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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ANA RAQUEL ANDRADE MELO

ANÁLISE DA ECONOMIA GERADA COM A IMPLANTAÇÃO DE UM


SISTEMA FOTOVOLTAICO: ESTUDO DE CASO EM UM
EMPREENDIMENTO COMERCIAL

FORTALEZA
2017
ANA RAQUEL ANDRADE MELO

ANÁLISE DA ECONOMIA GERADA COM A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA


FOTOVOLTAICO: ESTUDO DE CASO EM UM EMPREENDIMENTO COMERCIAL

Trabalho de conclusão de curso


apresentado à banca examinadora
como requisito parcial à obtenção do
título de graduado em Engenharia Civil.
Área de concentração: Sustentabilidade
na Construção Civil

Orientador: Prof. MSc. Maria Leticia


Correia Lima Beinichis

FORTALEZA
2017
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por tornar tudo isso possível e por toda a
proteção que Ele me proporcionou até agora.

Aos meus pais, Regina Andrade e Paulo Sérgio, que são os dois pilares mais
importantes na minha vida, por sempre estarem do meu lado, por sempre me
apoiarem em todas as minhas escolhas e por sempre compartilharem todas as
minhas conquistas juntos comigo. Aos meus irmãos, Werley, Wellington e Wlisses,
pelo companheirismo durante esta caminhada.

Ao meu namorado, Marcos Filho, que acompanha minha vida universitária desde
o início, por todo apoio, incentivo e pacienta durante este período, e por estar
comigo em todas as minhas conquistas.

Aos amigos que a engenharia me presenteou, em especial Bárbara Arraes, Júlio


Alves, Marcelle Quelve e Matheus Cosme, pela amizade, pelo apoio e por todas
as conversas e risadas durante esses 5 anos de curso.

A minha orientadora, Maria Leticia, pela excelente orientação deste trabalho, pela
paciência e por todas as dicas e concelhos.

As professoras, Daniela Araújo e Madalena Osório, por terem aceitado participar


da comissão examinadora.

A engenheira Camila Mareco, pela oportunidade de entrevista-la, pela


disponibilidade de tempo e fornecimento de informações essenciais para o
desenvolvimento deste trabalho.
RESUMO

A sustentabilidade é o caminho mais promissor para amenizar os impactos


ambientais causados ao meio ambiente nas ultimas décadas. Uma das principais
práticas para alcançar esse caminho é fazer o uso de energias oriundas de fontes
renováveis como a Energia Solar, que produz energia elétrica a partir de painéis
fotovoltaicos. Com base nisso, o presente trabalho tem o objetivo de analisar a
economia gerada com a implantação de um sistema fotovoltaico em um
empreendimento comercial, usado como objeto de estudo, na cidade de Fortaleza.
O método utilizado foi a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso. Os principais
resultados obtidos foram que a tecnologia fotovoltaica já encontra-se bastante
madura no mercado, além disso a importância o uso de práticas sustentáveis é
imprescindível para reduzir os impactos negativos no ambiente.

Palavras-chave: Sustentabilidade; Energia Solar; Painéis Fotovoltaicos.


ABSTRACT

Sustainability is the most promising way to soften the environmental impacts


caused to the environment in the last decades. One of the key practices for
achieving this path is to make use of renewable energy such as solar energy,
which produces electricity from photovoltaic panels. Based on this, the present
work has the objective of analyzing an economy generated with an implantation of
a photovoltaic system in a commercial enterprise, used as object of study, in the
city of Fortaleza. The method used for bibliographic research and case study. The
main results obtained were that photovoltaic technology is already quite mature in
the market, and it is important for the use of sustainable and essential practices to
reduce negative impacts on the environment.

Keywords: Sustainability; Solar Energy; Photovoltaic Panels.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Linha do tempo das principais conferencias sobre sustentabilidade


........................................................................................................................20
Figura 2 – Principais fontes de energia primária utilizada pelo homem .......27
Figura 3 – Representação do Efeito Estufa ...................................................28
Figura 4 – Potencial da energia solar em relação as demais fontes utilizadas pelo
homem ...................................................................................................35
Figura 5 – Índices de radiação solar no território brasileiro ...........................36
Figura 6 – Evolução do mercado brasileiro de aquecedores solares ...........37
Figura 7 – Hierarquia do Sistema Fotovoltaico .............................................40
Figura 8 – Esquema do módulo fotovoltaico .................................................41
Figura 9 – Funcionamento do sistema fotovoltaico .......................................42
Figura 10 – SFCR instalado em uma residência ...........................................44
Figura 11 – Evolução da capacidade fotovoltaica total instalada na Alemanha
........................................................................................................................45
Figura 12 – Painéis fotovoltaicos instalados sobre a cobertura do empreendimento
............................................................................................51
Figura 13 – Suporte de alumínio dos painéis fotovoltaico .............................52
Figura 14 – Processo de funcionamento do sistema fotovoltaico do
empreendimento ............................................................................................53
Figura 15 - Quadro contendo o controlador de carga e o inversor do sistema
fotovoltaico instalado no empreendimento ....................................................54
Figura 16 - Ligação dos painéis fotovoltaicos associados em série .............55
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Custo de investimento em sistemas fotovoltaicos (US$/Wp) .....46


Tabela 2 – Custo nacionalizado do investimento de um sistema fotovoltaico
(R$/Wp) .........................................................................................................47
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Comparativo dos Valores do Custo de Investimento para Geração


Centralizada e para Geração Distribuída...............................................................49
Quadro 2 – Quadro Comparativo dos Valores de Investimento do Sistema
Fotovoltaico.............................................................................................................59
Quadro 3 - Quadro Resumo com os Principais Resultados Obtidos com a Análise
dos Dados Comparado com Aquilo que a Teoria Apresenta .................................62
SUMÁRIO

1. Introdução ...............................................................................................10
1.1. Justificativa ..................................................................................12
1.2. Objetivos ......................................................................................13
1.2.1. Objetivo Geral ........................................................................13
1.2.2. Objetivos Específicos ............................................................13
1.3. Metodologia .................................................................................14
1.4. Estrutura do Trabalho .................................................................15
2. Fundamentação Teórica ........................................................................17
2.1. Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável ...................17
2.2. Construção Sustentável .............................................................21
2.3. Eficiência Energética no Brasil e no Mundo ............................26
2.4. Energia Solar ...............................................................................33
2.4.1. Energia Solar Térmica ...........................................................36
2.4.2. Energia Solar Fotovoltaica ....................................................37
2.5. Sistemas Fotovoltaicos ..............................................................39
2.5.1. Custos .....................................................................................44
3. Estudo de Caso ......................................................................................50
3.1. Apresentação dos Dados ...........................................................56
3.2. Análise dos Dados ......................................................................61
4. Conclusões .............................................................................................64
5. Referencias .............................................................................................67
6. Apêndice 1 ..............................................................................................71
10

1. INTRODUÇÃO

Desde os primórdios o homem faz uso dos recursos naturais para


atender suas necessidades, porém usá-los demasiadamente pode provocar a
escassez dos mesmos. Atualmente a humanidade tem sofrido bastante com as
consequências nocivas de desequilíbrio ambiental. (ANTÔNIO, 2016)

Em meio a tal cenário, o termo “sustentabilidade” tem sido bastante


citado. Sustentabilidade pode ser definida como sendo a capacidade do homem
de interagir com o mundo, preservando os recursos naturais para não
comprometer os recursos naturais das gerações futuras. A sustentabilidade está
diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material sem agredir o
meio ambiente, usando os recursos de forma inteligente para que os mesmos não
venham a se ausentar futuramente. (MAIA, 2012)

Os benefícios da adoção de ações mais sustentáveis podem garantir


um planeta em boas condições tanto para a geração atual quanto para as
gerações futuras, garantindo recursos necessários para uma boa qualidade de
vida.

A sustentabilidade deve ser vista pela sociedade como sendo uma nova
regra, e que sua aceitação por todos deve ser urgente, a educação social da
população pode servir de grande ajuda nessa implantação, uma vez que todos
devem fazer o necessário para preservação do meio ambiente. (OLIVEIRA, 2015)

A construção civil é o setor de atividades humanas que mais consome


recursos naturais e utiliza energia de forma intensiva, gerando um significativo
impacto ambiental. Pesquisas apontam que 50% dos recursos que são extraídos
do meio ambiente tem como destino a construção civil. No Brasil, a situação é
bastante agravante, pois certa de 50% da madeira utilizada não possui
certificação, 34% da água é utilizada para a construção civil e 40% são de outros
recursos naturais e energia. (GONÇALVES, 2009)

Diante disso, a urgência em implantar a sustentabilidade no setor da


construção civil é enorme. Daí surge o termo construção sustentável, que pode ser
definida como sendo uma forma de construir edifícios em equilíbrio com o
11

ambiente, e encontra-se uma melhor maneira de diminuir os impactos causados


ao meio ambiente. (ARAÚJO, 2008)

Adotar técnicas que amenizem os impactos causados pela construção


civil pode ser um avanço no caminho de uma construção sustentável, além de
contribuir para alcançar desenvolvimento em conjunto com o meio ambiente.
Porém a falta de regulamentação de órgãos governamentais que promova a
economia de recursos naturais com mais firmeza torna-se um obstáculo para que
as empresas comecem a traçar suas metas. (ANTONIO, 2016)

Vários sistemas de técnicas sustentáveis e materiais que causam


menos impactos ao meio ambiente já vem sendo implantados nos
empreendimentos construídos recentemente. Tais técnicas podem conceder às
empresas certificações ambientais, o que pode gerar muitos benefícios para as
empresas, como por exemplo, uma boa imagem institucional da empresa no
mercado.

Entre essas técnicas, pode-se citar a opção de usar energias


renováveis para a geração de energia elétrica, as fontes alternativas de energia e
as tecnologias que surgem para o aproveitamento de tais fontes são elementos
básicos no caminho para o desenvolvimento sustentável. Como exemplo pode-se
citar a energia solar, que é a energia oriunda da luz solar que incide na Terra.
(OLIVEIRA, 2015)

A grande demanda energética que existe no mundo e o uso de fontes


que possuem matrizes não renováveis faz com que o uso de fontes alternativas se
tornem uma realidade mais presente na atualidade. Eliminar a dependência do
petróleo, bem como de outras fontes não renováveis para a geração de energia é
imprescindível. (OLIVEIRA, 2015)

A preocupação com a sustentabilidade deve ser crescente. É de


fundamental importância que todas as esferas da população participem, planejem
e realizem a implantação da sustentabilidade em suas respectivas comunidades,
pois esta, atrelada ao desenvolvimento sustentável, pode prevenir grandes
problemas ambientais, como a poluição, preservar habitats naturais e promover a
proteção da biodiversidade no planeta.
12

O uso de painéis fotovoltaicos tem se tornado uma técnica comum, uma


vez que a experiência adquirida na produção dos mesmos tem reduzido os custos
do material. Eles geram energia elétrica através de células fotovoltaicas, que são
produzidas principalmente com silício e são usadas para converter a radiação
solar em energia solar. Além de não comprometer o meio ambiente e depender de
uma fonte que não se esgotará facilmente, o Sol, o Brasil ainda tem uma grande
vantagem em ralação a energia solar, que é sua localização, uma vez a incidência
de raios solares no país são muito abundante. Contudo os custos para aplicação
dos painéis fotovoltaicos ainda são elevados, mesmo com todo o avanço nas
pesquisas, em relação as fontes tradicionais. (BENEDUCE, 1999)

1.1. Justificativa

Reduzir o uso dos recursos naturais é imprescindível. Promover uma


construção mais sustentável é fundamental para garantir que os recursos naturais
não sejam escassos, além de diminuir os impactos causados ao meio ambiente e
garantir uma melhor qualidade de vida. (OLIVEIRA, 2015)

Desta forma, utilizar fontes renováveis de energia mostra-se como uma


necessidade, uma vez que as fontes não renováveis, que são as mais usadas
atualmente, se esgotarão em um futuro não muito distante. As fontes renováveis
utilizam recursos naturais como o Sol, os ventos, as marés, e estes recursos são
abastecidos naturalmente e se apresentam em grande abundancia na natureza,
logo não serão escassos com facilidade.

