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Rio de Janeiro
2018
1
RIO DE JANEIRO
2018
2
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________
Orientador: Prof. Dr. Carlos Gustavo Tamm de Araújo Moreira - IMPA
______________________________________________________________________
Prof. Dr. Roberto Imbuzeiro Moraes Felinto de Oliveira - IMPA
______________________________________________________________________
Prof. Dr. Sergio Augusto Romaña Ibarra - UFRJ
3
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo sugerir conteúdos e questões sobre frações, num
aspecto além do trivial visto nos ensinos fundamental e médio. Apesar disso, pretende-se
que tais assuntos e suas respectivas atividades sejam exploradas a partir do 7º ano do
ensino fundamental. As questões abordadas, em sua maioria, foram retiradas de
Olimpíadas de Matemática.
ABSTRACT
This work aims to suggest contents and questions of fractions, in na aspect beyoun the
trivial seen in elementar, middle school and high schools. Nevertheless, it is intended that
such subjects and their respective actities are explored from the 7th year of elementary
school. Most of the issues raised were taken from the Mathematics Olympiads.
1. Introdução 8
2. Frações
2.3.Frações Irredutíveis 12
3. Números Racionais
3.1. Definição 13
3.2.Sequências de Farey 14
3.2.2. Construção 17
3.2.3. Teorema 18
4. Frações Contínuas 26
5. Problemas 28
6. Conclusões 54
Referências 55
8
1. Introdução
O presente trabalho visa mostrar, além da teoria clássica, aspectos mais
sofisticados relacionados a frações. Abordaremos uma matemática em nível mais elevado
e interessante, em problemas envolvendo o assunto, bem diferente do que é visto na
educação básica. Apesar disso, algumas das questões serão voltadas para o ensino médio,
procurando-se mostrar ser possível iniciar este trabalho com tais alunos, além de inserir
questões mais elementares, voltadas para o ensino fundamental, com o intuito de despertar
a curiosidade e o interesse por um estudo mais aprofundado da matemática.
2. Frações
1
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. 2 ed. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 2008. p.604.
10
Pode-se discutir com os alunos, por exemplo, que os egípcios já usavam a fração
por volta de 2000 a.C. para operar com seus sistemas de pesos e medidas e para
exprimir resultados. Eles utilizavam apenas frações unitárias (frações de
2 3
numerador 1), com exceção de e . Assim, numa situação em que
3 4
precisavam dividir 19 por 8 eles utilizavam um procedimento que na nossa
1 1
notação pode ser expresso por 2 . A partir dessa situação pode-se
4 8
19
propor aos alunos que mostrem que essa soma é , que encontrem outras
8
divisões que podem ser determinadas por soma de frações unitárias e que
pesquisem outros problemas históricos envolvendo os números racionais.
(BRASIL, 1998, p. 101-102)
m
(m, n) {( x, y ) Z Z * /( x, y ) ~ (m, n)} = {( x, y ) Z Z * / n x m y}
n
1
Por exemplo: {( x, y ) Z Z * /( x, y ) ~ (1,3)} = {( x, y ) Z Z * / 3 x y} =
3
1 1 2 2
(1,3); (1,3); (2,6); (2,6);... , ou seja, ...
3 3 6 6
relação ~ sobre Z Z * , nada mais é que o conjunto dos números racionais Q definido a
m *
seguir Q= /(m, n) . Desse modo, cada número racional pertencente a Q
n
m
possui inúmeras formas de representação , com m Z e n Z * .
n
2
Qualquer coleção C de subconjuntos não vazios de um conjunto X, que possui a seguinte propriedade: todo
elemento de X pertence a um e apenas um dos elementos de C.
13
m p
Prova: Sejam , e ambas as frações irredutíveis e de denominador positivo. A
n q
equivalência nos dá m q n p . Como m é relativamente primo com n , o Teorema
Básico da Divisibilidade3 nos dá que p divide m . Como ambos n e q são positivos,
segue então que m p e isso implica que n q .
m
Teorema: Todo número racional 0 , pode ser escrito, de modo único como uma
n
p
fração irredutível, ou seja, na forma , onde mdc( p, q) 1 e q 0 .
q
m
Prova: Seja 0 um número racional. Considerando as decomposições em fatores
n
primos dos números naturais m e n, tomemos o produto dos fatores comuns em tais
m km´ m m´
decomposições. Chamemos de k tal produto. Dessa forma, , com m´
n kn´ n n´
m´
e n´ primos entre si. Portanto, é uma fração irredutível.
n´
p p m´ p m´
Suponhamos que exista outra fração irredutível , com .
q q n´ q n´
qm´ pn´ . Assim, q | pn´ q | n´ (pois mdc( p, q) 1) e n´| qm´ n´| q (pois
mdc(m´, n´) 1 ) . Logo, q n´ .
3. Números Racionais
3.1. Definição.
Chamamos de número racional a classe de todas as frações equivalentes a uma
dada fração. O conjunto de todos os números racionais é simbolizado por
Q = m /(m, n) Z Z* .
n
3
c|ab e mdc(a,c) = 1 c|b
14
a
Observação: Um número racional r dado por uma fração é igual a um racional s
b
c
dado por uma fração se, e somente se, tivermos que essas duas frações são
d
equivalentes.
a c
rs ad bc
b d
Alguns exemplos
Algumas observações podem ser feitas a partir desta visualização das primeiras sete
sequências de Farey.
Primeiro: nota-se que o termo central em qualquer uma das sequências é sempre
1
igual a .
2
15
Isto deve-se ao próprio modo de construção da sequência, fazendo com que tenhamos o
1
mesmo número de elementos à direita e à esquerda de .
