Archiv für Völkerkunde, 10: 275-343.
17. BECKER-DONNER, Etta (1956) “Archäologische Funde am mittleren Guaporé
(Brasilien)”, Archiv für Völkerkunde, 11: 202-249.
18. BETTS, La Vera (1981) Dicionário Parintintin-Português. Brasília: Instituto Lingüístico
de Verão.
19. BLOCH, David (1980) In Search of El Dorado: Spanish Entry into Mojos, a Tropical
Frontier (1550-1767). Tese de Doutorado, Universidade de Austin, Texas.
20. BLOCH, David (1986) “La visión jesuítica de los pueblos autoctonos de Mojos (1667-
1700)”, Historia Boliviana, VI/1-2, Cochabamba.
21. BLOCH, David (1997) La Cultura Reduccional de los Llanos de Mojos. Sucre: Historia
Boliviana.
22. BONTKES, Willem (1978) Dicionário Preliminar Suruí-Português / Portuguës-Suruí.
Porto Velho: Instituto Lingüístico de Verão.
23. BOSWOOD, Joan (1973) “Evidências para a inclusão do Aripaktsá no filo Macro-Jê”,
Série Lingüística N°1, Brasília: Summer Institute of Linguistics.
24. BRAGA, Alzerinda de Oliveira (2005) Aspects morphosyntaxiques de la langue
makurap. Tese de Doutorado: Université de Toulouse II.
25. CABRAL, Octaviano (1963) Histórias de uma região. Niterói: Editora Himalaya Ltda.
26. CAMP, Elizabeth L. & Millicent R. Liccardi (1967a) “Itonama”, in Esther
MATTESON, Ed., Bolivian Indian Grammars 1, 257-352.
27. CAMP, Elizabeth L. & Millicent R. Liccardi (1967b) Vocabularios Bolivianos N°6.
Itonama, castellano y inglês. Riberalta: Instituto Lingüístico de Verano.
28. CARDÚS, José (1886) Las misiones franciscanas entre los infieles de Bolivia,
descripción del estado de ellas en 1883 y 1884. Barcelona.
29. CASPAR, Franz (1952) Tupari: Unter Indios im Urwald Brasiliens. Braunschweig.
30. CASPAR, Franz (1957) “A aculturação da tribo Tupari”, Revista de Antropologia, 5(2),
São Paulo.
31. CASTEDO, Luiz Leigue (1957) El Itenez Salvaje. La Paz.
32. CHÁVEZ SUÁREZ, José (1986) Historia de Moxos. La Paz: Editorial Don Bosco.
33. CRÉQUI-MONTFORT, G. de & Paul RIVET (1913a) “Linguistique Bolivienne – La
langue Kanichana”, Mémoire de la Société de Linguistique de Paris, Paris. 18: 354-377.
34. CRÉQUI-MONTFORT, G. de & Paul RIVET (1913b) “Linguistique Bolivienne – Les
dialectes Pano de Bolivie”, Le Muséon, 14: 19-78.
35. CRÉQUI-MONTFORT, G. de & Paul RIVET (1913c) “Linguistique Bolivienne – La
famille lingüistique Čapakura”, Journal de la Société des Américanistes, 10: 119-171.
36. CRÉQUI-MONTFORT, G. de & Paul RIVET (1913d) “Linguistique Bolivienne – La
langue Saraveka”, Journal de la Société des Américanistes, 10: 497-540.
37. CRÉQUI-MONTFORT, G. de & Paul RIVET (1913e) “Linguistique Bolivienne – La
langue Lapachu ou Apolista”, Zeitschrift für Ethnologie, 45: 512-531.
38. CRÉQUI-MONTFORT, G. de & Paul RIVET (1914) “Linguistique Bolivienne – La
langue Mobima”, Journal de la Société des Américanistes, 11: 183-211.
39. CRÉQUI-MONTFORT, G. de & Paul RIVET (1916-1918) “La langue Itonama”,
Mémoire de la Société de Linguistique de Paris, Paris. 19: 301-322 ; 20: 26-57.
