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UNIVERSABER-DF

UNIDADE DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA


GAMALIEL CURSOS

UMA ANÁLISE DA APRENDIZAGEM ESCOLAR E SUA


RELAÇÃO COM A PARTICIPAÇÃO FAMILIAR DENTRO DA
ESCOLA: UMA VISÃO SEGUNDO ELIZABETH
ROUDINESCO.

JEAN JOSÉ LIMA DE BASTOS

NIQUELÃNDIA-GO
2014
UNIVERSIABER-DF
UNIDADE DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
GAMALIEL CURSOS
CURSO DE MESTRADO EM CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO

UMA ANÁLISE DA APRENDIZAGEM ESCOLAR E SUA


RELAÇÃO COM A PARTICIPAÇÃO FAMILIAR DENTRO DA
ESCOLA: UMA VISÃO SEGUNDO ELIZABETH
ROUDINESCO.

Projeto apresentado na disciplina de


trabalho de conclusão de curso como
requisito básico para obtenção do
titulo de mestrado em Ciência da
Educação.
Orientador (a): Doutor Marcos
Nascimento Coelho

JEAN JOSÉ LIMA DE BASTOS

NIQUELÂNDIA – GO
2014

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UMA ANÁLISE DA APRENDIZAGEM ESCOLAR E SUA
RELAÇÃO COM A PARTICIPAÇÃO FAMILIAR DENTRO DA
ESCOLA: UMA VISÃO SEGUNDO ELIZABETH
ROUDINESCO.

Dissertação apresentada como pré-requisito para obtenção do título de


Mestrado em Ciência da Educação da Universidade UNISABER submetida à
aprovação da banca examinadora composta pelos seguintes membros:

Professor: Dr. Marcos Nascimento Coelho (Orientador)

Professor

Professor

Niquelândia,____ de________________ de 2014.

3
DEDICATÓRIA

Para Mirna e José Domingos, meus pais,


Linda, minha irmã, meu primo Alex e
principalmente aos meus avós. Eles
regam minha história com amor e me
fazem entender que, sem o amor, os ricos
se tornam miseráveis e, com ele, os
miseráveis se tornam em bilionários; sem
o amor, o conhecimento se torna uma
fonte de tédio e, com ele, um nascente de
aventura. Não sou um familiar perfeito,
mas me considero o mais afortunado do
mundo.

4
5
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus colegas por seus


conselhos, sua ajuda ou seu apoio.
Agradeço também aos professores que
nos acompanharam nesta jornada, por
seus esclarecimentos, paciência e por
compartilhar conosco suas experiências.
Toda minha gratidão a todos pelo carinho,
boa-vontade, compreensão e
encorajamento que recebi nos últimos
anos.

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―Se eu,
Em algum livro,
Disse o que não é verdade,
Não estou disposto a brigar com Deus
Porque não fez o mundo
―Assim como eu disse.‖
Albert Einstein

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO _________________________________________ 10

1.1-Tema: As relações entre família e escola: um diálogo oportuno _____10

2. CAPÍTULO I __________________________________________ 15

2.1. As relações de família: conceito, características e transformações. __15


2.2. A concepção de família na visão dos teóricos: Winnicott, Roudinesco,
Lacan, entre outros. _____________________________________ 19
2.3. O que é a família e como conceituá-la. _______________________ 29
2.4. Conceituação de família, modelos e modificações.______________ 30
2.5. Os novos rumos em função dos novos arranjos familiares.________ 33
2.6. Família e escola: os vínculos afetivos.________________________ 36
2.7. As diferentes realidades se cruzam no mesmo objetivo: educar para a
vida.____________________________________________________ 38

3. CAPÍTULO II _________________________________________ 41

3.1. Relações de afeto e suas concepções interdisciplinares. _________ 41


3.2. Concepção de afeto na psicologia e psicanálise. _______________ 42
3.3. O afeto na concepção de Wallon.___________________________ 44
3.4. Concepção de afeto na psicanálise de M. Klein.________________ 44
3.5. Concepção de afeto na educação.___________________________ 45
3.6. Concepção de afeto na filosofia._____________________________ 45
3.7. Na concepção de Abbagnano._______________________________45
3.8. A concepção de afeto em Aristóteles._________________________ 46
3.9. Os sentidos dos termos afeto e paixão.________________________46

4. CAPÍTULO III ________________________________________52


4.1. Gráficos da relação de IDEB das escolas municipais de Anápolis ___ 52
4.2. Gráficos da relação da quantidade de alunos___________________ 55
4.3. Gráficos dos fatores que os pais não participam das ações pedagógicas
da escola_____________________________________________________ 57
4.4. Gráficos dos pais presentes e ausentes em cada escola __________ 60

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ______________________________ 64

6. BIBLIOGRAFIA _____________________________________ 66

7. ANEXOS ___________________________________________ 69

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RESUMO

Procurou-se enfocar nesta dissertação, as relações entre família e


escola com suas constantes mudanças ocorridas na sociedade
brasileira. Buscou-se atrelar aos estudos psicanalítico, históricos e
sociais na busca de um conceito a respeito da temática da família para
reler a educação e rever a modernidade com suas trajetórias até o
momento contemporâneo.
Analisam-se questões de elevada importância sobre os aspectos de
tais transformações que ocorreram na família e como a sociedade
interfere nesses acontecimentos com seus possíveis
desenvolvimentos nas áreas culturais, nos setores econômicos e
sociais e, ainda, como esses acontecimentos dialogaram com a
família e a educação ao longo do último século. Priorizaram-se os
campos teóricos psicossociais, psico-histórico, psico-antropológico e
subjetivo, a fim de correlacionar e sistematizar as acepções de família
nas teorias de Elisabeth Roudinesco, Jacques Lacan, Freud e Melanie
Klein entre outros, por entender que esses autores produziram uma
abordagem de clareza teórica que se abre a nos oferecer subsídios
necessários nesta produção investigativa.
Apontam-se as diferentes composições familiares, as relações de
afeto que se manifestam entre família e escola. Contextualiza-se o
papel da escola imersa nesta sociedade onde os conceitos de
democracia estão presentes garantindo a participação efetiva de toda
comunidade escolar visando à transformação da escola, valorizando o
sujeito nas suas relações com o conhecimento.

Palavras – Chave: Família; Escola; Sociedade; relações de afetos.

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1. INTRODUÇÃO

1.1-Tema: As Relações entre Família e Escola: um diálogo oportuno

―A mais antiga de todas as sociedades e a única natural escreve Rousseau,


é a da família.‖ (Jean Jacques Rousseau)

Nesta dissertação procura-se enfocar o tema As relações entre


família e escola: um diálogo oportuno, apropriando-se da teoria bibliográfica
para analisar e discutir as relações constituídas pelo e no diálogo que transitam
no sociológico e no psicológico, enfocando a importância temática família e
escola. Vislumbrando a possibilidade de compreender a família no seu contexto
social, no seu espaço físico constituído na sociedade e onde se alicerça a
escola. Procuramos destacar os campos teórico psicossocial, psico-histórico,
psico-antropológico e subjetivo, a fim de correlacionar e sistematizar as
acepções de família nas teorias de Elisabeth Roudinesco, Jacques Lacan,
Freud e Melanie Klein entre outros, por entender que esses autores produziram
uma abordagem de clareza teórica que, ora se abrem a nos oferecer subsídios
necessários nesta produção investigativa.

Priorizamos a linha investigativa teórica como processo de


construção para refletir sobre a participação da família na escola com seus
interesses ou imposição. Verificar se a participação da família na escola
acontece de modo natural. Na continuidade da investigação, analisar como
foram estruturados os novos modelos de famílias que participam do
desenvolvimento, denominados como novos arranjos familiares. E fazer uma
releitura das famílias no contexto histórico, nos conceitos descritos pela
psicanálise e nos aspectos da sociologia, procurando identificar aspectos
relevantes de relação familiar: os aspectos emocionais dentro dos núcleos
constituídos.

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No segundo capítulo, apresentam-se as diferentes modalidades
educacionais. Entretanto, focaliza-se o estudo nas funções sociais do espaço
formal de educação e de escola, dando ênfase à pessoa do gestor da escola
como agente da disseminação das ideias democráticas em todos os níveis de
relações no interior da escola. Por fim, no terceiro capítulo, realiza-se uma
análise do Projeto de Pesquisa de Campo que será aplicada em nove escolas
da rede publica de ensino da cidade de Anápolis.

Nesta perspectiva, analisamos a possibilidade de encontrar


alternativas para uma relação família escola que não fique somente na
exploração de uma pela outra. Apontando sempre para uma relevância desses
atos de relações, de forma que o educador possa viabilizar a participação da
família na escola, visto que a família apresenta, neste contexto histórico,
composições diferenciadas, merecendo um olhar profissional atento a fim de
que a escola não seja um veículo condutor na disseminação implícita dos
diferentes preconceitos sociais, mas adaptada à participação efetiva da família,
com seus atributos de formação, através de pesquisa de campo e da teórica,
analisar a relação entre duas instituições e os desafios que necessitam ser
superados para o favorecimento de uma boa relação entre a escola e a família.

O fato da sociedade estar em constante mudança, ela procura se


adequar e se reajustar às novas condições impostas, o que tem sido o enredo
principal na História contemporânea. A ciência estuda os vestígios do passado
para nortear o conhecimento histórico do futuro, para dar conta da explicação e
das variações que se subordinam às transformações vividas pela humanidade
ao longo do tempo e do espaço. É nesse contexto, que se enquadra no estilo
de revisão bibliográfica, buscando expor algumas teorias acerca do estudo de
família pós-moderna a fim de compreender sua gestação e transformação ao
longo da historia brasileira.

Temas como a família patriarcal, nuclear e suas evoluções serão


destacados ao estudarmos grande parte da historiografia voltada para o estudo
das famílias. Percebemos que a pesquisa é, de certa forma, recente e que só a

11
partir das primeiras décadas do século XX serão iniciados os primeiros
estudos, que, de um lado, tendem a afirmar que a família pode ser considerada
a instituição social fundamental, da qual dependem todas as demais e, de
outro, podem se vincular a dois posicionamentos conceituais específicos, que
retomam três modelos básicos de família – a patriarcal, a nuclear e a atual.

Uma das teorias norteadoras desta dissertação é o texto de Elisabeth


Roudinesco (2003), no qual a autora em seu livro, ―A família em desordem‖,
conclui como tema geral do livro, fazendo uma intertextualidade com os outros
temas dos capítulos anteriores e também se referindo à psicanálise para
exemplificar a questão principal do capítulo abordado. Elisabeth Roudinesco
nos traz uma situação polêmica e complexa: a questão dos homossexuais
poderem ou não constituir uma família. Para que se possa entender melhor as
mutações que a família vem sofrendo, é importante que se perceba que ela
também é um sistema que precisa acompanhar as mudanças socioeconômicas
que acontecem no nosso mundo. Assim como os meios de trabalho e as
relações afetivas, todos procuram se adaptar ao meio para sobreviver.

Desde a Antiguidade Clássica até os Tempos atuais, a família vem


mudando e por isso é muito difícil estabelecer um tipo de ―família padrão‖. Tudo
pode influenciá-la: a cultura local, o sistema econômico, as experiências
intra(dentro) e/ou inter(entre)familiares, dentre outros. Ou seja, a cultura local
pode influenciar na estrutura familiar. Há vários exemplos de fatos que são
ditos ―normais‖ em alguns países e que, no Brasil, são julgados de outra forma.

Amparados no texto de Roudinesco (2002), podemos distinguir três


momentos explicitados durante a evolução da família. Autora aponta para o
primeiro momento, onde a família tradicional ou patriarcal é instituída pala
transmissão do patrimônio; numa segunda fase, a família moderna tem seu
fundamento no amor romântico, onde são reforçados os sentimentos e desejos
na sua origem. Finalmente, a família contemporânea que une, por duração
relativa, dois indivíduos com o objetivo de buscar realizações pessoais e
sexuais. Seu surgimento vem como consequência do realce dado ao privado, e

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não, ao estado no último século, fomentando a consideração de funções
simbólicas em detrimento da origem mítica do poder paterno.

O livro trata do mito da proibição do incesto e traz como um dos seus


principais elementos a função simbólica ao diferenciar o mundo animal do
mundo humano. É esta função exercida pela proibição do incesto que faz com
que Roudinesco afirme que a família pode ser considerada uma instituição
humana duplamente universal, pois associa um fato de cultura construído pela
sociedade a um fato de natureza, inscrito nas leis da reprodução biológica.

A associação entre cultura e natureza permitiu pelo ponto de vista


freudiano, a constituição da família, necessidade da civilização que possibilitou
ao homem não ser privado da mulher e esta de não ser separada de seus
filhos, instaurando, desse modo, o que mais tarde ele veio a chamar de ―moral
sexual civilizada‖ fundamentada na repressão pulsional necessária à
manutenção dos ideais reguladores da sociedade, conjugando obrigação ao
trabalho e potência do amor.

As transformações que ocorreram na instituição familiar, assim como


as diferentes formas de abordá-la, ao longo do tempo, através de duas ordens:
a biológica (diferença sexual) e a simbólica (proibição do incesto e outros
interditos), o que nos faz concordar com Roudinesco, que não basta definir
família por meio do ponto de vista antropológico, pois é preciso saber também
qual a sua história e como se deram as mudanças que resultaram na desordem
da atualidade.

No primeiro capítulo analisamos referências significativas de


representações familiares, procurando refletir os complexos modos de vida e
de como se deu a formação dessa nova ordem social; como se organizaram as
continuidades e descontinuidades dessas estruturas familiares nas diversas
concepções da cultura, da educação, do social e dos valores éticos.