2
0 1 1 2 1 0 1 1 0 1 1
Em F3 , , , , → e são equidistantes de e sua soma é 1
1 3 2 3 1 1 1 2 1 1 1
1 2 1 1 2 3
e são equidistantes de e sua soma é 1
3 3 2 3 3 3
0 1 1 1 2 3 1
F4 , , , , , , → 0 e 1 são equidistantes de 1 e sua soma é 0 1 1 1
1 4 3 2 3 4 1 1 1 2 1 1 1
1 2 1 1 2 3
e são equidistantes de e sua soma é 1
3 3 2 3 3 3
1 3 1 1 3 4
e são equidistantes de e sua soma é 1
4 4 2 4 4 4
a a 1
De fato, seja um termo de uma sequência onde . A distância entre essas
b b 2
1 a b 2a c 1
duas frações é dada por . Tomando uma fração à direita de , devemos
2 b 2b d 2
c 1 a 1 c 1 b 2a
ter que a distância entre e é a mesma entre e , ou seja,
d 2 b 2 d 2 2b
c 2(b a) b a
.
d 2b b
a c a ba aba b
Somando e : 1.
b d b b b b
16
1
Portanto, a soma de quaisquer duas frações equidistantes de
é sempre 1.
2
Terceiro: Será que existe uma forma de calcular a soma de todas as frações de uma certa
sequência, sem enumerar seus elementos?
1 Fn , temos
Do que foi visto acima, em qualquer sequência como termo central e
2
à sua direita e à sua esquerda, o mesmo número de termos. Além disso, sabemos que
1
termos equidistantes de têm soma igual a 1. Logo, a soma dos n termos de Fn será
2
1 N n 1 N n
igual a + .
2 2 2
Com isso, nos vem mais uma pergunta: Como saber o número de termos de uma
sequência? Vejamos a seguir.
Abaixo, temos uma propriedade que nos permite encontrar o número total de
frações de uma sequência de Farey. Ela não é indicada para valores muito grandes de N,
mas, para o proposto no trabalho, com alunos de Ensino Fundamental e Médio, será o
suficiente.
Consideremos N n o número de termos de uma sequência de Farey Fn .
1
Como o número de termos à direita de é o mesmo que à esquerda, concluímos
2
que o número total de frações será um número ímpar.
a a
Além disso, sabendo-se que todas as frações tais que 0 1 e 1 b n
b b
pertencentes à tal sequência estão na forma irredutível, podemos concluir que
mdc(a, b) 1 . Portanto, para saber o número de frações de uma dada sequência de
ordem n , basta determinar, para cada denominador b n , quantos são os numeradores a ,
onde 1 a b e tal que mdc(a, b) 1 . Designando por (b) essa quantidade,
podemos escrever (b) | {1 i b : mdc(i, b) 1} | 4, onde, para um conjunto X,
|X| representa o seu cardinal.
(1) 1 ;
(2) 1 pois mdc(1,2) 1 ;
(3) 2 pois mdc(i,3) 2 onde 1 i 3 , ou seja, apenas 1 e 2 são primos com 3;
(4) 2 pois mdc(i,4) 2 onde 1 i 4 , ou seja, apenas 1 e 3 são primos com 4;
(5) 4 pois mdc(i,5) 4 onde 1 i 5 , ou seja, temos 1, 2, 3 e 4 primos com 5;
4
Esta quantidade (b) é conhecida como função de Euler. Veja [16], pág. 72.
17
N n é, assintoticamente, 3 Nn 3
Nota: É possível provar que n 2 , ou seja, lim 2 . Veja
2 n n 2
[7], Proposição 5.27.
3.2.2. Construção
a c a c
Definição 1. Dadas duas frações irredutíveis e , com 0 , chamaremos de
b d b d
ac
mediante a fração .
bd
0 1
As sequências podem ser construídas partindo-se das frações e , que formam a
1 1
primeira sequência de Farey. A partir daí, deve-se introduzir a fração mediante de cada par
de frações consecutivas, tendo o cuidado de não incluir frações em que o denominador
ultrapasse a ordem da sequência.
a c ac
Propriedade 1: Se 0 são frações irredutíveis então a fração mediante
b d bd
a ac c
satisfaz a condição .
b bd d
a c
Prova: Sejam e frações irredutíveis, com a , b, c, d 0 e suponhamos que
b d
a c
. Devemos mostrar que valem as duas desigualdades,
b d
a ac ac c
e .
b bd bd d
a c a b(a c) a(b d ) ab bc ab ad bc ad
Temos que 0 pois
bd b b(b d ) b(b d ) b(b d )
a c
b d
Do mesmo modo
18
a c a b(a c) a(b d ) ab bc ab ad bc ad
0.
bd b b(b d ) b(b d ) b(b d )
a ac c
Portanto, .
b bd d
a c
Se
e são termos consecutivos numa sequência de Farey então
b d
c a bc ad 1
, isto é, bc ad 1 .
d b bd bd
0 1 1 p r n 1 1
Prova: Seja a sequência de Farey
, ,..., ,..., , ,..., , , com
1 n 2 q s n 1
p r
mdc( p, q) mdc(r , s) 1 . Tomemos as frações consecutivas e . Queremos provar que
q s
r p 1
, isto é, qr ps 1 .
s q qs
u u p 1
Para isso, devemos encontrar racionais com , o que equivale a
v v q qv
qu pv 1 .
Como temos mdc( p, q) 1, temos que existem x0 , y 0 tal que
qx0 py0 1 5.
Então, qu pv 1 qu pv qx0 py0 q (u x0 ) p (v y0 ) .
Daí, q | p (v y0 ) e, como mdc( p, q) 1, q | (v y 0 ) , ou seja,
v y0 k q v y0 k q . Sendo assim, k , donde
q (u x0 ) p (v y0 ) p k q u x0 k p e u x0 k p .
Logo, as soluções de qu pv 1 devem ser da forma
(u , v) ( x0 k p, y0 k q ) , k .
Existe um (único) k tal que 0 y0 k q q . Seja v y0 k q ,
p r
0 v q ; qu pv 1 qu 1 pv ( p 1)v qv pois, como 1, p q .
q s
Sabemos que qu pv 1 ; se v 0 então qu 1 , donde q u 1 . ABSURDO! ,
pois q 1 . Sendo assim, devemos ter 0 v q , 0 u q .
p u u p 1
< ,
q v v q qv
5
Ver [16], pág. 36.