Língua Viva - Versão eletrônica - Volume 01, n° 01, Outubro/2006

40. CRÉQUI-MONTFORT, G. de & Paul RIVET (1920) “Linguistique Bolivienne – La


langue Kayuvava”, International Journal of American Linguistics, 1: 245-265.
41. CRÉQUI-MONTFORT, G. de & Paul RIVET (1921-1923) “La famille lingüístique
Takana”, Journal de la Société des Américanistes, 13: 91-102, 281-302; 14: 141-182 ; 15:
121-168.
42. CREVELS, Mily (no prelo) The Itonama language of Amazonian Bolivia.
43. CREVELS, Mily & Hein van der VOORT (2002) “Mamoré-Guaporé linguistic area?”,
artigo apresentado em LRTC (Language Typology Resource Centre), Utrecht.
44. DANIELSEN, Swintha (no prelo) Grammatical Description of Baure. Tese de
Doutorado: Universidade Radbout de Nimegue.
45. DEL CASTILLO, Marius (1929) El Corazón de la América Meridional. Barcelona.
46. DENEVAN, William (1966) The Aboriginal Cultural Geography of the Llanos de Mojos
of Bolivia. Berkeley: University of California Press.
47. DURAN, Iris Rodrigues (2000) Descrição fonológica e lexical do dialeto Kaw Tayo da
língua Moré. Dissertação de Mestrado: Universidade Federal de Rondônia.
48. EAKIN, Lucille (1991) Lecciones para el Aprendizaje del Idioma Yaminahua. Perú:
Instituto Lingüístico de Verano.
49. EDER, Francisco Javier (1985) Breve descripción de las reducciones de Mojos (1772).
Cochabamba: Historia Boliviana.
50. EKDAHL, Elizabeth Muriel & Evelyn BUTLER (1979) Aprenda Terêna. Vol. I.
Brasília: Summer Institute of Linguistics.
51. ERICKSON, Clark L. & William BALÉE (2006) “The Historical Ecology of a
Complex Landscape in Bolivia”, W. Balée & C. L. Erickson, Eds., Time and Complexity in
Historical Ecology, New York: Columbia University Press.
52. EVERETT, Daniel L. & Barbara KERN (1997) Wari’: The Pacaas-Novos language of
Western Brazil. Londres: Routledge.
53. FERRAREZI Jr., Celso (1997) Ouvindo as histórias de Touá Saê: mitos e lendas da
nação Moré. Guajará-Mirim: CEPLA Working Papers.
54. FIRESTONE, Homer L. (1965) Description and Classification of Sirionó. Haia: Mouton
& Company.
55. FONSECA, João Severiano da (1880) Viagem ao redor do Brasil – 1875 a 1878. Rio de
Janeiro: Typographia de Pinheiro & C.
56. FONSECA, José Gonçalves da (1860) Navegação desde o Pará até o rio Madeira,
19/II/ 1749, em Cândido Mendes de ALMEIDA, Memórias, Rio: Typ. Bras., Edit. J. J. do
Patrocinio.
57. FRANÇA, Maria Cristina Victorino de (2002) Aspectos da fonologia lexical e pós-
lexical da língua Oro Towati’ (Oro Win). Tese de Doutorado: Universidade Federal de
Rondônia.
58. GABAS Jr., Nilson (1999) A grammar of Karo, Tupí (Brazil). Tese de Doutorado:
Universidade de Califórnia.
59. GALEOTE TORMO, Jesús (1996) Manityana auki besiro. Gramática moderna de la
lengua Chiquitana y vocabulario básico. Santa Cruz de la Sierra: Centro de Estudios
Chiquitanos.
60. GALUCIO, Ana Vilacy (2001) The Morphosyntax of Mekens (Tupi). Tese de Doutorado:
Universidade de Chicago.
61. GALVÃO, Eduardo (1960) “Áreas culturais indígenas do Brasil”, Boletim do Museu
Paraense Emílio Goeldi, Belém, Antropologia 8.
62. GIJN, Rik van (2006) A Grammar of Yurakaré. Tese de Doutorado: Universidade
Radboud de Nimegue.