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Contextualizou-se a concepção de família na visão dos teóricos:
Winnicott, Melanie Klein, Elisabeth Roudinesco, Jacques Lacan entre outros.
Observaram-se os fatores que propiciaram a desagregação familiar e os
dilemas que atormentaram pai e mãe em suas jornadas ao longo da história
das famílias; e os requisitos comportamentais que surgem como intrusos na
deformação de estruturas adquiridas.

Buscou-se uma conceituação dos modelos de família e suas


modificações através do desenvolvimento social; procurou-se refletir sobre o
estabelecimento de vínculos, próprio do ser humano e da família, analisando os
condicionantes de confiança que o indivíduo tem a respeito de seu saber por
estar no mundo e estar bem entre os outros, avaliando como se processa essa
aceitação desse outro dentro do grupo familiar.

No segundo capítulo discorreu-se sobre os temas: família e escola bem


como as relações interpessoais e intrapessoais que se relacionam e dialogam
em parceria ou não, mas paradoxalmente, favorecem conceitos e critérios que
contribuem para a formação das bases da educação. A formação de vínculos
afetivos foi apontada como instrumento necessário para favorecer as relações
entre os grupos: quer sejam familiares ou educacionais.

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2. CAPÍTULO PRIMEIRO – AS RELAÇÕES FAMILIARES

―É na ordem original de realidade


constituída pelas relações sociais
que se deve compreender a família
humana.‖

Jacques Lacan

2.1- AS RELAÇÕES DE FAMÍLIA: CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E


TRANSFORMAÇÕES.

A História nos traz referências significativas de representações


familiares, que nos levam a refletir sobre os complexos modos de vida e de
como se deu a formação dessa nova ordem social; como se organizam as
continuidades e descontinuidades dessas estruturas familiares nas diversas
concepções da cultura, da educação, do social e dos valores éticos. Para
viabilizar tais características, procuramos adequar o objetivo desta dissertação
com as teorias de Elizsabeth Roudinesco, Jacques Lacan, Émile Durkheim
entre outros, por considerar que estes serão os aportes epistemológicos
necessários à sistematização concisa. Entendemos ser indispensáveis o
embasamento sociológico, o psicanalítico, o antropológico, o psicológico e o
psicopedagógico – clínico.

A temática a ser desenvolvida sobre As Relações entre família e


escola: um diálogo oportuno busca nortear-se pela orientação acadêmica no
sentido de analisar e contextualizar as relações de diálogos entre família e
escola, procurando entender quais são os fatores que contribuem ou afetam
essas instituições: família e escola. Sendo a família considerada uma
instituição responsável por promover a educação dos filhos e influenciar o
comportamento dos mesmos no meio social, buscamos compreender como se
processa essa ordem que rege a realidade que constituem essas relações
sociais. Busca-se compreender as relações de família: conceito, características
e transformações, quanto ao papel da família no desenvolvimento de cada
indivíduo e como oportunizar práticas que favoreçam o discurso triplo: família,
escola e sociedade. Ao configurar essa importância fundamental do diálogo,
15
dos deveres e dos saberes de cada instituição, na formação de uma base
sólida de continuidade dos valores que deverão ser transmitidos, acredita-se
que os envolvidos nesse processo de socialização da criança, (pai e mãe) ou
(escola e sociedade), terão de alguma forma contribuída para o futuro,
alimentada de ideais, de tradições e costumes que foram perpetuados através
de gerações. Lacan afirma:

―Entre todos os grupos humanos, a família desempenha um


papel primordial na transmissão da cultura. Se as tradições
espirituais, a manutenção dos ritos e dos costumes, a
conservação das técnicas e do patrimônio são com ela
disputados por outros grupos sociais, a família prevalece na
primeira educação, na repressão dos instintos, na aquisição da
língua acertadamente materna. Com isso, ela preside os
processos fundamentais do desenvolvimento psíquico.‖
(LACAN, 2008).

Certos de que o ambiente familiar deve ser um local onde deve existir
harmonia, afetos, proteção e todo o tipo de apoio necessário na resolução de
conflitos ou problemas de algum dos membros; e certos, ainda, de que as
relações de confiança, segurança, conforto e bem-estar deverão participar
dessa unidade familiar.

Por entendermos que as relações de família tem seus complexos


campos de circunstâncias psíquicas e por reconhecer que tais funções podem
interferir na ordem do dia a dia de qualquer cidadão, modificando os fatores e
as ligações sociais, bem como as emocionais, por isso mesmo, acredita-se que
o sujeito como expectador de sua história, deverá empenhar-se por encontrar
ações assertivas através do diálogo, discutir os conceitos e pautar-se na razão
ao confrontar-se com a emoção. Lacan, (2008 p. 15) diz que é na ordem
original de realidade constituída pelas relações sociais que se deve
compreender a família humana.

Cientificamente, com o olhar voltado para as transformações sociais


que acontecem no cerne da família brasileira, destacamos que não basta
portanto definir a família de um simples ponto de vista antropológico; é preciso
também saber qual a sua história e como se deram as mudanças que
caracterizam a desordem de que parece atingida na atualidade. Roudinesco
(2003, p.17). Quando pensamos em modelo patriarcal, pensamos de imediato
16
em um tipo de estrutura familiar extensa, ou seja, de um conceito de família
que abriga em seu seio todos os agregados. A família é uma instituição das
mais antigas, social e histórica; segundo PRADO (1981), é considerada como a
instituição mais sólida desta era cristã, pois apesar dos seus conflitos, continua
manifestando grande capacidade de sobrevivência e de adaptação às
tendências sociais e culturais manifestadas nas diversas sociedades.

De acordo com a concepção de Elizabeth Roudinesco, em seu livro


A família em Desordem, ao descrever sobre a história da família
contemporânea, a psicanalista relata os desafios das ciências modernas,
conduzindo o leitor desavisado por um labirinto temático onde a iluminação
resvala no obscurantismo das histórias do passado, transitando entre a
filosofia, a sociologia e a psicanálise para os tempos atuais, pertinentes para
que se direcionem intencionalidades sobre as relações de afetos entre os
vários tipos de famílias constituídas. Essas ciências, segundo a autora,
abordam o que de mais concreto se relativiza atualmente. Assim, diz
ROUDINESCO (2003):

―Na época moderna, a família ocidental deixou portanto de ser


conceitualizada como o paradigma de um vigor divino ou do
Estado. Retraída pelas debilidades de um sujeito em
sofrimento, foi sendo cada vez mais dessacralizada, embora
permaneça, paradoxalmente, a instituição humana mais sólida
da sociedade.‖ (Ibidem)

Segundo Roudinesco (2002), podemos distinguir três momentos na


evolução da família. Num primeiro momento, a família tradicional ou patriarcal
assegura a transmissão do patrimônio. Em uma segunda fase, a família
moderna, fundada no amor romântico, reforça os sentimentos e desejos na sua
origem. Finalmente, a família contemporânea une, por duração relativa, dois
indivíduos com o objetivo de buscar realizações pessoais e sexuais. Seu
surgimento vem como consequência do realce dado ao privado, e não, ao
estado no último século, fomentando a consideração de funções simbólicas em
detrimento da origem mítica do poder paterno.

Na horda primeva, o pai é a encarnação de Deus, senhor das


famílias, reinando sobre o corpo e a alma da mãe e dos filhos. Já, o pai romano
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caracteriza-se por ter seu lugar determinado pela nomeação que ele fazia do
filho, logo, o pater romano é aquele que se designa a si mesmo como pai, não
é determinado pelo biológico e, sim, pelo ritual de reconhecimento, designação
do filho pelo gesto ou pela palavra, que tem como consequência a posição de
comando do pai no seio da família (direito romano). No cristianismo, a função
simbólica do reconhecimento, obrigatoriamente, coincide com a paternidade
biológica. Portanto, diferente do pai romano, o pai cristão, submetido a Deus,
tem seu direito assegurado, não por sua vontade de reconhecimento, mas pela
sua origem divina.

Na realidade, apenas a nomeação simbólica garante a cada homem


que seja, de fato, genitor (pai) de sua prole. Este pai simbólico não é, portanto,
um pai procriador, senão na medida em que é um pai pela fala. O verbo tem
portanto, como conseqüência, a função de reunir e cindir as duas funções da
paternidade: a da nomeação e a da transmissão do sangue. Se o biológico
designa o genitor, o verbo permite ao pai em seu ideal de dominação afastar
sua progenitura da natureza e introduzi-la na cultura. Em outras palavras, o pai,
com sua palavra, traz para a criança a passagem da natureza para a cultura;
esse pai simbólico promove a metaforização do desejo da mãe. Embora os
direitos do pai tenham sido cerceados pelas leis da cidade, este processo se
intensifica no final do século XIX, quando as interferências do Estado na família
começam a limitar e tutelar o poder do pai. É nesse momento que Freud
introduz o conceito do Complexo de Édipo. (Roudinesco 2002).

Para Roudinesco (2002), em uma leitura sociológica do final do


século XIX, no momento em que Freud introduz, na cultura ocidental cristã, a
ideia de que o pai gera o filho, que será o seu próprio assassino, coincide com
o aparecimento do tema do advento de uma possível feminilização do corpo
social. Segundo teoria de Roudinesco: o temor dos sociólogos e antropólogos
do século XIX consistia exatamente na perda da autoridade paterna e no
domínio da mulher na sociedade (Roudinesco 2002) motivo de um debate
sobre a origem da família. Nessa perspectiva, o pai deixa de ser o veículo
único da transmissão psíquica e carnal e divide esse papel com a mãe

18
(Roudinesco, 2002, pág. 35). Como consequência, na reação a esse fato, há
uma tentativa de recuperação do lugar do pai representada pelo fortalecimento
do pai burguês.

O pai burguês, diferente do pai divino monárquico, é um pai


empreendedor, privado e individualizado. Esse pai simbólico impõe limite à
onipotência do feminino, determinando, assim, três fundamentos para a família:
autoridade do marido, submissão das mulheres e dependência dos filhos. É,
portanto, um pai justo, submetido à Lei, ao Estado, o que permite iniciar a
emancipação da mulher e dos filhos e, conjuntamente, o declínio do
patriarcalismo. Neste momento de ameaça à família e à ordem social, pelo
declínio do poder do pai e crescimento da feminilização do social, é que Freud
e a psicanálise emergem com a função de, a partir do complexo de Édipo e sua
simbolização do pai, encarregar-se de dar sobrevida à instituição família. Em
sentido inverso desse movimento, encontramos a materialização nas relações
familiares (Roudinesco 2002).

Lacan, em 1938, publicava a síntese da situação da família ocidental


no período pré-guerra. No texto, Complexos Familiares (1938/1981), Lacan
utilizando-se dos conhecimentos clínicos sobre o Édipo e de análise das teorias
psicanalíticas, antropológicas e sociológicas, nos leva a uma nova
compreensão sobre a família e sua evolução. Utiliza as afirmações de Melanie
Klein, mas acrescenta ideias do biólogo alemão Jakob Von Meseküll sobre a
interiorização do meio em que vive cada espécie. A interiorização do meio
determina a relação de dependência entre o meio e o indivíduo. Em se tratando
de família, o que é interiorizado são representações marcadas pelo materno e
pelo paterno a que chamamos de imago.

2.2- A CONCEPÇÃO DE FAMÍLIA NA VISÃO DOS TEÓRICOS: WINNICOTT,


MELANIE KLEIN, ELISABETH ROUDINESCO, JACQUES LACAN E
OUTROS.

19
A partir do pensamento de Winnicott, vamos encontrar o conceito de
família ligado à ideia de dinâmica como eixo para sua construção e será
descrita como a dinâmica do inconsciente, sendo os mecanismos psíquicos
básicos para se entender kleinianamente o funcionamento da família: a
identificação projetiva e a identificação introjetiva. De acordo com Roudinesco
(2002), Jacques Lacan, inicialmente, utiliza-se do pensamento estruturalista
que encontramos em Lévi-Strauss, principalmente em La famille em Europe
(2001); Préface Historie de la famille (s.d.) e Les structures elementares de La
parente (1967). Lacan importa da antropologia cultural de Lévi-Strauss o
conceito de ―estrutura‖ para pensar a estrutura de família dentro do campo
psicanalítico.

Para Winnicott, sua teoria nos remete à compreensão dos estágios


mais primitivos do desenvolvimento emocional do ser humano. Em sua prática,
como pediatra e psicanalista, constatou que boa parte dos problemas
emocionais parecia encontrar sua origem nas etapas precoces do
desenvolvimento. Pode-se dizer que o cerne de seus estudos concentrou-se na
relação mãe-bebê, pois para ele as bases da saúde mental de qualquer
indivíduo são amoldadas na primeira infância pela mãe, através do meio
ambiente fornecido por esta. (Winnicott, 1948)

A teoria de Melanie Klein, não emprega métodos pedagógicos:


angústia, defesa e fantasias inconscientes são os alicerces de sua teoria. O
ego é rudimentar, capaz de experimentar angústias, utilizar mecanismos de
defesa e estabelecer relação de objeto desde o nascimento - Mundo interno.
São imagos internas que não são as lembranças de experiências reais mais
antigas; são o depósito introjetado destas experiências, através das fantasias,
mas modificado pelo próprio processo de introjeção. A crença nos objetos
internos fantasiosos origina-se de experiências corporais reais da mais tenra
infância, ligadas a descargas violentas, incontroláveis de tensão emocional. O
sujeito vê o mundo através das projeções e introjeções geradas pela
ansiedade.

20
Para Lacan, em 1938, em seu texto, Os Complexos Familiares
(1981), faz importantes considerações clínicas sobre o Complexo de Édipo,
relacionando-as à psicopatologia das relações entre pais e filhos, analisando-
as sob a luz de várias teorias: psicanalíticas, antropológicas e sociológicas.
Reinventa, dessa forma, a família organizada, segundo imagos paternas e
maternas, dando a essa organização, a responsabilidade pela humanização do
indivíduo, pela criação da subjetividade. Mantém, assim, como simbólica, a
revalorização do pai, mas opondo uma moral de obrigação a uma moral de
aspiração.

