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empregador, que serão por ele designados e por repre-

sentantes dos empregados, os quais serão eleitos, em


escrutínio secreto, participando unicamente os empre-
gados interessados. Se a empresa estiver desobrigada
de constituir CIPA, porque o estabelecimento não se
enquadra no dimensionamento previsto na NR5, qual
providência deve ser encaminhada pela empresa com
relação à organização da CIPA?

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UNIDADE 02

SEGURANÇA NA
ENGENHARIA

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Caro aluno,

Seja bem-vindo (a)!


Nesta segunda unidade, apresentaremos aspectos
relacionados à Segurança do Trabalho e à Engenharia.
Vamos constatar que este ramo de atividade que englo-
ba várias áreas de atuação expõe seus profissionais aos
diferentes riscos existentes, obrigando o empregador a
controlá-los de modo a atender às exigências legais e
garantir a integridade do trabalhador para manter seu
negócio.
Neste capítulo, você poderá confirmar a multi-
disciplinaridade da Engenharia de Segurança do Traba-
lho e sua interdisciplinaridade.

Conteúdos da Unidade

Os conteúdos da unidade são a Conceituação da Se-


gurança na Engenharia, as exigências que se fazem pre-
sentes nos projetos de Engenharia Mecânica e os riscos
inerentes à profissão do Engenheiro Industrial. A Enge-
nharia de Segurança permeia todas estas áreas trazendo
sua contribuição técnica e legal fazendo cumprir o objeti-
vo de garantir a integridade do trabalhador.
Boa leitura.

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2.1. Conceituação de segurança
na engenharia

Considerando as modalidades de Engenharia es-


tabelecidas pelo Conselho Federal de Engenharia e
Agronomia (CONFEA), são assim apresentadas: civil,
elétrica, geologia e minas, agrimensura e agronomia,
podendo, ainda, incluir arquitetura, que atualmente in-
tegra conselho profissional exclusivo.
Além destas existe o Engenheiro de Segurança de
Trabalho, cujo exercício da engenharia de segurança do
trabalho é estabelecido pela Resolução n.° 359, de 31 de
julho de 1991. Trata-se de profissional com graduação
em engenharia ou arquitetura com curso de especializa-
ção em nível de pós-graduação em Engenharia de Se-
gurança do Trabalho.
Estas modalidades da engenharia englobam vá-
rias áreas de atuação profissional, contando com pro-
fissionais que desenvolvem suas atribuições em ramos
de atividades específicas, cujos ambientes e tarefas lhes
expõem a riscos específicos. Podemos, ainda, conside-
rar que nem todos os engenheiros vão trabalhar acom-
panhando a execução dos projetos desenvolvidos para
aquela modalidade, mas poderão atuar nas etapas de
projeto (etapa de planejamento), de execução (quando
o projeto está sendo realizado, tornando-se efetivo) ou
na fase após sua realização, como manutenção da obra
de construção civil, utilização e manutenção de máqui-
nas e equipamentos, entre outras situações. Dependen-
do da fase do projeto, os riscos presentes são diferentes.
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Vamos exemplificar, considerando uma das atri-
buições do engenheiro civil, a execução da obra defini-
da pelo projeto. Durante a fase de execução do projeto,
tratando-se de um edifício de uso comercial, para efeito
de exemplo, deverão ser atendidas as exigências relati-
vas às seguintes Normas Regulamentadoras:

• NR1 – Disposições Gerais;


• NR4 – Serviços Especializados em Engenharia de Se-
gurança e em Medicina do Trabalho;
• NR5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes;
• NR6 – Equipamentos de Proteção Individual – EPI;
• NR7 – Programas de Controle Médico de Saúde Ocu-
pacional – PCMSO;
• NR9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais;
• NR10 – Segurança em Instalações e Serviços em Ele-
tricidade;
• NR11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e
Manuseio de Materiais;
• NR12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equi-
pamentos;
• NR 15 – Atividades e Operações Insalubres;
• NR16 – Atividades e Operações Perigosas;
• NR17 – Ergonomia;
• NR18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na
Indústria da Construção;
• NR23 – Proteção Contra Incêndios;
• NR25 – Resíduos Industriais;
• NR26 – Sinalização de Segurança;
• NR33 – Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços
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Confinados;
• NR35 – Trabalho em Altura.