63. GILL, Wayne (1999) Diccionario Tsimane-Castellano. Bolivia: Misión Nuevas Tribus.
Língua Viva - Versão eletrônica - Volume 01, n° 01, Outubro/2006

64. GIRARD, Victor (1971) Proto-Takanan Phonology. Berkeley & Los Angeles:
University of Californian Press.
65. GUERRA, Mariana de Lacerda (2004) Aspects of Suruí phonology and phonetics.
Dissertação de Mestrado: Universidade Livre de Bruxelles.
66. GUILLAUME, Antoine (2005) Diccionario Maropa-Castellano com apuntes
gramaticales. Manuscrito.
67. HANKE, Wanda (1953) “Parintintin y Boca Negra con sus idiomas”, Kollasuyo,
Universidad Mayor de San Andrés, La Paz, 12 (70): 25-47.
68. HAUDE, Katharina (2006) A Grammar of Movima. Tese de Doutorado: Universidade
Radboud de Nimegue.
69. HEMMAUER, Roland (2005) Studien zur historischen Morphosyntax des Siriono.
Dissertação de Mestrado: Universidade de Munich.
70. HOELLER, Alfredo (1932) Guarayo-Deutsches Wörterbuch. Hall in Tirol.
71. HUGO, Vitor (1959) Desbravadores, 3 volumes. Missão Salesiana de Humaitá.
72. IBARRA GRASSO, Dick E. (1982) Lenguas Indígenas de Bolivia. La Paz: Libreria
Editorial “Juventud”.
73. IBARRA GRASSO, Dick E. (1985) Pueblos Indígenas de Bolivia. La Paz: Libreria
Editorial “Juventud”.
74. INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL (2000) Povos Indígenas no Brasil: 1996-2000. São
Paulo: Instituto Socioambiental.
75. JUDY, Robert A. & Judith JUDY (1962) Vocabularios Bolivianos N°1. Movima y
castellano. Cochabamba: Instituto lingüístico de Verano.
76. JUDY, Robert A. & Judith JUDY (1967) “Movima”, in Esther MATTESON, Ed.,
Bolivian Indian Grammars 2, 353-408.
77. KERN, Barbara (1996) Dicionário Português-Oro Não (Wari’). Versão Preliminar.
Guajará-Mirim: Novas Tribos do Brasil.
78. KEY, Harold (1975) Lexicon-dictionary of Cayuvava-English. Huntington Beach, CA:
Summer Institute of Linguistics [Language Data, Amerindian Series 5]
79. KEY, Mary Richie (1963) Vocabularios Bolivianos N°4. Cavineña y Castellano.
Cochabamba: Instituto Lingüístico de Verano.
80. KEY, Mary Richie (1968) Comparative Takanan Phonology: with Cavineña Phonology
and Notes on Pano-Tacanan Relationship. The Hague/Paris: Mouton.
81. KOCH-KRÜNBERG, Theodor (1932) “Wörtlisten “Tupy”, Maué und Puruborá”,
Journal de la Société des Américanistes, 24: 31-50.
82. KROEKER, Menno (2001) “A descriptive grammar of Nambikuara”, International
Journal of American Linguistics, 67(1): 1-87.
83. KROEKER, Menno (não datado) Dicionário Escolar Bilíngüe Nambikuara-Português /
Português-Nambikuara. Porto Velho: Sociedade Internacional de Lingüística.
84. LACERDA E ALMEIDA, Francisco José de (1848) “Memória a respeito dos rios
Baures, Branco, da Conceição...”, Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, XII
[1791]
85. LACERDA E ALMEIDA, Francisco José de (1944) Diários de viagem (1788-1790).
Rio de Janeiro: Imprensa Nacional.
86. LAET, Joannes de (1625) Nieuw Wereldt ofte Beschrijvinghe van West-Indien enz.
Leyden: I. Elzevier.
87. LATHRAP, Donald W. (1975) O Alto Amazonas. Lisboa: Editorial Verbo.
88. LEE, Kenneth (1985) “7.000 años en Mojos”, Revista de la Universidad Ballivián, n° 1,
Trinidad.
