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Unidade II
Peter Drucker, autor da frase acima, falecido em 2005, foi consultor, professor,
jornalista e escritor. É considerado um “gigante” da administração moderna.
A correta organização de uma área ou departamento é essencial para atingir
os objetivos estabelecidos. As tarefas de cada colaborador devem ser claramente
detalhadas, com atividades padronizadas e responsabilidades definidas.
Naturalmente, trata-se de um modelo dinâmico e passível de ser revisado de
tempos em tempos.
Na área de compras não é diferente. Cada integrante do departamento deve
ter ciência das suas funções e das ferramentas disponíveis para melhor executá-las.
O termo “ferramenta” não se aplica apenas a hardwares e softwares modernos,
com inovações tecnológicas atuais. Ele se refere também a modelos de análise e
planejamento com potencial para produzirem melhores resultados pela clara
identificação das ações mais apropriadas para cada situação.
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Pela lógica do modelo, constrói-se uma matriz semelhante à apresentada na
figura 1, considerando:
Eixo vertical representa o impacto do item sob análise nos resultados do negócio;
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Itens críticos
Itens alavancáveis
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Se for esse o caso, uma estratégia aconselhada seria pesquisar fontes
alternativas para tais produtos substitutos e prospectar eventuais ganhos na adoção
dessa alternativa na condução do processo em circunstâncias de mercado
desfavorável.
Itens estratégicos
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imposta em momento futuro, provavelmente haverá recusa no pagamento e a
ocorrência de conflito capaz de estremecer o relacionamento comercial. Tanto uma
como a outra possibilidade são indesejadas.
A constatação decorrente da matriz de Kraljic é haver mais potencial conflito
entre risco e lucro nestes itens estratégicos. E uma falácia torna ainda mais difícil
administrar esta situação: “parceria tem menos potencial de lucro que consultar vários
fornecedores”. Esta é uma inverdade. A parceria competentemente edificada pode
produzir mais ganhos quando comparada a chamar vários fornecedores para cotar e
depois negociar com um ou dois deles.
Tudo dependerá da maneira como as condições comerciais forem fixadas no
modelo de parceria, do compartilhamento de informações com o vendedor e da
admissão de seu envolvimento no desenvolvimento de projetos do cliente.
Análise SWOT
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A complexidade é relativamente baixa, propiciando a aplicação em muitas
situações. No âmbito de compras, pode ser útil na formulação de estratégias de
abastecimento.
O acrônimo SWOT deriva das palavras Strengths, Weaknesses, Opportunities
e Threats, do idioma inglês, significando, respectivamente: forças, fraquezas,
oportunidades e ameaças.
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A aplicação do instrumento requer um tempo razoável, portanto não é possível
ser aplicado a todas as categorias de materiais e serviços da empresa. Cumpre
priorizar aqueles merecedores de mais atenção. Nesse ponto, a matriz de Kraljic pode
ser útil como técnica de priorização.
Como regra geral, recomenda-se:
Empregar a análise SWOT para itens ou categorias com mérito legítimo nas
esferas financeira ou operacional;
Adaptar a estratégia em função da análise para tirar proveito das forças e
oportunidades e, também, com base nas formas de limitar as ameaças e
fraquezas;
Atuar com foco em variáveis sujeitas a controle e planejar quais ações adotar
nos casos de ocorrências indesejáveis.
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2. PLANEJAMENTO EM COMPRAS
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2.1 Ações para elevar a produtividade
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Evidentemente, há muitas outras formas de elevar a produtividade e cada
organização procurará a melhor maneira para suas particulares necessidades, mas
se as ações acima forem introduzidas, a melhoria será visível.
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Na relação B2B (empresa para empresa), as cobranças dos clientes soam mais
objetivas. No campo da sustentabilidade, eles impõem ao fornecedor a necessidade
de demonstrar possuir responsabilidade social, ambiental e econômica.