Para Elizabeth Roudinesco, a família passou por muitas mudanças,


além dos eventos naturais e sociais, revisitando episódios no espelho do
cotidiano ao refletir o mal-estar social, às vezes, de sofridas experiências
subjetivas, vivenciadas dolorosamente, mas severamente importantes para que
haja mudanças. Afirma a psicanalista: À família autoritária de outrora, triunfal
ou melancólica, sucedeu a família mutilada de hoje, feita de feridas íntimas, de
violências silenciosas, de lembranças recalcadas. ROUDINESCO (2003, p.21).

Para Freud (1908-1980), essa vivência do complexo de Édipo é


acompanhada da formulação, feita pela criança, de uma série de teorias
sexuais que tem como eixo sua curiosidade sobre a origem dos bebês. O
material que lhe serve de base para essas afirmações tem sua origem,
primeiro, na observação direta das crianças, bem como no relato das
lembranças de infância, que os neuróticos adultos, conscientemente, fazem
durante o tratamento psicanalítico (Freud, 1908-1980).

Neste contexto, temos de levar em conta que as pressões da


educação e a variável intensidade da pulsão sexual produzem grandes
mudanças individuais no comportamento sexual da criança e, sobretudo,
influenciam a época do reaparecimento do interesse sexual da mesma. Mas,
sem dúvida, tal interesse sofre um incremento com a experiência próxima do
nascimento de um bebê. Como, para a criança, suas lembranças mais antigas
já incluem um pai e uma mãe, ela aceita a existência destes como uma
realidade indiscutível; mas, com a entrada de um irmãozinho, a perda,
21
realmente experimentada ou temida, dos carinhos dos pais, e o pressentimento
de que, de agora em diante, terá sempre que compartilhar seus bens, atenção
e carinho com o recém-chegado despertam suas emoções e aguçam sua
capacidade de pensamento (Freud, 1908-1980).

O centro dessa primeira preocupação leva a criança a refletir sobre a


vida, então, surge a tradicional pergunta: ‗De onde vêm os bebês?‘ – indagação
cuja forma original certamente era ‗De onde vem esse bebê intrometido?‘
(Freud, 1908/1980, pág. 216).
Para responder essa pergunta, que para a criança é uma questão de
vida, ela utiliza não só a observação do comportamento e a fala dos adultos,
como de seu corpo e de suas emoções para formular uma resposta. A
conclusão só poderia ser uma: que os bebês crescem no interior do corpo da
mãe. O novo enigma com o qual a criança se defronta é: como vão os bebês
para dentro do corpo da mãe? A criança percebe que o pai tem algo a ver com
esse fato, mas sua própria sexualidade indica também que o pênis está
presente nessa questão, pois na constituição sexual da criança, o pênis é a
principal zona erógena e o mais importante objeto sexual autoerótico. Desse
fato advêm as mais variadas teorias sexuais, desde a mutilação fálica das
mulheres, até o ato sexual dos pais, que é encarado como uma agressão do
pai para com a mãe. (Freud, 1908-1980).
Tão importante como os demais itens na formulação da teoria da
sexualidade são as teorias sexuais, os romances familiares e as recordações
infantis, bem como a escolha de objeto e a posterior teoria da identificação,
teoria esta que vem permitir a passagem para uma nova etapa da
conceitualização do complexo de Édipo.

Mezan (1991), em seu texto: Freud: a Trama dos Conceitos comenta:


―Com o surgimento dos conceitos de narcisismo e identificação,
o Édipo passa para um plano de maior destaque, pois a
escolha narcisista de objeto, pelas próprias constelações
narcisistas, reflete-se sobre o ego, enquanto a identificação,
que inicialmente é identificação com os pais, introduz a
possibilidade de traçar a gênese do ego, na qual
paulatinamente os fatores intersubjetivos e edipianos vão
assumindo o papel de molas fundamentais.‖ (Mezan, 1991, p.
194)
22
Finalmente, Freud nos indica que os conhecimentos que as crianças
adquirem dessa forma são na maior parte corretos, porém as revelações que
trocam entre si são freqüentemente mescladas com idéias falsas e resíduos de
teorias sexuais infantis anteriores (Freud, 1908/1980, p. 109).

Na concepção da ciência moderna e do conhecimento social,


origina-se a outra história, a exploração dos conceitos sobre os costumes, tais
como as mudanças no processo da evolução e da reprodução humana.
Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais e seus
descendentes, sendo considerada como um dos principais agentes da
socialização e da reprodução de valores e padrões culturais dos indivíduos. Um
dos conceitos de agregação familiar encontra-se fundamentado pela união de
múltiplos laços, capazes de manter os membros moralmente, materialmente e
excepcionalmente, agregados em seus alicerces de afetos durante a vida de
várias gerações. OSÓRIO (1996) concebe a família como um grupo no qual se
desdobram três tipos de relações: a aliança - relativa ao casal, a filiação- entre
pais e filhos e a consanguinidade – entre os irmãos. Segundo o autor, a família,
com os objetivos de preservação, proteção e alimentação de seus membros e
ainda com a atribuição de propiciar a construção da identidade pessoal,
desenvolveu em sua história atribuições diferenciadas de transmissão de
valores éticos, culturais, morais e religiosos.

Em torno da família pode-se constatar um marco grandioso no


academicismo científico. Este é um momento marcado por grandes
descobertas e acontecimentos: historiadores, antropólogos e filósofos,
cientistas, educadores e outros interessados souberam explorar e expandir
esses conhecimentos em torno da vida humana, a partir daquilo que é mais
singular: o social. Pensar o social-cultural que envolve a família, traz à tona
uma observação atenta para se desvelar hábitos, costumes e crenças que
passam pelo cotidiano de cada ser humano, além do afeto comprometido na
história das emoções. A ciência cumpre sua observação cautelosa ao longo da
história para estabelecer esses novos conceitos e preceitos, mas também
valorizar o homem no seu exercício de cidadão. Desde Hegel, a filosofia e a
23
história deixam de ser apenas a compreensão do passado para vir a ser a
reflexão dos modelos de uma política social em relação ao futuro, com
projeções de melhor condição à vida humana.

Nos últimos anos, assistimos a várias mudanças ocorridas no plano


socioeconômico-cultural. Vimos também o crescente modelo de família
estampando-se e pautando-se no processo de uma globalização da economia
capitalista. Tal processo vem interferindo diretamente na dinâmica da estrutura
familiar (quase que indefinidamente), possibilitando assim, as grandes
alterações no padrão tradicional de organização.

Desse modo, não se pode falar de família, mas sim, de famílias,


para que se possa tentar contemplar a diversidade das relações que convivem
na sociedade. No imaginário coletivo e social de cada família, quase sempre
reside um grupo de indivíduos ligados por laços de sangue e que habitam a
mesma casa. Nesses casos, pode-se considerar a família um grupo social
composto de indivíduos que se relacionam cotidianamente, gerando uma
complexa trama de emoções. Diante do exposto, podemos afirmar que hoje há
dificuldades em se definir o termo família, cujo aspecto vai depender do
contexto sociocultural em que a mesma esteja inserida.

Desse modo, a família se estrutura, portanto, numa construção social


que varia segundo as épocas, permanecendo, no entanto, naquilo que se
chama de "sentimento de família" (Amaral, 2001), que se forma a partir de um
emaranhado de emoções e ações pessoais; tanto as familiares quanto as
culturais, compondo assim, o universo do mundo familiar. E é este universo do
mundo familiar, que podemos afirmar ser o único para cada família, pois é ele
que circula na sociedade e nas interações com o meio social em que vive o
cidadão em sua família.

Contextualizando as questões familiares sobre o ponto de vista de


Kaloustian & Ferrari (1994), a família é o espaço indispensável para a garantia
da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros,
independentemente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando.
É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo, materiais necessários
24
ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um
papel decisivo na educação formal e informal; é em seu espaço que são
absorvidos os valores éticos e morais, e onde se aprofundam os laços de
solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as
gerações e são observados valores culturais. Nessa trama de pensamentos,
apontamos o que se afina com Sarti (1996) quando afirma que:

―A família não é apenas o elo afetivo mais forte dos pobres, o


núcleo da sua sobrevivência material e espiritual, o instrumento
através do qual viabilizam seu modo de vida, mas é o próprio
substrato de sua identidade social. Sua importância não é
funcional, seu valor não é meramente instrumental, mas se
refere à sua identidade de ser social e constitui o parâmetro
simbólico que estrutura sua explicação do mundo.‖(Ibidem)

Petrini (2003) diz que no decorrer da evolução histórica, a família


permanece como matriz do processo civilizatório, como condição para a
humanização e para a socialização das pessoas. Neste caso, podemos
comungar com a ideia de que, quando a educação da criança for bem-sucedida
na família, ela poderá vir a ser o instrumento de sua criatividade, ajustando ao
seu comportamento o resultado apreendido e produtivo para revivê-lo quando
for adulta. A família produz influência no desenvolvimento da personalidade e
do caráter de seus filhos.

Muitos são os fatores de desagregação familiar; muitos são os


dilemas que atormentam pai e mãe em suas jornadas; e tantos outros
requisitos comportamentais surgem como intrusos à deformação de estruturas
adquiridas, mesmo quando o perfil de uma ancestralidade se mostre impecável
no seu caráter e na sua formação de valores. Para ancorar nosso pensamento,
sobre tais questões, retomamos, por empréstimo, as palavras de
ROUDINESCO (2003, p.21), ao afirmar que: Ao perder sua auréola de virtude,
o pai, que a dominava, forneceu então uma imagem invertida de si mesmo,
deixando transparecer um eu descentrado, autobiográfico, individualizado, cuja
grande fratura a psicanálise tentará assumir durante o século XX.

25
A família faz parte do universo de experiências real e ou simbólica
dos seres humanos no decorrer de sua história, sobre a qual todos tem algo a
dizer. Esta proximidade com a realidade defronta as pessoas com suas
próprias questões familiares; toca em assuntos particularmente próximos à
experiência pessoal de cada indivíduo e, por isso, são assuntos cheios de
significados afetivos, além de cognitivos. Família remete a lembranças,
emoções, sentimentos, identidade, amor, ódio, enfim, um significado único para
cada indivíduo, que, como ser biopsicossocial, está inserido no seu meio
ambiente, integrando a cultura e o seu grupo social de pertença, o que leva a
se estudar a família de modo contextualizado, considerando a subjetividade de
cada ser.

Quando falamos de família, imediatamente nos remetemos também


à cultura e à linguagem com seus vários atos de proibição e diversos graus de
atos incestuosos por saber, justamente, que nestes atos, reside a diferença
que existe no mundo animal. É nesta diferença que podemos afirmar que existe
uma construção mítica em torno da proibição que está ligada à função
simbólica, por diferenciar o mundo animal do mundo humano. Nessas
condições, a família pode ser considerada uma instituição humana duplamente
universal, uma vez que associa um fato de cultura, construído pela sociedade,
a um fato de natureza, inscrito nas leis da reprodução biológica.
(ROUDINESCO, 2003, p.16)

Diante do pressuposto de organicidade de experiências, entre o que


chamamos de ordem do simbólico ou de práticas vivenciais, certifica-se da
existência de uma multiplicidade de diferenças ligadas aos costumes, aos
hábitos, às representações, à linguagem, à religião, às condições geográficas e
históricas. É nesse contexto que atrelamos a visão refinada de um conceito
histórico segundo (ROUDINESCO, p. 17):

―Eis por que, interrogado por um sociólogo sobre a posição


que deveria assumir a antropologia, enquanto disciplina, acerca
da questão das novas formas de organização da família, Lévi-
Strauss respondeu o seguinte: ‗O leque das culturas humanas
é tão amplo, tão variado (e de manipulação tão fácil) que nele
encontramos sem dificuldade argumentos em apoio a qualquer
tese. ‘‖(Ibidem)
26
Cada família tem uma história e cada pessoa tem sua própria
representação de família – da família real e da família sonhada (idealizada),
além de sua família, ainda existe a família do outro – uma representação que
se pressupõe estar ligada a concepções e opiniões, sentimentos e emoções,
expectativas correspondidas ou não, mas interferindo direta ou indiretamente
nas ações. A família não é algo concreto, mas algo que se constrói a partir de
elementos da realidade. Segundo Petrini (2003), a família encontra novas
formas de estruturação que, de alguma maneira, a reconstituem, sendo
reconhecida como estrutura básica permanente da experiência humana. Afirma
ainda esse autor que apesar da variedade de formas que a família vai
assumindo ao longo do tempo, torna-se identificada como sendo o fundamento
da sociedade.

É neste contexto que vive a família moderna brasileira: algumas


classes tentando se equilibrar entre o sonho possível e a realidade às vezes
cruel – porém, o desejo de ter, quase sempre encena o contrário da ação do
ser, (a vontade de realização e a realidade do que se pode realmente
concretizar) reflete como versus da razão.

Assim, numa luta íntima, onde se aprende a conviver com os


opostos; com as diferenças, vive o cidadão moderno com sua mais íntima
realidade, nem sempre exposta “... tudo que vem a público pode ser visto e
ouvido por todos (...) - aquilo que é visto por nós mesmos – constitui a
realidade (ARENDT, 2008, p.59).