Das fontes citadas acima, a energia solar tem destaque maior no


presente trabalho. Esse tipo de energia utiliza o Sol como principal recurso, e pode
se mostrar como uma técnica bastante eficaz devido a abrangência de radiação
solar que a Terra recebe diariamente, principalmente no Brasil, que tem uma
localização privilegiada. (GONÇALVES, 2009)

Além disso, o estado do Ceará vem passando por uma crise hídrica, e
como o Brasil possui como principal fonte geradora de energia elétrica as usinas
hidroelétricas, o uso da energia solar é ainda mais imprescindível.
13

A geração de energia elétrica através da energia solar se dá pela


conversão da radiação solar em eletricidade por meio de células fotovoltaicas,
desenvolvidas com material condutor, principalmente o silício. Essa energia é
considerada totalmente limpa, e não traz agressão ao meio ambiente. Diante
disso, a aplicação da energia solar fotovoltaica se mostra como um caminho
fundamental para o desenvolvimento sustentável. (OLIVEIRA, 2015)

Além de se tratar de uma energia não poluente, pode ser instalada em


locais de difícil acesso para as fontes mais tradicionais. Nesse caso, o sistema
pode demonstrar vantagens que demonstram a sua viabilidade de implantação,
apesar de ter um custo inicial alto, os elementos do sistema necessitam de mínima
manutenção.

Diante disso, é possível que os custos iniciais de investimento do


sistema fotovoltaico e os custos de manutenção possam ser supridos com a
economia na geração de energia durante a vida útil do produto?

1.2. Objetivos
1.2.1. Objetivo Geral

Identificar se há economia gerada na adoção de um sistema


fotovoltaico em uma edificação comercial.

1.2.2. Objetivos Específicos

- Desenvolver levantamento bibliográfico sobre as fontes renováveis de


energia em relação às convencionais e seu impacto no meio ambiente.

- Identificar os componentes, funcionamento, custos, benefícios e


dificuldades relacionadas à geração de energia do sistema fotovoltaico, bem como
o funcionamento do mesmo.

- Identificar os custos envolvidos com a implantação e manutenção de


um sistema fotovoltaico em um empreendimento comercial.
14

- Comparar os custos do sistema com o rendimento financeiro gerado,


identificando se houve benefício econômico com a adoção da fonte alternativa de
energia em relação à fonte tradicional.

1.3. Metodologia

A metodologia do presente trabalho consistiu, inicialmente, em realizar


uma pesquisa bibliográfica, que segundo Lima e Mioto (2007), compreende em
uma técnica metodológica que possibilita ao pesquisador buscar soluções para
seu problema de pesquisa, no intuito de reunir informações que auxiliarão na
análise do tema proposto pelo mesmo.

A pesquisa bibliográfica foi realizada através da obtenção de dados


primários e secundários. Dados primários são aqueles que são pesquisados com
o objetivo de atender necessidades específicas da pesquisa, ainda serão
coletados pelo pesquisados. Já os dados secundários são aqueles que já foram
coletados e, muitas vezes até analisados, que são usados pelo pesquisador para
esclarecer o problema de pesquisa. (MALHOTRA, 2004)

As principais fontes de dados secundários usadas foram livros,


monografias, dissertações e artigos relacionados ao tema. Já os dados primários
tiveram como fonte a entrevista semiestruturada realizada com o responsável pela
empresa. As questões contidas na entrevista foram estruturadas de acordo com o
assunto e com o conhecimento adquirido através da pesquisa bibliográfica para
fundamentar a pesquisa.

A partir da pesquisa bibliográfica foi realizada uma pesquisa


exploratória. Esta foi desenvolvida a fim de possibilitar uma visão geral sobre o
assunto estudado (RAUPP e BEUREN, 2003). Um dos métodos da pesquisa
exploratória é o estudo de caso, o qual permite investigar o problema proposto,
visando um maior esclarecimento do mesmo.

O estudo de caso representa um método qualitativo que consiste em


uma forma de se aprofundar em certo assunto. Ele ajuda a responder
questionamentos que o pesquisador não possui muito controle sobre o fenômeno
15

estudado, e compreende um método que engloba tudo em abordagens


específicas e coleta e análise de dados. (YIN, 2001)

Realizou-se o estudo de caso em um empreendimento comercial com


03 anos de utilização de um sistema fotovoltaico para geração de energia. Para
tanto, utilizou-se de uma entrevista semiestruturada, que consistiu em realizar
perguntas cujas respostas podem ser exploradas de forma mais ampla, utilizada
como instrumento de pesquisa. As perguntas que consistiam na entrevista foram
organizadas em tópicos de acordo com a instalação do sistema e seu custos, a
manutenção e seus custos, o retorno financeiro do investimento, benefícios e
dificuldades e a preocupação ambiental da empresa.

Através da entrevista, realizada com o responsável pelo


empreendimento escolhido, foi feita a coleta e análise dos dados acerca do
sistema instalado no empreendimento com o intuito de identificar se a adoção do
sistema fotovoltaico gerou uma economia real em termos financeiros.

O estudo possui algumas limitações, tais como, o fato do estudo de


caso tratar de um empreendimento comercial, e para o sistema fotovoltaico do tipo
conectado a rede. Ou seja, não é possível inferir informações ou comparações
para empreendimentos residenciais ou outro tipo de sistema de geração de
energia a partir do sol.

1.4. Estrutura do Trabalho

O presente trabalho foi dividido em quatro capítulos, com o intuito de


possibilitar o entendimento dos fundamentos e métodos de análise dos dados
coletados.

No primeiro capítulo foi apresentada uma introdução a respeito dos


conceitos de desenvolvimento sustentável na construção civil e do uso de
energias renováveis, tais como a energia solar. O mesmo também apresentou
a justificativa do tema, os objetivos do trabalho, a metodologia e a estrutura do
trabalho.
16

O segundo capítulo trouxe a fundamentação teórica dividida em


cinco partes, onde foram abordados os conceitos e aplicações de
sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, construção sustentável,
eficiência energética, energia solar e sistemas fotovoltaicos, levando em
consideração sua instalação, funcionamento e custos.

No terceiro capítulo foi relatado o estudo de caso, analisando a


possível economia financeira gerada a partir da implantação de um sistema
fotovoltaico em um empreendimento comercial, além da apresentação e
análise dos dados.

No quarto capítulo foram apresentadas as conclusões a respeito da


análise dos dados.
17

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável

A humanidade tem sofrido bastante com o desequilíbrio ambiental.


Tal desequilíbrio tem sido causado principalmente pela ação humana ao fazer
uso descontrolado dos recursos naturais.

O crescimento da população mundial fez com que a necessidade


por moradia, energia elétrica, alimentação, transporte, entre outros, crescesse.
O avanço tecnológico também é um grande responsável pelo uso demasiado
dos recursos do meio ambiente.

Dentro deste contexto, a citação do termo “sustentabilidade”, bem


como conferencias que abrangem esse assunto cresceram através dos anos.
Boff (2012, p.14) conceitua a sustentabilidade como sendo fundamentalmente

o conjunto dos processos e ações que se destinam a manter a vitalidade


e a integridade da Mãe Terra, a preservação de seus ecossistemas com
todos os elementos físicos, químicos e ecológicos que possibilitam a
existência e a reprodução da vida, o atendimento das necessidades do
presente e das futuras gerações, e a continuidade, a expansão e a
realização das potencialidades da civilização humana em suas várias
expressões.

Entretanto, o termo “sustentabilidade” possui diversos conceitos.


Segundo Bellen (2000), existem 160 definições para o termo. Entre eles, pode-
se citar Cavalcanti (1995) que aponta que a sustentabilidade está lidada à
manutenção dos recursos a longo prazo. Ou seja, o conceito pode se referir
também à população preocupada com as gerações que estão por vir.

Já para Sashs (2000), a sustentabilidade envolve inclusão social,


economia estabilizada e um ambiente sustentável. Diante disso,
sustentabilidade nada mais é que uma série de procedimentos que vão se
desenvolvendo à medida que a população atinge seus fins e surgem novas
necessidades das metas iniciais serem revistas. (MAIA, 2012).

Os benefícios oferecidos pela sustentabilidade são garantir os


recursos, possibilitando a manutenção dos mesmos, e assegurando uma boa
qualidade de vida para as próximas gerações.
18

O termo “sustentabilidade” está diretamente ligado ao


desenvolvimento sustentável, o qual visa minimizar os impactos da ação do
homem sobre a natureza, procurando alertar para a necessidade de reduzir o
consumo dos recursos naturais e preservar a biodiversidade.

Segundo Pereira (2016), o desenvolvimento sustentável deve ser a


“conciliação entre desenvolvimento, preservação do meio ambiente e melhoria
da qualidade de vida.” Ou seja, ao se pensar em Meio Ambiente, devem-se
levar em consideração todos os seus aspectos: natural, social, econômico,
tecnológico, político, histórico e cultural.

O histórico da humanidade mostra que uma das primeiras


conferencias com o objetivo de discutir e analisar as questões ambientais foi o
Clube de Roma, que ocorreu em 1968 na Itália, e que deu origem ao Relatório
do Clube de Roma, o qual recebeu uma grande repercussão internacional.
(Maia, 2012)

Desde então as conferencias foram ficando mais comuns. Em 1972,


ocorreu a Conferencia de Estocolmo que debateu a relação do homem com o
meio ambiente pela primeira vez a nível mundial. Tal conferencia obteve como
resultado a elaboração de um plano de ação com recomendações e
orientações para preservar o meio ambiente. (MAIA, 2012)

Em 1983 foi criada a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e


Desenvolvimento, que foi coordenada pela Ministra da Noruega, Gro Harlem
Brundtland. E tinha objetivo de realizar estudos e debater questões ambientais
para elaborar um relatório mostrando suas conclusões.

Este foi o Relatório de Brundtland, elaborado em 1987 e que


apresentou pela primeira vez o conceito de desenvolvimento sustentável que
dizia que “desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades
das gerações presentes sem comprometer a capacidade de as futuras
gerações satisfazerem suas próprias necessidades” (RELATÓRIO DE
BRUNDTLAND, 1987). Nele foram definidas ideias principais para a
preservação dos recursos já existentes, porém não foram definidas ações e
metas para a efetivação do objetivo real do desenvolvimento sustentável.
19

Já em 1992, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre Meio


Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecida com ECO 92, na cidade do
Rio de Janeiro. A ECO 92 contou com a participação dos líderes de 175 países
e várias ONG’s (Organizações Não Governamentais) e foi considerado como o
maior evento na área ambiental do século XX. (MAIA, 2012)

A ECO 92 gerou 5 relatórios, porém o maior destaque foi para a


Agenda 21 que estabeleceu objetivos, planos de ação e estratégias para a
sustentabilidade. O documento contém uma expectativa de preparação e
implementação de um plano estratégico de ação a longo prazo. Também deu
início à alteração do conceito de desenvolvimento sustentável, este foi
complementado com base não só nas questões ambientais, mas também em
fatores sociais e econômicos.

A Agenda 21 tratou principalmente de temas como a cooperação


das nações para se chegar ao desenvolvimento sustentável, o planejamento e
a ordenação do uso dos recursos naturais, a preservação dos recursos hídricos
e a proteção da atmosfera, a conservação da biodiversidade, o combate à
pobreza, entre outros.

Em 1997, surgiu o Protocolo de Kyoto, um acordo formulado pelos


países integrantes da ONU (Organização das Nações Unidas), que tinha como
objetivo discutir e firmar metas para a redução da emissão de gases
causadores do efeito estufa. O Protocolo estava em vigor até 2012.

Em 2002, ocorrem em Johanesburgo, a Rio +10, decorrente da ECO


92 e da Conferencia de Estocolmo. Nela foram discutidas questões sociais
como a erradicação da pobreza e melhores condições de saúde, além de
questões ambientais, principalmente as metas que foram estabelecidas em
conferencias passadas. A Rio +10 não obteve resultados satisfatórios.

A mais recente e que obteve grande repercussão internacional


conferencia tendo como principal assunto o desenvolvimento sustentável foi a
Rio +20, que ocorreu em 2012, no Rio de Janeiro.

A Rio +20 teve a participação dos líderes de 193 países, e teve


como principal objetivo a renovação da participação dos líderes dos países
20

com relação ao desenvolvimento, além de uma revisão do que foi feito em


relação ao meio ambiente desde a última Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente, ocorrida há 20 anos.

Os principais assuntos da Rio +20 foram a importância da Economia


Verde, as maneiras de eliminar a pobreza, além de ações para garantir um
desenvolvimento sustentável no planeta. Porém os resultados obtidos não
foram os esperados, visto que ocorreram muitas divergências entre países
desenvolvidos e em desenvolvimento em relação a economia, além disso
estudos apontam que a crise econômica mundial prejudicou bastante as
decisões práticas.

A Figura 1 exibe uma linha do tempo de todas as principais


conferencias cujo tema principal envolveu sustentabilidade e desenvolvimento
sustentável.

