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Mecânica Vol1
Mecânica Vol1
2ª edição
Joaquim Lopes Neto
Mecânica
.
Mecânica
Volume 1 - Módulo 1 Joaquim Lopes Neto
2ª edição
Apoio:
Fundação Cecierj / Consórcio Cederj
Rua Visconde de Niterói, 1364 – Mangueira – Rio de Janeiro, RJ – CEP 20943-001
Tel.: (21) 2334-1569 Fax: (21) 2568-0725
Presidente
Masako Oya Masuda
Vice-presidente
Mirian Crapez
Material Didático
ELABORAÇÃO DE CONTEÚDO Departamento de Produção
Joaquim Lopes Neto
EDITORA ILUSTRAÇÃO
COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO Eduardo Bordoni
Tereza Queiroz
INSTRUCIONAL
Jefferson Caçador
Cristine Costa Barreto REVISÃO TIPOGRÁFICA
Elaine Bayma CAPA
DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL
Marcus Knupp Eduardo Bordoni
E REVISÃO
Luciana Messeder Daniela de Souza PRODUÇÃO GRÁFICA
Janeth Pinto COORDENAÇÃO DE Oséias Ferraz
PRODUÇÃO Patricia Seabra
COORDENAÇÃO DE AVALIAÇÃO DO
Jorge Moura
MATERIAL DIDÁTICO
Débora Barreiros PROGRAMAÇÃO VISUAL
Sanny Reis
AVALIAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO
Aroaldo Veneu
REDATOR FINAL
Aroaldo Veneu
L864p
Lopes Neto, Joaquim.
Mecânica. v. 1 / Joaquim Lopes Neto. – 2a ed. – Rio de Janeiro:
Fundação CECIERJ, 2010.
298p.; 21 x 29,7 cm.
ISBN: 978-85-7648-464-6
Governador
Sérgio Cabral Filho
Universidades Consorciadas
UENF - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO
NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO RIO DE JANEIRO
Reitor: Almy Junior Cordeiro de Carvalho Reitor: Aloísio Teixeira
F = ma (1.1)
onde a é a aceleração
d2x (1.2)
a= =x
&&
dt 2
8 CEDERJ
MÓDULO 1
A força F em geral depende do que a partícula está fazendo. Para
1
saber o que a partícula está fazendo, é preciso conhecer sua posição
AULA
e sua velocidade x(t) = dx(t)/dt num dado instante de tempo t. Logo,
em geral, a força F é alguma função de x(t), x& ((t)
t0 )e t, ou seja, F(x, x& (,tt).
0)
d2x
m = F(x, x& , t) (1.3)
dt 2
d 2 x F0
= = const (1.4)
dt 2 m
F0
dv = dt (1.5)
m
Integrando
v F0 t
∫
v0
dv′ =
m ∫t0
dt ′ (1.6)
ou
dx F
v= = v0 + 0 (t − t0 ) (1.7)
dt m
CEDERJ 9
Mecânica | Movimento em uma dimensão
Integrando novamente
x t F0
∫x0
dx′ = ∫ dt ′(v0 +
t0 m
(t ′ − t0 )) (1.8)
ou
F0
x − x0 = v0 (t − t0 ) + (t − t0 )2 (1.9)
2m
F0
x(t) = (t − t0 )2 + x& (t0 )(t − t0 ) + x(t0 ) (1.10)
2m
Dados os valores de x(t0 ) e x& (t0 ) no instante inicial t0 , a solução x(t) estará
completamente especificada e será única.
Se você tiver uma força complicada, dependendo de x, x& (,te0 )t, você
não poderá, na maioria das vezes, encontrar uma solução em termos de
funções conhecidas. No entanto, você sempre poderá resolver a Equação
(1.3) numericamente. O modo de resolver seria assim: se você conhece a
posição x(t0 ) e a velocidade x& (t0 ) no instante inicial t0, você pode usar
esta informação para determinar a posição da partícula em um tempo
muito curto t0 + ∆t posterior (ou anterior) através da expressão
10 CEDERJ
MÓDULO 1
Note que agora precisamos de x& (t0 + ∆t) que não é dado pela
1
condição inicial. Aqui entra em cena a segunda lei de Newton. Como
AULA
x& (t0 + ∆t) = x& (t0 ) + x
&&(t0 )∆t , (1.13)
1
&&(t0 ) =
x F(x(t0 ), x& (t0 ), t0 ) (1.14)
m
CEDERJ 11
Mecânica | Movimento em uma dimensão
d 1
v(t) = F(t) (1.16)
dt m
1 t
m ∫t0
v (t) = dt ′F (t ′) + v (t0 ) (1.17)
12 CEDERJ
MÓDULO 1
onde usamos a condição inicial x& (t0 ) = v(t). Como v(t) = dx(t)/dt,
1
repetindo o procedimento, temos para x(t)
AULA
t
x (t) = x (t0 ) + ∫ dt ′v(t ′) (1.18)
t0
t 1 t′
x(t) = x(t0 ) + ∫ dt ′ v (t0 ) + ∫ dt ′′F(t ′′) (1.19)
t0
m 0
t
ou
1 t t′
x (t) = x (t0 ) + v(t0 )(t − t0 ) + ∫
m 0
t
dt ′∫ dt ′′F(t ′′)
t 0
(1.20)
F0 t ′ F
m ∫0
dt ′′ cos(ω t ′′ + θ ) = 0 [ sen (ω t ′ + θ ) − senθ ]
mω
(1.22)
CEDERJ 13
Mecânica | Movimento em uma dimensão
1 t t′ F0 t (1.23)
m ∫0 ∫0 mω ∫0
dt ′ dt ′′ F (t ′′) = dt ′ [sen (ω t ′ + θ ) − sen θ ]
F cosθ F senθ F
= 0 2 − 0 t − 0 2 cos(ω t + θ )
mω mω mω
O resultado final para x(t), supondo, por simplicidade, que a partícula
está inicialmente em repouso em x = 0, é
F0 cosθ F0 senθ F
x (t) = − t − 0 2 cos(ωt + θ ) (1.24)
mω 2
mω mω
d2x
m = F(v) (1.25)
dt 2
dv
m = F (v) (1.26)
dt
dv
dt = m (1.27)
F(v)
t dv′
v (t )
∫t0
dt ′ = t − t0 = m ∫
v (t0 ) F (v ′)
(1.28)
14 CEDERJ
MÓDULO 1
para obter x(t) usando a outra condição inicial x(t0). Vejamos como isso
1
funciona em dois casos envolvendo uma força dissipativa dependente da
AULA
velocidade, a força de arrasto: (a) F = –βv, (b) F = –mγv².
Antes, diremos o que é uma força de arrasto. Se você é apaixonado
por carros esportivos provavelmente já leu ou ouviu citarem coeficientes
de arrasto para realçar as qualidades aerodinâmicas de um carro. Então
o que significa isso?
r ur
Figura 1.1: Van de seção reta S movendo-se através do ar com velocidade v. F
r ur
v F é a força de arrasto.
A Figura 1.1 mostra uma van (que tem uma forma nada
aerodinâmica mas simplifica nossos argumentos) movendo-se com
velocidade v. A van está sujeita a uma força de arrasto de intensidade
dada por
1
F= CA ρ Sv 2 (1.29)
2
CEDERJ 15
Mecânica | Movimento em uma dimensão
ρ Lv
Re = (1.32)
η
16 CEDERJ
MÓDULO 1
Exercício 1.4. Quais são as dimensões dos parâmetros β, Γ e γ?
1
AULA
Agora que explicamos a origem das forças dissipativas dependentes
de velocidade, as forças de arrasto, passemos à solução da equação do
movimento em cada caso.
(a) Caso em que F = –βv = –mΓv
Substituindo esta força na Equação (1.28),
t v (t ) dv′
∫t0
dt ′ = t − t0 = − ∫
v (t0 ) Γv ′
(1.33)
v (t)
Γ(t − t0 ) = − ln v (t) + ln v(t0 ) = − ln (1.34)
v (t0 )
ou
CEDERJ 17
Mecânica | Movimento em uma dimensão
t
x (t) = x (t0 ) + ∫ dt ′v (t ′)
t0 (1.36)
t
= x (t0 ) + v(t0 )∫ dt ′e − Γ (t ′ − t0 )
t0
v(t0 )
x(t) = x(t0 ) + (1 − e − Γ(t − t0 ) ) (1.38)
Γ
18 CEDERJ
MÓDULO 1
Na Figura 1.4 temos um gráfico do deslocamento da partícula,
1
∆x = x − x0 (em unidades de v0 / Γ) em função do tempo (em unidades
AULA
de 1/Γ).
− Γ (t − t0 )
Exercício 1.5. A expressão matemática limt → ∞ e → 0 nos leva a
concluir da Equação (1.38) que o objeto leva um tempo infinito para
percorrer uma distância finita v(t0)/Γ. Analise esta conclusão com base
no intervalo de tempo característico 1/Γ.
Para uma função f(t) suave (e a maioria das funções em Física são
suaves) podemos usar a expansão de Taylor:
1
f (t) = f (t0 ) + (t − t0 )f ′(t0 ) + f ′′(t0 ) + ... (1.39)
2!
1 2
e − Γ(t − t0 ) = 1 − Γ(t − t0 ) + Γ (t − t0 )2 + ... (1.40)
2
v (t0 )
x(t) = x(t0 ) + (1 − (1 − Γ(t − t0 )) (1.41)
Γ
ou
x(t) = x(t0 ) + v(t0 )(t − t0 ) (1.42)
que é a aproximação linear da Figura 1.4. Vamos dizer isto de outra forma:
Quando os efeitos da viscosidade do fluido podem ser desprezados, o objeto
se move, na ausência de outras forças, em movimento retilíneo uniforme.
Exemplo 1.3. Considere que o objeto movendo-se no fluido viscoso esteja
também sob a ação de uma força constante, F0. A força total sobre o
objeto é então F(v) = F0 – mΓv, que substituindo na Equação (1.28) e
integrando, obtemos
F0
v(t) = v(t0 ) e − Γ(t − t0 ) + (1 − e − Γ(t − t0 ) ) (1.43)
mΓ
CEDERJ 19
Mecânica | Movimento em uma dimensão
Veja que, quando (t – t0) >> 1/Γ, qualquer que seja sua velocidade
inicial v(t0), a velocidade do objeto tende ao valor vT = F0 / mΓ chamado
velocidade terminal. No gráfico da Figura 1.5 ilustramos esse fato.
20 CEDERJ
MÓDULO 1
Esta é a força de arrasto que atua em uma bola de futebol quando
1
ela está se deslocando no ar.
AULA
Exercício 1.7. Calcule o número de Reynolds para velocidades típicas
de uma bola de futebol. Depois, na Figura 1.2 (a que corresponde a
uma esfera é muito semelhante) veja como se comporta o coeficiente
de arrasto.
t v (t ) dv′
∫t0
dt ′ = t − t0 = − ∫
v (t0 ) γ v ′ 2
(1.44)
t v (t ) dv′
γ ∫ dt ′ = γ (t − t0 ) = − ∫ (1.45)
t0 v (t0 ) v ′2
1 1
γ(t − t0 ) = − (1.46)
v(t) v(t0 )
ou
v(t0 )
v(t) = (1.47)
1 + γ v(t0 )(t − t0 )
1
x (t) = x (t0 ) + l n (1 + γv(t0 )(t − t0 )) (1.48)
γ
CEDERJ 21
Mecânica | Movimento em uma dimensão
RESUMO
Vimos que esta equação sempre pode ser resolvida numericamente e que, dadas as
condições iniciais, isto é, a posição inicial e a velocidade inicial, sua solução é única.
Depois, mostramos como proceder para tentar resolvê-la analiticamente nos casos
em que a força aplicada é uma função somente do tempo, F = F(t), ou uma função
somente da velocidade, F = F(v). Nos casos em que a solução analítica existe, vimos
a utilidade da expansão em séries de Taylor para a análise dos resultados.
22 CEDERJ
MÓDULO 1
PROBLEMAS
1
AULA
1.1. Suponha que a força atuando sobre uma partícula possa ser
fatorada em uma das seguintes formas:
F (x, x& , t) = f (x) g(t) (1.50)
F (x, x& , t) = f (x& ) g(t) (1.51)
F (x, x& , t) = f (x) g(x& ) (1.52)
CEDERJ 23
Mecânica | Movimento em uma dimensão
v0 vt
(1.56)
( v + vt2 )
2 1/ 2
0
dv dv dx dv
= =v (1.58)
dt dx dt dx
dv dm
m = − ve − mg (1.59)
dt dt
24 CEDERJ
MÓDULO 1
onde m é a massa do foguete e ve é a velocidade de escape dos gases em
1
relação ao foguete. Integre esta equação para obter v em função de m,
AULA
supondo uma taxa temporal constante de perda de gás.
F = −be αv (1.60)
Soluções:
1.1. No texto da Aula 1, nós estudamos situações nas quais a
força aplicada depende somente do tempo t, ou somente da velocidade
x& .(t0Na
) próxima aula veremos forças que dependem somente da
posição x. Este problema considera forças que dependem de duas das
variáveis, x, x& ,(tt,
0)
porém, a dependência é fatorada. Queremos saber se
nesse caso a equação do movimento é integrável.
dv
m = f (x) g(t) (1.61)
dt
CEDERJ 25
Mecânica | Movimento em uma dimensão
dv
m = f (v) g(t) (1.63)
dt
ou,
m
∫ f (v) dv = ∫ g(t) dt (1.64)
dv
m = f (x) g(v) (1.65)
dt
dv dv dx dv
m =m = mv (1.66)
dt dx dt dx
mv
∫ g(v) dv = ∫ f (x) dx (1.67)
26 CEDERJ
MÓDULO 1
1.2. Da segunda lei de Newton segue que
1
AULA
&& = e − bt
x
(1.68)
Integrando esta equação em relação ao tempo, achamos
e − bt
v(t) = − +A
b (1.69)
Integrando novamente dá
e − bt
x(t) = + At + B (1.70)
b2
1
A condição inicial, v(0) = 0, dá A = . A condição inicial, x(0) = 0 , dá
1 b
B=− . Assim,
b2
e − bt t 1 (1.71)
x(t) = + −
b2 b b2
dv
m = mg − mγ v 2 (1.72)
dt
dv v dv′ t
= dt → ∫ = ∫ dt ′ (1.73)
g −γv 2 0 g − γ v′ 2 0
1 γ
arctanh v = t (1.74)
γg g
v (t) =
g
γ
tanh ( γ gt ) (1.75)
t g t
x (t) − x(0) = ∫ v (t ′) dt ′ =
γ ∫0
tanh γ gt ′dt ′ (1.76)
0
CEDERJ 27
Mecânica | Movimento em uma dimensão
o que dá
1
x(t) = x0 + ln cos h γ gt (1.77)
γ
1 cos h ( γ g t1 )
2
s (t0 → t1 ) = x (t1 ) − x(t0 ) = ln (1.79)
2γ cos h2 ( γ g t0 )
γ 2
v = tan h2 ( γ gt) = 1 − sec h2 ( γ gt) (1.80)
g
Então, g
cos h2 ( γ gt) =
g − γ v2 (1.81)
1 g − γ v0
s (t0 → t1 ) = ln (1.82)
2γ g − γ v1
dv dv dx dv
m =m = mv = mg − mγ v 2 (1.83)
dt dx dt dx
de onde escrevemos
vdv v1 v′dv′ x1
= dx → ∫ = ∫ dx (1.84)
g −γv 0 g − γ v′
2 v 2 x0
28 CEDERJ
MÓDULO 1
o que imediatamente leva ao resultado desejado:
1
AULA
1 g − γ v0
s (t0 → t1 ) = ln (1.85)
2γ g − γ v1
dv
m = − mg − mγ v 2 (1.86)
dt
dv dv dy dv
= =v = − g − γ v2 (1.87)
dt dy dt dy
Integrando, dá
v vdv
y − y0 = − ∫
v0 g + γ v2
1 v d(v 2 ) (1.88)
2 ∫v0 g + γ v 2
=−
1 g + γ v2
=− ln
2γ g + γ v02
g + γ v2
= e −2 γ y (1.89)
g + γ v0
2
g g
v2 = − + + v02 e −2γ y (1.90)
γ γ
ou,
CEDERJ 29
Mecânica | Movimento em uma dimensão
1 − g + γ v2
y − y0 = ln (1.93)
2γ − g + γ v02
− g + γ v2
= e 2γ y (1.94)
−g
ou,
v 2 = vt2 − vt2 e 2γ y (1.96)
vt2
v 2 = vt2 − vt2 (1.99)
v02 + vt2
ou,
v0 vt
v=
v02 + vt2 (1.100)
dv (1.101)
m = −mγ v 3 / 2
dt
30 CEDERJ
MÓDULO 1
Integrando esta equação, obtemos
1
AULA
v
1 v dv 1 v −1 / 2 2
γ ∫v0 v 3 / 2
t=− = − = (v −1 / 2 − v0−1 / 2 )
γ −1 / 2 v γ (1.102)
0
−2
γt
v (t) = + v0−1 / 2 (1.103)
2
γ 2 0
γ γ2
dv dv
=v = −γ v 3 / 2 (1.105)
dt dx
2v01 / 2
x − x0 → (1.107)
γ
dp (1.108)
=F
dt
(Aqui, como estamos tratando do movimento em uma dimensão, não
precisamos explicitar o caráter vetorial de p e F). Como a massa é
variável, dp / dt ≠ mdv / dt.
CEDERJ 31
Mecânica | Movimento em uma dimensão
dN
mg v g (1.109)
dt
dp dv dm dm (1.111)
=m + v = −mg + vg
dt dt dt dt
ou,
dv dm
m = − mg − (v − v g ) (1.112)
dt dt
dv dm
m = − mg − ve (1.113)
dt dt
dm
dv = − gdt − ve (1.114)
m
o que dá
m
v = − gt + ve ln 0 (1.115)
m
32 CEDERJ
MÓDULO 1
Substituindo o valor de t, encontramos finalmente,
1
AULA
m g
v = ve ln 0 − (m0 − m) (1.116)
m µ
Note que nesta expressão, à medida que o foguete usa sua massa,
a velocidade parece divergir logaritmicamente. Antes disso, como você
sabe, a Mecânica Clássica deixa de valer.
1.7. (a) Seja r o raio da gota no instante t. O problema diz que a
taxa de crescimento da massa da gota é
dm
= kπ r 2
dt
(1.117)
Se ρ é a densidade da gota, então
4π 3
m= ρr
3 (1.118)
de modo que
dm dr
= 4π ρ r 2 = kπ r 2
dt dt (1.119)
Portanto,
dr k
= (1.120)
dt 4 ρ
ou,
k
r = r0 + t (1.121)
4ρ
4π 3 dv 4π 3
ρr + vkπ r 2 = − r ρg (1.123)
3 dt 3
ou,
dv 3k
+ v = −g (1.124)
dt 4 ρ r
CEDERJ 33
Mecânica | Movimento em uma dimensão
dv 3k v
+ = −g
dt 4 ρ r + k t (1.125)
0
4ρ
Fazendo B = k / 4 ρ , reescrevemos a Equação (1.125) como
dv 3B
+ v = −g (1.126)
dt r0 + Bt
dv
+ P(t)v = Q(t) (1.127)
dt
cuja solução é
3B
P(t) = , Q(t) = − g (1.129)
r0 + Bt
Agora,
3B
∫ P(t)dt = ∫ r dt = 3 ln ( r0 + Bt ) = ln ( r0 + Bt )
3
(1.130)
0 + Bt
Portanto,
e∫ = ( r0 + Bt )
Pdt 3
(1.131)
e assim,
v (t) = − ( r0 + Bt ) ∫ ( r0 + Bt ) gdt + C
−3 3
−3 g (1.132)
= − ( r0 + Bt ) ( r0 + Bt ) + C
4
4B
A constante pode ser determinada fazendo v (t = 0) = v0 :
g 4
C = −v0 r03 − r0 (1.133)
4B
Então, nós temos
−3 g g 4
v (t) = − ( r0 + Bt ) ( r0 + Bt ) − v0 r03 −
4
r0
4B 4B (1.134)
34 CEDERJ
MÓDULO 1
ou,
1
1 g 3
4B ( Bt ) + O(r0 )
4
v(t) = − (1.135)
AULA
( Bt )
3
3
onde O(r0 ) significa “termos da ordem de r30 ou superior”. Para r0
suficientemente pequeno, podemos desprezar esses termos e
g (1.136)
v (t) = − t
4
Curiosamente, neste caso o movimento da gota é uniformemente
acelerado.
dv (1.137)
m = −be − αv
dt
v b t
∫v0
e − αv dv = −
m ∫0
dt (1.138)
Fazendo as integrais,
1 − αv αb αb αv0
α
(
e − e − αv0 =
m
)
t ⇒ e − α(v − v0 ) = 1 +
m
e
(1.139)
de onde segue que
1 α b α v0
v = v0 − ln 1 + e (1.140)
α m
t 1 t α b α v0
x (t) = ∫ v(t) dt = v0t − ∫ ln 1 + e t dt (1.141)
0 α 0
m
t
1 m − αv0 αb αv0 αb αv0
= v0 t − e 1 + e t ln 1 + e t − t
α αb m m 0
ou seja,
CEDERJ 35
Mecânica | Movimento em uma dimensão
m
ts =
αb
(
1 − e − αv0 ) (1.143)
m (1.144)
xs = (1 − e − αv0 − αv0 e − αv0 ).
αb
2
36 CEDERJ
2
AULA
Movimento em uma dimensão
e forças conservativas
Meta da aula
Discutir a solução da equação do movimento unidimensional
quando a força aplicada é uma função somente da posição.
objetivos
dv
m = F(x) (2.2)
dt
1 1 x
mv 2 − mv02 = ∫ F(x′)dx′ (2.5)
2 2 x0
38 CEDERJ
MÓDULO 1
Esta equação permite formalmente resolver o problema de encontrar
2
a solução da Equação (2.1). Antes de dar um exemplo deste método,
AULA
vamos definir a energia potencial.
A energia potencial V(x) é definida como o trabalho realizado
pela força quando a partícula vai de uma posição x até algum ponto de
referência xs:
xs
V (x) = ∫ F(x′)dx′ (2.8)
x
x
∫x0
F(x′) dx′ = −V (x) + V (x0 ) (2.9)
1 1
mv 2 + V (x) = mv 20 + V (x0 ) (2.10)
2 2
1
mv 2 + V (x) = T + V = E = constante (2.11)
2
dV (x)
F (x) = − (2.12)
dx
CEDERJ 39
Mecânica | Movimento em uma dimensão e forças conservativas
x 1 2
V (x) = − ∫ (−kx′) dx′ = kx (2.14)
0 2
1/ 2
2 1
v(x) = E − kx 2 (2.15)
m 2
k
sen θ = x (2.17)
2E
e
k
ω=
m
(2.18)
Deste modo,
−1 / 2
m x 1 1 θ 1
∫
2 0
x E − kx′2
2
dx′ = ∫
ω 0
θ
dθ ′ = (θ − θ0 )
ω (2.19)
θ = ω t + θ0 (2.20)
2E
x= sen θ = A sen (ω t + θ0 ) (2.21)
k
40 CEDERJ
MÓDULO 1
onde 2E (2.22)
2
A=
k
AULA
Vemos que a coordenada x oscila harmonicamente no tempo,
com uma amplitude A e freqüência ω/2π. Aqui, as condições iniciais são
determinadas pelas constantes A e θ, que estão relacionadas a E e x0 por
1 2
E= kA
2 (2.23)
x0 = A sen θ0
O problema que acabamos de resolver é certamente o mais
importante no movimento em uma dimensão. A Equação (2.21), como
você já sabe, representa o movimento de um oscilador harmônico, cujo
exemplo mais simples é o de uma partícula de massa m presa a uma
mola cuja constante é k. Mais adiante, pediremos a você para resolver
numericamente a equação do movimento do oscilador harmônico, ou
seja, obter numericamente o movimento senoidal dado pela Equação
(2.21). Dada a importância do oscilador harmônico, estaremos voltando
a ele na próxima aula, para estudar seu movimento sob a ação de forças
não-conservativas.