19
u p 1 u´ p 1
Seja (u , v) solução de . Então, , u´, v´ 0 u´ u r p ,
v q qv v´ q qv´
v´ v r q , r 0 .
Como s 0 , t tal que v (t 1)q s v tq .
p r
< ; se qr ps d 1
q s
r p qr ps
0
s q qs
r p d
, onde d qr ps 0.
s q qs
Suponha, por absurdo, que d 1 .
r p d 1 1 u p r u p
Se t 0 , temos s v , donde , logo , e
s q qs qs qv v q s v q
v q n , ABSURDO!
Assim, t 1 e s v (t 1)q v .
r p d
s q qs
u p 1 p r u 1 d
, e, como , temos , donde s dv .
v q qv q s v qv qs
1 1
Sejam a reta , C1 o círculo centrado em 0, de raio
2 2
1 1
e C2 o círculo centrado em 1, de raio .
2 2
i) {C1 , C2 } F
ii) Se C e C pertencem a F , são tangentes entre si e tangentes a então o
~
círculo C tangente aos dois círculos C e C e à reta , e contido na região
delimitada por C , C e , pertence a F .
~
iii) Se F é um conjunto de círculos satisfazendo as propriedades i) e ii) acima
~
então F F .
Teorema: O conjunto dos pontos de tangência dos círculos C F com a reta é o
conjunto {(x,0), x Q [0,1]} .
p
Prova: Representemos cada racional x [0,1] por , onde p é inteiro, q é inteiro positivo
q
e mdc( p, q) 1. Mostraremos os seguintes fatos por indução:
p 1
i) O círculo tangente em ,0 terá raio 2 .
q 2q
21
p r
ii) Se os círculos tangentes em e são tangentes entre si então ps qr 1 .
q s
Para isso, notemos que dois círculos centrados em x, r1 e y, r2 são tangentes
à reta e tangentes entre si então (r1 r2 ) d (r1 r2 ) d 4r1r2 d 2 r1r2 ,
2 2 2 2
onde d x y .
Estas equações podem ser escritas como q( p p) p(q q) 1, ou seja,
qp pq 1 , onde 0 q q e 0 p p . Como mdc( p, q) 1, existem x, y , com
px qy 1 . Logo, k , p( x kq) q( y kp) 1 .
Certamente podemos escolher k de modo que 0 x kq q (note que x não é
múltiplo de q , senão 1 px qy também seria), e então tomamos q x kq e
pq 1
p kp y (temos p , mas 1 q q , donde 0 p p ).
q
Pelo exposto acima, temos uma notação para os círculos definidos desta forma.
a
Definição: Dado um número racional irredutível , o círculo de Ford correspondente a
b
1 a 1
esta fração é denotado por C(a,b), tem raio e centro , 2 .
2b 2 b 2b
0 1
Abaixo temos os círculos correspondentes aos racionais e .
1 1
Em seguida, o círculo tangente aos dois iniciais e ao eixo das abscissas, com centro
1 1
de abscissa e raio .
2 8
23
p r
Observemos que o fato ii) “Se os círculos tangentes em e são tangentes
q s
entre si então ps qr 1”, nos remete ao conteúdo anterior, das frações de Farey, onde
p r
temos que se e são termos consecutivos numa sequência de Farey então ps qr 1 .
q s
0 1 1 2 1
Círculos de Ford tangentes, correspondentes a sequência de Farey F3 , , , , .
1 3 2 3 1
a h c
Teorema: Sejam três frações de Farey de ordem n consecutivas. Os pontos de
b k d
tangência dos círculos C(a,b) e C(h,k) e dos círculos C(h,k) e C(c,d) são, respectivamente,
h b 1 h d 1
1 , 2 e 2
2
, 2
k k (k b ) k b k k (k d ) k d
2 2 2 2 2
24
h 1
Prova: Conforme a figura acima, tem-se 1 p, q .
k
2
2k
Através da semelhança dos triângulos retângulos, determina-se p e q. Primeiro
1
p 2k 2 b2
2
h a 1 1 k b2
k b 2k 2 2b 2
b
Portanto p
k (k b 2 )
2
1 1
2
q 2 k 2
2b b2 k 2
2
1 1 1 b k2
2k 2 2k 2 2b 2
1 b2 k 2
Portanto q 2 2
2k (b k 2 )
...
0 1
Tomemos então, as frações e (usando-a, convenientemente para
1 0
0 1 1
representar o infinito). No primeiro passo será gerada a mediante . No segundo
1 0 1
0 1 1 11 2
passo teremos o acréscimo de duas outras mediantes, e . Abaixo,
11 2 1 0 1
temos um esquema inicial da árvore, com os primeiros racionais gerados e na figura
seguinte a localização de tais racionais na reta numérica.
Portanto, continuando com esse processo, obteremos o conjunto dos números
racionais positivos Q .
+
4. Frações Contínuas
a q 0 b r0 ( 0 r0 b );
b q1 r0 r1 ( 0 r1 r0 );
r0 q 2 r1 r2 ( 0 r2 r1 );
27
r1 q3 r2 r3 ( 0 r3 r2 );
rn 3 q n 1 rn 2 rn 1 ( 0 rn1 rn2 );
rn 2 q n rn 1
1
q0
1
q1
1
q2
1
q n2
1
q n 1
qn
83
Seja a fração . Vamos usar o método para calcular m.d.c(83,18).
18
28
83 4 18 11
18 1 11 7
11 1 7 4
7 1 4 3
4 1 3 1
3 3 1 0
83
Assim, m.d.c(83,18) = 1 e podemos expressar como uma fração contínua, onde
18
q 0 4, q1 1, q 2 1, q 3 1, q 4 1 e a5 3 .
83 1
4
18 1
1
1
1
1
1
1
1
3
5. Problemas
Os problemas são, em sua maioria, referentes aos conteúdos vistos nos capítulos
anteriores e estão organizados por assunto.
