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* O texto deste e-book é o capítulo 13, “Seu Remédio” do Livro The Total Depravity of Man, por A. W. Pink. Editado.
Algumas citações deste Texto

“[...] quando o homem deliberadamente apostatou dEle, perdeu toda recompensa favorável do seu
Criador. Não somente Deus poderia agora justamente infligir a pena total de Sua Lei violada sobre
toda a raça humana, mas, de acordo com a Sua santa natureza, Ele poderia ter deixado toda a
humanidade perecer eternamente naquela condenação em que eles mesmos haviam se lançado.
Se Ele inteiramente abandonasse toda a posteridade do apóstata Adão e os deixasse como os
anjos irremediavelmente caídos, isso não teria qualquer repercussão sobre a Sua bondade, mas
sim uma demonstração de Sua inexorável justiça. Portanto, sempre que a redenção é mencio-
nada, ela é constantemente descrita como procedente da graça soberana e pura misericórdia
(Efésios 1:3-11).”

“[...] algo mais do que o exercício do poder de Deus ainda era necessário: a onisciência deve ser
exercida, bem como onipotência. A força em si mesma não construirá uma casa: deve haver tam-
bém a arte de planejar e harmonizar os materiais. A habilidade é o principal requisito de um arqui-
teto. Permitam fracamente ilustrar o que procuramos expressar aqui. Aqueles que são salvos não
são apenas os produtos da maravilhosa graça de Deus e poder onipotente, mas eles também são
‘feitura Sua’ (Efésios 2:10). Maravilhosamente a sabedoria de Deus aparece no belo tecido de Sua
graça, no templo espiritual que Ele ergue para a Sua própria morada. Ele ‘para isto mesmo nos
preparou’ (2 Coríntios 5:5); como as pedras são esculpidas e polidas, assim os crentes são
‘pedras vivas’ nesse edifício em que Deus habitará para sempre. Ora, o que é excelente na
execução serve para fazer manifesta a excelente habilidade no planejamento da mesma. A
contrapartida da Lei de Deus nos corações dos Seus filhos vivificados não é menos o fruto de Sua
sabedoria do que ela escrita em tábuas de pedra: sabedoria na primeira formação disso,
sabedoria também na impressão dela sobre a compreensão e as afeições.”

“Não é nem nas maravilhas da criação, nem nos mistérios da Providência que as profundidades e
riquezas da sabedoria de Deus devem ser encontradas: antes, é no plano e frutos da redenção
que elas são mais plena e ilustrativamente reveladas. Isso fica claro a partir de várias Escrituras.
É no Mediador Deus-Homem ‘em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da
ciência’ (Colossenses 2:3): Sim, Ele é expressamente denominado ‘sabedoria de Deus’ (1 Corín-
tios 1:24). Aos ‘principados e potestades nos céus’ agora está sendo manifesta, por meios, ‘pela
igreja, a multiforme sabedoria de Deus’ (Efésios 3:10). A elaboração de um método pelo qual uma
parte da humanidade deve ser resgatada de sua condição miserável é de fato a obra-prima da
sabedoria Divina: nada, senão a própria onisciência poderia ter encontrado uma maneira de
efetuar tal triunfo de uma forma adequada para todas as perfeições Divinas. Os sábios deste
mundo são chamados de ‘príncipes’ (1 Coríntios. 2:6, 8), mas os anjos são designados ‘principa-
dos e potestades nos lugares celestiais’, por causa de sua dignidade, sabedoria e força superio-
res. No entanto, apesar de serem tão grandes em inteligência, sempre contemplando a face do
Pai, ainda assim, uma nova e grandiosa descoberta da sabedoria de Deus é feita a eles por meio
da Igreja, pois a Sua obra na redenção dela transcende em muito a compreensão natural deles.”

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“As Escrituras são muito explícitas em seu ensino sobre a necessidade da natureza ser a mesma
entre o fiador e aqueles a quem ele representava, como sendo condescendente à sabedoria de
Deus. Falando sobre a forma de nosso auxílio, o Apóstolo declarou: ‘E, visto como os filhos
participam da carne e do sangue, também ele [o Resgatador] participou das mesmas coisas’
(Hebreus 2:14). A natureza humana foi aqui expressa por: ‘da carne e do sangue’, que deveria ser
liberta, e, portanto, era em natureza humana que esta libertação deveria ser feita. O Apóstolo
entra em detalhes consideráveis sobre este ponto em Romanos 5:12-21, a soma disso é: ‘se pela
ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só
homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos’ [v.15]. A mesma natureza que transgrediu deve
operar o remédio para a mesma. Mais uma vez, em 1 Coríntios 15:21: ‘Porque assim como a
morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem’. A nossa ruína
não poderia ser recuperada, nem a libertação de nossa culpa ser efetuada, exceto por alguém em
nossa própria natureza.”

“[...] nos dedicamos a algumas das dificuldades, sim, aparentemente impossibilidades que esta-
vam no caminho do resgate de qualquer um dos filhos caídos de Adão, mostrando que precisava
haver algo mais do que um benigno propósito da graça da parte de Deus para efetuar o mesmo,
algo mais do que aplicar o Seu grande poder, de forma que os obstáculos que precisam ser
removidos eram tantos e tão grandes que ‘a multiforme sabedoria de Deus’ (Efésios 3:10) também
precisou ser convocada para a ação. A dificuldade do lado humano era o estado desesperado do
pecador: como sua escuridão poderia ser transformada em luz, sua inimizade em amor, sua falta
de vontade em vontade, sem qualquer tipo de violência sendo feita em sua agência moral. Os
obstáculos do lado Divino eram como o Altíssimo poderia restaurar tais desgraçados ao Seu favor,
e ainda assim não comprometer as Suas perfeições: como Ele poderia ter relações com leprosos
morais, sem manchar a Sua santidade, inocentar o culpado sem repudiar a Sua Lei, exercer
misericórdia em coerência a Sua justiça, e, contudo, fornecer um remédio para tal doença, e fazê-
lo de uma maneira que honrasse Seu trono, estava muito além do alcance da inteligência criada.”

“[...] o único suficiente libertador dos homens caídos deve ser alguém possuidor de infinita
dignidade e merecimento, a fim de que ele seja capaz de merecer bênçãos infinitas. Ele deve ser
uma pessoa de poder e sabedoria infinitas, porque a obra que ele deve executar não poderia ser
realizada com sucesso por ninguém menos. Ainda mais, era necessário que ele fosse uma
pessoa que era infinitamente querida de Deus Pai, a fim de conceder um valor infinito às suas
operações na estima do Pai, e que o amor do Pai por ele pudesse equilibrar a ofensa e a provo-
cação de nossos pecados. Ele também deveria ser uma pessoa que poderia agir nesta questão
em seu próprio direito, que, em si mesmo, ele não fosse um servo e sujeito ao Altíssimo; caso
contrário, ele não poderia merecer alguma coisa por aqueles que ele salvaria. Além disso, ele
deveria ser uma pessoa dotada de infinita misericórdia e amor, pois ninguém voluntariamente
assumiria uma tarefa tão árdua, tão humilhante, e envolvendo tanto sofrimento indizível, por
criaturas tão indignas e sujas quanto os homens caídos. Mas onde, em todo o universo alguém
assim seria encontrado? Nenhuma pessoa criada possuía as qualificações necessárias. Quando o
apóstolo João contemplou (na visão) o livro com sete selos, nos é dito que ele chorava muito,
porque ninguém no céu ou na terra foi achado digno de abrir o livro (Apocalipse 5:1-4), e não

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tivesse a multiforme sabedoria de Deus encontrado a solução para todos esses problemas,
homens e anjos, igualmente, ficariam para sempre perplexos por eles.”

“‘As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus’ (Lucas 18:27). A Onisciência
encontrou uma solução para todos os problemas que sempre haviam confundido as mentes dos
homens. A Escritura lança não pouca ênfase sobre isso. É referida como ‘a sabedoria de Deus,
oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória’, ou seja, a nossa
salvação (1 Coríntios. 2:7). ‘Em mistério’ denota aquilo que é insondável pela razão humana,
incompreensível para a capacidade finita, completamente escondido até que fosse Divinamente
revelado, e, mesmo assim, para além dos nossos poderes de compreender plenamente. Em
Efésios 1:8, somos informados de que: ‘ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e
prudência’. A palavra ‘abundou’ tem a força de jorrando, transbordando. É chamado de ‘toda a
sabedoria’, por sua excelência. Não foi um único conceito ou ato, mas um conjunto de muitos
excelentes fins e meios para a glória de Deus. À sabedoria é adicionada a ‘prudência’: a primeira
refere-se ao planejamento eterno de um caminho, a prudência refere-se à ordenação de todas as
coisas ao cumprimento dos conselhos ou propósitos de Deus – sabedoria na elaboração, a
prudência na execução. Em Efésios 3:10, isso é designado como: ‘a multiforme sabedoria de
Deus’ por causa de sua complexidade e variedade; a salvação dos pecadores, a derrota de Sata-
nás, a plena revelação da Santíssima Trindade, em suas diferentes pessoas, operações separa-
das, ações combinadas e expressões de bondade; e por causa da vastidão de sua extensão.’

“O primeiro conselho de Deus relacionou-se ao Homem Cristo Jesus, pois Ele foi nomeado para
ser não somente a cabeça da Sua Igreja, mas ‘o primogênito de toda a criação’ (Colossenses
1:15), Aquele a quem o Senhor dos Exércitos indicou como ‘o homem que é o meu companheiro’
(Zacarias 13:7) foi predestinado para a graça da união e da glória Divina. ‘Na cabeça [assim é que
está no Grego] do livro está escrito de Mim’ (Hebreus 10:7). Sendo Ele o Objeto e Sujeito do
decreto original de Deus. ‘Nosso Redentor saiu do ventre de um decreto desde a eternidade, na-
tes que Ele saísse do ventre da virgem no tempo. Ele esteve escondido na vontade de Deus antes
que Ele se manifestasse na carne de um Redentor. Ele era um Cordeiro que foi morto no propó-
sito, antes que Ele fosse morto na Cruz. Ele foi possuído por Deus no princípio ou no início de
Seus caminhos (a Cabeça de Suas obras), e ungido desde a eternidade para ter as Suas delícias
entre os filhos dos homens’ (Charnock). A pessoa do Deus-Homem Mediador foi a origem dos
conselhos Divinos. Como tal, o Jeová Triuno ‘possuiu’ ou abraçou-o, como um Tesouro no qual
todos os conselhos Divinos foram depositados, como um Agente eficaz para a execução de todas
as Suas obras. Cristo foi o primeiro Eleito de Deus (Isaías 42:1) e, em seguida, a Igreja foi
escolhida nEle (Efésios 1:4).”

“Antes de todos os mundos, no ‘conselho de paz’ (Zacarias 6:13), Cristo foi designado e ungido
com o Seu caráter oficial. Antes que Deus planejasse criar qualquer criatura, Ele primeiro ‘ungiu’ a
Cristo como o grande Arquiteto e Origem. ‘Então eu estava com ele, e era seu arquiteto; era cada
dia as suas delícias, alegrando-me perante ele em todo o tempo’ (Provérbios 8:30). Não foi a
complacência do Pai na segunda Pessoa da Trindade (como tal) que está ali em vista, mas a Sua
satisfação e alegria no Mediador, como Deus O contemplou nas lentes de Seus decretos como o

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Repositório de todos os Seus desígnios. A palavra hebraica para ‘arquiteto’ também significa
‘mestre construtor’, e é assim apresentado na Versão Revisada [da Bíblia King James] – quão
abençoadamente isso descreveu Aquele que seria invocado para realizar o propósito do Pai! Em
Seus pensamentos eternos e visões primitivas, o homem Cristo Jesus era o objeto do amor de
Deus. Por Ele todas as coisas seriam criadas. Por meio dEle, vasos seriam formados para a Sua
glória. Por Ele, o grande remédio seria fornecido para as vítimas do pecado.”

“É realmente lamentável que tão poucos do povo do Senhor estejam sendo instruídos nestas
‘profundezas de Deus’ (1 Coríntios 2:10), pois elas foram reveladas para sua edificação e
consolação. O que temos procurado explicar em Provérbios 8 lança luz sobre outras passagens.
Por exemplo, quantos leitores perplexos foram confundidos por João 6:62: ‘Que seria, pois, se
vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?’ Em que sentido Ele estava no Céu
como Homem antes que Ele se tornasse encarnado? Mas, ainda que nós sejamos ignorantes
desta verdade maravilhosa, santos do Antigo Testamento não eram, como é evidente a partir do
Salmo 80:17: ‘Seja a tua mão sobre o homem da tua destra, sobre o filho do homem, que fortifi-
caste para ti’. Embora o Homem Jesus Cristo ainda não tinha existência histórica, Ele tinha uma
subsistência Pactual perante o Pai, como tomada em união com a segunda Pessoa da Santíssima
Trindade. Como a fé concede uma presente ‘substância’ (a palavra grega significa ‘uma
verdadeira subsistência’) no coração e mente do crente sobre as coisas que se esperam, a fim de
que ele tenha um presente gozo de coisas ainda futuras, assim, na mente dEle diante de quem
todas as coisas estão sempre presentes, Cristo como encarnado foi sempre uma realidade viva.
Assim, quando Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem’ (Gênesis 1:26), a referência final
foi ao Deus-homem, que é por excelência a ‘imagem do Deus invisível’ (Colossenses 1:15).”