GMm (2.24)
F(x) = −
x2
x dx′ GmM
V (x) = GmM ∫ =− (2.25)
∞ x ′2 x
Da Equação (2.11),
1/ 2
2 GmM
v(x) = ± E+ (2.26)
m x
CEDERJ 41
Mecânica | Movimento em uma dimensão e forças conservativas
GmM
xR = (2.27)
−E
2E
vL = (2.28)
m
2GM (2.29)
ve =
x
− Ex′
cosθ = (2.31)
GmM
42 CEDERJ
MÓDULO 1
Então,
2
AULA
GmM
d x′ = 2 cosθ senθ (2.32)
−E
e 1/ 2
GmM senθ
E+ = (− E)1 / 2 (2.33)
x′ cosθ
θ 1 θ 1 1
∫ 0
cos2 θ ′dθ ′ =
2 ∫0
(1 + cos 2θ ′)dθ ′ = (θ + sen2θ )
2 2
(2.36)
CEDERJ 43
Mecânica | Movimento em uma dimensão e forças conservativas
cos2 θ ≈ 1 − θ 2
(2.38)
sen2 θ ≈ 2θ
x = xR − xRθ 2
(2.39)
2GM
2θ = t (2.40)
xR 3
1 2
x = xR − %
gt (2.41)
2
FORÇAS NÃO-CONSERVATIVAS
d 1 2
mv = F(x)v (2.42)
dt 2
dV (x) dx dV (x)
F(x) v = − =− (2.43)
dx dt dt
44 CEDERJ
MÓDULO 1
Isto nos diz que, para uma força conservativa, a quantidade
2
P = Fv é uma derivada temporal total. Substituindo a Equação (2.43)
AULA
na (2.42), ficamos com
d 1 2 dV (x)
mv = − (2.44)
dt 2 dt
ou
d 1
mv + V (x) = 0
2
dt 2 (2.45)
d 1
mv + V (x) = F ′ v
2
(2.47)
dt 2
As forças do tipo de F' não são conservativas. Elas não podem ser
derivadas de uma energia potencial. Ou, em outras palavras, a potência
F'v não pode ser escrita como uma derivada temporal total. Quando
a potência F'v for negativa, como no caso de forças de atrito, dizemos
que F' é uma força dissipativa (porque a energia total da partícula vai
diminuindo com o tempo). As forças de arrasto que vimos na aula
passada são dissipativas.
CEDERJ 45
Mecânica | Movimento em uma dimensão e forças conservativas
d2x
m = −kx (2.48)
dt 2
d2x
= −x (2.49)
dt 2
Suponha que o oscilador esteja em x(t0) e que tenha uma velocidade v(t0)
no instante t0. Qual a sua posição num instante um pouquinho depois
(ou um pouquinho antes) t0 + ∆t? Já vimos na aula passada que para ∆t
pequeno podemos escrever
onde a (t) = x
&&(t) é a aceleração. Da Equação (2.49), temos que a(t) = − x(t)
e assim
46 CEDERJ
MÓDULO 1
x(0,00) = 1,00, quanto vale x(0,10)? A Equação (2.50) diz que x(0,10)
2
= 1,00 porque v(0,00) = 0. O valor da velocidade v(0,10) é dado por
AULA
v(0, 10) = 0, 00 − 0, 10 × 1, 00 = −0, 10 (2.53)
Tabela 2.1
t x v a
0,000 1,000 0,000 - 1,000
-0.050
0,100 0,995 -0,995
-0,150
0,200 0,980 -0,980
-0,248
0,300 0,955 -0,955
-0,343
CEDERJ 47
Mecânica | Movimento em uma dimensão e forças conservativas
48 CEDERJ
MÓDULO 1
2
RESUMO
AULA
Grande parte desta aula foi de revisão de coisas que você já viu em Física I e Física II.
Assim, apresentamos as forças conservativas, que podem ser derivadas de uma
energia potencial V. Uma partícula sob a ação somente deste tipo de força tem sua
1
energia mecânica total conservada, E = mv 2 + V (x) = T + V = constante . Com
2
esta relação, podemos determinar as regiões nas quais o movimento é permitido e,
em alguns casos, encontrar a solução da equação do movimento. Também falamos
das forças não-conservativas como aquelas para as quais a potência associada
não pode ser escrita como uma derivada temporal total. Neste caso, a energia
mecânica varia com o tempo, e esta variação é igual à potência associada à força.
Finalmente, mostramos como resolver numericamente a equação do movimento
do oscilador harmônico simples.
CEDERJ 49
Mecânica | Movimento em uma dimensão e forças conservativas
PROBLEMAS
a b
V (x) = − 6
+ 12 (2.59)
x x
50 CEDERJ
MÓDULO 1
2.5. Encontre a solução geral da equação do movimento de um corpo
2
sob a ação de uma força linear repulsiva F = kx. Mostre que esse tipo de
AULA
movimento pode ser esperado na vizinhança de um ponto de equilíbrio
instável.
SOLUÇÕES
(ρ l)y&& = ρ gy (2.60)
g
y&& = y (2.61)
l
g g
p2 = ou p = ± (2.62)
l l
CEDERJ 51
Mecânica | Movimento em uma dimensão e forças conservativas
y = Ae +α t + Be−α t (2.63)
y& ( t ) = α Ae +α t − α Be −α t (2.64)
y0 +α t
y (t) =
2
( e + e −α t ) = y0 cos h ( αt ) (2.65)
e a velocidade,
α y0 +α t
y& (t) =
2
( e − e −α t ) = y0 senh ( αt ) (2.66)
O tempo T que a corrente leva até perder o contato com a mesa é tal que
y (T ) = l , ou seja, l = cot h (α T ) . Usando sen h (α T ) = cos h2 (α T ) − 1
encontramos que a velocidade da corrente logo que ela perde contato com
a mesa é
g l2
y& (Tt ) = α y0 senh (α T ) = y0 2 − 1 = gl 1 − f02 (2.67)
l y0
d dv dy dv
y&& = v= =v (2.68)
dt dy dt dy
∫ vdv = α ∫ ydy
2
(2.69)
0 y0
52 CEDERJ
MÓDULO 1
Encontramos
2
v 2 = α 2 ( y 2 − y02 ) (2.70)
AULA
Fazendo y = l na Equação (2.12), obtemos o resultado desejado,
g
v2 = (l − y02 ) ⇒ v = gl 1 − f02 (2.71)
l
1 2 k 4
kx −= x
2 4α 2
(b) Para encontrar os pontos de equilíbrio, fazemos dV / dx x = x = 0
0
obtemos
kx03 x02
kx0 − = 0 ⇒ kx0 1 − 2
=0 (2.73)
α2 α
d 2V
= k > 0 ⇒ x = 0 equilíbrio
equil brioestável
estÆvel
dx 2 x0 =0
d 2V
= k − 3k = −2k < 0 ⇒ equilíbrio
equil brioinstável
instÆvel
dx 2 x0 = ± α
CEDERJ 53
Mecânica | Movimento em uma dimensão e forças conservativas
1 Kα2
4
x
–α +α 2
Ponto de
equilíbrio
estável
Figura 2.1
dv dx dv dv α d α α α α2
F (x) = m =m = mv =m = m − 2 = − m (2.74)
dt dt dx dx x dx x x x x3
dV 6a 12b
F(x) = − = − 7 + 13 (2.75)
dx x x
54 CEDERJ
MÓDULO 1
2
AULA
Figura 2.2
1/ 6
12b 6a 2b
13
= 7 ⇒ xe = (2.76)
xe xe a
CEDERJ 55
Mecânica | Movimento em uma dimensão e forças conservativas
dv
m = kx (2.80)
dt
&& − η 2 x = 0
x (2.81)
Figura 2.3
56 CEDERJ
MÓDULO 1
2.6. A equação do movimento da massa m é
2
&& + kx = Fa (2.83)
AULA
mx
&& ’+ kx ’+ ka = Fa
mx (2.84)
CEDERJ 57
.
3
AULA
O oscilador harmônico simples
Meta da aula
Resolução do problema completo do
oscilador harmônico, amortecido e forçado.
objetivos
INTRODUÇÃO Nesta aula, nós vamos voltar ao problema do oscilador harmônico simples,
desta vez com ênfase num método de solução de equações diferenciais
que permitirá considerar situações como oscilações amortecidas, oscilações
amortecidas forçadas e ressonância. Grande parte do material aqui coberto
você já viu em Física 2B, Módulo 1, mas você notará uma marcante diferença
de linguagem, aqui mais puxada para a Matemática e com vistas aos problemas
mais complexos que encontraremos em aulas posteriores.
Osciladores harmônicos amortecidos e forçados são descritos por equações
do movimento que os matemáticos chamam de equações diferenciais
lineares de segunda ordem. Veremos que resolver uma equação diferencial
linear homogênea com coeficientes constantes é equivalente a resolver uma
equação algébrica do segundo grau e as raízes dessas equações podem ser
números complexos. O exemplo mais simples é a equação x2 +1 = 0 que não
admite uma solução real. Assim, iniciaremos a aula fazendo uma breve revisão
de números complexos.
NÚMEROS COMPLEXOS
60 CEDERJ
MÓDULO 1
Produto de dois números complexos:
3
z = z1 z2 = ( x1 + iy1 ) ( x2 + iy2 ) = ( x1 x2 − y1 y2 ) + i ( x1 y2 + y1 x2 ) (3.5)
AULA
Quociente de dois números complexos:
(3.6)
z z z * ( x + iy1 ) ( x2 − iy2 ) x1 x2 + y2 y2 y x − x1 y2
z = 1 = 1 2* = 1 = + i 1 22
z2 z2 z2 ( x2 + iy2 ) ( x2 − iy2 ) x2 + y2
2 2
x2 + y 2 2
z = zz* = ( x + iy ) ( x − iy ) = x 2 + y 2
2
(3.7)
A FÓRMULA DE EULER
CEDERJ 61
Mecânica | O oscilador harmônico simples
a fórmula de Euler dá
z = x + iy = r(cosθ + i sen θ ) = reiθ (3.12)
d2x
m + kx = 0 (3.13)
dt 2
&& + 4x& 2 + x = 0
&& + 4x& + x = 0 é linear. A equação x
Exemplo 3.1. A equação x
&& + 4x& 2 + x = 0 é não-linear.
x
É fácil de entender por que a Equação (3.13) é tão comum. Suponha
que você esteja estudando oscilações em algum sistema e tudo que você
62 CEDERJ
MÓDULO 1
sabe é que ele oscila em torno de um ponto de equilíbrio, digamos, em
3
x = 0. A quantidade que mede o deslocamento do equilíbrio é x e seja
AULA
V(x) o potencial associado. V(x) deve ter na vizinhança do ponto de
equilíbrio a forma da Figura 3.2 ou algo semelhante.
1 d 2V
V (x) = V (0) + x 2 + ... (3.14)
2 dx 2 x = 0
CEDERJ 63
Mecânica | O oscilador harmônico simples
d2z (3.15)
m + kz = 0
dt 2
onde p é uma constante que pode ser complexa. Quando este tipo de
solução é substituído na (3.3), resulta que p2 = – k/m = –ω2, ou seja,
p = ± iω. Assim, as funções de base z1(t) e z2(t) são complexas e dadas por
z1 (t) = e + iωt
(3.17)
z2 (t) = e − i ωt
64 CEDERJ
MÓDULO 1
onde A e θ são o módulo e a fase da constante complexa a + b*.
3
O método acima pode ser usado para resolver qualquer equação
AULA
diferencial linear homogênea.
p2 + pΓ = 0 (3.21)
x (t) = A + Be − Γt (3.22)
v (t0 )
x (t) = x (t0 ) + (1 − e − Γ(t − t0 ) ) (3.25)
Γ
CEDERJ 65
Mecânica | O oscilador harmônico simples
a2 p2 + a1 p + a0 = 0 (3.28)
p2 + Γ p + ω 2 = 0 (3.30)
Γ Γ2
p=− ± − ω2 (3.31)
2 4
Γ
p=− ± iϖ (3.32)
2
e
Γ
( ae + be − iϖ t )
− t
z (t) = e 2 iϖ t (3.33)
66 CEDERJ
MÓDULO 1
3
AULA
Figura 3.3: Posição em função do tempo para um oscilador com
amortecimento subcrítico.
A solução que queremos é a parte real de z(t) que pode ser escrita como
Γ
− t
x (t) = Ae 2
cos(ϖ t + θ ) (3.34)
CEDERJ 67
Mecânica | O oscilador harmônico simples
68 CEDERJ
MÓDULO 1
força aplicada ωa se torna igual à freqüência natural ω do oscilador
3
livre. A equação diferencial que temos de resolver agora é
AULA
z + Γz& + ω 2 z = (F%a / m) eiωa t
&& (3.40)
F%a / m
z0 = (3.43)
ω − ω a 2 + i Γω a
2
Nós queremos a parte real de z(t). Isto pode ser feito muito
simplesmente, e encontramos
(F / m)(ω 2 − ωa 2 ) (F / m) Γω
x (t) = 2a 2
cos(ωa t + θ a ) + 2 a 2 2 a2 2 sen (ωa t + θ a )
(ω − ωa ) + Γ ωa (ω − ωa ) + Γ ωa
2 2 2
(3.45)
ωaa22) (Faa / m) Γωaa
cos(ωaa t + θ aa) + 22 22
sen (ωaat + θ aa)
Γ 22ωaa22 (ω −−ωaa ) + Γ ωaa
22 22 22
R = (ω 2 − ωa 2 )2 + Γ 2ωa 2 (3.46)
e reescrevendo
Fa (ω 2 − ωa 2 ) Γω a
x (t) = cos(ωa t + θ a ) + sen (ωa t + θ a ) (3.47)
mR R R
ou, finalmente,
Fa
x (t) = sen (ωa t + θ a + β ) (3.48)
mR
onde a fase β é definida por
ω 2 − ωa2 Γω a
sen β = , cos β =
R R (3.49)
ω − ωa
2 2
tan β =
Γω a
CEDERJ 69
Mecânica | O oscilador harmônico simples
Γ
− t Fa
x (t) = Ae 2
cos(ϖ t + θ ) + sen (ωa t + θ a + β ) (3.50)
mR
Exemplo 3.3. (a) No estado estacionário, calcule a taxa média com que o
trabalho está sendo realizado sobre o oscilador pela força aplicada.
A potência P = xF
& (t) é igual a
Fa 2ωa
P= cos(ωa t + θ a )cos(ωa t + θ a + β )
mR (3.51)
F 2ω F 2ω
= a a cos β cos2 (ωa t + θ a ) − a a senβ sen2(ωa t + θ a )
mR 2mR
Fa 2ωa 1
PmØdia =
média
cos β = Fa x& m cos β (3.52)
2mR 2
70 CEDERJ
MÓDULO 1
(b) Mostre que, no estado estacionário, a potência é fornecida ao
3
oscilador na mesma taxa média com que a potência está sendo dissipada
AULA
pelo atrito.
O módulo da potência dissipada pela força de arrasto é
Parr = mΓx& 2 . Substituindo o valor da velocidade, temos
Fa 2 ωa 2
2 [
cos(ωa t + θ a )cos β − sen (ωa t + θ a ) senβ ]
2
Parr = mΓ 2
(3.53)
m R
Fa 2 ωa 2 1 1
mØdia = m Γ
Pmédia 2
cos2 β + sen2 β
2
m R 2 2 (3.54)
F ω Γωa Fa ωa
2 2
= a a = cos β
2mR R 2mR
onde, na segunda linha, usamos o valor de cos β que está dado na (3.49).
Este resultado coincide com o obtido em (3.52).
RESSONÂNCIA
1 1
=
R (ω − ωa )2 + Γ 2ωa 2
2 2 (3.55)
Γ2
ωa = ω 2 − (3.56)
2
CEDERJ 71
Mecânica | O oscilador harmônico simples
RESUMO
72 CEDERJ
MÓDULO 1
PROBLEMAS
3
AULA
3.1. Uma massa na extremidade de uma mola é liberada do
repouso na posição x0. A experiência é repetida, mas agora com o
sistema imerso num fluido que faz com que o movimento seja criticamente
amortecido. Mostre que a máxima velocidade da massa no primeiro caso
é e, multiplicado pela velocidade máxima no segundo caso.
correspondente.
F0
x (t) = [cos(ω t) − cos(ω0t)] (3.59)
m (ω − ω 2 )
2
0
CEDERJ 73
Mecânica | O oscilador harmônico simples
F0 / m
D (ω) = (3.61)
(ω − ω 2 )2 + Γ 2ω 2
2
0
Γ2
ωR = ω02 − (3.62)
2
que é chamada freqüência de ressonância.
O grau de amortecimento de um sistema oscilante costuma ser
medido em termos do fator de qualidade Q do sistema:
ωR
Q= (3.63)
Γ
(a) Escreva a amplitude D(ω) em termos de Q. Considere o caso
de amortecimento fraco e faça um gráfico de D para diversos valores de
Q e comente seus resultados.
(b) Ainda considerando amortecimento fraco, mostre que, se a
freqüência da força aplicada for próxima da ressonância, o Q do sistema
é aproximadamente
Energia total
Q ≅ 2π × (3.64)
Energia perdida durante um período
per odo
74 CEDERJ
MÓDULO 1
(a) Que valor de ω resulta em oscilações de estado estacionário
3
com amplitude máxima?
AULA
(b) Qual é o valor da amplitude máxima?
(c) Quando ω tem o valor encontrado na parte (a), qual é o ângulo
de fase φ ?
dE (3.66)
= −bx& 2
dt
SOLUÇÕES
CEDERJ 75
Mecânica | O oscilador harmônico simples
2
Γ − t Γ
Γ
dv
= − x0 e 2 1 − t = 0 (3.73)
dt 2 2
Γ 2
1− tm = 0 → tm = (3.74)
2 Γ
Γ −1
vm = v (tm ) = x0 e (3.75)
2
ω x0
=e
Γ (3.76)
x0 e −1
2
onde usamos que, no amortecimento crítico, ω = Γ / 2.
76 CEDERJ
MÓDULO 1
Substituindo estes resultados na equação do movimento, achamos
3
Γ
Γ2 Γ2 Γ 2 − Γ2 t
AULA
− t
(y&& − Γy& + y + Γy& − 2 y + ω2 y) e 2 = (y&& + ω 2 − y) e = 0 (3.78)
4 4 4
ou,
Γ2
y&& + ω 2 − y = 0 (3.79)
4
Para o amortecimento crítico, Γ / 2 = ω , e esta equação se reduz a
y&& = 0 (3.80)
do enunciado do problema,
Γ
− (t + n τ ) 1 −Γt Γ (3.83)
Ae 2
= Ae 2 ⇒ nτ = 1
e 2
de onde segue que
ϖ = nπ Γ (3.84)
Agora,
Γ2 ϖ2 1
ω2 = ϖ 2 + = ϖ 2 + 2 2 = ϖ 2 1 + 2 2 (3.85)
4 4n π 4n π
Portanto, −1 / 2
ϖ 1
= 1 + 2 2 (3.86)
ω 4n π
1
ϖ ≈ 1 − 2 2 ω (3.87)
8n π
CEDERJ 77
Mecânica | O oscilador harmônico simples
F0
−ω 2 D cos(ω t) + ω02 D cos(ωt) = cos(ωt) (3.91)
m
e, portanto,
F0
D= (3.92)
ω − ω2
2
0
F0
x (t) = A cos(ω0 t + θ ) + cos(ωt) (3.93)
m (ω − ω 2 )
2
0
F0
x (t) = [cos(ω t) − cos(ω0t)] (3.96)
m (ω − ω 2 )
2
0
78 CEDERJ
MÓDULO 1
(c) Quando ω → ω0, tanto o numerador quanto o denominador da
3
Equação (3.96) vão a zero, e portanto devemos ser cuidadosos ao tomar
AULA
esse limite. Expandindo o numerador em torno de ω = ω0 , temos
cos(ω t) − cos(ω0 t) =cos( ωωt)t)−−cos(
cos( ωω0 t0)t)=ω cos(
cos( = ω0 ω t) − cos(ω t)
0 ω = ω0
d
+ ( cos(ωt) − cos(+ω0dt))( cos((ωωt−) −ωcos(
0) + O
ω0(( t)ω) − ω0(ω
)2 )− ω ) + O ((ω − ω )2 )
dω dω ω = ω0
0 (3.97) 0
ω = ω0
= (−t sen (ω0 t))(ω − ω=0 )(−+tO((ω(ω− tω))(
sen
2
0 )ω)− ω ) + O((ω − ω )2 )
0 0 0
Assim,
F0
x (t) =
m (ω0 + ω)(ω0 − ω)
((−t sen (ω0t))(ω − ω0 ) + O((ω − ω0 )2 )) (3.98)
ou
F0
x (t) = t sen (ω0 t) + O((ω − ω0 )) (3.99)
m (ω + ω0 )
ω0
Q= (amortecimento fraco) (3.101)
Γ
F0 / m D (0)
D (ω) = = (3.102)
Γ 2
α2
ω2
0 (1 − α ) + 2 α 2
2 2
(1 − α ) + 2
2 2
ω0 Q
CEDERJ 79
Mecânica | O oscilador harmônico simples
(Compare esta expressão com a que foi escrita no texto da aula. Aqui,
definimos a fase fazendo cos φ = (ω0 − ω ) / R, senφ = Γω / R , e tal
2 2
80 CEDERJ
MÓDULO 1
Então,
3
Energia total mD2ω02 / 2 ω Q (3.107)
AULA
≅ = 0 ≅
per odo π m Γω0 D
Energia perdida durante um período 2
2π Γ 2π
como queríamos mostrar.
k 250N / m
ω02 = = = 25s −2 (3.108)
m 10kg
e o parâmetro de amortecimento é
60 kg / s
Γ= = 6, 0s −1 (3.109)
10 kg
Γ2 36s −2 (3.110)
ωR = ω02 − = 25s −2 − = 2, 65s −1
2 2
F0 / m
D (ωR ) =
(ω02 − ωR2 )2 + Γ 2ωR2 (3.111)
F0 / m 48N / 10kg
= = = 0, 2m
−1
Γ ω − Γ /4
2
0
2
6s 25s −2 − 36s −2 / 4
Γω 2ω 2 × 2, 65s−1
φ = tan−1 2 R 2 = tan−1 R = tan−1 = 41, 4
0
(3.112)
ω
0 − ωR Γ 6 s −1
dE d 1 1
= mx& 2 + kx 2 = mxx
& && + kxx& = (mx
&& + kx) x& (3.114)
dt dt 2 2
CEDERJ 81
Mecânica | O oscilador harmônico simples
&& + kx = −bx& ,
e, usando a equação do movimento, mx
dE
= −bx& 2
dt (3.115)
(b) Para um oscilador com amortecimento crítico, o deslocamento
como função do tempo é dado por
(3.116)
x (t) = (A + Bt) e − bt / 2 m
b b
x& (t) = (B − A− Bt) e − bt / 2 m (3.117)
2m 2m
Agora, x (t = 0) = x0 ⇒ A = x0
b b (3.118)
x& (t = 0) = 0 ⇒ B = A= x0
2m 2m
dE
= −(2m)−4 b5 x02 t 2 e − bt / m (3.120)
dt
1 1 k 1
Energia perdida = − m ω02 x02 = − m x02 = − kx02 (3.123)
2 2 m 2
82 CEDERJ
MÓDULO 1
−1
3.8. Para este oscilador, Γ / 2 = (10 kg/s)/2 × 1 kg = 5 s , e a fre-
3
AULA
qüência natural é
k 50 N/m
ω0 = = = 7, 1 s−1 (3.124)
m 1kg
Γ
− t
x (t) = Ae 2
cos(ϖ t + θ ) (3.125)
onde
Γ2
(7, 1) − ( 5, 0 ) s−1 = 5, 0 s−1
2 2
ϖ = ω02 − = (3.126)
4
Da Equação (3.128),
Γ π
tan θ = − = −1 ⇒ θ = − (3.129)
2ϖ 4
2
A= 0, 1 m = 20, 1 m (3.130)
2
Assim,
−1 π
x (t) = 2 (0, 1 m) e − (5,0 s )t
cos (5, 0 s−1 ) t − (3.131)
4
CEDERJ 83
.