89. LEITE, Serafim (1945) História da Companhia de Jesus no Brasil. Vol. 3. Rio de
Janeiro: Instituto Nacional do Livro.
Língua Viva - Versão eletrônica - Volume 01, n° 01, Outubro/2006

90. LEVERGER, Barão de Melgaço (1952) “Apontamentos cronológicos da província de


Mato Grosso”, Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, 205.
91. LÉVI-STRAUSS, Claude (1948) “Tribes of the right bank of the Guaporé river”,
Handbook of South American Indians, III. Washington: Smithsonian Institution.
92. LOOS, E. Eugene (1999) “Pano”, in R.M.W. DIXON & A. Y. AIKHENVALD, Eds.,
Amazonian Languages, 227-250.
93. LOUKOTKA, Čestmir (1950) “La Parenté des langues du bassin de la Madeira”, Lingua
Posnaniensis, Poznan, 2: 123-144.
94. LOUKOTKA, Čestmir (1968) Classification of South American Indian Languages.
University of California.
95. LOWE, Ivan (1999) “Nambiquara”, in R.M.W. DIXON & A. Y. AIKHENVALD,
Eds., Amazonian Languages, 268-291.
96. MALDI MEIRELES, Denise (1989) Guardiães da Fronteira. Petrópolis: Editora Vozes
Ltda.
97. MALDI MEIRELES, Denise (1991) “O complexo Cultural do Marico”, Boletim do
Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, Antropologia, 7(2): 209-269.
98. MARBAN, Pedro (1894) Arte de la lengua Moxa. Leipzig: Teubner. [1692]
99. MATTESON, Esther (1967) Bolivian Indian Grammars. 2 volumes. Norman: Summer
Institute of Linguistics.
100. MEER, Tine van der (1982) Fonologia da língua Suruí. Dissertação de Mestrado:
Universidade Estadual de Campinas.
101. MELLO, Antônio Augusto Souza (2000) Estudo histórico da família lingüística Tupí-
Guaraní: Aspectos fonológicos e lexicais. Tese de Doutorado: Universidade Federal de Santa
Catarina.
102. MENÉNDEZ, Miguel M. (1992) “A Área Madeira-Tapajós”, in M. C. CUNHA, Ed.,
História dos Índios no Brasil, São Paulo: Cia das Letras, 281-296.
103. MÉTRAUX, Alfred (1927) Migrations historiques des Tupi-Guaraní. Paris: Librairie
orientale et américaine.
104. MÉTRAUX, Alfred (1929) “Un ancien document peu connu sur les Guarayú de la
Bolivie orientale”, Anthropos, 24.
105. MÉTRAUX, Alfred (1942) “The Native Tribes of Eastern Bolivia and Western Mato
Grosso”, Bull. Bur. Amer. Ethn., Washington.
106. MÉTRAUX, Alfred (1948a) “Tribes of Eastern Bolivia and the Madeira Headwaters”,
Handbook of South American Indians, III. Washington: Smithsonian Institution.
107. MÉTRAUX, Alfred (1948b) “The Chapacuran Tribes”, Handbook of South American
Indians, III. Washington: Smithsonian Institution.
108. MÉTRAUX, Alfred (1948c) “Tribes of Eastern Slopes of the Bolivian Andes”,
Handbook of South American Indians, III. Washington: Smithsonian Institution.
109. MILLER, Eurico Teophilo (1983) História da cultura indígena do alto-médio
Guaporé. Dissertação de Mestrado, PUC (Rio de Janeiro).
110. MONSERRAT, Ruth Maria Fonini (2000) A língua do povo Mynky. Tese de
Doutorado: Universidade Federal de Rio de Janeiro.
111. MONTAÑO ARAGÓN, Mario (1987) Guía etnográfica lingüística de Bolivia. 3
volumes. La Paz: Editorial Don Bosco.
112. MOORE, Denny (1984) Syntax of the Language of the Gavião Indians of Rondônia,
Brazil. Tese de Doutorado: Universidade de Nova Iorque.
113. NIMUENDAJÚ, Curt (1924) “Os índios Parintintin do Rio Madeira”, Journal de la
Société des Américanistes, 16: 201-278.