“Façamos uma pausa aqui e admiremos e adoremos a gloriosa sabedoria de Deus, que encontrou
um caminho para salvar o Seu povo, de uma forma que foi infinitamente apropriada e honrosa
para Si próprio, e nos prostremos em admiração e adoração diante do Senhor Jesus, que, não
obstante a vergonha e o sofrimento indizíveis envolvidos nisso, agradou-Lhe fazer a vontade do
Pai. A multiforme sabedoria de Deus é vista em Sua escolha de Alguém para ser a Cabeça e Sal-
vador da Igreja, em que Ele era em todos os aspectos adequado para desempenhar esse ofício e
obra, dotado de todas as qualificações necessárias, e em que Ele era a única Pessoa apropriada
para isso. A Sabedoria abundante de Deus foi demonstrada em Seu conhecimento de que Cristo
era uma pessoa apta. Ninguém, senão a própria onisciência poderia ter pensado sobre o querido
Filho de Deus tornando-se o Redentor de pecadores merecedores do Inferno.”

“A Escolha de Deus sobre a Pessoa que deveria ser o Restaurador de Sua honra, o Conquistador
de Satanás, o Vitorioso sobre a morte, e o Libertador de Seu povo caído, foi uma escolha que
nada, senão a própria onisciência fez. Quem, senão Aquele dotado de infinita sabedoria alguma
vez teria pensado em selecionar o Seu Filho unigênito para um empreendimento tão temível?
Pois, Cristo, como Deus, é uma das Três Pessoas eternas que foi ofendida pelo pecado, e contra
quem os homens haviam se rebelado. Eles eram seus inimigos declarados, e dEle, eles mereciam
infinita punição. Quem, então, O conceberia como Aquele que pôs Seu coração sobre miseráveis
depravados, que exerceria infinito amor e compaixão para com eles, estando disposto a prover um

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remédio todo-suficiente para todos os males deles? Mas quando essa escolha foi feita, dificul-
dades insuperáveis pareciam permanecer no caminho de sua realização. Como era possível para
uma Pessoa Divina entrar no lugar de pecadores arruinados, vir sob a Lei e prestar-lhe perfeita
obediência, e assim elaborar uma justiça perfeita para quem não tinha nenhuma? E como poderia
ser possível para o Ser Santo ser feito uma maldição, para o Senhor da Glória sofrer a penalidade
da Lei violada, para o Amado do Pai experimentar o fogo da ira Divina, para o Senhor da vida,
morrer? Tais problemas como estes teriam desconcertado todos as inteligências criadas. Mas a
sabedoria Divina encontrou uma solução.”

“[...] um pacto foi firmado entre o Pai e o Filho, o Pai prometendo uma recompensa gloriosa sobre
o cumprimento pelo Filho de todas as condições deste. Esta maravilhosa transação é referida no
Salmo 89:3-5: ‘Fiz uma aliança com o meu escolhido, e jurei ao meu servo [o antitípico] Davi [que
significa ‘Amado’], dizendo: A tua semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu trono de
geração em geração. (Selá.) E os céus louvarão as tuas maravilhas, ó Senhor, a tua fidelidade
também na congregação dos santos’. Essa passagem, como Provérbios 8, leva-nos de volta para
os eternos conselhos de Deus, pois o Salmo 89:19 declara: ‘Então falaste em visão ao teu santo,
e disseste: Pus o socorro sobre um que é poderoso; exaltei a um eleito do povo’, plenamente
capaz de realizar Meus grandiosos e graciosos desígnios.”

“Aquele que era o Senhor de todos, e não devia nenhum serviço ou obediência a qualquer um,
sendo em forma de Deus e igual a Ele, desceu em uma condição de submissão absoluta. Como
Adão deliberadamente abandonou o lugar de completa submissão a Deus, que era adequado à
sua natureza e adequado a Deus, aspirando por senhorio, assim o Filho de Deus deixou o estado
de domínio absoluto que era Seu, por direito, e tomou sobre Si o jugo da servidão. A descida do
Filho envolveu muito maior humilhação para Si mesmo do que a glória da ascensão que o
primeiro homem aspirava em seu orgulho. Como já foi mostrado, esta auto-humilhação do Senhor
da Glória a um estado de completa sujeição é referida pelo Apóstolo em Hebreus 10:5, onde
Cristo é ouvido dizendo: ‘corpo me preparaste’. Essas palavras são uma paráfrase explicativa de
‘os meus ouvidos abriste’, a margem escavada no Salmo 40:6, o que por sua vez, remota a Êxodo
21:6, onde um estatuto foi nomeado para o efeito de alguém que voluntariamente se entregou ao
serviço absoluto e perpétuo, significava o mesmo que ter a orelha furada com uma sovela. Assim,
Hebreus 10:5, à luz do Salmo 40:6 e Êxodo 21:6, implica que o corpo de Cristo foi preparado para
Ele com o desígnio expresso de Seu serviço absoluto a Deus nele.”

“Na Aliança da Graça Cristo disse ao Pai: ‘Anunciarei o teu nome a meus irmãos, Cantar-te-ei
louvores no meio da congregação. E outra vez: Porei nele a minha confiança. E outra vez: Eis-me
aqui a mim, e aos filhos que Deus me deu’ (Hebreus 2:12-13). Mais abençoadamente isto é
explicado no que se segue imediatamente: ‘E, visto como os filhos participam da carne e do
sangue, também ele participou das mesmas coisas’, portanto, Ele não se envergonha de lhes
chamar irmãos. A Federação é a raiz desta maravilhosa misericórdia, a identificação da chave que
a destranca. Cristo não veio para os estranhos, mas para os Seus ‘irmãos’: Ele assumiu a
natureza humana, não a fim de adquirir um povo para Si mesmo, mas para garantir um povo já
era Seu (Efésios 1:4; Mateus 1:21).”

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“Uma vez que existia uma união entre Cristo e Seu povo desde toda a eternidade, inevitavelmente
segue-se que quando Ele veio a esta terra, Ele tomou sobre Si as suas dívidas, e agora que Ele
foi para o céu, eles devem ser revestidos (Isaias 61:10), com todos os frutos de Sua perfeita
obediência. Isto é muito mais do que uma questão técnica de teologia, sendo o pilar mais forte de
todos nos muros da Verdade que protegem a Expiação, embora seja algo atacado com mais
frequência e ferocidade por seus inimigos. Os homens têm argumentado que a punição do
Inocente como se Ele fosse culpado foi um ultraje à justiça. No reino humano, punir uma pessoa
por algo quando ela não é responsável nem culpada está fora de questão, é injusto. Entretanto
essa objeção é inválida e totalmente inútil em conexão com o Senhor Jesus, pois Ele voluntaria-
mente adentrou no lugar e porção de Seu povo de um modo tão íntimo que se pode dizer:
‘Porque, assim o que santifica, como os que são santificados, são todos de um’ (Hebreus 2:1).
Eles não são apenas um em natureza, mas também são tão unidos diante de Deus e diante de
Sua Lei a ponto de envolver a identificação das relações jurídicas e as obrigações e direitos
recíprocos: ‘[...] pela obediência de Um muitos serão feitos [legalmente constituídos] justos’
(Romanos 5:19).”

“[...] antes que a punição fosse infligida, a culpa dos transgressores deveria ser transferida para
Ele, ou seja, os seus pecados deveriam ser judicialmente imputados a Ele. A esse concerto o
Santo Ser consentiu voluntariamente, de modo que aquele que ‘não conheceu pecado’ foi legal-
mente ‘feito pecado’ por eles (2 Coríntios. 5:21). Deus derramou sobre Ele a iniquidade de todos
eles, e, em seguida, a espada da justiça divina O feriu (Zacarias 13:7), exigindo a plena satisfa-
ção. Sem derramamento de sangue não há remissão. A remoção das transgressões, obtendo
para nós o favor de Deus, a compra da herança celestial, exigiu a morte de Cristo. Aquilo que
exigiu a pena de morte foi a culpa de nossos pecados; faça com que isto seja removido, e a
condenação para nós se vai para sempre. Porém, como a culpa poderia ser ‘removida’? Apenas
por sua transferência a outro. A punição devida à Igreja foi levada por seu Fiador e Substituto.
Deus demandou dEle todos os pecados de Seus eleitos e procedeu contra Ele nesse sentido,
visitando sobre Ele a Sua ira judicial.”

“Deus agora perdoa os pecados de todos os que verdadeiramente creem em Cristo, porque a
Deidade recebeu uma satisfação vicária, mas plena para eles na Pessoa de seu Substituto.
Através de Cristo, eles são libertos da ira vindoura. Necessariamente assim, pois a aceitação do
sacrifício do Cordeiro de Deus obteve a redenção eterna de todos por quem ele foi oferecido. Da
forma como uma nuvem escura se esvazia sobre a terra e, em seguida, se derrete sob os raios do
sol, assim, quando a tempestade do juízo Divino havia se esgotado sobre a Cruz, nossos os
nossos pecados desapareceram de diante da face de Deus, e fomos recebidos em Seu favor
eterno.”

“Tão maravilhosa foi a obra que o Filho encarnado realizou por Seu povo, ainda assim, algo mais
ainda era necessário a fim de fornecer um remédio completo para complexa ruína deles, pois, isto
cobria apenas os aspectos jurídicos da punição deles. Um milagre da graça necessitava ser
operado neles, a fim de torná-los experimentalmente prontos para glória eterna; sim, tal é
absolutamente indispensável para adequá-los à comunhão com Deus nesta vida. Os Seus eleitos

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precisam ser vivificados e levados à novidade de vida, sua inimizade contra Deus precisa ser des-
truída, suas trevas, dissipadas, suas vontades, libertadas, o amor ao pecado e o ódio à santidade
também precisam retificados. Em uma palavra, eles precisavam experimentar uma mudança
completa do coração, um princípio de graça ser comunicado a eles, e serem feitos novas criaturas
em Cristo. Que milagre da graça é realizado pelo Espírito Santo naqueles que são ‘por natureza
filhos da ira, como os outros também’ (Efésios 2: 3). Mas quão pouco isso é compreendido hoje; a
insistência disso tem quase desaparecido do púlpito moderno, mesmo naqueles que se orgulham
de serem ortodoxos. A obra do Espírito na salvação dos pecadores não tem lugar no credo do
membro de igreja normal, e onde isso é nominalmente reconhecida, não possui nenhum peso real
e não exerce nenhuma influência prática.”

“Na maioria dos lugares onde o Senhor Jesus ainda é formalmente tido como o único Salvador, o
ensino atual é que Ele tornou possível que os homens sejam salvos, mas que eles próprios devem
decidir se querem ou não querem ser salvos; e, assim, a maior de todas as obras de Deus é
deixada na dependência da inconstante vontade dos homens quanto a saber se será um sucesso
ou um fracasso. Estreitando o círculo para aqueles lugares onde ainda é considerado que o
Espírito tem uma missão e ministério, em conexão com o Evangelho, a ideia geral que prevalece é
que, quando a Palavra é pregada com fidelidade, o Espírito convence os homens do pecado e
revela-lhes a sua necessidade de um Salvador; mas, além disso, muito poucos estão dispostos a
ir. A visão popular é que o pecador tem que cooperar com o Espírito: que ele deve se entregar ao
Seu ‘esforço’, ou ele não será e não pode ser salvo. Mas um conceito tão pernicioso e insultante a
Deus repudia dois fatos cardinais: afirmar que o homem natural é capaz de cooperar com o
Espírito é negar que ele está ‘morto em delitos e pecados’, pois um homem morto é impotente
para fazer algo de bom; enquanto dizer que as operações específicas do Espírito no coração e na
consciência de um homem podem ser assim resistidas, como a frustrar seus esforços, é negar a
Sua onipotência.”

“O fato solene e intragável é, meu leitor, que se Espírito de Deus fosse retirado em suas opera-
ções, nem uma única pessoa na terra se beneficiaria salvificamente da obra redentora de Cristo.”

“O homem natural é como um inimigo de Deus e tão obstinado em sua rebelião que ele não
aprecia um Cristo santo, e continua se opondo ao Seu caminho de salvação até que seu coração
seja divinamente renovado. Essa criminosa escuridão e ilusão que preenche toda a alma na qual
reina o pecado não podem ser removidas por qualquer agente, senão por Deus o Espírito, por
meio de Seu conceder um novo coração e iluminar a compreensão para que perceba a excessiva
malignidade do pecado.”

“[...] há milhares de pessoas dispostas a responder ao erro fatal que os pecadores podem ser
salvos sem lançar para baixo as armas de sua guerra contra Deus; que recebem a Cristo como
seu Salvador, mas que não estão dispostos a renderem-se a Ele como seu Senhor. Eles gosta-
riam de obter Seu descanso, mas eles recusam submeterem-se ao Seu ‘jugo’, sem o qual o Seu
descanso não pode ser obtido. Suas promessas agradam a eles, mas os Seus preceitos lhes são
repulsivos. Eles acreditam em um Cristo imaginário que é adequado para a sua natureza corrupta,

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mas eles desprezam e rejeitam o Cristo de Deus. Como as multidões do passado, eles estão
satisfeitos com Seus pães e peixes, mas para o Seu exame de coração, mortificação da carne,
ensino condenatório do pecado, eles não têm apetite. Nada, senão o poder milagroso do Espírito
pode transformá-los.”

“[...] foi para Deus, que o Espírito descesse a esta terra e fixasse morada em homens e mulheres
caídos; e se Deus assinalou a maravilha e a importância de alguém por poderosos prodígios e
sinais, assim o fez em relação a este último – a música do coro angelical (Lucas 2:13), com o seu
homólogo no ‘som do céu’ (Atos 2:2), a ‘glória’ Shekinah (Lucas 2:9) nas ‘línguas como que de
fogo’. Se nós admiramos as obras graciosas e poderosas de Cristo na purificação do leproso,
fortalecendo o paralítico, dando visão aos cegos e dando vida aos mortos, não menos o Espírito
deve ser adorado por Suas operações sobrenaturais na vivificação das almas mortas, na
iluminação de suas mentes, libertando-os do domínio do pecado, removendo a sua inimizade
contra Deus, unindo-os a Cristo, e criando neles o amor à santidade.”

