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Carreira militar

Iniciou sua carreira na Escola Militar de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul. Em 1918,
ingressou na Escola Militar de Realengo, na arma da Infantaria, tendo sido declarado
aspirante a oficial em 1921, e designado para o 12º Regimento de Infantaria em Belo
Horizonte. Em 1923 alcançou o posto de primeiro tenente. Em 1924, ainda como Tenente,
fez o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e,
ao retornar para o 12º RI, recebeu a missão de comandar um destacamento da unidade e
integrar as forças legalistas que viriam a enfrentar e vencer revoltas internas eclodidas em
São Paulo, no ano de 1925. Em seguida, retornou para a Escola Militar de Realengo como
instrutor de Infantaria em 1927.[6] Participou, como muitos outros tenentes de sua época,
da Revolução de 1930.
Como Capitão, o valor intelectual de Castello Branco sobressaiu-se e, em 1931, cursou
a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, na qual foi o primeiro colocado de sua
turma.[7] Promovido a major em 1938, foi matriculado na Escola Superior de Guerra
francesa e ao regressar ao Brasil, desempenhou a função de instrutor da Escola Militar do
Realengo.

Busto do Marechal Castelo Branco, na entrada da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.

Foi promovido a tenente-coronel em 1943 e cursou a Escola de Comando e Estado-Maior


dos Estados Unidos. Em seguida, foi chefe da 3a. Seção (Operações) da Força
Expedicionária Brasileira (FEB) durante a Segunda Guerra Mundial, na Itália,
permanecendo durante trezentos dias nos campos de batalha. Enviou sessenta cartas à
sua esposa Argentina Viana Castelo Branco e a seus dois filhos. Na FEB, planejou e
implementou manobras militares nos combates na Itália, principalmente na Batalha de
Monte Castello. Segundo o Marechal Cordeiro de Farias, Castello conquistou excepcional
prestígio na FEB, por ser um grande estrategista e ter uma cabeça privilegiada. Com isso,
acabou absorvendo funções que seriam do Chefe do Estado-Maior, Floriano de Lima
Brayner. No entanto, era muito fechado e bastante sarcástico.[8]
Promovido a Coronel em 1945, Castelo Branco retornou ao Brasil com o firme propósito de
transmitir suas experiências profissionais aos oficiais do Exército. Dessa forma, assumiu o
cargo de diretor de Ensino da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), e
transformou essa Escola em um verdadeiro centro de pesquisas doutrinárias.[7] Castelo
Branco sistematizou, principalmente entre 1946 e 1947, o método do raciocínio do estudo
dos fatores de decisão, preconizados pela Missão Militar Francesa, com uma estrutura de
trabalho no âmbito do comando, disciplinando melhor as atividades do Comandante e dos
seus Oficiais de Estado-Maior.
Em 1955, ajudou a remodelação administrativa do Exército e apoiou o movimento militar
chefiado pelo ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott, que garantiu a posse do
presidente eleito Juscelino Kubitschek, já naquela época ameaçado de sofrer um golpe de
estado pelos militares.
Meses depois, quando organizações sindicais resolveram entregar ao ministro uma
espada de ouro, Castelo rompeu duramente com o general Lott. A imprensa registrou
alguns momentos desse desentendimento.
Como General, foi comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército,[9] entre
15 de setembro de 1954 e 3 de janeiro de 1956. Nesse período, aperfeiçoou o seu
Trabalho de Comando de 1948, procurando amoldá-lo melhor às características dos
chefes e oficiais de Estado-Maior brasileiros. Conferências como " A Doutrina de Guerra e
a Guerra Moderna " e " Problemas de Segurança ", realizadas na ECEME, são marcos na
evolução do pensamento doutrinário dessa Escola.[7]
Foi Comandante Militar da Amazônia, em Belém, entre 10 de dezembro de 1958 e 10 de
maio de 1960.[10]
Comandou, ainda, a 10ª Região Militar em Fortaleza e o IV Exército em Recife.
No momento em que chegou à Presidência da República era Chefe do Estado-Maior do
Exército, função que exerceu de 13 de setembro de 1963 a 14 de abril de 1964.[11]

Influências internacionais
Quando capitão, foi estudar na França na École Supérieure de Guerre, onde aprendeu
temas táticos, técnicas de domínio sociopolítico, e temas sobre a publicidade e censura,
entre outros.
Quando tenente-coronel, estagiou no Fort Leavenworth War School, nos Estados Unidos,
onde aprimorou seus conhecimentos de tática e estratégia militar.

Publicações e ensaios militares


Escreveu alguns ensaios militares que condiziam com sua doutrina e sua carreira: Alto
Comando da Tríplice Aliança na Guerra do Paraguai, A Doutrina Militar Brasileira, A
Estratégia Militar, A Guerra, O Poder Nacional, Tendências do Emprego das Forças
Terrestres na Guerra Futura.
Além de seus ensaios deixou cerca de três mil documentos manuscritos.
Em 1962, em seu ensaio A Guerra escreveu suas ideias:
…A guerra revolucionária é uma luta de classes, de fundo ideológico, imperialista, para a
conquista do mundo; tem uma doutrina, a marxista-leninista. É uma ameaça para os
regimes fracos e uma inquietação para os regimes democráticos. Perfaz, com outros, os
elementos da guerra fria.
…A guerra fria foi concebida por Lênin para, de qualquer maneira, continuar a revolução
mundial soviética. É uma verdadeira guerra global não declarada. Obedece a um
planejamento e tem objetivos a conquistar, desperta entusiasmo e medo em grupos
sociais e reações contrárias na opinião pública.
…Seus objetivos capitais: dissociação da opinião pública, nacional e internacional, criação
da indecisão e, o principal, retirar das nações a capacidade de luta.
…0 nacionalismo é uma posição decisiva para uma nação, sobretudo na época atual. Não
pode ser uma panacéia para os seus males, nem uma operação de guerra, e muito menos
uma conspiração de sentido internacional. Seus grandes males atuais são principalmente
dois nos países subdesenvolvidos: um, o desvinculamento com o meio; outro, o de ser, às
vezes, um instrumento nacional e internacional do comunismo soviético. É também um
grande penacho dos ditadores e candidatos a ditador.
Selo em homenagem a Castelo Branco

…As divisões que têm lavrado no Exército são mais consequências de lutas político-
partidárias do que separações existentes nos meios militares ( … ). Legalistas e
revoltosos, a partir de 1922 e por pouco tempo. Em 1930 surge a alternativa
revolucionários e antirrevolucionários, que desaparece pouco a pouco. A partir de 1955,
governistas e golpistas, em meio a ódios e ressentimentos mantidos pelos comunistas e
pela política partidária fardada e à paisana. Em seguida, esses mesmos elementos
lançaram a injúria sobre o Exército de que seus oficiais se dividiam entre nacionalistas e
entreguistas, enquanto a oficialidade era fiel à honra do Brasil e à sua independência
política e econômica. Agora, renasce a teimosia, com a divisão alardeada em legalistas e
golpistas. Politiqueiros e comunistas estão interessados em que tal exista. Isso amofina o
Exército.

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