No texto de Freud Totem e Tabu (1914 / 1968), o autor elabora seu


mito do pai da horda que mostra como teria se dado a passagem da natureza
para a cultura. Neste texto, que suscitou inúmeras polêmicas no campo das
ciências sociais, Freud defende a tese de que sem referência paterna nenhuma
cultura é concebível, pressuposto sem o qual fica difícil entender as críticas,
justificadas ou não, feitas à família contemporânea, principalmente no que diz
respeito à falência da função paterna. O mito traz como um dos seus principais
elementos a proibição do incesto. É esta função exercida pela proibição do
incesto que faz com que Roudinesco afirme que a família pode ser considerada

27
uma instituição humana duplamente universal, pois associa um fato de cultura
construído pela sociedade a um fato de natureza, inscrito nas leis da
reprodução biológica. Esta associação entre a cultura e a natureza permitiu,
pelo ponto de vista freudiano, a constituição da família; necessidade da
civilização que possibilitou ao homem não ser privado da mulher e esta de não
ser separada de seus filhos, instaurando, desse modo, o que mais tarde ele
veio a chamar de ―moral sexual civilizada‖ fundamentada na repressão
pulsional, necessária à manutenção dos ideais reguladores da sociedade,
conjugando obrigação ao trabalho e potência do amor.

As transformações que ocorreram na instituição familiar, assim como


.as diferentes formas de abordá-la ao longo do tempo, tem como núcleos duas
grandes ordens: biológica (diferença sexual) e simbólica (proibição do incesto e
outros interditos), o que nos faz concordar com Roudinesco, que não basta
definir família por meio do ponto de vista antropológico, pois é preciso saber
também qual a sua história e como se deram as mudanças que resultaram na
desordem da atualidade. Roudinesco afirma:
―Embora o leque das culturas seja bastante amplo para permitir
uma variação infinita das modalidades da organização familiar,
sabemos claramente, e Lévi-Strauss o diz com todas as letras,
que certas soluções são duradouras e outras não. Em outras
palavras, é preciso de fato admitir que foi no seio das duas
grandes ordens do biológico (diferença sexual) e do simbólico
(proibição do incesto e outros interditos) que se desenrolaram
durante séculos não apenas as transformações próprias da
instituição familiar, como também as modificações do olhar
para ela voltado ao longo das gerações.‖(ROUDINESCO, 2003,
p, 17)

Para alguns autores, as Leis vigentes no país, são formas


declarativas de uma das provas mais evidentes da existência da família: é o
viver juntos sob o mesmo teto. Dito desse modo, isto significa que a noção de
casa implica compartilhar um determinado modo de vida, constituindo o que
pode ser denominado na convivência familiar o que afirma Sarti (1996): a
família compreende a casa; a casa está, portanto, contida na família. Viver sob
o mesmo teto, ao limitar o espaço da família, traz também em seu bojo a
dimensão de sua complexidade, de seus encontros e desencontros; o fato de a

28
família ser um espaço privilegiado de convivência não significa que não haja
conflitos nesta esfera (Vicente, 1994).

2.3 - O QUE É A FAMÍLIA E COMO CONCEITUÁ-LA

Historicamente, o termo família origina-se do latim ―famulus‖ que


significa: conjunto de servos e dependentes, de um chefe ou senhor, que vivem
sob um mesmo teto. (HOUAISS, 2001, CD-ROM). Entre os chamados
dependentes inclui-se a esposa e os filhos. Assim, a família greco-romana
compunha-se de um patriarca e seus ―fâmulos‖: esposa, filhos, servos livres e
escravos. (PRADO, 1981, p. 51).
Ao longo da história o termo vem se modificando e nos tempos
atuais, conforme definição encontrada nos dicionários Aurélio (FERREIRA,
1999, CD-ROM) e Houaiss (HOUAISS, 2001, CD-ROM), o termo família tem
significado bem semelhante, abrangendo, principalmente, as pessoas que
vivem no mesmo domicílio (pai, mãe e filhos) ou aquelas unidas por laços de
parentesco e adoção.
De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil
(BRASIL, 1988), o conceito de família foi ampliado, passando a ser intitulada
base da sociedade e definida como a união estável entre homem e mulher ou
qualquer dos pais e seus descendentes. Neste novo conceito, Goldani (1994,
p. 10) observa que, ao se enfatizar a necessidade de proteção aos
dependentes (crianças, jovens e velhos), a Constituição Brasileira reconhece o
poder assimétrico entre os membros da família.

Para os critérios acadêmicos, o conceito de família na literatura


brasileira, tem sido estudado sob óticas distintas, que variam segundo
disciplinas e abordagens teóricas diferentes. Segundo Fukui (1998, p. 16), a
família pode ser abordada segundo três ângulos diversos e complementares:
condições de vida; instituição e valor. Fukui (1998, p. 17) acrescenta que os
diferentes grupos familiares podem ser estudados segundo parâmetros que
investigam a composição familiar e o ciclo de vida familiar.

Ao falarmos de família devemos ter em mente que a discussão sobre


família, enquanto uma porta de entrada para a compreensão de uma
29
sociedade, começa com o questionamento sobre o significado do termo família
e sobre o estatuto teórico que damos a ele. (ALMEIDA; CARNEIRO; PAULA,
1987, p. 13).

A família é percebida não como o simples somatório de


comportamentos, anseios e demandas individuais, mas sim como um processo
integrativo, interacional da vida e das trajetórias individuais de cada um de seus
integrantes. À família, novos membros se agregam; da família, saem alguns
para constituírem outras famílias e enfrentar o mercado de trabalho.
(FERRARI; KALOUSTIAN, 1994, p. 13).

2.4 – CONCEITUAÇÕES DE FAMÍLIA, MODELO E MODIFICAÇÕES.

O estabelecimento de vínculos é próprio do ser humano, e a família,


como grupo primário, é o locus para a concretização desta experiência. A
confiança que o indivíduo tem de que pode estar no mundo e estar bem entre
os outros lhe é transmitida pela sua aceitação dentro do grupo familiar. O
sentir-se pertencente a um grupo, no caso, à família, possibilita-lhe, no decorrer
de sua vida, pertencer a outros grupos.

A) FAMÍLIA MONOPARENTAL

Família Monoparental: composta por apenas um dos progenitores:


pai e mãe. Os motivos que possibilitam essa estrutura são vários. Englobam
causas e circunstâncias (morte, abandono, divórcio) ou, ainda, por uma
decisão e, na maior parte dos casos, uma decisão de se ter um filho de forma
independente. As causas que levem ao fim de uma família bioparental, tal
como ocorre com as viúvas, separadas, adoção, divorciadas, solteiras e, que, a
princípio, viviam em união estável, poderão adotar viverem, depois de um
dessas situações, buscando uma nova opção.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, ECA, prevê a possibilidade,


independente do estado civil de uma pessoa sozinha, tanto o homem quanto a

30
mulher, poder adotar uma criança, e assim se tornar uma família de acordo
com que está disposto no art. 42 da ECA.

B) FAMÍLIA NUCLEAR

Era considerado como único e legítimo modelo de família, onde tinha


o homem, a mulher e seus descendentes. Era o modelo inspirado na
Revolução Industrial. Refletia a idéia de sociedade dinâmica e mais produtiva.
Pois era como um núcleo pequeno, onde um chefe provedor do lar poderia com
facilidade resolver questões geográficas ou sociais. Representando assim, um
modelo de sociedade capitalista.

C) FAMÍLIA RECONSTITUÍDA

Nesta qualificação estão abarcadas tantos as uniões sucessivas de


viúvos, divorciados com filhos de uma relação anterior, como as primeiras
uniões de membros de famílias monoparentais. Estão fora dessa conceituação
as relações matrimoniais ou paramatrimoniais onde não existam crianças ou
adolescentes, uma vez que as relações entre um companheiro ou cônjuge e a
prole do outro é o ―âmago‖ que define e especializa esta nova forma de
organização familiar".1

Quando ocorre o divórcio, surge então a chance de uma nova


família. Além de juntar marido e mulher, também os filhos provenientes de
relações anteriores, vivendo todos sobre o mesmo teto. Seja proveniente de
um novo casamento ou uma união estável, os filhos possuem origens distintas
quanto à paternidade biológica. Diante da realidade atual, este modelo tende a
aumentar sua incidência.

1
http://jus.com.br/artigos/17987/a-crianca-e-o-adolescente-e-o-parentesco-por-afinidade-nas-
familias-reconstituidas#ixzz3AUu4iWKq

31
D) UNIÃO ESTÁVEL

É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem


e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e
estabelecida com o objetivo de constituição de família. Com o advento da
Constituição Federal de 1988, a união estável, no passado estigmatizada pela
expressão de concubinato, em que a mulher era classificada vulgarmente como
amante ou amásia, foi equiparada à figura de entidade familiar.

É definida como aquela formada por um homem e uma mulher livre


de formalidades legais do casamento, com o animus de conviverem e constituir
família. Em assim sendo, se a união estável é entidade familiar, como também
o casamento, não há como se fugir da conclusão de que as regras do instituto
da guarda devem ser aplicadas à união estável.

E) FAMÍLIA ANAPARENTAL

Família anaparental é aquela em que não há a figura de um


ascendente. Ex: dois irmãos adotam, em conjunto, uma terceira pessoa,
formando, assim, uma família sem ascendentes. E, se constatados os vínculos
subjetivos que remetem ao tradicional conceito de família, a anaparental,
também merecerá o reconhecimento e igual status daqueles grupos familiares
descritos no art. 42, §2, da ECA.

Portanto, é a convivência de pessoas sem vínculos parentais que


convivem por algum motivo, possuindo uma rotina e uma dinâmica que os
aproximam, podendo ser estas afinidades sociais, econômicas.

F) FAMÍLIA EUDEMONISTA

A família eudemonista ou afetiva significa "doutrina que admite ser a


felicidade individual ou coletiva o fundamento da conduta humana moral", o

32
que a aproxima da afetividade. (BIRMANN, Sidnei Hofer.) O direito à filiação
frente à constitucionalidade.2

Em outras palavras, a família eudemonista é um conceito moderno


que se refere à família que busca a realização plena de seus membros,
caracterizando-se pela comunhão de afeto recíproco, a consideração e o
respeito mútuos entre os membros que a compõe, independente do vínculo
biológico. A jurisprudência se manifestou favoravelmente ao entendimento de
que o afeto é elemento definidor da filiação no caso de posse de estado de
filho, bem como na investigação de paternidade.3

Desse modo, os tribunais valorizam o elemento afetivo como


instrumento determinante da filiação visando à proteção dos interesses da
criança e do adolescente, acatando o mesmo código de Leis quanto à
formação convencional para pais e filhos, segundo a constituição.

2.5- OS NOVOS RUMOS EM FUNÇÃO DOS NOVOS ARRANJOS


FAMILIARES

Ao se discutir família não se deve pensar apenas no modelo nuclear


patriarcal, já que esta vem se modificando e construindo novas relações a partir
de transformações vivenciadas pela sociedade. Para Szymanski (2002), as
mudanças que acontecem no mundo acabam por influir e afetar a família de
uma forma geral e de uma forma particular, a partir da formação, do
pertencimento social e da história de cada um destes segmentos.

2
A família eudemonista ou afetiva significa "doutrina que admite ser a felicidade individual ou coletiva o
fundamento da conduta humana moral", o que a aproxima da afetividade. (BIRMANN, Sidnei Hofer. O direito a
filiação frente à inconstitucionalidade do art. 10 do novo Código Civil. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, 35,
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1553. Acesso em
20/08/2014.

3
Tal constatação foi retirada da decisão prolatada pela Sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Sul, no julgamento da Apelação Cível nº 70005246897

33
Atualmente, a família é compreendida não apenas baseada nos
laços consangüíneos e de parentesco, mas nas relações de afeto e cuidado.
Szymanski (2002) entende família como sendo uma associação de pessoas
que escolhe conviver por razões afetivas e assume um compromisso de
cuidado mútuo e, se houver, com crianças e adolescentes, não levando em
conta para isto, a existência de laços consangüíneos ou de parentesco.
Kaloustian (2005) retrata que a família é o espaço da garantia da proteção
integral e da sobrevivência, independente do arranjo familiar em que se baseie.

Em contrapartida, Mioto (2000) discute que, na atual conjuntura,


existem diversas formas de organização familiar que se modificam
continuamente com o objetivo de satisfazer as necessidades impostas pela
sociedade. Segundo esta autora, ―o terreno sobre o qual a família se
movimenta não é o da estabilidade, mas o do conflito, o da contradição‖ (2000,
p. 219). Ou seja, para ela a família pode ser o espaço do cuidado, mas não se
pode esquecer ou deixar de lado que nas relações familiares também existem
o conflito e a instabilidade, sejam eles influenciados pela sociedade ou não.

Segundo Sarti (2007), a família vem sofrendo transformações


desde a Revolução Industrial, que separou o mundo do trabalho do mundo
familiar, instituindo a questão da privacidade na família. Outros fatores
determinantes para tais mudanças são o avanço tecnológico e as descobertas
científicas no que tange, principalmente, à reprodução humana. A partir da
década de 60, um fator vem para separar a sexualidade feminina da
reprodução: a ascensão da pílula anticoncepcional. Esta, juntamente com o
trabalho remunerado da mulher, acaba por inaugurar uma fase de modificações
na família contemporânea. A década de 80 também traz novas transformações
para a instituição familiar com as tecnologias de reprodução artificial, que
dissociam a relação sexual da gravidez. Mais um fator apontado pela autora
está relacionado aos testes de DNA, que vem para comprovar a paternidade e
reivindicar que o homem cumpra o seu papel de pai. Para Sarti, isto se tornou
um recurso de proteção não só para a mulher, mas também para a criança. A
autora supracitada relata ainda que a Constituição Federal de 1988 promoveu
mudanças no que se refere a família, tais como:

34
 a quebra da chefia conjugal masculina, tornando a sociedade conjugal
compartilhada em direitos e deveres pelo homem e pela mulher;

 o fim da diferenciação entre filhos legítimos e ilegítimos, reiterada pelo


Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), promulgado em 1990, que
os define como ‗sujeitos de direito‘. Com o exame de DNA, que
comprova a paternidade, qualquer criança nascida de uniões
consensuais ou de casamentos legais pode ter garantidos seus direitos
de filiação, por parte do pai e da mãe (SARTI, 2007, p.24).

