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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE

CURSO DE GEOLOGIA

TRABALHO ACADÊMICO DE ESTRATIGRAFIA - ESTRATIGRAFIA DE


SEQUÊNCIAS EM BACIAS BRASILEIRAS

Iara Muzzi Assis

Laís Gabriela Gonçalves Andrade

Laura Volponi Araújo

Marcus Vinicius Godinho Rodrigues

Maria Clara Lana Domingos

BELO HORIZONTE

JULHO - 2020

Iara Muzzi Assis


Laís Gabriela Gonçalves Andrade

Laura Volponi Araújo

Marcus Vinicius Godinho Rodrigues

Maria Clara Lana Domingos

ESTRATIGRAFIA – ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS EM BACIAS


BRASILEIRAS

Trabalho Acadêmico do Curso de


Graduação em Geologia do Centro
Universitário de Belo Horizonte -UniBH,
como requisito parcial para aprovação na
Disciplina Estratigrafia.

Professor: Leonardo Lopes

Turma: GEO4AN-ESA

BELO HORIZONTE

JULHO – 2020

1. INTRODUÇÃO
Pode-se definir o termo bacia sedimentar como uma enorme depressão no terreno,
que é preenchida por sedimentos que tem sua origem as terras altas que os
rodeiam. Este espaço possui parâmetros físicos, químicos e biológicos específicos
que favorece todo o processo de formação das rochas. A Estratigrafia é o ramo da
geologia que estuda as rochas estratificadas, considerando sua sequência,
correlação, litologia entre outros.

Com o desenvolvimento e evolução da Estratigrafia Moderna, o homem inicia uma


fase de compreensão do ambiente sedimentar. Começa a distinguir o papel de cada
fator que influi na sedimentação (O clima, tectônica, subsidência e a variação
eustática do nível do mar) e tem, consequentemente, por objetivo compreender o
mecanismo e as causas da ciclicidade na gênese das seqüências deposicionais. A
estratigrafia é a ferramenta que consegue estudar os hiatos deposicionais e trazer
entendimento sobre sua gênese e magnitude temporal. (HOLZ, 2013).

Esta ciência foi alavancada com o advento de ferramentas modernas em especial


ramos da Geologia, sendo um deles a Geofísica, a sísmica de reflexão e
processamento de dados, permite obter informações de subsuperfície. Ondas são
emitidas por geofones na superfície, a fim de obter os registros e detectar as
estruturas. A Geotecnia com os métodos de Sondagem à percussão e Perfilagem
de poços, é possível coletar amostras de uma seção colunar em um dado ponto,
identificar feições geológicas e caracterizar a amostra a ser analisada.

E ao abordar o desenvolvimento da estratigrafia moderna, deve-se citar a Petrobrás.


Empresa pioneira e de destaque, no quesito de análise das bacias sedimentares do
país. O trabalho exploratório cumulativo ultrapassa mais de 50 anos e propiciaram a
compilação de um enorme acervo de informações geológicas e geofísicas, que
permite atualmente uma compreensão segura do arcabouço estratigráfico e
estrutural de diversas áreas e bacias do país. Apoiados pelas pesquisas em
bioestratigrafia e sedimentologia foi possível representar o arranjo estratigráfico das
várias províncias geológicas na forma de diagramas cronoestratigráficos, as
comumente denominadas cartas estratigráficas. (MILANI, 2007).

2. DESENVOLVIMENTO
As bacias sedimentares podem ser classificadas de acordo com seu
desenvolvimento e localização, no Brasil encontramos alguns diferentes tipos. Como
por exemplo a bacia do Acre, uma bacia intracratônica. As bacias desta
classificação geralmente são excepcionalmente grandes, em forma de um prato ou
alongadas. Seu processo de sedimentação ocorre a partir de áreas mais elevadas
gerando rampas com mergulho muito suave, diminutas lâminas de água e colunas
estratigráficas praticamente horizontais com sequências delgadas e extensas.
(Fávera, 2001).

A história evolutiva deste tipo de bacia apresenta longos períodos de acumulação


lenta de sedimentos intercalados com longos períodos de processos geológicos
ativos como soerguimento das camadas e amplas erosões. Após estes eventos de
soerguimentos é comum ocorrer uma sedimentação sobre condições diferentes,
gerando bacias diferentes sobre posicionadas (Uhlein; Fávera, 2001).

