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TÓPICO 3

Estrutura cristalina dos materiais

Professor: Felipe A. L. Sánchez


Introdução
ESTRUTURA PROPRIEDADES
CIÊNCIA DOS MATERIAIS

ESTRUTURA ATÔMICA
ESTRUTURA CRISTALINA
MICROESTRUTURA
MACROESTRUTURA

Antes de entender fenômenos que determinam propriedades nos materiais a partir da


MICROESTRUTURA deve-se primeiramente entender a (ESTRUTURA ATÔMICA) e ESTRUTURA
CRISTALINA dos materiais porque estas definem algumas de suas propriedades
2
Introdução

3
Introdução
Importância da estrutura cristalina
As propriedades de alguns Ex: magnésio e berílio que têm a
materiais estão diretamente mesma estrutura (HC) se deformam
associadas à sua ESTRUTURA muito menos que ouro e prata (CFC)
CRISTALINA... que têm outra estrutura cristalina.

A ESTRUTURA CRISTALINA explica a diferença Ex: Materiais transparentes,


significativa nas propriedades de materiais opacos e/ou translúcidos e
cristalinos e não cristalinos de mesma amorfos e/ou não-cristalinos
composição.

As propriedades dos materiais sólidos cristalinos


depende da ESTRUTURA CRISTALINA, ou seja, da
maneira na qual os átomos, moléculas ou íons estão
espacialmente dispostos.

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Introdução
Importância da estrutura cristalina

A diferença no comportamento
mecânico de um material sólido
é definida no arranjo atômico, e
conseqüentemente na sua
ESTRUTURA CRISTALINA.

Curva tensão deformação de dois metais com


estrutura cristalina diferente e de um material
cerâmico
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Introdução
Importância da estrutura cristalina
Grande parte da diferença das propriedades dos materiais é de interesse tecnológico,
assim as diferenças na estrutura cristalina de um mesmo composto é de grande
importância na Engenharia.

Alotropia ou Polimorfismo Mesmo elemento químico  substâncias diferentes

Cúbico de corpo
Grafite Hexagonal Hexagonal centrado - CCC
Carbono Nitreto de boro Ferro
Diamante Cúbico
Cúbico
Cúbico de face
centrado - CFC

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Ordenamento dos átomos
Os materiais sólidos podem ser classificados de acordo com a regularidade
na qual os átomos ou íons se dispõem em relação à seus vizinhos.

Cristal Vidro Gás

Ordem a longo alcance Ordem a curto alcance Sem ordenamento

7
Ordenamento dos átomos
Sem ordem
Típico de gases, como o Ar (argônio) e outros gases nobres

Se confinados, os gases não apresentarão nenhuma


ordem entre seus átomos constituintes.

Argônio
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Ordenamento dos átomos
Ordenamento a curto alcance
Ângulos, distâncias e simetria com ordenação a curto alcance.

Ocorre na H2O, que apresenta uma orientação preferencial, no


SiO2 e no polietileno (materiais não cristalinos ou amorfos)

O O
H

H2O SiO2 Polietileno

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Ordenamento dos átomos
Ordenamento a longo alcance
Ocorre essencialmente em materiais cristalinos
Átomos ordenados em longas distâncias
atômicas formam uma estrutura tridimensional

REDE CRISTALINA

Metais, muitas cerâmicos


e alguns polímeros
formam estruturas
cristalinas sob condições
normais de solidificação

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Ordenamento dos átomos
Ordenamento a longo alcance
A REDE é formada por átomos se repete regularmente
Por definição rede é um conjunto de pontos
espaciais que possuem vizinhança idêntica

Na REDE a relação com vizinhos é constante:


- simetria com os vizinhos;
- ângulos entre arestas;
- distâncias interatômicas

PARÂMETROS PELOS QUAIS SE


DEFINE UM CRISTAL
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Ordenamento dos átomos
Ordenamento a longo alcance
Estrutura do sólido apresenta-se como a repetição da célula unitária
nas três direções do espaço.

A maioria das estruturas cristalinas são paralelepípedos


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ou prismas com faces paralelas
Estrutura cristalina
CÉLULA UNITÁRIA
menor subdivisão da rede cristalina que
retém as características de toda a rede.