No que se refere a estas modificações, Mioto (2002) expõe que


vários estudos tem demonstrado a forma como ocorreram essas
transformações na sociedade, principalmente no que se refere ao trabalho, à
economia, à lógica capitalista, à área tecnológica e à mudança de valores. Em
decorrência destes fatos, as famílias tem se reorganizado e sofrido
conseqüências, como por exemplo, o empobrecimento acelerado.

Para Zamberlam (2001, p.83), a família, como forma de os


homens se organizarem para sua sobrevivência, também tem passado por
mudanças que correspondem às mudanças da sociedade e tais modificações
não representam um enfraquecimento da instituição familiar, mas sim o
surgimento de novos arranjos familiares. Para esta autora observa-se o quão
difícil se tornou conceituar família e seus papeis, haja vista o elevado número
de subsistemas e a pluralidade de arranjos com que nos deparamos
atualmente. Diante desta realidade, ―surgem‖ e ganham visibilidade diferentes
formas de família e distintas maneiras de se relacionar dentro dela, o que
acarretou uma redefinição de papéis e redistribuição de responsabilidades para
os componentes familiares. Ganham visibilidade a família ampliada, a
recomposta, as ditas produções independentes ou as famílias monoparentais e
as famílias homoafetivas.

Constatando o longo período de tantas mudanças que ocorreram no


mundo, na sociedade, afetando principalmente a família, começa-se a discutir o
conceito de gênero, ou seja, a relação entre homens e mulheres e como estes
se relacionam na sociedade. Ao enfocar os novos arranjos familiares,
percebemos ser de grande importância ressaltar que não nos cabe analisar o
35
que é ―bom ou ruim‖ em relação à família nuclear e/ou os novos arranjos
familiares mas, sim ressaltar o atual momento da história e o real inscrito na
vida familiar, onde indiferente da maneira que possam se organizar esses
indivíduos, eles são pertencentes a um grupo familiar e este lhe oferece laços
afetivos, valores e funções.

2.6– FAMÍLIA E A ESCOLA: OS VÍNCULOS AFETIVOS

Segundo Durkheim, a educação é uma função coletiva, que visa ao


bem social. Por isso, à sociedade caberia determinar quais as ideias e os
sentimentos a imprimir na criança para que se tornasse um cidadão adaptado,
diz ele: A educação tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança estados
físicos e morais que são requeridos pela sociedade política no seu conjunto; A
sociedade e cada meio social particular determinam o ideal que a educação
realiza.
Durkheim acreditava que a sociedade seria mais beneficiada pelo
processo educativo. Para ele, a educação é uma socialização da jovem
geração pela geração adulta. E quanto mais eficiente for o processo, melhor
será o desenvolvimento da comunidade em que a escola esteja inserida.
Nessa concepção durkheimiana (também chamada de funcionalista),
as consciências individuais são formadas pela sociedade, opondo-se ao
idealismo, de acordo com o qual a sociedade é moldada pelo "espírito" ou pela
consciência humana. A construção do ser social, feita em boa parte pela
educação, é a assimilação pelo indivíduo de uma série de normas e princípios -
sejam morais, religiosos, éticos ou de comportamento - que baliza a conduta do
indivíduo num grupo. O homem, mais do que formador da sociedade, é um
produto dela, conclui Durkheim. Essa teoria, além de caracterizar a educação
como um bem social, a relacionou pela primeira vez às normas sociais e à
cultura local, diminuindo o valor que as capacidades individuais tem na
constituição de um desenvolvimento coletivo. Durkheim diz:

―Todo o passado da humanidade contribuiu para fazer o


conjunto de máximas que dirigem os diferentes modelos de
educação, cada uma com as características que lhe são
próprias. As sociedades cristãs da Idade Média, por exemplo,

36
não teriam sobrevivido se tivessem dado ao pensamento
racional o lugar que lhe é dado atualmente.‖

De acordo com o pensamento durkheimiano o fato social, segundo


o sociólogo, consiste em maneiras de agir, de pensar e de sentir como
determinada força sobre os indivíduos agem e determinam, obrigando-os a se
adaptar às regras da sociedade onde vivem. No entanto, nem tudo o que uma
pessoa faz pode ser considerado um fato social, pois, para ser identificado
como tal, tem de atender a três características: generalidade, exterioridade e
coercitividade.
 Coercitividade – característica relacionada com o poder, ou a força,
com a qual os padrões culturais de uma sociedade se impõem aos
indivíduos que a integram, obrigando esses indivíduos a cumpri-los.
 Exterioridade – quando o indivíduo nasce, a sociedade já está
organizada, com suas leis, seus padrões, seu sistema financeiro, etc.;
cabe ao indivíduo aprender, por intermédio da educação, por exemplo.
 Generalidade – os fatos sociais são coletivos, ou seja, eles não existem
para um único indivíduo, mas para todo um grupo, ou sociedade.

Diante do exposto e como se observa ao longo da história humana,


os fatos cotidianos também exemplificam mudanças de comportamentos na
sociedade, tais como: seguir um modelo, adaptar-se aos costumes de outras
culturas e assim por diante. É no espelho do dia a dia que vimos se
manifestarem os diversos hábitos, desde os mais tradicionais, presentes na
culinária brasileira, de portugueses, italianos, africanos e outros, como os mais
significantes, porém não menos importantes, estariam aqui representados o
―modismo‖ que se compra e se vende através da ―merchandise‖. Isto seria um
hábito? Ou seria uma influência? Não há uma resposta certa ou errada, pois é
comum em todo cidadão o ato de comparar-se, por experimentar querer ser
esse outro um arquétipo imaginado.

De volta ao passado, relembrando a história, para ampliar o modelo,


é com a chegada dos imigrantes europeus para o Brasil, que se pode notar à
figura de uma família idealizada, segundo Prado (1981), os portugueses ao

37
chegarem ao Brasil traziam consigo suas normas jurídicas, costumes e
tradições relativos à sua vida familiar, fazendo com que os missionários através
da catequização tentassem mudar as tradições indígenas para os hábitos
cristãos. Por outro lado, havia as famílias negras que foram escravizadas e
importadas pelo tráfico negreiro; essas sim, foram impedidas de praticar suas
próprias tradições. Em relação às famílias naturais (mãe e filhos) as decisões
variavam conforme o proprietário da mãe/ escrava, essa situação só se
modifica com a Lei do Ventre Livre, a qual regulamentava o direito da mãe em
relação a seu filho.

Por conta disso, e de acordo com que nos aponta Prado (1981), a
miscigenação foi o fator mais marcante na formação do grupo da população
brasileira, resultante da mistura entre imigrantes europeus brancos,
portugueses e holandeses, a princípio, incluindo, posteriormente no século XIX,
italianos, alemães, índios civilizados e negros libertos. Apesar de tantas
variações de origem na formação dos grupos familiares, há um consenso
quando se trata de alguns modelos de famílias e por esse motivo:
―Descrevem-se ―aqueles tempos‖ em que existia um patriarca,
o chefe da família em todos os sentidos, exercendo autoridade
moral e econômica sobre a mulher, os filhos e empregados.
Havia uma divisão de tarefas rigidamente estabelecida entre os
múltiplos membros da família, divisão essa que não deixava
margem a dúvidas nem conflitos, pois também eram bem
delimitados os direitos e deveres de cada membro da família
para com todos os outros.‖ (PRADO, 1981, p. 74).

2.7. AS DIFERENTES REALIDADES SE CRUZAM NO MESMO OBJETIVO:


EDUCAR PARA A VIDA

Não há como se pensar a educação sem que haja o envolvimento da


família nesse processo, portanto, a escola nunca educará sozinha, pois, o
papel da família na educação dos filhos, será sempre a maior representante de
maior singularidade. Dito de outro modo é nessa etapa de construção da
identidade do indivíduo, ainda em formação, que a escola desempenha seu
papel e se pronuncia em parceria com a família, (no sentido metonímico do
discurso e do percurso da construção), quando juntas, adotam tais atribuições

38
de responsabilidades paralelas, criando a base do saber, mas fornecendo
elementos à identidade integral do ser. Aliás, nessa parceria, família escola, só
deverá haver um só objetivo – á construção da identidade do indivíduo como
ser do mundo para o mundo – uma construção de fundamental importância.
É notório saber que o ato de educar inicia-se no regaço do lar e é no
ambiente familiar que os primeiros passos acontecem e as primeiras palavras
são pronunciadas sob a orientação da mãe. Por isso, e sem dúvida, é sobre a
família que recai a maior parcela de responsabilidade. Diante do exposto,
quanto mais estreita for essa relação, família-escola, melhor será o resultado
esperado tanto pelos pais quanto pelos professores. Delineia-se aqui o
objetivo único: no cordial processo de educar, de cumplicidade entre os
parceiros no ato de educar, na coerência dos responsáveis durante todo esse
processo, devendo considerar a necessidade da família, levando-a a vivenciar
situações que lhes possibilite se sentir um participante ativo na parceria e não
apenas um mero expectador.

Vale ainda ressaltar que escola e família precisam se unir nessa


cumplicidade de entender o que é FAMÍLIA, o que é ESCOLA e como eram
vistas essas instituições anteriormente. Não se pode julgar sem que, antes, se
faça uma reavaliação do processo de desenvolvimento humano e de
aprendizagem nos dias atuais, além de analisar criteriosamente, como a
criança aprende.
Pois, de acordo com o que pesem as mais recentes críticas e as
propostas político-pedagógicas acompanhadas por Miguel Arroyo, devemos
por em prática a concepção de uma escolarização que redefina a estrutura do
nosso sistema de ensino, evidenciando sua estrutura seletiva.
Não podemos ignorar suas ponderações sobre a convivência de um
ideário pedagógico democrático que sonha com uma sociedade igualitária, mas
que prepara seus alunos para os ditames do mercado, sem questionar seu
caráter antipedagógico e excludente. Diante do exposto, e ainda na mesma
linha de pensamento de Arroyo, o caráter excludente do nosso sistema escolar
se mantém impassível afrontando o pensamento progressista e democrático

39
porque está legitimado na cultura política e pedagógica da seletividade, da
reprovação e retenção.
As administrações que o autor acompanha pretendem intervir no
sistema escolar, acreditando que esse sistema, seus rituais, lógicas e
estruturas, podem ser mais democráticos, menos seletivos.
Para finalizar este capítulo ficamos com o pensamento de Reis: A
escola nunca educará sozinha, de modo que a responsabilidade educacional
da família jamais cessará. Uma vez escolhida a escola, a relação com ela
apenas começa. É preciso o diálogo entre escola, pais e filhos. (REIS, 2007,
p.6).

40
3. CAPÍTULO SEGUNDO – AS RELAÇÕES DE AFETO

3.1. RELAÇÕES DE AFETOS E SUAS CONCEPÇÕES


INTERDISCIPLINARES

Afetividade é um termo que deriva da palavra afeto e designa a


qualidade que abrange todos os fenômenos afetivos. De acordo com a
psicanálise, a afetividade é o conjunto de fenômenos psíquicos manifestados
sob a forma de emoções, sentimentos, acompanhados da impressão de
prazer ou dor, satisfação ou insatisfação, agrado ou desagrado, alegria ou
tristeza. O termo afeto, ainda de acordo com a psicanálise, encontra, na
terminologia da psicologia alemã, o seu correspondente como sendo estado
afetivo, penoso ou desagradável, vago ou qualificado, quer se apresente sob a
forma de uma descarga maciça, quer como tonalidade geral. Segundo Freud,
toda pulsão se exprime nos dois registros, do afeto e da representação. Desse
modo, o afeto é a expressão qualitativa da quantidade de energia pulsional e
de suas variações.

Ao retomar o termo ―afeto‖ com o foco nas questões temáticas para o


diálogo entre família e escola, vimos ser necessário justificar suas variantes
lingüísticas e correlacioná-las no encontro de um traço pertinente ao se
conectarem com duas realidades: escola e família. O termo afeto também
carrega uma variante negativa, expressando um sentido substantivado onde se
pode afirmar que o indivíduo se constitui ―afetado‖. Além da variante ―desafeto‖
não nos deixar dúvida de sua afirmação e de seu sentido lógico, pois o
(des)afetar, de acordo com o radical ―des‖, já nos conduz, de imediato, a
investigar em que sentido em outras ―transliterações‖, ou ―interpretações‖ a
palavra afeto tenha deixado de exercer sua compreensão para a finalidade em
questão. Por esse motivo, o termo ―afeto‖ interfere na materialidade das
emoções de tal modo que nos fez indagar: terá sido a falta do afeto nos lares,
entre seus familiares? Ou, ainda, nas escolas entre os professores e alunos?
Terá sido esta falta de afeto a razão da violência nas escolas? Violência, já não
mais, só verbal, tão pouco a ―sussurrada‖, porém ―revelada‖ por detrás dos
41
muros estudantis e estampada nas manchetes de telejornais. Teria sido seu
excesso de afeto? Seria a violência uma resultante da anemia afetiva? Apenas
indagações. Talvez, tenha sido um mal que migrou das bordas da sociedade e
adentrou as trincheiras imaginárias, para além das esferas escolares.
Nosso tema guarda um compromisso com o aluno, com uma escola
aberta aos vários discursos, dialogando com pais e educadores comprometidos
no ato educar pelo afeto em sua dimensão dialogal. Guarda compromisso
também pela falta que o afeto representa, pois ele é, a partir de sua ausência,
aquilo que se estrutura no sensível, o que gera também o degenerar,
possibilitando a discórdia dentro e fora do ambiente educacional, promovendo
incidências de violência física e uma indefinida negligência, transbordante,
deixando um rastro de desafeto por onde essas atitudes nascem.