“De tudo o que esteve diante de nós, será visto quão completo e perfeito é o remédio que a graça
e a sabedoria de Deus providenciaram para o Seu povo. Como eles estavam federalmente em
Adão, e, portanto, tinham responsabilidade pelo que ele fez, eles estão federalmente em Cristo e,
portanto, desfrutam de todos os benefícios de Sua obra meritória. Como eles estavam arruinados
pela quebra de um pacto, assim, eles são restaurados pela guarda de outro. Como eles estavam
eram culpados pela desobediência de Adão, sendo cobrada em sua conta, assim eles são
justificados diante do Trono de Deus, porque a justiça de seu Fiador é imputada a eles. Como eles
caíram sob a maldição da Lei, estavam alienados de Deus e tornaram-se filhos da ira, por meio da
redenção de Cristo, eles têm direito à recompensa da Lei, reconciliados com Deus e restaurados
ao seu favor. Como eles herdam uma natureza corrupta de sua primeira cabeça, assim, eles rece-
bem uma natureza santa de sua segunda Cabeça. Em todos os aspectos, o remédio corresponde
à enfermidade.”

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A Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação dos Pecadores
Arthur Walkington Pink

Parte 1

Talvez alguns de nossos leitores mais jovens e mais impacientes estejam inclinados a ob-
jetar: “Por que dedicar um capítulo especial para isso? Nós já sabemos tudo sobre isso: o
remédio para o homem arruinado encontra-se na salvação de Deus”. Mas isso é uma
visão muito superficial a tomar, e uma visão injusta também; pois a maior e mais gran-
diosa de todas as obras maravilhosas de Deus nunca deve ser falada de forma tão banal
e desprezada tão superficialmente. Além disso, a questão está muito longe de ser tão
simples quanto isso, e uma vez que há essa ignorância generalizada sobre a doença em
si, é necessário examinar de perto e entrar em alguns detalhes sobre a descrição da cura
para a mesma. O fato precisa ser profundamente percebido desde o início para toda pers-
picácia natural, que a condição do homem natural e caído está além do reparo, de forma
que enquanto a autoajuda ou habilidade humana é considerada, o seu caso é sem
esperança. Sim, nenhum outro além do próprio Filho de Deus declarou: “Aos homens isso
é impossível” (Mateus 19:26), e isto é apenas como nós percebemos, em alguma mínima
extensão, os vários aspectos em que essa impossibilidade baseia-se, para que possamos
começar a apreciar o milagre da graça que assegura a recuperação dos pecadores perdidos.

A doença mortal que se apoderou do homem não é algo simples, mas complexo, não
consistindo de um único elemento, mas de uma combinação destes, cada um dos quais é
fatal em si mesmo. Olhem para alguns deles. A própria natureza do homem é totalmente
corrompida, mas ele não é sensato, e nem fica horrorizado por causa disso. O pecado
não é apenas parte integrante do seu ser, mas ele é profundamente apaixonado por ele.
Ele está cheio de inimizade contra Deus, e seu coração é tão duro quanto uma pedra. Ele
está totalmente paralisado para ir a Deus, e completamente sob o domínio e influência de
Satanás. Ele não somente está desprovido de justiça, mas é um pecador culpado sem
uma centelha de santidade, um leproso moral. Ele é completamente incapaz de ajudar a
si mesmo, pois ele está “fraco” (Romanos 5:6). A ira de Deus permanece sobre ele, e ele
está morto em delitos e pecados. O homem caído não está apenas em perigo de ruína e
destruição, mas já está afundado na mesma. Ele é como um tição próximo uma fogueira
intensa, que rapidamente será consumido a menos que a mão Divina o arranque dali
(Zacarias 3:2). Sua condição não é apenas infeliz, mas desesperada, na medida em que
ele é totalmente incapaz de conceber qualquer expediente para a sua cura.

O pecador é culpado, e nenhuma criatura pode fazer expiação por ele. Ele é um pária de
Deus, aterrorizado por Suas próprias perfeições, e, portanto, faz o possível para baní-lO

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de seus pensamentos. Nenhuma língua pode expressar ou coração é adequadamente
afetado com a situação lamentável e abjeta miséria do homem natural. E tal será o seu
caso para sempre a menos que Deus intervenha. No entanto, tudo isso representa ape-
nas um lado do problema – e o menos ruim – isto é, que mesmo assim ele permanecer no
caminho onde o homem ainda pode ser recuperado. Para a inteligência finita pareceria
que uma criatura tão vil e contaminada, tão desobediente e rebelde, tão desagradável à
justa maldição da Lei, está além de toda esperança, e que não seria incompatível à honra
Divina salvar tal verme. Como um transgressor pode ser perdoado de forma coerente com
os requisitos daquela Lei que ele desprezou e ignorou, e ser liberto da penalidade que ela
justamente demanda, e como ele poderia ser recuperado até o favor de Deus em concór-
dia com a manutenção do governo Divino, apresentou-se uma dificuldade que nenhuma
sabedoria angelical poderia resolver. Este foi um segredo escondido em Deus até que Ele
teve o prazer de fazê-lo conhecido.

Há aqueles, sem consideração com a Palavra da Verdade, que supõem ao fato de que
Deus deve perdoar e receber em favor aqueles que renunciam às armas de sua rebelião
contra Ele e pedem misericórdia. Mas a solução para o problema está longe de ser tão
simples quanto uma questão como esta. Encontrando essas pessoas em seu próprio
terreno, deve ser salientado que a razão humana não pode promover nenhum argumento
válido e suficiente pelo qual Deus deveria perdoar o pecador somente porque ele se
arrepende, ou que isso poderia ser feito de forma consistente com o Seu governo moral.
Em vez disso, o contrário é evidente. A contrição de um criminoso não o exonerará em
um tribunal humano de direito, pois isso não oferece nenhuma satisfação e reparação por
seus crimes. Qualquer pecador que acalenta a ideia de que seu arrependimento lhe ofe-
rece uma reivindicação de clemência e favor Divinos demonstra que ele é um estranho ao
verdadeiro arrependimento; e nunca se arrependerá até que ele abandone tal presunção.
A experiência e observação universais, bem como a Escritura, atestam plenamente o fato
de que nenhum dos homens jamais se arrepende enquanto é deixado a si mesmo, e não
são feitos os sujeitos daquelas operações Divinas para as quais eles não têm nenhuma
reivindicação, e que a mera razão é incapaz de concluir que Deus lhes concederá.

Que um adequado remédio para a doença complexa e fatal pela qual o homem está
atingido deve ser de Deus é muito óbvio; é necessário que seja da Sua concepção, Sua
providência, Sua aplicação, Sua realização eficaz do mesmo. Isso é apenas outra manei-
ra de dizer que isso deve ser inteiramente dEle do início ao fim, pois se qualquer parte
disso for deixado para o pecador, em qualquer fase, a falha é certa. Ainda assim, é
necessário ser destacado mais uma vez que Deus não tinha obrigação alguma de efetuar
tal disposição, pois quando o homem deliberadamente apostatou dEle, perdeu toda
recompensa favorável do seu Criador. Não somente Deus poderia agora justamente

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infligir a pena total de Sua Lei violada sobre toda a raça humana, mas, de acordo com a
Sua santa natureza, Ele poderia ter deixado toda a humanidade perecer eternamente
naquela condenação em que eles mesmos haviam se lançado. Se Ele inteiramente aban-
donasse toda a posteridade do apóstata Adão e os deixasse como os anjos irremedia-
velmente caídos, isso não teria qualquer repercussão sobre a Sua bondade, mas sim uma
demonstração de Sua inexorável justiça. Portanto, sempre que a redenção é mencionada,
ela é constantemente descrita como procedente da graça soberana e pura misericórdia
(Efésios 1:3-11).

No entanto, algo mais do que um desígnio gracioso foi exigido da parte de Deus a fim de
que qualquer pecador fosse salvo. A graça é de fato a fonte disso, ainda assim, ela não
foi suficiente em si mesma. Alguém pode ser preenchido com as intenções mais amáveis,
mas ser incapaz de realizá-las. Quão frequentemente o terno amor de uma mãe impo-
tente está na presença de seu filho em sofrimento! Deve haver também a aplicação de
poder Divino se o propósito da graça deve ser cumprido. E não qualquer poder ordinário,
mas, como a Escritura afirma: “a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os
que cremos, segundo a operação da força do seu poder” (Efésios 1:19). Demanda o
exercício de muito mais força para recriar uma criatura caída do que é demandado para
criar o universo a partir do nada. Por que isso? Porque nisto não havia oposição, nada
para resistir à Sua obra; enquanto no caso do homem caído, há a hostilidade de sua
vontade, a alienação de seu coração, a inimizade inveterada de sua mente carnal a serem
superadas. Além disso, há a malícia e a oposição de Satanás a serem neutralizadas, pois
ele se esforça com todas as suas forças para manter o seu domínio sobre suas vítimas. O
Diabo deve ser despojado da vantagem que ele tinha obtido, pois não é consistente com
a glória de Deus, que lhe seja permitido triunfar em seu sucesso.

Porém, algo mais do que o exercício do poder de Deus ainda era necessário: a onisciên-
cia deve ser exercida, bem como onipotência. A força em si mesma não construirá uma
casa: deve haver também a arte de planejar e harmonizar os materiais. A habilidade é o
principal requisito de um arquiteto. Permitam fracamente ilustrar o que procuramos
expressar aqui. Aqueles que são salvos não são apenas os produtos da maravilhosa
graça de Deus e poder onipotente, mas eles também são “feitura Sua” (Efésios 2:10).
Maravilhosamente a sabedoria de Deus aparece no belo tecido de Sua graça, no templo
espiritual que Ele ergue para a Sua própria morada. Ele “para isto mesmo nos preparou”
(2 Coríntios 5:5); como as pedras são esculpidas e polidas, assim os crentes são “pedras
vivas” nesse edifício em que Deus habitará para sempre. Ora, o que é excelente na
execução serve para fazer manifesta a excelente habilidade no planejamento da mesma.
A contrapartida da Lei de Deus nos corações dos Seus filhos vivificados não é menos o
fruto de Sua sabedoria do que ela escrita em tábuas de pedra: sabedoria na primeira

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formação disso, sabedoria também na impressão dela sobre a compreensão e as
afeições.

Não é nem nas maravilhas da criação, nem nos mistérios da Providência que as profun-
didades e riquezas da sabedoria de Deus devem ser encontradas: antes, é no plano e
frutos da redenção que elas são mais plena e ilustrativamente reveladas. Isso fica claro a
partir de várias Escrituras. É no Mediador Deus-Homem “em quem estão escondidos
todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Colossenses 2:3): Sim, Ele é expressa-
mente denominado “sabedoria de Deus” (1 Coríntios 1:24). Aos “principados e potestades
nos céus” agora está sendo manifesta, por meios, “pela igreja, a multiforme sabedoria de
Deus” (Efésios 3:10). A elaboração de um método pelo qual uma parte da humanidade
deve ser resgatada de sua condição miserável é de fato a obra-prima da sabedoria
Divina: nada, senão a própria onisciência poderia ter encontrado uma maneira de efetuar
tal triunfo de uma forma adequada para todas as perfeições Divinas. Os sábios deste
mundo são chamados de “príncipes” (1 Coríntios. 2:6, 8), mas os anjos são designados
“principados e potestades nos lugares celestiais”, por causa de sua dignidade, sabedoria
e força superiores. No entanto, apesar de serem tão grandes em inteligência, sempre
contemplando a face do Pai, ainda assim, uma nova e grandiosa descoberta da sabedoria
de Deus é feita a eles por meio da Igreja, pois a Sua obra na redenção dela transcende
em muito a compreensão natural deles.

As hierarquias celestes testemunharam a desonra que havia sido feito à autoridade de


Deus e a discórdia trazida para a esfera de Seu governo pelo pecado e rebelião de Adão.
Era, portanto, necessário, moralmente falando, que esse desafio ao governo de Deus
fosse tratado, e que essa afronta ao Seu trono fosse corrigida. Isso não poderia ser feito a
não ser pela imposição daquela punição que na regra inalterável e padrão de justiça
Divina era devida para isso. A tolerância do pecado em quaisquer outros termos deixaria
o governo de Deus em indizível desonra e confusão. “Porque, onde está a justiça do
governo se o maior pecado e provocação que a nossa natureza era capaz de praticar, e
que trouxe confusão sobre toda a criação, ficasse para sempre impune? A primeira
intimação expressa que Deus deu de Sua justiça no governo da humanidade foi a Sua
ameaçadora punição equivalente ao demérito da desobediência em que o homem poderia
cair: ‘no dia em que dela comeres, certamente morrerás’ [Gênesis 2:17]. Se Ele revogas-
se e invalidasse esta sentença, como a glória de Sua justiça no governo de tudo será
conhecida? Mas como essa punição deveria ser sofrida, a qual consistia na ruína eterna
do homem, e ainda assim o homem ser salvo eternamente, foi uma obra para a sabedoria
Divina idealizar” (John Owen).