Não basta ter um bom produto, é preciso atentar para a maneira como ele foi
obtido: se ao longo da cadeia produtiva houve emissão indesejada na atmosfera, se
os funcionários têm os direitos respeitados e preservados, qual o envolvimento da
empresa vendedora com a região na qual se localiza e se a empresa contribui para
seu desenvolvimento são exemplos de ações esperadas.
O mercado está sempre atento e acessível a tecnologias recém-adquiridas e
inovações em produtos e serviços, pois eles alteram prioridades na aquisição, seja
pela redução dos custos seja por haver soluções novas para antigas demandas.
Conservar o olhar atento a novas possibilidades é o mínimo esperado de um
bom fornecedor. No âmbito da mão de obra, o empreendedorismo substitui o modelo
tradicional de emprego: essa mudança de paradigma afeta a renda e altera a
demanda. Como reagir a isso?
O cenário macroeconômico é, no geral, hostil com aqueles presos a
metodologias e concepções vitoriosas em passado recente, porém ineficazes na
atualidade. Captar os sinais sutis de mudança e sair na frente é mandatório.
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Bônus por saving para o comprador: a premiação por desempenho está cada
vez mais presente no cotidiano das empresas. Todo profissional busca sempre o
melhor resultado possível, mas o efeito psicológico de auferir um ganho financeiro
pelas conquistas é um elemento impulsionador irresistível. Em cada analista reside
um ser humano suscetível a oferecer “algo a mais” como decorrência de o fator
motivação estar em alta.
Atuação conjunta de compras e administração de materiais: compras deve
interagir com gestores de materiais para contribuir na definição da rotação do estoque
e evitar encalhe dos itens. Essa contribuição passa pelo analista de compras para
detalhar melhor as condições de abastecimento nos aspectos de mais impacto na
coordenação dos pedidos de reposição. Não cabe a compras impor uma frequência
de aquisição, mas oferecer informações para tornar mais produtiva a atuação no
controle dos almoxarifados.
Programação das quantidades e prazos para entrega: em corolário ao item
anterior, da interação entre compras e suprimentos resulta a adequação do perfil dos
pedidos em equilíbrio com as possibilidades do mercado. Como mencionado em
capítulo anterior, elevar a quantidade em momentos de mais oferta e reduzi-las em
situações de escassez são providências simples do ponto de vista logístico, mas de
grande impacto no custo.
Garantir desempenho dos fornecedores: atingir as metas estabelecidas para
compras depende da ação de um componente externo à empresa: o fornecedor. Para
incentivar o cumprimento das condições estabelecidas e perseguir melhorias de forma
organizada e constante, a concessão de bônus por performance é receita
recomendada. Trata-se de dividir com o vendedor os ganhos pela evolução dele na
superação das metas fixadas. Por outro lado, se houver descumprimento das
condições negociadas, a incidência de multa deve ser possibilidade presente na
mesa. Se dividimos ganhos, o ônus também deve ser repartido. É estímulo reverso,
isto é, funciona como elemento inibidor de falhas no atendimento das necessidades
do cliente.
Outras formas de reduzir custos: há uma certa obsessão em reduzir custos
pela obtenção de descontos no preço. Em várias oportunidades essa possibilidade
não existe. O fornecedor pode não ter mais margem para melhorar o valor pedido. Em
situações dessa natureza, é mais produtivo focar em outros meios de auferir ganhos,
como negociar um aumento no prazo de pagamento sem incidir juros para o período
adicional. O efeito é semelhante ao de um desconto, permitindo melhorar o custo
global.
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ao know-how do cliente e, ao transferir para alguém especializado no segmento, os
custos tendem a ser menores pela maior produtividade do contratado, e o resultado
de qualidade superior pela expertise deste. É assunto relevante presente em capítulo
futuro.