Arranjo de
átomos em
um cristal

Rede
cristalina

Célula unitária

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Estrutura cristalina
CÉLULA UNITÁRIA
menor subdivisão da rede cristalina que
retém as características de toda a rede.

Representação da célula unitária CFC

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Estrutura cristalina
CÉLULA UNITÁRIA
Parâmetro de rede (lattice constant – lattice parameter)

Por definição:
Combinação de comprimentos de arestas da
célula unitária e de ângulos interaxiais que
definem a geometria de uma célula unitária

Grandezas utilizadas para


descrever a célula unitária de
uma estrutura cristalina

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Estrutura cristalina
CRISTALIZAÇÃO
Como s cristais se formam?
Por solidificação ou por saturação de uma solução.

SATURAÇÃO
SOLIDIFICAÇÃO Formação de cristais
pela saturação de uma
Cristais se formam solução.
no sentido contrário
da retirada de calor

OS ÁTOMOS QUE FORMAS OS MAIS BAIXA ENERGIA LIVRE


CRISTAIS BUSCAM: MAIOR EMPACOTAMENTO
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Estrutura cristalina
CRISTALIZAÇÃO
As estruturas ideais apresentam baixa energia e maior empacotamento,
já as reais compreendem os defeitos possíveis nas ideais.

Idealmente, o arranjo mais estável dos poliedros de coordenação


num cristal será aquele que minimiza a energia por unidade de
volume ou, em outras palavras, aquele que:
1. preserva a neutralidade elétrica;
2. satisfaz à direcionalidade e ao caráter discreto (1) de todas as
ligações covalentes;
3. Minimiza a forte repulsão íon-íon;
4. Agrupa os átomos o mais compactamente possível,
compatível com as condições (1), (2) e (3).

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Estrutura cristalina
CRISTALIZAÇÃO

Simulação de uma processo de cristalização de um material


19 multifásico e sua respectiva microestrutura (a) e (b)
Estrutura cristalina
CRISTALIZAÇÃO
Quando os átomos estão ordenados de forma tridimensional em longas
distâncias (ordenamento de longo alcance).

Rede: Conjunto de pontos espaciais que


possuem vizinhança idêntica.
Parâmetro de rede: Parâmetro
dimensional que revela o tamanho da
célula unitária.

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Estrutura cristalina
As estruturas ideais compreendem:

ângulos  a,b,g
diferentes sistemas cristalinos

tamanho das arestas  a, b, c

7 Sistemas cristalinos
14 redes de Bravais*

* Uma rede espacial é um arranjo infinito, tridimensional de pontos, em que cada ponto tem
vizinhanças idênticas. Esses pontos são chamados pontos ou nós da rede. Os pontos da rede podem ser
arranjados de 14 modos diferentes, chamados de redes de Bravais (as possíveis combinações de
arranjos de cada tipo de sistema cristalino).

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Estrutura cristalina
CÉLULA UNITÁRIA
Existem diferentes tipos de células unitárias, que
dependem da relação entre seus ângulos e arestas.

Existem 14 tipos diferentes de


céluasl unitárias  redes de
Bravais, agrupadas em sete
tipos de estruturas cristalinas
(sistemas cristalinos).

Exemplos de células unitárias (tipos


diferentes d estruturas cristalinas)
22
Estrutura cristalina
Redes de bravais

23
Estrutura cristalina
Redes de bravais

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Estrutura cristalina
Número de átomos por célula unitária
É o número específico de pontos da rede
que define cada célula unitária.

- Átomo no vértice da célula unitária


cúbica: partilhado por sete células
unitárias em contato somente 1/8 de cada vértice
pertence a uma célula particular.
Átomo da face centrada:
partilhado por duas
células unitárias.

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Estrutura cristalina
Número de átomos por célula unitária

Exemplo 1: Determine o número de átomos da rede cristalina


por célula no sistema cristalino cúbico simples (CS).

Resposta???
Vamos pensar um pouco….

CS  n° pontos da rede = 8(cantos) *1/8 = 1 átomo


célula unitária
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Estrutura cristalina
Número de átomos por célula unitária

Exemplo 2: Determine o número de átomos da rede cristalina


por célula no sistema cristalino cúbico corpo centrado (CCC).

