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que já ocorreu, podendo, portanto, fornecer subsídios

importantes à avaliação dos riscos, no que diz respeito


aos riscos existentes no ambiente de trabalho.

3.1.2 Taxa de frequência e Taxa de Gravidade

Dentre os vários indicadores de avaliação de aci-


dentes destacam-se a Taxa de Frequência de Acidentes
(Fa) e Taxa de Gravidade (G), de acordo com a NBR
n.° 14.280 de 02/2001; Cadastro de acidentes do tra-
balho – procedimento e classificação.
A Taxa de frequência de acidentes (Fa) deve ser
expressa com aproximação de centésimos, sendo cal-
culada pela expressão:

N x 1.000.000
Fa=
H

N – número de acidentes
1.000.000 – constante da fórmula
H – horas-homem de exposição ao risco: correspon-
dem à soma das horas que os empregados estiveram
à disposição do empregador num dado período. Esta
informação deve ser obtida das folhas de registro de
ponto ou folhas de pagamento, devendo ser também
consideradas as horas extraordinárias. Havendo horas
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pagas não efetivamente trabalhadas, como férias, fe-
riados, licenças para tratamentos de saúde, estas não
devem ser contabilizadas no total de horas trabalha-
das. Não sendo possível a obtenção da informação,
arbitra-se 2.000 horas-homem de exposição ao risco
ao ano por empregado, conforme estabelecido pela
NBR 14.280 (ABNT, 2001).

Exemplo 1: Para uma empresa com 300 funcio-


nários e jornada mensal de 220 horas, teremos:
H = 300 x 220 = 66.000
Havendo 25% de horas-extras num determinado
mês avaliado, então o valor será:
66.000 x 25% = 16.500
Assim, o total de horas-homem de exposição ao
risco será:
H = 66.000 + 16.500 = 82.500
Se nesta empresa, no período avaliado houve 3
(três} acidentes, a Taxa de Frequência de acidentes será:

3 x 1.000.000
Fa= Fa= 36,36
82.500

A Taxa de frequência de acidentes indica que


no mês avaliado houve 36,36 acidentes com perda de
tempo para cada milhão de H (horas-homem de expo-
sição ao risco).
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Podem ainda ser calculadas as Taxa de Frequên-
cia de Acidentes com Lesão com Afastamento, Taxa
de Frequência de Acidentes com Lesão sem Afasta-
mento, possibilitando outros controles.
A Taxa de Gravidade (G) deve ser expressa em
números inteiros, sendo calculada pela expressão:

T x 1.000.000
G=
H

T – tempo computado: corresponde ao somatório


dos dias perdidos pelos acidentados com incapacidade
temporária total e os dias debitados pelos acidentados
com incapacidade permanente total ou parcial e aque-
las vítimas de morte.
1.000.000 – constante da fórmula
H – horas-homem de exposição ao risco

Para o cálculo do tempo computado são consi-


derados dias perdidos e dias debitados. Dias perdidos
correspondem aos dias de afastamento do trabalho em
virtude de lesão pessoal, excetuando-se o dia da lesão e
o dia de retorno ao trabalho. São contados dias corri-
dos, incluindo-se sábados, domingos e feriados, poden-
do esta informação ser obtida junto ao Departamento
Pessoal da empresa. Dias debitados são considerados
apenas para efeitos estatísticos e aparecem para os ca-
sos de gravidade da lesão, como morte, lesão perma-
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nente parcial ou lesão permanente total. Na ocorrência
de morte ou incapacidade permanente devem ser con-
siderados apenas os dias debitados, exceto se o aciden-
tado perder número de dias maior que aqueles a debitar
por lesão permanente sofrida. Havendo incapacidade
permanente que tenha afetado mais de uma parte do
corpo, devem ser somados os dias a debitar por parte
lesada, sendo que se a soma exceder 6.000 dias, seu ex-
cesso deve ser desconsiderado.
Como exemplo 2, temos: numa empresa com 500
funcionários, com 220 horas de jornada mensal cada
um, e com 3.000 horas extras num determinado mês,
ocorreram quatro acidentes. Em virtude dos acidentes,
houve: 100 dias perdidos e a gravidade destes foi: perda
da 3ª. falange distal do 5° quirodátilo e perda da audição
de um ouvido. Qual a Taxa de Gravidade para o perío-
do avaliado?