114. NIMUENDAJÚ, Curt (1925) “As tribus do alto Madeira”, Journal de la Société des
Américanistes, 17: 137-172.
Língua Viva - Versão eletrônica - Volume 01, n° 01, Outubro/2006

115. NIMUENDAJÚ, Curt (1987) Mapa Etno-Histórico. Fundação IBGE, Ministério da


Cultura.
116. NIMUENDAJÚ, Curt & E. E. de VALLE-BENTES (1923) “Documents sur quelques
langues peu connues de l’Amazone”, Journal de la Société des Américanistes, 15: 215-222.
117. NORDENSKIÖLD, Erland (1924) The Ethnography os South America seen from
Mojos in Bolivia. Comparative Ethnographical Studies, 3. Göteborg.
118. NORDENSKIÖLD, Erland (2001) Exploraciones y aventuras en Sudamérica. La Paz:
APCOB. [1924]
119. NORDENSKIÖLD, Erland (2002) La vida de los indios. La Paz: APCOB. [1912]
120. NORDENSKIÖLD, Erland (2003) Indios y blancos. La Paz: APCOB. [1922]
121. NORDENSKIÖLD, Erland von (n.d.) Quelques mots Palmelas. Manuscrito original
in: Archives of Professor Paul Rivet, Paris.
122. OLZA ZUBIRI, Jesús (2002) Gramática Moja Ignaciana (morfosintaxis). Caracas:
Publicaciones UCAB.
123. ORBIGNY, Alcide Dessalines d’ (1944) El hombre americano. Buenos Aires: Editorial
Futuro. [1839]
124. OTT, Willis & Rebecca OTT (1983) Diccionario Ignaciano y Castellano.
Cochabamba: Instituto Lingüístico de Verano.
125. PALHETA, Francisco de Melo (1960) “Narração de viagem no rio Madeira (1722)”, in
Capistrano de ABREU, Caminhos antigos e povoamento do Brasil, Rio de Janeiro: Livraria
Briguiet.
126. PARKER, Stephen G. (1995) Datos de la lenhua Iñapari. Perú: Instituto Lingüístico de
Verano.
127. PAULY, Antonio (1928) Ensayo de Etnografía Americana. Buenos Aires.
128. PIRES, Nádia Nascimento (1992) Estudo da gramática da língua Jeoromitxi (Jabuti).
Dissertação de Mestrado: Universidade Estadual de Campinas.
129. PITMAN, Mary de (1981) Diccionario Araona y Castellano. Riberalta: Instituto
Lingüístico de Verano.
130. PONTES, Emanuel Pontes (1986) Caiari.
131. PRICE, David (1983) “Pareci, Cabixi, Nambikwara:…”, Journal de la Société des
Américanistes, 69: 129-48.
132. PRICE, David (1978) “The Nambikwara Linguistics Family”, Anthropological
Linguistics, 20: 14-37.
133. RIESTER, J. (1977) Los Guarasug’wé : Crónica de sus últimos dias. La Paz: Editora
“Los Amigos del Libro”.
134. RIESTER, J. (1981) Arqueologia y arte rupestre en el oriente boliviano. Cochabamba:
Editora “Los Amigos del Libro”.
135. RIESTER, J. (1986) Zúbaka: La Chiquitanía. 3 volumes. Cochabamba: Editora “Los
Amigos del Libro”.
136. RIVET, Paul (1910) “Sur quelques dialectes Panos peu connus”, Journal de la Société
des Américanistes, 7: 221-242,
137. RIVET, Paul (1921) “Nouvelle contribution à l’étude de la langue des Itonama”,
Journal de la Société des Américanistes, 13: 173-195,
138. RIVET, Paul (1953) “La langue Mashubi”, Journal de la Société des Américanistes, 42:
119-125,
139. RODRIGUES, Aryon Dall’Igna (1964) “A classificação do tronco lingüístico Tupi”,
Revista de Antropologia, 12: 99-104.
140. RODRÍGUEZ, Jorge Cortés (2005) Caciques y hechiceros: huellas em la história de
Mojos. La Paz: Plural Editores.