Resposta???
Vamos pensar mais um pouco….

CCC  n° pontos da rede = 8(cantos) *1/8 + 1 átomo = 2 átomos


célula unitária
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Estrutura cristalina
Número de átomos por célula unitária

Exemplo 3: Determine o número de átomos da rede cristalina


por célula no sistema cristalino cúbico face centrado (CFC).

Resposta???
Vamos pensar mais um pouco….

CFC  n° pontos da rede = 8(cantos) *1/8 + 6(faces)*1/2 = 4 átomos


célula unitária 8
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Estrutura cristalina
Número de átomos por célula unitária

CS  1 átomo
CCC  2 átomos
CFC  4 átomos

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Estrutura cristalina
Relação entre raio atômico e parâmetro de rede

Determina-se primeiramente como os átomos estão em


contato (direção de empacotamento fechado, ou de maior
empacotamento).

 Geometricamente determina-se a relação entre o raio


atômico (r) e o parâmetro de rede (ao).

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Estrutura cristalina
Relação entre raio atômico e parâmetro de rede
Exemplo 4: Determine a relação entre o raio atômico e o parâmetro da rede
cristalina para as células unitárias do sistema cristalino cúbico (CS, CFC, CCC).

CÚBICO SIMPLES

Contato entre os átomos ocorre através


da aresta da célula unitária

ao = r + r

ao = 2r

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Estrutura cristalina
Relação entre raio atômico e parâmetro de rede
Exemplo 4: Determine a relação entre o raio atômico e o parâmetro da rede
cristalina para as células unitárias do sistema cristalino cúbico (CS, CFC, CCC).
CÚBICO DE FACE CENTRADA

Contato entre os átomos ocorre


dface2 = ao2 + ao2 ao = 4r
através da diagonal da face da
célula unitária (4r)2 = 2ao2 21/2

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Estrutura cristalina
Relação entre raio atômico e parâmetro de rede
Exemplo 4: Determine a relação entre o raio atômico e o parâmetro da rede
cristalina para as células unitárias do sistema cristalino cúbico (CS, CFC, CCC).
CÚBICO DE CORPO CENTRADO

Contato entre os átomos ocorre através


da diagonal do cubo da célula unitária

Dcubo2 = ao2 + dface2


(4r)2 = 3ao2

ao = 4r
31/2

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Estrutura cristalina
Relação entre raio atômico e parâmetro de rede
Exemplo 5: O raio atômico do ferro é 1,24 A. Calcule o parâmetro de rede do
Fe CCC e CFC.
Fe CCC Fe CFC

ao = 4r
ao = 4r
31/2
21/2
ao = 4 x 1,24 = 2,86 A ao = 4 x 1,24 = 3,51 A
31/2 21/2
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Estrutura cristalina
Número de coordenação

É o número de vizinhos mais próximos, depende de:

-covalência (o número de ligações


covalentes que um átomo pode
compartilhar);
- fator de empacotamento cristalino.

CÚBICO
NC = 6
SIMPLES

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Estrutura cristalina
Número de coordenação

CÚBICO DE
CORPO
CENTRADO

NC = 8

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Estrutura cristalina
Número de coordenação

CÚBICO
DE FACE NC = 12
CENTRADA

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Estrutura cristalina Célula unitária HC

Número de coordenação

Número de átomos por célula unitária


- 2*(1/2 de átomo) das faces
- 12*(1/6 de átomo) dos vértices
- 3*(1 átomos) no centro da célula unitária
=> 6 átomos por célula unitária

Número de Coordenação = 12

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HEXAGONAL COMPACTO
Estrutura cristalina
Fator de empacotamento

Fator de empacotamento é a fração de volume da


célula unitária efetivamente ocupada por átomos,
assumindo que os átomos são esferas rígidas.

FE = (n° átomos / célula) * volume cada átomo


volume da célula unitária

Exemplo 6: Calcule o fator de empacotamento do sistema


cúbico (CS, CFC e CCC).