Frações Equivalentes
6
http://www.olimpiada.ccet.ufrn.br/wp-content/uploads/2015/10/Prova_N2.pdf
29
Problema 2
F1 {0 / 1, 1 / 1}
F2 {0 / 1, 1 / 2, 1 / 1}
F3 {0 / 1, 1/3, 1 / 2, 2/3, 1 / 1}
F4 {0 / 1, 1/4, 1 / 3, 1 / 2, 2 / 3, 3/4, 1 / 1}
Problema 3
ab
Sejam a, b, c, d inteiros não nulos tais que ad – bc = 1. Prove que é uma fração
cd
irredutível.
Problema 4.
7
Problemas 3, 4 e 5 foram retirados de POTI – Polo Olímpico de Treinamento - Nível 2, Aula 3. Disponível
em: <http://poti.impa.br/uploads/material_teorico/c6aeewhejio8g.pdf >. Acesso em 02/01/2017.
Problemas 2 e 6 : Módulo de Potenciação e dízimas periódicas. Números irracionais e reais, oitavo ano.
Portal da Matemática. Disponível em: < https://matematica.obmep.org.br/uploads/material/irracionais.pdf>.
Acesso em 02/01/2017.
30
F1 {0 / 1, 1 / 1}
F2 {0 / 1, 1 / 2, 1 / 1}
F3 {0 / 1, 1/3, 1 / 2, 2/3, 1 / 1}
F4 {0 / 1, 1/4, 1 / 3, 1 / 2, 2 / 3, 3/4, 1 / 1}
F5 {0 / 1, 1/5, 1/4, 1/3, 2/5, 1 / 2, 3/5, 2/3, 3/4, 4/5, 1 / 1}
F6 {0 / 1, 1/6, 1/5, 1/4, 1/3, 2/5, 1 / 2, 3/5, 2/3, 3/4, 4/5, 5/6, 1 / 1}
a
Claramente, toda fração 1 com mdc(a,b) = 1, está em algum Fn . Mostre que se m/n e
b
m´/n´ são frações consecutivas em Fn temos |mn´ – nm´| = 1.
Todas as frações irredutíveis cujos denominadores não excedem 99 são escritas em ordem
crescente da esquerda para a direita:
1 1 a 5 c
, ,..., , , ,...
99 98 b 8 d
a c 5
Quais são as frações e em cada lado de ?
b d 8
Problema 6.
a c
É possível mostrar que se duas frações e são vizinhas na sequência de Farey Fn
b d
(veja o exercício anterior) então ad – bc = 1. Sabendo disso, você consegue determinar
a 5
que a fração está imediatamente à esquerda de em F7 sem calcular todos os seus
b 7
elementos?
0 1
(1)
1 1
0 1 1
(2)
1 2 1
8
Olimpíada Regional de Matemática de Santa Catarina. http://www.orm.mtm.ufsc.br/provas.php
32
0 1 1 2 1
(3)
1 3 2 3 1
0 1 1 2 1 3 2 3 1
(4)
1 4 3 5 2 5 3 4 1
p r
e assim por diante, sempre tomando duas frações vizinhas , e inserindo-se entre elas
q s
pr
a fração . Mostre que em qualquer etapa da construção da sequência de Farey
qs
p r
quaisquer duas frações vizinhas satisfazem ps – qr = - 1 .
q s
p n rn rn
Da mesma forma, se e forem vizinhas, obtemos
qn sn sn
s n ( pn rn ) rn (qn s n ) pn s n qn rn 1 .
de Farey seguinte
0 1 1 1 1 1 2 1 2 1 3 2 3 4 1 1
F9 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,
1 9 8 7 6 5 9 4 7 3 8 5 7 9 2 1
1
Solução: Como a soma dos termos equidistantes a é sempre igual a 1, basta fazer a
2
4 5
diferença entre 1 e o termo conhecido. Por exemplo, 1 . Procedendo desta forma,
9 9
obteremos
0 1 1 1 1 1 2 1 2 1 3 2 3 4 1 5 4 3 5 2 5 3 7 4 5 6 7 8 1
F9 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,
1 9 8 7 6 5 9 4 7 3 8 5 7 9 2 9 7 5 8 3 7 4 9 5 6 7 8 9 1
1 1
(a) Verifique que as circunferências que tocam os pontos e são tangentes.
2 1
9
Olimpíada Paulista de Matemática. http://www.opm.mat.br/static/archive/opm_2004_2.pdf
34
1 1
Solução: Pelo enunciado, temos que a circunferência que toca o ponto tem raio e
2 8
1 1 1 1 1 1
centro C1 , e a que toca o ponto tem raio e centro C 2 , . Basta mostrar que
2 8 1 2 1 2
a distância D entre os centros é igual à soma S dos raios.
2 2
1 1 1 1 1 9 25 5
D2 D2 D
1 2 2 8 4 64 64 8
1 1 5
S
2 8 8
Logo, S = D, como queríamos mostrar.
1
(b) Mostre que as circunferências que tocam os pontos da forma são tangentes à
q
0
circunferência que toca o ponto .
1
p
Dados números inteiros p e q de forma que a fração seja irredutível, e considerando um
q
sistema de coordenadas cartesianas xOy, o círculo de centro no ponto p , 1 2 e raio
q 2q
1
é chamado de círculo de Ford e é representado por C[p,q]. Com base no exposto,
2q 2
assinale o que for correto.
10
http://www.vestibular.uem.br/2011-I/uemI2011p3g1Matematica.pdf
35
1
01) A área de C[p,q] é .
16 q 4
02) Nenhum círculo de Ford tangencia o eixo das abscissas.
04) A equação cartesiana da circunferência que delimita C[1,2] pode ser escrita como
y 1
x2 y2 x .
4 4
08) Se dois círculos de Ford, com centros nos pontos M e N, com M ≠ N, são tangentes
no ponto T, então, os pontos M, N e T são colineares.