4
AULA
Oscilações acopladas
Meta da aula
Estudar o movimento de sistemas lineares acoplados por
meio da superposição de seus modos normais de oscilação.
objetivos
86 CEDERJ
MÓDULO 1
4
AULA
Figura 4.1: Dois osciladores idênticos acoplados. x1 e x2 são os deslocamentos
a partir das posições de equilíbrio, indicadas por linhas tracejadas.
&&1 + 2ω 2 x1 − ω 2 x2 = 0
x
&&2 + 2ω 2 x2 − ω 2 x1 = 0 (4.2)
x
CEDERJ 87
Mecânica | Oscilações acopladas
&&2 ) + ω 2 (x1 + x2 ) = 0
&&1 + x (4.3)
(x
88 CEDERJ
MÓDULO 1
Podemos resolver as Equações (4.2) por uma extensão do método
4
da aula passada, aplicável a qualquer conjunto de equações diferenciais
AULA
lineares simultâneas com coeficientes constantes. Fazemos
x1 = C1 e pt (4.9)
x2 = C2 e pt (4.10)
x1 C1 pt
= e (4.11)
x2 C 2
(p2 + 2ω 2 ) C1 − ω 2 C2 = 0
(4.12)
(p2 + 2ω 2 ) C2 − ω 2 C1 = 0
p2 + 2ω 2 −ω 2 C1 0
= (4.13)
−ω p2 + 2ω 2 C2 0
2
p2 + 2ω 2 −ω 2
= ( p2 + 2ω2 ) − ω4
2
0= (4.14)
−ω 2 p + 2ω
2 2
CEDERJ 89
Mecânica | Oscilações acopladas
x1 1 1
= A1 cos (ωt + φ1 ) + A2 cos
x2 1 −1
( 3ωt + φ 2 ) (4.17)
que nada mais é que as Equações (4.7) e (4.8) escritas na forma vetorial.
Vejamos agora a interpretação física dos modos normais.
A solução (4.17) não corresponde em geral a um movimento harmônico
simples para x1 e x2. Podemos no entanto escolher condições iniciais tais
que A2 = 0. Basta fazer x1(t0) = x2(t0) e, x& 1 ( t0 ) = x& 2 ( t0 ) , ou seja, dar
um mesmo deslocamento inicial e mesma velocidade inicial para cada
partícula. Neste caso,
x1 (t) = A1 cos (ω t + φ1 ) = x2 (t) (4.18)
Figura 4.2: Modo de oscilação simétrico: as partículas oscilam com a mesma freqüên-
cia e estão sempre em fase.
90 CEDERJ
MÓDULO 1
Escolhendo as condições iniciais x1(t0) = –x2(t0) e x& 1 ( t0 ) = − x& 2 ( t0 ),
4
então A1 = 0 e
AULA
x1 (t) = A2 cos ( )
3 ωt + φ2 = − x2 (t) (4.19)
Figura 4.3: Modo anti-simétrico: as partículas oscilam com a mesma freqüência, mas
em oposição de fase.
ω2 = l g (4.20)
CEDERJ 91
Mecânica | Oscilações acopladas
− mg θ1 ≈ − mg x1 l = − m ω 2 x1 , para
para aa partícula
part cula1,
1,ee
(4.21)
− mg θ 2 ≈ − mg x2 l = − m ω 2 x2 , para a partícula
part cula2.2.
&&1 = − mω 2 x1 − k ( x1 − x2 )
mx
(4.22)
&&2 = − mω 2 x2 − k ( x2 − x1 )
mx
onde ω0 ==(k/m)
ω 1/2. Note que o movimento de um pêndulo é, na verdade,
bidimensional, mas, para oscilações de pequenas amplitudes, pode ser
tratado como um movimento unidimensional.
Das Equações (4.23), vemos que o sistema de dois pêndulos
acoplados é equivalente a um sistema de duas massas iguais e três molas,
semelhante ao da Figura 4.1, porém, com a mola do meio tendo uma
constante de mola diferente das outras duas. (Se nas Equações (4.23) fizer-
mos ω0 = ω, encontraremos exatamente as Equações (4.2).) Portanto,
já sabemos quais são os modos normais dos dois pêndulos acoplados:
o modo simétrico está mostrado na Figura 4.5.a, e o modo anti-simétrico,
na Figura 4.5.b.
a b
92 CEDERJ
MÓDULO 1
Para determinar as freqüências de cada modo, basta notar que,
4
no modo normal simétrico, a mola não sofre deformação e, portanto,
AULA
os pêndulos oscilam com a freqüência livre ω. No modo anti-simétrico,
x1 = − x2 , e substituindo esta condição, por exemplo, na equação
para o pêndulo 1 (a primeira equação na (4.23)), ficamos com
&&1 + (ω 2 + 2 ω02 ) x1 = 0
x (4.24)
CEDERJ 93
Mecânica | Oscilações acopladas
&&2 = −k ( x2 − x3 ) − k ( x2 − x1 )
mx (4.26)
&&3 = −k ( x3 − x2 )
Mx (4.27)
&&1 + ω 2 x1 − ω 2 x2 = 0
x
&&2 + 2ϖ 2 x2 − ϖ 2 ( x1 + x3 ) = 0 (4.28)
x
&&3 + ω 2 x3 − ω 2 x2 = 0
x
p2 + ω 2 −ω 2 0
−ϖ 2 p2 + 2ϖ 2 −ϖ 2 = p2 ( p2 + ω 2 ) ( p2 + 2ϖ 2 + ω 2 ) = 0 (4.31)
0 −ω 2 p2 + ω 2
94 CEDERJ
MÓDULO 1
ω1 = ω e ω2 = ω 2 + 2ϖ 2 . O resto da análise para encontrar x1(t),
4
x2(t) e x3(t) é um pouco complicada; portanto, não vamos apresentá-lo.
AULA
Vamos mostrar, no entanto, que existe uma outra maneira mais simples
de resolver este problema.
Já que a freqüência zero, encontrada acima, não tem nenhuma
conseqüência na determinação das freqüências dos modos normais de
vibração do sistema, é possível reformular o problema, de forma que a raiz
zero seja excluída desde o início. Isto pode ser feito muito simplesmente
impondo a condição de que o centro de massa permaneça estacionário
na origem. A coordenada do centro de massa do sistema é
M ( x1 + x3 ) + mx2
X=
2m + M
e, portanto, o centro de massa permanecerá estacionário na origem se
M ( x1 + x3 ) + mx2 = 0 (4.33)
Esta condição pode ser usada para eliminar uma das coordenadas
e reduzir o problema a um com dois graus de liberdade. Para isso, vamos
definir as novas coordenadas
ξ = x1 + x3 , η = x1 − x3 (4.34)
x &&3 + ω 2 ( x1 − x3 ) = 0
&&1 − x (4.35)
Somando, obtemos
x &&3 + ω 2 (x1 + x3 ) − 2ω 2 x2 = 0
&&1 + x (4.36)
M
x &&3 + ω 2 (x1 + x3 ) + 2ω 2
&&1 + x (x1 + x3 ) = 0 (4.37)
m
CEDERJ 95
Mecânica | Oscilações acopladas
M
ω1 = ω e ω2 = ω 2 + 2ω 2 = ω 2 + 2ϖ 2, (4.40)
m
RESUMO
96 CEDERJ
MÓDULO 1
PROBLEMAS
4
AULA
4.1. Duas massas, m e 2m, estão ligadas por molas idênticas como
indicado na figura abaixo. Encontre os modos normais.
Figura 4.7
Figura 4.8
CEDERJ 97
Mecânica | Oscilações acopladas
Figura 4.9
m
Figura 4.10
4
de Coulomb entre eles. As forças de repulsão entre os íons são:
AULA
r 1 e2 r 1 e2
F12 = ^
z , F = − ^
z
21 (4.44)
4π ε 0 (z1 − z2 )2 4π ε 0 (z1 − z2 )2
b
a
Figura 4.11
CEDERJ 99
Mecânica | Oscilações acopladas
SOLUÇÕES
equações lineares
ou,
− p2 + 2ω 2 −ω 2 C1 0
2 =
−ω −2 p + 2ω C2 0
2 2
(4.48)
− p2 + 2ω 2 −ω 2 (4.49)
=0
−ω 2 −2 p2 + 2ω 2
ou,
2 p4 − 6 p2 ω2 + 3ω 4 = 0 (4.50)
3± 3 2
p±2 = ω (4.51)
2
3± 3
ω± = ω (4.52)
2
100 CEDERJ
MÓDULO 1
Para encontrar os modos normais correspondentes, devemos
4
resolver
AULA
− p±2 + 2ω 2 −ω 2 C1± 0
2 = , (4.53)
−ω −2 p± + 2ω C2 ± 0
2 2
o que dá
C2 ± − p±2 + 2ω 2 ω2 1
= = =− (4.54)
C1± ω 2
−2 p± + 2ω
2 2
1± 3
3 − 1
cos(ω− t + φ− ) (4.56)
1
ou
y&&1 + 3ω 2 y1 − ω 2 y2 = 0
y&&2 + ω 2 y2 − ω 2 y1 = 0 (4.58)
onde ω = k m .
lineares
− p2C1 + 3ω 2C1 − ω 2C2 = 0
(4.59)
−ω 2C1 − p2C2 + ω 2C2 = 0
ou
− p2 + 3ω 2 −ω 2 C1 0 (4.60)
=
−ω − p 2 + ω 2 C2 0
2
CEDERJ 101
Mecânica | Oscilações acopladas
p4 − 4 p2ω 2 + 2ω 4 = 0 (4.62)
que dá
C2 ± − p±2 + 3ω 2 ω2
= = = (1 m 2 ) (4.65)
C1± ω2 − p2± + ω2
1
cos(ω+ t + φ+ ) (4.66)
1 − 2
e
1
cos(ω− t + φ− ) (4.67)
1 + 2
y1 (t) 1 1
= A+ cos(ω+ t + φ+ ) + A− cos(ω− t + φ− ) (4.68)
y2 (t) 1 − 2 1 + 2
102 CEDERJ
MÓDULO 1
y& 2 (0) = v0 = − (1 − 2 ) ω+ A+ − (1 + 2 )ω− A− = 2 (ω+ A + − ω− A− ) (4.72)
4
AULA
Destas equações obtemos
v0 v0
A+ = , A− = − (4.73)
2 2ω+ 2 2ω−
y1 (t) =
v0
−
(
sen 2 + 2 ω t
+
sen 2 − 2 ωt ) ( ) (4.74)
2 2ω 2+ 2 2− 2
y2 (t) =
v0
− (1 − 2 )
sen 2 + 2 ωt
+
((1 + 2 )
)
sen 2 − 2 ωt ( )
2 2ω 2+ 2 2− 2
− 2)
sen ( 2 + 2 ωt ) + (1 + 2)
sen ( 2 − 2 ωt ) (4.75)
2+ 2 2− 2
–T2
Figura 4.12
CEDERJ 103
Mecânica | Oscilações acopladas
m1 + m2 ± m1 m2 + m22 g
ω± = (4.80)
m1 l
a b
Figura 4.13
104 CEDERJ
MÓDULO 1
As coordenadas do bloco e do pêndulo são:
4
xM = x, yM = 0
AULA
xm = x + l senθ , ym = −l cosθ (4.81)
&&m = m x
mx (
&& + lθ&& cosθ − l θ&2 senθ = −Tsenθ) (4.83)
( )
my&&m = m l θ&&senθ + lθ&2 cosθ = T cosθ − mg (4.84)
(
m lθ&&sen2θ + lθ&2 cosθ senθ = − m x ) ( )
&& + lθ&& cosθ − lθ&2 senθ cosθ − mg senθ
(4.86)
( )
m lθ&&sen2θ + lθ&2 cosθ senθ = − m x ( )
&& + lθ&& cosθ − lθ&2 senθ cosθ − mg senθ
ou, simplificando,
lθ&& + x
&& cosθ + mg senθ = 0 (4.87)
e
lθ&& + x
&& + gθ = 0 (4.89)
CEDERJ 105
Mecânica | Oscilações acopladas
m &&
&& +
x lθ + Ω12 x = 0
MT (4.90)
lθ&& + x
&& + Ω2 lθ = 0
2
MT 4M 2 2
(Ω + Ω22 ) −
2
ω± = Ω12 + Ω22 ± 2
Ω1 Ω2 (4.91)
1
2M MT
r 1 e2 r 1 e2
F1 = − eaz1 zˆ + ˆ,
z F2 = − eaz 2
ˆ
z − ẑˆ (4.92)
4πε 0 (z1 − z2 )2 4πε 0 (z1 − z2 )2
106 CEDERJ
MÓDULO 1
z1 = η&&1 , &&
As equações do movimento são (note que && z2 = η&&2 )
4
AULA
mη&&1 = − eaη1 − ea (η1 − η2 )
(4.97)
mη2 = − eaη2 + ea (η1 − η2 )
ou,
ξ1 = η1 + η2
ξ 2 = η1 − η2 (4.99)
ξ1 = a cos (ω1t + φ1 )
(4.102)
ξ 2 = b cos (ω2 t + φ2 )
e assim,
η1 = A cos (ω1 t + φ1 ) + B cos (ω2 t + φ2 )
(4.103)
η2 = A cos (ω1 t + φ1 ) − B cos (ω2 t + φ2 )
CEDERJ 107
Mecânica | Oscilações acopladas
η1 1 1
= A cos (ω1t + φ1 ) + B cos (ω2 t + φ2 ) (4.104)
η 2 1 −1
v0 ω v
A=− , B= 1 A=− 0 (4.107)
2ω1 ω2 2ω2
x2 (t) =
v0
sen (ω0 t ) −
sen ( )
3ω0 t
2ω0 3 (4.109)
&&1 + k(x1 − x2 ) = 0
mx (4.110)
&&2 + 2k(x2 − x1 ) = 0
mx (4.111)
108 CEDERJ
MÓDULO 1
O método do determinante funciona aqui, mas o sistema é tão
4
simples que podemos fazer do jeito mais fácil: somando as equações, dá
AULA
&&1 + x
x &&2 = 0 (4.112)
e subtraindo uma da outra,
&&2 + 4ω 2 (x1 − x2 ) = 0
&&1 − x
x (4.113)
ξ1 = at + b (4.114)
e
ξ 2 = c cos(2 ωt + φ ) (4.115)
A solução geral do nosso problema é, portanto,
1
x1 = (ξ1 + ξ 2 ) = At + B + C cos(2ωt + φ )
2 (4.116)
1
x2 = (ξ1 − ξ 2 ) = At + B − C cos(2ωt + φ )
2
ou,
x1 1 1
= (At + B) + C cos(2 ωt + φ ) (4.117)
x2 1 −1
1
(At + B) (4.118)
1
CEDERJ 109
Mecânica | Oscilações acopladas
− p2 + 2ω 2 −ω 2 −ω 2 C1
−ω − p2 + 2ω 2 −ω C2 = 0
2 2
(4.121)
−ω 2
−ω 2 − p + 2ω C3
2 2
− p2 + 2ω 2 −ω 2 −ω 2
−ω 2 − p2 + 2ω 2 −ω 2 =0
(4.122)
−ω 2 −ω 2 − p + 2ω
2 2
− ( p2 ) + 6 ( p2 ) ω 2 − 9 p2 ω 4 = 0
3 2
(4.123)
110 CEDERJ
5
AULA
Energia potencial em 3-D:
o potencial gravitacional
Metas da aula
Apresentar a condição necessária e suficiente
para que uma força seja conservativa;
introduzir os conceitos de campo e potencial gravitacionais;
estabelecer a lei de Gauss da gravitação e discutir suas
aplicações e conseqüências mais importantes.
objetivos
112 CEDERJ
MÓDULO 1
tão simples assim. Ele está sendo apresentado apenas como curiosidade.
5
Se você quiser conhecer mais sobre esse tema, sugerimos que leia o livro
AULA
O universo numa casca de noz, de Stephen Hawking, editora Arx, 2002.
No espaço tridimensional, a força gravitacional varia com o
inverso do quadrado da distância (a força eletrostática também). Devido
a esta dependência com o inverso do quadrado da distância, uma grande
simplificação ocorre: para os propósitos de gravidade uma esfera age do
mesmo modo que uma massa puntiforme em seu centro. Assim, também,
a força gravitacional entre duas esferas é a mesma que se elas fossem
substituídas por duas massas puntiformes. Caso contrário, descrever, por
exemplo, o movimento dos planetas seria uma tarefa bem complicada.
A força gravitacional é uma força conservativa, podendo, portanto,
como já definimos antes em 1-D, ser derivada de uma energia potencial.
Nesta aula você verá, no entanto, que, em três dimensões, depender só
da posição é uma condição necessária, mas não é condição suficiente
para que uma força seja conservativa.
A formulação de uma lei de força do inverso do quadrado da
distância pode ser feita de uma forma compacta e poderosa por meio da
lei de Gauss. Para isso, vamos introduzir a noção de campo vetorial e o
conceito de fluxo de uma quantidade vetorial. Também, introduziremos
o potencial, uma quantidade escalar e, portanto, mais simples, a partir da
qual podemos calcular o campo.
dvx dvy dv
m = Fx , m = Fy , m z = Fz (5.1)
dt dt dt
CEDERJ 113
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
d 1 2 d 1 2 d 1 2
mvx = Fx vx , mvy = Fy vy , mvz = Fz vz (5.2)
dt 2 dt 2 dt 2
d 1 1 1 2
mvx + mvy + mvz = Fx vx + Fy vy + Fz vz
2 2
(5.3)
dt 2 2 2
ou r r
d 1 2
mv = F ⋅ v (5.4)
dt 2
1 1 t2 r r
mv22 − mv12 = ∫ F ⋅ vdt (5.5)
2 2 t1
r r r r r r
Como vdt = dr e sendo F =uma
ma função de r1, epodemos
r2 escrever o
lado direito da Equação (5.5) como uma integral de linha:
r2 r
r
1 1 r
T2 − T1 = mv22 − mv12 = ∫r F ⋅ dr (5.6)
2 2 r1
114 CEDERJ
MÓDULO 1
percurso. Como no caso 1-D, nós chamamos a força associada com tal
5
potencial força conservativa. Vejamos, então, que tipos de forças 3-D
AULA
são conservativas. Podemos afirmar o seguinte:
r r
Dada uma força F (r ) , uma condição necessária e suficiente para
que o potencial,
r r r
r
r r
V (r ) = − ∫r F(r ’) ⋅ dr (5.8)
r0
r r r
(r ) = − F ⋅ dr = − ( Fx dx + Fy dy + Fz dz )
dVdV (5.10)
r ∂V ∂V ∂V
(r ) =
dVdV dx + dy + dz (5.11)
∂x ∂y ∂z
( F , F , F ) = − ∂∂Vx , ∂∂Vy , ∂∂Vz
x y z (5.12)
Portanto,
r r r r
∇ × F = − ∇ × ∇V = 0 (5.14)
CEDERJ 115
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
r r
Aqui, C é uma curva arbitrária que fazemos passar por r0 e r1 .
r
S é uma superfície arbitrária que tem C como fronteira e d A tem
módulo igual a um elemento infinitesimal de área em S, e direção
ortogonal a S.
r r
A Equação (5.15) diz que, se ∇ × F = 0 em todo lugar, então
r r
Ñ∫ F ⋅ dr = 0
C
para qualquer curva fechada. Mas, olhando a Figura 5.3,
r r r
r r r r0 r
r
r r
r r r rr r r
Ñ∫
C
F ⋅ dr = ∫r0 (1)
r F ⋅ dr + ∫r (2)
r F ⋅ dr = ∫r0 (1) ⋅ dr − ∫rr0 (2) F ⋅ dr (5.16)
r F
r r
Logo, se Ñ∫ ⋅ dr = 0 , a Equação (5.16) nos diz que
C
F
r
r r r rr r r
∫ r
r0 (1)
F ⋅ dr = ∫r F ⋅ dr
r0 (2)
(5.17)
r r
para dois caminhos arbitrários (1) e (2) ligando r e r0 .
116 CEDERJ
MÓDULO 1
Voltando à Equação (5.6), quando a força é conservativa, podemos
5
então escrever o trabalho como
AULA
r
r2 r r r0 r
r
r r2 r
r
r
∫
r
r1
F ⋅ dr = ∫r F ⋅ dr + ∫r F ⋅ dr
r1 r0
r r
r
r2 r
r (5.18)
r1 r
= − ∫r F ⋅ dr + ∫r F ⋅ dr
r0 r0
r r
= V (r1 ) − V (r2 )
e, então, vemos que
r r r r (5.19)
T2 − T1 = V (r1 ) − V (r2 ) ⇒ T2 + V (r2 ) = T1 + V (r1 )
FORÇAS CENTRAIS
r r
Vamos mostrar explicitamente que ∇ × F = 0 para uma força
r r
∇×F =
central. Primeiro note que 0 ser escrita como
pode
r x y z ^
F(x, y, z) = F(r)r^ = F(r) ^i + j^ + k (5.21)
r r r
^ˆ
onde ^iˆ, ^jˆ e k são os unitários nas direções x, y e z, respectivamente.
Agora,
∂r ∂ x + y + z
2 2 2
x (5.22)
= =
∂x ∂x r
e, similarmente,
∂r y
=
∂y r (5.23)
∂r z
= (5.24)
∂z r
r r
para y e z. Tomemos, por exemplo, a componente z de ∇ × F = 0
r r ∂Fy ∂Fx
(∇ × F)z = − (5.25)
∂x ∂y
CEDERJ 117
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
Temos que
∂Fy ∂ (F / r ) d F ∂r xy d F
=y =y =
∂x ∂x dr r ∂x r dr r
(5.26)
∂Fx ∂ (F / r ) d F ∂r yx d F
=x =x =
∂y ∂y dr r ∂y r dr r
r r
onde usamos as Equações (5.22) e (5.23). Assim, ( ∇ × F )=z =0 0. Do mesmo
modo para as componentes x e y.