Língua Viva - Versão eletrônica - Volume 01, n° 01, Outubro/2006

141. RONDON, Cândido Mariano da Silva (1948) Glossário Geral das tribos silvícolas de
Mato-Grosso e outras da Amazônia e do Norte do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional.
142. ROQUETTE-PINTO, Estêvão (1919) Rondônia. Imprensa Nacional.
143. ROWAN, Orland & Phyllis ROWAN (1978) Dicionário Parecis-Português /
Português - Parecis. Brasília: Summer Institute of Linguistics.
144. RYDEN, Stig (1958) Los Indios Moré. La Paz: Ministerio de Educación.
145. SAKEL, Jeanette (2004) A Grammar of Mosetén. Berlin/New York: Mouton de
Gruyter.
146. SALVATIERRA, Cristián (2005) Morfología trinitaria. Tese de Doutorado:
Universidad Mayor San Simón, Cochabamba.
147. SANS, Rafael (1888) Memoria Histórica del Colegio de Misiones de San José de La
Paz. La Paz: Imprenta de La Paz.
148. SCHERMAIR, Anselmo Ebner (1949) Gramática de la lengua Sirionó. La Paz.
149. SCHERMAIR, Anselmo Ebner (1950) Diccionario Castellano- Sirionó. La Paz.
150. SHELL, Olive A. (1965) Pano Reconstruction. Tese de Doutorado: Universidade de
Pennsylvania.
151. SIQUEIRA, Joaquim da Costa (1872) “Compendio historico chronologico das noticias
de Cuyabá, 1778-1817”, Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, XIII.
152. SIQUEIRA, Joaquim da Costa (1898) “Crônicas do Cuiabá“, Revista do Instituto
Histórico e Geográfico do Brasil, IV.
153. SNETHLAGE, Emil Heinrich (1937) Atiko y. meine Erlebnisse bei den Indianern des
Guaporé. Berlin.
154. SOUSA, Antonio Nunes de & alli (1906) “Viagens no Brasil”, Revista do Instituto
Histórico e Geográfico do Brasil, 67(1). [1755]
155. SOUTHEY, Robert (1965) História do Brasil. V . 5. Ed. Obelisco, São Paulo.
156. STORTO, Luciana (1999) Aspects of a Karitiana Grammar. Tese de Doutorado: MIT.
157. TEIXEIRA, Marco Antônio Domingues & Dante Ribeiro da FONSECA (2001)
História regional: Rondônia. Porto Velho: Rondoniana.
158. TELLES de A. P. LIMA, Stella (2002) Fonologia e gramática Latundê/Lakondê. Tese
de Doutorado: Universidade Livre de Amsterdam.
159. TORRICO PRADO, Benjamin (1971) Indigenas en el corazón de America. La Paz:
Editorial “Los Amigos del Libro”.
160. TRIPP, Robert (1995) Diccionario Amarakaeri-Castellano. Peru: Instituto Lingüístico
de Verano.
161. VASCONCELOS, Ione P. (2003) Aspectos fonológicos e morfofonológicos da língua
Aikanã. Tese de Doutorado: Universidade Federal de Alagoas.
162. VILAÇA, Aparecida (1992) Comendo como gente. Rio de Janeiro: Editora UFRJ.
163. VOORT, Hein van der (2004) A grammar of Kwaza. Berlin/New York: Mouton de
Gruyter.
164. VOORT, Hein van der (2005) Arikapu dictionary with Djeoromitxi equivalents.
Manuscrito.
165. WYMA, Richard & Lucille Pitkin WYMA (1962) Vocabularios Bolivianos N°3.
Ese’ejja y Castellano. Cochabamba: Instituto Lingüístico de Verano.
166. WYNEN, Donald Van & Mabel Garrard de Van WYNEN (1962) Vocabularios
Bolivianos N°2. Tacana y Castellano. Cochabamba: Instituto Lingüístico de Verano.
167. ZINGG, Philipp (1998) Diccionario Chacobo-Castellano. La Paz: Ministerio de
Desarrollo Sostenible y Planificación.

Você também pode gostar