16) Os círculos C[1,2] e C[1,3] são tangentes entre si.
2
1
Solução: 01) Falso. A área de C[p,q] é 2 4 .
2q 4q
1 1
04) Verdadeiro. Pela definição do problema o centro da circunferência é , . Além
2 8
disso, sabendo que a forma geral de uma circunferência é dada por
x x0 y y0 r , onde x0 , y 0 é o centro da circunferência e r é o raio, teremos o
2 2 2
2 8 8 4 4 64 64 4 4
16) Verdadeiro. Para que os círculos sejam tangentes, devemos ter a distância entre
seus centros igual à soma de seus raios. De fato, seja D a distância entre os centros e S a
soma dos raios.
25 144 25 169
2 2 2 2
1 1 1 1 1 5 1 13
D
2
2 2 D
2 3 8 18 6 72
2
36 72 72 72 72
1 1 9 4 13
S=
8 18 72 72
36
11
http://www.puc-rio.br/desafios/download/resolucao_prova_desafio-matematica_2015.pdf
12
Dada uma circunferência C, de centro O e raio r, e um ponto Q, definimos o inverso de Q em relação à
circunferência C como sendo o ponto P na semi-reta OQ tal que as razões OQ / r e r / OP sejam iguais.
http://www2.mat.ufrgs.br/edumatec/atividades_diversas/ativ20/peauc/peauc3.htm
37
Mais precisamente, suponhamos que a imagem do círculo unitário pela inversão seja o eixo
horizontal.
O círculo tangente ao círculo unitário em (0,-1) é levado em uma reta horizontal.
3 1
Os círculos tangentes ao círculo unitário em são levados em círculos
2 ,2
3
que tangenciam o eixo horizontal em , indicados na figura por 1 e 0 (para
3 ,0
obtermos a figura usual).
3 1
Os círculos tangentes ao círculo unitário em , são levados em círculos
2 2
que tangenciam o eixo horizontal em 3 ,0 , que seriam indicados na figura por
2 e – 1.
Os círculos tangentes ao círculo unitário em (0,1) é levado no círculo menor que
1
tangencia o eixo horizontal na origem, indicado por .
2
Resta provar que na nova figura, todos os círculos tangenciam o eixo horizontal em um
ponto indicado por um racional. Para isto, basta provar recursivamente as seguintes
afirmações do próximo parágrafo.
p0 p
Sejam dois círculos em posições 1 tangentes entre si e portanto formando
q0 q1
com o eixo horizontal um triângulo curvilíneo. Temos p1q0 p0 q1 1 e os círculos
1 1
têm raios 2
e , respectivamente. O novo círculo inscrito neste triângulo
2q0 2 q12
p 1
curvilíneo tem posição com p p0 p1 , q q0 q1 e seu raio é .
q 2q 2
No Egito Antigo, as frações eram expressas principalmente como soma de frações distintas
com numerador igual a 1. Por isso, frações com numerador igual a 1 são chamadas frações
1 1 8
egípcias. Por exemplo, eles utilizavam no lugar de (mais precisamente, eles
3 5 15
1 1
escreviam hieróglifos que representam e ).
3 5
p
Os matemáticos questionaram se era possível representar todo número racional , com
q
1 p q , como soma de frações egípcias distintas. A resposta é sim, e foi encontrada por
Fibonacci (o mesmo da sequência!).
13
Olimpíada Paulista de Matemática. http://www.opm.mat.br/static/archive/opm_2011_2.pdf
38
Para isso, pode-se utilizar o algoritmo guloso, que funciona da seguinte forma: subtraímos
p 1 p
da fração a maior fração que é menor do que e depois continuamos o processo
q n q
com a fração que sobrar. Por exemplo:
4 1 4 1 1 3 1 1 2 1 1 1 1
17 5 17 5 5 85 5 29 2465 5 29 1233 3039345
3
a) Escreva como soma de frações egípcias distintas.
7
b) O problema do algoritmo guloso é que ele gera frações com denominadores muito
grandes ( como 3039345 no exemplo acima). O próprio Fibonacci sugeriu outro
a 1 1
método, baseado na identidade . Por exemplo, o
ab 1 b b( ab 1)
8 8 1 1 1 1
algoritmo guloso gera, para , a expansão
11 11 2 5 37 4070
8
Para aplicarmos a ideia de Fibonacci, escrevemos como soma de frações cujos
11
numeradores são divisores distintos do sucessor do denominador, ou seja, de 11 + 1
= 12, e utilizamos a identidade acima:
8 2 6 1 1 1 1 1 1 1 1
11 11 11 6 6.11 2 2.11 6 66 2 22
33
Tendo essa ideia em mente, escreva como soma de frações egípcias distintas,
119
todas com denominadores menores que 2011.
3 1 3 1 1 2 1 1 2 1 1 1 1
Solução :a)
7 3 7 3 3 21 3 11 21 11 3 11 231
33 15 10 8 15 1 1 10 1 1
b) Temos que , e
119 119 119 119 119 8 8.119 119 12 12.119
8 1 1 33 1 1 1 1 1 1
. Assim, =
119 15 15.119 119 8 8.119 12 12.119 15 15.119
1 1 1 1 1 1
8 952 12 1428 15 1785
39
No Egito Antigo, as frações eram expressas principalmente como soma de frações distintas
com numerador igual a 1. Por isso, frações com numerador igual a 1 são chamadas frações
1 1 8
egípcias. Por exemplo, eles utilizavam no lugar de (mais precisamente, eles
3 5 15
1 1
escreviam hieróglifos que representam e ).
3 5
p
Os matemáticos questionaram se era possível representar todo número racional , com
q
1 p q , como soma de frações egípcias distintas. A resposta é sim, e foi encontrada por
Fibonacci (o mesmo da sequência!).
Para isso, pode-se utilizar o algoritmo guloso, que funciona da seguinte forma: subtraímos
p 1 p
da fração a maior fração que é menor do que e depois continuamos o processo
q n q
com a fração que sobrar. Por exemplo:
4 1 4 1 1 3 1 1 2 1 1 1 1
17 5 17 5 5 85 5 29 2465 5 29 1233 3039345
15
a) Escreva como soma de frações egípcias distintas.