Não apenas era necessário à honra da justiça de Deus, sendo Ele o Governador moral e

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Juiz supremo de toda a terra, que o pecado fosse sumariamente punido, mas foi neces-
sário que houvesse uma obediência a Deus, e tal obediência como que traria mais glória
a Ele do que a desonra e opróbrio que resultou da desobediência do homem. “Isto foi
devido à glória da Sua santidade ao dar a Lei. Até isso foi feito, a excelência daquela Lei
como sendo a santidade de Deus, e como um efeito disso, não poderia ser feita mani-
festa. Pois, se esta nunca fosse mantida em qualquer instância, nunca cumprida por
qualquer pessoa no mundo, como a glória dela seria declarada? Como a santidade de
Deus seria representada por ela? Como seria evidente que a transgressão não era antes
algum defeito na própria Lei, do que de qualquer mal naqueles que deveriam ter rendido
obediência a ela? Se a Lei dada ao homem nunca fosse cumprida, sobretudo, em perfeita
obediência por qualquer um que seja, poderia ser pensado que a própria Lei não era
adequada à nossa natureza, e impossível de ser assim cumprida” (John Owen). Ele não
se tornou o Reitor do universo para dar ao homem uma lei cuja espiritualidade e equidade
nunca pudesse ser exemplificada em obediência. Essa Lei não foi imposta, principal-
mente, para que o homem sofresse justamente por sua transgressão, mas sim para que
Deus fosse glorificado em seu desempenho. Mas, desde que a ofensa de Adão trouxe
ruína sobre toda a sua posteridade, de forma que eles são incapazes de responder às
suas demandas, como poderia uma perfeita obediência ser prestada a ela? Somente a
onisciência poderia fornecer a resposta.

Oh, que coisa verdadeiramente surpreendente é, leitor cristão, que a sabedoria de Deus,
por meio de nossa redenção, fez daquilo que é a maior desonra possível a Ele tornar-se a
ocasião de Sua maior glória! Ainda assim, tal é verdadeiramente o caso. Nada é tão
desagradável ao Altíssimo quanto o pecado, nada desonra tanto a Ele, pois isto é em sua
própria natureza inimizade contra Deus, desprezo a Ele. O pecado é uma vergonha à Sua
majestade, um insulto à Sua santidade, uma insurreição contra o Seu governo. E, no
entanto esta “coisa abominável”, que Ele odeia (Jeremias 44:4), para a qual Ele não pode
olhar, senão com infinito desfavor (Habacuque 1:13), é feita por ocasião do maior bem
possível. Que milagre dos milagres é que o Senhor faça a ira do homem louvá-lO (Salmos
76:10), que o próprio mal que visa destronar a Ele transmute-se em meios de magnifi-
cação dEle; sim, pois, assim Ele fez a grandiosa manifestação de Suas perfeições que
sempre existiram. O pecado lança desprezo sobre a Lei de Deus, no entanto, por meio da
redenção, aquela Lei é extremamente honrada. Nunca o Rei do Céu foi tão gravemente
menosprezado como quando aqueles feitos à Sua imagem e semelhança irromperam em
revolta contra Ele; nunca tal honra foi prestada ao Seu trono, como pela forma com a qual
Ele escolheu efetuar a salvação de Seu povo. Nunca a santidade de Deus foi tão
menosprezada como quando o homem preferiu prestar lealdade à antiga serpente, o
Diabo; nunca a santidade de Deus brilhou tão rutilantemente como na vitória que Ele
obteve sobre Satanás.

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Igualmente maravilhoso é, leitor cristão, que Deus planejou uma maneira pela qual um
transgressor flagrante deve tornar-se inocente, e que aquele que é completamente
destituído de justiça seja justificado ou declarado justo pelo Juiz de toda a terra. Houvesse
coisas como estas sido submetidas à solução, elas sempre pareceriam ser contradições
irreconciliáveis para todas as compreensões finitas. Parece ser absolutamente impossível
para um culpado condenado o ser inocentado de qualquer acusação contra ele. O pecado
implica necessariamente em punição, como pode, então, qualquer transgressor fugir da
“devida recompensa” de suas obras (Lucas 23:41), exceto por uma manifesta violação da
justiça? Deus declarou claramente que Ele “não inocenta o culpado” (Êxodo 34:7). Ele
tem determinado por um decreto inalterável de que o pecado deve ter a paga de seus
salários; então como pode o culpado ser isentos da sentença de morte? Nem é menos
formidável o problema de como Deus pode, com equidade perfeita, declarar justos aque-
les que não têm cumprido as exigências da Lei. Conceder a declaração de obediência
àquele cujo registro é de desobediência ao longo da vida parece ser algo pior do que uma
anomalia. No entanto, a Onisciência planejou uma solução para ambos os problemas,
uma solução que é, em todos os aspectos, uma solução perfeita e gloriosa.

Sem essa solução, a restauração de qualquer um da humanidade no favor e na comu-


nhão e gozo do próprio Deus seria totalmente impossível. Isso seria assim não somente
por causa da própria depravação total do homem, mas por causa da relevância da glória
das perfeições Divinas em nosso pecado e apostasia. Eles não somente estavam
acometidos de uma doença fatal, da qual não havia a menor esperança de libertação, a
menos que fosse fornecido um remédio sobrenatural, mas o governo de Deus estava tão
gravemente indignado com nossa revolta, que a compensação integral deveria ser feita
ao Seu cetro insultado, e a completa satisfação oferecida à Sua Lei violada, para que o
trono do Céu pudesse ser satisfeito. Muito além da concepção da inteligência finita como
foi a dificuldade de reparar os danos causados em toda a nossa constituição e ser pelo
pecado, ainda mais longe estavam os obstáculos que permaneciam no caminho do
exercício da graça e da misericórdia de Deus na restauração do pária. Essa maneira de
restauração deve ser algo no qual Deus seja magnificado, Sua justiça vindicada, Suas
ameaças cumpridas e Sua santidade glorificada. A maneira pela qual todos esses fins
foram alcançados e esses resultados garantidos é a maravilha adorada, semelhante-
mente, pelos redimidos e pelos anjos.

Como outros antes de nós têm apontado, se o governo Divino fosse vindicado, toda a
obra do nosso resgate deveria ser realizada em nossa natureza, e a própria natureza
daqueles que pecaram, e que viriam a ser recuperados desde as ruínas da Queda e
trazidos à felicidade eterna: a partir da natureza humana, mas esta teria que ser não
somente livre de qualquer contaminação, mas intrinsecamente santa. Quanto à salvação

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de pecadores, nenhuma satisfação poderia ser feita para a glória de Deus, devido, à
depravação da natureza apóstata do homem e todos os frutos malignos desta, contudo
deveria ser por uma natureza igual à daqueles que pecaram e deveriam ser salvos. A
entrega da Lei por Deus aos nossos primeiros pais foi por si só um efeito de Sua
sabedoria e santidade, em que a glória delas seria exaltada, se essa regra de justiça
fosse cumprida por uma natureza de um tipo totalmente diferente? Se um anjo a cum-
prisse, a sua obediência não seria nenhuma prova de que a Lei era adequada à natureza
do homem, para a qual ela foi originalmente prescrita; antes, poderia um cumprimento
angelical da Lei ter sido um reflexo da bondade Divina em concedê-la aos homens. Nem
poderia ter havido a necessária relação entre a natureza do substituto e aqueles em nome
de quem o substituto agiu e sofreu, e, portanto, tal arranjo não teria magnificado a
sabedoria Divina, antes teria sido, na melhor das hipóteses, uma obra insatisfatória.

As Escrituras são muito explícitas em seu ensino sobre a necessidade da natureza ser a
mesma entre o fiador e aqueles a quem ele representava, como sendo condescendente à
sabedoria de Deus. Falando sobre a forma de nosso auxílio, o Apóstolo declarou: “E, visto
como os filhos participam da carne e do sangue, também ele [o Resgatador] participou
das mesmas coisas” (Hebreus 2:14). A natureza humana foi aqui expressa por: “da carne
e do sangue”, que deveria ser liberta, e, portanto, era em natureza humana que esta
libertação deveria ser feita. O Apóstolo entra em detalhes consideráveis sobre este ponto
em Romanos 5:12-21, a soma disso é: “se pela ofensa de um morreram muitos, muito
mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo,
abundou sobre muitos” [v.15]. A mesma natureza que transgrediu deve operar o remédio
para a mesma. Mais uma vez, em 1 Coríntios 15:21: “Porque assim como a morte veio
por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem”. A nossa ruína
não poderia ser recuperada, nem a libertação de nossa culpa ser efetuada, exceto por
alguém em nossa própria natureza.

Além disso, deve ser observado que a libertação para ser assegurada deve ser feita por
alguém cuja substância foi derivada de nossos primeiros pais. Não havia encontrado as
exigências do caso para que Deus criasse um segundo homem do pó da terra, ou de
qualquer coisa que seria de natureza diferente de nós mesmos, pois, nesse caso, não
haveria nexo e relação entre ele e nós, e, portanto, não teríamos, de modo algum, uma
participação em qualquer coisa que ele fizesse ou sofresse. Essa aliança dependia
apenas disso, que Deus “de um só sangue fez toda a geração dos homens” (Atos 17:26).
Todavia, neste momento uma dificuldade adicional foi apresentada, uma que outra vez se
provava insuperável a todas as inteligências criadas, não houvesse “o único Deus sábio”
revelado a Sua provisão para a resolução da mesma. Qualquer libertador de homens
pecadores deveria derivar sua natureza de suas ações originais, mas ele não deveria

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trazer junto com ele a menor mácula de corrupção ou a mesma responsabilidade, que
temos em nossa própria conta, pois, se a sua natureza se contaminasse, se ela careces-
se da imagem de Deus, ele não poderia fazer nada que fosse aceitável a Deus, e ele
estaria sujeito à penalidade da Lei por conta própria, então ele não poderia fazer nenhu-
ma satisfação pelos pecados dos outros. Mas, desde que todo descendente de Eva é
formado em pecado e concebido em iniquidade, como poderia qualquer um de sua
semente estar sem pecado? Somente a Onisciência poderia trazer algo imaculadamente
puro da completa impureza.

Não devemos perder de vista os fundamentos em que a corrupção e culpa aderem à


nossa natureza, como elas atuam em todos os indivíduos. Primeiramente, toda a nossa
natureza, quanto à participação nela, estava em Adão como nossa cabeça pactual e
representante federal. Portanto, sua ofensa era nossa também, e justamente imputada a
nós. Porque nós pecamos nele, nos tornamos “por natureza filhos da ira”, os sujeitos do
desagrado judicial de Deus. Em segundo lugar, nós derivamos a nossa natureza de Adão
por meio de geração natural, de modo que a sua profanação é comunicada a todos os
seus descendentes. Nós somos as plantas degeneradas de uma vinha degenerada.
Assim, ainda outra dificuldade foi apresentada: a natureza de um libertador para o homem
caído deveria, como em sua substância, ser derivada de nossos primeiros pais, mas de
modo a não ser em Adão como representante legal, nem ser derivado dele por geração
natural. Mas como isso poderia ocorrer: que sua natureza estivesse verdadeiramente
relacionada a Adão, como a nossa, e ainda assim, não sendo participante da culpa de sua
transgressão, nem participando de sua contaminação? Tal prodígio estava totalmente fora
do conceito de toda mente finita.

Parte 2

No último capítulo, nos dedicamos a algumas das dificuldades, sim, aparentemente im-
possibilidades que estavam no caminho do resgate de qualquer um dos filhos caídos de
Adão, mostrando que precisava haver algo mais do que um benigno propósito da graça
da parte de Deus para efetuar o mesmo, algo mais do que aplicar o Seu grande poder, de
forma que os obstáculos que precisam ser removidos eram tantos e tão grandes que “a
multiforme sabedoria de Deus” (Efésios 3:10) também precisou ser convocada para a
ação. A dificuldade do lado humano era o estado desesperado do pecador: como sua
escuridão poderia ser transformada em luz, sua inimizade em amor, sua falta de vontade
em vontade, sem qualquer tipo de violência sendo feita em sua agência moral. Os
obstáculos do lado Divino eram como o Altíssimo poderia restaurar tais desgraçados ao
Seu favor, e ainda assim não comprometer as Suas perfeições: como Ele poderia ter

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relações com leprosos morais, sem manchar a Sua santidade, inocentar o culpado sem
repudiar a Sua Lei, exercer misericórdia em coerência a Sua justiça, e, contudo, fornecer
um remédio para tal doença, e fazê-lo de uma maneira que honrasse Seu trono, estava
muito além do alcance da inteligência criada.

Nós vimos que, a fim de salvar um pecador legalmente condenado e merecedor do infer-
no era necessário que algum método e meio fosse concebido pelo qual ele seria liberto de
todas as consequências da Queda, e ao mesmo tempo atendesse a todas as exigências
do governo Divino. O pecado tinha que ser tratado severamente, mas os transgressores
deveriam ser eximidos de sua merecida condenação. Uma plena conformidade à Lei
deveria ser realizada, mas por alguém na mesma natureza que aqueles que a tinham
violado. Isso foi claramente esboçado sob os tipos do Antigo Testamento: o redentor tinha
que ser um parente de quem ele favorecia (Levítico 25:25; Rute 4:4-6). Além disso, as
exigências da Lei somente poderiam ser atendidas por um alguém cuja natureza fosse
derivada da mesma linhagem como a daqueles em nome de quem ele efetuou, mas a sua
humanidade não deveria ser maculada em menor grau pela corrupção comum deles. Era
necessário que ele fosse um homem da descendência de Adão (Lucas 3:38) e Eva
(Gênesis 3:15), no entanto, um homem absolutamente puro e santo, pois nenhum outro
poderia pessoal e perpetuamente obedecer em pensamento, palavra e ação. Mas
ninguém assim existia: “Na verdade que não há homem justo sobre a terra, que faça o
bem, e nunca peque” (Eclesiastes 7:20), nem jamais haveria alguém se a raça humana
fosse deixada por si mesma. Nada, senão a multiforme sabedoria e poder sobrenatural de
Deus poderiam produzi-lo.

