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DIR INTERNACIONAL PÚBLICO

UNESA CAMPUS CABO FRIO

ALUNO EVERALDO FREDMAN


MATRICULA 201804054445
TURMA 1011
PROF ANA CAROLINA TYMKIW

Caso concreto 4

Ex-dirigente de federação sul-americana de futebol, após


deixar o cargo que exercia em seu país de origem, sabedor de
que existe uma investigação em curso na Colômbia, opta
por fixar residência no Brasil, pelo fato de ser estrangeiro
casado com brasileira, com a qual tem dois filhos pequenos.
Anos depois, já tendo se naturalizado brasileiro, o governo da
Colômbia pede a sua extradição em razão de sentença que o
condenou por crime praticado quando ocupava cargo na
federação sul-americana de futebol. Diga sobre a
possibilidade de extradição e fundamente. (FGV – adaptada)

RESPOSTA: NÃO será possível a extradição nos termos da lei de imigração de


24 de maio de 2017 Lei de Migração (Lei nº 13.445/2017) que entrou em vigor em 21
de novembro de 2017.

“Art. 5º, LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso


de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;”

Segundo o autor de Mello (2006):

1. Extradição de fato – tem seu fundamento na cortesia internacional, na entrega de


criminosos sem que haja qualquer procedimento jurídico. É uma entrega de fato do
criminoso. Ela é utilizada em regiões de fronteiras. No Brasil é empregado no Rio
Grande do Sul. 4 2. Extradição de direito – consiste na extradição feita conforme as
normas jurídicas e internacionais. Toda extradição deve se pressupor ser realizada
segundo os cânones das normas jurídicas. 3. Extradição ativa – é a vista pelo ângulo de
quem formula o pedido de extradição. A decisão final é do executivo, mas implica em
apreciação pelo Poder Judiciário. 4. Extradição Instrutória – é quando o pedido de
extradição é formulado a fim de submeter o indivíduo em processo criminal. 5.
Extradição executória – o pedido de extradição é formulado a fim de obrigar o indivíduo
a cumprir pena ao que foi condenado.
6. Extradição de trânsito – na verdade, não chega a ocorrer. Esta expressão tem sido
utilizada para o caso do indivíduo extraditado para atingir o requerente tiver que
atravessar o território de um terceiro estado. Entretanto, o terceiro Estado não dá a
extradição, na verdade há uma passagem inocente. 7. Reextradição – surge quando um
indivíduo é extraditado para um Estado, e este dá sua extradição a um terceiro Estado. A
Reextradição somente pode ser concedida se o primeiro Estado, ao conceder a
Extradição der sua autorização (art.12, leta “e” do Decreto-lei nº.394 de 28 de abril de
1938). O Decreto nº.941 e Lei nº.394, somente admitiam duas(02) exceções para a
reextradição ser dada independente do consentimento do Brasil: a) se o extraditado
consentisse; b).permanecer em liberdade no território do Estado em mês depois de
julgado e absolvido ou cumprido a pena.) A proibição da reextradição é no fundo em
respeito ao princípio da especialidade. Por outro lado, admitir que o próprio indivíduo
poderia dever a sua concordância é uma tese que não tem aceitação, vez que o
extraditado pode ser forçado16 a isto. 8. Extradição simplificada – é uma extradição
sem um processo formado quando as leis permitem ou quando a pessoa consente. (2006,
p.204-206)

EMENTA:
 EXTRADIÇÃO INSTRUTÓRIA. ESTADOS UNIDOS MEXICANOS.
EXTRATERRITORIEDADE DOS CRIMES. COMPETÊNCIA CONCORRENTE.
AUSÊNCIA DE PROCESSO CRIMINAL NO BRASIL. COMPETÊNCIA
MEXICANA. PRÁTICA DE INFRAÇÕES PENAIS COMUNS, DESVESTIDAS DE
CARÁTER POLÍTICO. DELIQUÊNCIA ORGANIZADA. TRÁFICO DE PESSOAS.
EXPLORAÇÃO DE MATERIAL COM CONTEÚDO PORNOGRÁFICO
ENVOLVENDO MENORES DE IDADE. REQUISITOS PREENCHIDOS PARA
DEFERIMENTO DA EXTRADIÇÃO. I – Em se tratando de crimes transnacionais, a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que prevalece a jurisdição
estrangeira, caso ainda não tenha procedimento judicial persecutório contra o
extraditando no Brasil (Ext 638, Rel. Min. Carlos Veloso; Ext 1.151, Rel. Min. Celso de
Mello). II – Os crimes de delinquência organizada e tráfico de pessoas, mediante
exploração de material com conteúdo pornográfico envolvendo menores de idade são
delitos comuns, desvestidos de caráter político, que preenchem os requisitos de dupla
tipicidade e punibilidade, ficando autorizada a extradição a esse respeito. III- O Estado
requerente comprometeu-se a detrair da pena o período da prisão decorrente
da extradição, bem como o cumprimento dos demais compromissos previstos na Lei de
Migração e no Acordo de Extradição entre Brasil e México. IV – Extradição autorizada
por esta Suprema Corte, nos termos do art. 7° do Tratado de Extradição entre o Brasil e
o México, com a finalidade da entrega do extraditando ao Estado requerente, bem como
dos objetos requeridos no pedido inicial. V – Extradição deferida.

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