118 CEDERJ
MÓDULO 1
Para calcular a energia potencial correspondente a uma força central,
5
escolhemos um caminho de integração como indicado na Figura 5.5:
AULA
Figura 5.5: Caminho de integração para uma força central.
r r r r
Tomamos um ponto qualquer de referência r0 ,ee r1integramos de r0 até
e r1
r r r r
e r1
r0 primeiro ao longo de um raio (C1) que parte de r0 , ecujas
r1 coordenadas
são (r0 , θ0 , φ0 ) e vai até o ponto (r0 , θ0 , φ0 ) e depois, ao longo de um círculo
(C2) de raio r em torno da origem, até o ponto (r, θ, φ). Ao longo de C1,
r
dr = rdr
ˆ
e
r r r
∫ C1
F ⋅ dr = ∫ F(r)dr
r0
Ao longo de C2,
r
dr = θˆr dθ + φˆ r senθ dφ
e r r
∫C2
F ⋅ dr = 0
Assim, r r
V (r ) = V (r) = − ∫ F(r)dr
r0
r GMm ^
F(r) = − r (5.28)
r2
CEDERJ 119
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
onde o sinal menos indica que a força é atrativa. Qual será a força se a
massa puntiforme M for substituída por uma esfera de raio R e massa
M? Se a esfera tiver uma distribuição esfericamente simétrica de massa,
ou seja, se sua densidade for uma função só de r, então a resposta é que
continua sendo − GMm / r 2 . Para os propósitos da gravidade, é como
se toda a massa da esfera estivesse em seu centro. Nós vamos usar este
resultado quando estivermos estudando o movimento dos planetas.
Para provar este resultado, é muito mais fácil primeiro calcular
a energia potencial devido a uma esfera e depois tomar a derivada para
obter a força em vez de calcular a força explicitamente. Isto porque a
energia potencial é um escalar, enquanto a força é um vetor. É suficiente
demonstrar o resultado para uma casca esférica fina, uma vez que uma
esfera é a soma de muitas de tais cascas. Para isso, vamos dividir a casca
em anéis, como mostra a Figura 5.6. Seja R o raio da casca e P o ponto
onde queremos calcular o potencial, a uma distância r de seu centro.
a b
Figura 5.6: Método de calcular a energia potencial de uma casca esférica. Em (a), a
casca é dividida em anéis. E em (b) mostramos as distâncias relevantes.
120 CEDERJ
MÓDULO 1
A energia potencial total em P é, portanto,
5
AULA
π 2πσ GR2 m sen θ dθ
V (r) = − ∫
(5.30)
0
R2 + r 2 − 2rR cosθ
2πσ GRm π
=− R2 + r 2 − 2rR cosθ
r 0
Nós agora devemos considerar dois casos. Se r > R, então nós temos
que é independente de r.
Uma vez que encontramos V(r), podemos achar a força como
r r
F = −∇V . Em coordenadas polares esféricas,
r ∂ 1 ∂ 1 ∂
∇ = rˆ + θˆ + φˆ (5.33)
∂r r ∂θ rsenθ ∂φ
CEDERJ 121
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
LEI DE GAUSS
r GM
g = − 2 T rˆ (5.37)
r
Assim, nós podemos imaginar uma coleção de vetores por todo o espaço,
em geral diferentes em módulo e direção em cada ponto do espaço, e
que define a atração gravitacional da Terra sobre uma partícula teste
localizada numa posição qualquer. A totalidade de tais vetores é chamada
campo, e os próprios vetores são chamados intensidades do campo.
122 CEDERJ
MÓDULO 1
Considere agora uma esfera com o centro no centro da Terra e
5
raio maior que o raio da Terra, Figura 5.7. Usando a convenção de que
AULA
r aponta radialmente para fora, então a componente
a direção positiva
rF
radial de g =multiplicada pela área total da superfície da esfera, nos dá
m
uma quantidade Φ definida como:
GMT
Φ = 4π r 2 g(r) = −4π r 2 = −4π GMT (5.38)
r2
a b
Figura 5.8: (a) Superfície gaussiana envolvendo uma partícula de massa M. Existe
um fluxo gravitacional resultante devido à massa M. (b) Superfície gaussiana não
envolvendo M. O fluxo resultante neste caso é zero.
r r GM
d Φ = g ⋅ dA = − 2 cosθ dA (5.39)
r
CEDERJ 123
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
r r r
Agora, dA cosθ / ré igual à projeção de d A perpendicular a r0, e or1 quo-
2
r r
Φ = Ñ∫ g ⋅ dA = −GM Ñ∫ dΩ = −4π GM (5.41)
A
124 CEDERJ
MÓDULO 1
5
AULA
ML
Figura 5.9: Túnel através da Lua. Também mostramos a superfície gaussiana para
o cálculo do campo.
Φ = 4π r 2 g(r) = − 4π GM (5.44)
ML 4π 3 ML 3
M= ⋅ r = 3 r (5.45)
4π / 3RL3 3 RL
GML
g(r) = − r (5.46)
RL3
2π m RL3
T= = 2π = 2π (5.49)
ω k GML
CEDERJ 125
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
Mtotal = ∫ ρ dV (5.50)
V
r r r r
Ñ∫ A
g ⋅ dA = ∫ ∇ ⋅ gdV
V (5.51)
RESUMO
r r
Uma força é conservativa se ∇ × F = 0 . A energia potencial associada a
r r r r r
r
r
F =é FV(r(r) )r = − ∫r F(r ’) ⋅ dr, sendo o valor da integral independente do caminho
r0
r r r r
escolhido para ir de r0 reaté r
0 e1 r1. Você deve escolher o caminho de integração que
126 CEDERJ
MÓDULO 1
PROBLEMAS
5
AULA
5.1. Quais destas forças são conservativas? Encontre o potencial
para aquelas que são.
(a) Fx = ayz + bx + c, Fy = axz + bz, Fz = axy + by , onde a, b
e c são constantes arbitrárias.
. − x , Fy = ln z, Fz = e − x + y / z
(b) Fx = −ze
r
(c) F = arˆ / r
3 GM 2
V =− (5.53)
5 R
∇ 2ϕ = 4π Gρ (5.54)
r
(b) Mostre que o potencial ϕ (r ) de uma distribuição de massa
r
ρ (r ) é dado por
r
r Gρ (r ’)
ϕ (r ) = − ∫ r r dV ’ (5.55)
r − r’
CEDERJ 127
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
GM
ϕ (r) = − (5.56)
r 2 + a2
128 CEDERJ
MÓDULO 1
(a) Supondo que a distribuição de massa da galáxia possa ser
5
aproximada como esférica, mostre que a velocidade de uma estrela em
AULA
uma órbita de raio r (distância da estrela ao centro da galáxia) é
GM (r)
v (r) = (5.58)
r
SOLUÇÕES
r r ∂Fz ∂Fy ˆ ∂Fx ∂Fz ˆ ∂Fy ∂Fx
5.1. Devemos calcular ∇ × F = − i + − j + ∂x − ∂y k̂
∂y ∂z ∂z ∂x
Fy ∂Fx ∂Fz ˆ ∂Fy ∂Fx
iˆ + − j + ∂x − ∂y k̂ para cada uma das forças.
z ∂z ∂x
∂Fz ∂Fy ∂Fx ∂Fz
(a) − = ax + b − (ax + b) = 0 , − = ay − ay = 0 ,
∂y ∂z ∂z ∂x
∂Fy ∂Fx
− = az − az = 0
∂x ∂y
CEDERJ 129
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
r r
r rr r
A força é conservativa. No cálculo deV (r ) = − ∫r F(r ′) ⋅ dr ′, vamos
r0
r
escolher r0 = 0 e o caminho, mostrado na Figura 5.10,
Figura 5.10
r ˆ r ˆ r ˆ
C1 → dr ′ = idx ′, y′ = 0, z ′ = 0; C2 → dr ′ = jdy ′, x′ = x, z ′ = 0 C3 → dr ′ = kdz ′, x′ = x
r ˆ r ˆ
; C2 → dr ′ = jdy ′, x′ = x, z ′ = 0 C3 → dr ′ = kdz ′, x′ = x, y′ = y . Então,
r
V (r ) = − ∫ Fx ’dx′ − ∫ Fy ’ dy′ − ∫ Fz ’dz ′
C1 C1 C1
x y z
= − ∫ (bx′ + c)dx′ − ∫ 0 dy′ − ∫ (axy + by) dz ′
0 0 0
1
= − bx 2 − cx − axyz − byz
2
r x y z y
V (r ) = ∫ e − x ’dx′ − ∫ 0 dy′ − ∫ e − x + dz ′
0 0 1
z′
= 1 − e − e ( z − 1) − y ( ln z − ln 1)
−x −x
= 1 − ze − x − y ln z
ax ay az
Fx = , Fy = 2 , Fz = 2
x +y +z
2 2 2
x +y +z
2 2
x + y2 + z2
130 CEDERJ
MÓDULO 1
ax ay az
Fx = , Fy = 2 , Fz = 2
5
x +y +z
2 2 2
x +y +z
2 2
x + y2 + z2
AULA
Assim,
∂Fz ∂Fy ax2y ay2 x
− =− − =0
∂y ∂z ( x + y + z ) ( x + y2 + z2 )
2 2
2 2 2 2
5.2. Uma esfera pode ser vista como um número muito grande
de camadas concêntricas, desde r = 0 até r = R. Imagine que você vá
juntando massa, camada por camada, para formar a esfera. A variação
na energia potencial quando uma camada de raio r espessura dr é trazida
desde o infinito (onde tomamos o zero da energia potencial) e colocada
na sua posição na esfera é
GM (r) dM (5.59)
dV = −
r
Agora,
M 3M
ρ= = (5.63)
(4 / 3)π R3 4π R3
CEDERJ 131
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
e assim, 3M 2
G (4π ) 2
V =− 4π R3 R5 = − 3GM (5.64)
15 5R
r
M(r) = ∫ ρ (r ′)4π r ′2 dr ′
0 (5.67)
Para que g(r) seja constante,
GM (r)
= g0 = constante
r2 (5.68)
Então,
r
g0 r 2 = G∫ ρ (r ′)4π r ′2 dr ′ (5.69)
0
2 g0 r = 4π Gρ (r) r 2
(5.70)
e resolvendo para ρ(r), encontramos
g 1
ρ (r) = 0 (5.71)
2π G r
132 CEDERJ
MÓDULO 1
r r
Inserindo g = − ∇ϕ no lado esquerdo desta equação, obtemos
5
r r
AULA
∇ ⋅ g = −∇ ⋅ ∇ϕ = −∇ 2ϕ (5.73)
e a Equação (5.72) torna-se
∇ 2ϕ = 4π Gρ (5.74)
Gdm
dϕ = − r r (5.75)
r − r′
r r
Agora, o elemento de massa na posição r ′ é dm = ρ (r ′)dV ′ e, assim,
integrando sobre toda a distribuição, temos o resultado procurado
r
r Gρ (r ′)
ϕ (r ) = − ∫ r r dV ′ (5.76)
r − r′
Figura 5.11
1 ∂ 2 ∂ 1 ∂ ∂ 1 ∂2
∇2 = r + sen θ + (5.77)
r 2 ∂r ∂r r 2 senθ ∂θ ∂θ r 2 sen2θ ∂φ 2
CEDERJ 133
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
−5 / 2
1 ∂ 2 ∂ϕ 2 ∂ϕ ∂ 2ϕ 3GM r2
∇ϕ= 2
2
r = + = 1 + (5.78)
r ∂ r ∂r r ∂ r ∂ r 2 a3 a2
Figura 5.12
Figura 5.13
134 CEDERJ
MÓDULO 1
A diferença entre a força exercida pelo planeta sobre uma partícula
5
de massa m no centro da rocha e uma partícula de mesma massa na
AULA
superfície da rocha é
GMm GMm
−2
r 2r 2GMmr
= 2 1 − 1 + ; 2 1−1+ =
d d d d d3
GMr m
FR = (5.81)
r2
2M 3
d3 = r (5.82)
Mr
4
M= π R3 ρP (5.83)
3
Similarmente,
4 3
Mr = π r ρr (5.84)
3
Logo, 4
2 π R3 ρP
2ρ
d = 3
3
r 3 = R3 P (5.85)
4 3 ρr
π r ρr
3
ou
1/ 3
2ρ (5.86)
d = R P
ρr
r v2
g (r) = − r^ (5.87)
r
CEDERJ 135
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
Por outro lado, usando a lei de Gauss com uma superfície gaussiana
esférica de raio r, concluímos que
r GM (r) ^
g(r) = − r (5.88)
r2
r
v 2 r = GM(r) = G∫ ρ (r ′)4π r ′2 dr ′ (5.89)
0
v 2 = Gρ (r) 4π r 2 (5.90)
ou,
v2 1
ρ (r) = (5.91)
4π G r 2
rv 2 10 × 3, 08 × 1016 m × 16 × 108 m2 / s2
M(r) = = = 3, 7 × 106 Me (5.93)
G 6, 67 × 10−11 m3 / s2 ⋅ kg
136 CEDERJ
MÓDULO 1
5
AULA
Figura 5.14
dM Gm ρ a
dV = − Gm =− dφ (5.94)
b b
n ( n + 1) ξ 2
(1 + ξ )
−n
= 1 − nξ + + ... (5.96)
2
podemos escrever
−1 / 2
a r ′ 2r ′
2
= 1 + − cos φ
b a a
2
1 r ′ 2r ′ 3 r ′ 2 2r ′
2
r′
2π 1 r′
2
V (r ′) = −Gm ρ ∫ 1 + cos φ + (3 cos2 φ − 1) + ... dφ (5.98)
0
a 2 a
1 r ′ 2
= −2π Gm ρ 1 + + ...
4 a
CEDERJ 137
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
ou,
−GmM 1 r ′
2
V (r ′) = 1 + + ... (5.99)
a 4 a
dV −GmM 1 r ′
=0= + ... (5.100)
dr ′ a 2 a2
d 2V −GmM (5.101)
= + ... < 0
dr ′2 2a3
4
M= πρ ( a3 − b3 ) (5.102)
3
Figura 5.15
138 CEDERJ
MÓDULO 1
Tomando uma superfície gaussiana esférica de raio r > a e com o centro
5
no centro da casca, temos
AULA
r GM
4π r 2 g = −4π GM ⇒ g = − 2 rˆ (5.103)
r
4 r 4πρG b3
4π r 2 g = − 4π G πρ ( r 3 − b3 ) ⇒ g = − r − rˆ (5.104)
3 3 r2
r r dr ′ GM
ϕ (r) = − ∫ g(r ′) dr ′ = GM ∫ ⇒ ϕ (r) = − (5.106)
∞ ∞ r ′2 r
(
Então, sabendo que ϕ (a) = − GM / a = − (4π Gρ / 3a) a3 − b3 , chegamos )
ao seguinte resultado:
a 2 b3 r 2
ϕ (r) = −4πρG − −
2 3r 6 (5.108)
CEDERJ 139
.
6
AULA
O método Lagrangiano
e o Princípio de Mínima Ação
Meta da aula
Descrever o método Lagrangiano e mostrar que, nessa
formulação da mecânica, as equações do movimento podem
ser deduzidas a partir do Princípio de Mínima Ação.
objetivos
A EQUAÇÃO DE EULER-LAGRANGE
L = T −V (6.1)
1
L= mx& 2 − V (x) (6.2)
2
Agora, escrevemos
d ∂L ∂L
= (6.3)
dt ∂x& ∂x
142 CEDERJ
MÓDULO 1
e, substituindo na (6.3), obtemos
6
&& = F(x)
mx (6.5)
AULA
que é a segunda lei de Newton.
Se o problema envolver mais de uma coordenada, como ocorre
na maioria das vezes, devemos aplicar a Equação (6.3) para cada
coordenada. Serão tantas equações de Euler-Lagrange quantas forem
as coordenadas independentes. Assim, se a energia potencial for
V(x, y, z), teremos para o movimento de uma partícula em três dimensões,
em coordenadas cartesianas,
1
L= m(x 2 + y 2 + z 2 ) − V (x, y, z) (6.6)
2
∂V ∂V ∂V
&& = −
mx , my&& = − , mz&& = − (6.8)
∂x ∂y ∂z
r r
mr&& = −∇V (6.9)
ou
r r
mr&& = F (6.10)
CEDERJ 143
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação
1
L=
2
( )
m r& 2 + r 2φ&2 − V (r, φ ) (6.11)
d ∂L ∂L
=
dt ∂r& ∂r (6.12)
e
d ∂L ∂L (6.13)
=
dt ∂φ& ∂φ
Fazendo as derivadas,
∂T ∂T ∂T ∂T
= mr&, = mrφ&2 , = mr 2φ&, =0 (6.14)
∂r& ∂r ∂φ& ∂φ
144 CEDERJ
MÓDULO 1
r ∂V 1 ∂V
F=− rˆ −
6
∂r r ∂φ (6.17)
AULA
= F rˆ + F φˆ
r φ
o momento angular,
r r r
J = r × mv
= mr 2φ&kˆ = J z kˆ (6.19)
e o torque r r r
τ = r ×F
(6.20)
= rF kˆφ
∂V ˆ
=− k
∂φ
dJ z
= τz (6.21)
dt
CEDERJ 145
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação
mvφ 2
mr&& = + Fr (6.22)
r
146 CEDERJ
MÓDULO 1
Solução: tomando o zero da energia potencial em θ = 0, temos
6
AULA
V = mgl(1 − cosθ ) (6.23)
1 2 &2
L= ml θ − mgl(1 − cosθ ) (6.24)
2
Figura 6.4: Pêndulo com mola. A barra sem massa, em torno da qual a mola está
enrolada, não é mostrada na figura.
CEDERJ 147
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação
A mola é mantida em linha reta por uma barra rígida, sem massa, em torno
da qual está enrolada. O comprimento de equilíbrio da mola é l. Sejam
l + r (t) e θ (t) o comprimento da mola e seu ângulo com a vertical no
instante t, respectivamente. Supondo que o movimento ocorra num plano
vertical, queremos encontrar as equações do movimento para r e θ.
Solução: a energia cinética tem uma parte radial e uma parte tangencial,
1
T=
2
(
m r& 2 + (l + r)2 θ&2 ) (6.28)
1 2
V (r,θ ) = − mg(l + r)cosθ + kr (6.29)
2
∂θ&
∂L
= − mg (l + r)senθ
∂θ
148 CEDERJ
MÓDULO 1
é chamada ação. É um número com dimensões de (energia)×(tempo).
6
Pergunta: que outras quantidades em Física possuem dimensão
AULA
de ação? Cite duas.
r r r
Resposta: (i) O momento angular, L = r × p (verifique você mesmo
por análise dimensional). (ii) A constante de Planck da mecânica quân-
tica, h = 6, 62 × 10−23 J. s , uma das constantes fundamentais da natureza.
Considere uma função x(t) definida no intervalo t1 ≤ t ≤ t2 ,
e cujas extremidades são x (t1 ) = x1 e x (t2 ) = x2 , onde x1 e x2 são
valores dados. Chamaremos x(t) de caminho. Está claro na Figura
6.5 que existe uma infinidade de caminhos x(t) no plano t, x ligando
o ponto (x1, t1) ao ponto (x2, t2).
Figura 6.5: Diferentes caminhos ligando os pontos (x1, t1) e (x2, t2).
CEDERJ 149
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação
Teorema: se um caminho x(t) ligando o ponto (x1, t1) ao ponto (x2, t2)
t2
dá um valor estacionário de S = ∫t1
L (x, x& , t) dt , então,
d ∂L ∂L
= (6.35)
dt ∂x& ∂x
t2
f (ε ) = S [ xε (t)] = ∫ L(xε (t), x& ε (t), t) dt (6.37)
t1
t2 ∂L d ∂L
∫
t1 − η dt = 0
∂x dt ∂x& (6.40)
150 CEDERJ
MÓDULO 1
Como η é arbitrário, segue que, no intervalo [ t1, t2], devemos ter
6
AULA
∂L d ∂L
− =0 (6.41)
∂x dt ∂x&
CEDERJ 151
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação
senθ1 v1
=
senθ 2 v2 (6.42)
152 CEDERJ
MÓDULO 1
onde θ1 é o ângulo de incidência, θ2 o ângulo de refração, v1 a velocidade
6
da luz no meio 1 e v2 é a velocidade da luz no meio 2. Para mostrar
AULA
como essa lei segue do princípio de Fermat, vamos considerar o seguinte
problema equivalente: você está em uma praia e de repente ouve os gritos
de uma pessoa na água pedindo socorro. Seja v1 a sua velocidade máxima
correndo na areia e v2 sua velocidade máxima nadando naquela praia.
Que percurso você deverá seguir para chegar o mais rápido possível até
a pessoa em apuros? Claro que você vai correr e nadar o mais rápido
que puder e vai fazer os percursos na terra e na água em linha reta. Mas
isto não é suficiente: você terá ainda de escolher entre uma infinidade
de percursos possíveis. Na Figura 6.7 ilustramos um deles.Vamos agora
mostrar que o menor tempo possível é obtido quando os ângulos
θ1 e θ 2 satisfazem a lei da refração (6.42).
Areia
Água
Figura 6.7: Um possível percurso entre V e P: linha reta na areia entre V e O seguido
de linha reta na água entre O e P.
O tempo que você vai levar seguindo o percurso VOP é dado por
( AB − x )
2 2
VO OP + VA x 2 + BP
2
t= + = + (6.43)
v1 v2 v1 v2
CEDERJ 153
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação
dt
=−
1 (
2 AB − x ) +
1 2x
(6.44)
dx 2
( AB − x ) 2v
2 2 2
v1 + VA 2 x 2 + BP
senθ1 senθ 2
=− +
v1 v2
e, fazendo dt / dx = 0 , obtemos
senθ1 senθ 2
= (6.45)
v1 v2
154 CEDERJ
MÓDULO 1
A explicação é mais ou menos assim: em Mecânica Quântica, a
6
cada caminho que possamos imaginar entre dois pontos, associamos
AULA
−34
um número complexo eiS / h (onde h = 1, 05 × 10 J.s é a constante de
Planck). Esses números complexos têm valor absoluto 1 e são chamados
“fases”. Para os objetos tratados em Mecânica Clássica, S >> h .
As fases de todos os possíveis caminhos devem ser adicionadas para dar
a “amplitude de probabilidade” da partícula ir de um ponto a outro.
O valor absoluto da amplitude deve ser elevado ao quadrado para obter
a probabilidade. O ponto básico é que nos valores não estacionários de
S, como S >> h , contribuições de caminhos vizinhos se cancelam. Não
havendo contribuição para a amplitude de valores não estacionários
de S, nós não observamos os caminhos associados a eles. Em um
valor estacionário de S, no entanto, as fases de caminhos vizinhos têm
essencialmente o mesmo valor e, assim, adicionam-se construtivamente.
Existe, portanto, uma probabilidade diferente de zero de a partícula tomar
um caminho que dê um valor, estacionário de S. Logo, esse é o caminho
que observamos.
Embora você ainda não possa compreender completamente o
que foi dito no parágrafo anterior, pelo menos, você agora sabe que
a Mecânica Clássica pode ser ‘explicada’ a partir de uma teoria mais
fundamental, a Mecânica Quântica, e que essa explicação ocorre de
modo mais natural por meio do formalismo Lagrangiano da Mecânica
Clássica. Na próxima aula, você verá que o método Lagrangiano permite
também obter um resultado de importância fundamental na Física: a
relação entre simetrias e leis de conservação.