Além das Normas Regulamentadoras devem ser


cumpridas demais exigências legais municipais, estadu-
ais e federais e normativas vigentes no país.
Assim, este profissional deve ter sua atividade la-
borativa acrescida das exigências de Segurança do Tra-
balho para garantir que o serviço transcorra dentro do
previsto, atingindo-se o objetivo no prazo estabeleci-
do, inclusive em contrato, prevenindo-se acidentes do
trabalho ou doenças ocupacionais, sem paralisações
imprevistas, sem comprometimento à imagem da em-
presa no mercado.
Para auxiliá-lo no cumprimento das exigências re-
lativas à segurança do trabalho, o Engenheiro de Segu-
rança do Trabalho identificará os riscos presentes ou
que possam existir na execução da obra, definirá medi-
das de controle acompanhando a execução com o pro-
pósito de orientar as atividades sob a ótica da segurança
do trabalho. Os aspectos técnicos devem ser resolvidos
e orientados pelo Engenheiro Civil. Este exemplo de-
monstra a integração que deve existir entre as modali-
dades de Engenharia Civil e Engenharia de Segurança
do Trabalho. Ainda com relação à Engenharia Civil, ou-
tras a serem realizadas e sendo caracterizadas por proje-
tos mais complexos como a execução de obras de arte,
pontes e viadutos, por exemplo, ou em locais de grande
altitude ou temperaturas muito baixas apresentarão ou-
tros riscos que deverão ser avaliados.
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A Engenharia de Segurança dedica-se, portanto, à
aplicação dos princípios de engenharia e métodos cien-
tíficos para efetuar o controle de eventos que possam
resultar em acidentes com ou sem vítimas, incidentes
com perdas materiais, interrupção do processo produ-
tivo, desastres, incêndios, sinistros e todo evento que
possa produzir a descontinuidade operacional para a
empresa, com reflexos na imagem da empresa, prejudi-
cando acionistas, trabalhadores e a comunidade no en-
torno da empresa. Estuda ainda as causas de acidentes
do trabalho e de doenças ocupacionais para tendo co-
nhecimento destas, desenvolver soluções para que situ-
ações similares não ocorram novamente. As atribuições
do Engenheiro de Segurança do Trabalho pela Resolu-
ção n.° 437, de 27 de novembro de 1999 do CONFEA.

2.2. Segurança nos projetos de


engenharia mecânica

Os projetos em Engenharia Mecânica abrangem


os projetos de máquinas, ferramentas e equipamentos,
considerando os materiais e seu desempenho, a preven-
ção de falhas e projetos de elementos mecânicos numa
visão geral.
Vamos aqui abordar as exigências relativas a má-
quinas e equipamentos, definidas pelas Normas Regu-
lamentadoras, de modo a garantir que seu funciona-
mento e utilização não apresentem riscos adicionais
ao trabalhador.
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Nas Normas Regulamentadoras, a NR12 apre-
senta orientações para os trabalhos que são desenvol-
vidos em máquinas e equipamentos, a NR13 determi-
na as exigências relativas ao funcionamento, instalação
e uso de caldeiras e vasos de pressão e a NR 14 trata
sobre fornos.
Os objetos de estudo destas Normas Regulamen-
tadoras, máquinas, equipamentos, vasos de pressão, cal-
deiras e fornos devem apresentar características tais que
possibilitem sua utilização sem provocar acidentes.
Para as máquinas e equipamentos, devem ser pre-
vistos instalações e dispositivos elétricos que previnam
os perigos de choque elétrico, explosão ou incêndio,
apresentando inclusive aterramento das instalações,
invólucros ou carcaças ou partes que, sendo condu-
toras da máquina, embora não integrando os circuitos
elétricos, podem ficar sob tensão. Devem também ser
previstas soluções que garantam a blindagem, estan-
queidade, isolamento e aterramento de máquinas e
equipamentos que podem estar em contato com água
ou agente corrosivo.
Para máquinas e equipamentos há um conjunto
de exigências que devem ser consideradas nos projetos
destes e são as seguintes:
Orientações para instalação e dispositivos elétri-
cos, exigências relativas aos dispositivos de partida,
acionamento e parada das máquinas, sistemas de segu-
rança compostos por proteções fixas móveis e dispo-
sitivos de segurança interligados. Também devem ser
previstos dispositivos para parada de emergência.Na
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concepção das máquinas, a NR12 estabelece que a so-
lução projetiva contemple acessos permanentes como
elevadores, rampas e outros que sejam fixados e segu-
ros, garantindo a operação, abastecimento, inserção de
matéria-prima, retirada de produtos trabalhados, ma-
nutenção, preparação ou intervenção constante. Para
cada tipo de acesso há medidas claramente definidas.
Nesta NR ainda, estão estabelecidas orientações para
componentes pressurizados.
Ainda em conformidade com a NR12, para trans-
portadores de materiais são estabelecidas orientações
para as soluções construtivas para proteger o trabalha-
dor, em especial nos pontos de esmagamento, agarra-
mento e aprisionamento.
A Segurança do Trabalho abrange várias áreas do
conhecimento, conforme já mencionado, e sua inter-
disciplinaridade é presente nos projetos de máquinas,
pois estas devem ser concebidas atendendo exigências
relativas aos aspectos ergonômicos, bem como serem
previstas medidas de controle para riscos adicionais
que se façam presentes nas máquinas e equipamentos,
em virtude de suas características de aplicação e uti-
lização. Para os possíveis riscos adicionais existentes
que se relacionam às máquinas, constatada a presença
de agentes físicos, químicos e biológicos, os projetos
devem priorizar a eliminação destes. Se não possível,
deve ser prevista a redução da emissão dos referidos
agentes e, em última instância, a redução da exposição
do trabalhador.
Para máquinas e equipamentos, deve ser prevista
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sinalização advertindo sobre os riscos a que estão ex-
postos os trabalhadores bem como apresentar orienta-
ções de operação, manutenção e outras necessárias.
Devem ser fornecidos manuais de instruções pelo
fabricante ou importador contendo informações relati-
vas à segurança para toda e qualquer fase de utilização
da máquina ou equipamento. No item 12.133 (Brasil,
1978) da NR12 são apresentadas as exigências de proje-
to, fabricação, importação, venda, locação, leilão, cessão
a qualquer tipo e utilização, como segue:

12.133 O projeto deve levar em conta a segurança in-


trínseca da máquina ou equipamento durante as fases
de construção, transporte, montagem, instalação, ajuste,
operação, limpeza, manutenção, inspeção, desativação,
desmonte e sucateamento por meio das referências téc-
nicas indicadas nesta Norma, a serem observadas para
garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores.
12.133.1 O projeto da máquina ou equipamento não
deve permitir erros na montagem ou remontagem de
determinadas peças ou elementos que possam gerar ris-
cos durante seu funcionamento, especialmente quanto
ao sentido de rotação ou deslocamento.

Para aplicação da NR12, foi considerado o concei-


to de máquina e equipamento de uso não doméstico e
provido por força não humana. Como exemplos des-
tes, podemos citar: microtrator, motosserra, moedor de
carne, fatiadora de pães, colhedora de laranjas, serra de
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fita para corte de carnes em varejo, prensa mecânica
excêntrica servoacionada.
A norma ainda determina exigências para máqui-
nas específicas estabelecidas por seus anexos. São elas:
motosserras, máquinas para panificação, máquinas para
açougue e mercearia, prensas e similares, injetoras de ma-
teriais plásticos e afins, máquinas para implementos de
uso agrícola e florestal, equipamentos de guindar para
elevação de pessoas e realização de trabalho em altura.
Nos projetos relativos a caldeiras devem ser
previstos, no mínimo, os seguintes itens, conforme
NR13 (BRASIL, 1978): válvula de segurança cuja
pressão de abertura deve ser inferior ou igual à pres-
são máxima de trabalho admissível. Que a pressão
do vapor acumulado seja indicada por instrumento e
que seja previsto sistema que indique o controle do
nível de água ou outro que evite superaquecimento.
Devem ainda ser previstas placas de identificação da
caldeira, sua categoria, seu código de identificação
em conformidade com NR13. São ainda estabeleci-
das exigências relativas à instalação de caldeira a va-
por, que devem ser definidas no projeto, consideran-
do, inclusive as características do local que receberá
a área de caldeiras.
Além das orientações para equipamentos especí-
ficos, os projetos de Engenharia Mecânica englobam
os estudos de materiais, suas características, compor-
tamento destes, aplicações, englobando carga e análise
de tensão, carregamento em geral, equilíbrio, força de
cisalhamento, momentos fletores, carregamento estáti-
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co, falha de fadiga resultante de carregamento variável.
Vários destes conceitos são aplicados nas soluções pro-
jetivas de projetos de construção civil como coberturas
e estruturas de edifícios, de obras de arte como pontes
que devem apresentar estanqueidade e cumprir a fun-
ção a que se destinam. Para o desenvolvimento do pro-
jeto, devem ainda ser considerados outros fatores inci-
dentes nestas estruturas, como ventos, sua velocidade,
direção, chuvas, intempéries que podem comprometam
as características do material.
Deste modo, é possível vislumbrar a complexidade
dos projetos de Engenharia Mecânica demonstrando
que, mesmo para estes, já existem estabelecidas orienta-
ções e exigências que propiciarão desenvolvimento de
projetos de modo que o produto final atenda às exigên-
cias de Segurança do Trabalho, garantindo que o uso de
máquinas, equipamentos, estruturas que integram obras
de construção civil garantindo a integridade dos traba-
lhadores que os utilizam.

2.3 Riscos inerentes à profissão


do engenheiro industrial

O Engenheiro Industrial pode atuar em empre-


sas de vários ramos de atividade, em virtude de sua
atribuição profissional estabelecida pelo Conselho Fe-
deral de Engenharia e Agronomia (CONFEA). Como
exemplos de área de atuação, podemos mencionar tra-
tamento de água, petroquímica, alimentos, processos
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