Figura 1 – Linha do Tempo das Principais Conferências sobre Sustentabilidade

Comissão Mundial
Conferência de sobre o Meio Ambiente
Clube de Roma – 1968
Estocolmo - 1972 e Desenvolvimento -
1983

Protocolo de Kyoto –
Rio +10 – 2002 ECO 92- 1992
1997

Rio +20 - 2012

Fonte: Elaborado pela autora, 2017

De todas as atividades de desenvolvidas pelo homem, a indústria da


construção civil se mostra como a principal consumidora dos recursos naturais
21

e geradora de resíduos sólidos, cerca de 50% dos recursos mundiais são


consumidos por este setor. (TORGAL e JALALI, 2007).

O aumento da população mundial e suas necessidades pode


agravar ainda mais o consumo de recursos não-renováveis, bem como a
produção de resíduos sólidos. Portanto, a sustentabilidade tem um papel
primordial no setor da construção civil. (TORGAL e JALALI, 2007)

2.2. Edificações Sustentáveis

No decorrer dos anos a população mundial cresceu de forma bem


abrangente, assim como as necessidades de infraestrutura, habitação, energia,
água, entre outros. Neste sentido a construção civil ganhou grande
importância, uma vez que ela é responsável por construir edifícios e obras de
infraestrutura e trazer soluções para que a população se mantenha confortável.

A construção civil é um ramo importante sendo responsável por


grande geração de empregos, além de ter uma grande importância na questão
social, visto que grande parte da população necessita de infraestrutura
adequada seja para moradia ou para trabalho. Entretanto, é considerado o que
mais consome os recursos naturais e utiliza energia e água de forma
demasiada, além de gerar muitos resíduos sólidos provenientes do seu
conjunto de atividades. (ANTONIO, 2016)

A grande exploração de madeiras e pedreiras, a extração


inadequada de areias, o gasto descontrolado de energia e água e a deposição
ilegal de resíduos gerados pela construção civil apresentam reflexos muito
negativos nos ecossistemas e na perda da biodiversidade. (ROCHETA e
FARINHA, 2007)

Por esse motivo, é importante que tal ramo possa vencer o desafio
ambiental de aliar formas e métodos de construção ao aumento da eficiência
ambiental e ecológica. É imprescindível que aplicação do conceito de
desenvolvimento sustentável ao setor da construção civil, desde a fase de
projeto da edificação até a fase de entrega do edifício. (ANTONIO, 2016)
22

O consumo descontrolado dos recursos pode resultar em impactos


que afetam o bem-estar e a saúde da população. Por isso, esforços devem ser
desenvolvidos para que o ramo da construção civil elabore meios mais
eficientes de produção sem agredir ou degradar o meio ambiente.

Surge então o termo Construção Sustentável que segundo Araújo


(2008) é um sistema que promove alterações consistentes no entorno, de
forma a atender as necessidades de edificações, habitação e uso do homem
moderno, preservando o meio ambiente e os recursos naturais garantindo
qualidade de vida para as gerações futuras.

A construção Sustentável também pode ser entendida como um


conjunto de procedimentos e técnicas construtivas associadas ao
desenvolvimento sustentável, visando reduzir o uso dos recursos naturais, do
consumo de energia e da geração de resíduos, promovendo a qualidade de
vida da população. Tais técnicas têm como objetivo introduzir condições que
aumentem a qualidade da construção de novos edifícios, minimizando os
efeitos negativos gerados pela construção tradicional. (ARAÚJO, 2008)

Enquanto a construção tradicional considera primeiramente


questões de tempo, custo e qualidade, a construção sustentável valoriza
aspectos ambientais e sociais, sem postergar a qualidade das edificações. Por
isso, a preocupação em reduzir o uso dos recursos naturais usados, procurar
fazer uso de materiais renováveis e recicláveis, muitas vezes de forma
descontrolada, é urgente. (GONÇALVES, 2009)

A construção sustentável é responsável por incorporar práticas e


estratégias que possam reduzir de forma significativa os danos causados ao
meio ambiente. (MAIA, 2012). Ela faz uso de soluções engenhosas para que o
emprego e a economia dos recursos sejam favorecidos, sendo assim busca
promover a redução da poluição e da produção de resíduos sólidos, a melhoria
da qualidade do ar no ambiente e um maior conforto de seus usuários.
(ARAÚJO, 2008)

Os benefícios oriundos de uma construção mais sustentável são


inúmeros, como a menor geração de resíduos sólidos, diminuição do consumo
23

de água e energia, otimização dos materiais e a criação de ambientes mais


saudáveis e confortáveis. Já no setor econômico, os benefícios são menores
custos de operação e manutenção do edifício, o aumento na produtividade,
além da valorização do imóvel, o que melhora a imagem do empreendimento.
(MAIA, 2012)

Nesse contexto surgiram algumas certificações para Green Buildings


(Construções Verdes) para um modelo de uso mais consciente dos recursos. A
Inglaterra foi pioneira com a criação da BREEAM (BRE Environmental
Assenssment Methhod), em 1990. (MOREIRA, 2016)

Após o sucesso da certificação inglesa, foi criado nos Estados


Unidos o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), esta é a
certificação mais disseminada mundialmente. (MOREIRA, 2016)

Estas certificações sustentáveis surgem como solução para muitos


problemas urbanos, tais como as altas taxas de emissão de gases poluentes,
bem como a escassez dos recursos naturais. Além disso, elas incentivam na
construção de edifícios mais sustentáveis, tendo em vista o equilíbrio ambiental
nos grandes centros urbanos. (MOREIRA, 2016)

Diante disso, promover uma obra mais sustentável, ou seja, uma


obra que tem a capacidade de planejar e prever os impactos que tal
empreendimento pode provocar antes, durante e depois do fim da vida útil é
imprescindível. Além disso, as edificações terão um padrão mais
autossuficiente, logo terão capacidade de manter-se a si mesmas, atendendo
suas próprias necessidades, e gerando e reciclando seus próprios recursos.
(ARAÚJO, 2008)

Assim sendo, Rocheta e Farinha (2007) apontam práticas em quatro


grandes áreas da construção civil que podem ajudar a diminuir o impacto
causado pela construção civil no meio ambiente. São estas a gestão de
materiais, gestão de resíduos de construção e demolição (RCD), gestão de
água e gestão energética.

A nível mundial, 40% dos agregados (graúdo e miúdo) e 25% de


madeiras são usados pelo ramo da construção civil. A gestão de materiais
24

indica práticas tais como evitar o uso de recursos tóxicos, utilizar materiais
existentes na região da construção do empreendimento, pois assim o impacto
resultante do transporte do material pode ser reduzido e privilegiar o uso de
materiais não poluentes, duráveis, recicláveis e reutilizáveis. (ROCHETA e
FARINHA, 2007)

Além disso, a construção civil é a principal fonte geradora de


resíduos, os RCD são provenientes de demolições, remodelações e novas
obras, em sua maioria são compostos por argamassas, alvenarias, vidros,
madeiras e ainda podem conter pequenas quantidades de resíduos perigosos
como amianto e resinas. Para isso a gestão de resíduos de construção e
demolição anta práticas como a inclusão de elementos pré-moldados na obra,
pois assim os entulhos da obra podem ser diminuídos, a reutilização de
matérias, tais como a madeira usada para a obtenção das formas e a
realização de um planejamento adequado do processo construtivo de novos
edifícios para que sejam minimizadas as alterações na obra. (ROCHETA e
FARINHA, 2007)

A gestão de água aponta práticas que adotam sistemas de


tratamento que permite tanto o reuso de águas pluviais como de águas
residuais domesticas, provenientes de banheiras, chuveiros e lavatórios. As
águas pluviais podem ser utilizadas para regas de jardins e lavagens, e ficam
armazenadas em um reservatório localizado na cobertura do prédio para serem
utilizadas quando necessário, para isso e necessário que o mesmo disponha
de uma área de cobertura significativa. Já as águas residuais domesticas
podem ser reutilizadas em descargas de autoclismos, lavagem de pátios e
carros e regas de jardins, porém antes da reutilização é necessários que essa
água passe por um processo de filtração e desinfecção. (ROCHETA e
FARINHA, 2007)

No Brasil, existe o selo AQUA – alta qualidade ambiental, que foi


pelos professores da Escola Politécnica de São Paulo. Este foi o primeiro selo
que levou em consideração as particularidades do Brasil para elaborar seus 14
critérios que avaliam a gestão ambiental e as especificações técnicas e
arquitetônicas. Enquanto que selos como o americano LEED, faz uso de
25

critérios relacionados a legislação, clima e fontes de energia que nem sempre


condizem com o nosso país, o AQUA pode ser obtido no Brasil, com a auditoria
feita na própria obra com o acompanhamento de todas as fases da construção.
Tal certificação é uma ferramenta que pode garantir credibilidade à obra.
(PRADO, 2008)

Por fim, a gestão energética apresenta os edifícios bioclimáticos, ou


seja, edifícios projetados levando em conta o clima do local e a exposição de
forma a otimizar o conforto térmico em seu interior. Os edifícios são espaços
onde as pessoas passam cerca de 90% do tempo, logo é importante que sejam
implantadas práticas de projeto e construtivas para que os gastos de energia
sejam reduzidos e que os mesmos recorram a formas de energia renováveis.
(ROCHETA e FARINHA, 2007)

Os edifícios bioclimáticos contam geralmente com sistemas solares


passivos e sistemas ativos. Os sistemas solares ativos compreendem em
permutas de energia para aquecimento ou arrefecimento acontecerem de
forma natural, ou seja, a orientação solar do edifício e a disposição dos
compartimentos tem o objetivos de proporcionar um ambiente mais adequado,
dispensando o uso de ventiladores ou ar condicionados. (ROCHETA e
FARINHA, 2007)

Já os sistemas ativos fazem o uso de energias renováveis, tendo


como principal fonte o Sol, cuja a energia pode ser transformada em térmica ou
elétrica. A transformação da energia solar em térmica ocorre com a instalação
de colores solares para o aquecimento de água sempre que o edifício
apresentar uma exposição solar adequada. Já a transformação em energia
elétrica ocorre através dos painéis fotovoltaicos. (ROCHETA e FARINHA,
2007)

No Brasil, há o selo PROCEL EDIFICA, que foi desenvolvido pelo


Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica e é coordenado pelo
Ministério de Minas e Energia, este tornou-se obrigatório desde 2012. Tal selo
corresponde a um plano de ação de governo para garantir a eficiência
energética, visando construir bases necessárias para organizar o consumo de
energia nas edificações do país. Assim, o plano promove o uso racional de
26

energia elétrica com o objetivo de incentivar a conservação e o uso eficiente


dos recursos naturais. O PROCEL EDIFICA certifica os projetos que preveem a
redução do consumo e uso de energias alternativas, além de estimular a
adoção de ações nesse sentido. (CÔRTES et al., 2011)

2.3. Eficiência Energética no Brasil e no Mundo

Segundo Goldemberg (2010), energia é a capacidade de produzir


transformações em um sistema. A eficiência energética pode ser definida como
a baixa dependência de energia para a obtenção de um serviço (MILLER e
SPOOLMAN, 2013). O termo pode ser relacionado a uma série de atividades
que procuram fazer uso das fontes de energia da melhor forma possível, ou
seja, é a relação entre a quantidade gerada e a quantidade utilizada para a
realização de uma certa atividade.