Não se pretende aqui ter um discurso depressivo. Queremos apenas


apontar possíveis alternativas de resgate. Resgate do cidadão, do estudante
marginalizado em suas descrenças; um resgate que indique oportunidades de
afetos que alimentem o indivíduo em sua autoestima; de uma identidade que o
estimule a retornar ao seu lar depois da escola. O desafeto, entre outros
fatores, indica um alto índice de criminalidade e é o representante da desordem
que se instalou em muitas famílias. A escola já não mais inspira ser o lugar de
―abrigo‖ do conhecimento, pois, nela também habita o terror que vem
crescendo assustadoramente. Desse modo, nos resta evocar o afeto. Sabemos
que onde há predominância do afeto, este parece abrigar a origem do respeito
mútuo.

Desse modo, para justificar a concepção do termo afeto, buscamos


na Psicologia, na História, na Educação, na Filosofia, na Psicanálise
(especialmente com Freud e Lacan), e também na Literatura o que diz este
termo, afeto, e o que ele nos informa.

3.2. CONCEPÇÃO DE AFETO NA PSICOLOGIA E PSICANÁLISE

No âmbito da psicologia, afetividade é a capacidade individual de


experimentar o conjunto de fenômenos afetivos (tendências, emoções,

42
paixões, sentimentos). A afetividade consiste na força exercida por esses
fenômenos no caráter de um indivíduo. A afetividade tem um papel crucial no
processo de aprendizagem do ser humano, porque está presente em todas as
áreas da vida, influenciando profundamente o crescimento cognitivo.

O afeto em Freud: entre o corpo e o psiquismo, é descrito da


seguinte forma: Se eu nos sonhos sinto medo de uns ladrões, os ladrões são
por certo imaginários, mas o medo é real, e ocorre o mesmo quando me
regozijo nos sonhos (FREUD, 1900/1976, p.458). Para Freud prestar atenção
nos afetos parecia ser um bom caminho para entender a natureza da alma
humana. Então, para compreender um sonho, por exemplo, ele seguia os
afetos nas séries de representações.

O mesmo acontecia nos encontros com seus pacientes: as variações


afetivas, das paixões intensas às hostilidades ao psicanalista e ao tratamento
em geral, indicavam-lhe que direção dar ao tratamento. Às vezes, tudo
acontecia tão rápido que não era possível intervir, como no caso de uma
senhora (1914/1976) que, ao cabo de uma semana na qual a transferência
aumentou demais, a dita senhora, evadiu-se de Freud como fazia
repetidamente com seu marido. Outras vezes, era preciso esperar e, sem
tomar as hostilidades do paciente como pessoais, consentir num decurso que
não podia ser evitado nem apurado de imediato. As resistências precisavam de
tempo para a sua reelaboração, a qual constituía a peça do trabalho produtora
do efeito alterador máximo sobre o paciente e que distingue o tratamento
analítico de toda influência sugestiva (FREUD, 1914/1976).

Para Freud prestar atenção nos afetos parecia ser um bom caminho
para entender a natureza da alma humana.

Em 1894, numa célebre passagem de As neuropsicoses de defesa,


Freud (1894/1976) sugere que é preciso distinguir, nas funções psíquicas,

"algo (cota de afeto, soma de excitação) que tem todas as


propriedades de uma quantidade — ainda que não tenhamos
meio algum para medi-la —; algo que é suscetível de aumento,
diminuição, deslocamento e descarga, e se difunde pelas vias
mnêmicas das representações como o faria uma carga elétrica
pela superfície dos corpos." (p.6)

43
Como foi possível observar, o afeto em Freud tem características
específicas, e seja como for, com relação aos afetos, Freud desenvolvia, no
rascunho enviado a Ferenczi (1915d/1976) a mesma idéia, tanto de 1893, dos
Estudos sobre a histeria, quanto de 1926, da Inibição, sintoma e angústia: os
afetos e o modo como são expressos derivam do cruzamento da história dos
indivíduos com a história da espécie, da organização psíquica individual com a
organização psíquica coletiva, misturando, segundo os termos do próprio
metapsicologia, o que é "constitucional" e o que é "acidental", ou segundo a
velha oposição filosófica, a natureza e a cultura (FREUD, 1915d/1976). Porém,
para nossa compreensão de educadores, o que nos importa é o que desse
comportamento, pode resultar como estudo dos afetos não estruturados na
ordem de organização psíquica dos indivíduos e na sua relação com o outro.

3.3. O AFETO NA CONCEPÇÃO DE WALLON

Para o psicólogo francês Henri Wallon a afetividade é um conceito,


afirmando que a inteligência não é o elemento mais importante do
desenvolvimento humano, mas esse desenvolvimento depende de três
vertentes: a motora, a afetiva e a cognitiva. Assim, a dimensão biológica e a
social tinham caráter indissociável, porque ambas se complementam
mutuamente. A evolução de um indivíduo não depende somente da
capacidade intelectual garantida pelo caráter biológico, mas também do meio
ambiente que vai condicionar a evolução, permitindo ou impedindo que
determinadas potencialidades sejam desenvolvidas. Portanto, a afetividade
surge nesse meio e tem uma grande importância na educação, mas,
indubitavelmente, necessária no reino familiar.

3.4. CONCEPÇÃO DE AFETO NA PSICANÁLISE DE MELANIE KLEIN

―É no âmbito familiar a partir dos vínculos entre as pessoas


destes primeiros convívios que se inicia a relação do ensinar e
o aprender. A base destas relações é vincular e afetiva, pois o
bebê utiliza uma forma de comunicação emocional com um
adulto para mobilizá-lo a ganhar os cuidados que necessita.
Dessa forma o que sustenta a etapa inicial do processo de
aprendizagem é o vínculo afetivo estabelecido entre a criança e
o adulto (KLEIN 1996).‖

44
3.5. CONCEPÇÃO DE AFETO NA EDUCAÇÃO

Jean Piaget, Henri Wallon e Lev Vygotsky concederam à afetividade


uma elevada relevância no processo pedagógico. De acordo com Piaget e
Wallon, o desenvolvimento ocorre através de vários estágios, e nesses
estágios, a inteligência e a afetividade vão alternando em termos de
importância. No primeiro ano de vida de uma pessoa, a afetividade é
predominante, pois o bebê se usa dela para se exprimir e interatuar com o
mundo envolvente. No entanto, a afetividade não é importante apenas nessa
fase.

A afetividade determinará o tipo de relacionamento entre o professor


e aluno, o que terá um grande impacto na forma como o aluno adquire novos
conhecimentos. Durante muitos anos, o aspecto cognitivo tem sido o principal
alvo da atenção, e a evolução da área afetiva é frequentemente esquecida, o
que impede o aluno de atingir o seu máximo potencial.

3.6. CONCEPÇÃO DE AFETO NA FILOSOFIA

Na filosofia, entendem-se como afeto, em seu senso comum, as


emoções positivas que se referem a pessoas e que não tem o caráter
dominantemente totalitário da paixão. Enquanto as emoções podem se referir a
pessoas e coisas, os afetos são emoções que acompanham algumas relações
interpessoais, das quais fica excluída a dominação pela paixão. Daí a
temporalidade indicada pelo adjetivo afetuoso que traduz atitudes como a
bondade, a benevolência, a inclinação, a devoção, a proteção, o apego, a
gratidão, a ternura, e assim por diante.

3.7. NA CONCEPÇÃO FILOSÓFICA DE ABBAGNANO (DICIONÁRIO DE


FILOSOFIA)
AFECÇÃO ou AFEIÇÃO. Esse termo, que às vezes é usado
indiscriminadamente por afeto (v.) e paixão (v.), pode ser
distinguido destes, pois designa todo estado, condição ou
qualidade que consiste em sofrer uma ação ou em ser
influenciado ou modificado por ela. Nesse sentido, um afeto
(que é uma espécie de emoção), ou uma paixão, é também
uma A., na medida em que implica uma ação sofrida, mas
45
também tem outras características que fazem dele uma
espécie particular de afeição. Dizemos comumente que um
metal é afetado pelo ácido, ou que fulano tem uma afecção
pulmonar, ao passo que reservamos as palavras "afeto" e
"paixão" para situações humanas. S. Agostinho e, depois dele,
os escolásticos mantiveram o ponto de vista aristotélico da
neutralidade das A. da alma sob o ponto de vista moral, no
sentido de que elas podem ser boas ou más, segundo sejam
moderadas ou não pela razão. Descartes deu expressão
clássica a essa noção em Paixões da alma (I, 1, 1650): "Tudo o
que se faz ou que acontece de novo geralmente é chamado
pelos filósofos de afecção, no que se refere ao sujeito a quem
acontece, e de ação, no que se refere àquilo que faz acontecer;
de tal modo que, embora o agente e o paciente sejam muitas
vezes bem diferentes, a ação e a afecção não deixam de ser a
mesma coisa com esses dois nomes, devido aos dois sujeitos
diferentes aos quais se pode referir". Em sentido análogo, essa
palavra é empregada por Spinoza para definir o que ele chama
de affectus e que nós chamaríamos de emoções ou
sentimentos. Kant exprimiu do modo mais claro possível a
noção de A. como recepção passiva, em um texto de
Antropologia (§ 7): "As representações em relação às quais o
espírito se comporta passivamente, por meio das quais,
portanto, o sujeito sofre uma A. [Affection] (de si mesmo ou de
um objeto), pertencem à sensibilidade; aquelas, porém, que
incluem o verdadeiro agir (o pensamento) pertencem ao poder
cognoscitivo intelectual. Aquele é também chamado poder
cognoscitivo inferior e este, poder cognoscitivo superior. Aquele
tem o caráter da passividade do sentido interno das sensações,
este tem o caráter da espontaneidade da percepção, isto é, da
consciência pura do agir que constitui o pensamento; e
pertence à lógica (isto é, a um sistema de regras do intelecto)
assim como aquele pertence à psicologia (isto é, ao complexo
de todos os atos internos submetidos a leis naturais) e
fundamenta a experiência interna". (ABBAGNANO, 2007).

Percebemos que a afecção e afeição de acordo com Abbagnano,


são termos que se referem a uma ação sofrida, tal como um metal que se
altera pela ação de um ácido como alguém que tenha tido seu corpo afetado
por uma afecção pulmonar, mas as palavras afeto e paixão, de acordo com a
nossa interpretação, estariam reservadas para os sentimentos da alma do
indivíduo.

3.8. A CONCEPÇÃO DE AFETO EM ARISTÓTELES

―Aristóteles chamou de afetivas as qualidades sensíveis


porque cada uma delas produz uma afeição dos sentidos. Ao
declarar no princípio De anima o objetivo de sua investigação,
mostra que visava conhecer, além da natureza e da substância
46
da alma, tudo o que acontece à alma, tanto as afeições que
lhes são próprias, quanto aquelas que tem em comum com os
animais. Mas, a palavra afeição não só designa o que acontece
à alma, como ainda qualquer modificação que ela sofra. Esse
caráter passivo das afeições da alma parecia ameaçar a
autonomia racional. Daí os estóicos marcarem uma dicotomia
que chega aos nossos dias, as afeições e por extensão as
emoções seriam irracionais. Com essa polarização o irracional
(não humano, ou animal) toma conotação moralmente
negativa. Para a afeição são criadas expressões como
perturbattio animi, ou concitatio nimia, usadas por Cícero e
Sêneca. Vem de muito longe a questão do menosprezo ao
afeto como menor, frente ao racionalismo desejável e
triunfante. A noção de que a afeição pode ser boa ou má segue
até Santo Agostinho e os escolásticos, que mantêm o ponto de
vista aristotélico da neutralidade da afeição. Entre o bem e mal,
esclarece Santo Agostinho, as afeições precisam ser
moderadas pela razão, ponto de vista também defendido por
Tomás de Aquino‖.4

De acordo com a filosofia aristotélica as palavras sofrem variações


lingüísticas ao logo dos tempos, assim como as questões valorativas sobre a
qualidade ou modificações produzidas no ser humano pela afeição, ação externa,
mantida na tradição filosófica. A palavra Paixão tem seu sentido expresso derivado (do
latim tardio passio-onis, de passus, particípio passado, «sofrer») é um termo aplicado
a um sentimento muito forte em relação a uma pessoa, objeto ou tema.

3.9. O SENTIDO DOS TERMOS AFETO E PAIXÃO


O afeto não é um estado de paixão, o afeto é apenas uma emoção,
enquanto a paixão é uma emoção intensa convincente, um entusiasmo ou um
desejo sobre qualquer coisa. O termo paixão, a partir da metade do século
XVIII, assume seu significado moderno.
Dito dessa forma, nada mais instigante, nada mais fascinante que
repensar uma questão tão abrangente que se denomina afeto; e, ao mesmo
tempo, tão insistentemente presente na vida do ser humano ligado por uma
conexão histórica, presente desde o ato da criação ao final dos tempos, do
nascimento à morte, tangenciando o saber psicanalítico em seu cerne, como
pensava Freud, ou revisto como queria Lacan. Ainda posso falar de afeto?

4
Carlos Pinto Corrêa. O Afeto no Tempo 1. Círculo Brasileiro de Psicanálise.
http://www.cbp.org.br/rev2806.htm

47
A Dr. Ruth M. C. Leite, do departamento de psiquiatria da Unicamp,
escreve sobre o Afeto em seu Glossário de termos Psicanalíticos:

―Termo geral que designa os sentimentos e emoções.


