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Faculdade de Direito de Lisboa

DIREITO ADMINISTRATIVO II/ NOITE 2ª ÉPOCA/ 2021

Subturmas 2 e 4

- Casos Práticos -

Princípios gerais da actividade administrativa

Caso prático n.º 1

Valério, médico de clínica geral, solicitou à Câmara Municipal de Oliveira dos Azeméis
a emissão de licença para a construção de uma moradia na cidade. O Presidente da Câmara,
a quem tinham sido delegadas as competências para o efeito, respondeu-lhe que apenas
concederia a licença se Valério se comprometesse a prestar consultas gratuitas no lar da
Santa Casa de Misericórdia de Oliveira de Azeméis. Pode fazê-lo?

Caso prático n.º 2

O Estabelecimento Prisional de Évora (EPE) procedeu ao anúncio de um concurso


relativo ao fornecimento de refeições confeccionadas para os reclusos entre os anos de
2021 e 2023. No aviso do concurso exigiam-se, entre outros requisitos, que os
concorrentes tivessem nacionalidade portuguesa e que tivessem experiência no ramo da
música, tendo-se fixado o prazo de dois meses para a apresentação das propostas. Suponha
as seguintes hipóteses:

a) O Director do EPE decidiu adjudicar o contrato à empresa “Vegan” porque


um dos sócios é cunhado dele;
b) A empresa “Cozido à portuguesa” foi excluída porque um dos sócios é adepto
fervoroso do Sport Évora e Benfica;
c) A empresa “Francesinha” contesta o facto de não ter sido ouvida antes da
tomada de decisão e o facto de esta lhe ter sido comunicada por email;
d) A empresa “Detox” não pôde participar porque, entretanto, o EPE decidiu
reduzir o prazo de apresentação das propostas para um mês;
e) A empresa “Sushiman”, que ficou classificada em último lugar, inconformada
com a decisão, solicitou ao EPE a consulta do processo administrativo, o que
foi recusado;
f) A empresa “Masala”, que considera ter apresentado a proposta mais vantajosa,
contesta o facto de a sua candidatura não ter sido sequer analisada.

Pronuncie-se sobre a conformidade da actuação do EPE aos princípios gerais da actividade


administrativa.

Caso prático n.º 3

a) No âmbito da revisão do plano de pormenor do Poço Quente, o Município de


Vizela decidiu contratar a arquitecta Bruna. Sabendo-se que Bruna foi, há três
anos, autora do projecto de arquitectura da moradia de Luís, localizada na
Quinta do Poço Quente, pronuncie-se sobre a legalidade de tal actuação.

b) Suponha que, em desrespeito do referido plano de pormenor, a Câmara


Municipal de Vizela deliberou, em Janeiro de 2018, atribuir a Deise uma licença
para construção em área destinada a espaços verdes. Na reunião camarária
estiveram presentes Maria, tia de Deise, e Dan, genro de Sara, a quem
(Beatriz) Deise havia oferecido um cachecol do seu clube do coração, o
glorioso SLB. A deliberação é legal?

c) Imagine agora que, ao saber desta deliberação, Francisco, proprietário de


terreno contíguo ao de Deise, e a quem, em Junho de 2017, a Câmara
Municipal havia indeferido pedido de licença construção com base na violação
do referido plano de pormenor, decide, em Março de 2018, interpor novo
requerimento solicitando o mesmo, ao qual a Câmara Municipal até hoje nada
respondeu. Francisco considera que a actuação da Câmara Municipal viola
flagrantemente a Constituição e pretende contestá-la junto dos tribunais. Tem
razão?

Caso prático n.º 4

Leonor, funcionária da Direcção Geral da Saúde, requereu ao Director-geral que lhe


fosse concedido uma semana de férias no período do Carnaval, o que foi prontamente
deferido. Em virtude de extemporâneo aumento de volume de trabalho nessa altura e
também com o objectivo de arrecadar alguma receita para o Ministério da Saúde, o
Director-geral decidiu instaurar um processo disciplinar a Leonor por violação dos deveres
de assiduidade, que findou com a aplicação de uma multa no valor de 5000 euros. Leonor,
que nunca soube da instauração de qualquer processo disciplinar, ficou perplexa quando o
Director-geral da Saúde lhe telefonou informando-a da decisão tomada. Como pode Sara
contestar a actuação do Director-geral?
Sandra Lopes Luís

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