Desde a Revolução Industrial, no século XVIII, a sociedade faz uso


de combustíveis fosseis para suprir suas demandas por energia. A Inglaterra
foi berço de tal Revolução por possuir muitas minas de carvão. (BENEDUCE,
2000)

No século XIX, a prioridade era para o carvão mineral. Várias


cidades do mundo já possuíam energia elétrica gerada por usinas a vapor e
por hidroelétricas de pequeno porte. (FILHO, 2009)

Com a descoberta do petróleo, no século XX, o consumo mundial de


energia foi completamente modificado. O uso de combustíveis fósseis tornou-
se comum, e como era um recurso abrangente na época, o valor era bastante
acessível. Desde então o consumo de energia cresceu quase 1 milhão de
vezes. (GOLDEMBERG, 2010)

No século atual, são utilizados 3 (três) combustíveis fosseis


principais para a geração de energia, o petróleo, o carvão mineral e o gás
natural, porém o abastecimento energético de origem fóssil vem contribuindo
bastante para a devastação do meio ambiente. O aumento da temperatura
terrestre e a poluição do ar são exemplos de agressões que o meio ambiente
27

vem sofrendo, devido a emissão de dióxido do carbono e dióxido de enxofre,


principais responsável pelo efeito estufa e pela chuva ácida, respectivamente.
(BENEDUCE, 2000)

Estima-se que os combustíveis fósseis são responsáveis pela


gerarão de mais de 80% da energia primária em 2008, enquanto que as fontes
renováveis só forneciam 13% da mesma. A Figura 2 mostra as principais
fontes de energia usadas pela população hoje, nela é possível notar o domínio
que o petróleo tem em relação as outras fontes, principalmente fontes
renováveis. (GOLDEMBERG, 2010)

Figura 2 – As principais Fontes de Energia Primária Utilizadas pela População

Fonte: Goldemberg, 2010

O atual sistema energético mundial tem uma dependência forte de


combustíveis fósseis, principalmente o gás natural e o carvão mineral, que são
derivados do petróleo. Estes liberam energia térmica com sua queima, tal
energia é convertida em mecânica e utilizada para movimentar máquinas e
motores, além disso tal queima é utilizada nas usinas termoelétricas para
geração de eletricidade. (BENEDUCE, 2000)

Os combustíveis fósseis possuem grande importância para a


sociedade, pois eles são de fácil armazenamento e transporte e são de fácil
28

extração, devido a existir vários pontos do planeta com depósitos dos mesmos.
Porém, existe o lado negativo, pois a grande maioria das reservas encontra-se
no Oriente Médio, o que torna-se, em parte, uma certa dependência de um
certo local. Além disso, não são infinitos, podendo vir a extinção. Estima-se
que, dos 2 trilhões de barris existentes no planeta, cerca de 45% a 70% já
foram explorados até 2010, do restante, 1,2 trilhão de barril, estima-se que se
esgotem dentro de 50 anos. (GOLDEMBERG, 2010)

Outro ponto negativo é em relação ao meio ambiente, em larga


escala, o consumo enérgico, principalmente proveniente de combustíveis
fosseis, é a principal fonte de emissão de gases do efeito estufa, como
indicado na figura 3, o aumento de gás carbônico na atmosfera faz com que os
raios solares, que deveriam ser refletidos em forma de infravermelho para o
espaço, fiquem retidos na atmosfera, causando o aumento da temperatura da
Terra. (BENEDUCE, 2000)

Figura 3 – Representação do Efeito Estufa

Fonte: Beneduce, 2000

Além dos combustíveis fósseis, há outras formas de gerar


eletricidade, com as usinas hidroelétricas, que fazem o uso da força da água
para a geração de energia. O Brasil é um dos países que mais utilizam esse
29

método no mundo, devido a sua grande expansão territorial e a sua disposição


de recursos hídricos para tal meio. (BENEDUCE, 2000)

Uma usina hidroelétrica é constituída por uma barragem para fazer a


retenção da água, uma turbina, que normalmente é colocada no pé da
barragem, os dutos que são responsáveis por conduzir a água até a turbina, o
vertedouro que regula o fluxo de água a ser derramada e ao gerador que é
ligado a turbina. (BENEDUCE, 2000)

A água liberada pelos dutos entra em queda livre ganhando força,


que por sua vez faz a turbina girar e o gerador é acionado, a partir dai uma
corrente eletromagnética é produzida, transformada e transmitida pela rede de
distribuição para que posa ser consumida. Quanto maior a queda maior será a
força e quanto maior a vazão liberada pelos dutos maior será a energia
produzida. (BENEDUCE, 2000)

Apesar de não gerar impacto ambiental no momento da produção de


energia, a implantação de hidroelétricas de grande porte também interfere no
meio ambiente, pois a construção de grandes represas e formação de lagos
prejudicam o fluxo dos rios e a migração de alguns peixes. Fora o risco de
rompimento da barragem que também deve ser levado em consideração.
(GOLDEMBERG e LUCON, 2011)

Além disso, a construção de usinas hidroelétricas de grande porte


não se dá próximo aos grandes centros consumidores, isso faz com que os
gastos com a transmissão de energia aumente, uma vez que se faz necessária
a construção de linhas de transmissão muito longas, além disso, quanto mais
longas forem as linhas, maior será as perdas de energia. (SILVESTRI e
TAKASARI, 2013)

Ademais, também existem as usinas termoelétricas, que são


fábricas de energia movidas por combustíveis fósseis (principalmente carvão
mineral e gás natural) e por lenha, porém esta é em pequena escala. As
termoelétricas apresentam vantagens como a instalação poder ser feita
próximo ao local de utilização, bem como poder ser transferida ou substituída
facilmente, além de apresentar custos menores comparados com as
30

hidroelétricas. No Brasil, o uso destas é pequeno, mas no mundo, as


termoelétricas são responsáveis por grande parte da eletricidade gerada.
(BENEDUCE, 2000)

A eficiência energética está diretamente ligada a utilização racional


de energia. Isto é, não usar os recursos disponíveis de forma descontrolada ou
desnecessária. Porém, esse conceito nem sempre é seguido, visto que as
nações priorizam crescer economicamente ao invés de promover políticas de
preservação do meio ambiente ligadas ao seu crescimento econômico.
(ANTONIO, 2016)

Desde o fim da guerra fria, em 1991, o capitalismo se expandiu,


tomando conta de basicamente todo o mundo. A tecnologia avançou, ainda
mais, tornando negociações e comunicações entre países mais fácil. O
consumo energético também aumentou bastante. Sistemas de transporte,
sistemas de produção industrial e a termeletricidade utilizam combustíveis
fosseis, quase que predominantemente. Tais combustíveis são um dos
principais emissores de gases poluentes e agravadores do efeito estufa.

Além da geração de energia através de combustíveis fosseis e


fontes não renováveis, há também a geração por meio de fontes renováveis
(Sol, vento, biomassa), estas são consideradas limpas e geram menos impacto
negativo ao meio ambiente.

A biomassa é toda matéria orgânica que pode ser usada para


produzir energia. Sua principal vantagem é que pode ser aproveitada de forma
direta através da combustão em fornos e/ou caldeiras. (ANEEL, 2002)

A biomassa gasosa pode ser usada em sistemas estacionários


alimentando de forma direta os motores e/ou turbinas. A biomassa com altos
níveis de umidade tais como esterco e lixo, podem ser convertidas em biogás,
através da digestão anaeróbica de algumas bactérias. E a produção de energia
por meio da biomassa sólida é bastante utilizada, como a geração de
eletricidade e calor pela queima de lenha, bagaço e outros resíduos agrícolas.
(GOLDEMBERG e LUCON, 2011)
31

A biomassa possui um enorme potencial para contribuir com o


fornecimento total de energia nas próximas décadas. No Brasil, as usinas de
açúcar e álcool já atingiram um estado de alto-suficiência em eletricidade e
calor através da cogeração, não dependendo mais de combustíveis fosseis
externos. A máxima produção de eletricidade atingida foi de 80 Kwh por
tonelada de cana.

A energia eólica é a energia obtida através da energia cinética


contida nas massas de ar em movimento. Seu aproveitamento decorre da
conversão dessa energia, por meio de aerogeradores, em energia elétrica.
(ANEEL, 2002)

A tecnologia para produção de eletricidade através da energia eólica


é altamente aprimorada, com grades desenvolvimentos nas áreas de controle,
aerodinâmica e materiais. (GOLDEMBERG e LUCON, 2011)

Segunda a ANEEL (2002), o custo dos equipamentos era um dos


principais obstáculos para o aproveitamento comercial da energia eólica porém
este caiu bastante entre os anos 1980 e 1990. Isso porque o desenvolvimento
tecnológico tem melhorado o desempenho e a confiabilidade dos
equipamentos, fazendo com que ocorresse uma queda nos custos.

A capacidade instalada de energia eólica em países da Europa,


principalmente Alemanha e Dinamarca, é comparável em magnitude com as
outras fontes tradicionais usadas por esses países. Tudo isso graças as
politicas de incentivo a essa tecnologia, que agrega um alto valor econômico
ao setor de serviços. (GOLDEMBERG e LUCON, 2011)

No Brasil, apesar de não se mostrar como uma fonte muito


competitiva no mercado, a energia eólica vem mostrando seu potencial. Em
agosto de 2017, a fonte atingiu 50% da geração de energia no Nordeste.

A energia solar é responsável por quase todas as outras fontes


(hidráulica, biomassa, eólica e combustíveis fósseis), que são formas indiretas
de energia solar. (ANEEL, 2002)
32

Ela pode ser utilizada diretamente como energia térmica ou pode ser
convertida de forma direta em energia elétrica. O aproveitamento térmico pode
ocorrer através da absorção ou penetração da radiação solar nas edificações,
para o caso de aquecimento ambiental, ou através do uso de coletores solares,
para o caso de aquecimento de fluidos. (ANEEL, 2002)

A conversão direta em eletricidade ocorre através de efeitos da


radiação sobre placas feitas com materiais semicondutores, esses efeitos são
o termoelétrico e o fotovoltaico. (ANEEL, 2002)

Apesar de serem apresentadas como energias limpas, a


hidroeletricidade e as formas de produção de energia através da biomassa,
também geram impactos ambientais, apesar de ser em menor grau. Além
disso, em uma visão geral, o desperdício é significativo mundialmente. (SENE
e MOREIRA, 2010)

O atual pensamento de crescimento econômico dos países tem que


está ligado obrigatoriamente ao desenvolvimento sustentável. A utilização de
energias oriundas de fontes renováveis é uma das formas mais eficientes de
reduzir o consumo de energia de fontes que necessitam de combustíveis
fosseis.

Dentro desse cenário, a utilização de energias renováveis tem


mostrado participação no consumo mundial. Segundo a Agencia Internacional
de Energia, esse consumo aumentou de 0,1% para 0,7% entra 1973 e 2007.
(SENE e MOREIRA, 2010)

No Brasil não é diferente, o país é dependente de duas fontes de


energia: hidráulica e térmica, a maior parte da energia elétrica brasileira é
oriunda das usinas hidrelétricas, correspondem cerca de 65% de toda a
capacidade instalada de energia elétrica. (TIRAPELLE, MURA e FRAZÃO,
2013)

Porém, apesar desse grande potencial, nem todas as localidades


são servidas. As principais regiões não atingidas são a Norte e a Nordeste,
principalmente na área rural. Segundo Beneduce (1999), enquanto que 61,7%
das propriedades da Região Sul e 47% da Sudeste recebem energia elétrica,
33

as Regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte recebem 28,2%, 11,1% e 1,8%


respectivamente.

É imprescindível que tais regiões passem a receber energia elétrica,


uma vez que os altos índices de analfabetismo e menores índices de
desenvolvimento dessas localidades podem vir a diminuir e aumentar,
respectivamente. Além disso, a energia pode gerar empregos, proporcionar
estudos noturnos e levar informações a todos, através das telecomunicações.
Em tese, a energia é uma motivação para o desenvolvimento.

Diante disso, é necessário que haja uma diversificação na matriz


energética do país, uma vez que as fontes principais geradoras de energia do
Brasil ocasionaram impactos ambientais consideráveis. (TIRAPELLE, MURA e
FRAZÃO, 2013)

Quanto ao uso de energias renováveis, é importante que haja o


incentivo de investidores e empreendedores do setor energético para que o
planejamento energético do país siga planos estratégicos e mapeamentos
alternativos, buscando fazer melhor uso dos recursos que são assistidos pelo
Brasil, em relação a fontes renováveis de energia.

O território brasileiro localiza-se 90% em território tropical, o que


propicia o desenvolvimento de energias “limpas”. Ou seja, o Brasil tem
potencial de sobra para desenvolver estratégias que usem a energia solar, por
exemplo, como uma das fontes geradoras de energia. Se compararmos com
outros países, como a Alemanha por exemplo, somente o estado de Santa
Catarina tem um potencial de 30% a mais que o país. (OLIVEIRA, 2015).
Entretanto a Alemanha é o país que mais faz uso de energia solar para a
geração de energia elétrica. (PEREIRA, 2016)

2.4. Energia Solar

Para que a dependência dos combustíveis fósseis seja eliminada, o


ideal seria buscar fontes renováveis para gerar energia, uma vez que tais
fontes não se esgotaram. Um exemplo de uma fonte renovável é o Sol. O Sol é
34

uma enorme bomba de hidrogênio em constante explosão, que distribui sua


energia pela natureza de maneira exuberante. Além disso, é o responsável por
quase todas as outras fontes de energia na Terra. (VIDAL, 1978)

De acordo com Pinho e Galdino (2014, p. 47):

É a partir da energia do Sol que se dá a evaporação, origem do ciclo das


águas, que possibilita o represamento e consequente geração de
eletricidade (hidroeletricidade). A radiação solar também induz a
circulação atmosférica em larga escala, causando os ventos. Assim,
também a energia eólica é uma forma indireta de manifestação da
energia solar, já que os ventos se formam a partir da conversão da
radiação solar em energia cinética, em função de um balanço
diferenciado nas diferentes latitudes entre radiação solar incidente e
radiação terrestre emitida. Petróleo, carvão e gás natural foram gerados a
partir de resíduos de plantas e animais que originalmente obtiveram do
recurso solar a energia necessária ao seu desenvolvimento. É também
através da energia do Sol que a matéria orgânica, como a cana-de-
açúcar, realiza a fotossíntese e se desenvolve para posteriormente, ser
transformada em combustível nas usinas.