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Estrutura cristalina
Fator de empacotamento

CS FE = (1 átomo / célula) * (4r3/3)


ao 3
FE = (1 átomo / célula) * (4r3/3) = 0,52
(2r)3
CCC FE = (2 átomo / célula) * (4r3/3)
ao3
FE = (2 átomo / célula) * (4r3/3) = 0,68
(4r/31/2)3
CFC FE = (4 átomo / célula) * (4r3/3)
ao 3
FE = (4 átomo / célula) * (4r3/3) = 0,74
(4r/21/2)3
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Estrutura cristalina
Densidade

A densidade teórica de um cristal pode ser calculada


usando-se as propriedades da estrutura cristalina.

 = (n° átomos / célula)*(massa atômica de cada átomo)


(volume da célula unitária) * (n° de Avogadro)

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Estrutura cristalina
Densidade

Exemplo 7: Determine a densidade do


Fe CCC, que tem um a0 de 2,866 A.

Átomos/célula = 2 átomos
Massa atômica = 55,85 g/g.mol
Volume da célula unitária = a03 = 23,55 10-24 cm3/célula
Número de Avogadro = 6,02 1023 átomos/g.mol

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Estrutura cristalina
Densidade

Exemplo 7: Determine a densidade do


Fe CCC, que tem um a0 de 2,866 A.
= (2 átomos / célula)*(55,85 g/g.mol)
(23,55 10-24 cm3/célula) * (6,02 1023 átomos/g.mol)

 = 7,879 g/cm3

A densidade medida é 7,870 g/cm3. Por que a diferença


da densidade teórica e a medida?

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Estrutura cristalina
Resumo da estrutura cúbica

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Estrutura cristalina
Resumindo....
Número de átomos por célula: Quantidade de átomos dentro da célula unitária.
Parâmetro de rede vs. atômico:
CÚBICO SIMPLES CÚBICO DE FACE CENTRADA CÚBICO DE CORPO CENTRADO

ao = 2r 4r = ao21/2 4r = ao31/2

Número de coordenação: É o número de átomos vizinhos mais próximos.


Fator de empacotamento: É a fração de volume da célula unitária efetivamente
ocupada por átomos, assumindo que os átomos são esferas rígidas.
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Estrutura cristalina
Alotropia ou transformações polimórficas

Alguns metais e não-metais podem ter


mais de uma estrutura cristalina
dependendo da temperatura e pressão.

Materiais de mesma composição química, mas que


podem apresentar estruturas cristalinas diferentes,
são denominados de alotrópicos ou polimórficos.

Geralmente as transformações polimórficas são


acompanhadas de mudanças na densidade e
mudanças de outras propriedades físicas.

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Estrutura cristalina
Alotropia ou transformações polimórficas
Alotropia ou Polimorfismo

Mesmo elemento químico  substâncias diferentes

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Estrutura cristalina
Alotropia ou transformações polimórficas
TRANSFORMAÇÕES DE FASE VERSUS DILATOMETRIA

a 906°C e 1409°C
A diferença deve-se
provavelmente a
impurezas e à
policristalinidade.

Mudança de
Volume = -1,34

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Direções e planos no cristal
Introdução

Ao se tratar de materiais cristalinos muitas vezes é necessário especificar


algum plano cristalográfico de átomos ou uma direção cristalográfica de
átomos.

As propriedades de muitos materiais são direcionais, por exemplo o


módulo de elasticidade do FeCCC é maior na diagonal do cubo que na
direção da aresta.

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Direções e planos no cristal
Introdução

O estudo de planos e direções atômicas é importante para:

A determinação da estrutura cristalina: Os métodos de difração medem


diretamente a distância entre planos paralelos de pontos (átomos) da rede
cristalina  determinam-se os parâmetros de rede de um cristal.
Analisar o comportamento da deformação plástica: A deformação plástica
(permanente) dos metais ocorre pelo deslizamento dos átomos, escorregando
uns sobre os outros no cristal. (tende a acontecer, preferencialmente, ao longo
de planos e direções específicos do cristal).

Auxiliar na compreensão das propriedades de transporte: Em certos


materiais, o transporte de elétrons de condução é maior em determinados
planos e reduz-se em planos distantes destes.

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Direções e planos no cristal
Introdução

Exemplos:

Na grafita, a condução de calor é mais rápida nos planos unidos


covalentemente sp2 do que nas direções perpendiculares a esses planos.