CEDERJ 155
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação
RESUMO
156 CEDERJ
MÓDULO 1
PROBLEMAS
6
AULA
6.1. Para uma partícula livre, a Lagrangiana é L = mx& / 2 .
2
Sm = (6.46)
2 t2 − t1
Figura 6.8
CEDERJ 157
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação
1 1
L= m1l 2θ&12 + m2 l 2 (θ&12 + θ&22 ) + m2 l 2θ&1θ&2 cos(θ1 − θ 2 ) + m1 gl cosθ1 + m2 g
2 2
1 1
= m1l 2θ&12 + m2 l 2 (θ&12 + θ&22 ) + m2 l 2θ&1θ&2 cos(θ1 − θ 2 ) + m1 gl cosθ1 + m2 gl(cosθ1 + cosθ 2 )
2 2
6.4. Uma conta está livre para deslizar ao longo de um aro sem
atrito de raio R. O aro gira com velocidade angular constante ω em
torno de um diâmetro vertical (veja a figura).
(a) Encontre a equação do movimento para a posição da conta.
(b) Quais são as posições de equilíbrio? Qual é a freqüência de
pequenas oscilações em torno do equilíbrio estável?
(c) Existe um valor de ω que é bastante especial. Qual é ele e por
que ele é especial?
Figura 6.10
158 CEDERJ
MÓDULO 1
6.5. Lagrangiana para o movimento de uma partícula carregada.
6
Uma partícula de carga q e massa m se move nos campos elétrico
AULA
r r
E e magnético B dados. A Lagrangiana da partícula é
1 r& 2 r r
L= m r + qr& ⋅ A − qΦ (6.47)
2
r r r
onde A (r , t) e Φ(r , t) são os potenciais vetor e escalar, respectivamente.
Se você ainda não viu como esses potenciais são introduzidos no
eletromagnetismo é suficiente saber, para o nosso problema, que o campo
r r
elétrico E e o campo magnético B são obtidos a partir deles como
r
r r r ∂A r r r r
E (r , t) = −∇Φ − , B (r , t) = ∇ × A (6.48)
∂t
Figura 6.11
CEDERJ 159
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação
Figura 6.12
d2s g
+ s=0 (6.52)
dt 2 4α
160 CEDERJ
MÓDULO 1
6
AULA
l2
Figura 6.13
SOLUÇÕES
(x2 − x1 )
x = x1 + (t − t1 ) (6.53)
( t2 − t1 )
Então,
(x2 − x1 )
x& = (6.54)
( t2 − t1 )
CEDERJ 161
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação
xM = x, yM = 0
(6.57)
x& M = x& , y& M = 0
e as do pêndulo
xm = x + l senθ , ym = −l cosθ
(6.58)
x& m = x& + lθ& cosθ , y& m = lθ& senθ
1 1 1 1
T= M(x& M
2
+ y& M
2
) + m(x& m2 + y& m2 ) = (M + m)x& 2 + ml 2θ&2 + ml x& θ& cosθ (6.59)
2 2 2 2
162 CEDERJ
MÓDULO 1
1 1 1
L = T −V = (M + m)x& 2 + ml 2θ&2 + ml x& θ& cosθ + mgl cosθ − kx 2
6
2 2 (6.60)2
AULA
1 2 &2 1
ml θ + ml x& θ& cosθ + mgl cosθ − kx 2
2 2
(b) Para a coordenada x:
∂L d ∂L
= (M + m)x& + mlθ& cosθ ⇒ && + mlθ&& cosθ − ml
= (M + m) x θ&2 sen
(6.61) nθ
∂x& dt ∂x&
&& + mlθ&& cosθ − mlθ&2 sen
)x nθ
∂L
= −kx (6.62)
∂x
Para a coordenada θ := π
∂L d ∂L
= ml 2θ& + mlx& cosθ ⇒ && cosθ − mlx&θ&senθ (6.64)
= ml 2θ&& + mlx
∂θ& dt ∂θ&
∂L
= − ml (x& θ& + g) senθ (6.65)
∂θ
ml 2θ&& + mlx
&& cosθ − mlx& θ& senθ + ml (x&θ& + g) senθ = 0 (6.66)
ou
lθ&& + x
&& cosθ + g senθ = 0 (6.67)
CEDERJ 163
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação
1 1 1 1
T= m1v12 + m2 v22 = m1l 2 θ&12 + m2 l 2 (θ&12 + θ&22 ) + m2 l 2 θ&1 θ&2 co
os(θ1 − θ 2 ) (6.70)
2 2 2 2
A Lagrangiana é, portanto,
L = T −V
(6.72)
1 1
= m1l 2θ&12 + m2 l 2 (θ&12 + θ&22 )
2 2
2 & &
+ m2 l θ1θ 2 cos(θ1 − θ 2 ) + m1 gl cosθ1 + m2 gl (cosθ1 + cosθ 2 )
∂L
= − m2 l 2 θ&1 θ&2 sen (θ1 − θ 2 ) − (m1 + m2 )gl senθ1 (6.74)
∂θ1
∂L
= m2 l 2θ&2 + m2θ&1l 2 cos(θ1 − θ 2 ) ⇒
∂θ&2
(6.75)
d ∂L
= m2 l 2 θ&&2 + m2θ&&1 l 2 cos(θ1 − θ 2 ) − m2 l 2θ&1 (θ&1 − θ&2 ) sen (θ1 − θ 2 )
dt ∂θ&2
164 CEDERJ
MÓDULO 1
6
∂L
= m2 l 2 θ&1θ&2 sen (θ1 − θ 2 ) − m2 gl senθ 2 (6.76)
AULA
∂θ 2
(m1 + m2 ) l 2θ&&1 + m2 l 2 θ&&2 cos(θ1 − θ 2 ) + m2 l 2 θ&22 sen (θ1 − θ 2 ) + (m1 + m2 )gl sen θ1 = 0
(6.77)
2 &2
m2 l θ 2 sen (θ1 − θ 2 ) + (m1 + m2 )gl sen θ1 = 0
1
L= m (ω 2 R2 sen2θ + R2θ&2 ) + mgR cosθ (6.79)
2
Calculando as derivadas
∂L d ∂L
= mR2θ& ⇒ = mR2θ&& (6.80)
∂θ& dt ∂θ&
e
∂L
= mR senθ (ω 2 R cosθ − g) (6.81)
∂θ
CEDERJ 165
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação
η&& − η (ω 2 + g / R) = 0 (6.83)
θ&& + θ (g / R − ω 2 ) = 0 (6.84)
166 CEDERJ
MÓDULO 1
angular tal que cosθ0 = g / ω R ou oscilando em torno dela. Tanto
2
6
θ0 quanto – θ0 satisfazem a condição cosθ0 = g / ω R . O sistema ou fica
2
AULA
em θ = θ0 ou em θ = – θ0 . Quando ω > g / R , há uma direção privile-
2
1
L= m (x& 2 + y& 2 + z& 2 ) + q(xA
& x + yA & z ) − qΦ
& y + zA (6.86)
2
∂L ∂A ∂Ay ∂A ∂Φ
= q x& x + y& + z& z − q (6.87)
∂x ∂x ∂y ∂z ∂x
∂L
= mx& + qAx (6.88)
∂x&
d ∂L ∂A ∂A ∂A ∂A
&& + q x + x& x + y& x + z& x
= mx
dt ∂x& ∂t ∂x ∂y ∂z (6.89)
Então, temos
d ∂L ∂L ∂A ∂Φ
0= − && + q x +
= mx
dt ∂x& ∂x ∂t ∂x
∂A ∂Ay (6.90)
∂Ax ∂Az
+ qy& x − + qz& −
∂y ∂y ∂z ∂z
Usando
r r r
mx & y − yB
&& = qEx + q (zB & z ) = q (E + r × B)x (6.92)
CEDERJ 167
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação
φ = ωt (6.95)
1 2 1 2 2
L= mr& + mr ω − mgr sen ωt (6.96)
2 2
∂L d ∂L
= mr& ⇒ = mr&&
∂r& dt ∂r& (6.97)
∂L
= mω 2 r − mg senωt
∂r
temos, da equação de Euler-Lagrange, que a equação do movimento é
168 CEDERJ
MÓDULO 1
Agora precisamos impor as condições iniciais r(0) = R e
6
r&(0) = 0 . Achamos que B = R e A = − g / 2ω 2. Portanto, a solução geral
AULA
da equação do movimento para as nossas condições iniciais é
g (6.101)
r (t) = R cosh ωt + (senωt − senhωt)
2ω 2
1 1
m(x& 2 + y& 2 ) = mα 2θ&2 (1 − cosθ ) + sen2θ
2
T=
2 2 (6.103)
= m α 2θ&2 [1 − cosθ ]
θ
= 2 m α 2θ&2 sen2
2
Tomando o zero da energia potencial em y = 0,
θ
V = mgy = mgα (1 + cosθ ) = 2mgα cos2 (6.104)
2
θ θ
L = 2 m α 2θ&2 sen2 − 2mg α cos2 (6.105)
2 2
podemos escrever
θ
2α sen2
dx α (1 − cosθ ) 2 θ
= = = − tan (6.106)
dy −α senθ θ θ 2
−2α sen cos
2 2
Deste modo,
θ θ θ θ dθ
ds = − 1 + tan2 2sen cos dθ = −4α sen (6.107)
2 2 2 2 2
CEDERJ 169
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação
e portanto, θ
2
θ
s = − 4α ∫ senϕ dϕ = 4α cos
π 2 (6.108)
2
1 2 1 g 2
L= ms& − m s (6.109)
2 2 4α
d ∂L ∂L d2s g
− =0⇒ 2 + s=0 (6.110)
dt ∂s& ∂s dt 4α
x = R senϕ + (l − Rϕ )cos ϕ
(6.111)
y = R (1 − cos ϕ ) + (l − Rϕ )senϕ
1 1
T= m (x& 2 + y& 2 ) = m (l − Rϕ )2 ϕ& 2 (6.113)
2 2
170 CEDERJ
MÓDULO 1
e a energia potencial,
6
V = − mgy = − mgR (1 − cos ϕ ) − mg (l − Rϕ ) senϕ (6.114)
AULA
A menos de uma constante, a Lagrangiana do pêndulo é, portanto,
1
L= m (l − Rϕ )2 ϕ& 2 − mg R cos ϕ + mg (l − Rϕ ) senϕ (6.115)
2
∂L d ∂L
= m(l − Rϕ )2 ϕ& ⇒ = −2m (l − Rϕ )Rϕ& 2 + m(l − Rϕ )2 ϕ&& (6.116)
∂ϕ& dt ∂ϕ&
∂L
= − m (l − Rϕ )Rϕ& 2 + mgRsenϕ − mgR senϕ + mg (l − Rϕ )cos ϕ
∂ϕ
(6.117)
= − m (l − Rϕ )Rϕ& 2 + mg (l − Rϕ )cos ϕ
g senϕ0 g cos ϕ0
&& +
x x=
(l − Rϕ0 ) (l − Rϕ0 ) (6.121)
CEDERJ 171
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação
g senϕ0
ω= (6.123)
(l − Rϕ0 )
172 CEDERJ
7
O método Lagrangiano (II):
simetrias e leis de conservação,
AULA
equações de Hamilton, Teorema
de Liouville e forças de vínculo
Meta da aula
Complementar o método Lagrangiano desenvolvido na
Aula 6, com ênfase nas leis de conservação
e simetrias a elas associadas.
objetivos
174 CEDERJ
MÓDULO 1
de um sistema, estamos interessados em saber que operações não alteram
7
as equações do movimento e uma condição suficiente para isso é que a
AULA
sua Lagrangiana não se altere.
COORDENADAS CÍCLICAS
1
L= m (x& 2 + y& 2 + z& 2 ) − V (z) (7.1)
2
1
L=
2
( )
m r& 2 + r 2φ&2 − V (r) (7.2)
∂L ∂L
= 0, =0 (7.3)
∂x ∂y
CEDERJ 175
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo
TEOREMA DE NOETHER
Você agora vai conhecer um dos mais úteis e mais bonitos teoremas
na Física. Ele relaciona simetrias e leis de conservação. O Teorema de
Noether pode ser enunciado assim:
Para cada simetria da Lagrangiana existe uma quantidade
conservada.
Por “simetria”queremos dizer que, se as coordenadas são
modificadas por pequenas quantidades, então a Lagrangiana não
muda em primeira ordem nestas quantidades. As simetrias em relação
176 CEDERJ
MÓDULO 1
a transformações infinitesimais são chamadas simetrias contínuas
7
porque, colocando transformações arbitrariamente pequenas juntas,
AULA
podemos obter todo um conjunto de transformações. Elas dependem,
então, de um parâmetro que pode ser variado continuamente.
Os resultados para coordenadas cíclicas são casos especiais desse
teorema. Não vamos demonstrar o Teorema de NOETHER aqui. Vamos
apenas apresentar exemplos simples de sua aplicação.
Exemplo 7.3. Vejamos o que acontece quando uma Lagrangiana EMMY NOETHER
L (x, x& , t) é invariante em relação à transformação O Teorema de
Noether foi o
grande feito de
Emmy Noether,
x → x+ε (7.6) uma mulher, em
1918: relacionar
simetrias a leis
Esta transformação, para ε pequeno, é uma translação infinitesimal de conservação.
Este teorema
ao longo do eixo x. Se a Lagrangiana não muda, devemos ter que desempenhou um
dL / dε = 0 , ou seja, importante papel
no desenvolvimento
dL
0= da Física no século
dε XX. Menciono o
(7.7)
L ( x + ε , x& , t ) − L(x, x& , t) fato de se tratar de
= uma mulher porque
ε no início do século
∂L as mulheres sequer
= tinham o direito
∂x de votar. Mulheres
no meio acadê-
onde, da primeira linha para a segunda, usamos a definição de derivada. mico, então, eram
Chegamos a um resultado já esperado: se a Lagrangiana não muda por raríssimas. Noether
era uma matemática
uma translação ao longo de x, então ela não deve depender explicitamente e trabalhava em
álgebra abstrata.
de x, ou seja, a coordenada x é cíclica e, como você já viu, o momento
linear m x& é uma constante do movimento. Assim, invariância da
Lagrangiana do sistema por uma translação infinitesimal implica a
conservação do momento linear.
CEDERJ 177
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo
x′ = x cos δθ − y senδθ ≈ x − yε
(7.10)
y′ = y cos δθ + x senδθ ≈ y + xε
178 CEDERJ
MÓDULO 1
outra conclusão importante: se a Lagrangiana do sistema for invariante
7
por uma rotação infinitesimal, o momento angular é conservado.
AULA
Ainda como no exemplo anterior, podemos também encontrar
uma relação com variáveis cíclicas. Para isso, vamos fazer uma mudança
para variáveis polares planas
x = r cos φ
(7.12)
y = r senφ
1 1
L=
2
( )
m r& 2 + r 2φ&2 − kr 2
2
(7.13)
∂L
pφ = = mr 2φ& (7.14)
∂φ&
& − mxy
que é o momento angular myx & nas novas coordenadas.
A CONSERVAÇÃO DA ENERGIA
dL ∂L dx ∂L dx& ∂L
= + + (7.15)
dt ∂x dt ∂x& dt ∂t
H = xp
& x −L (7.17)
CEDERJ 179
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo
dH d
= ( xp& x − L)
dt dt (7.18)
d ∂L dL
= x& −
dt ∂x& dt
∂L
=−
∂t
∂L
H = x& −L
∂x&
1 (7.19)
= mx& 2 − mx& 2 − V
2
1
= mx& 2 + V = E
2
AS EQUAÇÕES DE HAMILTON
dH = xdp
& x + px dx − dL
∂L ∂L ∂L
= xdp
& x + px dx& − dx − dx& − dt (7.20)
∂x ∂x& ∂t
∂H
& x − p& x dx +
= xdp dt
∂t
180 CEDERJ
MÓDULO 1
onde usamos a Equação (7.18). Note que na segunda linha, o segundo
7
termo é cancelado pelo quarto termo devido à definição de momento
AULA
conjugado (veja a Equação (7.5)).
Conhecendo o Hamiltoniano do sistema, podemos escrever
diretamente as equações do movimento sem necessidade das equações
de Euler-Lagrange. Como H é uma função das variáveis x, px e t.,
∂H ∂H ∂H
dH = dx + dpx + dt (7.21)
∂x ∂px ∂t
∂H & ∂H
x& = , px = − (7.22)
∂px ∂x
px2 1 2
H= + kx (7.23)
2m 2
px
x& = , p& x = −kx
m (7.24)
CEDERJ 181
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo
1 2 &2 1 2
T= ml θ + ml sen2θφ&2 (7.25)
2 2
∂L
pθ = = ml 2θ&
∂θ& (7.27)
∂L
pφ = = ml 2 sen2θφ& (7.28)
∂φ&
p p
θ& = θ 2 , φ& = 2 φ 2 (7.29)
ml ml sen θ
H = T +U
2
(7.30)
p2 pφ
= θ2+ − mgl cosθ
2ml 2ml sen2θ
2
∂H p ∂H pφ
θ& = = θ 2 , φ&= =
(7.31)
∂pθ ml ∂pφ ml sen2θ
2
p2 cosθ
&pθ = − ∂H = φ 2 3 − mgl senθ , p&φ = − ∂H = 0
∂θ ml sen θ ∂φ
182 CEDERJ
MÓDULO 1
A coordenada φ é cíclica e, portanto, o momento angular pφ em
7
torno do eixo de simetria, é constante.
AULA
ESPAÇO DE FASE
x2 p2
+ =1 (7.32)
2 (E / k) 2mE
CEDERJ 183
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo
TEOREMA DE LIOUVILLE
184 CEDERJ
MÓDULO 1
É evidente que V (0) = V (ε ) = V (2ε ) e logo,
7
AULA
dV
=0 (7.33)
dt
dρ
=0 (7.34)
dt
Mas
d ρ ∂ρ ∂ρ & ∂ρ
= x& + p+
dt ∂x ∂p ∂t (7.35)
∂ρ ∂H ∂ρ ∂H ∂ρ
= − +
∂x ∂p ∂p ∂x ∂t
∂ρ
+ [ρ, H ] = 0 (7.36)
∂t
Onde
∂ρ ∂H ∂ρ ∂H
[ρ, H ] = − (7.37)
∂x ∂p ∂p ∂x
CEDERJ 185
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo
r
f (r ) ≡ f (x, y, z) = 0 (7.38)
r
onde f (r ) = 0 é a equação da superfície. A Equação (7.38) é a condição
de vínculo. Se, por exemplo, a superfície for uma esfera de raio R centrada
na origem,
f (x, y, z) = x 2 + y 2 + z 2 − R2 (7.39)
Exemplo 7.11. Duas partículas ligadas por uma haste rígida movendo-se
no espaço. A condição de vínculo tem a forma
186 CEDERJ
MÓDULO 1
No método Lagrangiano, a escolha das coordenadas é feita de
7
modo que as condições de vínculo são automaticamente satisfeitas.
AULA
Assim podemos nos concentrar no movimento sem nos preocuparmos
com os vínculos e as forças de vínculo. Esta é outra das vantagens do
método Lagrangiano. No entanto, em muitos casos práticos importantes
podemos querer as forças de vínculo. Um engenheiro certamente estará
interessado nas tensões de uma estrutura para saber, por exemplo, se
ela é viável com os materiais de que dispõe. Vejamos dois exemplos bem
simples de cálculo da tensão.
Exemplo 7.12. Consideremos novamente o pêndulo simples
oscilando num plano, (Figura 7.5)
r=l
θ
ur
mg
Figura 7.5
mv 2
T − mg cosθ = = mlθ&2 (7.42)
l
ou
T = ml θ&2 + mg cosθ (7.43)
CEDERJ 187
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo
1
L=
2
( )
m r& 2 + r 2θ&2 + mgr cosθ − Vd (r) (7.44)
r=l (7.47)
r& = 0, &&
r =0 (7.48)
g
θ&& = − senθ (7.49)
l
188 CEDERJ
MÓDULO 1
Substituindo as Equações (7.47) e (7.48) na (7.45), encontramos a
7
tensão no fio
AULA
T = ml θ&2 + mg cosθ (7.50)
r=R (7.54)
CEDERJ 189
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo
2
cosθc = (7.59)
3
190 CEDERJ
MÓDULO 1
7
RESUMO
AULA
O Teorema de Noether diz que para cada simetria da Lagrangiana existe uma
quantidade conservada, ou seja, uma constante do movimento. A invariância por
translação está associada à conservação do momento linear. Já a invariância por
rotação implica a conservação do momento angular. A conservação da energia
está associada à invariância em relação a deslocamentos no tempo.
Uma coordenada é dita cíclica quando ela não aparece explicitamente na
Lagrangiana. O momento conjugado correspondente a uma variável cíclica é
uma constante do movimento.
Para muitos sistemas físicos de interesse, a energia total é uma quantidade
conservada e é igual ao Hamiltoniano. O Hamiltoniano, que pode ser construído a
partir da Lagrangiana, é uma função das coordenadas e dos momentos conjugados
a elas associados. Dado o Hamiltoniano de um sistema, seu movimento é descrito
pelas equações de Hamilton.
O espaço de fase de um sistema com Hamiltoniano H(x, p) é o espaço cartesiano
cujos pontos são representados pelas duplas (x, p). Um ponto no espaço de
fase define o estado do sistema num dado instante. A especificação do estado
do sistema num instante t0 determina uma única solução para as equações de
Hamilton. Assim, por cada ponto no espaço de fase passa uma única trajetória,
e duas trajetórias distintas nunca se tocam.
Vínculos são limitações às possíveis posições e velocidades das partículas de um
sistema, restringindo o seu movimento. Vínculos exercem forças, as forças de
vínculo, para manter o movimento restrito. Um modo de calcular essas forças
consiste em violar a condição de vínculo, procedendo como se o sistema tivesse o
grau de liberdade suprimido pelo vínculo, e aplicar a condição de vínculo somente
depois de obtidas as equações do movimento.
CEDERJ 191
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo
PROBLEMAS
g
y1
y2
m1
m2
192 CEDERJ
MÓDULO 1
7.3. Uma conta de massa m desliza ao longo de uma haste retilínea
7
que gira com velocidade angular ω constante num plano horizontal.