A Energia Solar é a energia proveniente da luz e do calor do Sol, ou


seja, é uma fonte derivada do Sol na forma de radiação, sendo esta
considerada uma fonte de energia renovável e sustentável. Pode ser adquirida
direta ou indiretamente, além de sistemas passivos ou ativos.

Segundo Beneduce (1999), a energia solar é uma das fontes que


mais teve avanços tecnológicos nas últimas décadas. O potencial solar
incidente sobre o planeta Terra é equivalente a 4 trilhões de MW (megawatts),
esse número representa mais de 30000 vezes o consumo de energia do
Planeta. Além disso, o uso dessa fonte pode trazer benefícios como a ajuda no
combate a emissão de gases poluentes provocadores do efeito estufa, além de
reduzir a dependência dos combustíveis fosseis, como por exemplo, o petróleo
e seus derivados.

Considerada como inesgotável, devido a sua origem, em


comparação a outras fontes de energia usadas atualmente, visto que estas
tendem a se esgotar algum dia. A Figura 4 indica o potencial da energia solar
em relação as demais fontes, tanto renováveis quanto não-renováveis.
35

Figura 4 - Potencial da Energia Solar Diante das Demais Fontes Utilizadas pelo
Homem

Fonte: Pereira, 2016

A localização privilegiada no Brasil e sua grande expansão territorial


são de extrema importância para a disseminação da energia solar no país. Os
níveis de radiação recebidos pelo território brasileiro são muito maiores do que
em países que hoje são expoentes do uso de energia solar. Por exemplo. A
radiação solar incidente em qualquer região varia de 4200 e 6700 Kwh/m²/ano,
já em países como a Alemanha, a França e a Espanha as radiações incidentes
são de 900 a 1250 Kwh/m²/ano, 900 a 1650 Kwh/m²/ano e 1200 a 1850
Kwh/m²/ano, respectivamente. (SILVA, 2015)

A figura 5 mostra os índices de radiação solar no decorrer do


território brasileiro. É possível notar que a menor irradiação é em parte de
estado de Santa Catarina e a maior compreende boa parte da Bahia, Minas
Gerais, parte da Região Centro-Oeste e Nordeste.
36

Figura 5 – Índices de radiação solar no território brasileiro

Fonte: Silva, 2015

Para propósitos de engenharia, a energia solar pode ser térmica ou


fotovoltaica.

2.4.1. Energia Solar Térmica

A energia solar térmica utiliza equipamentos com objetivo específico


de captar e armazenar a energia. Estes são os coletores solares, eles são
aquecedores de fluidos, tanto líquidos como gasosos e podem ser coletores
concentradores ou coletores planos. (PINHO e GALDINO, 2014)

Os coletores solares concentradores são usados quando se exige


atingir temperaturas superiores a 100ºC, são comumente utilizados para
acionar turbinas a vapor e produzir eletricidade, posteriormente. Já os coletores
planos são empregados em aplicações residenciais e comerciais, eles são
usados para aquecer a água em residências, hospitais e hotéis, com o intuito
37

de diminuir o consumo de energia elétrica e de gás. (PINHO e GALDINO,


2014)

A figura 6 mostra a evolução do mercado brasileiro de aquecedores


solares. Nota-se que a utilização desse tipo de energia vem crescendo
bastante no decorrer dos anos.

Figura 6 – Evolução do Mercado Brasileiro de Aquecedores Solar

Fonte: Pinho e Galdino, 2014

2.4.2. Energia Solar Fotovoltaica

A energia solar fotovoltaica é obtida através da conversão direta da


luz solar em eletricidade, através do efeito fotovoltaico, que ocorre devido a
excitação dos elétrons de alguns metais, dentre eles o silício ganha maior
destaque.

O efeito fotovoltaico foi observado pela primeira vez pelo físico


Alexandre-Edmond, em 1839, o qual teve característica pelo aparecimento de
uma diferença de potencial nas extremidades de um semicondutor devido à
absorção de luz. (SERAFIM, 2015)
38

O efeito fotovoltaico ocorre quando os elétrons absorvem a energia


solar necessária para romper a banda de valência e entra na banda de
condução. Nesta eles encontram liberdade para interagir eletronicamente com
sua vizinhança. Logo é formado um campo elétrico que acelera os elétrons e
favorece o deslocamento das cargas, dessa forma a corrente elétrica é gerada.
(RIBEIRO, 2012)

As placas de silício são montadas em painéis solares, visando sua


proteção e durabilidade, e sua medida é feita pela proporção da radiação solar
que reflete sobre a superfície do painel. Além de este efeito ainda possuir como
principal obstáculo o seu custo elevado, é considerada a fonte que mais cresce
no mundo, além disso a experiência que vem sendo adquirida na produção de
células solares, pode vim a reduzir o custo do material.

Nos últimos onze anos, o crescimento anual da indústria de células


fotovoltaicas foi de 54,2%. A Alemanha possui o maior mercado de módulos
fotovoltaicos seguida da Itália, Porém, a China e a Índia vêm mostrando um
crescimento expressivo, devido a políticas favoráveis, preços baixos dos
módulos e programas de eletrificação rural em larga escala. (PINHO e
GALDINO, 2014)

No Brasil, o potencial de energia solar fotovoltaica chega a ser maior


que o consumo total de energia elétrica do país, mas apesar de todo esse
potencial, há a falta de tecnologia necessária para a transformação da radiação
solar em energia elétrica, uma vez que por falta de investimentos, não há
fabricação em larga escala. (OLIVEIRA, 2015)

Atualmente, o custo das células fotovoltaicas ainda é o principal


desafio para a indústria, além de grande obstáculo para a disseminação dos
sistemas fotovoltaicos em larga escala. Entretanto, a tecnologia está se
tornando cada vez mais competitiva, uma vez que a preocupação com os
impactos ambientais está bem maior do que há alguns anos, além do preço
das demais formas de produção de energia estar ficando mais elevado.
39

2.5. Sistemas Fotovoltaicos

O Sistema Fotovoltaico é um conjunto de equipamentos, os quais


possuem a finalidade de transformar a energia solar em elétrica, disponibilizando a
mesma para uso em cargas contínuas ou alternadas, em períodos em que haja
incidência solar ou não. (RIBEIRO, 2012)

A montagem de um sistema fotovoltaico se dá com os seguintes


materiais: painel solar, também chamado fotovoltaico, baterias acumuladoras,
sistema de regulagem, supervisão e controle (SRSC), condicionadores de energia,
estes são inversores ou conversores. Além disso, faz-se necessário um sistema
de aquisição e monitoramento de dados. (RIBEIRO, 2012)

Os painéis fotovoltaicos ou painéis solares são dispositivos usados para


converter a energia solar em energia elétrica, de forma direta. Os painéis são
constituídos por um conjunto de módulos fotovoltaicos. Os módulos são as
unidades principais do sistema fotovoltaicos, pois eles são responsáveis pela
conversão da energia solar em elétrica. Um módulo é composto por células
fotovoltaicas conectadas em série ou paralelo. (RIBEIRO, 2012)

As células fotovoltaicas são dispositivos elétricos de estado sólido que


transformam a radiação solar em energia elétrica através do efeito fotovoltaico,
essas células possuem também uma camada de material antirreflexo que é
necessário para o aumento da absorção de luz. (BENEDUCE, 1999)

Segundo Ribeiro (2012), essas células podem ser arranjadas em série


ou em paralelo. As células arranjadas em série são mais adequadas para projetos
que exigem maior fornecimento de tensão, uma vez que soma-se as tensões de
cada uma delas. Ou seja, quando mais células, maior será a tensão. Já as que
são montadas em paralelo são mais uteis para projetos que necessitem uma
corrente maior, visto que nesse caso as correntes do circuito que serão somadas.

Com um conjunto de células fotovoltaicas tem-se um módulo


fotovoltaico e com um conjunto de módulos tem-se um painel solar A figura 7
representa a hierarquia da montagem de um sistema fotovoltaico. (RIBEIRO,
2012)
40

Figura 7 – Hierarquia do Sistema Fotovoltaico

Fonte: Ribeiro, 2012

Os materiais usados mais frequentemente para a produção dessas


células são o silício cristalino e o arsenieto de gálio, porém o silício vem sendo a
opção mais econômica. (BENEDUCE, 1999)

Os tipos de células fotovoltaicas a partir do silício podem ser:


(MACHADO E MIRANDA, 2014)

a) Silício Monocristalino: é considerado o mais eficiente em conversão


fotovoltaica, de 12% a 15%, fornece um bom custo/benefício e requer menor
área de captação de luz. É comercializado como conversor direto de energia
solar em eletricidade. É considerado o de maior custo, devido ao seu
processo de produção ser bastante complexo.
b) Silício Policristalino: possui eficiência média, entre 11% e 14%, e tem vida útil
menor em relação ao monocristalino, porém apresenta um menor custo, pois
seu processo de fabricação é mais simples e consome menos tempo e
energia.
41

c) Silício Amorfo: possui baixa eficiência, entre 6% e 7%, e requer grandes


áreas de captação solar. Porém vem apresentando grande vantagem tanto
nas propriedades elétricas quanto no processo de fabricação. Apresenta
baixo custo, os módulos são mais flexíveis, mais leves e mais versáteis.

As características dos painéis são que estes são geradores de corrente


contínua, reagindo na presença de luz, fazendo que haja deslocamento de
elétrons, os painéis apresentam tempo de vida útil e de confiabilidade
prolongados, e sua instalação não exige mão de obra especializada, apenas
noções básicas de eletricidade, funcionam automaticamente na presentam de luz,
e param de funcionar na ausência dela. Além disso, a manutenção principal
necessária é a limpeza simples dos painéis para permitir a maior penetração de
luz. (BENEDUCE, 1999)

Para a formação dos módulos fotovoltaicos, há uma conexão das


células em série através de filamentos condutores e isoladas em folhas de EVA
(acetado de vinil etileno), em seguida recebem uma cobertura frontal de vidro
temperado e uma proteção. Na parte posterior recebem um filme de PVF (fluoreto
de polivinila). Todo esse conjunto laminado é montado em um perfil metálico,
geralmente alumínio. (MACHADO E MIRANDA, 2015)

A figura 8 representa o esquema do módulo fotovoltaico.

Figura 8 – Esquema do Módulo Fotovoltaico

Fonte: Machado e Miranda, 2015


42

Segundo Oliveira (2015), os principais componentes do sistema


fotovoltaico são: os painéis, seus respectivos suportes, o controlador de carga
para as baterias e o banco de baterias, além do inversor que é colocado entre as
baterias e o consumidor. Este é responsável por converter a corrente continua em
alternada. A figura 9 representa um esquema do funcionamento do sistema
fotovoltaico.

Figura 9 – Funcionamento do Sistema Fotovoltaico

Fonte: OLIVEIRA, 2015

O gerenciamento da carga gerada pelo sistema fotovoltaico é


gerenciada através do SRSC. Este tem como principal finalidade garantir o
funcionamento de forma correta do sistema, gerenciando as cargas e realizando
ações de controle.

Segundo o Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos (2014),


o SRSC trata-se de um gabinete contendo reguladores, circuitos de supervisão e
alarmes e diodos de bloqueios. Ele é responsável pela integração elétrica dos
painéis e das baterias. Os reguladores são responsáveis por desconectar ou
reduzir a corrente dos painéis, eliminando a condição de sobrecarga das baterias
43

e os diodos de bloqueio tem a função de impedir que a energia armazenada pelas


baterias seja descarregada. (PINTO e GALDINO, 2014)

O sistema de painéis fotovoltaicos apresenta vantagens por não gerar


nenhum tipo de efluente sólido, líquido ou gasoso na produção de eletricidade,
além de poder armazenar a energia gerada em baterias para que esta possa ser
usada na ausência de radiação solar. Como desvantagem pode-se citar o custo
elevado na produção do sistema, devido a tecnologia envolvida ser um pouco
avançada e por falta de investimentos na mesma.

