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Os Estranhos Começos

da Arte

Aula n.º 3
1.ºano – 1.º semestre, 2007/2008
Cursos DIE – AI - DMT Prof. Ricardo J. Nunes da Silva
Resumo:

As primeiras manifestações artísticas pré-históricas. Das Gravuras às pinturas


rupestres. Lascaux e Altamira. Povos pré-históricos e primitivos – “América e
pré-colombiana

Bibliografia:

JORDAN, Paul (2001), O homem primitivo, col. «Para começar», Temas e


Debates, Lisboa.
MOHEN, Jean-Pierre (2002), Prehistoric Art. The Mythical Birth of Humanity,
Éditions Pierre terrail, Paris, p. 207.
LEROI-GOURHAN, A. ( 1971), Pré-histoire de l’Art Occidental, Lucien Mazenod
ed., Paris.
Lucy : 52 fragmentos ossos

Toumai: 6 /7 MILHÕES anos


Estranhos Começos
Como começou o Homem a criar obras de Arte?
E por que motivo o fez?

Lascaux
A Arte pré-histórica
• Paleolítico Inferior
(cerca de 500 000 a.C.)

• Paleolítico Superior
(cerca de 30 000 a.C.)

• Mesolítico

• Neolítico
(cerca de 10 000 a.C.)
– Megalítico
Abordagens sobre o objectivo da arte
De um modo geral, a hipótese mais defendida sobre o objectivo da arte
paleolítica é a que os primeiros objectos de arte, não eram utilitários ou
adornos.

Uma tentativa de controlar forças sobrenaturais

Obter a simpatia dos deuses e bons resultados na caça.

As pinturas descobertas em cavernas encontram-se em locais de difícil


acesso, e não na entrada, perante o olhar de todos, pode-se supor que o
objectivo não é proporcionar uma imagem impressionante acessível a todo
o grupo,

Um ritual mágico.

Assim, o resultado estético não será mais que uma consequência


secundária do objectivo principal. De qualquer modo não se pode eliminar
totalmente a hipótese de um objectivo estético consciente.
Saint-Cirq (França) - Figura masculina gravada,
geralmente atribuída ao Magdalenense Superior

Figuras humanas

Signos

Animais

Signos, La grotte Chauvet.


Ideia Chave

Talvez exista uma ténue linha divisória entre a realidade e a representação e


que, ao se pintar um animal, seja necessário recriá-lo com o maior realismo
possível, para que a caça bem sucedida na pintura se transporte para a
realidade, ou ainda, que a criação pictórica de uma manada resulte na sua
criação real, e que o Homem possa assim beneficiar de muito alimento e
prosperidade. Do mesmo modo se crê que as pequenas estatuetas
femininas sejam amuletos relacionados com o culto da fertilidade, factor
crucial para a sobrevivência do grupo.
A Arte do Paleolítico Superior
IDADE DA PEDRA LASCADA

PINTUTA RUPESTRE
O NATURALISMO
Mão em Negativo
• Traços Simples;
• Pintavam os seres como os
viam.
• Reproduz a natureza tal
qual sua vista captava.
• Pinturas encontradas nas
cavernas de Niaux, Font-
de-Gaume e Lascaux, na
França e Altamira, na
Espanha.
Possíveis motivos que levaram o homem a
fazer essas pinturas:
• Arte realizada por caçadores;
• Fazia parte de um processo de
magia para interferir na
captura do animal;
• O pintor-caçador supunha ter
poder sobre o animal desde
que possuísse sua imagem;
• Acreditava que mataria o
animal verdadeiro se o
representasse ferido Bisonte.
mortalmente em um desenho. Pintura Rupestre encontrada em uma das
grutas de Altamira, na Espanha.
Esculturas
• Predominam as figuras femininas;

• Cabeça surgindo do prolongamento


do pescoço, seios volumosos, ventre
saltado e grandes nádegas;

• A Vénus de Willendorf tem 11 cm de


altura e foi encontrada na Áustria.

• Exposta no Museu de História


Natural, Viena.

Vénus de Willendorf
A arte do paleolítico superior como meio de comunicação.

Paleolítico Inferior (2 500 000 - 2 000 000 até 120 - 100 000 a.C.),
Paleolítico Médio (300 - 200 000 até 40 - 30 000 a.C.),
Paleolítico Superior (40 - 30 000 até 10 - 8 000 a.C.).

Durante muito tempo duvidou-se que o Homem paleolítico tivesse


capacidade intelectual para realizar obras de arte, pelo que a arte
paleolítica só passou a ser aceite desde o início do século XX.