19
b) A cada passo do algoritmo guloso, determinamos a maior fração egípcia menor do
p p 1
que uma fração (não egípcia) . Como , devemos tomar como
q q q
p
q
denominador o menor inteiro maior ou igual a . Por exemplo, 4 1 1
p 17 17 4,25
4
e devemos tomar 5 como denominador.
Considerando a função teto de x, denotada por x , tal que x = menor inteiro
maior ou igual a x, a cada passo do algoritmo guloso tomamos a fração egípcia
1 . Note que, no exemplo inicial, 17 4,25 5 .
4
q
p
Sendo q = pl + r, 0 < r < p, em que l é o quociente e r é o resto da divisão
q
euclidiana de q e p, calcule em função de l.
p
c) Mostre que, a cada passo do algoritmo guloso, o numerador da fração que sobra
p
diminui e conclua que toda fração é a soma de, no máximo, p frações egípcias
q
distintas.
14
Olimpíada Paulista de Matemática. http://www.opm.mat.br/static/archive/opm_2011_2.pdf
40
15 1 15 1 1 11 1 1 11 1 1 1 3 1 1 1
Solução:
a)
19 2 19 2 2 38 2 4 38 4 2 4 76 2 4 26
3 1 1 1 1 1
76 26 2 4 26 988
p 1
c) Suponha que q p l r , 0 r p . Se r 0 , então , e a demonstração está
q l
terminada. Podemos, portanto, supor que r 0 . Então
q r q 1 p 1
l , donde l l 1 , ou seja,
p p p l q l 1
p 1 pr
Assim, .
q l 1 q(l 1)
pr 1
Obs.: Note que , e logo as próximas frações egípcias terão
q(l 1) l 1
denominadores maiores que l 1 . Assim, todas as frações egípcias obtidas serão
distintas.
Solução retirada de RPM 17, pág. 8.
Um inteiro positivo n diz-se invocado se existem n inteiros positivos a1 ,.., a n , dois a dois
1 1
distintos, tais que ... 1.
a1 an
1 1 1
O inteiro positivo 3, por exemplo, é invocado, porque 1 .
2 3 6
Mostre que os inteiros 4, 5, 6 e 7 são invocados.
15
http://www.mat.ufc.br/ocm/arquivos/Nivel_1_2015.pdf
41
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Solução: 4 é invocado: 1 .1 .
2 2 2 2 2 2 2 3 6 2 4 6 12
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
5 é invocado: 1 .1 .
2 2 2 2 2 2 2 4 6 12 2 4 8 12 24
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
6 é invocado: 1 .1 .
2 2 2 2 2 2 2 4 8 12 24 2 4 8 16 24 48
7 é invocado:
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 .1 .
2 2 2 2 2 2 2 4 8 16 24 48 2 4 8 16 32 48 96
1 1 1
1
2 3 6
O desafio maior para os japoneses foi confirmar que o 8 também é invocado. Mostre que
eles estavam certos.
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Solução: 1 .1 .
2 2 2 2 2 2 2 3 6 2 4 6 12
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 .1 .
2 2 2 2 2 2 2 4 6 12 2 4 8 12 24
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 .1 .
2 2 2 2 2 2 2 4 8 12 24 2 4 8 16 24 48
16
Olimpíada de Matemática do Estado do Rio de Janeiro. http://www.omerj.org/provas-e-gabaritos
42
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 .1 .
2 2 2 2 2 2 2 4 8 16 24 48 2 4 8 16 32 48 96
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 .1 .
2 2 2 2 2 2 2 4 8 16 32 48 96 2 4 8 16 32 64 96 192
Frações em geral
O grande matemático John Horton Conway ( já presente em outras OPMs) criou uma
linguagem de programação baseada em sequência de números racionais positivos, a
FRACTAN. Vamos conhecê-la.
É dada uma sequência de racionais positivos. Em cada passo da execução de um programa
FRACTAN, a entrada é um inteiro positivo que deve ser multiplicado pelo primeiro
número da sequência tal que o produto seja inteiro. Esse produto é a entrada do próximo
passo.
17
http://www.mat.ufc.br/ocm/arquivos/Nivel_2_2015-resolvida.pdf
18
Olimpíada Paulista de Matemática. http://www.opm.mat.br/static/archive/opm_2011_2.pdf
43
Para o primeiro passo sempre se toma uma potência de 2, isto é, N1 2 , para n inteiro
n
positivo. O programa termina quando obtemos novamente uma potência de 2. Dizemos que
tal potência de 2 é a saída de nosso programa. Complicado? Um exemplo deve ajudar.
52 44 1 1 3
Considere a sequência A ( f1 ; f 2 ; f 3 ; f 4 ; f 5 ; f 6 ) ; ; ; ; ;11 . Para a entrada
33 39 11 13 2
2 3 , os passos são:
N1 2 3
3
N 2 N1 f 5 2 3 3 22
2
3
N3 N 2 f5 3 22 32 2
2
3
N 4 N 3 f 5 32 2 33
2
N 5 N 4 f 6 33 11
52
N 6 N 5 f1 33 11 2 2 3 2 13
33
44
N 7 N 6 f 2 2 2 32 13 2 4 3 11
39
52
N 8 N 7 f1 2 4 3 11 2 6 13
33
1
N 8 N 8 f 4 2 6 13 26
13
Solução: a) N1 2 2
3
N 2 N1 f 5 2 2 23
2
3
N 3 N 2 f 5 2 3 32
2
44
N 4 N 3 f 6 3 2 11
52
N 5 N 4 f1 32 11 3 2 2 13
33
44
N 6 N 5 f 2 3 2 2 13 2 4 11
39
1
N 7 N 6 f 3 2 4 11 2 4 .
