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DEPARTAMENTOMULTIDISCIPLINAR
A administração pública brasileira, bem como o Estado brasileiro, foi fundada sob a influência
de uma cultura fortemente patrimonialista, herança cultural lusitana. Dessa forma, a trajetória
de construção da administração pública no Brasil tem buscado implementar formas
antipatrimonialistas, através de modelos diferenciados.
A origem da vertente da qual deriva a administração pública societal está ligada à tradição
mobilizatória brasileira, que alcançou o seu auge na década de 1960, quando a sociedade se
organizou pelas reformas no país. Com o esgotamento do chamado Estado Desenvolvimentista
na década de 1980, juntamente com a percepção atual da ineficiência do modelo gerencial
largamente difundido durante a década de 1990, abre-se espaço para a implementação de um
modelo de administração pública com uma forma de gestão mais horizontal, mais aberta à
pluralidade de participação: a administração pública societal. Portanto, a tentativa de integrar
a administração e a política com a participação popular nos processos decisórios da gestão
pública começa a ganhar relevância no cenário contemporâneo.
Assim, diversamente do modelo gerencial que prega a adaptação das recomendações do setor
privado para o setor público, a gestão social enfatiza a elaboração de experiências de gestão
focalizadas nas demandas do público alvo, incluindo questões culturais e participativas. Entre
as vantagens do modelo societal destaca-se o potencial da solução produzida, uma vez que,
pela participação popular, o lastro cultural dos participantes pode promover melhores
soluções às questões em debate. A administração pública societal se propõe, assim, a
contribuir para superar alguns limites da Administração Pública Gerencialista. Tais limites
incluem uma não ruptura com os ideais tecnocráticos (reconstituído por uma nova política de
recursos humanos); a persistência do autoritarismo e do patrimonialismo, tendo em vista que
o processo decisório continuou como um monopólio de núcleo estratégico do Estado e das
instâncias executivas; e a não garantia (apesar do discurso) da inserção da sociedade civil nas
decisões estratégicas e na formulação de políticas públicas.
Uma das questões mais relevantes dos Orçamentos Participativos diz respeito ao poder real
de decisão da sociedade civil sobre as propriedades orçamentárias, principalmente no item
investimentos. Dentre outras Instituições Participativas que surgiram com a redemocratização
do país, o Orçamento Participativo se destacou. Uma parte desses processos participativos
possibilitou avanços democráticos significativos na gestão das cidades. Embora esses avanços
não possam ser generalizados, pode-se indicar: a inclusão de setores sociais mais pobres nas
decisões orçamentárias; a inversão de prioridades dos investimentos públicos; o aumento do
controle social sobre as Administrações Municipais; o incentivo ao exercício de uma cidadania
ativa; a quebra de circuitos tipicamente clientelistas nas relações entre os poderes (Executivo e
Legislativo) e desses com a população; a ampliação da transparência da gestão pública.
b) Conceitue gestão social com base no artigo de Fernando Tenório (2005) intitulado
“Revistando o conceito de gestão social”.
A gestão social deve ser determinada pela solidariedade, portanto é um processo de gestão
que deve primar pela concordância, em que o outro deve ser incluído e a solidariedade o seu
motivo. Na gestão social deve sobressair o diálogo, o coletivo.
Gestão estratégica é um tipo de ação social utilitarista, fundada no cálculo de meios e fins e
implementada através da interação de duas ou mais pessoas na qual uma delas tem
autoridade formal sobre a(s) outra(s). Gestão social contrapõe-se à gestão estratégica à
medida que tenta substituir a gestão tecnoburocrática, monológica, por um gerenciamento
mais participativo, dialógico, no qual o processo decisório é exercido por meio de diferentes
sujeitos sociais. E uma ação dialógica desenvolvove-se segundo os pressupostos do agir
comunicativo. No processo de gestão social, acorde com o agir comunicativo – dialógico, a
verdade só existe se todos os participantes da ação social admitem sua validade, isto é,
verdade é a promessa de consenso racional ou, a verdade não é uma relação entre o indivíduo
e a sua percepção do mundo, mas sim um acordo alcançado por meio da discussão crítica, da
apreciação intersubjetiva.
O conceito de gestão social refere-se, quando relacionado a temas que envolvam o aparelho
burocrático público, ao processo de tomada de decisão que ocorre sob uma esfera pública na
qual interagem a sociedade e o Estado com o objetivo de promover uma administração pública
ampliada. E tratando-se de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento, o processo de
instituição dessas políticas somente teria significado, na perspectiva da gestão social, se os
seus usuários também participassem do processo. Desenvolvimento não significa apenas
concessão, mas, também, promover a prática de uma cidadania deliberativa.
c) Quais seriam as dificuldades enfrentadas por um modelo de administração pública societal?