Arte Móvel; Arte Parietal; Arte Rupestre

Arte Móvel
Na "arte móvel" incluem-se, além dos objectos de adorno pessoal, as peças
gravadas, pintadas ou esculpidas que, pelas suas pequenas dimensões,
podem ser deslocadas ou transportadas. Os respectivos suportes podem
corresponder a objectos utilitários, tais como pontas de projéctil feitas de
osso ou corno, ou não utilitários, tais como lajes, seixos ou ossos. A
determinação da época a que pertencem é facilitada pela sua inclusão em
depósitos arqueológicos que podem ser submetidos a processos de datação
relativa ou absoluta.
Vénus de Laussel, Baixo Relevo

Vénus de Willendorf Busto de Brassempouy,


Paleolítico superior inicial da Áustria. estatueta em mármore, Gravetense.
Bastão perfurado com inscrição de cervídeos
Prancha perfurada com mamute
Estatuetas femininas, Fertilidade, Culto, Móvel
Arte Parietal
A "arte parietal" é a que tem como suporte as paredes de grutas ou abrigos sob
rocha e inclui representações de diversos tipos - baixos relevos, gravuras,
pinturas. A distribuição das figuras pelas paredes dos sítios decorados é também
variada, ocorrendo tanto em locais mais ou menos expostos à luz natural como
nas zonas mais interiores de galerias profundas cuja o seu uso obrigava à
utilização de luz artificial (lamparinas de pedra em que se queimava gordura
animal, ou archotes de madeira).

Bisonte na caverna de Altamira, Espanha.


ARTE PARIETAL ESCOLA FRANCO-
CANTÁBRICA
• Datam c. 28.000 a.C.
• Encontram-se tanto em grutas como em
abrigos ao ar livre.
• Técnicas:
a) Grutas: gravado e
pintura
b) Abrigos: relevos e
gravados
Cavalo de Lascaux (11.000 a.C.)
Pintura de óxidos sobre rocha Lascaux (15.000
a.C.)
Cavalo e touro Lascaux (11.000 a.C.)
PINTURAS DE ALTAMIRA
PINTURAS DE ALTAMIRA
Peche Merle, França.
Templo da Lapa de Santa Margarida
Frescos de 1548 no Ermitério de Os Santos, Sendim, Miranda do Douro
Arte Rupestre
A "arte rupestre" é a que decora as superfícies rochosas situadas ao ar livre,
qualquer que seja a respectiva inclinação. No vale do Côa, por exemplo, as
rochas gravadas durante o Paleolítico aproveitam superfícies verticais, mas
as gravuras da Pré-História recente conhecidas no vale do Tejo foram na
sua maioria executadas sobre superfícies rochosas horizontais ou muito
pouco inclinadas.

Vale do Côa, Penascosa, R. 17.


Cena Sexual? Capríneo paleolítico
filiforme e figura antropomórfica
ictifálica executada num segundo
momento, provavelmente no
neolítico. (BAPTISTA, A.M;1999:).
O homem de Lascaux, confronto do homem com bisonte
Dança Ritual?, 10000 a.c, Gravura Rupestre, gruta de Addaura. Palermo
Relevo

Arte móvel: Bisonte talhado,


la Madeleine (França)
Órgão feminino: símbolos rupestres com Ideomorfos (sinais, circulos…),
forma de vulva, El Pindal (Asturias) Altamira (Cantabria)
Pintura rupestre - Austrália
Nawura, espírito ancestral
Os Irmãos iluminados e figuras da época do Sonho,
iluminadas, 20.000 a.C., Austrália, Djawida, 1985
Pintura rupestre

Mão, 20.000 a.C., Austrália,


Pintura rupestre
Vale do Tejo, Detalhe (Baptista, 1981)
Neolítico e o médio Oriente

Jericó, Neolítico B, 8500-7000


A Arte do Neolítico
• Último período da Pré-História, também chamado de
Idade da Pedra Polida (técnica de construção de armas e
instrumentos com pedras polidas mediante atrito);
• Revolução Neolítica (cultivo da terra e manutenção de
manadas)
• Aumento da população e desenvolvimento das famílias e
divisão do trabalho.
• Assim, o homem do Neolítico desenvolveu a técnica de
tecer panos, de fabricar cerâmica e construiu as primeiras
moradias.
• Produziu o fogo através do atrito e deu início ao trabalho
com metais.
Progresso da Arte
• Os temas das artes mudaram;
• Representações da vida
colectiva;
• Ideia de movimento através da
imagem fixa;
• A preocupação com movimento
fez com que os artistas criassem
figuras leves, ágeis, pequenas e
de pouca cor;
• Desses desenhos surgiram as Pintura rupestre encontrada em Tassili,
primeiras formas de escritas Região do Saara (cerca de 4500 a.C.).
(pictográfica), representando
seres e ideias através do desenho.
Na cerâmica, a preocupação com a
beleza.
• Além de desenhos e pinturas, o artista
do Neolítico produziu uma cerâmica
que revela sua preocupação com a
beleza e não apenas com a utilidade
do objecto.
• Dois belos exemplos dessa cerâmica
são a Ânfora em terracota da
Dinamarca e o Vaso Escandinavo em
terracota.