AULA
y
r
θ
x
y
x
M
x
θ g
l
CEDERJ 193
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo
SOLUÇÕES
194 CEDERJ
MÓDULO 1
1 1
L= m1 y&12 + m1 gy1 + m2 y& 22 + m2 gy2 − Vd ( y1 − y2 ) (7.63)
7
2 2
AULA
As equações do movimento seguem das equações de Euler-
Lagrange e são
m1 y&&1 = m1 g − T
(7.64)
m2 y&&2 = m2 g − T
onde fizemos T = ∂Vd ∂y1 = ∂Vd ∂y2 . Temos agora que acrescentar
às equações (7.64) a condição de vínculo
y1 + y2 − l = 0 (7.65)
m − m2
(m1 + m2 )y&&1 = (m1 − m2)g ⇒ y&&1 = 1 g (7.67)
m1 + m2
m − m2 2m1 m2
m1 1 g = m1 g − T ⇒ T = g (7.68)
m1 + m2 m1 + m2
z z& z
x = ρ senφ = ρ sen ⇒ x& = ρ cos
k k k (7.69)
z z& z
y = ρ cos φ = ρ cos ⇒ y& = − ρ sen
k k k
z=z
1 1 ρ2
T= m (x& 2 + y& 2 + z& 2 ) = m 2 + 1 z& 2 (7.70)
2 2 k
CEDERJ 195
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo
∂L ρ2
pz = = 1 + 2 mz& (7.73)
∂z& k
(c) O Hamiltoniano é
ρ2 1 ρ2
& z − L = m 1 + 2 z& 2 − m 1 + 2 z& 2 + mgz
H = zp (7.74)
k 2 k
ou,
pz2
H= + mgz (7.75)
2m (1 + ρ 2 k2 )
∂H pz
z& = = (7.76)
∂pz m (1 + ρ 2 k2 )
∂H (7.77)
p& z = − = − mg
∂z
(e) Derivando a Equação (7.76) em relação ao tempo e substituindo o
∂H
valor de p& z da
= −(7.77),= obtemos
− mg
∂z
p& z g
&&
z= =− (7.78)
m (1 + ρ 2 k2 ) (1 + ρ 2 k2 )
196 CEDERJ
MÓDULO 1
Então, x = r cosθ = r cos ωt ⇒ x& = r& cos ωt − rω senωt
7
y = r senθ = r senωt ⇒ y& = r& sen ωt + rω cos ωt (7.81)
AULA
e a energia cinética fica
1
T= m (r& 2 + ω 2 r 2 )
2 (7.82)
Adotando o nível zero do potencial no plano do movimento, a
Lagrangiana se reduz à energia cinética
1
L = T −V = m (r& 2 + ω 2 r 2 ) (7.83)
2
∂L
pr = = mr& (7.85)
∂r&
Assim,
pr2 1 pr2 1 (7.86)
H = rp
& r −L= − − mω 2 r 2
m 2m 2
ou seja,
1 pr2 1 (7.87)
H= − m ω 2r2
2m 2
A energia total E é puramente cinética, já que a energia potencial
é igual a zero. Podemos escrever a energia total em termos do momento
conjugado (7.85), como
1 pr2 1 (7.88)
E=T = + m r 2ω 2
2m 2
CEDERJ 197
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo
1 &2 1
T= MX + m (x& m2 + y& m2 )
2 2 (7.91)
1 &2 1
= MX + m (X& 2 + 2l cosθ X& θ& + l 2θ&2 )
2 2
Tomando o zero da energia potencial em y = 0, a energia potencial
do sistema é
V = − mgl cosθ (7.92)
1 1
L= (m + M)X& 2 + ml cosθ X& θ& + ml 2θ&2 + mgl cosθ (7.93)
2 2
d ∂L ∂L d
− = 0 ⇒ (ml cosθ X& + ml 2θ&) = − ml senθ X& θ& − mgl senθ (7.94)
&
dt ∂θ ∂θ dt
ou,
− ml senθ X& θ& + ml cosθ X
&& + ml 2θ&& = − ml senθ X& θ& − mgl senθ (7.95)
g 1 && = 0
θ&& + senθ + cosθ X (7.96)
l l
198 CEDERJ
MÓDULO 1
Para X, temos
7
d ∂L ∂L d
= 0 ⇒ [(m + M)X& + ml cosθθ&] = 0 (7.97)
AULA
−
&
dt ∂X ∂X dt
& é uma
Esta equação diz que o momento conjugado pX = ∂L / ∂X
constante do movimento
pX = (m + M)X& + ml cosθθ& = constante (7.98)
&& = ml
X (senθθ&2 − cosθθ&&) (7.99)
m+M
ml
&& da
Esta equação pode ser usada para eliminar X = Equação θθ&2 − cosθθ&&)
(sen(7.96),
m+M
deixando como resultado uma única equação diferencial não linear de
segunda ordem para θ.
(d) Já vimos que px é uma quantidade conservada. Você pode ver
da Lagrangiana que a coordenada X é cíclica. O Hamiltoniano também
é uma quantidade conservada, uma vez que a Lagrangiana não depende
explicitamente do tempo. Além disso, o Hamiltoniano é a energia total
do sistema, como podemos verificar explicitamente:
& + θ& p − L
H = Xp X θ
g 1 &&
θ&& + θ + X =0 (7.101)
l l
e
&& ≈ − ml θ&&
X (7.102)
m+M
onde, nesta última, o termo θθ&2 foi desprezado por ser de ordem
superior para pequenas amplitudes. Substituindo o resultado (7.102) na
Equação (7.101), obtemos
m+Mg
θ&& + θ =0 (7.103)
M l
CEDERJ 199
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo
m+Mg
ω= (7.104)
M l
1 mω
m (x& 2 + y& 2 + z& 2 ) +
7.5. (a) A Lagrangiana é L = (xy& − yx& ).
2 2
Vemos que z é uma coordenada cíclica cujo momento conjugado
conservado é
∂L
pz = = mz& (7.105)
∂z&
d ∂L ∂L d mω mω
− = 0 ⇒ mx& − y = && = ω y&
y& ⇒ x (7.106)
dt ∂x& ∂x dt 2 2
d ∂L ∂L d mω mω
− = 0 ⇒ my& + x = − x& ⇒ y&& = −ω x& (7.107)
dt ∂y& ∂y dt 2 2
d ∂L ∂L d
− = 0 ⇒ ( mz& ) = 0 ⇒ &&
z =0 (7.108)
&
dt ∂z ∂z dt
η = Ae − iωt + B (7.110)
1 mω
H = xp
& x + yp & z − m(x& 2 + y& 2 + z& 2 ) −
& y + zp (xy& − yx& )
2 2 (7.111)
mω mω 1 mω
= x& mx& − y + y& my& + x + z& ( mz& ) − m (x& 2 + y& 2 + z& 2 ) − (xy& − yx& )
2 2 2 2
1
= m(x& 2 + y& 2 + z& 2 ) = T
2
200 CEDERJ
MÓDULO 1
que, como vemos, consiste somente de energia cinética. Substituindo os
7
valores dos momentos conjugados, obtemos
AULA
2 2
1 mω 1 mω 1 2
H= px + y + py − x + pz (7.112)
2m 2 2m 2 2m
7.6.
x
θ
g
l
y m
1 1 1
T= m(x& 2 + y& 2 ) = m α 2 + ml 2 (t)θ&2 (7.115)
2 2 2
CEDERJ 201
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo
A energia potencial é
V = − mgl (t)cosθ (7.116)
A Lagrangiana é, portanto,
1 1
L= mα 2 + ml 2 (t)θ&2 + mgl (t)cosθ (7.117)
2 2
∂L
pθ = = ml 2 (t)θ& (7.118)
∂θ&
e o Hamiltoniano é
H = θ& pθ − L
1 2 &2 1 (7.119)
= ml (t)θ − mα 2 − mgl(t)cosθ
2 2
pθ2 1
= − mα 2 − mgl(t)cosθ
2ml 2(t) 2
e a energia,
1 1
E = T +V = mα 2 + ml 2 (t)θ&2 − mgl(t)cosθ (7.120)
2 2
202 CEDERJ
8
AULA
O movimento sob a ação
de uma força central
Meta da aula
Apresentar o movimento de duas partículas que
interagem entre si através de uma força central.
objetivos
INTRODUÇÃO Esta aula é inteiramente dedicada às chamadas forças centrais. Uma força
central é, por definição, uma força que aponta na direção radial e cujo
módulo depende somente da distância à fonte. A força gravitacional e a força
eletrostática são forças centrais. A força entre duas partículas, ligadas uma à
outra por uma mola, também é uma força central. As forças centrais estão,
portanto, presentes em toda parte. É surpreendente que um problema tão
importante para nós, como o de duas partículas interagindo por meio de uma
força central, possa ser resolvido, como você verá, de uma forma tão simples.
A simplificação se dá porque podemos reduzir esse problema essencialmente
a um problema de uma única partícula movendo-se em uma dimensão.
A ênfase desta aula será dada aos problemas relacionados com a força
gravitacional, que é sempre atrativa. Destaca-se o problema do movimento
dos planetas no sistema solar e que vamos chamá-lo de o problema de Kepler.
Ele foi resolvido, como você sabe, por Newton. Você verá duas abordagens:
(i) conhecido o movimento dos planetas, cujas características são dadas
pelas leis de Kepler, determinar a lei de força;
(ii) conhecida a lei de força, encontrar a órbita.
É evidente que o cálculo da órbita de um planeta não é um simples problema
de dois corpos. Um planeta é atraído pelo Sol e também por todos os outros
planetas. O efeito dos outros planetas introduz pequenos desvios das leis de
Kepler que, apesar de mensuráveis, não serão considerados aqui.
Também são importantes, nos dias de hoje, os problemas de cálculos
relacionados com transferências de órbita para colocação de satélites de
comunicação em órbitas geoestacionárias, ou para enviar naves para outros
planetas. Daremos exemplos simples numa próxima aula onde também
abordaremos o problema de força central, resolvido por Rutherford, do cálculo
da seção de choque clássica de espalhamento de uma partícula carregada por
outra também carregada. O espalhamento envolve as órbitas hiperbólicas do
movimento. Você verá como este cálculo foi de fundamental importância na
descoberta do núcleo atômico.
204 CEDERJ
MÓDULO 1
8
AULA
r
Figura 8.1: O vetor r é o vetor posição da partícula de massa m1 em relação à
partícula de massa m2.
Esse sistema tem seis graus de liberdade que podemos tomar como
sendo as três componentes do vetor posição do centro de massa
r m rr + m2 rr2
R= 11 (8.1)
m1 + m2
r r r
r = r1 − r2 (8.2)
r r
A posição de cada partícula em termos de R e r é dada por
r
r r m2 r
r1 = R +
m1 + m2 (8.3)
r r
r m1r
r2 = R −
m1 + m2
r r
Em termos de R e r , a energia cinética do sistema fica
1 r&
T= (m1 + m2 )R2 + Tr (8.4)
2
onde
1 r& 2 1 r 1 r (8.5)
Tr = m1 r1′ + m2 r&2′ 2 = µ r& 2
2 2 2
CEDERJ 205
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central
1 r& 1 r r
L= (m1 + m2 )R2 + µ r& 2 − V (r ) (8.8)
2 2
r
Vemos que as três componentes de R são coordenadas cíclicas e,
portanto, o centro de massa ou está fixo, ou está em movimento retilíneo
uniforme. A equação do movimento envolverá somente a coordenada
relativa e é exatamente como se um centro de força estivesse localizado
no centro de massa, com uma partícula adicional de massa µ na posição
r
r em relação ao centro de massa. O movimento das duas partículas em
torno do seu centro de massa sempre pode ser reduzido ao problema
equivalente de uma única partícula.
r r dV
F = − ∇V = − rˆ (8.9)
dr
206 CEDERJ
MÓDULO 1
Prova: r
dL d r r
8
= ( r × p)
dt dt (8.10)
AULA
d r r r d r
= r × p + r × p
dt dt
r r r r
= v × mv + r × F
=0
r
porque a força é proporcional a r e o produto vetorial de dois vetores
paralelos é zero;
(ii) se uma partícula está sujeita somente a uma força central, seu
movimento se dá em um plano.
Prova: seja P definido como sendo o plano ortogonal
r r r
ao vetor n0 = r0 × v0 num instante t 0. Mas sabemos que o vetor
r r r r
r × v = ( r × p ) / m não muda com o tempo. Sendo assim, nr0 = rr × vr para
r r r r r r
todo t. Como r é ortogonal n0 a= r × v , vemos que r é ortogonal a n0 para
todo t. Portanto deve estar no plano P. (O plano P não é bem definido
r r r r r r r
= 0paralelo a r0 ,=ou
se v0 = 0 , ou r0 = 0, ou se v0 for 0 seja, quando l = 0.
r×p
Porém, nesses casos, é fácil observar que o movimento é sempre radial,
ainda mais restritivo que um movimento num plano. Lembre-se de que
já resolvemos na Aula 2 o movimento unidimensional de um corpo
em queda).
r r r
Tomando o eixo z na direção de l ,=ormovimento
×p ocorre no plano
xy. Em coordenadas planas polares, a Lagrangiana deste movimento é
1
L=
2
(
µ r& 2 + r 2φ&2 ) (8.11)
d
dt
(
µ r 2φ& = 0 ) (8.13)
CEDERJ 207
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central
ou
dVef (r)
µ &&
r=− (8.15)
dr
para φ(t).
Figura 8.2: Área varrida pelo raio vetor da partícula quando essa se desloca do
ponto P para o ponto Q.
1
∆S = r ( r + ∆r ) sen ∆φ (8.17)
2
dS 1 2 dφ
= r
dt 2 dt (8.18)
208 CEDERJ
MÓDULO 1
Da conservação do momento angular, Equação (8.13), temos
8
então que
AULA
dS 1 2 dφ
(qualquer for
(qualquer forçaa central) = r = constante (8.19)
dt 2 dt
d dφ d l d
= = (8.21)
dt dt dφ µ r 2 dφ
mos obter será mais fácil de resolver se também fizermos uma troca de
−1
variável independente de r para u = r . Fazendo isso,
l d (r )
−1
dr l dr l du
= = − =− (8.22)
dt µ r 2 dφ µ dφ µ dφ
d 2 r d dr l d l du l2 2 d2u
= = − = − u (8.23)
dt 2 dt dt µ r 2 dφ µ dφ µ 2 dφ 2
CEDERJ 209
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central
r = Ce kφ
(8.26)
onde C e k são constantes.
d2u d 2 1 k2 e − kφ k2
= = = (8.28)
dφ 2 dφ 2 r C r
210 CEDERJ
MÓDULO 1
Substituindo a Equação (8.28) na (8.25), encontramos para f(r)
8
AULA
− l 2 k2 1 − l 2 2
f (r) = + =
µr2 r r µr3
( k + 1) (8.29)
O PROBLEMA DE KEPLER
CEDERJ 211
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central
d2u µk
+u= 2 (8.30)
dφ 2 l
uh = A cos(φ − φ ′) (8.31)
1 µk
= u = 2 + A cos(φ − φ ′) (8.33)
r l
1 µk 1 µk
= 2 + A, = 2 − A, (8.34)
r1 l r2 l
212 CEDERJ
MÓDULO 1
k l2
8
Vef (r) = − + =E
r 2µ r 2 (8.35)
AULA
e, logo, 1/ 2
1 µ k µ k 2 µ E
2
= 2 + 2 + 2
r1 l l l
1/ 2 (8.36)
1 µ k µ k 2 µ E
2
= 2 − 2 + 2
r2 l l l
CEDERJ 213
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central
AS ÓRBITAS
x 2 + y 2 = α 2 − 2α ε x + ε 2 x 2 (8.42)
x2 + y2 = α 2 (8.43)
Figura 8.4: Órbita circular de raio α com centro na origem e, ao lado, gráfico do
potencial efetivo mostrando a energia total E da partícula nesta órbita.
214 CEDERJ
MÓDULO 1
• Elipse ( 0 < ε < 1)
8
AULA
Nesse caso, a Equação (8.42) pode ser reescrita como
(x + c) y2
+ =1 (8.44)
a2 b2
onde
α α
a= , b= , c = εa (8.45)
1− ε 2
1− ε2
Figura 8.5: Órbita elíptica com um dos focos na origem. No gráfico do potencial
efetivo, indicamos um valor típico da energia total E que corresponde a esse tipo
de órbita.
α
y 2 = α 2 − 2αε x = −2α (x − ) (8.46)
2
CEDERJ 215
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central
Figura 8.6: Órbita parabólica. Uma partícula nesse tipo de órbita tem energia total
igual a zero.
• Hipérbole (ε > 1). Quando(ε > 1), a Equação (8.39) mostra que
devemos ter E > 0 e a órbita não pode ser fechada, como é claro pela
existência de um único ponto de retorno.
Figura 8.7: Órbita hiperbólica. Note, do gráfico do potencial efetivo, que para a
energia total indicada, só há um ponto de retorno.
(x − c)2 y 2
− 2 =1 (8.47)
a2 b
onde
1 1
a= , b= , c = εa
ε −1
2
ε −1
2
(8.48)
216 CEDERJ
MÓDULO 1
AS LEIS DE KEPLER
8
AULA
Johannes Kepler chegou às suas três leis sobre o movimento dos
planetas através de dados observacionais de Tycho Brahe, seu antecessor
como astrônomo do imperador em Praga, e muita obstinação. Brahe
havia acumulado dados muito precisos sobre o movimento dos planetas.
As leis de Kepler são as seguintes:
Primeira lei:
Os planetas se movem em elipses tendo o Sol como um dos focos.
Ele chegou a essa lei que apresentava problemas para ser explicada
pelas teorias da época estudando, por seis anos, a órbita de Marte.
Esta, por sinal, é a órbita mais elíptica dos planetas para os quais Brahe
tinha uma grande quantidade de dados. A primeira lei segue, como nós
vimos, do fato de a força ser inversamente proporcional ao quadrado
da distância.
Segunda lei:
A linha ligando o Sol a um dado planeta varre áreas iguais em
tempos iguais.
Terceira lei:
O quadrado do período de revolução de um planeta é proporcional
ao cubo de sua distância média ao Sol.
4π 2 3
τ2 = a (8.49)
GM
CEDERJ 217
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central
2m 2m 2
τ = π ab = π a (1 − ε 2 )1 / 2 (8.51)
l l
RESUMO
218 CEDERJ
MÓDULO 1
8
A equação da órbita de uma partícula sob a ação de uma força central é dada por
AULA
d2u µ 1
+u=− 2 2 f
dφ 2
u l u
PROBLEMAS
r GMm
F=− rˆ
r2
8.3. Sistema solar com poeira. Imagine que o Sol fosse rodeado
por uma nuvem de poeira de densidade uniforme que se estendesse pelo
menos até a órbita da Terra. O efeito da nuvem de poeira seria modificar
a força gravitacional experimentada pela Terra, de modo que a energia
potencial gravitacional da Terra seria.
GMS MT 1 2
V (r) = − + kr
r 2
CEDERJ 219
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central
3k
ωr = ω02 +
MT
k λ
f (r) = −−
r2 r3
onde k e λ são constantes positivas.
(a) Suponha que λ < l 2 / µ e use a equação da órbita para mostrar
que a órbita é da forma
1 µk / l 2
= + A cos κθ
r(θ ) 1 − λµ / l 2
220 CEDERJ
MÓDULO 1
(b) Faça um gráfico da órbita para valores diferentes de k, tanto
8
valores racionais (por exemplo, 1, 3/2, 2), quanto valores irracionais (por
AULA
exemplo, 2 , ( 5 − 1)/2).. Quando as órbitas são periódicas? Mostre
que o movimento pode ser descrito por uma elipse em precessão.
CEDERJ 221
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central
222 CEDERJ
MÓDULO 1
A equação do movimento é
8
r
µ &&
r = f (r) r^
AULA
onde µ é a massa reduzida do sistema e f (r) = − dV / dr. No caso da
força gravitacional,
r krˆ
µ &&
r =− 2 (8.53)
r
r r r
(a) Seja L = µ r × r& o vetor momento angular. Nós já mostramos
que quando a força é central, como é o caso da força gravitacional,
r&
L = 0 . Tome o produto vetorial de ambos os lados da Equação (8.53)
r r
com&& kr&ˆ
r × L =e mostre que
r r
r × L = kr&ˆ
&&
r r r r r r r rr
Dica: você vai precisar da identidade vetorial a × (b × c) = (a ⋅ c) b − (a ⋅ b)c
r r r r r r r rr
a × (b × c) = (a ⋅ c) b − (a ⋅ b)c e também precisará mostrar que
r r r r& r r& r
&rˆ = d r = (r ⋅ r ) r − (r ⋅ r ) r
dt r r3
(b) Mostre então que
d r& r d
(r × L) = k ^r
dt dt
e conclua que o vetor r
r rr& × L
A= − rˆ
k
r r l2
A⋅r = − r^ (8.54)
µk
r r r r
&& kr&ˆ
r × L =. Fazendo
onde l é o módulo do momento angular A ⋅ r = Ar cos φ ,
podemos colocar a Equação (8.54) na forma
1 µk
= (A cos φ + 1)
r l2
Essa é a equação da órbita. Compare com a dedução da equação
da órbita no texto da aula. Note que o módulo vetor de Rugen-Lenz é
igual à excentricidade da órbita:
A=ε
CEDERJ 223
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central
SOLUÇÕES
l2 α (1 + ε )
r2 = rmax = = = a (1 + ε ) (8.55)
µ k (1 − ε ) (1 − ε 2 )
GMm
V (r2 ) = − (8.56)
a (1 + ε )
2
2m dS
T (r2 ) = (8.58)
a2 (1 + ε )2 dt
2
dS π 2 a2 b2 π 2 a 4 (1 − ε 2 )
= = (8.59)
dt τ2 τ2
2
dS GMa (1 − ε 2 ) (8.60)
=
dt 4
GMm (1 − ε )
T (r2 ) = (8.61)
2 a (1 + ε )
224 CEDERJ
MÓDULO 1
Somando a Equação (8.56) e a (8.61), temos a seguinte fórmula
8
para a energia total do movimento:
AULA
GMm
E=− (8.62)
2a
8.2. A primeira lei diz que a órbita do planeta é uma elipse com
o Sol num dos focos. A equação de uma elipse com semi-eixos maior e
menor a e b, respectivamente, e excentricidade ε tem a forma
1 a
= (1 + ε cos φ ) (8.63)
r b2
1 dr a dφ
2
= ε 2 senφ (8.65)
r dt b dt
dr 2ε a dS
= 2 senφ (8.66)
dt b dt
CEDERJ 225
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central
2
dS π 2 a 2 b2
= (8.69)
dt τ2
e assim,
4π 2 a3 (8.70)
ar = −
r 2τ 2
dV 4π 2 ma3
m ar = − =− 2 2 (8.71)
dr rτ
GMS MT 1 2 l2
Veff (r) = − + kr + (8.74)
r 2 2MT r 2
226 CEDERJ
MÓDULO 1
No último termo nós usamos a massa da Terra em vez da massa
8
reduzida, o que é aqui, uma boa aproximação uma vez que a massa do
AULA
Sol é muito maior que a massa da Terra. O esboço de Veff (r ) está na
figura a seguir:
dVeff GMS MT l2
=0= 2
+ kr0 − (8.75)
dr r0 MT r03
1 d Veff
2
( r − r0 )
2
Veff (r) ≈ Veff (r0 ) + (8.76)
2 dr 2 r = r0
d 2Veff
ωr = MT (8.77)
dr 2
r = r0
Agora,
d 2Veff 2l 2 (8.78)
3l 2
2 = − 4
− 2k + k +
dr r = r0 MT r0 MT r04
l2
= − 3k
MT r04
CEDERJ 227
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central
d 2Veff
2 = MT ω02 + 3k (8.79)
dr r = r0
Finalmente,
d 2Veff 3k
ωr = MT = ω02 +
dr 2 MT (8.80)
r = r0
e logo,
3k
ωp = ωr − ω0 = (8.82)
2MT ω02
d2u µ 1
+u=− 2 2 f
dφ 2 u l u (8.83)
µ
= − 2 ( −k − λ u )
l
Rearranjando os termos da Equação (8.83),
d2u µλ µk (8.84)
+ 1 − 2 u = 2
dφ 2
l l
w = A cos κ (θ − θ0 ) (8.87)
228 CEDERJ
MÓDULO 1
onde A e θ0 são
= 0 constantes de integração. Em termos de u = 1/r, nós
8
temos
AULA
1 µk / l 2
= + A cos κθ (8.88)
r(θ ) 1 − µλ / l 2
para θ de 0 a 40 π.
k mv 2
= (8.91)
R2 R
de onde concluímos que
1 k V
T= mv 2 = =− (8.92)
2 2R 2
CEDERJ 229
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central
r = RT + l / 2
(8.93)
de modo que a aceleração centrípeta do CM é
a = ω 2 ( RE + l / 2 ) (8.94)
GMT λ dr
RT + l
F=∫
RT r2
1 1 (8.96)
= GMT λ −
RT RT + l
GMm
=
RT (RT + l)
230 CEDERJ
MÓDULO 1
(c) A massa total do cabo multiplicada pela aceleração do centro
8
de massa é igual à força total sobre o cabo:
AULA
GMT m
m ω 2 ( RT + l / 2 ) = (8.97)
RT (RT + l / 2)
2GMT 2g
(x + 2)(x + 1) = = 2 (8.98)
ω RT
2 3
ω RT
CEDERJ 231
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central
GMT λ ∆r
Fr = T (r + ∆r) − T (r) − (8.99)
r2
dT GMT λ
= − λω 2 r (8.101)
dr r2
GMT
− ω 2 r0 = 0 (8.102)
r02
de modo que
1/ 3 1/ 3
GM gR2
r0 = 2 T = 2T
ω ω (8.103)
Note que este é o raio de uma órbita geossíncrona para uma massa
puntiforme. Pondo números, achamos: r0 = 42.340 km , ou 36.940 km
acima da superfície da Terra.
