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Conviver com trauma

Oficina de Psicologia
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Como é que o trauma afecta as suas vítimas?

Os acontecimentos traumáticos ocorrem com uma violência completamente


inesperada. Em muitos casos são acompanhados de lesões físicas ou pela perda de
entes queridos, amigos ou familiares e, acima de tudo, são seguidos de uma resposta
emocional intensa. Assim, as vítimas de trauma enfrentam um leque alargado de
dificuldades:

Muitas vezes questionam-se sobre o que fizeram para que tal acontecesse ou o que
poderiam ter feito para o evitar .

Outros perguntar-se-ão quando como é que se vão curar e porque é que já não
conseguem estabelecer relações próximas com os que lhes são queridos, como se
deixassem de se sentir ligados

É também comum para os que sofrem desta perturbação sentir raiva e frustração por
terem a sensação de que nunca vão voltar a sentir-se bem e questionam-se muitas
vezes sobre o que lhes reserva o futuro.

O facto de a pessoa ter estado envolvida num acontecimento traumático (que na


generalidade coloca a pessoa em contacto com a morte) deixa uma imagem vívida na
sua memória. Estas imagens passam a introduzir-se no seu pensamento quando está

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acordada e surgem como pesadelos durante o sono. O cérebro de uma vítima de trauma
irá armazenar informação sobre todos os aspectos relevantes da situação e poderá
recapitulá-las várias vezes. Assim, é frequente surgirem imagens nos seus pensamentos
que são activadas quando existe uma situação (em programas de televisão, ou algo que
se fez ou disse) que está relacionada com o acontecimento traumático.

Estas recordações momentâneas podem gerar apenas alguma ansiedade pelo facto de
estarem relacionadas com o trauma ou podem assumir a forma de flashbacks – que são
experiências de extrema ansiedade em que a pessoa pode acreditar que está de novo
perante a situação de ameaça perdendo o contacto com a realidade à sua volta.

Estes flashbacks são muito perturbadores para a vítima de trauma porque, por um lado,
as recordações activadas são bastante dolorosas e, por outro, por serem imprevisíveis
existe uma aparente incapacidade de controlo sobre eles. Algumas vítimas acreditam
que com este fenómeno estão a “ficar loucas” e evitam partilhar com os familiares e
amigos estas sensações. Esta atitude conduz muitas vezes a um aumento da distância
entre todos os envolvidos, podendo levar a conflitos frequentes, amargura, silêncios e
se durar muito ao desmoronar das relações significativas.

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As vítimas pensam inicialmente que os sintomas sentidos vão durar pouco tempo e
começam a ficar preocupados quando estes continuam, frequentemente piorando. O
que torna difícil às famílias compreenderem e lidarem eficazmente com a situação.

O seu comportamento pode passar a ter um padrão imprevisível, por exemplo, ataques
de choro súbitos, ou de pânico, irritabilidade e explosões de raiva sem razão aparente.
Perdem o interesse por inúmeras actividades que lhes davam prazer e que eram
significativas, a sua auto-confiança é abalada e instala-se um humor depressivo
persistente.

Depois do trauma as pessoas sentem como se as suas vidas se tivessem partido em


duas. Os acontecimentos do passado tornam-se desconectados do presente e não existe
articulação com projectos futuros. Muitas vezes, a pessoa terá de reequacionar o
significado da sua vida e a própria personalidade poderá sofrer alterações significativas,
adoptando novos valores e perspectivas sobre si própria.

Os seus processos de pensamento também se tornam mais incapacitados, apresentando


dificuldades de concentração e memória.

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Como pode ajudar?

Encoraje a vítima de trauma a procurar ou a continuar o tratamento: pode ser difícil a


aceitação desta ideia, porque o tratamento implica sempre um confronto com as
memórias traumáticas e com a dor que está associada às mesmas. Pode demorar algum
tempo a amadurecer esta ideia, mas o seu encorajamento e suporte antes, durante e
após o tratamento será sempre uma ajuda fundamental. Não se esqueça, o seu
envolvimento e compreensão do problema pode ajudar o seu ente querido a procurar e
continuar o tratamento, mas a escolha é sempre dele(a).

Oiça e comunique,: encorajando a pessoa a partilhar os seus sentimentos, fazendo-a


compreender que não está só. Ouvir atentamente para compreender o significado da
experiência traumática, mas tendo em atenção que lhe deve dar espaço para que seja
ela a regular a partilha no sentido do maior conforto possível. Não se precipite com
muitos comentários ou perguntas. O mais importante é estar e ouvir.

Evite a culpabilização: tranquilize a vítima de que o facto de ela ter estado envolvida
num acontecimento traumático não foi por culpa dela. Por estranho que lhe possa
parecer, muitas vezes as vítimas de trauma questionam-se sobre se a culpa foi delas ou
se poderiam ter feito algo para o evitar. É importante que oiçam “Não estás só,
compreendo-te e a culpa não foi tua”.

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Acompanhe a vida prática e pergunte-lhe o que precisa: após o trauma muitas pessoas
sentem que não têm qualquer controlo sobre a sua vida. Poderá ser necessário que
ajude nas tarefas práticas, nalgumas responsabilidades que estavam anteriormente
asseguradas e na manutenção de rotinas providenciando soluções e alternativas válidas
que diminuam o sofrimento.

Seja paciente e procure ter expectativas realistas: demora tempo para que as
consequências do trauma sejam modificadas, para que a pessoa lide com elas e possa
restaurar um estilo de vida e de relacionamento com os outros satisfatórios. Para poder
ser um bom suporte e ter uma perspectiva optimista terá de compreender que a
recuperação demora alguns meses ou até um pouco mais, dependendo da gravidade do
problema.

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Para si

Não hesite em procurar ajuda profissional para si ou qualquer outro membro familiar
porque pode ser bastante difícil, por vezes, cuidar ou conviver com alguém que sofre de
perturbação pós-stress traumático.

Assegure-se de que tem descanso suficiente, de que dorme as horas de sono


necessárias, alimente-se bem e tenha momentos que lhe permitam relaxar.

Mantenha os seus contactos e a sua vida social, evitando isolar-se. Partilhe com outras
pessoas significativas as suas dificuldades e procure apoio nos momentos mais difíceis,
para que não se sinta sozinho(a).

Procure dar suporte mas sem substituir o terapeuta, não exija de si o que não pode dar
e concentre-se naquilo que pode fazer.

Mantenha ou cultive as suas áreas de interesse pessoal que lhe sejam gratificantes,
guardando alguns momentos do dia só para si, para se poder dedicar às mesmas.

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