Ainda assim, alguém que era mais do que o homem, mesmo alguém perfeito, sim, muito
superior àqueles seres celestiais que cobrem o rosto na presença da Divindade era
necessário, a fim de quitar as responsabilidades dos pecadores depravados, e renová-los
em santidade. Isto é evidente a partir de várias considerações. A criatura mais exaltada,
simplesmente porque é uma criatura, é obrigada a prestar obediência perfeita ao seu
Criador, e, portanto, não poderia merecer nada em nome de outros. Se ele cumpriu
plenamente o seu dever, ele de fato, aperaria uma justiça e direito à recompensa da Lei;
mas ele necessitaria daquela justiça em sua própria conta, e, portanto, esta não estaria
disponível para a imputação a outro, e menos ainda a muitos outros. Mais uma vez, a
obra que ele tinha de fazer, a saber, pagar integralmente a dívida incalculável incorrida
por aqueles que deveriam ser salvos, fazer expiação por todos os seus pecados,
reconciliá-los com Deus, restaurá-los ao Seu favor, fazê-los encontrar a herança dos
santos na luz, estava muito além da abrangência de qualquer mera criatura, não importa
quão alta fosse a sua posição. Além disso, qualquer libertador dos apóstatas filhos de

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Adão deveria ser essencial e infinitamente santo, pois ninguém menos poderia ser
qualificado para pôr de lado a infinita culpa das inúmeras iniquidades deles.

Para que qualquer parte da humanidade fosse eternamente salva para a glória de Deus,
era necessário que não somente a obediência impecável fosse prestada à Lei de Deus,
mas tal obediência como que trouxesse mais honra à Sua santidade do que a desonra
que foi lançada sobre ela por meio da desobediência de todos; afirmar que pouco importa
o que aconteça com a glória de Deus, desde que os miseráveis pecadores sejam salvos
de uma maneira ou outra não é senão o vômito blasfemo da mente carnal. Onde Deus é
reverenciado e amado acima de tudo, mui diferentes serão os sentimentos de tal pessoa;
ou seja, bem melhor que toda a raça de Adão pereça do que o caráter da Deidade ser
manchado e os fundamentos de Seu trono prejudicado. Mas tal obediência não poderia
ser prestada por qualquer mera criatura, não importa quão puro a sua natureza ou
eminente a sua posição, pois, necessariamente, não há algo do Divino nele, para que o
seu desempenho possua um valor infinito. Nem deve esta obediência ser constrangida,
mas sim ser voluntária, pois o que é forçado não procede do amor e é sem valor. Nem
deve a sua conformidade à Lei ser uma em que ele seja pessoalmente responsável a
render-se a ela, pois em tal caso, isso não poderia ser aceito como uma devida
compensação pela desobediência de todos.

Não era apenas uma única pessoa que devia ser resgatada a partir da Queda e ser
trazida para a glória, mas “milhares” (Judas 1:14), e cada um deles tinha mais pecados
em sua conta do que cabelos sobre a cabeça, e cada pecado tinha em si uma culpa
imensurável, uma vez que fora cometido contra a infinita Majestade do Céu. A desventura
em que todos eles eram ofensivos também era infinita, posto que a duração desta era
eterna – tudo indescritivelmente terrível e doloroso para que a nossa natureza seja capaz
de suportar. Nem eles poderiam ser libertos da terrível consequência do pecado, sem
uma satisfação adequada sendo feita à justiça ofendida de Deus. Afirmar o contrário é
como se alguém dissesse que não importa para Deus se Ele é obedecido ou desobe-
decido, se Ele é honrado ou desonrado em e por Suas criaturas, e isso seria negar Seu
próprio ser, visto que é diretamente contrário à glória de todas as Suas perfeições. Mas,
onde estava a pessoa qualificada e capacitada para realizar a requerida propiciação pelo
pecado? Onde estava a pessoa apropriada para agir como mediador entre Deus e os
homens, entre o Santo e o profano? Onde estava o único que poderia conceder vida aos
mortos, e mérito de bem-aventurança eterna para eles?

Se um remédio é providenciado aos pecadores, ele deve ser aquele que lhes restaura
àquela mesma condição e dignidade em que foram colocados antes da Queda. Pois,
recuperá-los a alguma menor honra e bem-aventurança do que aquelas que eram as

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deles originalmente não consistiria tanto com a Divina sabedoria ou recompensa. “Sim,
considerando isso, a infinita graça, bondade e misericórdia de Deus para restaurá-lo,
parece agradável para a glória das Divinas excelências em suas operações que ele deve
ser levado a uma condição melhor e mais honrosa do que a que ele tinha perdido” (John
Owen). Em seu estado primitivo o homem não estava sujeito a ninguém, senão ao seu
Criador. Embora ele fosse menos digno do que os anjos, ainda assim, ele não lhes devia
nenhuma obediência, eles eram seus conservos do Senhor Deus. Obviamente [como
Owen também apontou], se o pecador fosse salvo por qualquer mera criatura, ele não
poderia ser restaurado ao seu primeiro estado e dignidade, pois, nesse caso, ele deveria
fidelidade e subserviência àquela criatura que o havia redimido, ele se tornaria a proprie-
dade de quem o comprou. Isso não somente introduziria maior confusão, mas o pecador
estaria em um caso ainda pior do que estava antes da Queda, pois ele não estaria na
posição em que ele devia sujeição e honra apenas a Deus.

A partir do exposto, será visto que o único suficiente libertador dos homens caídos deve
ser alguém possuidor de infinita dignidade e merecimento, a fim de que ele seja capaz de
merecer bênçãos infinitas. Ele deve ser uma pessoa de poder e sabedoria infinitas,
porque a obra que ele deve executar não poderia ser realizada com sucesso por ninguém
menos. Ainda mais, era necessário que ele fosse uma pessoa que era infinitamente
querida de Deus Pai, a fim de conceder um valor infinito às suas operações na estima do
Pai, e que o amor do Pai por ele pudesse equilibrar a ofensa e a provocação de nossos
pecados. Ele também deveria ser uma pessoa que poderia agir nesta questão em seu
próprio direito, que, em si mesmo, ele não fosse um servo e sujeito ao Altíssimo; caso
contrário, ele não poderia merecer alguma coisa por aqueles que ele salvaria. Além disso,
ele deveria ser uma pessoa dotada de infinita misericórdia e amor, pois ninguém volunta-
riamente assumiria uma tarefa tão árdua, tão humilhante, e envolvendo tanto sofrimento
indizível, por criaturas tão indignas e sujas quanto os homens caídos. Mas onde, em todo
o universo alguém assim seria encontrado? Nenhuma pessoa criada possuía as qualifica-
ções necessárias. Quando o apóstolo João contemplou (na visão) o livro com sete selos,
nos é dito que ele chorava muito, porque ninguém no céu ou na terra foi achado digno de
abrir o livro (Apocalipse 5:1-4), e não tivesse a multiforme sabedoria de Deus encontrado
a solução para todos esses problemas, homens e anjos, igualmente, ficariam para sempre
perplexos por eles.

Os vários elementos do complicado problema da salvação para qualquer um dos filhos de


Adão estão longe de estar esgotados naqueles já foram apontados. O homem foi feito
para servir e glorificar a Deus. Em espírito, alma e corpo, em todas as suas faculdades e
forças, em tudo o que foi dado e confiado a ele, ele não era seu próprio, mas em lugar de
um servo. O mesmo era, igualmente, o caso com os anjos. Uma criatura e alguém que em

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todos os aspectos está em sujeição ao seu Criador são termos conversíveis. Mas a essa
condição e posição a raça humana em Adão se revoltou, determinando ser “como
deuses” – senhores sobre si mesmos. Há algo disso em cada pecado: a preferência da
vontade própria e rejeição da vontade do Todo-Poderoso. Por sua insurreição, o homem
caiu em completa escravidão ao pecado e a Satanás. A fim de libertar o pecador de seu
cativeiro, era necessário para qualquer libertador tomar a posição que o homem original-
mente ocupou, ele deveria entrar no lugar de absoluta sujeição a Deus, subordinando
inteiramente a sua própria vontade à dEle, pois de nenhuma outra maneira poderia ser
feita adequada compensação ao insultado governo de Deus, e os danos causados pelos
nossos primeiros pais serem reparados. Mas, como qualquer ser incriado ocuparia a
posição de uma criatura? Com que propriedade um possuidor de infinita dignidade e
excelência poderia sofrer tamanha humilhação? Como poderia aquele que estava acima
de toda a Lei, submeter-se à Lei e prestar-lhe obediência?

Mais uma vez, em seu estado original o homem não tinha nada, senão o que o Criador
concedesse a ele. Feito do pó da terra, ele era dotado de inteligência e agência moral,
mas para serem empregadas no serviço Divino. Ele também era dependente de seu Cria-
dor para cada movimento de sua respiração. Esse estado de necessidade e dependência
ele deliberadamente abandonou, determinando enriquecer a si mesmo e assumir o
domínio absoluto. Mas o seu terrível crime trouxe sobre ele e todos a quem ele represen-
tava a perda de seus dons originais: ele perdeu a imagem de Deus, o seu direito às
criaturas aqui abaixo, sua própria alma. Consequentemente, qualquer salvador para ele
deveria necessariamente experimentar a degradação e a pobreza que o pecador tinha
trazido sobre si mesmo, de modo que ele não teria aonde reclinar a cabeça. Mas como
essa experiência foi possível para quem seria infinitamente rico em si mesmo, e em seu
próprio direito? Desde que Adão representava e agia em nome de todos aqueles a quem
ele representava legalmente, segue-se que qualquer salvador não deveria servir em uma
capacidade privada, mas como a cabeça da aliança daqueles a quem ele devia resgatar.
Finalmente, uma vez que Deus fez o primeiro homem senhor da terra, dando-lhe o
domínio sobre todas as criaturas nela, cujo domínio ele perdeu na sua Queda, então, um
libertador deveria ser capaz de recuperar a propriedade perdida. Mas onde estava aquele
que era capaz de comprar tão vasta herança?

“As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus” (Lucas 18:27). A
Onisciência encontrou uma solução para todos os problemas que sempre haviam confun-
dido as mentes dos homens. A Escritura lança não pouca ênfase sobre isso. É referida
como “a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos
para nossa glória”, ou seja, a nossa salvação (1 Coríntios. 2:7). “Em mistério” denota
aquilo que é insondável pela razão humana, incompreensível para a capacidade finita,

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completamente escondido até que fosse Divinamente revelado, e, mesmo assim, para
além dos nossos poderes de compreender plenamente. Em Efésios 1:8, somos informa-
dos de que: “ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência”. A palavra
“abundou” tem a força de jorrando, transbordando. É chamado de “toda a sabedoria”, por
sua excelência. Não foi um único conceito ou ato, mas um conjunto de muitos excelentes
fins e meios para a glória de Deus. À sabedoria é adicionada a “prudência”: a primeira
refere-se ao planejamento eterno de um caminho, a prudência refere-se à ordenação de
todas as coisas ao cumprimento dos conselhos ou propósitos de Deus – sabedoria na
elaboração, a prudência na execução. Em Efésios 3:10, isso é designado como: “a multi-
forme sabedoria de Deus” por causa de sua complexidade e variedade; a salvação dos
pecadores, a derrota de Satanás, a plena revelação da Santíssima Trindade, em suas
diferentes pessoas, operações separadas, ações combinadas e expressões de bondade;
e por causa da vastidão de sua extensão.

Essa multiforme sabedoria de Deus, agora exibida diante dos anjos na redenção da
Igreja, é dita ser “segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor”
(Efésios 3:11). O Filho eterno de Deus, predestinado a ser o mediador Deus-homem é o
grande meio, capacidade e manifestação da onisciência Divina e, portanto, Ele é
chamado de “A Palavra de Deus” (Apocalipse 19:13), e “sabedoria de Deus” (1 Coríntios.
1:24). “Tornando a nós conhecido o mistério da Sua vontade, segundo o Seu beneplácito,
que propusera em Si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na
dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na
terra” (Efésios 1:9-10). “O mistério da vontade de Deus são os Seus conselhos referentes
à Sua própria glória eterna na santificação e salvação da Igreja aqui na terra, para ser
unida àquela acima. A origem absoluta disso foi o Seu próprio prazer, ou a atuação
soberana de Sua sabedoria e vontade. Mas tudo isso devia ser efetuado, em Cristo, o
qual o Apóstolo repete duas vezes: Ele reuniu ‘tudo naquele que é a cabeça, Cristo’, ou
seja, somente nEle”.

“Assim, é dito dele com respeito à Sua futura encarnação e obra de mediação que ‘O
Senhor me possuiu no princípio de seus caminhos, desde então, e antes de suas obras.
Desde a eternidade fui ungida, desde o princípio, antes do começo da terra’ (Provérbios
8:22-23). A eterna existência pessoal do Filho de Deus estava nestas expressões... sem
isso nenhuma dessas coisas poderiam ser afirmadas sobre Ele. Mas há uma relação de
ambas, a Sua futura encarnação e a realização dos conselhos de Deus por meio desta.
Com relação a isso, Deus O possuiu no princípio de Seus caminhos, ungiu-O desde a
eternidade. Deus O possuía eternamente como a Sua sabedoria essencial, pois Ele
sempre foi e sempre esteve no seio do Pai, no amor mútuo, inefável do Pai e do Filho, no
vínculo eterno do Espírito. Mas Ele notavelmente O possuía no princípio de Seu caminho

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como a Sua sabedoria atuando na produção de todos os caminhos e obras que existem
exteriormente nEle. O início do caminho de Deus antes de Suas obras são os Seus
conselhos que lhes dizem respeito, assim como os nossos conselhos são o início de
nossas maneiras com relação aos trabalhos futuros. E Ele O ungiu desde a eternidade
como o fundamento de todos os conselhos de Sua vontade, e por meio de quem eles
deveriam ser executados e cumpridos” (John Owen).