Ânfora em cerâmica.
Museu Nacional, Copenhaga.
Esculturas em metal
• Progresso: os artistas começaram a usar o
metal em seus trabalhos;

• Método: Forma de barro ou técnica da cera


perdida;

• Representações de guerreiros e mulheres


ricas em detalhes;

• Constitui um precioso documento das roupas


e actividades do Neolítico;

Escultura Neolítica • Esculturas encontradas sobretudo na


em bronze. Escandinávia e na Sardenha.
Museu Pigorini, Roma.
Como eram feitas as primeiras
esculturas em metal?
• Método da Forma de Barro: Após construção da forma, era
despejado o metal já derretido em fornos. O ferro fundido era
deixado na forma de barro até que esfriasse. Depois de frio, a
forma era quebrada. Obtinha-se, assim, uma escultura com a
configuração dada ao barro.
• Técnica da cera perdida: Construção de um modelo em cera.
Esse modelo era revestido de barro aquecido. Com o calor do
barro, a cera derretia-se e escorria por um orifício
propositalmente deixado na peça de cerâmica. Obtinha-se
assim um objecto oco. Depois, por esse mesmo orifício,
preenchia-se o objecto com metal fundido. Quando este
estivesse endurecido e frio, quebrava-se o molde de barro.
Dentro dele estava a escultura em metal, tal qual moldada
anteriormente em cera.
6000 - 1000 a.C
Macaco gigante, de 60 metros, Nazca (Peru),
Período rupestre .

Tela de corteza de árbol, Irão, 1926

Cultura de Nazca, pré-história. América do Sul


ARTE FUNERÁRIA NEOLÍTICO
• TIPOS:

A) MENIR
B) Alinhamento
C) DÓLMEN
D) Cromeleque
ARTE FUNERÁRIA NEOLÍTICO

MENIR

• Monolítico vertical
• Função: fixar o espírito
dos falecidos.
ARTE FUNERÁRIA NEOLÍTICO
Alinhamento
Agrupamento de menires em filas em colocação
circular.
• Exemplo: Carnac (Bretanha francesa)
ARTE FUNERÁRIA - NEOLÍTICO
Pedra da Fecundidade.
Bretanha.
ARTE FUNERÁRIA - NEOLÍTICO
DÓLMEN
• Dol (mesa); maen (pedra)
• forma megalítica mais elaborada.
• Tumba colectiva construída a base de pedras
verticais em forma poligonal.
• Corredor e câmara.
• Exemplos: Dólmenes de Menga y Romeral
(Málaga) e dólmenes de Dombate ( Coruña)
ARTE FUNERÁRIA - NEOLÍTICO
Dólmen de Menga (Málaga)
ARTE FUNERÁRIA - NEOLÍTICO
Dólmen de Menga
(Málaga)
ARTE FUNERÁRIA - NEOLÍTICO
ARTE FUNERÁRIA - NEOLÍTICO
As identidades heliofânicas: as
Antas-capelas do séc. XVI (de
Pavia e de Alcobertas)
Memórias e continuidades que
entretecem a identidade.
Arquitectura Neolítica

• O homem do Neolítico
começou a abandonar as
cavernas e a construir suas
próprias “habitações”.

• Dessas construções são


conhecidos os Nuragues,
edificações em pedra, sem
nenhuma argamassa e em Nuragues.
Aldeia de Barumini, na Sardenha.
forma de cone truncado.
Arquitectura Neolítica
Consistem em duas ou mais pedras
grandes fincadas verticalmente no
chão, como se fossem paredes, e
uma grande pedra colocada
horizontalmente sobre elas,
Dólmenes. parecendo um tecto.
Detalhe do Santuário de Stonehenge, • São dispostos em forma circular e
Inglaterra.
de ferradura. O círculo exterior
tem 100 m de diâmetro e os pilares
medem 4,20 m de altura.
• São consideradas uma das
primeiras obras de arquitectura
Planta do que a História registra.
Santuário

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