Os sistemas de painéis fotovoltaicos podem ser do tipo isolado e do tipo


conectado à rede. O Sistema Fotovoltaico Isolado (SFI) é mais utilizado em
regiões onde a rede de distribuição de energia não atende a demanda, geralmente
em áreas rurais. Podem gerar energia apenas para uma residência ou pode ser
instalado também como uma mini-rede para atender a uma comunidade pequena.
Para a utilização de tal sistema faz-se necessário o armazenamento da energia
elétrica em baterias para que esta seja utilizada posteriormente, quando não
houver luz solar. (TIRAPELLE, MURA e FRAZÃO, 2013)

O Sistema Fotovoltaico Conectado À Rede (SFCR) é constituído


apenas pelo painel fotovoltaico e por um inversor de energia, nesse tipo de
sistema não é necessário o armazenamento de energia. A energia gerada pelo
sistema é colocada em paralelo com a energia que vem da concessionária, logo
esta é vista como elemento armazenador de energia. Pode ser de grande porte,
que são as usinas solares e de pequeno porte, que são descentralizadas e
instaladas em edificações. A figura 10 mostra um sistema fotovoltaico conectado à
rede instalado em uma residência
44

Figura 10 – SFCR instalado em uma residência

Fonte: Tirapelle, Mura e Frazão. 2013

2.5.1. Custos

Para que seja analisado o custo real de implantação do sistema


fotovoltaico é de fundamental importância contabilizar além dos custos
referentes aos painéis, custos de instalação e manutenção, bem como o custo
financeiro do investimento, a vida útil do produto e a potencia instalada que os
mesmos produzem. (OLIVEIRA, 2015)

Desde 2000, os custos de investimento, no âmbito mundial, mostram


uma larga redução. Segundo o Manual de Engenharia para Sistemas
Fotovoltaicos (2014), um estudo feito pelo Laboratório Nacional Lawrence
Berkeley, localizado na Califórnia, mostrou que os custos com potencias entre
2 e 5 KWp são 64% mais altas nos Estados Unidos do que na Alemanha, isso
porque os países europeus tendem a desenvolver preços abaixo do que os
observados em outros locais do mundo, devido à maior capacidade de geração
já instalada nos países da Europa, à regulação e à simplificação dos
procedimentos para a instalação dos sistemas.
45

A figura 11 apresenta a evolução da capacidade fotovoltaica


instalada na Alemanha, que atingiu um total acumulado de 24,8 GWp obtido no
ultimo trimestre de 2011.

Figura 11 - Evolução da capacidade fotovoltaica total instalada na Alemanha

Fonte: Pinho e Galdino, 2014

Apesar disso, os Estados Unidos também vêm apresentando


quedas nos preços dos Sistemas Fotovoltaicos. O preço do conjunto completo
(painel e inversor) para instalações comerciais e industriais podem ser
encontrados entre US$ 2,32/Wp para sistemas de 50 Kw e de US$ 1,90/Wp
para potencias superiores a 1000 Kw. Contudo, esses preços não incluem os
custos de operação e manutenção, que são estimados em 20% do custo total
do investimento. (PINHO e GALDINO, 2014)

A tabela 1 apresenta o custo total de investimento em um Sistema


Fotovoltaico para diferentes potencias.
46

Tabela 1 – Custo de Investimento em Sistemas Fotovoltaicos (US$/Wp)

Fonte: Pinho e Galdino, 2014

O preço dos módulos fotovoltaicos tem se mostrado como principal


responsável pela queda apresentada nos preços de investimento dos Sistemas
Fotovoltaicos, visto que os países da Europa, os Estados Unidos, e a China,
mais recentemente, apresentaram uma significativa elevação na produção dos
módulos. Entretanto, no Brasil o preço dos módulos representa quase 50% dos
custos de instalação do sistema. (PINHO e GALDINO, 2014)

Já os custos dos inversores representam 30% do custo do sistema.


Para potencias entre 7 e 100 KW, o preço unitário do inversor chega a 0,50
US$/W, mostrando uma redução para 0,40 US$/W para potencias acima de
300 KW e para 0,30 US$/W para potencias acima de 500 KW. (PINHO e
GALDINO, 2014)

Porém, alguns países da Europa vêm apresentando significativo


aumento no preço dos inversores, isso porque a tecnologia de
desenvolvimento dos inversores evoluiu muito nos últimos anos, fazendo com
que a eficiência dos mesmos aumentasse. Com isso, ocorre menos perdas na
conversão de corrente contínua para corrente alternada. Logo, o aumento dos
preços pode ser compensado pelo aumento da geração final de energia
elétrica. (PINHO e GALDINO, 2014)

Quanto aos demais equipamentos do sistema, sendo esses


equipamentos elétricos auxiliares, estruturas de sustentação, cabos, conexões,
disjuntores, projeto básico e executivo, despesas com licenciamento e
operação e manutenção, tem seu valor representado pela soma dos custos dos
módulos e inversores. (PINHO e GALDINO, 2014)
47

No Brasil, os custos de investimento de um Sistema Fotovoltaico são


representados, simplesmente, pela nacionalização dos custos internacionais,
associados aos impostos brasileiros incidentes sobre os
equipamentos/materiais e serviços necessários para a implantação dos
Sistemas no país. (PINHO e GALDINO, 2014)

Como os módulos e inversores são geralmente importados, a carga


tributária incidente chega a 25% dos valores de referencia internacional. A
figura 12 apresenta o preço nacionalizado para os mesmos equipamentos e
custo de instalação/montagem apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 – Custo Nacionalizado de investimento de um Sistema Fotovoltaico


(R$/Wp)

Fonte: Pinho e Galdino, 2014

No Brasil existem vários programas de incentivo para a


disseminação dos painéis solares, tais incentivos envolvem benefícios
tributários e subsídios direto e indireto. Em maio de 2012, a EPE (Empresa de
Pesquisa Energética) publicou uma nota técnica analisando possibilidades
econômico-financeiras para incentivar a entrada da energia solar no mercado
energético nacional, tal análise visava o amadurecimento do mercado interno
do país. (SILVA, 2015).

A primeira possibilidade de incentivo seriam condições especiais de


financiamento. Tais condições seriam ofertadas por um programa de apoio a
eficiência energética que ira financiar em até 80% das instalações residenciais.
Logo, a taxa de juros associada a este tipo de empréstimo resultaria em cerca
de 4% a.a. em termos reais. (EPE, 2012)
48

A segunda possibilidade seria o incentivo no imposto de renda, visto


que é muito utilizado em países estrangeiros. Este traria um importante papel
na disseminação da tecnologia fotovoltaica no país. E a terceira possibilidade
seria o incentivo fiscal nos equipamentos, na instalação e na montagem, este
isentaria os painéis solares de qualquer imposto, inclusive de importação,
porém não haveria desoneração fiscal para inversores e demais equipamentos
que podem ser fabricados no Brasil. (EPE, 2012)

Ao final, a análise da Nota Técnica concluiu que o incentivo no


imposto de renda traria maior impacto, pois possibilitaria a redução nos custos
em até 23%, porém todos os tipos de incentivos mostram sua devida
importância, uma vez que os custos de produção no país ainda mostram-se
inoportunos. (EPE, 2012).

Além dessas publicadas pela Nota Técnica da EPE, existem


também benefícios tais como o Programa Luz para Todos, que visa instalar
painéis solares em comunidades que não tem acesso à energia elétrica. Há
também o desconto de até 80% do valor na Tarifa de Uso dos Sistemas de
Transmissão e de Distribuição para empreendimentos cuja potência injetada
seja menos ou igual a 30000 Kw. (SILVA, 2015)

Para que a viabilidade econômica seja analisada deve-se levar em


consideração duas vertentes: a geração centralizada e a distribuída. A geração
centralizada é aquela que possui maior escala e que está conectada a uma
linha de transmissão que leva a eletricidade até a rede distribuidora. Já a
distribuída é conectada diretamente na rede distribuidora onde se dá o
consumo. (SILVA, 2015)

O custo de investimento para uma usina solar (geração


centralizada), com uma potência superior a 1 MW seria de R$4000/KWp a
R$6000/KWp, logo o preço da energia elétrica seria de R$300/MWh a
R400/MWh. Já para a geração distribuída, ou seja, instalada diretamente em
uma residência, por exemplo, sria R$602/MWh para uma potencia de 5 KWp e
R$541/MWh para 10 KWp. Para o comércio, o custo seria de R$463/MWh para
uma potencia de 100 KWp e para a indústria R$402/MWh, para 1000KWp.
49

O quadro 1 traz um comparativo dos valores do custo de


investimento para a geração centralizada (usina) e para geração distribuída
(residência, comércio e indústria).

Quadro 1 – Comparativo dos Valores do Custo de Investimento para


Geração Centralizada e para a Geração Distribuída

Quadro Comparativo
Usina Residência Comércio Indústria
5 KWP - R$ 602/MWh - -
10 KWp - R$ 541/MWh - -
100 KWp - - R$ 463/MWh -
1000 KWp R$300/MWh - - R$ 402/MWh
Fonte: Elaborado pela Autora, 2017

Uma nota técnica divulgada pala Aneel (Agencia Nacional de


Energia Elétrica), em 2012 mostra que a fonte solar já seria competitiva em
alguns estados do Brasil, pois eles apresentam custos inferiores à tarifa
praticada por algumas distribuidoras de energia. Além disso, o custo de
instalação em 2014, apresentou-se 12% menor do que os preços de 2012.
(SILVA, 2015)

O custo de aquisição dos equipamentos ainda continua sendo a


principal causa da não competitividade de mercado de tal fonte renovável.
Contudo, evidencias mostram que os preços dos painéis estão caindo e podem
cair ainda mais. Estudos apontam que os custos de instalação do sistema para
segmentos residencial, comercial e planta centralizada deverão cair, entre
2010 e 2020, 48,7%, 46,3% e 54,8%, respectivamente.

Além disso, a simplicidade de instalação do sistema (principalmente


em geração distribuída), a abrangência de radiação solar no território brasileiro
e a manutenção facilitada do sistema podem ser grandes contribuintes para a
redução dos preços.
50

3. ESTUDO DE CASO

Para a realização do estudo de caso do presente trabalho foi


selecionada uma empresa, que atua no ramo da construção civil, considerada
como a pioneira no país no uso de energias limpas (solar e eólica) em seus
empreendimentos comercial e residencial. Foi considerada a primeira do Ceará a
adotar o conceito ecológico em todos os detalhes de um empreendimento, que
são um grande diferencial da empresa no mercado da construção civil.
(FORNECIDO PELA EMPRESA, 2017)

Tais práticas ecológicas concederam à empresa certificações de


qualidade como a ISO 9001 e o PBQO-H (Programa Brasileiro da Qualidade e
Produtividade do Habitat), que possui metas como a melhoria da qualidade do
habitat e a modernização produtiva. (FORNECIDO PELA EMPRESA, 2017)

O empreendimento que foi usado como objeto de estudo fica localizado


na Avenida Washington Soares, bairro Edson Queiroz, Fortaleza. Neste local é
onde se encontra o escritório da empresa. O mesmo dispõe de um sistema
fotovoltaico conectado à rede, ou seja, a potencia produzida pelo sistema é
injetada diretamente na rede elétrica convencional.

O sistema foi instalado no ano de 2014, inicialmente como um teste,


visto que a empresa pretendia começar a adotar algumas práticas sustentáveis
nos empreendimentos que seriam lançados a partir de então. A empresa decidiu
optar por esse tipo de sistema por ser uma questão de conceito do
empreendimento e da instituição, além de ser uma tentativa de conscientização
dos clientes, para com os problemas ambientais e suas soluções.

Além disso, houve também a ideia de disseminação do conhecimento e


o interesse dos clientes, para que eles vissem a simplicidade e possibilidade de
instalação de um sistema dessa natureza.

O sistema fotovoltaico foi adquirido por meio de uma empresa do


estado do Ceará. O estado é isento de ICMS (Imposto sobre Circulação de
Mercadoria e Serviço), ou seja, não há tributação na energia solar que é injetada
na rede elétrica. Desta forma, tenta-se tornar a aquisição desses equipamentos
um pouco mais acessível.
51

O sistema é composto por cinco painéis solares, um inversor e um


controlador de carga, que ficam vinculados em um mesmo quadro de carga que são
responsáveis por distribuir a energia elétrica gerada para o empreendimento e
monitorar a carga cerada durante a vida útil do produto.

Cada painel possui uma dimensão de 2x1 metros e foram fixados em uma
laje impermeabilizada do empreendimento. Juntos os painéis ocupam uma área de
aproximadamente 10 metros quadrados. A figura 12 mostra os painéis instalados
sobre a cobertura do empreendimento.