O oitavo capítulo de Provérbios é um capítulo extremamente profundo, mas também mui


abençoado. Nele, como o primeiro versículo demonstra, a voz da “sabedoria” é ouvida
falar. Que há uma pessoa que está ali em vista é evidente, mais uma vez, a partir do
versículo 12: “Eu, a sabedoria, habito com a prudência”, e versículo 17: “Eu amo aos que
me amam”. Que esta é uma pessoa Divina pode ser visto a partir do versículo 15: “por
mim reinam os reis”. Mas é igualmente claro a partir da linguagem dos versículos 24 e 25,
“fui gerada”, e “eu estava com Ele [o Pai]... perante Ele” [versículo 30], que tais
expressões não podiam ser predicadas ao Filho de Deus absolutamente, que é co-eterno
e co-igual com o Pai. Não, “sabedoria” aqui deve ser entendida como o Filho enquanto
Mediador Homem-Deus em suas duas naturezas, como o Alguém ordenado para ser a
encarnação da “sabedoria de Deus” (1 Coríntios 1:24). Quando Ele diz: “O Senhor Me
possuiu: princípio [no Hebraico é sem o “no”] de Seus caminhos, desde então, e antes de
suas obras”, este é o Mediador falando na subsistente aliança que Ele tinha diante de
Deus antes que o universo fosse chamado à união com o Filho eterno, era “o princípio”
(Apocalipse 1:8) dos “caminhos” do Deus Triuno, pois em todas as coisas Ele deve “ter a
preeminência” (Colossenses 1:18).

O primeiro conselho de Deus relacionou-se ao Homem Cristo Jesus, pois Ele foi nomeado
para ser não somente a cabeça da Sua Igreja, mas “o primogênito de toda a criação”
(Colossenses 1:15), Aquele a quem o Senhor dos Exércitos indicou como “o homem que
é o meu companheiro” (Zacarias 13:7) foi predestinado para a graça da união e da glória
Divina. “Na cabeça [assim é que está no Grego] do livro está escrito de Mim” (Hebreus
10:7). Sendo Ele o Objeto e Sujeito do decreto original de Deus. “Nosso Redentor saiu do
ventre de um decreto desde a eternidade, antes que Ele saísse do ventre da virgem no
tempo. Ele esteve escondido na vontade de Deus antes que Ele se manifestasse na carne
de um Redentor. Ele era um Cordeiro que foi morto no propósito, antes que Ele fosse
morto na Cruz. Ele foi possuído por Deus no princípio ou no início de Seus caminhos (a
Cabeça de Suas obras), e ungido desde a eternidade para ter as Suas delícias entre os
filhos dos homens” (Charnock). A pessoa do Deus-Homem Mediador foi a origem dos
conselhos Divinos. Como tal, o Jeová Triuno “possuiu” ou abraçou-o, como um Tesouro
no qual todos os conselhos Divinos foram depositados, como um Agente eficaz para a

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execução de todas as Suas obras. Cristo foi o primeiro Eleito de Deus (Isaías 42:1) e, em
seguida, a Igreja foi escolhida nEle (Efésios 1:4).

“Desde a eternidade fui ungida” [Provérbios 8:23]. Essa declaração diz respeito a Ele não
essencialmente como Deus o Filho, mas economicamente como o Mediador: “estabele-
cido” ou, literalmente, “ungido” por uma constituição da Aliança e pela subsistência Divina
diante da mente de Deus. Antes de todos os mundos, no “conselho de paz” (Zacarias
6:13), Cristo foi designado e ungido com o Seu caráter oficial. Antes que Deus planejasse
criar qualquer criatura, Ele primeiro “ungiu” a Cristo como o grande Arquiteto e Origem.
“Então eu estava com ele, e era seu arquiteto; era cada dia as suas delícias, alegrando-
me perante ele em todo o tempo” (Provérbios 8:30). Não foi a complacência do Pai na
segunda Pessoa da Trindade (como tal) que está ali em vista, mas a Sua satisfação e
alegria no Mediador, como Deus O contemplou nas lentes de Seus decretos como o
Repositório de todos os Seus desígnios. A palavra hebraica para “arquiteto” também
significa “mestre construtor”, e é assim apresentado na Versão Revisada [da Bíblia King
James] – quão abençoadamente isso descreveu Aquele que seria invocado para realizar
o propósito do Pai! Em Seus pensamentos eternos e visões primitivas, o homem Cristo
Jesus era o objeto do amor de Deus. Por Ele todas as coisas seriam criadas. Por meio
dEle, vasos seriam formados para a Sua glória. Por Ele, o grande remédio seria fornecido
para as vítimas do pecado.

É realmente lamentável que tão poucos do povo do Senhor estejam sendo instruídos
nestas “profundezas de Deus” (1 Coríntios 2:10), pois elas foram reveladas para sua
edificação e consolação. O que temos procurado explicar em Provérbios 8 lança luz sobre
outras passagens. Por exemplo, quantos leitores perplexos foram confundidos por João
6:62: “Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?” Em
que sentido Ele estava no Céu como Homem antes que Ele se tornasse encarnado? Mas,
ainda que nós sejamos ignorantes desta verdade maravilhosa, santos do Antigo Testa-
mento não eram, como é evidente a partir do Salmo 80:17: “Seja a tua mão sobre o
homem da tua destra, sobre o filho do homem, que fortificaste para ti”. Embora o Homem
Jesus Cristo ainda não tinha existência histórica, Ele tinha uma subsistência Pactual
perante o Pai, como tomada em união com a segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
Como a fé concede uma presente “substância” (a palavra grega significa “uma verdadeira
subsistência”) no coração e mente do crente sobre as coisas que se esperam, a fim de
que ele tenha um presente gozo de coisas ainda futuras, assim, na mente dEle diante de
quem todas as coisas estão sempre presentes, Cristo como encarnado foi sempre uma
realidade viva. Assim, quando Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem”
(Gênesis 1:26), a referência final foi ao Deus-homem, que é por excelência a “imagem do
Deus invisível” (Colossenses 1:15).

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Façamos uma pausa aqui e admiremos e adoremos a gloriosa sabedoria de Deus, que
encontrou um caminho para salvar o Seu povo, de uma forma que foi infinitamente apro-
priada e honrosa para Si próprio, e nos prostremos em admiração e adoração diante do
Senhor Jesus, que, não obstante a vergonha e o sofrimento indizíveis envolvidos nisso,
agradou-Lhe fazer a vontade do Pai. A multiforme sabedoria de Deus é vista em Sua
escolha de Alguém para ser a Cabeça e Salvador da Igreja, em que Ele era em todos os
aspectos adequado para desempenhar esse ofício e obra, dotado de todas as qualifica-
ções necessárias, e em que Ele era a única Pessoa apropriada para isso. A Sabedoria
abundante de Deus foi demonstrada em Seu conhecimento de que Cristo era uma pessoa
apta. Ninguém, senão a própria onisciência poderia ter pensado sobre o querido Filho de
Deus tornando-se o Redentor de pecadores merecedores do Inferno.

Parte 3

A Escolha de Deus sobre a Pessoa que deveria ser o Restaurador de Sua honra, o
Conquistador de Satanás, o Vitorioso sobre a morte, e o Libertador de Seu povo caído, foi
uma escolha que nada, senão a própria onisciência fez. Quem, senão Aquele dotado de
infinita sabedoria alguma vez teria pensado em selecionar o Seu Filho unigênito para um
empreendimento tão temível? Pois, Cristo, como Deus, é uma das Três Pessoas eternas
que foi ofendida pelo pecado, e contra quem os homens haviam se rebelado. Eles eram
seus inimigos declarados, e dEle, eles mereciam infinita punição. Quem, então, O conce-
beria como Aquele que pôs Seu coração sobre miseráveis depravados, que exerceria
infinito amor e compaixão para com eles, estando disposto a prover um remédio todo-
suficiente para todos os males deles? Mas quando essa escolha foi feita, dificuldades
insuperáveis pareciam permanecer no caminho de sua realização. Como era possível
para uma Pessoa Divina entrar no lugar de pecadores arruinados, vir sob a Lei e prestar-
lhe perfeita obediência, e assim elaborar uma justiça perfeita para quem não tinha ne-
nhuma? E como poderia ser possível para o Ser Santo ser feito uma maldição, para o
Senhor da Glória sofrer a penalidade da Lei violada, para o Amado do Pai experimentar o
fogo da ira Divina, para o Senhor da vida, morrer? Tais problemas como estes teriam
desconcertado todos as inteligências criadas. Mas a sabedoria Divina encontrou uma
solução.

Em primeiro lugar, a multiforme sabedoria de Deus ordenou que Seu Filho amado seria
constituído o último Adão, que, como Ele fez um pacto de obras com o primeiro homem
que esteve na terra, assim Ele faria uma Pacto da Graça com o “segundo homem”, que é
o Senhor do céu. Que, como o primeiro Adão permaneceu como a cabeça da aliança e
representante federal de toda a sua posteridade, assim, este último Adão ficaria como a

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Cabeça pactual e representante de toda a Sua descendência. Mas, como o primeiro Adão
quebrou o Pacto de Obras e trouxe ruína sobre todos aqueles que ele representava,
portanto, este último Adão deveria cumprir os termos do Pacto da Graça, e, assim,
garantir a bem-aventurança eterna de todos em nome de quem Ele efetuou. Assim, um
pacto foi firmado entre o Pai e o Filho, o Pai prometendo uma recompensa gloriosa sobre
o cumprimento pelo Filho de todas as condições deste. Esta maravilhosa transação é
referida no Salmo 89:3-5: “Fiz uma aliança com o meu escolhido, e jurei ao meu servo [o
antitípico] Davi [que significa “Amado”], dizendo: A tua semente estabelecerei para
sempre, e edificarei o teu trono de geração em geração. (Selá.) E os céus louvarão as
tuas maravilhas, ó Senhor, a tua fidelidade também na congregação dos santos”. Essa
passagem, como Provérbios 8, leva-nos de volta para os eternos conselhos de Deus, pois
o Salmo 89:19 declara: “Então falaste em visão ao teu santo, e disseste: Pus o socorro
sobre um que é poderoso; exaltei a um eleito do povo”, plenamente capaz de realizar
Meus grandiosos e graciosos desígnios.

Esse Pacto da Graça foi um compacto mútuo que foi voluntariamente assumido entre o
Pai e o Filho, Aquele prometendo uma rica recompensa em troca do cumprimento dos
termos acordados: o Outro solenemente comprometendo-se a desempenhar as suas
estipulações. Muitas são as Escrituras que falam de Cristo em conexão com o pacto. Em
Isaías 42:6, ouvimos o Pai dizendo a Ele: “Eu, o Senhor, te chamei em justiça, e te
tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por aliança do povo, e para luz dos gentios”.
Em Malaquias 3:1, Cristo é designado “o mensageiro da aliança” porque Ele veio aqui
para fazer conhecido o Seu conteúdo e proclamar as suas boas novas. Em Hebreus 7:22,
Ele é designado um “fiador de melhor aliança”, em 9:15: “o mediador de um novo testa-
mento”, enquanto em 13:20 lemos sobre “o sangue da aliança eterna”. Nesse pacto, o
Filho concordou em ser a Cabeça dos eleitos de Deus, e fazer tudo o que era necessário
para a glória Divina e a garantia da bem-aventurança eternal deles. A isso, faz-se
referência em “segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus
antes dos tempos dos séculos” (2 Timóteo 1:9) - uma relação federal, então, subsistiu
entre Cristo e a Igreja, embora a mesmo não foi plenamente manifesta até que Ele Se
encarnou. Foi, então, que o Filho foi designado para o ofício de Mediador, quando Ele foi
“estabelecido” ou “ungido”, quando foi “gerado” a partir do decreto eterno (Provérbios
8:23-24) e concedido um pacto de subsistência diante do Deus Triuno.

Foi proposto e livremente pactuado que o Amado do Pai tomaria sobre Si a forma de
servo e seria feito em semelhança da carne do pecado. Assim, quando veio a plenitude
dos tempos, Ele foi “nascido de mulher”, tendo um espírito, alma e corpo humanos em
união perpétua conSigo mesmo. Como o corpo de Adão foi feito de maneira sobrenatural
a partir da terra virgem pela imediata mão de Deus, assim o corpo de Cristo foi sobrena-

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turalmente feito da substância da Virgem pela operação imediata do Espírito Santo. Assim
também a união da alma e do corpo em Adão prefiguraram a união Hipostática de nossa
natureza com o Filho de Deus, de forma que Ele não é duas pessoas em uma, mas uma
Pessoa com duas naturezas, não sendo estas naturezas confundidas, mas cada uma
preserva as suas propriedades distintivas. Owen bem fez a observação: “Sua concepção
no ventre da Virgem, como à integridade da natureza humana, foi uma operação mila-
grosa do poder Divino. Mas a prevenção desta natureza de qualquer subsistência de si
mesma, por sua assunção à união pessoal com o Filho de Deus, em primeira instância de
sua concepção, é aquela que está acima de todos os milagres, nem pode ser designada
por esse nome. Isto é mistério, assim, muito acima da ordem de todas as operações da
criação e providenciais, que transcende totalmente a esfera daqueles que são os maiores
milagres. Nisto, Deus glorifica todas as propriedades da natureza Divina, agindo em uma
maneira de infinita sabedoria, graça e condescendência”.