Projetos na área da administração pública têm diferenças aos da área privada, uma vez que há
foco no benefício do cidadão no lugar de resultados financeiros, necessitam de conhecimentos
e práticas específicas que também difere das necessitadas no setor privado; leis que definem
termos precisos para execução dos projetos e responsabilidade para atender aos interesses
públicos. Dessa forma, podemos citar as dificuldades enfrentadas pelo modelo de
administração pública societal:
PRECISA EXPLANAR EXPLICAR ESSES PONTOS, QUE ESTÁ DESCRITO NO TEXTO DA PAES DE
PAULA
A origem da vertente da qual deriva a administração pública gerencial brasileira está ligada ao
intenso debate sobre a crise de governabilidade e credibilidade do Estado na América Latina
durante as décadas de 1980 e 1990. Esse debate se situa no contexto do movimento
internacional de reforma do aparelho do Estado, que teve início na Europa e nos Estados
Unidos. Para uma melhor compreensão desse movimento, é preciso levar em consideração
que ele está relacionado com o gerencialismo, ideário que floresceu durante os governos de
Margareth Thatcher e de Ronald Reagan. No caso do Reino Unido, tratava-se de responder ao
avanço de outros países no mercado internacional. No referido período, a cúpula do governo
inglês procurou aumentar os níveis de produtividade e realização no campo da economia, da
política, do governo, das artes e das ciências (Heelas, 1991). A ex-ministra e participantes de
seu governo estiveram por anos engajados nos think tanks neoconservadores, nos quais
realizaram vários estudos no campo da cultura empreendedorista. Resgataram-se assim os
valores vitorianos, como o esforço e o trabalho duro, cultivando-se também a motivação, a
ambição criativa, a inovação, a excelência, a independência, a flexibilidade e a
responsabilidade pessoal (Morris, 1991). Paralelamente, nos Estados Unidos se desenvolvia o
culto à excelência (Du Gay, 1991), que captou a essência do American dream, uma vez que
alimentou o ufanismo da era Reagan ao fixar no imaginário social fantasias de oportunidade de
progresso e crescimento baseados na iniciativa individual. Nesse país, o ideário gerencialista se
consolidou como referência no campo da gestão pública uma década mais tarde, com o livro
de Osborne e Gaebler intitulado Reinventando o governo, de 1992. Em ambos os países, o
movimento gerencialista no setor público é baseado na cultura do empreendedorismo, que é
um reflexo do capitalismo flexível e se consolidou nas últimas décadas por meio da criação de
um código de valores e condutas que orienta a organização das atividades de forma a garantir
controle, eficiência e competitividade máximos (Harvey, 1992). É importante notar que, apesar
de ter se desenvolvido no contexto cultural da Inglaterra e dos Estados Unidos, o
gerencialismo, bem como seu modelo de reforma do Estado e de gestão administrativa, se
espalhou pela Europa e América Latina. Como há uma estreita conexão entre os valores e
ações de cunho gerencialista e as prerrogativas pós-fordistas da reestruturação produtiva da
economia mundializada (Bagguley, 1991), o gerencialismo passou a representar as
necessidades das mais diversas empresas e governos, transcendendo, portanto, as matrizes
histórico-culturais locais.
No Brasil, esse movimento ganhou força nos anos 1990 com o debate da reforma gerencial do
Estado e o desenvolvimento da administração pública gerencial. A crise do nacional
desenvolvimentismo e as críticas ao patrimonialismo e autoritarismo do Estado brasileiro
estimularam a emergência de um consenso político de caráter liberal que, segundo nossa
análise, se baseou na articulação das seguintes estratégias: a estratégia de desenvolvimento
dependente e associado; as estratégias neoliberais de estabilização econômica; e as
estratégias administrativas dominantes no cenário das reformas orientadas para o mercado.
Essa articulação sustentou a formação da aliança social-liberal, que levou o Partido da Social-
Democracia Brasileira (PSDB) ao poder. Nesse contexto, a administração pública gerencial,
também conhecida como nova administração pública, emergiu como o modelo ideal para o
gerenciamento do Estado reformado pela sua adequação ao diagnóstico da crise do Estado
realizado pela aliança socialliberal e por seu alinhamento em relação às recomendações do
Consenso de Washington para os países latino-americanos. Assim, ao ser indicado para dirigir
o Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE), o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-
Pereira manifestou seu interesse pelas experiências gerencialistas realizadas em outros países,
viajando para o Reino Unido a fim de estudá-las e formular uma proposta de adaptação desse
modelo ao contexto nacional (Bresser-Pereira, 1996, 1997, 1998a, 1998b).
A inaptidão dos governos para resolver os problemas surgidos e para financiar os déficits
públicos que aumentavam a cada ano fez com que os contribuintes não enxergassem uma
relação direta entre o acréscimo de recursos governamentais e a melhoria dos serviços
públicos. Desta forma, novas demandas foram surgindo em um processo de amadurecimento
da sociedade.
Essa mudança de atitudes buscava formas de libertar-se da burocracia que prendia o Estado e
não lhe permitia uma administração dinâmica e voltada para os interesses da sociedade. Ou
seja, o Estado estava se afastando dos seus objetivos ao não conseguir executar as tarefas que
lhe cabiam por estar sempre preso a uma “amarra burocrática”.
O impacto que as mudanças estão provocando no aparato estatal exigem um novo paradigma
da gestão pública, com vistas a atender às demandas da sociedade civil com mais eficiência,
rapidez e baixo custo.
A administração pública gerencial surgiu na segunda metade do século XX, motivada pela
busca de meios capazes de enfrentar a crise fiscal do Estado; como estratégia para reduzir
custos e tornar mais eficiente a administração dos serviços que cabiam ao Estado; instrumento
de proteção ao patrimônio público; e insatisfação contra a administração pública burocrática.
• Orientada para o cidadão. QUE TIPO DE CIDADÃO? COMO É A RELAÇÃO ESTADO/ CIDADÃO
E CIDADÃO/ESTADO?
• Orientada para obtenção de resultados.