Também no território brasileiro encontramos as bacias pericontinentais, como a


bacia de Pelotas. Esse tipo de bacia apresenta uma formação de plataforma-talude,
encaixado em uma porção inclinada do fundo do mar e a jusante de uma quebra de
plataforma abrupta servindo como seu limite superior. Esse tipo de morfologia
apresenta um caráter retilíneo com mudanças na direção e grau de inclinação, além
de estar associado com faixas de terremotos e faixas profundas (Fávera,2001;
Figueiredo, 2017).

As bacias epicontinentais são caracterizadas por sedimentação monótona e calma,


geralmente com uma inclinação ínfima e devido às variações relativas do nível do
mar a deposição dos sedimentos ocorre em faixas de grandes extensões. Neste tipo
de bacia as concentrações mais espessas ocorrem em ambiente proximal,
diminuindo sua espessura no sentido da plataforma profunda, já que os movimentos
de erosão diminuem (França, 2007; Silva, 2018).

As bacias do tipo margem passivas representam a passagem de uma crosta


continental espessa para uma crosta oceânica fina, geralmente apresentam
espessa acumulação de sedimentos, falhas de crescimento, instabilidade
gravitacional e deslizamentos. São sismicamente inativas, devido a sua localização
no interior da placa tectônica (Uhlein).

São resultantes da separação e deriva dos continentes, formando uma abertura


dorsal meso-oceânica em riftes oceânicos evoluídos, podendo existir diferentes
graus de afastamento de acordo com o tempo de ruptura crustal (Uhlein).
3. EXEMPLOS

Bacia do Alto Tapajós

A Bacia do Alto Tapajós está situada a sudoeste da Bacia do Amazonas, com a qual
se conecta, e a norte da Bacia dos Parecis (Fig. 1). Com base em dados
aerogravimétricos e aeromagnetométricos, sugere para a bacia uma evolução
iniciada com um sistema rifte interior/ depressão interior (IF/IS) rifeano/vendiano
(Neoproterozóico), sucedido por outro sistema semelhante no Paleozóico (Fig. 1)
Teixeira (2001). A bacia está em não-conformidade sobre rochas vulcânicas dos
grupos Colíder e Beneficente e sobre rochas da Suíte Magmática Sucunduri (Riker e
Oliveira, 2001), entre outras.

Figura 1 – Coluna estratigráfica composta da Bacia do Alto Tapajós, segundo Santiago et al. 1980; Teixeira, 2001. Espessura
estimada: >1.788 m. Fonte: (Apud CPRM, 2003, pg. 66)

Bacia Sanfranciscana

A Bacia Sanfranciscana, com 150.000 km2 de área, abrange partes dos estados do
Tocantins, Bahia, Goiás e Minas Gerais. Devido a diferenças tectônicas,
estratigráficas e ambientais, ela está dividida em dois domínios: Sub-bacia Urucuia,
a norte, e Sub-bacia Abaeté, a sul; o Alto do Paranaíba a separa da Província
Sedimentar Meridional (Campos e Dardenne, 1997). A bacia – intracratônica do tipo
Depressão Interior (IS) – está desenvolvida sobre rochas sedimentares
neoproterozóicas clásticas e carbonáticas do Grupo Bambuí (Apud CPRM, 2003,
pg. 78). As rochas vulcanossedimentares que preenchem a bacia estão reunidas em
quatro Grupos e uma formação, separados por discordâncias: Grupos Santa Fé
(Carbonífero-Permiano), Areado (Valanginiano a Albiano) e Urucuia-Mata da Corda
(Cenomaniano a Maastrichtiano), interdigitados entre si, e a Formação Chapadão do
Plio-Pleistoceno (Fig. 2). Essas unidades correspondem às sequências Delta,
Épsilon e Zeta, de Soares et al. (1974). A evolução tectônica da Bacia
Sanfranciscana, de acordo com Sgarbi et al. (2001), compreende cinco ciclos
tectonossedimentares, separados por discordâncias, correspondentes aos grupos
supracitados.