H = (500 x 220) + 3.000 = 113.000 horas


Dias perdidos = 100 dias

Dias a debitar (obtidos do Quadro 1) = 50 (perda


da 3ª. falange distal do 5° quirodátilo) + 600 (perda da
audição de um ouvido) = 650

(100 + 650) x 1.000.000


G= Fa= 6637,16814Fa= 6637
113.000

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Para Organização Internacional do Trabalho
(OIT), a interpretação para os resultados da Taxa de
Frequência e Taxa de Gravidade são:

Taxa de frenquência Taxa de gravidade


0 a 20 Muito boa 0 a 500 Muito boa
20,01 a 40 Boa 501 a 1000 Boa
40,01 a 60 Ruim 1001 a 2000 Ruim
Acima de 60 Péssima Acima e 2000 Péssima
Fonte: TAVARES, 1996.

Quadro 1 - Dias a debitar

78
Fonte: ABNT, 2001, p. 9.

Vamos calcular a Taxa de Frequência e a Taxa de


Gravidade para uma determinada empresa em dois se-
mestres consecutivos numa situação hipotética.
Exemplo 3: Numa empresa com 500 funcionários com
220 horas de jornada mensal cada um, houve 15.000
horas extras no primeiro semestre de um determinado
ano e 20.000 horas extras no segundo semestre do mes-
mo ano. No primeiro semestre, ocorreram 20 acidentes
com 450 dias perdidos e a gravidade destes foi: perda da
1ª falange proximal do 1° pododátilo, perda da audição
de um ouvido e perda do polegar (1ª falange proximal
do 1° quirodátilo). No segundo semestre ocorreram 12
acidentes com 600 dias perdidos e com a seguinte gra-
vidade: morte de um funcionário e perda da audição de
um ouvido.
Assim, para o primeiro semestre teremos:

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H = (500 x 220 x 6) + 15.000 = 675.000
Acidentes = 20
Dias perdidos = 450

Dias a debitar = 300 (perda da 1ª falange proximal do


1°pododátilo) + 600 (perda da audição de um ouvido)
+ 600 (1ª falange proximal do 1° quirodátilo) = 1500

20 x 1.000.000
Fa= Fa= 29,63
675.000

(450 + 1.500) x 1.000.000


G= Fa= 2.889
675.000

Para o segundo semestre teremos:

H = (500 x 220 x 6) + 20.000 = 680.000


Acidentes = 12
Dias perdidos = 600
Dias a debitar = 6.000 (morte) + 600
(perda da audição de um ouvido) = 6.600

12 x 1.000.000
Fa= Fa= 17,65
680.000

(600 + 6600) x 1.000.000


G= Fa= 10.588
680.000

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Para melhor visualização dos dados, estes podem
ser representados por gráficos:

Gráfico 1: Gráfico de Taxa de frequência

Gráfico 2: Gráfico de Taxa de Gravidade

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Outros controles estatísticos sobre acidentes po-
dem ser efetuados. De acordo com NR4 (BRASIL,
1978), os integrantes do SESMT devem mensalmente
efetuar registros atualizados sobre acidentes do traba-
lho, doenças ocupacionais e agentes de insalubridade,
informando os itens constantes nos Quadros III, IV,
V e VI. São eles: Quadro III – Acidentes com vítima;
Quadro IV – Doenças Ocupacionais; Quadro V – Insa-
lubridade e Quadro VI – Acidentes sem vítima. A em-
presa deve ainda enviar avaliação anualdos mapas dos
quadros ao Ministério do Trabalho até dia 31 de janeiro,
por meio do órgão regional.
Para apresentar o preenchimento dos Quadros da
NR4, vamos simular uma situação. Uma empresa com
dois setores (Setor A e Setor B) apresenta: no Setor A
200 empregados com jornada de 7,33 horas por dia e
no Setor B, 20 empregados com jornada de 8 horas por
dia. As ocorrências de acidentes no estabelecimento,
excluídos os acidentes de trajeto, foram as seguintes:

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Setor A Setor B
Total de acidentes no ano = 10 Total de acidentes no ano = 5
Acidentes sem afastamento = 7 Acidentes sem afastamento = 3
1 acidente com 10 dias perdidos 1 acidente com 10 dias perdidos
1 acidente com 47 dias perdidos 1 acidente com 20 dias perdidos
1 acidente com 75 dias perdidos
Horas-homem de
Horas-homem de
exposição ao risco =
exposição ao risco =
(200 x 7,33 x 350) + 14.900 = 528.000
20 x 8 x 22 x12 = 42.240
20 x 8 x 22 x12 = 42.240
(8 horas/dia; 22 dias/mês;
(7,33 horas/dia; 350 dias/ano);
12 meses/ano)
(8 horas/dia; 22 dias/mês; 12 meses/ano)
(14.900 horas extras)
doença ocupacional =
não houve caso de
1 (pneumoconiose);
doença no setor
agente - cromo