Figura 12 – Painéis Fotovoltaicos Instalados sobre a Cobertura do


Empreendimento

Fonte: Fornecido pela Empresa, 2017

Cada painel é composto por um conjunto de módulos fotovoltaicos, e


estes são compostos por um conjunto de células fotovoltaicas que são conectadas
em arranjos para produzir tensão e corrente suficientes para utilizar a energia,
além disso, os módulos também são responsáveis pela proteção da célula.

As células fotovoltaicas do sistema instalado no empreendimento são


de silício policristalino, estas são encapsuladas por uma camada de vidro que as
protege contra intemperes do local de instalação. Esse conjunto (célula
fotovoltaica + camada de vidro) foi colocado em um perfil de alumínio que serviu
de suporte para o módulo.

A estrutura de fixação dos painéis é uma parte fundamental para o


sistema fotovoltaico, pois impacta diretamente no processo de instalação. Se
instalado corretamente, ele irá promover segurança contra a ação dos ventos e da
52

chuva, além de possibilitar uma correta acomodação dos módulos para que possa
ser feito o arranjo entre eles. A figura 13 mostra o suporte de alumínio no qual
estão fixados os painéis.

Figura 13 – Suporte de Alumínio dos Painéis Fotovoltaicos

Fonte: Fornecido pela Empresa, 2017

O funcionamento dos painéis se dá da seguinte forma: o painel solar


reage com a radiação solar e produz eletricidade. Eles são conectados uns nos
outros e então, ao inversor. O inversor é situado entre os painéis geradores de
energia e o ponto de fornecimento da rede distribuidora, ele converte a energia
dos painéis de corrente continua para corrente alternada de acordo com as
características da rede elétrica convencional, sincronizando e injetando na
mesma.

A energia que sai do inversor vai para o quadro de luz do


empreendimento e assim é distribuída para que possa ser utilizada. Todos os
equipamentos que são conectados em qualquer tomada do local pode utilizar a
53

energia gerada pelos painéis. A figura 14 mostra o processo de funcionamento do


sistema instalado no empreendimento.

Figura 14 – Processo de Funcionamento do Sistema Fotovoltaico do


Empreendimento

• Reagem com a radiação solar


• Produzem energia elétrica
Painéis

• Converte a corrente vinda dos painéis, de acordo


com as características da rede convencional
Inversor

• Recebe a corrente do inversor


Quadro de • Distribui para o empreendimento
Luz

Fonte: Elaborado pela Autora, 2017

No caso de se produzir mais energia do que o consumo, este excesso


pode virar “créditos de energia” e ser utilizado nos próximos meses. Entretanto, o
sistema instalado no empreendimento estudado não gerou créditos, pois, por
possuir uma demanda de energia muito alta, toda geração é utilizada. Ou seja, no
período noturno, quando não há Sol, a energia do empreendimento é
automaticamente suprida pela concessionária.

Não houve um dimensionamento prévio para a instalação do sistema, a


demanda total do empreendimento na época da instalação era de 10.000
KWh/mês e a produção média do sistema era de 150 KWh/mês, ou seja, cerca de
1,5% da demanda total. A empresa tinha o conhecimento de que a demanda de
energia não seria suprida, entretanto o número de painéis não foi aumentado por
uma questão de custos.
54

O sistema instalado no empreendimento é do tipo Conectado à Rede,


como citado antes. Nesse caso o uso do inversor de energia é indispensável, pois
é o responsável por transformar a corrente alternada que vem da energia gerada
pelos painéis em corrente continua. Além disso, deve possuir características
especificas de acordo com as exigências da concessionária de distribuição, em
termos de segurança e qualidade.

A figura 15 mostra o quadro contendo o controlador de carga e o


inversor, que são responsáveis por distribuir a energia para o empreendimento. O
inversor e o controlador de carga estão juntos no esmo quadro, este possui um
painel que exibe toda a geração do sistema durante sua vida útil, assim como a
geração do dia anterior e do dia atual. A ligação dos painéis vem até ele através
de um tubo pela parede, em seguida os cabos são conectados ao quadro de luz
do escritório localizado logo abaixo, e assim é feita a distribuição para todo o
empreendimento.

Figura 15 – Quadro contendo o controlador de carga e o inversor do


sistema fotovoltaico instalado no empreendimento

Fonte: Fornecido pela Empresa, 2017


55

Os painéis que constituem o sistema instalado no empreendimento estão


conectados em série, isso significa que o terminal positivo de um dos painéis está
conectado ao terminal negativo do outro e assim por diante. Como os painéis são
idênticos e estão expostos a mesma quantidade de radiação por dia, as tensões
produzidas por eles são somadas, porém a corrente não é afetada, logo pode-se
considerar que o sistema possui correntes elétricas individuais iguais.

Além disso, as tensões de um sistema conectado em série são somadas,


logo esse tipo de sistema fornece uma maior tensão para o empreendimento. A
figura 16 mostra um exemplo de uma das ligações feitas entre os painéis
instalados no empreendimento.

Figura 16 – Ligação dos painéis fotovoltaicos associados em série

Fonte: Fornecido pela Empresa

Considerando a instalação do sistema, esta deve ser muito bem


planejada e executada no intuído de proporcionar confiabilidade e bom
desempenho dos Sistemas Fotovoltaicos, para que o mesmo apresente resultados
satisfatórios.

Para o empreendimento escolhido como objeto de estudo, os painéis


foram instalados sobre a cobertura da edificação. A vantagem é que assim eles
estão menos expostos a situações de sombreamento e necessitam de uma
56

estrutura de suporte mais simples. Além disso, a incidência solar na cidade de


Fortaleza possibilita uma ótima trabalhabilidade dos painéis, após o período da
quadra chuvosa da cidade, os painéis tendem a trabalhar até 10 horas seguidas
por dia.

O sistema foi instalado depois da construção do empreendimento, ou


seja, o mesmo já estava em funcionamento havia algum tempo. Optou-se por essa
tecnologia, pois o maior marketing da empresa passou a ser o uso de práticas
sustentáveis. Logo, a proposta de atrair clientes, apresentando que é simples e
possível ampliar o sistema, foi o pontapé inicial.

Já em termos de manutenção, esta se dá de forma rápida e simples,


visto que os painéis não necessitam de equipe ou materiais especializados para
sua manutenção. Eles podem funcionar durante toda sua vida útil, com apenas
limpezas simples, como aplicar sobre eles um pano umedecido em água.

3.1. Apresentação dos Dados

Para desenvolvimento do estudo de caso, escolheu-se como instrumento


de pesquisa a entrevista semiestruturada. A entrevista foi feita com uma
engenheira funcionária do empreendimento escolhido. Com base na pesquisa
bibliográfica desenvolvida anteriormente, foram elaboradas perguntas (ver
apêndice) a respeito do sistema fotovoltaico instalado no empreendimento.

As perguntas foram organizadas de acordo com alguns tópicos que


serão apresentados a seguir, contendo, cada um deles, os respectivos
comentários do entrevistado.

a) Instalação e os custos envolvidos na mesma:

O valor total investido foi de R$12.500,00, compreendendo materiais e


mão de obra. A instalação foi feita pelo próprio fabricante e não houve custo
adicional.
57

A conexão com a rede foi feita da seguinte forma: os painéis foram


associados em série, logo usam a mesma corrente, por isso só foi necessário o
uso de um inversor, que por sua vez foi conectado no quadro de carga e distribui a
eletricidade para o empreendimento, o restante da demanda que o sistema não
alimenta é vinda da concessionaria.

A produção de energia foi monitorada por um quadro composto pelo


inversor e controlador de carga. Neste quadro, são mostradas a geração de
energia do dia atual, do dia anterior, e o total gerado durante toda a vida útil do
sistema. Durante os dias de funcionamento do empreendimento, um funcionário
da empresa registra a geração de energia dos painéis daquele dia em uma
planilha eletrônica, sempre no fim da tarde, assim a anotação é praticamente o
total da geração daquele dia.

Cada painel tem uma potencia de 265 W, e o inversor é de 1500W. Eles


produzem, em média, 5,5 KWh/dia.

Não houve demora por parte da concessionária em relação a instalação


do sistema. Como a geração dos painéis seria totalmente usada, não foi preciso
uma autorização legal da concessionária.

b) Manutenção e os custos envolvidos:

A manutenção realmente se mostrou bem simples. A limpeza dos painéis


se dá apenas com pano umedecido em água. Sem precisar de equipe
especializada, o custo é praticamente zero. Durante esses 3 anos (2014-2017) de
funcionamento, o sistema fotovoltaico instalado no empreendimento não passou
por nenhuma manutenção.

Há um controle de verificar diariamente se o mesmo está gerando


normalmente, caso ele apresente alguma redução na geração verifica-se se
ocorreu algum tipo de sombreamento ou outro objeto que tenha se sobreposto a
eles. Caso não, um técnico responsável seria chamado para verificar o
funcionamento do sistema. O que não ocorreu até o atual momento, pois os
58

painéis mostram a mesma trabalhabilidade desde a instalação. Diante disso,


pode-se notar que os custos de manutenção são zero.

c) Retorno financeiro do investimento:

O investimento inicial ainda não foi pago. Teoricamente seria pago em


aproximadamente 26 anos, de acordo com cálculos apresentados pela
entrevistada, levando em consideração quanto se economizaria por ano e o valor
total do sistema. Como a taxa tarifaria de luz na época da instalação encontrava-
se em torno de R$ 0,26/KWh e o sistema gerava 5 KWh/dia, apresentou-se os
seguintes cálculos:

R$ 0,26/KWk x 5 KWh/dia = R$ 1,30/dia

O valor de R$ 1,30/dia seria a economia gerada por dia, logo


multiplicando-se esse valor por 365 dia no ano, temos:

R$ 1,30/dia x 365 dias = R$ 474, 50/ ano

O valor R$ 474,50/ano seria a economia que o sistema geraria por ano,


assim, sabendo que o valor total do sistema foi de R$ 12.500,00, temos:

R$ 12.500,00 / R$ 474,50/ano = 26,34 anos

Comparado com os valores atuais, o retorno financeiro seria mais


rápido, visto que o mesmo sistema, com o mesmo número de painéis e demais
equipamentos está custando R$ 10.000,00. A taxa tarifaria de luz subiu, está em
torno de R$ 0,42/KWh e como o sistema tem as mesmas características a geração
seria a mesma, 5KWh/dia.

A economia por dia seria em torno de R$ 2,10/dia:

R$ 0,42/KWk x 5 KWh/dia = R$ 2,10/dia

A economia por ano seria em torno de R$ 766,50/ano:

R$ 2,10/KWk x 365 dias = R$ 766,50/ano

E o investimento seria pago em aproximadamente 13 anos:


59

R$ 10.000,00 / R$ 766,50/ano = 13,04 anos

O quadro 2 apresenta uma comparação entre os valores do ano de


instalação (2014) e os valores mais atuais (2017).

Quadro 2 – Quadro Comparativo dos Valores de Investimento do


Sistema Fotovoltaico

Custo de Investimento
2014 2017
Aquisição e Instalação R$ 12.500,00 R$ 10.000,00
Tarifa de Energia R$ 0,26 R$ 0,42
Economia por Dia R$ 1,30 R$ 2,10
Economia por Ano R$ 474,50 R$ 766,50
Retorno do Investimento 26 anos 13 anos
Fonte: Elaborado pela Autora, 2017

A conta de luz nunca foi zerada, visto que o empreendimento possui


uma demanda de energia alta. Como exposto anteriormente, os painéis produziam
na época de sua instalação (2014) cerca de 1,5% da demanda total de energia do
empreendimento. A demanda dessa época era de aproximadamente 10.000
KWh/mês e os painéis produziam 150 KWh/mês. Assim, considerando os
seguintes cálculos:

150 KWh/mês / 10.000 KWh/mês = 1,5%

Nos dias atuais, a demanda de energia do empreendimento diminuiu


quase que pela metade, visto que o ramo da construção civil está passando por
um momento de crise, a empresa reduziu o número de funcionários que
frequentavam diariamente o escritório. Em 2017, a demanda do empreendimento
passou a ser 5.700 KWh/mês, os painéis continuam gerando, em média, 150
KWh/mês. Logo, eles são responsáveis por cerca de 2,63% da demanda total.

150 KWh/mês / 5.700 KWh/mês = 2,63%


60

Apesar de os valores das respectivas contas de energia não terem sido


repassados para estudo, nota-se que não houve uma redução significativa nas
mesmas. Além disso, vale ressaltar que os cálculos realizados não consideraram
o ajuste do investimento em relação ao tempo proporcional às taxas de juros do
mercado.

d) Principais benefícios e principais dificuldades:

O principal benefício foi ver que o sistema realmente funciona, ou seja,


ele faz o que é proposto pelo fabricante, além de possuir uma tecnologia
consolidada pelo mercado, a trabalhabilidade de um painel em um dia de muito sol
é de quase 10 horas por dia, além da manutenção realmente ser praticamente
zero.