Aquele que era o Senhor de todos, e não devia nenhum serviço ou obediência a qualquer
um, sendo em forma de Deus e igual a Ele, desceu em uma condição de submissão ab-
soluta. Como Adão deliberadamente abandonou o lugar de completa submissão a Deus,
que era adequado à sua natureza e adequado a Deus, aspirando por senhorio, assim o
Filho de Deus deixou o estado de domínio absoluto que era Seu, por direito, e tomou
sobre Si o jugo da servidão. A descida do Filho envolveu muito maior humilhação para Si
mesmo do que a glória da ascensão que o primeiro homem aspirava em seu orgulho.
Como já foi mostrado, esta auto-humilhação do Senhor da Glória a um estado de com-
pleta sujeição é referida pelo Apóstolo em Hebreus 10:5, onde Cristo é ouvido dizendo:
“corpo me preparaste”. Essas palavras são uma paráfrase explicativa de “os meus
ouvidos abriste”, a margem escavada no Salmo 40:6, o que por sua vez, remota a Êxodo
21:6, onde um estatuto foi nomeado para o efeito de alguém que voluntariamente se
entregou ao serviço absoluto e perpétuo, significava o mesmo que ter a orelha furada com
uma sovela. Assim, Hebreus 10:5, à luz do Salmo 40:6 e Êxodo 21:6, implica que o corpo
de Cristo foi preparado para Ele com o desígnio expresso de Seu serviço absoluto a Deus
nele.

Por Sua assunção da natureza humana, Cristo não foi capacitado apenas para prestar
sujeição a Deus, mas Ele se tornou qualificado para servir como mediador entre Deus e
os homens. Pois, é necessário que o mediador seja relacionado a ambas as partes que
se reconciliariam, e seja igual a cada uma delas, assim, um anjo não estaria qualificado
para este ofício, já que ele não possui nem a natureza Divina, nem a humana. Era neces-
sário que Cristo fosse homem de verdade, assim como Deus, a fim de realizasse a obra
da redenção. Homem, para que Ele fosse suscetível a sofrer, qualificado para oferecer a
Si mesmo como um sacrifício, e fosse capaz de morrer. Assim também a assunção da

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natureza humana capacitou a Cristo para ser um Substituto de Seu povo, a não somente
agir em seu nome, mas em seu lugar e proveito. Verdadeiramente, tomar o lugar deles na
Lei e prestar plena satisfação a esta, obedecendo seus preceitos e suportando a sua
penalidade. Mas isso, por sua vez, exigiu que Ele fosse seu Fiador e Responsável; ou
seja, fosse tão relacionado a eles de forma legal e federal que pudesse apropriadamente
servir como seu Substituto. Como havia uma unidade federal e representativa entre o
primeiro Adão e aqueles a quem Ele representava, então deveria haver uma semelhante
unidade entre o último Adão e aqueles por quem Ele tratou, de forma que, como a culpa
do primeiro foi cobrada na conta de sua posteridade, assim, a justiça do último fosse
imputada a toda a sua descendência.

Ainda assim, a verdade sobre a posição que o Filho de Deus assumiu não se expressa
plenamente pelas declarações acima. Não é suficiente dizer que Ele se tornou o seu
Fiador e Substituto, mas temos de ir mais para trás e perguntar: O que foi aquilo que o fez
cumprir isso, de forma que Ele tornou-se o Fiador e Responsável de Seu Povo diante do
ofendido Legislador e Juiz deles? E a resposta é: Sua união pactual. Cristo serviu como
seu Fiador e Substituto porque Ele era um com eles e, portanto, Ele poderia e Ele
assumiu e cumpriu todas as responsabilidades deles. Na Aliança da Graça Cristo disse ao
Pai: “Anunciarei o teu nome a meus irmãos, Cantar-te-ei louvores no meio da congrega-
ção. E outra vez: Porei nele a minha confiança. E outra vez: Eis-me aqui a mim, e aos
filhos que Deus me deu” (Hebreus 2:12-13). Mais abençoadamente isto é explicado no
que se segue imediatamente: “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue,
também ele participou das mesmas coisas”, portanto, Ele não se envergonha de lhes
chamar irmãos. A Federação é a raiz desta maravilhosa misericórdia, a identificação da
chave que a destranca. Cristo não veio para os estranhos, mas para os Seus “irmãos”:
Ele assumiu a natureza humana, não a fim de adquirir um povo para Si mesmo, mas para
garantir um povo já era Seu (Efésios 1:4; Mateus 1:21).

Uma vez que existia uma união entre Cristo e Seu povo desde toda a eternidade, inevi-
tavelmente segue-se que quando Ele veio a esta terra, Ele tomou sobre Si as suas
dívidas, e agora que Ele foi para o céu, eles devem ser revestidos (Isaias 61:10), com
todos os frutos de Sua perfeita obediência. Isto é muito mais do que uma questão técnica
de teologia, sendo o pilar mais forte de todos nos muros da Verdade que protegem a
Expiação, embora seja algo atacado com mais frequência e ferocidade por seus inimigos.
Os homens têm argumentado que a punição do Inocente como se Ele fosse culpado foi
um ultraje à justiça. No reino humano, punir uma pessoa por algo quando ela não é
responsável nem culpada está fora de questão, é injusto. Entretanto essa objeção é
inválida e totalmente inútil em conexão com o Senhor Jesus, pois Ele voluntariamente
adentrou no lugar e porção de Seu povo de um modo tão íntimo que se pode dizer:

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“Porque, assim o que santifica, como os que são santificados, são todos de um” (Hebreus
2:1). Eles não são apenas um em natureza, mas também são tão unidos diante de Deus e
diante de Sua Lei a ponto de envolver a identificação das relações jurídicas e as
obrigações e direitos recíprocos: “[...] pela obediência de Um muitos serão feitos
[legalmente constituídos] justos” (Romanos 5:19).

Foi exigido do Fiador do povo de Deus que Ele não somente prestasse uma obediência
plena e perfeita aos preceitos da Lei, e, assim, fornecesse os meios meritórios da justifi-
cação deles, mas que Ele também efetuasse a plena satisfação dos pecados deles, por
ter visitado sobre Si a maldição da Lei. Mas antes que a punição fosse infligida, a culpa
dos transgressores deveria ser transferida para Ele, ou seja, os seus pecados deveriam
ser judicialmente imputados a Ele. A esse concerto o Santo Ser consentiu voluntaria-
mente, de modo que aquele que “não conheceu pecado” foi legalmente “feito pecado” por
eles (2 Coríntios. 5:21). Deus derramou sobre Ele a iniquidade de todos eles, e, em
seguida, a espada da justiça divina O feriu (Zacarias 13:7), exigindo a plena satisfação.
Sem derramamento de sangue não há remissão. A remoção das transgressões, obtendo
para nós o favor de Deus, a compra da herança celestial, exigiu a morte de Cristo. Aquilo
que exigiu a pena de morte foi a culpa de nossos pecados; faça com que isto seja
removido, e a condenação para nós se vai para sempre. Porém, como a culpa poderia ser
“removida”? Apenas por sua transferência a outro. A punição devida à Igreja foi levada
por seu Fiador e Substituto. Deus demandou dEle todos os pecados de Seus eleitos e
procedeu contra Ele nesse sentido, visitando sobre Ele a Sua ira judicial.

Quão maravilhosos são os caminhos de Deus! Como a morte foi destruída pela morte, a
morte do Filho; assim, o pecado pelo pecado, o maior que já foi cometido – a crucificação
de Cristo – afastou a si mesmo, tanto quanto o oriente está do ocidente [Salmos 103:2].
Porque Deus imputou as transgressões de Seu povo ao seu Fiador, Cristo foi condenado
para que eles fossem absolvidos. Cristo tomou sobre Si as suas dívidas acumuladas e
incalculáveis, e por Seu pagamento do mesmo, eles estão para sempre livres e absolvi-
dos. Por meio de Seu precioso sangue todas as iniquidades deles foram expiadas, para
que o desafio triunfante ressoe: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de
Deus?” (Romanos 8:33). Ao longo de Sua vida e por Sua morte Cristo esteve restaurando
e reparando todos os prejuízos que os pecados da Igreja haviam feito à manifesta glória
de Deus. Deus agora perdoa os pecados de todos os que verdadeiramente creem em
Cristo, porque a Deidade recebeu uma satisfação vicária, mas plena para eles na Pessoa
de seu Substituto. Através de Cristo, eles são libertos da ira vindoura. Necessariamente
assim, pois a aceitação do sacrifício do Cordeiro de Deus obteve a redenção eterna de
todos por quem ele foi oferecido. Da forma como uma nuvem escura se esvazia sobre a
terra e, em seguida, se derrete sob os raios do sol, assim, quando a tempestade do juízo

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Divino havia se esgotado sobre a Cruz, nossos os nossos pecados desapareceram de
diante da face de Deus, e fomos recebidos em Seu favor eterno.

Tão maravilhosa foi a obra que o Filho encarnado realizou por Seu povo, ainda assim,
algo mais ainda era necessário a fim de fornecer um remédio completo para complexa
ruína deles, pois, isto cobria apenas os aspectos jurídicos da punição deles. Um milagre
da graça necessitava ser operado neles, a fim de torná-los experimentalmente prontos
para glória eterna; sim, tal é absolutamente indispensável para adequá-los à comunhão
com Deus nesta vida. Os Seus eleitos precisam ser vivificados e levados à novidade de
vida, sua inimizade contra Deus precisa ser destruída, suas trevas, dissipadas, suas
vontades, libertadas, o amor ao pecado e o ódio à santidade também precisam retifica-
dos. Em uma palavra, eles precisavam experimentar uma mudança completa do coração,
um princípio de graça ser comunicado a eles, e serem feitos novas criaturas em Cristo.
Que milagre da graça é realizado pelo Espírito Santo naqueles que são “por natureza
filhos da ira, como os outros também” (Efésios 2: 3). Mas quão pouco isso é compreen-
dido hoje; a insistência disso tem quase desaparecido do púlpito moderno, mesmo naque-
les que se orgulham de serem ortodoxos. A obra do Espírito na salvação dos pecadores
não tem lugar no credo do membro de igreja normal, e onde isso é nominalmente
reconhecida, não possui nenhum peso real e não exerce nenhuma influência prática.

Na maioria dos lugares onde o Senhor Jesus ainda é formalmente tido como o único
Salvador, o ensino atual é que Ele tornou possível que os homens sejam salvos, mas que
eles próprios devem decidir se querem ou não querem ser salvos; e, assim, a maior de
todas as obras de Deus é deixada na dependência da inconstante vontade dos homens
quanto a saber se será um sucesso ou um fracasso. Estreitando o círculo para aqueles
lugares onde ainda é considerado que o Espírito tem uma missão e ministério, em
conexão com o Evangelho, a ideia geral que prevalece é que, quando a Palavra é
pregada com fidelidade, o Espírito convence os homens do pecado e revela-lhes a sua
necessidade de um Salvador; mas, além disso, muito poucos estão dispostos a ir. A visão
popular é que o pecador tem que cooperar com o Espírito: que ele deve se entregar ao
Seu “esforço”, ou ele não será e não pode ser salvo. Mas um conceito tão pernicioso e
insultante a Deus repudia dois fatos cardinais: afirmar que o homem natural é capaz de
cooperar com o Espírito é negar que ele está “morto em delitos e pecados”, pois um
homem morto é impotente para fazer algo de bom; enquanto dizer que as operações
específicas do Espírito no coração e na consciência de um homem podem ser assim
resistidas, como a frustrar seus esforços, é negar a Sua onipotência.

O fato solene e intragável é, meu leitor, que se Espírito de Deus fosse retirado em suas
operações, nem uma única pessoa na terra se beneficiaria salvificamente da obra

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redentora de Cristo. O homem natural é como um inimigo de Deus e tão obstinado em
sua rebelião que ele não aprecia um Cristo santo, e continua se opondo ao Seu caminho
de salvação até que seu coração seja divinamente renovado. Essa criminosa escuridão e
ilusão que preenche toda a alma na qual reina o pecado não podem ser removidas por
qualquer agente, senão por Deus o Espírito, por meio de Seu conceder um novo coração
e iluminar a compreensão para que perceba a excessiva malignidade do pecado. De fato,
há milhares de pessoas dispostas a responder ao erro fatal que os pecadores podem ser
salvos sem lançar para baixo as armas de sua guerra contra Deus; que recebem a Cristo
como seu Salvador, mas que não estão dispostos a renderem-se a Ele como seu Senhor.
Eles gostariam de obter Seu descanso, mas eles recusam submeterem-se ao Seu “jugo”,
sem o qual o Seu descanso não pode ser obtido. Suas promessas agradam a eles, mas
os Seus preceitos lhes são repulsivos. Eles acreditam em um Cristo imaginário que é
adequado para a sua natureza corrupta, mas eles desprezam e rejeitam o Cristo de Deus.
Como as multidões do passado, eles estão satisfeitos com Seus pães e peixes, mas para
o Seu exame de coração, mortificação da carne, ensino condenatório do pecado, eles não
têm apetite. Nada, senão o poder milagroso do Espírito pode transformá-los.