Considera-se que o afeto nem sempre está ligado à idéia
(recordação, representação). No caso em que a recordação é
muito dolorosa e ameaçadora, o ego a reprime (ver repressão)
mas o afeto correspondente pode se deslocar para outras
idéias associadas menos perigosas, ludibriando a censura e
liberando-se parcialmente ao chegar à consciência.5 O afeto
ainda corresponde uma adesão por outrem; estado moral (bom
ou mau); disposição de alma; agrado e desagrado; emoção
(amizade, amor, ira, paixão). Um estado limitado no tempo e
qualidade essencial de uma emoção; enfim, expressão
qualitativa e quantitativa de energia das pulsões, mas também
mal-estar, doença, achaque.6

Diante das várias opiniões científicas que resultaram na pesquisa


sobre o termo afeto, percebemos como o assunto ainda é polêmico para os
dias atuais. Os discursos sobre o ―afeto‖ parecem não dialogarem no mesmo
sentido, divergindo não só de opinião pelos seus autores, mas também em sua
semântica quanto à intenção dos vários interesses que são claramente
demonstrados. Percebemos uma vertente comum: quando a demanda do afeto
é pela ausência de obrigação dos pais – o discurso se nivela aos demais –
quando somente sinaliza para o importante papel do afeto nas relações entre
pais e filhos, o diálogo se mostra universalizado. Porém, o mesmo diálogo não
atende ao outro extremo – as escolas com suas políticas públicas inócuas, se
mostram, na sua maioria, inábeis em lidar com a diversidade, representando,
ainda, o lugar da homogeneidade; com seus critérios centralizados, regidos por
um ideal burocratizado, muitas vezes disfarçado de democrático e acabam por
não fundamentar os legítimos diálogos que devem sedimentar o processo
pedagógico.

5
Ruth M. Cerqueira Leite, do Departamento de Psiquiatria da Unicamp - (Jornal "Folha de São Paulo",
Folhetim, 23 de setembro de 1979). http://www.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/glossariofreud.html

6
Carlos Pinto Corrêa. SBP- Círculo Brasileiro de Psicanálise. Artigos: Psicanalista.
Membro do Círculo Psicanalítico da Bahia em:http://www.cbp.org.br/rev2806.htm . Acesso
em 16 de agosto de 2014. In Ruth M. Cerqueira Leite.
48
Diante do exposto, de tais observações, entre os interesses das
escolas e os interesses da família, (as pontas não se encontram); não se
amarram no sentido de construção social. O que nos pareceu ser realmente
importante, nesse perfil, é o processo de comunicação que se mostra
fragilizado, cada vez mais enrijecido em suas estruturas emocionais. Desse
modo, na outra ponta do extremo, percebemos a cristalização de infinitas
frustrações que, aparentemente, são silenciadas pelas próprias vítimas da
experiência.

O termo ―afeto‖ nos conduziu às várias releituras, em função da


ausência do amor; uma falta sinalizada do princípio ao fim, do nascimento a
morte, como causa e conseqüência, onde os sujeitos vivenciam suas práticas
de vida em ambientes opressivos e agressivos. Pais autoritários, agressivos e
abusivos tendem a humilhar seus filhos com castigos, gritos, críticas e
agressões, pais com esse biotipo psicológico parecem (de alguma forma) ter
uma influência negativa ao transferir o modelo (negativo) para os filhos, e,
estes, reproduzem a agressividade, dentro e fora do lar, dentro e fora da
escola. Estas crianças revelam sua agressividade na escola, depreciando seus
colegas, com apelidos pejorativos, quando mostram todo o sentimento de
revolta e ressentimento. Em geral são sensíveis às criticas, indisciplinados, não
se comprometem com o ensino e procuram fazer barulho para irritar ou chamar
atenção dos professores. Poderíamos sugerir que tais crianças, estariam
sinalizando um perfil sintomático de carência de ―afeto‖.

Embora haja uma crescente discussão acerca de possíveis definições


de família e escola, vinculados ao conceito de uma abordagem afetiva, ainda é
possível se afirmar que existe uma necessidade de buscar um enfoque
psicológico para compreender a visão de todos aqueles indivíduos que estão
envolvidos nessa relação: a visão da escola, através de seus professores; a
visão dos alunos, o que pensam e como privilegiam as opiniões dos
professores e dos pais e da própria escola. Assim, pensamos ser possível
buscar caminhos para estudar essa relação família-escola, atrelando-os ao
conceito de afetividade.

49
Os estudos de Lacan a respeito do afeto percorrem o caminho aberto
por Freud, que dedica parte considerável de sua trajetória à compreensão da
angústia. Assim sendo, um pesquisador que não se dizia lacaniano, tentava
demonstrar publicamente que Lacan não falava de afeto em seus escritos, o
que permitiu ao psicanalista, uma resposta enfática: ―Eu sempre falei de afeto.‖
O texto de Carlos P. Corrêa, psicanalista e membro do Círculo Psicanalítico da
Bahia, nos relata essa afirmação:

―É conhecido o acontecimento em Montreux, na Suíça, em uma


jornada sobre o ensino de Lacan. Um dos participantes que se
dizia não lacaniano escrevera uma tese sob a orientação de
Paul Ricoeur sobre o afeto. Essa pessoa, com certeza ainda no
entusiasmo com seu recente texto, faz uma acusação pública
de que os lacanianos jamais falaram de afeto. Lacan foi
enfático em sua resposta: ―Eu sempre falei de afeto.‖ Isto
aconteceu em 1970, mas nos parece que essa acusação ecoa
até nossos dias na fala ou queixa, especialmente partindo de
psicanalistas não lacanianos. Do mesmo modo, a resposta de
Lacan é reverenciada, ainda que para muitos seja apenas uma
frase.‖7
A discussão dissertativa apresenta os parâmetros de questionamentos
sobre as relações de afetos entre família e escola, procurando uma ligação
com os termos e seus determinantes. Sem perder de vista o alvo apontado por
Lacan sobre a família, em seu livro os complexos familiares na formação do
indivíduo, Lacan (1938) inicia, apresentando a família como um grupo natural
de indivíduos unidos por uma dupla relação biológica: a procriação, que
propicia os componentes do grupo, e as condições de meio, que permitem o
desenvolvimento dos jovens, mantendo o grupo e, dessa forma, possibilitando
aos adultos geradores assegurarem sua função. Introduzindo, a seguir, a
questão da comunicação humana como obra coletiva, o autor distingue o
homem dos animais e aponta sua capacidade de desenvolver relações sociais
específicas. Para Lacan, a cultura está para a família humana, assim como a
natureza está para as espécies animais, ou seja, na família humana há
predomínio da cultura sobre a natureza. Essa dimensão é que caracteriza,
especificamente, a família.

7
Carlos Pinto Corrêa. SBP- Círculo Brasileiro de Psicanálise. Artigos: Psicanalista. Membro do Círculo
Psicanalítico da Bahia em:http://www.cbp.org.br/rev2806.htm . Acesso em 16 de agosto de 2014. In Ruth
M. Cerqueira Leite.

50
Nesse texto Lacan nos mostra a família na sua função de geradora
física e psíquica de seres necessariamente sociais. Partindo da afirmação de
que, na família humana, a cultura predomina sobre a natureza Lacan tenta,
através de uma perspectiva psicológica, colocar a questão da família sob a
ótica dos métodos da psicologia concreta, isto é, com observação e análise.

Conclui-se então, que, para isso, será necessário que se estude a


família como uma instituição, uma estrutura. Enquanto, a família como
instituição, devemos nos amparar nos resultados obtidos pela etnografia,
história, estatística social, portanto, sob o domínio do método sociológico, que
serão os instrumentos de análise. A colocação de traços essenciais tais como:
estrutura hierárquica, modos de organização da autoridade familiar enfocando
as leis de sua transmissão, as relações íntimas da família com as leis do
matrimônio, nos parece ser da ordem da área da psicologia jurídica.

Entretanto, não nos parece concebível para uma dissertação de


mestrado expor um alvo tão amplo, detemo-nos na estrutura da família e da
escola com seus discursos afetivos ou não.8

Tratamos, nesta dissertação as relações entre família, escola e a


questão do afeto; as transformações ocorridas na história da sociedade
brasileira; as mudanças culturais e o tema de relevância, em especial quando
os processos de subjetividade hegemônicos na atualidade interrogam o
estatuto do corpo na sua singularidade, extravagância e desmesura, sendo
este submetido às eficientes tecnologias de medicalização da dor e das
variações de humor — enfim, do sofrimento psíquico.

8
O termo afeto usado em psicanálise não deve ser confundido com emoção. A partir da teorização
freudiana, afeto refere-se a um investimento intra-psíquico envolvido em diferentes registros que
compõem a memória.
51
4. CAPÍTULO TERCEIRO – ANÁLISE DA PESQUISA DE CAMPO

Neste capitulo trataremos da relação familiar com a escola, entretanto


para compor essa etapa foi realizada uma pesquisa de campo em nove escolas
da rede municipal de educação da cidade de Anápolis.
Podemos observar que as relações de gráfico que seguem abaixo vão
respeitar a seguinte ordem proposta:

(A) Primeiro demonstrando os índices do IDEB dessas escolas partindo


do principio estatístico disposto em frequências de ordens crescentes –
escolas com IDEB baixo, escolas com IDEB médio e por ultimo escolas
com IDEB alto;
(B) Na segunda etapa dessa análise gráfica vamos trabalhar com a
relação da quantidade de alunos;
(C) Na terceira etapa os principais fatores dos quais a escola não
consegue materializar o contato direto com os nossos alunos da rede
municipal de educação;
(D) Na quarta etapa os gráficos que demonstram a relação de pais
presentes e ausentes dentro da escola.

01- GRÁFICOS DA RELAÇÃO DE IDEB DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE


ANÁPOLIS

IDEB
4,5

4,4

4,3

4,2

4,1 IDEB

3,9

3,8
ESCOLA M. JAHIR RIBEIRO ESCOLA M. DR. ADAHYL ESCOLA M. CORA
GUIMARÃES LOURENÇO DIAS CORALINA

GRÁFICO 1.1 – IDEB DAS ESCOLAS MUNICIPAIS COM IDEB BAIXO

52
IDEB
4,95

4,9

4,85

4,8

4,75
IDEB
4,7

4,65

4,6
ESCOLA M. MARIA ESCOLA M BELIZARIA CENTRO M. DE EDUCAÇÃO
APARECIDA GEBRIM CORREIA DE FARIA DESEMBARGADOR AIR
BORGES DE ALMEIDA

GRÁFICO 1.2 – IDEB DAS ESCOLAS MUNICIPAIS COM IDEB MÉDIO

IDEB
5,95

5,9

5,85

5,8

5,75 IDEB

5,7

5,65

5,6
ESCOLA M. CLOVIS ESCOLA M. JOÃO LUIZ DE ESCOLA MUNICIPAL
GUERRA OLIVEIRA JERONIMO VAZ

GRÁFICO 1.3 – IDEB DAS ESCOLAS MUNICIPAIS COM IDEB ALTO

Podemos observar nesses gráficos acima dispostos em três grupos de


IDEB baixo, médio e alto onde cada grupo desses é composto por três escolas
municipais que tiveram a observação do IDEB. Para realizar essa pesquisa de
campo levamos em consideração à participação dos pais e as ações
pedagógicas desenvolvidas pela escola para obter essas médias.
53
No primeiro grupo de escola podemos observar que a media do IDEB
oscilo entre 4,0 e 4,4; o segundo grupo observado possui uma média entre 4,7
e 4,9 e no terceiro e ultimo grupo a media oscila entre 5,7 e 5,9, entretanto para
obter essa relação de media foi realizada uma prova com a nomenclatura de
PROVA BRASIL onde os alunos do Segundo e Quinto Ano do Ensino
Fundamental realizaram a mesma fazendo assim parte fundamental para
compor e estruturar essa media, logo podemos citar ou outros pontos que
foram observados como a capacitação continuam de professores, estrutura
física e a presença de tutoria pedagógica fornecido pela subsecretaria de
educação municipal que ajudam a definir essa media com o objetivo de se
obter sempre medias mais elevadas.
Outro ponto observado nessa pesquisa de campo foi que estas
unidades de ensino possui projetos de ações pedagógicas e sociais como
Escola Viva, Mais Educação, Escola Aberta, Saúde na Escola, Segundo
Tempo e Esporte de varias modalidades que ajudaram a aumentar a media do
IDEB e consequentemente a melhorar a capacitação psíquica dos nossos
alunos, podemos constatar por intermédio do capítulo I e II desse monografia
que a família e o eixo central que consegue estimular nossos alunos a
permanecerem na escola e com isso obter um futuro melhor; mas em contra
partida observaremos nos gráficos do item 4(GRÀFICO DA PATICIPAÇÃO
DOS PAIS NA ESCOLA) que o número de pais que participam da escola varia
entre 20% e 60%.
Para obter um melhor entendimento dessas analise iremos
apresentar mais três grupos de gráficos que irão ajudar a perceber essa
relação.
Ao realizarmos a pesquisa de campo por intermédio de entrevista de
autoridades escolares e alguns familiares dos nossos alunos podemos
constatar que o conceito de família está desaparecendo do nosso sistema de
sociedade e esse fator essa refletindo direto dentro do ambiente escolar, uma
das principais reclamações que os coordenadores e diretores explanaram foi
que os pais estão deixando a vida dos filhos de lado por fatores como trabalho,

54
mães viúvas, solteiras e ate mesmo divorciadas não conseguem acompanhar
os filhos.
Como fundamentação teórica dos capítulos I e II e segundo Elizabeth
Roudinesco o novo sistema estrutural para o conceito de família se dá a
distância entre o pais e filhos gerando assim um novo núcleo de família
moderna Bem como identificar as transformações pelas quais as famílias foram
passando especialmente na atualidade, para se adequarem na
contemporaneidade, onde são encontradas inúmeras constituições de famílias
vivendo essa evolução social.
Podendo assim observar as gigantescas mudanças sociais que
ocorre no cotidiano o conceito da família tradicional vai desaparecendo aos
poucos e notoriamente perdendo seu espaço, e como resultado obtido advindo
dessa pesquisa podemos observar que esses fatores proporcionam assim
outros grupos modernos de familiar que vão aparecendo e se organizando de
acordo com a sociedade passa por inúmeras transformações.