11
104 88 2 2 3
b) Considere B ( f1 ; f 2 ; f 3 ; f 4 ; f 5 ; f 6 ) ; ; ; ; ;11 .
33 39 11 13 2
Verificaremos que para N1 2 n , teremos a saída 23n1 .
N1 2 n
3
N 2 N1 f 5 2 n 3 2 n1
2
(...)
3
N n 1 N n f 5 3 n 1 2 3n
2
N n 2 N n 1 f 6 3 n 11
104
N i 1 N i f1 3n j 2 3 j 11 3n j 1 2 3( j 1) 13
33
88
N i2 N i 1 f 2 3n j 1 2 3( j 1) 13 3n j 2 2 3( j 2) 11
39
E, finalmente,
2 2
N k 1 N k f 3 2 3n 11 2 3n 1 ou N k 1 N k f 4 2 3n 13 2 3n1 .
11 13
O grande matemático John Horton Conway ( já presente em outras OPMs) criou uma
linguagem de programação baseada em sequência de números racionais positivos, a
FRACTAN. Vamos conhecê-la.
Seja ( f1 , f 2 ,..., f m ) uma sequência de números racionais positivos. No k-ésimo passo da
execução do nosso programa FRACTAN a entrada é um inteiro positivo Nk que deve ser
19
Olimpíada Paulista de Matemática. http://www.opm.mat.br/static/archive/opm_2011_2.pdf
45
positivo. O programa termina quando obtemos novamente uma potência de 2. Dizemos que
tal potência de 2 é a saída de nosso programa. Complicado? Um exemplo deve ajudar.
52 44 1 1 3
Considere a sequência A ( f1 ; f 2 ; f 3 ; f 4 ; f 5 ; f 6 ) ; ; ; ; ;11 . Para a entrada
33 39 11 13 2
2 3 , os passos são:
N1 2 3
3
N 2 N1 f 5 2 3 3 22
2
3
N3 N 2 f5 3 22 32 2
2
3
N 4 N 3 f 5 32 2 33
2
N 5 N 4 f 6 33 11
52
N 6 N 5 f1 33 11 2 2 3 2 13
33
44
N 7 N 6 f 2 2 2 32 13 2 4 3 11
39
52
N 8 N 7 f1 2 4 3 11 2 6 13
33
1
N 8 N 8 f 4 2 6 13 26
13
pi
Sendo que a ação a ser realizada na linha n é trocar o inteiro N por N para o primeiro
qi
i ( 1 i k ) para o qual tal resultado é inteiro e ir para a linha n i . Como no FRACTAN, a
entrada é uma potência de 2 e o programa termina quando obtemos uma nova potência de
2. Por exemplo, considere o programa P1 a seguir:
3
linha 0 : 0;1 1
2
22
linha 1 : 1
3
23 linha
0
22 3 linha
0
2 32 linha
0
33 linha
0
33 linha
1 22 32 linha
1 24 3 linha
1 26
22
linha 1 : 2
3
22
linha 2 : 1
3
Agora falta pouco. Atribuímos a cada linha, exceto a 0, um número primo grande (maior
do que qualquer um que tenha aparecido no numerador ou denominador de uma fração
utilizada no programa pré-FRACTAN original) e, então, a linha
a c e
P : Q; R; S ;... em que P,Q, R e S são os tais primos grandes,
b d f
correspondentes às frações:
aQ cR eS 52 44 1 1 3
; ; nessa ordem. Assim, a nossa sequência A ; ; ; ; ;11 foi
bP dP fP 33 39 11 13 2
construída a partir do programa P1, utilizando as ideias mostradas (e algumas outras, que
você terá que descobrir!).
Não apresentaremos aqui a solução deste problema. Uma solução para o item b) pode ser
encontrada na Revista Eureka 39 – solução do problema proposto no 156, páginas 57-60.
Nesse problema vamos estudar a Árvore de Euclides. Essa árvore é construída a partir da
1 p p pq
fração e cada fração gera duas novas frações e . A seguir temos os
1 q pq q
termos iniciais dessa árvore.
20
Olimpíada Paulista de Matemática. http://www.opm.mat.br/static/archive/opm_2017_1.pdf
48
27 1
a) Determine o caminho voltando da fração até a fração , escrevendo as frações
17 1
obtidas em cada passo.
27 27 17 10
Solução: : 27> 17 então essa fração foi gerada por
17 17 17
10 10 10
: 10< 17 então essa fração foi gerada por
17 17 10 7
10 10 7 3
: 10>7 então essa fração foi gerada por
7 7 7
3 3 3
: 3< 7 então essa fração foi gerada por
7 73 4
3 3 3
: 3< 4 então essa fração foi gerada por
4 43 1
3 3 1 2
: 3>1 então essa fração foi gerada por
1 1 1
2 2 1 1
: 2>1 então essa fração foi gerada por
1 1 1
27 10 10 3 3 3 2 1
17 17 7 7 4 1 1 1
Vamos atribuir a cada fração um número inteiro positivo que representa sua posição
1 1 2 1
na árvore. A fração está na posição 1, está na posição 2, está na posição 3,
1 2 1 3
está na posição 4, e assim por diante. Como cada fração gera duas frações, podemos
p p pq
observar que se uma fração possui posição N as frações e geradas dela
q pq q
ocuparão as posições 2N e 2N + 1, respectivamente. Dessa forma, para achar o termo que
ocupa a posição t vamos dividindo por 2 até obter quociente 1. Depois devemos fazer os
passos no sentido contrario, multiplicando por 2, ou multiplicando por 2 e somando 1, de
acordo com os restos obtidos nas divisões por 2.
Por exemplo, para encontrar a fração que ocupa a posição 88 dividimos 88 por 2,
obtendo quociente 44 e resto 0, ou seja, 88 = 2 . 44 + 0.
Agora, dividimos 44 por 2, obtendo quociente 22 e resto 0, ou seja, 44 = 2 . 22 + 0.
Continuando o processo, obtemos
22 = 2 . 11 + 0
11 = 2 . 5 + 1
5=2.2+1
2=2.1+0
e paramos aqui, pois obtivemos quociente 1.