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Direções e planos no cristal
Introdução

Exemplos:

Nos supercondutores a base de YBa2Cu3O7 (YBCO),


alguns planos contêm somente Cu e O. Estes planos
conduzem pares de elétrons (chamados pares de
Cooper) que são os responsáveis pela
supercondutividade.
Estes supercondutores são eletricamente isolantes em
direções perpendiculares as dos planos Cu-O.

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Direções e planos no cristal
Posições atômicas em células unitárias cúbicas

Na natureza das estruturas cristalinas uma posição reticular (ou da rede


cristalina) é estruturalmente equivalente à posição em qualquer outra célula
da mesma estrutura, por isso usamos apenas uma célula unitária para
compreender as posições, direções e planos em que os átomos estão
arranjados no cristal.
Essas posições estão conectadas por meio de translações que são múltiplos
inteiros das constantes reticulares ao longo das direções paralelas aos eixos
cristalográficos.

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Direções e planos no cristal
Posições atômicas em células unitárias cúbicas

Para localizar as posições atômicas em células unitárias cúbicas, usam-se os


eixos ortogonais x, y e z. Os sentidos positivos e negativos dos eixos cartesianos
são dados por convenção como mostra a figura abaixo:

Eixos ortogonais x, y, z utilizados para localizar as posições


dos átomos nas células unitárias cúbicas.

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Direções e planos no cristal
Posições atômicas em células unitárias cúbicas
As posições dos oito átomos que se
encontram nos vértices da célula unitária
CCC são:
•(0,0,0);
•(1,0,0);
•(0,1,0);
•(0,0,1);
•(1,1,1);
•(1,1,0);
•(1,0,1);
•(0,1,1).
O átomo no centro da célula unitária CCC
tem as coordenadas:
Posições atômicas numa célula unitária CCC • (1/2, 1/2, 1/2).

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Direções e planos no cristal
Direções atômicas em células unitárias cúbicas

• Fazer referência a direções específicas nas redes cristalinas é


particularmente importante no caso dos metais e ligas com propriedades
que variam com a orientação cristalográfica;
• Algumas direções da célula unitária são de particular importância, por
exemplo os metais se deformam ao longo da direção de maior
empacotamento.
• Algumas propriedades dos materiais dependem da direção do cristal em
que se encontram e são medidas.
• Os índices de Miller das direções são usados para descrever estas direções.

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Direções e planos no cristal
Direções atômicas em células unitárias cúbicas

ÍNDICES DE MILLER PARA DIREÇÕES:

1. Definir dois pontos por onde passa a direção

2. Definir o ponto alvo e origem, fazendo-se: ALVO-ORIGEM

3. Eliminar as frações e reduzir ao m.m.c.

4. Escrever entre colchetes, e se houver n° negativo o sinal é colocado sobre o n°.

x y z

[h k l]
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Direções e planos no cristal
Direções atômicas em células unitárias cúbicas
Exemplo: Determine os Índices de Miller das direções A, B e C, da figura abaixo.

Direção C: Direção B:
1. alvo= 0, 0, 1; origem= 1/2, 1, 0 1. alvo= 1,1,1; origem= 0, 0, 0
2. alvo - origem = -1/2, -1, 1 2. alvo - origem = 1, 1, 1
3. 2 x (-1/2, -1, 1) = -1, -2, 2 3. sem frações
4. [1 2 2] 4. [1 1 1]

Direção A:
1. alvo= 1, 0, 0; origem= 0, 0, 0
2. alvo - origem = 1, 0, 0
3. sem frações
4. [1 0 0]

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Direções e planos no cristal
Direções atômicas em células unitárias cúbicas
Algumas observações

• direção e suas múltiplas são idênticas  [111]  [222];


• índices de Miller simétricos não são da mesma direção:
(direções e suas negativas não são idênticas)  [111]  [111];
•As direções dizem-se cristalograficamente equivalentes (simétricas) se,
ao longo dessas direções, o espaçamento entre os átomos for o mesmo.
Por exemplo, as seguintes direções, correspondentes às arestas do cubo,
são cristalograficamente equivalente:
[1 0 0], [0 1 0], [0 0 1], [0 1 0], [0 0 1], [1 0 0]  <100>

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Direções e planos no cristal
Direções atômicas em células unitárias cúbicas
Algumas observações
•Direções equivalentes designam-se por índices de uma família ou forma.
Utiliza-se a notação <100> para indicar todas as direções correspondentes às
arestas do cubo.
•Outros exemplos são: as diagonais do cubo, que pertencem à forma <1 1 1>, e
as diagonais das faces do cubo, que pertencem à forma <110>.