02- GRÁFICOS DA RELAÇÃO DA QUANTIDADE DE ALUNOS

Os gráficos que seguem logo abaixo demonstra a relação da quantidade


de alunos que cada uma das nove escolas expostas nessa dissertação de
mestrado possui nas series do Ensino fundamental I, em outros termos do
Jardim I ao Quinto Ano.

QUANTIDADE DE ALUNOS
450
400
350
300
250
200
QUANTIDADE DE ALUNOS
150
100
50
0
ESCOLA M. JAHIR ESCOLA M. DR. ESCOLA M. CORA
RIBEIRO ADAHYL LOURENÇO CORALINA
GUIMARÃES DIAS

55
GRÁFICO 2.1 – QUANTIDADE DE ALUNOS NO ENSINO FUNDAMENTAL

QUANTIDADE DE ALUNOS
600

500

400

300
QUANTIDADE DE ALUNOS
200

100

0
ESCOLA M. CLOVIS ESCOLA M. JÕAO ESCOLA M.
GUERRA LUIZ DE OLIVEIRA JERONIMO VAZ

GRÁFICO 2.2 – QUANTIDADE DE ALUNOS NO ENSINO FUNDAMENTAL

QUANTIDADE DE ALUNOS
800
700
600
500
400
300
200 QUANTIDADE DE ALUNOS
100
0
ESCOLA M. MARIA ESCOLA M. CENTRO M. DE
APARECIDA GEBRIM BELIZARIA CORREIA EDUCAÇÃO
DE FARIA DESEMBARGADOR
AIR BORGES DE
ALMEIDA

GRÁFICO 2.3 – QUANTIDADE DE ALUNOS NO ENSINO FUNDAMENTAL

56
03- GRÁFICOS DOS PRINCIPAIS FATORES DOS QUAIS OS PAIS NÃO
PARTICIPAM DAS AÇÕES PEDAGOGICAS DA ESCOLA

A teórica Elisabeth Roudinesco escritora do livro ―A família em


desordem‖, expõe de maneira geral que um dos principais problemas do século
XXI, e as constantes transformações que a família vem sofrendo ao longo do
tempo como, por exemplo, a questão dos homossexuais ou homoafetividade
utilizando uma linguagem psicológica, onde esses grupos de pessoas poderem
ou não constituir uma família.
Para que possamos criar um pensamento amplo sobre esse assunto
temos que entender que a presente sociedade vive em constantes mutações e
que a família vem sofrendo essas transformações com essas mudanças, é de
suma importância que se perceba que a família e um fator crucial que faz parte
desse sistema e que precisa acompanhar as mudanças socioeconômicas e
culturais que acontecem no nosso mundo. Assim como os meios de trabalho e
as relações afetivas, todos procuram se adaptar ao meio para sobreviver, como
foi exposto no capitulo I e II desse texto o termo familiar necessita realizar essa
adaptação.
Para que possamos entender melhor esses itens citados no paragráfo
anterior, e para poder criar uma relação com o sistema de educação oferecido
nas escolas municipais de Anápolis iremos apresentar três grupos de gráficos
seguindo a ordem do IDEB apresentados nos gráficos de numeração (1.1 á
1.4) dentro dessa terceira etapa que tem por objetivo principal levantar os três
principais fatores que as escolas não conseguem materializar o contato direto
com o grupo familiar:
 Trabalho
 Desestrutura familiar
 Desinteresse
Ao realizarmos a pesquisa de campo entrevistando as autoridades
escolares percebemos que na maioria das vezes os pais tem que trabalhar o
dia inteiro para conseguir suprir as condições necessárias de vida como
despesas diárias de uma casa e não conseguem acompanhar a vida escolar
dos filhos, notoriamente observamos também que a grande maioria desses
57
alunos são de mães solteiras separadas dos pais ou até mesmas viúvas que
vão diariamente para o mercado de trabalho atrás de garantir o sustento
do(os/as) filhos(as) e em contra partida quando estão em casa não vão
participar das ações que a escola oferece; ou seja; desinteresse pela vida
escolar dos filhos.
Em todas as escolas entrevistadas podemos observar que as mesmas
realizam ações como, por exemplo, ligar para os pais avisando das reuniões
pedagógicas, folhetos informativos sobre a reunião e ações das escolas e
também estando a disposição dos períodos de 06h40min ás 22h30min de
segunda a sexta para receber os mesmos na escolar e falar sobre a vida
escolar de seus filhos.
Entretanto podemos constatar através de uma análise estatística que as
escolas que tem o melhor IDEB é as quais os pais estão com uma participação
melhor nas atividades dessas instituições de ensino.

50%
45%
40%
35%
30%
25% trabalho
desistrutura familiar
20%
desinteresse
15%
10%
5%
0%
Escola M. Jeronimo Escola M. Joao Luiz de Escola M. Clovis Guerra
Vaz Oliveira

GRÁFICO 3.1 GRÁFICO DOS MOTIVOS DA AUSÊNCIA DE PAIS NA ESCOLA


SEGUNDO A ESCOLA DE MAIOR IDEB.

58
50%
45%
40%
35%
30%
25%
trabalho
20%
desistrutura familiar
15%
desinteresse
10%
5%
0%
Centro M. de Escola M. Belizaria Escola M. Maria
educação Correia de Faria Aparecida Gebrim
desembargador Air
Borges de Ameida

GRÁFICO 3.2 GRÁFICO DOS MOTIVOS DA AUSÊNCIA DE PAIS NA ESCOLA


SEGUNDO A ESCOLA DE MÉDIO IDEB.

70%

60%

50%

40%
trabalho
30% desistrutura familiar
desinteresse
20%

10%

0%
Escola M. Cora Colina Escola M. Dr. Adahyl Escola M. Jahir
Lourenço Dias Ribeiro Guimarães

GRÁFICO 3.3 GRÁFICO DOS MOTIVOS DA AUSÊNCIA DE PAIS NA ESCOLA


SEGUNDO A ESCOLA DE MENOR IDEB.

59
04- GRÁFICOS DA RELAÇÃO DE PAIS PRESENTES E AUSENTES EM
CADA ESCOLA

Nesta última etapa estamos demonstrando a quantidade de pais


que vão participar das ações pedagógicas oferecidas pelas escolas

PAIS E ESCOLA - ESCOLA MUNICIPAL JAHIR


RIBEIRO GUIMARÃES

PRESENTES
AUSENTES

GRÁFICO 4.1 – RELAÇÃO DE PRESENÇA E AUSENCIA DOS PAIS NAS


ESCOLAS

PAIS E ESCOLA - ESCOLA MUNICIPAL DR.


ADAHYL LOURENÇO DIAS

PRESENTES
AUSENTES

GRÁFICO 4.2 – RELAÇÃO DE PRESENÇA E AUSENCIA DOS PAIS NAS


ESCOLAS
60
PAIS E ESCOLA - ESCOLA MUNICIPAL CORA
CORALINA

PRESENTES
AUSENTES

GRÁFICO 4.3 – RELAÇÃO DE PRESENÇA E AUSENCIA DOS PAIS NAS


ESCOLAS

PAIS E ESCOLA - ESCOLA MUNICIPAL MARIA


APARECIDA GEBRIM

PRESENTES
AUSENTES

GRÁFICO 4.4 – RELAÇÃO DE PRESENÇA E AUSENCIA DOS PAIS NAS


ESCOLAS

61
PAIS E ESCOLA: ESCOLA MUNICIPAL
BELIZARIA CORREIA DE FARIA

PRESENTES
AUENTES

GRÁFICO 4.5 – RELAÇÃO DE PRESENÇA E AUSENCIA DOS PAIS NAS


ESCOLAS

PAIS E ESCOLA - ESCOLA MUNICIPAL DE


EDUCAÇÃO DESEMBARGADOR AIR BORGES
DE ALMEIDA

PRESENTES
AUSENTES

GRÁFICO 4.6 – RELAÇÃO DE PRESENÇA E AUSENCIA DOS PAIS NAS


ESCOLAS

62
PAIS E ESCOLA - ESCOLA MUNICIPAL CLOVIS
GUERRA

PRESENTES
AUSENTES

GRÁFICO 4.7 – RELAÇÃO DE PRESENÇA E AUSENCIA DOS PAIS NAS


ESCOLAS

PAIS E ESCOLA- ESCOL MUNICIPAL JOÃO


LUIZ DE OLIVEIRA

PRESENTES
AUSENTES

GRÁFICO 4.8 – RELAÇÃO DE PRESENÇA E AUSENCIA DOS PAIS NAS


ESCOLAS

63
PAIS E ESCOLA - ESCOLA MUNICIPAL
JERONIMO VAZ

PRESENTES
AUSENTES

GRÁFICO 4.9 – RELAÇÃO DE PRESENÇA E AUSENCIA DOS PAIS NAS


ESCOLAS

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebeu-se que, além da oportunidade de convivência cotidiana e


do lócus de acolhimento que existe entre os membros da família, há também
uma representação do dinamismo nas relações sociais, pois não se trata
apenas de ser uma unidade biológica; a família é uma construção social que
apresenta finalidades diversas em cada tempo histórico, se constituindo de
diferentes modos e arranjos, de tal forma que, podemos falar categoricamente
de Famílias, e não de um modelo monolítico contido no termo singular Família.

Não houve pretensão em esgotar o assunto de tamanha relevância


temática: família e escola. Apontaram-se apenas alguns aspectos que
pareciam ser relevantes para o enfrentamento das dificuldades encontradas no
processo de relacionamento entre estas instituições, na tentativa de levantar
questionamentos que pudessem levar a uma reflexão sobre as profundas
transformações sofridas pelas instituições: família e escola e o que nelas se
registraram ao longo da história. Cotejaram-se as severas mudanças sociais,
culturais, políticas e econômicas ocorridas em função da globalização, e, que
tiveram relativa interferência na estrutura e na dinâmica escolar, afetando
64
diretamente, a família, circunstâncias que hoje, vem sendo transferidas para a
escola, afetando diretamente a tarefa de ensinar e emperrando as formas de
educar.
Concluímos, então, que, apesar de a família ter aparecido sob o pilar
do sistema matriarcal com os desenvolvimentos do clã fraterno, fica realçada a
distância entre o pai da família moderna e o onipotente, segundo Roudinesco
(2002). Renato Mezan (1991) comenta o ―Complexo de Édipo‖ e o relaciona
com a puberdade. “Freud descreve que as revelações sexuais anteriores à
puberdade despertam no menino as recordações de suas impressões e
desejos infantis mais precoces, reanimando, consequentemente, determinados
impulsos psíquicos” (Mezan, 1991,p. 192). Bem como identificar as
transformações pelas quais as famílias foram passando especialmente na
atualidade, para se adequarem na contemporaneidade, onde são encontradas
inúmeras constituições de famílias vivendo essa evolução social. Com as
crescentes mudanças sociais, as relações da família tradicional vão, aos
poucos, perdendo seu espaço e, consequentemente, outros arranjos familiares
vão surgindo, se reorganizando diante do novo modelo tradicional.

Nesse novo perfil de sociedade vista como organização familiar,


está, também, o objeto deste estudo, as relações das famílias com as escolas,
permeando o diálogo do afeto em suas trajetórias.

As relações entre família e escola: um diálogo oportuno foi o


tema dessa discussão, porém queremos ratificar que o empenho aqui exercido
durante toda jornada de pesquisa, nos deixa a certeza de que durante este
percurso surgiram questionamentos que não foram esclarecidos para não fugir
do foco em questão. Mas queremos registrar aquilo que, de fato, foi uma
constatação e nos faz deixar como registro, para outras possibilidades: por que
as famílias não são mais interativas, participativas com a vida dos filhos na
escola e porque a escola não consegue materializar o diálogo para esse
convívio? Quais as tramas que necessitam ser desenroladas para que esta
relação possa avançar na aquisição de novos horizontes. Estas são algumas e
nossas sugestões para possíveis pesquisas futuras.

65
6. BIBLIOGRAFIA

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Tradução 1ª edi. Brasileira coordenada e revista por: Alfredo BOSI. Martins Fontes.
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[25] PRADO JR., Caio. Sentido da colonização. In: Formação do Brasil


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67
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Zero e Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, 1993

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[36] WINNICOTT, D. W. A Família e o Desenvolvimento Individual. Martins Fontes,


São Paulo, 2005

[37] ZAMBERLAM, Cristina de Oliveira. Os novos paradigmas da família


contemporânea: uma perspectiva interdisciplinar. Renovar. Rio de Janeiro, 2001.

68
7. ANEXOS

Segue a relação de escolas visitadas para concluir a pesquisa de


campo:
 ESCOLA MUNICIPAL CLOVIS GUERRA
 ESCOLA MUNICIPAL JOÃO LUIZ DE OLIVEIRA
 ESCOLA MUNICIPAL JERÔNIMO VAZ
 ESCOLA MUNICIPAL BELISÁRIA CORREA DE FARIA
 ESCOLA MUNICIPAL CORA CORALINA
 CENTRO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DESEMBARGADOR
AIR BORGES DE ALMEIDA
 ESCOLA MUNICIPAL MARIA APARECIDA GEBRIM
 ESCOLA MUNICIPAL DOUTOR ADAHYL LOURENÇO DIAS
 ESCOLA MUNICIPAL JAHIR RIBEIRO GUIMARÃES

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