A principal dificuldade encontrada foi a dimensão da área de instalação


dos painéis, pois, como a demanda de energia do empreendimento era alta,
precisaria de uma área maior para que um número maior de painéis fosse
instalado, logo a geração de energia fosse também maior.

Em termos financeiros, não houve muita economia gerada. Logo, não


houve retorno financeiro satisfatório desde a instalação do sistema.

e) Preocupação ambiental da empresa

As outras técnicas usadas além de energias limpas, são o aquecimento


solar, tratamento de água, triturados de lixo orgânico, coleta seletiva de lixo.

Atualmente três empreendimentos entregues já possuem todos essas


técnicas e são considerados empreendimentos sustentáveis, e mais um, que está
previsto para ser entregue em 2021, também contará com todos esses.
61

3.2. Análise dos Dados

Primeiramente, pode-se notar que a questão do marketing foi um


dos principais motivos para a adoção de técnicas sustentáveis, visto que em
um dos comentários foi dito que a adoção dos painéis no empreendimento
comercial da empresa, inicialmente, seria para um teste.

Apesar de o investimento ainda não ter sido pago e o sistema não


gerar “créditos de energia” para o empreendimento, foi possível notar que a
energia solar possui tecnologia consolidada, os painéis possuem boa
trabalhabilidade e foi possível instalá-los em um local que possibilitasse a
máxima trabalhabilidade dos mesmos, visto que eles estão instalados sobre a
coberta do empreendimento, sem exposição a sombreamentos e recebendo
incidência solar durante todo o dia. Em dia com muita radiação, é possível que
os painéis trabalhem cerca de 10 horas por dia.

Quanto à manutenção, como apresentado na fundamentação


teórica, é bem simples e rápida, o custo é considerado praticamente zero. Além
disso, não necessita de equipe especializada para realizar a manutenção dos
mesmos, a própria equipe de limpeza do empreendimento pode realizar a
manutenção e limpeza dos painéis.

Apesar de não haver uma periodicidade definida para a execução


de limpeza dos painéis, os mesmos nunca apresentaram baixo rendimento
desde a sua instalação. Entretanto, a geração de energia do sistema pode ser
diretamente afetada, visto que o empreendimento é localizado em uma
avenida, a exposição a pequenas partículas de origens variadas, que se
depositam a partir da suspensão do ar, é muito elevada, o que pode causar
uma grande sujeira nos painéis.

Como principal dificuldade foi identificada que a área para a


implantação dos painéis foi pequena, cerca de 10 metros quadrados, visto que
a demanda é de 10.000 Kwh/mês, ou seja, é bastante alta. Seria necessária
uma área maior, para a instalação de um número maior de painéis. Isso pode
ser visto como o principal problema para o retorno financeiro insatisfatório
62

desde a instalação do sistema, uma vez que o empreendimento usa toda a


energia gerada pelos painéis.

Apesar disso, era de entendimento dos responsáveis pela empresa


que a demanda não seria suprida com a instalação de poucos painéis, porém
por questões de custos, o número de painéis não foi aumentado. Visto que a
principal ideia, inicialmente, era divulgar os fundamentos e despertar o
interesse dos clientes, mostrando aos mesmos a importância do uso de
práticas sustentáveis nos dias atuais.

Por fim, foi possível observar que a empresa tem uma visão de
mercado voltada para a sustentabilidade, uma vez que apesar de algumas
dessas técnicas possuírem um alto investimento, cada vez mais
empreendimentos lançados por ela são considerados sustentáveis. Além de
um grande diferencial para a empresa.

O quadro 3 apresenta um resumo mostrando os principais


resultados obtidos de acordo com a análise dos dados apontados acima,
fazendo um comparativos com aquilo que a teoria aborda.

Quadro 3 – Quadro-Resumo com os Principais Resultados Obtidos


com a Análise dos Dados Comparado com Aquilo que a Teoria Apresenta

Quadro-Resumo
Tópicos Estudo de Caso Teoria
A teoria estabelece que os custos de
• Custo alto, principalmente em
aquisição de um sistema ainda são
relação ao mercado internacional,
Instalação e Custos muito elevados, porém a tendencia é
Entretanto a tendência é que os preços se
que estes venham caindo com o
tornem cada vez mais acessíveis.
decorre dos anos.
• Custo quase zero, desde a
A teoria aponta que a manutenção
instalação do sistema o mesmo não
Manutenção e se dá de forma bastante simples e
passou por nenhuma manutenção, além
Custos fácil, e que os custos para a mesma
disso a poeira não reduziu seu
são praticamente zero.
rendimento.
63

• Retorno um pouco demorado, pois


não há geração de “créditos de energia”.
Teoricamente seria pago em um período A teoria aponta que quanto maior a
Retorno de
de 26 anos, levando em consideração os tarifa de energia menos será o
Investimento
valores tarifários da época de instalação. tempo de retorno do investimento.
Além disso, não houve redução
significativa na conta de luz.
• O principal benefício foi a garantia
A teoria aponta que também há
de que a tecnologia dos painéis encontra-
benefícios como a geração da
se bem madura no mercado
energia ser totalmente limpa e
Benefícios e • A principal dificuldade foi as silenciosa, e seu principal recurso, o
Dificuldades dimensões da área de instalação dos Sol, ser considerado inesgotável.
painéis, visto que seria necessário um Como principal dificuldade também é
grande número deles para atender a apontado o alto custo de aquisição.
demando do empreendimento.
Apesar de ser usado como principal A teoria estabelece que é muito
marketing pela empresa, a mesma mostra importante que as empresas tenham
Preocupação
um real preocupação com o meio uma preocupação ambiental,
Ambiental da
ambiente, pois todos os principalmente porque o ramo da
Empresa
empreendimentos lançados desde 2014 construção civil é um dos principais
são considerados sustentáveis usuários dos recursos naturais.
Fonte: Elaborado pela Autora, 2017
64

4. CONCLUSÕES

A situação ambiental das ultimas décadas e a escassez dos


recursos que mais são utilizados pelo homem é preocupante. Desenvolver
práticas que cada vez mais caminhem para um desenvolvimento sustentável é
imprescindível para garantir o futuro dessa geração e das gerações que estão
por vir.

Adotar práticas sustentáveis, principalmente em setores que são


apontados como aqueles que mais usam e desperdiçam os recursos naturais é
muito importante. Algumas dessas práticas são o uso de energias limpas,
como por exemplo, a energia solar.

Os raios solares, além de serem responsáveis por trazer luz e calor


(essenciais para a vida) para a Terra, podem ser aproveitados para a geração
de energia elétrica, através de células fotovoltaicas construídas com materiais
semicondutores, em especial o silício.

As vantagens da adoção de um sistema de geração de energia solar


fotovoltaica são inúmeras. Algumas delas são que é uma energia totalmente
limpa e 100% silenciosa, o recurso natural usado é considerado inesgotável (o
Sol), os painéis possuem uma vida útil de 25 anos, podendo se estender até
mais, é fácil de ser instalada e sua manutenção é feita de forma simples e
rápida. Porém o sistema apresenta algumas desvantagens como alto custo de
aquisição dos equipamentos e não pode produzir energia durante a noite.

No Brasil, a energia solar é um recurso muito pouco aproveitado,


mesmo o país possuindo características favoráveis para sua implantação. O
principal obstáculo enfrentado pelo país é o custo elevado para a aquisição e
implantação do sistema.

Com base no exposto, o presente trabalho buscou identificar se há


economia com a adoção de um sistema fotovoltaico em um empreendimento
comercial.

O empreendimento escolhido para ser usado como objeto de estudo


faz o uso da energia solar fotovoltaica desde o ano de 2014. É uma empresa
65

atuante no ramo da construção civil que tem em seu portfólio empreendimentos


considerados sustentáveis desde então.

Baseada na análise dos dados apresentados no estudo de caso,


pode-se concluir que o sistema possui uma tecnologia consolidada, que os
painéis possuem uma ótima trabalhabilidade, podendo gerar energia por quase
10 horas, dependo da radiação incidente no dia. O estudo apontou ainda
alguns desafios a serem vencido na utilização desta tecnologia limpa. A
principal dificuldade identificada foi a dimensão da área de implantação dos
painéis, ou seja, a cobertura do empreendimento.

Este pode ser apontado como principal obstáculo enfrentado pela


empresa na implantação do sistema, uma vez que a demanda de energia do
empreendimento é alta, não há geração de “créditos de energia” com a energia
solar, entretanto pressupõe-se que com a implantação de um número maior de
painéis, haveria um aumento na geração de energia que é injetada na rede,
fornecendo créditos que seriam utilizados no período noturno ou nos meses
seguintes, gerando mais economia para a empresa.

Em termos de manutenção, foi possível observar que a mesma


realmente é simples e rápida, a principal realização para a mesma verificar
diariamente as informações geradas pelo sistema que são informadas pelo
quadro contendo o controlador de carga e o inversor, para averiguar se as
mesmas estão no mesmo nível. Logo, os custos são zero.

Por fim, mesmo com o sistema não gerando um retorno financeiro


considerável, foi possível notar que os quanto maior a taxa tarifaria de energia,
menor será o tempo de retorno investimento, como a presentado no estudo de
caso, na época da instalação a taxa tarifaria de energia era bem menos que a
de 2017, por isso o tempo de retorno seria tão longo.

Além disso, os custos de aquisição estão sendo reduzidos ao longo


dos anos, visto que houve diminuição de R$ 2.500, 00 para um sistema com as
mesmas características do que foi adquirido pela empresa em 2014.

Por fim, foi possível notar a preocupação ambiental da empresa,


pois a mesma continua a investir em sistemas ecológicos, não só em geração
66

de energia solar fotovoltaica, mas em outros como energia eólica e coleta


seletiva de lixo. Além de divulgar e despertar o interesse dos seus clientes para
a importância do uso de práticas sustentáveis.

Fazer uso da energia solar, tal como outras práticas consideradas


sustentáveis, principalmente no ramo da construção civil é imprescindível.
Devido ao alto índice de radiação solar em território nacional e ao Sol ser
considerada uma fonte inesgotável, o uso da energia solar é tendência para
hoje e para as próximas décadas.

É importante que estudos continuem sendo realizados, com o intuito


de aprimorar a implantação da tecnologia no Brasil e diminuir os custos. Além
disso, os incentivos por parte de órgãos governamentais são necessários, pois
é importante investir em tecnologias que sejam capazes de adequar as
necessidades energéticas do país a partir da energia solar, tornando-a parte
matriz energética nacional, fazendo com que a dependência das hidroelétricas
diminua.

O presente trabalho possuiu como principais limitações a fato de o


estudo de caso ter sido realizado em um empreendimento comercial e o
sistema instalado do mesmo tratar-se de um sistema fotovoltaico conectado a
rede. Ou seja, não foi possível tirar conclusões ou fazer comparações para
empreendimentos comerciais ou algum outro tipo de sistema de geração de
energia elétrica a partir do Sol.

Finalmente o presente trabalho traz como sugestões para trabalhos


futuros:

- Análise da Viabilidade Economia de um Sistema Fotovoltaico de Outras


Tipologias em Edifícios Residenciais.

- Inclusão de Usinas Solares com Fonte de Geração de Energia no


Ceará.

- Incentivos que Possam Reduzir o Preço da Energia Solar no Brasil.


67

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71

APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO

- Instalação e custos envolvidos

1. Qual o ano de instalação do sistema? Quanto custou?


2. Quais os componentes do sistema? Como foi a instalação? Houve custo
adicional?
3. Como é feita a conexão com a rede elétrica?
4. Como a produção de energia é monitorada?
5. Qual a potencia do sistema?
6. Houve burocracia por parte da concessionária para a implantação do
sistema?

- Manutenção e os custos envolvidos

7. Como é feita a manutenção do sistema? Quem faz? Quanto custa?

- Retorno financeiro do investimento

8. Em quanto tempo o investimento foi pago?


9. A conta de luz já foi “zerada” alguma vez?

- Principais benefícios e principais dificuldades

10. Quais os principais benefícios do sistema?


11. E as principais dificuldades?
12. Houve economia em termos financeiros?

- Preocupação ambiental da empresa

13. Quais outras técnicas sustentáveis usadas pela empresa?


14. Quantos empreendimentos já são considerados sustentáveis?

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