FAMÍLIA DE DIREÇÕES: conjunto de


Índices de Miller onde todos tem
mesma simetria/equivalência.

Exemplo para simetria cúbica


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Direções e planos no cristal
Direções atômicas em células unitárias cúbicas

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Direções e planos no cristal
Direções atômicas em células unitárias cúbicas

Exemplo: Desenhe os seguintes vetores-direção, em células unitárias cúbicas:


(a) [100] e [110];

As coordenadas de posição da direção


[100] são (1,0,0).
As coordenadas de posição da direção
[110] são (1,1,0).

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Direções e planos no cristal
Direções atômicas em células unitárias cúbicas

Exemplo: Desenhe os seguintes vetores-direção, em células unitárias cúbicas:


(b) [112];

As coordenadas de posição da
direção [112] são obtidas dividindo
os índices da direção por 2, de
modo a que caiam dentro do cubo.
Assim, obtém-se (1/2, 1/2,1)

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Direções e planos no cristal
Direções atômicas em células unitárias cúbicas

Exemplo: Desenhe os seguintes vetores-direção, em células unitárias cúbicas:


(c) [110]

As coordenadas de posição
da direção [1 1 0] são (-1,1,0).
Note que a origem do vetor-
direção tem de ser deslocada
para o vértice inferior
esquerdo da face frontal do
cubo.

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Direções e planos no cristal
Direções atômicas em células unitárias cúbicas

Exemplo: Desenhe os seguintes vetores-direção, em células unitárias cúbicas:


(d) [321]

As coordenadas de posição da
direção [3 2 1] são obtidas
dividindo todos os índices por 3,
que é o índice maior. Obtém-se,
para coordenadas do ponto de
saída da direção [ 3 2 1 ], os
valores -1, 2/3, -1/3.

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Direções e planos no cristal
Direções atômicas em células unitárias cúbicas
Exercício: Determine os vetores-direção, ou índices de Miller para as direções
indicadas na célula unitária abaixo.

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Direções e planos no cristal
Direções atômicas em células unitárias cúbicas

Outra maneira de caracterizar as direções é através da distância de


repetição, fator de empacotamento e densidade linear.

67
Direções e planos no cristal
Direções atômicas em células unitárias cúbicas
Exemplo: Calcular a densidade linear na direção [1 0 0] para o potássio (K).

Dados: K - CCC
r - 0,2312 nm L = n° átomos
unid comprimento

L = 1/2 + 1/2
ao

ao= 4r/31/2

L = 0,187 átomos/Å

Exercício: Qual a densidade linear na direção [1 1 0] para o K?

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Direções e planos no cristal
Direções atômicas em células unitárias cúbicas

FATOR DE EMPACOTAMENTO DISTÂNCIA DE REPETIÇÃO (Dr): De


LINEAR (FE): É quanto da direção quanto em quanto se repete o centro de
está definitivamente coberta por um átomo. É o inverso da densidade
átomos. linear.

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Direções e planos no cristal
Direções atômicas em células unitárias cúbicas
Exemplo: Calcule a distância de repetição, densidade linear e o fator de
empacotamento para a direção [1 1 1] do Cu CFC. (ao=3,6151 A)

Distância de repetição

o centro do átomo se
repete a cada diagonal
do cubo

Dr = a0 31/2
Dr = 3,6151.10-8 x 31/2
Dr = 6,262 10-8 cm

70
Direções e planos no cristal
Direções atômicas em células unitárias cúbicas
Exemplo: Calcule a distância de repetição, densidade linear e o fator de
empacotamento para a direção [1 1 1] do Cu CFC. (ao=3,6151 A)

Densidade linear (L)

L = 1/ Dr = 1/ 6,262 10-8
L = 1,597 107 átomos/cm

Fator de empacotamento (FE)

FE = 2r/ Dcubo = 0,408


Exercício: Compare a Dr, L e o FE para as direções [1 1 1] e [1 1 0] do Cu CFC.
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Direções e planos no cristal
Planos atômicos em células unitárias cúbicas

Numa estrutura cristalina é, por vezes, necessário fazer referência a


determinados planos de átomos, ou pode haver interesse em
conhecer a orientação cristalográfica de um plano ou conjunto de
planos de uma rede cristalina.