Total Estabelecimento
Acidentes sem afastamento = 10
Acidentes com afastamento < 15 dias = 2
Acidentes com afastamento > 15 dias = 3
Horas-homem de exposição ao risco = 570.240
1 caso de doença ocupacional - pneumoconiose,
agente causador: cromo

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Quadro III - Dias a debitar

QUADRO III

Índice relativo / Total de

Dias / Homem perdidos


afastamento > 15 dias
afastamento < 15 dias

Índice de avaliação da
Número absoluto com

Número absoluto com

Número absoluto sem

Taxa de frequência
Número absoluto

empregados
afastamento

gravidade
Óbitos
Setor

Setor A (200) 10 1 2 7 5% 132 18,94 0 13,2

Setor B (20) 5 1 1 3 25% 30 118,37 0 6

Total do
estabelecimento 15 2 3 10 6,82% 162 26,30 0 10,8
(220)

Setor:
São denominados os setores e indicadas as quantidades
de funcionários por setor; a soma do das quantidades
por setor deve apresentar o total do estabelecimento;
Setor A =200; Setor B = 20;
Total do estabelecimento = 220

Número absoluto:
Quantidade total de acidentes com e sem afastamento,
excetuando-se os de trajeto;
Setor A = 10; Setor B = 5;
Total do estabelecimento = 15;

Número absoluto com afastamento < 15 dias:


Devem ser considerados os acidentes com afastamento
menor ou igual a 15 dias;
Setor A = 1; Setor B = 1; Total do estabelecimento = 2;
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Número absoluto com afastamento > 15 dias:
Devem ser considerados os acidentes com afastamento
maior do que 15 dias;
Setor A = 2; Setor B = 1; Total do estabelecimento = 3;

Número absoluto sem afastamento:


Devem ser expressos os acidentes sem afastamento;
acidentados retornam ao serviço no mesmo dia ou no
dia seguinte ao acidente;
Setor A = 7; Setor B = 3;
Total do estabelecimento = 10;

Índice relativo / total de empregados:


Divisão do número absoluto de acidentes pela média
do ano de empregados e multiplicados por 100.

número absoluto de acidentes x 100


Índice relativo / total empregados =
número de empregados

Setor A = 5%; Setor B = 25%;


Total do estabelecimento = 6,82%;

Dias / homem perdidos:


Número correspondente ao total da soma de dias per-
didos, dias debitados e dias transportados relativos aos
acidentados e divididos pelas horas da jornada diária
normal de trabalho da empresa.
Setor A = (10 X 7,33) + (47 X 7,33) + (75 X 7,33)/7,33 = 132;
Setor B = (10 x 8) + (20 x 8)/8 = 30;
Total do estabelecimento = 162;

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Taxa de frequência:
Expressa número de acidentes com lesão por milhão de
horas-homem de exposição ao risco por ano.
número de acidentes x 100
Fa =
H
10 x 1.000.000
Setor A = = 18,94
528.000

10 x 1.000.000
Setor B = = 118,37
42.240
15 x 1.000.000
Total do estabelecimento = = 26,30
570.240

Óbitos:
Quantidade de óbitos resultante de acidentes
Setor A = 0; Setor B = 0; Total do estabelecimento = 0;

Índice de avaliação de gravidade:


Divisão do valor de dias/homem perdidos pelo núme-
ro de acidentes.
dias/homens perdidos
Índice avaliação de gravidade =
número absoluto

Setor A = 13,2; Setor B = 6,0;


Total do estabelecimento = 10,8.

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Preenchimento do Quadro IV:
QUADRO IV

Número de trabalhadores transferidos


Setores de atividades dos portadores

definitivamente incapacitados
Número absoluto de casos

Número relativo de casos

Número de trabalahdores
(% total de empregados)
Tipo de doença

Número de óbitos

para outro setor


Pneumoconiose 1 Setor A 0,50% 0 0 1
Total do
1 (*) 0,50% 0 0 1
estabelecimento
(*) Codificar no verso os nomes dos setores

Tipo de doença:
Nesta coluna são especificadas as doenças ocupacionais
que ocorreram nos setores
Setor A – pneumoconiose, agente causador: cromo;

Número absoluto de casos:


Corresponde ao número de empregados com a doença
no setor;
Setor A – 1 caso;Total do estabelecimento = 1;

Número relativo de casos (% total de empregados):


Este valor é definido pela expressão que corresponde
ao número total de casos x 100 e dividido pelo número
dos empregados do setor (considerar média aritmética
do ano);
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