“O homem é absoluta e totalmente avesso a tudo o que é bom e direito. ‘Porquanto a


inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem, em
verdade, o pode ser’ (Romanos 8:7). Vá através de toda a Escritura, e você encontrará
continuamente a vontade do homem descrita como sendo contrária às coisas de Deus. O
que disse Cristo naquele texto tantas vezes citado pelo Arminiano para refutar a própria
doutrina que ele afirma claramente? O que Cristo disse àqueles que imaginaram que os
homens viriam sem a influência Divina? Ele disse, em primeiro lugar, “Ninguém pode vir a
mim, se o Pai que me enviou o não trouxer” [João 6:44], mas Ele disse algo mais severo:
“E não quereis vir a mim para terdes vida” [João 5:40]. Aqui reside o erro mortal: não
apenas ele é impotente para fazer o bem, mas ele é poderoso o suficiente para fazer o
que é errado, e que sua vontade é desesperadamente tendenciosa contra tudo o que é
certo. Homens não virão; você não pode forçá-los por todos os seus trovões, nem atraí-
los por todos os seus convites, até que o Espírito os atraia, eles não querem vir, nem o
podem” (Spurgeon).

A multiforme sabedoria de Deus é tão evidente na tarefa oficial atribuída ao Espírito


Santo, como na obra que o Filho foi comissionado a executar. Os milagres da regenera-
ção e santificação são tão maravilhosos quanto a obediência e sofrimentos, a morte e a
ressurreição de Cristo foram; e o santo está tão verdadeira e tão profundamente em
dívida para com um quanto para com o outro. Se foi um ato de maravilhosa condescen-
dência para Deus, que o Filho deixou a glória do Céu e assumiu para Si mesmo a
natureza humana, igualmente foi para Deus, que o Espírito descesse a esta terra e

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fixasse morada em homens e mulheres caídos; e se Deus assinalou a maravilha e a
importância de alguém por poderosos prodígios e sinais, assim o fez em relação a este
último – a música do coro angelical (Lucas 2:13), com o seu homólogo no “som do céu”
(Atos 2:2), a “glória” Shekinah (Lucas 2:9) nas “línguas como que de fogo”. Se nós admi-
ramos as obras graciosas e poderosas de Cristo na purificação do leproso, fortalecendo o
paralítico, dando visão aos cegos e dando vida aos mortos, não menos o Espírito deve
ser adorado por Suas operações sobrenaturais na vivificação das almas mortas, na ilumi-
nação de suas mentes, libertando-os do domínio do pecado, removendo a sua inimizade
contra Deus, unindo-os a Cristo, e criando neles o amor à santidade.

De tudo o que esteve diante de nós, será visto quão completo e perfeito é o remédio que
a graça e a sabedoria de Deus providenciaram para o Seu povo. Como eles estavam
federalmente em Adão, e, portanto, tinham responsabilidade pelo que ele fez, eles estão
federalmente em Cristo e, portanto, desfrutam de todos os benefícios de Sua obra
meritória. Como eles estavam arruinados pela quebra de um pacto, assim, eles são
restaurados pela guarda de outro. Como eles estavam eram culpados pela desobediência
de Adão, sendo cobrada em sua conta, assim eles são justificados diante do Trono de
Deus, porque a justiça de seu Fiador é imputada a eles. Como eles caíram sob a
maldição da Lei, estavam alienados de Deus e tornaram-se filhos da ira, por meio da
redenção de Cristo, eles têm direito à recompensa da Lei, reconciliados com Deus e
restaurados ao seu favor. Como eles herdam uma natureza corrupta de sua primeira
cabeça, assim, eles recebem uma natureza santa de sua segunda Cabeça. Em todos os
aspectos, o remédio corresponde à enfermidade.

Glorioso Deus! Oramos para que, pelo Teu Espírito Santo aplique o que de Ti há nestas palavras aos
nossos corações e nos corações daqueles que lerem estas linhas, por Cristo para a glória de Cristo.

Ore para que o Espírito Santo use estas palavras para trazer muitos
ao Conhecimento Salvador de Jesus Cristo, pela Graça de Deus. Amém.

Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!
Solus Christus!

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Fonte: EternalLifeMinistries.org | Título Original: The Total Depravity of Man

As citações bíblicas desta tradução são da versão ACF (Almeida Corrigida Fiel)

Tradução por Camila Almeida │ Revisão e Capa por William Teixeira

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Uma Biografia de Arthur Walkington Pink

Arthur Walkington Pink (1886 – 1952) e sua esposa Vera E. Russell (1893 – 1962)

Arthur Walkington Pink (01 de abril de 1886 – 15 de julho de 1952) foi um evangelista e
teólogo inglês, conhecido por sua firme adesão aos ensinamentos calvinistas e puritanos.
Nasceu em Nottingham, Inglaterra. Seus pais eram cristãos piedosos e ele tinha um irmão
e duas irmãs. Aos 16 anos A. W. Pink encerrou os seus estudos e entrou para o ramo de
negócios. Rapidamente obteve sucesso no que havia determinado fazer, mas, para a
tristeza dos seus pais, ele abriu mão do Evangelho. Foi nesta época que ele se tornou um
discípulo da Teosofia e do Espiritismo. Em 1908 ele já era conhecido como um teosofista
e um espírita praticante. Neste mesmo ano, com 22 anos, ao chegar em casa após uma
reunião teosófica, seu pai dirigiu-se a ele e citou este versículo da Bíblia:

“Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte”
(Provérbios 14:12)

Pink foi para o seu quarto e ficou pensando nas palavras que seu pai lhe dissera. Em

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seguida resolveu orar e pedir uma orientação a Deus. Foi o suficiente para enxergar o seu
erro. Esta experiência foi tão marcante que A.W. Pink encontrou o que tanto desejava:
Jesus Cristo, Aquele que Lhe daria a Água Viva para saciar a sua sede, assim como
prometera à mulher samaritana (Jo 4:14).

Cristo tornara-se real para ele! O mais interessante é que, na 6ª feira daquela mesma
semana, Pink faria uma palestra para os adeptos da Teosofia (que ainda não sabiam de
sua conversão). No dia e hora marcados, Pink dirigiu-se ao salão de Convenções da
Teosofia. Quando subiu para falar, pregou o Evangelho em demonstração de Poder. A
reação da turba foi imediata: retiram-lhe à força e lançaram-no à rua. Um episódio que
serviu para abrir os olhos dele para o caminho que o esperava!

Assim, Arthur Pink não tinha mais dúvidas sobre o seu chamado. Mas em qual Igreja?
Havia tanto liberalismo nos ministérios. Então, ele foi recebido na Igreja dos Irmãos, onde
ensinavam a Bíblia com muito amor. Depois, recomendaram que ele fosse estudar no
Instituto Dwight L. Moody, em Chigago, Estados Unidos. Então, em 1910, ele foi para
Chicago estudar. Mas logo abandou o Instituto, por discordar do que ali era ensinado. Nos
anos que se seguiram esteve pastoreando Igrejas no Colorado e na Califórnia. Em 1916,
casou-se em Kentucky, com uma mulher chamada Vera E. Russell. Em 1917 pastoreou
uma Igreja Batista na Carolina do Sul.

Foi nesta época que ele começou a ter problemas com o seu ensino. Começou a ler os
puritanos e descobriu verdades que o perturbaram. Principalmente sobre a grande
doutrina bíblica da Soberania de Deus, porém à medida que ele começou a pregar sobre
isto, descobriu que não eram coisas populares. Em 1920, ele saiu da Igreja Batista na
Carolina do Sul e começou um ministério itinerante em todos os EUA, para anunciar à
Igreja esta visão da Soberania de Deus. Suas pregações eram firmes e bíblicas, mas, não
eram populares, seus ouvintes não gostavam do que ele pregava.

Em 1922, começou uma revista chamada Studies in the Scriptures (Estudo nas
Escrituras). Mas poucas pessoas se interessaram pela leitura da Revista. Ele publicou
1000 revistas e, muitas delas, não foram sequer vendidas. Ainda neste ano, fizeram-lhe
um convite para visitar a Austrália. Ele viu neste convite uma grande oportunidade de
pregar o Evangelho e terminou por estabelecer-se na cidade de Sidney, à convite das
Igrejas Batistas locais. Porém não obteve sucesso em seu ministério como pregador.

Depois de 8 anos vivendo na Austrália, em 1928, Pink retornou à Inglaterra. Onde


aconteceu uma surpreendente obra da Providência divina durante 8 anos ele procurou um
lugar para pregar a Palavra e ajudar as pessoas, mas não conseguiu encontrar. Ninguém

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estava interessado em ouvir suas pregações. A sua fé foi duramente provada durante
este período e, apesar de toda a luta, ele continuava a editar a revista “Estudo nas
Escrituras”, embora somente uns poucos a liam.

Em 1936, ele entendeu que Deus, de alguma forma, havia fechado as portas da pregação
para ele. Então ele entregou-se totalmente a escrever e expor as Escrituras Sagradas.
Esta era a sua chamada.

Quando começou a 2ª Guerra Mundial, A. W. Pink vivia no sul da Inglaterra, região que
sofreu fortes ataques aéreos. Então, em 1940, ele e a sua esposa, Vera, mudaram-se
para o norte da Escócia, em uma pequenina ilha chamada Luis. 12 anos depois, em 1952,
A.W. Pink faleceu vítima de anemia. Ian Murray, seu biógrafo, relata que, além de sua
esposa, apenas oito pessoas apareceram em seu enterro.

Com certeza, A. W. Pink (como assinava em suas cartas e artigos) nunca imaginaria que,
no final do século 20 e ao longo do século 21, dificilmente seria necessário explicar quem
é Pink quando nos dirigindo às pessoas que consideram a Bíblia como Palavra de Deus e
se empenham em compreendê-la, entre outras coisas, utilizando bons livros. Vivendo
quase em completo anonimato, salvo por aqueles poucos que assinavam sua revista
publicada mensalmente, o valor de Arthur Pink foi descoberto pelo mundo apenas após
sua morte, quando seus artigos passaram a ser reunidos e publicados na forma de livros.
Ian Murray afirma que, mediante a ampla circulação de seus escritos após a sua morte,
ele se tornou um dos autores evangélicos mais influentes na segunda metade do século
20. Foi D. Martyn Lloyd-Jones quem disse: “Não desperdice o seu tempo lendo Barth e
Brunner. Você não receberá nada deles que o ajude na pregação. Leia Pink!”.

Richard Belcher tem escrito alguns livros sobre a vida e obra do nosso autor, disse o
seguinte:

“Nós não o idolatramos. Mas o reconhecemos como um homem de Deus ímpar, que pode
nos ensinar por meio da sua caneta. Ele verdadeiramente ‘nasceu para escrever’, e todas
as circunstâncias de sua vida, mesmo as negativas que ele não entendeu, levaram-no ao
cumprimento desse propósito ordenado por Deus”.

John Thornbury, autor de vários livros, inclusive uma excelente biografia sobre David
Brainerd, disse o seguinte: “Sua influência abrange o mundo todo e hoje um exército
poderoso de pregadores de várias denominações está usando seus materiais e pregando
à congregações, grandes e pequenas, as verdades que ele extraiu da Palavra de Deus.

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Eu o honro por sua coragem, discernimento, perspicuidade, equilíbrio, e acima de tudo
por seu amor apaixonado pelo Deus trino”.

As últimas palavras de Pink antes de morrer, ao lado de sua esposa, foram: “As Escrituras
explicam a si mesmas”. Que declaração final apropriada para um homem que dedicou sua
vida ao entendimento e explicação da Palavra de Deus!

______________

Esta biografia é baseada nas seguintes fontes:

♦ DIDINI, Ronaldo. Um gigante esquecido da fé cristã: Uma biografia resumida de A. W.


Pink. Disponível em: <https://www.ministeriocaminhar.com.br/?ver=74>. Acesso em: 01
de dezembro de 2013.

♦ SABINO, Felipe A. N. Os dez Mandamentos. 1ª edição. Brasília: Editora Monergismo:


2009. Prefácio.

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Quem Somos
O Estandarte de Cristo é um projeto cujo objetivo é proclamar a Palavra de Deus e o Santo
Evangelho de Cristo Jesus, para a glória do Deus da Escritura Sagrada, através de traduções
inéditas de textos de autores bíblicos fiéis, para o português. A nossa proposta é publicar e
divulgar traduções de escritos de autores como os Puritanos e também de autores posteriores
àqueles como John Gill, Robert Murray M’Cheyne, Charles Haddon Spurgeon e Arthur
Walkington Pink. Nossas traduções estão concentradas nos escritos dos Puritanos e destes
últimos quatro autores.

O Estandarte é formado por pecadores salvos unicamente pela Graça do Santo e Soberano,
Único e Verdadeiro Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo o testemunho das
Escrituras. Buscamos estudar e viver as Escrituras Sagradas em todas as áreas de suas vidas,
holisticamente; para que assim, e só assim, possamos glorificar nosso Deus e nos deleitar-
mos nEle desde agora e para sempre.

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2 Coríntios 4
1
Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não
2
desfalecemos; Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando
com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à
3
consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade.
4
Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto.
Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não
5
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque
não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos
6
vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus, que disse que das trevas
resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do
7
conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro
8
em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. Em tudo
9
somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Persegui-
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dos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre por toda
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E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida Facebook.com/EvangelhoDaSalvacao
de Jesus se manifeste também na
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nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida.
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temos portanto o mesmo espírito de fé, como está  escrito: Cri, por isso falei; nós cremos
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14
também, por isso também falamos. Sabendo que  oFacebook.com/JonathanEdwards.org
que ressuscitou o Senhor Jesus nos
15
ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará  Facebook.com/JohnGill.org
convosco. Porque tudo isto é por
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16
graças para glória de Deus. Por isso não desfalecemos;  Facebook.com/RobertMurrayMCheyne
mas, ainda que o nosso homem
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17
exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e
18
momentânea tribulação produz para nós um pesoPágina eterno de glória mui excelente;
Parceira: Não
atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se
veem são temporais, e as que se  Facebook.com/AMensagemCristocentrica
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