Figura 2 – Estratigrafia da Bacia Sanfranciscana. Principais litótipos: 1 – seqüência pelitocarbonática; 2 – arcóseos e siltitos; 3
– diamictitos, tilitos e tilóides; 4 – folhelhos com clastos caídos; 5 – arenitos heterogêneos; 6 – arenitos maciços calcíferos com
intercalações argilosas; 7 – conglomerados e arenitos; 8 – folhelhos; 9 – arenitos; 10 – lavas e piroclásticas alcalinas; 11–
arenitos vulcânicos; 12 – arenitos eólicos; 13 – conglomerados de terraços e 14 – areias (segundo Sgarbi et al. 2001). Fonte:
(Apud CPRM, 2003).
Figura 3 - Evolução paleogeográfica regional da Bacia Sanfranciscana. l Neopaleozóico - deposição do Grupo Santa Fé a
partir do norte da bacia. 2 Eomesozóico -intensos processos erosivos são responsáveis pelo retrabalhamento de grande parte
da sucessão Santa Fé. 3 Eocretáceo - deposição do Grupo Areado e desenvolvimento de feições tafrogenéticas na Sub-Bacia
Abaeté. Início do soerguimento do Alto Paranaíba. 4 Neocretáceo - fase principal do Soerguimento do Alto Paranaíba.
Deposição do Grupo Urucuia e desenvolvimento do magmatismo alcalino na área afetada pelo soerguimento. 5 Cenozóico -
Acumulação da Formação Chapadão, desenvolvimento da atual superfície de relevo e incisão das formas geomorfológicas de
mesetas e extensas chapadas. (Modificado de Hasui & Haraliy 1991).

Bacia de Pelotas

A Bacia se situa-se no extremo sul da margem continental brasileira, limita-se ao


norte com a Bacia de Santos (Figura 4). A espessura sedimentar da Bacia atinge
mais de 9.000metros. Pode-se subdividir esta bacia, para finalidades de descrição,
em três províncias: a Plataforma de Florianópolis, ao norte, a Bacia de Pelotas
propriamente dita e o Cone do Rio Grande, este último um sítio de acumulação
espessa de argilitos e folhelhos e possivelmente arenitos, numa forma semelhante
ao Cone do Amazonas (Batista,2017).
Figura 4 - Localização da Bacia de Pelotas, com destaque para os blocos em oferta na 14ª Rodada de Licitações da ANP.
(Fonte: Batista, 2017)

Atividades exploratórias

Podemos dividir as atividades exploratórias da Bacia de Pelotas em quatro ciclos.No


primeiro ciclo ocorreram as primeiras atividades exploratórias na década de 60. A
Petobras perfurou, oito poços na porção emersa, locados com base em
levantamentos gravimétricos e que não constataram indícios de hidrocarbonetos
(Batista, 2017).

Na década de 70 ocorreu o segundo ciclo outro marco exploratório importante, o


primeiro levantamento sísmico na plataforma continental. Houve uma locação de
sete poços na porção das águas rasas, sendo um estratigráfico e os demais
pioneiros, mas em nenhuma das perfurações foram encontrados indícios
consistentes de hidrocarbonetos (Batista, 2017).

Na década de 90 ocorreu o terceiro ciclo, com novas aquisições sísmicas e quatro


poços perfurados, sem a constatação de indícios significativos de hidrocarbonetos.

O quarto ciclo se encerra após a criação da ANP, o ciclo exploratório mais recente
em 1997. Nesse período houve a perfuração de um poço estratigráfico na Bacia de
Pelotas. Recentemente foram adquiridos 18.500 quilômetros de imageamento de
dados sísmicos bidimensionais em levantamentos especulativos. Tais
levantamentos utilizaram parâmetros avançados de aquisição e processamento,
permitindo o imageamento de estruturas profundas e fornecendo subsídios para
uma visão mais completa da promissora Bacia. Apesar de não identificar
descobertas comerciais, resultou em um imenso volume de dados de linhas
sísmicas bidimensionais. Também estão disponíveis dados de métodos potenciais,
que recobrem boa parte da bacia (Batista,2007).
3. CONCLUSÃO:

Nesta perspectiva, portanto, pode-se enfatizar de acordo com as informações


expostas ao longo deste texto que a evolução da Estratigrafia Moderna, foi um fator
preponderante e essencial para a compreensão da Geologia. A Estratigrafia de
Sequências abriu um grande leque, quando se aborda a temática do conhecimento
técnico de nossa subsuperfície. Permitindo, a compreensão do comportamento de
cada camada e seu processo de formação, geocronologia, material sedimentado,
entre outros.