Para identificar planos cristalográficos, numa estrutura cristalina


cúbica, usa-se o sistema de notação de Miller  Os índices de Miller
para planos

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Direções e planos no cristal
Planos atômicos em células unitárias cúbicas

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Direções e planos no cristal
Planos atômicos em células unitárias cúbicas
Exemplo 4: Determine os Índices de Miller para os planos A, B e C da
figura abaixo. Plano A:
1. 1 1 1 Plano B:
2. 1/1 1/1 1/1 1. 1 2 
3. Não tem frações 2. 1/1 1/2 1/
4. (1 1 1) 3. 2 1 0
4. (2 1 0)

Plano C: passa pela


origem
(x’, y’, z’)
1.  -1 
2. 1/  1/-1 1/
3. 0 -1 0
4. (0 1 0)

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Direções e planos no cristal
Planos atômicos em células unitárias cúbicas

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Direções e planos no cristal
Planos atômicos em células unitárias cúbicas
Exemplo: Determine os índices de Miller para os planos num cristal cúbico
mostrado na Figura abaixo:

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Direções e planos no cristal
Planos atômicos em células unitárias cúbicas
Exemplo: Determine os índices de Miller para o plano A mostrados na célula
unitária abaixo:

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Direções e planos no cristal
Planos atômicos em células unitárias cúbicas

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Direções e planos no cristal
Planos atômicos em células unitárias cúbicas

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Direções e planos no cristal
Planos atômicos em células unitárias cúbicas
Exemplo: Calcule a densidade planar e o fator de empacotamento planar para
os planos (0 1 0) e (0 2 0), para o sistema cúbico simples do polônio (Po), o qual
tem a0 = 3,34 10-8 cm.
(020) planar = n° átomos
área

planar (0 1 0) = 1 átomo = 8,96 1014 átomos/cm2


(010) ao 2

FEplanar = área de átomos por face


área da face
planar (0 2 0) = zero
FEplanar (0 1 0) = 1 átomo (r2)= 0,79
FEplanar (0 2 0) = zero a o2

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Análise cristalográfica - Difração de Raios X
Raios X

Wilhelm Conrad Röntgen (1845-1923)


Físico alemão

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Análise cristalográfica - Difração de Raios X
Raios X

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Análise cristalográfica - Difração de Raios X
Difração
A luz visível tem comprimento de onda da ordem de 1000 nm – ranhuras em um vidro

Raios X:
Na estrutura cristalina:
• Interação do fóton com o orbital
de elétrons.
• O empilhamento de átomos tem
a mesma função que as ranhuras
da figura ao lado.

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Análise cristalográfica - Difração de Raios X
Difração de Raios X

Fenômeno de espalhamento da radiação eletromagnética,


provocada pela interação entre o feixe de raios-X incidente e os
elétrons dos átomos componentes de um material .
Raios X Feixe difratado

Feixe atravessa o cristal

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Análise cristalográfica - Difração de Raios X
O FENÔMENO DA DIFRAÇÃO
Quando um feixe de raios x é dirigido à um material cristalino, esses
raios são difratados pelos planos dos átomos ou íons dentro do cristal

O DIFRATÔMETRO:

• T= fonte de raios X
• S= amostra
• C= detector
• O= eixo no qual a amostra e o
detector giram

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Análise cristalográfica - Difração de Raios X
Difração de Raios X
l = 0,1542 nm (radiação CuKa)

Exemplo de difração de raios X em um pó de alumínio.

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Análise cristalográfica - Difração de Raios X
Difração de Raios X

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Análise cristalográfica - Difração de Raios X
Difração de Raios X

Difratogramas de raios-X das pastas hidratadas com 07 dias: (a) Pastas com CPI e AZ2-3; (b)
88 do primeiro pico da portlandita (d=4,92Å) das pastas com CPI e AZ2-3
Detalhe Prof. Felipe A.L. Sánchez

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