Os restos obtidos, de baixo para cima, são 0, 1, 1, 0, 0, 0. Logo, fazemos uma soma
no denominador, duas no numerador e, finalmente, três somas no denominador. A
ramificação da árvore é, então,
49
1 1 1 1 2 3 3 2 5 5 5 5 5 5 5
1 11 2 2 2 2 2 25 7 7 5 12 12 5 17
Ou em resumo
1 1 3 5 5 5 5
.
1 2 2 2 7 12 17
5
Portanto a fração na posição 88 é .
17
Solução: 114 = 2 . 57 + 0
57 = 2 . 28 + 1
28 = 2 . 14 + 0
14 = 2 . 7 + 0
7=2. 3 +1
3=2. 1 +1
Os restos obtidos são: 1, 1, 0, 0, 1, 0. Assim, fazemos duas somas no numerador, duas no
denominador, uma no numerador e por ultimo, uma no denominador. A ramificação da
árvore será então
1 11 2 2 1 3 3 3 3 3 3 7 10 10 10
1 1 1 1 1 3 1 4 3 4 7 7 7 10 7 17
10
A fração na 114ª posição é .
17
Frações Contínuas
37 1
A fração pode ser escrita sob a forma 2 , onde (x,y,z) é igual a:
13 1
x
1
y
z
(A) (11, 2, 5) (B) (1, 2, 5) (C) (1, 5, 2) (D) (13, 11, 2) (E) (5, 2, 11)
Assim, x = 1, y = 5 e z = 2
21
https://www.youtube.com/watch?v=wdzaXU2GjTs
50
Calcule
1 1
.
1 1
2 1
1 1
3 1
1 1
4 3
1 1
2005 2005
1 1
Solução: =
1 1
2 1
1 1
3 1
1 1
4 3
1 1
2005 2005
1 1
1 1
11 1
1 1
3 1
1 1
4 3
1 1
2005 2005
22
https://www.youtube.com/watch?v=kyCst6XFB94. Acesso em 10/01/2018.
51
1 1
Então, =
1 1
2 1
1 1
3 1
1 1
4 3
1 1
2005 2005
1 1 1 1 1 x 1 x
1.
1 x 1 1 x x 1 1 x x 1 1 x
1
x x
Os números reais podem ser expressos na forma de frações contínuas, isto é, na forma:
1
a0
1
a1
1
a2
1
a3
em que a 0 é inteiro e a1 , a 2 , a3 ,... são inteiros positivos. Utiliza-se a notação
[a0 , a1 , a2 , a3 ,...] .
2013
Por exemplo, para escrever na forma de fração contínua, inicialmente, calculamos o
37
maior inteiro menor ou igual a esse racional. Esse é o a 0 . Assim:
2013 15 1
54 54
37 37 37
15
37 a1 , a 2 , a3 ,...
E repetimos o processo agora para e, assim por diante, obtendo
15
2013 15 1 1 1 1
54 54 54 54 54
37 37 37 7 1 1
2 2 2
15 15 15 1
2
7 7
2013
Temos então que [54,2,2,7] . Pode-se demonstrar que todo racional tem uma
37
representação finita (com um número finito de a i ´s ) como fração contínua.
23
Olimpíada Paulista de Matemática. http://www.opm.mat.br/static/archive/opm_2013_2.pdf
52
1 1 1 1 1
3 1 ( 3 1) 1 1 1 1 1
1 3 1 3 1 1
1
1
1
1
3 1 2 2 2 3 1
3 1
1
1
1
1
2 ( 3 1)
199
b) Escreva a representação de 11 como fração contínua e conclua que 11 .
60
2017 = 49 . 41 + 8
41 = 5 . 8 + 1
8= 8. 1 +0
2017 1
Assim, 49
41 1
5
8
b)
1 1 1 1 1
11 3 ( 11 3) 3 3 3 3 3
1 11 3 11 3 3
1
3
1
3
11 3 2 2 2 11 3
11 3
1
3
1
3
6 ( 11 3)
199 = 3 . 60 + 19
60 = 3 . 19 + 3
19 = 6 . 3 + 1
3= 3.1 +0
199 1
11 3
60 1
3
1
6
3
199
(observamos que, com efeito 11 3,31662479 ... e 3,3166666... é uma boa
60
aproximação de 11 , com quatro casas decimais corretas depois da vírgula).
54
7. Conclusões
REFERÊNCIAS
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sbm.org.br/sca_v2/get_tcc3.php?id=814>. Acesso em 18/12/2016.
[4] BOYER, Carl B. História da Matemática. Tradução de Elza F. Gomide. São Paulo: Ed.
Edgarg Blucher, 1996.
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um passeio com primos e outros números familiares pelo mundo inteiro. 4ª edição. Projeto
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[9] CORREIA, Paola Luciana. Frações: uma proposta de ensino para o 9º ano utilizando o
software Geogebra e dobraduras. (Dissertação de mestrado) UFJF, 2015. Disponível em:
<https://sca.profmat-sbm.org.br/sca_v2/get_tcc3.php?id=88369>. Acesso em 18/12/2016.
[11] NIVEN, Ivan. Números: Racionais e Irracionais. 1ª edição. Rio de Janeiro, SBM, 2012.
[12] OLIVEIRA, Everton Franco de. Sequências de Farey e Circunferências de Ford. USP,
2011. Disponível em:< https://docslide.com.br/documents/trabalho-analise-real2.html>. Acesso
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Complexos. 2ª ed. Porto Alegre: UFRGS, 2010.
[15] ROQUE, Tatiana. História da Matemática – uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas.
1ª edição. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
56
[16] SANTOS, José Plínio de O. Introdução à Teoria dos Números. 3ª edição. Coleção
Matemática Universitária. Rio de Janeiro: IMPA, 2012.
[19] WAGNER, Eduardo et al. 10 matemáticos 100 problemas. 2ª edição. Rio de Janeiro, SBM,
2016.