Foi discorrido informações sobre as principais bacias sedimentares do Brasil,


fundamentos, as quais, se obteve a partir da prospecção e análise dos membros e
formações. Com base em investigações que envolvem a Geotecnia e Geofísica,
torna-se capaz a dedução de possíveis anomalias, seja de petróleo e gás, materiais
para emprego na construção civil, fertilizantes e corretivos para solo, além de bens
minerais como ouro, diamante, urânio, terras-raras, cobre, estanho, ferro, chumbo e
zinco, dentre outras substâncias de grande interesse econômico. Ademais, de
conhecimentos paleontológicos e até mesmo arqueológicos.

Através de pesquisas bibliográficas, constatamos que as Bacias são estruturas


essenciais nos estudos geológicos, em que se pode garantir uma certeza de que
podemos encontrar rochas e minerais para a exploração, por entre Grupos e
Formações pertencentes à mesma.
REFERÊNCIAS:

BATISTA, Carlos M. A. Bacia de Pelotas: Sumário Geológico e Setores em Oferta.


2017. ANP-Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.
Disponível em < http://rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round14/Mapas/sumarios/
Sumario_Geologi co_R14_Pelotas.pdf>

FIGUEIREDO, André. Quimioestratigrafia, correlação e evolução das


sequências neoproterozóicas da sub-bacia de campinas- BA com implicações
fosfogenéticas. 2017. Dissertação (Mestrado em Geologia) - Instituto de
Geociências, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2017. Disponível em <
https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/24835/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o
%20Andre%20Lyrio.pd >

FAVERA, Jorge. Fundamentos de Estratigrafia Moderna. 1 edição. Rio de


Janeiro. Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2001

FRANÇA, Rosilene et al. Bacia do Espírito Santo. Boletim Geociências. Petrobras,


Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 501-509, maio/nov. 2007. Disponível em <
https://www.researchgate.net/profile/Antonio_Del_Rey/publication/273336978_Bacia
_de_Espirito_Santo_Boletim_de_Geociencias_da_Petrobras/links/56b1dff408ae56d
7b06c4ec2.pdf >

HOLZ, Michael. ESTRATIGRAFIA DE SEQÜÊNCIAS – UM RESUMÃO: (PRA


ESTUDAR PRA PROVA...). Grupo de Estratigrafia Teórica e Aplicada - IGEO -
UFBA, 2013. Disponível em: http://www.geta.geo.ufba.br/Estrati-de-Seq-
Resumao2013.pdf

MILANI, Edison José et al. Bacias sedimentares brasileiras: cartas


estratigráficas. Anexo ao Boletim de Geociências da Petrobrás, v. 15, n. 1, p.
183-205, 2007. Disponível em:
https://www.researchgate.net/profile/Juliano_Stica/publication/261949152_Bacias_S
edimentares_Brasileiras_-
_Cartas_Estratigraficas/links/5408d1be0cf2718acd3cb0a5.pdf

SILVA, Augusto J.; LOPES, Ricardo; VASCONCELOS, Antônio; Ruy B. C. Bahia.


Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil, CPRM, 2003. Disponível em
<http://www.cprm.gov.br/publique/media/recursos_minerais/livro_geo_tec_rm/capII.p
df>.

SILVA, Pedro et al. Mares epicontinentais carbonáticos pensilvânianos das


bacias do Amazonas e Parnaíba. GMGA. 2018. Disponível em
<http://gmga.com.br/wp-content/uploads/kalins-pdf/singles/06-mares-
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UHLEIN, Alexandre et al. Apostila de Estratigrafia Geral. Instituto de Geociências,
Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em
<https://www.passeidireto.com/arquivo/21373071/apostila-de-estratigrafia-geral-
ufmg-uhlein-alexandre/5>.

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