Para achar a tensão, precisamos integrar a equação (8.101):
dT 1 1 λω 2 2
( r − RT2 ) (8.104)
r
T (r) − T (RT ) = ∫ dr = GMT λ − + −
RT dr r RT 2
1 1 λω 2 2
Tmax = T (r0 ) = GMT λ − + −
2
( r0 − RT2 ) (8.105)
r0 RT
232 CEDERJ
MÓDULO 1
Agora, substituímos o valor de r0 nesta expressão e dividimos
8
pela área A da seção reta do cabo para obter a tração máxima
AULA
σ max = Tmax / A :
3 2/3
σ max = ρ gRT + ω 2 RT2 / 2 − ( gRT2 ω )
2 (8.106)
r r k r r r r r r
&&
r × L = 3 ((r ⋅ r ) r& − (r ⋅ r& ) r ) (8.109)
r
r
Fazendo o mesmo com r = rrˆ , encontramos
r
& ˆ + rr&ˆ
r& = rr (8.111)
Com esses dois últimos resultados, podemos escrever que
r r r r r r rr r rr
r 3r&ˆ = r 2 (rr&ˆ) = r 2 (r& − rr
& ˆ) = (r ⋅ r ) r& − (rr&) r = (r ⋅ r )r& − (r ⋅ r& )r (8.112)
CEDERJ 233
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central
r r
(b) Calculando a derivada de r& × L e usando a conservação do
momento angular e equação (8.113), temos
r
d r& r &&r r r& dL dr
(r × L) = r × L + r × =k (8.114)
dt dt dt
d r& r (8.115)
(r × L − kr) = 0
dt
Logo, o vetor
r
r rr& × L
A= − rˆ (8.116)
k
r r r r r r r
r r rr& × L r (r& × L) ⋅ r (r × r& ) ⋅ L l2
A⋅r = − rˆ ⋅ r = −r = −r = − r (8.117)
k k k µk
234 CEDERJ
9
AULA
Movimento em um
referencial não inercial
Meta da aula
Descrever o movimento a partir de um referencial
acelerado.
objetivos
INTRODUÇÃO Observe as fotos a seguir. Elas mostram dois furacões famosos: um deles é o
Catarina, que atingiu a costa brasileira em março de 2004; o outro é o Isabel,
que atingiu a costa americana em setembro de 2003. Você conseguiria dizer,
usando somente argumentos físicos, qual deles é o brasileiro?
Nesta aula, vamos estudar a dinâmica em referenciais não inerciais. Você já
aprendeu, no Módulo 2, Volume 2, do curso Física 1A, que a segunda lei
ur r
de Newton tem a forma simples F = ma , com a força resultante oriunda
apenas de interações, somente em referenciais inerciais. No entanto, vivemos
na superfície de um planeta que gira em torno do seu eixo e percorre uma órbita
elíptica em torno do Sol, para citar apenas os dois movimentos mais relevantes,
o que faz com que qualquer referencial fixo em relação à Terra seja um referencial
não inercial. Em um referencial não inercial aparecem as forças inerciais, assim
chamadas porque todas, a exemplo da força gravitacional, são proporcionais à
massa da partícula considerada. Nesta aula, você verá que uma dessas forças
inerciais está diretamente envolvida na existência de furacões. Também verá
que, em certas situações, como no tratamento do movimento de corpos rígidos,
pode ser conveniente trabalhar em um referencial não inercial.
236 CEDERJ
MÓDULO 1
Os argumentos contra as idéias de Aristarco eram os mais variados. Por exemplo,
9
os astrônomos gregos já haviam tentado calcular a distância do Sol e sabiam
AULA
que ela excedia dois milhões de quilômetros (um valor estimado muito baixo, a
distância é de 150 milhões de quilômetros). Diziam os oponentes de Aristarco
que, como a distância do Sol é muito grande, se a Terra se movesse num círculo
tão grande nós deveríamos ver a distribuição das estrelas no céu mudar ao longo
do ano, porque as mais próximas pareceriam se mover de uma certa extensão
contra o background daquelas mais distantes. Aristarco respondeu que as estrelas
estão todas tão distantes que uma diferença de dois milhões de quilômetros ou
três no ponto de observação é desprezível. Isto implicava, porém, que o universo
deveria ser realmente enorme, pelo menos bilhões de quilômetros de extensão, no
que poucos estavam prontos para acreditar. O modelo da Terra fixa, imóvel, foi,
mais tarde, adotado pela Igreja, tornou-se um dogma e somente mil anos depois
as idéias de Aristarco reapareceram com Copérnico.
ROTAÇÕES INFINITESIMAIS
CEDERJ 237
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
r
δ r = r senα δθ (9.1)
Figura 9.3: Em (a), o dado é girado de 900 primeiro em torno do eixo–z, depois, em torno do eixo–x.
Em (b), a primeira rotação de 900 é em torno do eixo–x e a segunda, em torno do eixo–z.
238 CEDERJ
MÓDULO 1
9
AULA
r
Figura 9.4: O vetor r faz um ângulo α com a direção do vetor n e é girado de um
ângulo δθ em torno dessa direção.
r uur r
δ r = δθ × r (9.2)
ou,
r r uur r
r ′ = r + δθ × r (9.3)
uur r
onde introduzimos o vetor rotação infinitesimal δθ = δθ n . Vejamos
r
agora o que acontece quando aplicamos ao vetor r duas rotações
uur uur
infinitesimais sucessivas δθ 1 e δθ 2 , não necessariamente co-lineares.
r
Sob essas operações, o vetor primeiro muda para r", onde
r r uur r
r ′ = r + δθ 1 × r (9.4)
e depois se transforma em
r r uur r
r ′′ = r ′ + δθ 2 × r ′
r uur r uur r uur r (9.5)
= r + δθ 1 × r + δθ 2 × (r + δθ 1 × r )
r uur uur r
≈ r + (δθ 1 + δθ 2 ) × r
r uur r
= r + δθ 12 × r
CEDERJ 239
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
também é um vetor.
r r
Se interpretarmos r" como r ( t + δ t ) na Equação (9.3), então a
r
equação do movimento de um vetor r , executando um movimento de
r
precessão em torno da origem com velocidade angular ω , é dada por
r
dr r r
= ω×r (9.7)
dt
x'2
x'1
x1
Figura 9.5: Dois referenciais com uma mesma origem O. O referencial com eixos
r
ao longo dos unitários {êi′} é inercial e o outro gira com velocidade angular ω em
relação a ele.
240 CEDERJ
MÓDULO 1
Um segundo referencial, com a mesma origem O e eixos
9
{ } r
coordenados êi , gira com velocidade angular ω . Visto do referencial
AULA
inercial, os vetores unitários êi estão se movendo segundo as equações
deˆ i r
= ω × eˆ i , i = 1, 2, 3. (9.8)
dt
r
Seja A um vetor qualquer. Podemos decompô-lo em termos de
r
suas componentes Ai = A ⋅ eˆ i no sistema girante
r 3
A = ∑ Ai eˆ i (9.9)
i =1
r
ou, em termos de suas componentes Ai′ = A ⋅ eˆ i′ no sistema inercial fixo,
r 3
A = ∑ Ai′ eˆ i′ (9.10)
i =1
porque neste sistema os unitários eˆ′i são fixos. Mas, usando a Equação
(9.9), temos também que
r
dA 3
dA 3
deˆ
= ∑ i eˆ i + ∑ Ai i (9.12)
dt i = 1 dt i =1 dt
CEDERJ 241
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
r r r
r′ = R + r (9.16)
r r r
r ’ = R +localiza
onde o vetor r a origem do sistema girante no sistema fixo.
Para o observador no sistema fixo,
r r r
dr ′ dR dr
= +
(9.17)
dt f dt f dt f
r
Figura 9.6: A partícula em P tem vetor posição r"no referencial inercial
r r com origem
r r
em O’ e vetor posição r no referencial girante com origem emr ’O.
= R +é ro vetor posição
da origem do referencial girante em relação ao referencial inercial.
242 CEDERJ
MÓDULO 1
de modo que, usando a Equação (9.14),
9
r r r
AULA
dr ′ dR dr r r
= + +ω×r (9.18)
dt f dt f dt r
r r r r
d2r d2R d2r r r dω r r r r
2 = 2 + 2 + 2ω × v + × r + ω × (ω × r ) (9.21)
dt f dt f dt r dt
r r
d2 r
Fr ≡ m 2 (9.22)
dt r
r
r d2R r r r r r r
= F − m 2 − mω& × r − 2mω × v − mω × (ω × r )
dt f
r
O primeiro termo F é a soma das forças atuando sobre a partícula,
medida no referencial inercial fixo. Essa força resultante pode ser relacio-
nada com a interação da partícula com sua vizinhança. Já os outros termos
aparecem devido ao fato de o movimento estar sendo observado de um
referencial não inercial. Note que todos eles são proporcionais à massa
inercial da partícula e por isso são chamados forças inerciais. O termo
&&r
− mRf vem da aceleração da origem do sistema girante em relação ao
r
sistema original inercial. O termo −2 mω × vr , chamado força de Coriolis,
se anula a menos que a partícula se mova no referencial girante ao longo
r
de uma direção diferente daquela de ω . Em contraste, a força centrífuga
r r r
− m ω × (ω × r ) atua mesmo numa partícula estacionária. Finalmente, a
r r
contribuição − m (dω / dt) × r , chamada força de Euler, ocorre somente
para um referencial com aceleração angular.
CEDERJ 243
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
2π
ωST = ≈ 1, 99 × 10−7 s −1
τ ST
freqüência angular
2π
ωT = ≈ 7, 29 × 10−5 s −1
τT
r r
na Terra tem uma velocidade angular ωST + ωT que podemos tomar
r
como constante, desprezando assim o termo contendo dω / dt na
r
Equação (9.22). (Na verdade, ωT não é constante, devido à precessão dos
equinócios, um movimento muito lento do eixo de rotação da Terra com
um período de cerca de 25 mil anos). A Equação (9.22) então fica
r r
d2r r d2R r r r r r r r
m 2 = F − m 2 − 2m (ωST + ωT ) × v − m (ωST + ωT ) × (9.23)
(ωST + ωT ) × r
dt T dt S
r r r r r r r
− 2m (ωST + ωT ) × v − m (ωST + ωT ) × (ωST + ωT ) × r
S
244 CEDERJ
MÓDULO 1
r
onde Fr inclui a força gravitacional do Sol, a força gravitacional
9
da Terra e qualquer outra força que possa estar atuando sobre a
AULA
partícula considerada. Podemos, ainda em relação à Equação (9.22),
observar que:
(i) como MT ≈ 5, 98 × 1024 kg e MS ≈ 1, 99 × 10 kg , temos que
30
( MT / MS )( RS / RT )
2
≈ 1, 66 × 103
2
dt S
(iii) os efeitos da rotação da Terra em torno do Sol são de
ordem ωST / ωT ≈ 2, 73 × 10 em relação aos efeitos provocados pela
−3
r GMT m r
Fg = − r (9.25)
r3
A DIREÇÃO VERTICAL
GM T m r r r r r
0=− r + F ′ − mω × (ω × r ) (9.26)
r3
CEDERJ 245
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
ou
r r
F ′ + mge = 0 (9.27)
onde
r GM r r r r
g e = − 3 T r − ω × (ω × r ) (9.28)
r
r 1
ge = − (GMT RT−2 − ω 2 RT sen2θ ) rˆ + sen2θ ω 2 RTθˆ (9.29)
2
r r
F ’+ mge = 0
r r r r
− m ω × (ω × r ) r r − m ω × (ω × r )
− m ω × (ω × r )
r
θ r mg
mg
r
mge
r
mge
Figura 9.7: O que determinamos com o fio de prumo como sendo a direção vertical
é, na verdade, a direção do vetor resultante da soma da força gravitacional mais a
força centrífuga. O desenho no centro ilustra o fio de prumo em equilíbrio.
246 CEDERJ
MÓDULO 1
QUEDA LIVRE
9
AULA
Consideremos uma partícula de massa m em queda livre e vamos
r
desprezar a resistência do ar. Neste caso, F ′ = 0 e, usando a Equação
(9.28), podemos escrever a Equação (9.24) como
r r r r
mr&& = mge − 2mω × r& (9.30)
r r
Como esta equação vetorial depende somente de r& e &&
r , ela
pode ser resolvida em qualquer referencial fixo na Terra que seja mais
conveniente. Vamos escolher o referencial indicado na Figura 9.8. Nele,
o vetor unitário î aponta para o sul, ĵ para o leste e k̂ para cima. Como
vimos, k̂ não está exatamente na direção vertical (a direção local do fio
de prumo) devido à aceleração centrífuga. Mas este efeito é de segunda
ordem em ω e desprezível para o presente problema. Assim, vamos fazer
r r
ge ≈ g = − gkˆ e reter somente termos lineares em ω.
r r r
Seja r (0) = hk a posição inicial da partícula e seja r& (0) = v(0) = 0
Como queremos reter somente termos lineares em ω , vamos escrever a
r r r r
solução do nosso problema como r (t) = r0 (t) + r1 (t) , onde r0 (t) descreve
r r r
t) = r0 (t) e+ r1 (t) incorpora as
a trajetória numa Terra que não estivesser (girando
r
pequenas correções proporcionais a ω. É evidente que r0 (t) satisfaz a
equação
r r
r0 = g = − gkˆ
&& (9.31)
CEDERJ 247
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
que integrando dá
r 1 ^
r0 (t) = (h − gt 2 )k (9.32)
2
r r
Substituindo r0 + r1 na Equação (9.30) e expandindo até primeira
ordem em ω, obtemos
r r r
&& r r
r1 = g − 2ω × r&0
r0 + && (9.33)
r r
A solução desta equação com a condição inicial r1 (0) = r&1 (0) = 0 é
r 1r r 1 ^
r1 (t) = − ω × gt 3 = ω gt 3 senθ j (9.35)
3 3
π
onde o ângulo polar θ = − λ é a co-latitude. Juntando as Equações
2
(9.32) e (9.35), temos, para a trajetória total
r 1 ^ 1 ^
r (t) = (h − gt 2 ) k + gωt 3sen θ j (9.36)
2 3
248 CEDERJ
MÓDULO 1
EFEITOS DA FORÇA DE CORIOLIS SOBRE O MOVIMENTO
9
HORIZONTAL
AULA
Considere uma partícula na co-latitude θ, movendo-se com uma
r
= v (cos
velocidade horizontal v que faz um senφ jφ) com o eixo dos x no sistema
φ i +ângulo
de referência da Figura 9.8. Mais especificamente, neste referencial
r ^ ^ r ^ ^
temos v = v (cos φ i + senφ j ) e ω = ω (cosθ k − senθ i ) . Efetuando o
produto vetorial destes dois vetores, encontramos, para a força
de Coriolis
r r
Fcoriolis = −2mω × v
( ^
= 2mω v cosθ senφ i − cosθ cos φ j^ + senθ senφ k
^
) (9.38)
CEDERJ 249
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
O PÊNDULO DE FOUCAULT
r r
Figura 9.10: (a) Plano ∏ definido pelos vetores T e g.; (b) diagrama mostrando os
vetores envolvidos no problema.
250 CEDERJ
MÓDULO 1
r r
onde T ée agtensão
. na corda. Estamos na Equação (9.39), considerando
9
r r r r r r
ge ≈ g . Note que os dois vetores
T e g. e T edefinem
g. o plano ∏ no qual
AULA
r r
o pêndulo se moveria na ausência da aceleração de Coriolis −2ω × r& .
A força de Coriolis tem uma componente na direção perpendicular ao
plano ∏ que, mesmo sendo pequena, muda a natureza do movimento,
já que seu efeito não é contrabalançado por nenhuma outra força.
Vamos determinar a velocidade angular de precessão do plano do
pêndulo por meio do seguinte artifício: tentaremos encontrar um novo
referencial girando em torno do eixo vertical que passa pelo ponto de
suporte do pêndulo com uma velocidade angular Ω escolhida de tal
modo que a componente da força de Coriolis que causa a precessão
seja nula, ou seja, nesse novo referencial, um observador apenas vê o
pêndulo executar o movimento de vaivém no plano vertical. Aplicando
a Equação (9.14), temos
r r
dr
=
dr ˆ r
+ Ωk × r (9.40)
dt T dt Ω
r r r
d2r d2r 2 ˆ ˆ × rr) + 2Ωkˆ × dr
2 = 2 + Ω k × (k
dt T dt Ω dt Ω (9.41)
r
onde ( dr dt )Ω representa a derivada temporal em relação ao novo
referencial. Substituindo esses resultados na Equação (9.39), ficamos
com
r r r r
d2r r T r dr ˆ r 2 ˆ ˆ r ˆ dr
2 = g + − 2ω × + Ωk × r − Ω k × (k × r ) − 2Ωk ×
dt Ω m dt Ω dt Ω
r r
r T
m
r r
( ) r r
( dr
= g + − 2Ωω × kˆ × r − Ω2 kˆ × (kˆ × r ) − 2 ω + Ωk̂ ×
dt Ω
)
(9.42)
r r r r r r rr r
Finalmente, usando a identidade vetorial a × (b × c) = b (a ⋅ c) − c (a ⋅ b) ,
reescrevemos esta equação como
r r r
d2r
dt Ω
r T
m
r r
( 2 ˆ r ˆ
) ( )
ˆ r Ω2 rr − 2 ωr + k̂Ω × dr
2 = g + − 2Ωω ⋅ r + Ω k ⋅ r k + 2Ωk ⋅ ω + (9.43)
dt Ω
( )
r r
T
(
r r r
) ( r r r
) (
dr
+ − 2Ωω ⋅ r + Ω2 kˆ ⋅ r kˆ + 2Ωkˆ ⋅ ω + Ω2 r − 2 ω + k̂Ω ×
m
)
dt Ω
CEDERJ 251
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
r
kˆ ⋅ (ω + kˆ Ω) = 0 (9.44)
π
Ω = ω cos − λ = ω senλ (9.45)
2
RESUMO
Uma rotação finita, embora tenha módulo, direção e sentido, não pode ser
representada por um vetor porque a adição de duas rotações finitas não é
comutativa. Já a adição de rotações infinitesimais é comutativa, e estas são
vetores. Como conseqüência, a velocidade angular também é um vetor.
A segunda lei de Newton, para um observador em um referencial não inercial
cuja origem está acelerada em relação a um referencial inercial e que também
gira com velocidade instantânea ω em relação ao mesmo referencial inercial, tem
a forma complicada r
r d2r
Fr ≡ m 2
dt r
r
r d2R r r r r r r
= F − m 2 − mω& × r − 2mω × v − mω × (ω × r )
dt f
r
Fr é a resultante das forças oriundas das interações da partícula de massa m com
sua vizinhança. Os outros termos, todos proporcionais a m, são as chamadas
&&r
forças inerciais: o termo − mRf vem da aceleração da origem do sistema girante
r
em relação ao sistema original inercial. O termo −2m ω × vr , chamado força de
Coriolis, se anula a menos que a partícula se mova no referencial girante ao
r r r
× (ω .×Em
−ωde
longo de uma direção diferente daquela r ) contraste, a força centrífuga
r r r
− mω × (ω × r ) atua mesmo numa partícula estacionária. Finalmente, a contribuição
r r
− m (dω / dt) × r , chamada força de Euler, ocorre somente para um referencial
com aceleração angular.
252 CEDERJ
MÓDULO 1
9
A Terra é um referencial não inercial, principalmente em virtude do seu movimento
AULA
de rotação. Embora a aceleração centrífuga e a aceleração de Coriolis sejam
pequenas em comparação com a aceleração gravitacional, seus efeitos em
movimentos de longa duração ou de grande escala são consideráveis.
PROBLEMAS
onde Vc é o potencial
1 r r2 1
Vc = − ω × r = − ω 2 r 2 sen2θ
2 2
CEDERJ 253
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
4 8h3
ω cos λ
3 g
SOLUÇÕES
r
9.1. Fazendo ω = ω k̂ , então temos, em coordenadas polares (com
unitários rˆ, θˆ, φˆ )
r ^
ω = ω (r^ cosθ − θ senθ )
e
r
r = rr^ˆ
254 CEDERJ
MÓDULO 1
r r
Assim, ω × r = ω rφˆ senθ e
9
AULA
r r r
− m ω × (ω × r ) = − mω 2 r(r^cosθ − θ^senθ ) × φ^senθ
^
= mω 2 r (sen2θ r^ + senθ cosθθ )
r ∂ 1 ∂ 1 ∂
∇ = eˆ r + eˆθ + eˆϕ
∂r r ∂θ r senθ ∂ϕ
1
Se Vc = − ω 2 r 2 sen2θ , então,
2
r ∂ 1 ∂ 1 2 2 2
− m∇Vc = m eˆ r + eˆθ ω r sen θ
∂r r ∂θ 2
2 2 ˆ
= mω r(sen θ rˆ + senθ cosθθ )
r
onde r0 (t) descreve a trajetória numa Terra que não estivesse girando e
r
r1 (t) incorpora as pequenas correções proporcionais a ω. É evidente que
r
a trajetória não perturbada r0 (t) é dada por
r 1 ^ ^
r0 (t) = − gt 2 k + v0 (cos α ^j + sen α k) t
2
O projétil retorna ao solo depois de um tempo τ 0 = 2v0 senα / g .
A velocidade do projétil é
r
r&0 = − gtkˆ + v0 (cos α jˆ + senα kˆ )
CEDERJ 255
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
t3 t2
y1 (t) = 2ω senθ g − v0 senα
6 2
256 CEDERJ
MÓDULO 1
No instante τ0 em que o projétil toca o solo,
9
AULA
(2v0 senα )3 (2v0 senα )2
y1 (τ 0 ) = 2ω senθ 2
− v0 senα
3g g2
3
4 v
= − ω 02 sen3α senθ
3 g
∆R = y0 (τ 0 ) + y1 (τ 0 ) + δ y0 − R
4 v3 2v ω cos2 α senθ
= − ω 02 sen3α senθ + R 0
3 g g
4v03 1
= 2
ω senα senθ cos2 α − sen3α
g 3
Usando que
v0 = Rg / 2senα cos α
encontramos, finalmente,
1/2
2R3 1
∆R = ω senθ [(cotα ) − (tan α ) ]
1/2 3/ 2
g 3
CEDERJ 257
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
258 CEDERJ
MÓDULO 1
9.4. Queremos encontrar a aceleração total do ponto P na borda
9
do pneu fazendo um ângulo θ com a direção do movimento.