Localizar produtos ou marcas alternativos: muitas áreas usuárias insistem
em marcas conhecidas por ignorarem opções tão ou até mais apropriadas para a
destinação pretendida. O mercado dispõe de mercadorias e serviços com qualidade
semelhante às das marcas tradicionais, com custos sendo uma fração daquele dos
produtos mais conhecidos. Interagir com o solicitante e envolvê-lo no desenvolvimento
da alternativa são maneiras de proceder tais substituições.
E-Procurement (eletronic procurement): expressão associada a transações
envolvendo produtos e serviços pela internet. Seu emprego mais geral envolve
compras business-to-business (B2B – empresa para empresa) e plataformas para
obter propostas e até mesmo concluir negócios. É ferramenta bastante útil para
reduzir custos por permitir acesso a uma base grande de fornecedores com
potencialidade para satisfazer as necessidades do adquirente. Os cuidados habituais
nas aquisições de fornecedores cadastrados devem ser utilizados, até pelo fato de
eventualmente a melhor oferta vir de um agente desconhecido.
Planejar as compras: a planificação das contratações para garantir a
inexistência de paradas nas atividades internas é um modo efetivo de reduzir custos.
Muitas perdas nas empresas vêm da interrupção nos processos e da consequente
perda de faturamento. Otimizar pedidos em carteira pode ser mais eficiente se
comparado ao esforço para aumentar as vendas ou elevar os preços. Para isso,
operar sem falhas ou sobressaltos é indispensável.
Customizar as compras conforme a necessidade do solicitante: deve-se
selecionar os fornecedores mais capazes e investir na especialização deles; quanto
às características das demandas dos usuários, permitir executar as operações com
mais qualidade, com imediato efeito na performance. Saber quais itens devem ser
alvo desta ação é parte essencial do processo, pois é inviável atuar assim para todos
os materiais e serviços. Apenas casos de alto impacto no lucro devem ser objeto de
análise.
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3. COMPRAS INTERNACIONAIS
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qualidade trivial ou produtos de última geração com performance incomparável. Cabe
ao comprador caracterizar seus requisitos e identificar a opção mais oportuna.
Acesso a tecnologias de vanguarda: a maioria das inovações tecnológicas
tem origem no exterior. Esperar até as empresas locais se atualizarem pode significar
muito tempo perdido. Buscar diretamente na fonte pode ser um diferencial capaz de
alavancar vendas e agregar valor perante concorrentes.
Muitos dos custos são similares aos das compras nacionais, enquanto outros
são mais específicos. Em se tratando de impostos, há incidência de:
ICMS – Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias
e prestação de Serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação: incide normalmente sobre as importações, da mesma maneira como
em compras nacionais. Em alguns estados, existem incentivos fiscais diminuindo seu
valor. Em razão disso, é importante estudar com afinco o tema para examinar
possibilidades de redução de custos por optar por portos diferentes em outras
unidades da federação.
IPI – Impostos sobre Produtos Industrializados: por ser federal, não
apresenta variações significativas, exceto em áreas incentivadas, como a zona franca
de Manaus. A alíquota é semelhante à incidente sobre similar nacional, pois segue a
TIPI, tabela elaborada pelo governo federal.
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PIS/COFINS – PIS: Programas de Integração Social e de Formação do
Patrimônio do Servidor Público – PIS/PASEP e COFINS: Contribuição para
Financiamento da Seguridade Social: são contribuições federais, isto é, controladas
pela união. À semelhança do IPI, praticamente não apresentam variações, exceto em
função do regime de tributação do lucro escolhido pelo contribuinte ou no caso de
áreas incentivadas.
Imposto de importação – este é caso de tributo exclusivo sobre
operações de importação. Além do objetivo arrecadatório, pretende controlar o
equilíbrio da balança comercial e evitar competição desigual com empresas nacionais
pelo aumento ou diminuição das alíquotas.
FOB: frete pago pelo cliente desde o porto de FAS: carregamento no veículo e frete pagos
origem, sem seguro incluso. pelo cliente desde porto de origem, sem seguro
incluso.
C&F: frete até destino especificado pago pelo CIF: frete e seguro pagos pelo vendedor até
vendedor, sem seguro. destino especificado.
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3.2 Aspectos a considerar
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oportuno aqui mencionar um dos custos associados ao estoque, conforme Arnold
(1999) expõe: “a falta de estoques pode acarretar altos custos para a empresa,
decorrentes de vendas não atendidas e clientes perdidos”.
Tudo isso considerado, fica evidenciada a condição usual de custo mais
elevado na manutenção dos estoques se comparado a adquirir nacionalmente.
Outra verificação diz respeito à existência de produto substituto para suprir
eventual atraso ou reprovação por qualificação do produto importado. A inexistência
de alternativa recomenda mais cautela na adoção da importação, ou considerar qual
seria o plano alternativo se houver interrupção no fluxo da importação.
Finalmente, fixar um padrão para decidir caso a vantagem no custo do
importado, quando comparado ao produto local, for reduzida. Salvo outra motivação
objetiva, recomenda-se comprar localmente se a diferença do custo do importado for
pequena em relação à mercadoria local. O elenco de riscos já listado justifica este tipo
de critério, no qual a segurança prevalece.
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4. TERCEIRIZAÇÃO
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Em decorrência, há o potencial aumento na capacidade ao empregar a
disponibilidade do terceiro e liberar espaço na atividade interna.
Ainda na elaboração dos planos para adotar a terceirização, alguns riscos
devem ser analisados para prever meios de minimizar seus efeitos. Destaque-se:
A seleção do fornecedor deve ser conduzida com mais cautela se
comparada às aquisições corriqueiras. Uma má escolha pode significar menor
empenho do terceiro com prazos e qualidade, resultando em serviço de nível
indesejado.
Em um passado não tão distante, um fabricante de famosa marca de tênis
teve seu nome associado ao trabalho escravo. Tal acusação decorreu de um
terceirizado ter péssimas práticas trabalhistas, mas, por ser desconhecido, todas as
críticas recaíram sobre o contratante famoso. Qualquer empresa deve se precaver
contra más práticas do fornecedor para evitar prejuízos à própria marca.
Outra fonte de atenção deve ser assegurar-se de não correr riscos
trabalhistas pela inadimplência nas obrigações por parte do contratado. A legislação
prevê impor ao terceiro certos encargos se houver uma relação clara entre as
empresas. Recomenda-se exigir comprovantes de quitação das obrigações legais.
Finalmente, mas não menos importante, eventual ocorrência de paradas no
terceiro, por greve deflagrada ou acidente, afetam diretamente a operação do
contratante e as perdas podem ser significativas. Dispor de plano alternativo para
essas possibilidades é vital para o sucesso do processo.
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5. NEGOCIAÇÃO
Como o próprio nome sugere, comunicação não verbal não se realiza pela fala.
Ela se relaciona à linguagem corporal englobando gesticulação, postura e expressões
faciais. Desse conjunto resulta uma forma de comunicação e, muitas vezes, esta
chega a conflitar com a comunicação verbal, como na mentira e na dissimulação.
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Conhecer o significado de alguns gestos universalmente reconhecidos é útil
para um negociador compreender melhor o desenrolar do processo e o interesse dos
demais envolvidos.
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Negociar não é um esporte, embora muitos se preparem e atuem como se
assim acreditassem. Este reparo é significante, pois o caminho mais curto para um
mau negócio é agir como se o objetivo fosse buscar a vitória.
Sempre se concentrar em atender também as necessidades dos demais
na elaboração do trato. Quanto mais o outro negociador acreditar ter tido a
oportunidade de se manifestar, ter sido ouvido e participado do acordo constituído,
mais ele se esforçará em cumprir seus compromissos.
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5.3 Poder do comprador na negociação
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REFERÊNCIAS
HEINRITZ, S.; FARREL, P. Compras: princípios e aplicações. São Paulo: Atlas, 1983.
BIBLIOGRAFIA
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