AULA
Vamos aplicar a Equação (9.22). Dividindo todos os termos por m e
passando os termos com sinal negativo para o lado esquerdo, ficamos com
r &&r r r r r r r r r
af = Rf + ar + ω& × r + ω × (ω × r ) + 2ω × vr
r
onde af é a aceleração no sistema de referência fixo no laboratório,
r&&
Rf é a aceleração do centro do pneu no sistema de referência fixo
&&r ˆ ), ωr& é a velocidade angular instantânea no
f = ai
no laboratório ( R
r
sistema de referência fixo no laboratório, ω& é a aceleração angular
r
( ω& = α = a / r ), é a aceleração do ponto P no sistema girante
(ar = 0) e vr é a velocidade do ponto P no sistema girante.
r
af = aiˆ + (−α kˆ ) × R(cosθ iˆ + senθ jˆ)+( − ωkˆ ) × [( − ωkˆ ) × R(cosθ iˆ + sen
nθ jˆ)]
= aiˆ − α R(cosθ jˆ − senθ iˆ) + ω 2 Rkˆ × (cosθ jˆ − senθ iˆ)
= aiˆ − α R(cosθ jˆ − senθ iˆ) − ω 2 R(cosθ iˆ + senθ jˆ)
= (a + α R senθ − ω 2 R cosθ ) iˆ − (α R cosθ + ω 2 R senθ )jˆ
v2 v2
= [a (1 + senθ ) − cosθ ] iˆ + [a cosθ + senθ ] jˆ
R R
r
O módulo de af é
r 2 v2 v2
af = [a(1 + senθ ) − cosθ ]2 + [a cosθ + senθ ]2
R R
4 2
v v
= 2a2 (1 + senθ ) + 2 − 2a cosθ
R R
CEDERJ 259
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
o que dá
aR
tan θ0 = −
v2
O que implica
v2 aR
cosθ0 = − e senθ0 =
(aR)2 + v 4 (aR)2 + v 4
r 2
(Calcule a derivada segunda de af e verifique que esta é a solução
r
que dá um máximo.) Substituindo esses resultados em af , obtemos
r aR v2 v2 v2 v2 aR
afmax = [a(1 + )− (− )]i^ + [a(− )+ ]j^
(aR) + v
2 4 R (aR)2 + v 4 (aR)2 + v 4 R (aR) + v
2 4
4 2
1 v /(aR)
= (a + a +a )i^
1 + v /(aR)
4 2
1 + v 4 /(aR)2
= a(1 + 1 + v 4 /(aR)2 )i^
260 CEDERJ
MÓDULO 1
9.5. Como antes, vamos considerar a velocidade do projétil na
9
situação hipotética de que a Terra não estivesse girando
AULA
r ^
v (t) = (v0 − gt) k
2 3
1 2v 1 2v
y = −2ω cos λ[ v0 0 − g 0 ]
2 g 6 g
4 v3 4 (2 gh)3 / 2
= − ω cos λ 02 = − ω cos λ
3 g 3 g2
ou,
4 8h3
y = − ω cos λ
3 g
para o oeste.
CEDERJ 261
.
10
AULA
Colisões
Meta da aula
Estudar colisões elásticas e inelásticas entre
duas partículas.
objetivos
INTRODUÇÃO Quando uma partícula é lançada contra outra e elas colidem, vários podem
ser os resultados do processo de colisão. Se as partículas finais são as mesmas
que as iniciais, chamamos o processo de espalhamento. O espalhamento é
elástico se a energia cinética total das partículas é conservada. Caso contrário, o
espalhamento é dito inelástico. Se as partículas finais são diferentes das iniciais,
dependendo dos tipos de partícula e das energias envolvidas, o processo de
colisão pode ser, por exemplo, uma reação nuclear ou uma reação química.
Se tivermos várias partículas finais, o processo pode tratar-se, por exemplo, de
uma reação de fragmentação ou de colisão de alta energia entre partículas
elementares.
Aqui estaremos considerando somente os casos nos quais emergem duas
partículas finais, iguais ou diferentes das iniciais. As “partículas” podem ser
tanto corpos macroscópicos, como bolas de bilhar ou corpos celestes, ou, ainda,
pertencer à escala atômica ou subatômica.
Em geral, quando falamos de uma colisão, em Física, estão implícitas as
seguintes condições essenciais:
1. a interação é confinada, para todos os propósitos práticos, dentro de algum
intervalo de tempo limitado, de modo que possamos dizer que ela tem um
começo e um fim;
2. ao longo da duração da colisão, o efeito de quaisquer forças externas pode
ser ignorado, de modo que o sistema se comporta como se estivesse isolado.
Assim, falamos em estado inicial ou configuração inicial do sistema como sendo
o estado das partículas antes da colisão, onde a interação entre elas é desprezível
e elas se movem como partículas livres. O estado final ou configuração final
é o estado depois da colisão quando as partículas já emergiram da região de
interação e novamente se movem como partículas livres.
Quando duas partículas interagem, o movimento de uma relativa à outra é
governado pela lei de força que descreve a interação. Essa interação pode
resultar do contacto entre os dois objetos, como numa colisão de duas bolas
de bilhar, ou pode ocorrer através da intermediação de um campo de força,
como nos casos da interação gravitacional e da interação eletromagnética.
Durante a interação, elas podem trocar energia e momento. Essa troca deve
ser tal que o momento total e a energia total sejam conservados.
O problema fundamental da teoria das colisões consiste em obter a configuração
final a partir da configuração inicial. Para isso, em princípio, é necessário
conhecer as forças de interação entre as partículas. Em muitas situações, essas
forças não são bem conhecidas e a análise dos resultados da colisão são usados
para obter informação sobre as próprias interações.
264 CEDERJ
MÓDULO 1
Durante todo o século XX, as colisões foram o principal meio de obter
10
informações sobre as interações entre as partículas atômicas e subatômicas.
AULA
Tudo começou por volta de 1910, quando Lord Rutherford e seus estudantes,
Geiger e Marsden, realizaram uma série de experiências sobre o espalhamento
de partículas α por folhas metálicas finas. Essas experiências mostraram que
a maior parte da massa de um átomo está concentrada num pequeno núcleo
positivamente carregado. Estava descoberto o núcleo atômico. O mesmo tipo
de experiência mostrou a existência da força nuclear. A partir daí, começaram
a ser construídos os aceleradores de partículas até os gigantescos aceleradores
de hoje que aceleram partículas atômicas e subatômicas até velocidades muito
próximas da velocidade da luz. Quase todas as partículas elementares conhecidas
foram descobertas por meio do estudo de colisões. Embora as colisões entre
partículas elementares exijam mecânica quântica para seu correto tratamento,
conceitos como referencial de momento zero, seção de choque diferencial e a
aplicação das lei de conservação são semelhante aos usados nesta aula.
r
Figura 10.1: O referencial S' movendo-se com velocidade constante u em relação
ao referencial inercial S.
CEDERJ 265
Mecânica | Colisões
r r r
vi = vi ’+ u (10.1)
r
r P (10.2)
u=
M
r
RCM =
∑m r i i (10.4)
M
266 CEDERJ
MÓDULO 1
Um outro referencial que as pessoas usam é o que chamamos
10
referencial de laboratório, ou referencial do LAB, que é simplesmente um
AULA
referencial inercial no qual as condições do problema são dadas. Se for
mais fácil resolver o problema no referencial do CM, então isso envolve
passar do referencial de laboratório para o CM e, no final, transformar
o resultado de volta para o referencial de laboratório.
mv Mv
v’m = v − u = v − = (10.5)
m+M m+M
mv
v’M = − u = −
m+M
CEDERJ 267
Mecânica | Colisões
m v + 0 = mv1 + Mv2
1 1 1
mv 2 + 0 = mv12 + Mv22 (10.7)
2 2 2
268 CEDERJ
MÓDULO 1
Devemos resolver estas duas equações para as duas incógnitas,
10
v2 e v2. Resolvendo a primeira equação para v2 e substituindo na
AULA
segunda, obtemos
m2 (v − v1 )2
m v 2 = mv12 + M (10.8)
M2
⇒ 0 = ((m + M)v1 − (m − M)v ) (v1 − v)
(m − M)v
v1 = (10.9)
m+M
2mv
v2 = (10.10)
m+M
CEDERJ 269
Mecânica | Colisões
2
m1 (v01 − v12 ) = m2 (v22 − v02
2
) (10.13)
270 CEDERJ
MÓDULO 1
Exemplo 10.4. Uma bola de bilhar lisa, com velocidade v, incide
10
sobre uma outra idêntica estacionária. As bolas colidem elasticamente
AULA
de tal modo que a bola incidente é defletida de um ângulo ψ
(ver Figura 10.3). Quais são as velocidades finais das bolas? Qual é o
ângulo φ no qual a bola inicialmente estacionária é ejetada?
νf
Vf
Figura 10.3: Configurações inicial e final da colisão elástica de duas massas iguais
com a partícula incidente sendo defletida de um ângulo ψ .
νf
Vf
CEDERJ 271
Mecânica | Colisões
vf = v cosψ (10.19)
Vf = v senψ (10.20)
φ = 900 − ψ (10.21)
272 CEDERJ
MÓDULO 1
r r r (10.22)
10
v = vf + Vf
v 2 = vf2 + Vf2
AULA
r r
Mas, da primeira equação temos que v 2 = vf2 + 2vf ⋅ Vf + Vf2 e,
comparando com a segunda, concluímos que
r r
vf ⋅ Vf = 0 ⇒ ψ + φ = 900 (10.23)
νf
2
ν /2 −ν /2
Vf
CEDERJ 273
Mecânica | Colisões
m M
νf
Vf
M
r r
Note que m vi’ + MVi’ = 0 , como exigido pela conservação do
momento. Já sabemos que, como a colisão é elástica, após a colisão o
módulo da velocidade de cada partícula continua o mesmo mudando
apenas a direção. Vamos chamar de n̂ o vetor unitário na direção de
r
v’f . Assim, as velocidades finais no referencial do CM são
r M
v’f = vn^ (10.27)
n+M
r m
Vf’ = − vn^
m+M
274 CEDERJ
MÓDULO 1
As velocidades após a colisão, no referencial do laboratório, são
10
obtidas adicionando a essas expressões a velocidade do CM:
AULA
r M m r
vf = vnˆ + v (10.28)
n+M m+M
r m m r
Vf = − vnˆ + v (10.29)
m+M m+M
r m r m
pf = µ vnˆ + p = µ v nˆ + µ vˆ (10.30)
m+M M
r M r r
Pf = − µ vnˆ + p = − µ v nˆ + µ v (10.31)
m+M
pf pf
Figura 10.7: m < M . Círculo de raio µν com os vetores das Equações (10.30)
e (10.31) representados. Note que AO = (m / M)µ v > OB = µ v .
pf
pf
CEDERJ 275
Mecânica | Colisões
pf
pf
Msenθ π −θ
tanψ = , φ= (10.32)
m + M cosθ 2
m 2 + M 2 + 2 mM cos θ (10.33)
vf = v
m+M
(10.34)
2mv θ
Vf = sen
m+M 2
CB µv M
senψ máx
mÆx = = = (10.35)
m
AO µv m
M
276 CEDERJ
MÓDULO 1
ESPALHAMENTO POR UM CENTRO DE FORÇA
10
AULA
Até agora o que nós fizemos foi derivar relações entre o estado
inicial e o estado final das partículas na colisão a partir das leis de
conservação da energia e do momento. Porém, essas são somente
relações cinemáticas entre as diversas quantidades envolvidas. Não
tentamos predizer o ângulo de espalhamento ou uma velocidade final.
Note que, no referencial de laboratório, as leis de conservação fornecem
somente três equações escalares nas quatro incógnitas (veja as três
Equações (10.25) onde as incógnitas são vf ,Vf ,ψ e φ ). Para encontrar
o resultado da colisão, é preciso resolver as equações do movimento
para as partículas.
O problema fica mais claro no referencial do CM. Para determinar
completamente o resultado da colisão, é preciso encontrar o ângulo θ e,
para isso, precisamos conhecer a interação entre as partículas e determinar
suas trajetórias. Nós já sabemos como resolver esse problema quando a
força é central. Foi o tema da Aula 8. Lá mostramos que o problema de
duas partículas interagindo pode ser reduzido ao problema de encontrar
o movimento de uma única partícula de massa m (igual à massa reduzida
r
do sistema) e vetor posição r (igual ao vetor posição relativa), medido
em relação a um centro de força fixo no centro de massa das partículas.
Aqui vamos considerar somente forças centrais.
Como você já sabe, o movimento sob a ação de uma força central é
plano e vamos chamar de r e φ as coordenadas polares da partícula, como
fizemos na Aula 8. A equação da órbita r(φ) é dada pela Equação (8.25)
d2u m 1
+u=− 2 2 f (10.36)
dφ 2
u l u
CEDERJ 277
Mecânica | Colisões
Centro de espalhamento
A SEÇÃO DE CHOQUE
nœmerodede
número part culas
partículas espalhadas
espalhadas no ângulonosólido
ngulo s lido
dΩ por dΩdeptempo
unidade or unidade de tempo
σ (θ ) =
intensidade
intensidade incidente incidente
278 CEDERJ
MÓDULO 1
Se o espalhamento tiver simetria axial (como é o caso para forças
10
centrais), podemos realizar a integração sobre o ângulo azimutal obtendo
AULA
2π, e então o elemento de ângulo sólido dΩ é dado por
(10.39)
d Ω = 2π senθ dθ
Centro de espalhamento
Figura 10.11: As partículas do feixe incidente que passam através do elemento de área
entre b e b + db são espalhadas no elemento de ângulo sólido d Ω = 2π senθ dθ
na direção θ.
b db
σ (θ ) = (10.41)
senθ dθ
CEDERJ 279
Mecânica | Colisões
ESPALHAMENTO DE RUTHERFORD
k
V (r) = (10.42)
r
d2u mk
+u=− 2 (10.43)
dφ 2
l
1 mk
u= = 0 = A cos 0 + B sen0 − 2 (10.46)
r l
mk (10.47)
⇒A=
l2
Assim, l
−v = − (− A sen0 + B cos 0)
m (10.49)
mv 1
⇒B= =
l b
1 k 1
= 2 2
(cos φ − 1) + senφ (10.50)
r mv b b
280 CEDERJ
MÓDULO 1
Agora podemos usar a órbita para determinar o ângulo de
10
espalhamento θ em função do parâmetro de impacto. A condição é
AULA
r → ∞, φ → π − θ (10.51)
k 1
2 2
(cos(π − θ ) − 1) + sen(π − θ ) = 0 (10.52)
mv b b
ou,
k 1
2 2
(1 + cosθ ) = senθ (10.53)
mv b b
db k 1
=
dθ 2mv sen (θ / 2)
2 2
(10.55)
2
k 1
σ (θ ) = 2 (10.56)
2mv sen (θ / 2)
4
CEDERJ 281
Mecânica | Colisões
1
b = a cos θ para b < a (10.57)
2
σ T = ∫ σ (θ ) d Ω = π a 2 (10.59)
282 CEDERJ
MÓDULO 1
10
AULA
Figura 10.12: Espalhamento elástico por uma esfera dura.
COLISÕES INELÁSTICAS
1 1 1
Q= m3v32 + m4 v42 − m1v01
2
(10.60)
2 2 2
m1 m2
p1
m3
p3
3
p4 4
m4
Figura 10.13: Colisão inelástica onde as partículas finais são diferentes das iniciais.
CEDERJ 283
Mecânica | Colisões
r r
A conservação do momento, onde pi = mi vi , é
r r r
p1 = p3 + p4 (10.61)
r r
p42 = (p1 − p3 )2 = p12 + p22 − 2 p1 p2 cos φ3 (10.62)
m1 m m1 m3
K4 = K1 + 3 K3 − 2 K1K3 cos φ3 (10.63)
m4 m4 m4 m4
m m m1 m3
Q = 1 + 3 K3 − 1 − 1 K1 − 2 K1K3 cos φ3 (10.64)
m4 m4 m4 m4
RESUMO
Uma colisão entre duas partículas é um processo em que uma é lançada contra a
outra, podendo trocar energia e momento em conseqüência de sua interação.
Quando as mesmas partículas emergem da região de interação, o processo é
chamado de espalhamento. O espalhamento é elástico se a energia cinética final
for igual à energia cinética inicial. No espalhamento elástico unidimensional, a
configuração final é completamente determinada pela configuração inicial através
das equações de conservação do momento e da energia cinética. No espalha-
mento bidimensional, a conservação do momento e da energia cinética fornecem
somente três equações escalares (as Equações (10.25) nas quatro incógnitas, os
módulos das velocidades finais e os ângulos que elas fazem com a direção
284 CEDERJ
MÓDULO 1
10
de incidência ( vf ,Vf ,ψ e φ nas Equações (10.25)). Assim, para determinar a
AULA
configuração final numa colisão bidimensional, precisamos conhecer a interação
entre as partículas e encontrar suas órbitas.
O parâmetro de impacto é a distância entre a linha de movimento inicial da
partícula incidente e o alvo (ver Figura 10.10, por exemplo). Conhecendo-se a
dependência do parâmetro de impacto no ângulo de espalhamento, podemos
obter a seção de choque diferencial para o espalhamento elástico através da
Equação (10.41). A seção de choque diferencial é uma área efetiva de choque e
está relacionada com a probabilidade de que a partícula seja espalhada numa
certa direção. A seção de choque diferencial de espalhamento elástico por uma
esfera dura no referencial do CM é isotrópica. Para uma força que varia com o
inverso do quadrado da distância, a distribuição angular de espalhamento é dada
pela fórmula de Rutherford
2
k 1
σ (θ ) = 2
2m v sen (θ / 2)
4
PROBLEMAS
CEDERJ 285
Mecânica | Colisões
θ =| π − 2Θ |
onde
u min du
Θ=∫
0
1 − V / E − b2 u2
γπ2 π −θ
σ (θ ) =
Esenθ θ 2 (2π − θ )2
286 CEDERJ
MÓDULO 1
P. 9. A reação
10
AULA
4
2 He + 14
7 N → 17
8 O + 11H , (10.65)
SOLUÇÕES
1 1 1
m1ν 01
2
= m2ν 02
2
= λ 2 m2ν 01
2
(10.66)
2 2 2
ou
m1
= λ2 (10.67)
m2
1 (10.69)
2
m1 v01 = m2 v22
2
CEDERJ 287
Mecânica | Colisões
ou 2
1 m
m1 = m 2 1 + λ (10.72)
2
m2
λ = 2 − 1 = 0, 414
(10.74)
λ 2 = 0, 172
de modo que
m1 v
= 0, 172 e 02 = 0, 414 (10.75)
m2 v01
2 2 (10.76)
m1v1 = m1v01 ⇒ v1 = v01
3 3
pf pf
288 CEDERJ
MÓDULO 1
10
onde µ = m 1m 2 /(m 1 + m 2 ) é a massa reduzida do sistema. Desta equação
tiramos que
AULA
2 2
v12 m1 m2 2m1 m2
= + + cosθ (10.78)
2
v01 m
1 + m 2 m
1 + m 2 m1 + m2
2m 1 m 2
= 1− (1 − cosθ )
m 1+ m 2
5 (m1 + m2 )2
cosθ = 1 − = 1−η (10.80)
18 m1 m2
onde
5 (m1 + m2 )2 (10.81)
η=
18 m1m2
senθ 2η − η 2
tanψ = = (10.82)
cosθ + m1 / m2 1 − η + m1 / m2
5m1 m2
2− ≥0 (10.83)
18(m1 + m2 ) 2
CEDERJ 289
Mecânica | Colisões
1 1 1
m v 2 = m vf2 + 2mVf2 (10.89)
2 2 2
2V 2f = v 2 − vf2 (10.91)
290 CEDERJ
MÓDULO 1
(b) Para calcular Vf , nós substituímos o resultado (10.93) na
10
Equação (10.91) e obtemos
AULA
1
Vf2 = (1 − (0, 859)2 )v 2 ⇒ Vf = 0, 362v (10.94)
2
2 vf 2 0, 859
senφ = = = 0, 839 ⇒ φ = 57, 10 (10.95)
4 Vf 4 0, 362
mn 1
senψmáx
max = = (10.96)
mα 4
2 µ v cos φ = mn vn (10.97)
e
π
2 φ + ψ máx
mÆx = ⇒ φ = 380 (10.98)
2
CEDERJ 291
Mecânica | Colisões
pf
pf
1 2 1 l2
E= mr& + + V (r) (10.101)
2 2 m r2
onde
l = m r 2φ&
de onde
dr
dt =
2 l2
(E − V ) − 2 2 (10.103)
m mr
l
dφ = dt
mr 2
292 CEDERJ
MÓDULO 1
e substituindo dt pela expressão da Equação (10.103) e integrando,
10
obtemos
AULA
(l / r 2 )dr
φ (r) = ∫ + const. (10.104)
l2
2m E − V −
2mr 2
θ = π − 2Θ (10.105)
com ∞ (l / r 2 )dr
Θ=∫ (10.106)
rmin
l2
2m E − V −
2mr 2
l = m vb (10.107)
e introduzindo a variável u = 1/ r ,
1 (10.108)
dr = − du
u2
l2
= Eb2 (10.109)
2m
CEDERJ 293
Mecânica | Colisões
Centro de espalhamento
Centro de espalhamento
294 CEDERJ
MÓDULO 1
O ponto de retorno satisfaz a condição
10
AULA
kumin
1− − b2 umin
2
=0 (10.112)
E
dx 1 2cx + b c < 0
∫ a + bx + cx 2
=−
−c
arcsen
−∆
+ const.,
∆ = 4ac − b < 0
2
1 k k2
umin = − + 4b2 + 2
2
2b E E
(10.115)
k k2
⇒ 2b umin2
+ = 4b2 + 2
E E
1
θ = π + 2 arcsen (−1) + arcsen (10.116)
4E2 b2
1 +
k2
CEDERJ 295
Mecânica | Colisões
θ 2Eb
cot = (10.119)
2 k
dx 1
∫ 1 − ax 2
=
a
arc sen ax + const.
(10.121)
Temos que
γ 1
a = + b2 , umin =
E a (10.122)
Assim, 1
θ = π − 2b arc sen(1)
γ (10.123)
+ b2
E
π
=π −
γ
1+ 2
b E
296 CEDERJ
MÓDULO 1
Invertendo esta relação, obtemos
10
γ (π − θ )2
AULA
b (θ ) = (10.124)
E (π 2 − (π − θ )2
b γ −2(π − θ )
= {π 2 − (π − θ )2 + (π − θ )2 }
senθ 2bE (π − (π − θ ) )
2 2 2
ou seja,
γπ2 π −θ
σ (θ ) = (10.126)
Esenθ θ (2π − θ 2 )2
2
mv
u= (10.127)
m+M
1 1 1 mM 2
KCM = 2
mv01 + Mv02
2
= v (10.129)
2 2 2 m+M
1 1 1 mM 2
Ki n = (m + M) u2 + KCM = (m + M) u2 + v (10.130)
2 2 2 m+M
CEDERJ 297
Mecânica | Colisões
mv
m v = (m + M)V ⇒ V = =u (10.131)
m+M
1
Kfin = (M + m) u2 (10.132)
2
1 mM 2
Q = Kfin − Kin = − v (10.133)
2 m+M
m1 H 1
1
≈ (10.135)
m17 O 17
8
m4 H 4
2
≈
m17 O 17
8
Assim,
298 CEDERJ
.
ISBN 978-85-7648-464-6
9 788576 484646