Você está na página 1de 15

EAD

Abordagem Sistêmica das


Organizações

3
1. Objetivos
• Identificar os conceitos de Sistema de Von Bertalanffy e
de Cibernética de Norbert Wiener.
• Compreender os benefícios do princípio do expansionis-
mo, que veio substituir o princípio do reducionismo.

2. Conteúdos
• Origens da Teoria Sistêmica.
• Cibernética de Norbert Wiener.
• Aprendendo a usar o enfoque sistêmico.
• Organizações como sistemas.
• Eficácia global.
66 © Práticas Corporais Alternativas

3. Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Para iniciar os estudos da unidade, assista aos vídeos in-
dicados, acessando os links a seguir:
• Pensamento sistêmico: O pensamento sistêmico no
cotidiano e no mundo dos negócios. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=VS0FLiAoRN0>.
Acesso em: 23 maio 2012.
• Teoria de Gaia: Terra planeta vida. A teoria de gaia.
Disponível em:
• <http://www.youtube.com/watch?v=yjAUSeAAy_w>.
Acesso em: 23 maio 2012.
2) Para conhecer a obra do professor Ronald G. Ross, e ain-
da baixar alguns capítulos de seus livros dobre as "regras
dos negócios", acesse o site <http://www.ronross.info>.
Acesso em: 01 out. 2012.

4. INTRODUÇÃO à unidade
Na unidade anterior, apresentamos a Teoria Estruturalista,
que enfatiza a criação de uma organização gerada por um sistema
aberto em constante mudança, assim como a necessidade da apli-
cação da burocracia nas organizações complexas.
Nesta unidade, abordaremos os estudos dos sistemas orga-
nizacionais que surgiram na década de 1950, após o final da Se-
gunda Guerra Mundial, e o conceito de sistemas abertos em diver-
sas disciplinas.
Inicialmente, os estudos da Administração focalizavam o
princípio do reducionismo, ou seja, eram estimulados pela busca
da eficiência máxima. Dessa forma, os precursores da Administra-
ção Científica e Clássica desenvolveram princípios de gestão que
© U3 - Abordagem Sistêmica das Organizações 67

destacam a divisão e a especialização do trabalho, a rotinização


das tarefas e o desenvolvimento do homem econômico. Porém, as
pesquisas referentes à ação do indivíduo nas organizações culmi-
naram no advento das teorias humanísticas.
Pode-se dizer que o desenvolvimento dos estudos empresa-
riais foi influenciado por estudos relevantes que provocaram inú-
meras mudanças no cenário administrativo organizacional.
No final da Segunda Guerra Mundial, surgiu uma nova teoria,
que propunha relacionar os estudos dos diversos ramos da ciência,
da sociedade e das organizações, buscando a interdisciplinaridade,
ou seja, a ação e a reação entre as ciências. Todos os ramos do co-
nhecimento, que até então praticavam o modelo do reducionismo,
passaram a considerar que a modificação de uma parte do sistema
se refletia nas outras partes.
Em função disso, os estudos desenvolvidos apenas para uma
área do conhecimento foram utilizados em outras áreas. Conse-
quentemente, constatou-se que todas as áreas faziam parte de
um sistema maior, e que seria possível aplicar regras e princípios
comuns a todas elas.
Apresentaremos, também, os conceitos de Von Bertalanffy,
destacando também o trabalho de outros autores que muito con-
tribuíram para a teoria das organizações.

5. Origens da Teoria Sistêmica


A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) originou-se dos trabalhos
de um biólogo alemão chamado Ludwig von Bertalanffy. Suas pre-
missas estavam baseadas na crítica à divisão das diferentes áreas
do conhecimento, como a Física, a Química, a Biologia, a Psico-
logia, a Sociologia, entre outras, como você pode ver no texto a
seguir.

Claretiano - Centro Universitário


68 © Práticas Corporais Alternativas

Karl Ludwig von Bertalanffy–––––––––––––––––––––––––––––


Karl Ludwig von Bertalanffy, o fundador da Teoria Geral dos Sistemas, nasceu
em 19 setembro de 1901, em Atzgersdorf (perto de Viena) e faleceu no dia 12 de
junho de 1972 em Buffalo (Nova York). Ele foi:
- um biólogo que se atreveu a descobrir algumas das leis que regem o enigma
da vida;
- um filósofo à frente de seu tempo, que procurou leis universais da organização;
- um cientista intrinsecamente ético, que visou melhorar a condição humana;
- um homem agindo como um cidadão do mundo, aprendendo a estar ciente dos
enigmas da humanidade;
- um ser humano iluminado, que encorajou os seus seguidores a pensar etica-
mente e ecologicamente (BCSSS, 2012).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para Bertalanffy, essas divisões são arbitrárias, criam uma
barreira entre as ciências e, consequentemente, um espaço vazio
entre elas, o que gera dificuldade no trabalho de interdisciplinari-
dade.
O biólogo, em seu livro General System Theory (Teoria Geral
dos Sistemas), constatou que os diversos ramos do conhecimento
constituem parte de um sistema maior, que pode ser aplicável a
todos, a partir de regras gerais, sem prejuízo das suas diferenças.
A Figura 1 apresenta os principais aspectos da Teoria Geral
dos Sistemas. Vejamos:

Fonte: adaptada de Motta e Vasconcelos (2002, p. 172).


Figura 1 Teoria Geral dos Sistemas.

Baseado nessas premissas, Bertalanffy (1973) divulgou os


princípios básicos de sua Teoria Geral dos Sistemas:
© U3 - Abordagem Sistêmica das Organizações 69

1) Há uma tendência para a integração nas diferentes áreas


das ciências naturais e sociais.
2) Essa integração parece orientar-se na direção de uma
teoria dos sistemas.
3) A teoria dos sistemas é um meio importante de estudar
os campos das Ciências Sociais.
4) Essa teoria produz princípios inovadores com a tendência
de unificar os universos particulares das inúmeras ciên-
cias envolvidas, cujo objetivo final é a unidade da ciência.
5) Com isso, a aplicação da TGS pode levar a uma integra-
ção de muita utilidade na educação científica.
Segundo Bertalanffy (1973, p. 208-209):
O modelo do organismo como sistema aberto mostrou-se útil na ex-
plicação e na formulação matemática de numerosos fenômenos vitais.
Conduz também, como é de esperar numa hipótese de trabalho cientí-
fico, a novos problemas, em parte de natureza fundamental. Isto indica
ter não somente importância científica, mas também importância "me-
tacientífica". O conceito mecanicista da natureza até agora predomi-
nante acentuava a resolução dos acontecimentos em cadeias lineares
causais, a concepção do mundo como resultado de acontecimentos
causais, um "jogo de dados" físico e darwinista (Einstein) e a redução
dos processos biológicos às leis conhecidas da natureza inanimada. Por
oposição a este ponto de vista, na teoria dos sistemas abertos (e sua
mais recente generalização na teoria geral dos sistemas), tornam-se
visíveis os princípios de interação entre múltiplas variáveis (por exem-
plo, cinética das reações, fluxos e forças na termodinâmica irreversível),
uma organização dinâmica de processos e a possível expansão das leis
físicas ao domínio biológico. Portanto, estes desenvolvimentos formam
parte de uma nova formulação da concepção científica do mundo.

As premissas divulgadas como princípios da Teoria Geral dos


Sistemas conceituaram o modelo de sistema aberto, o qual era en-
tendido como um complexo de elementos em interação e em inter-
câmbio contínuo com o ambiente (MOTTA e VASCONCELOS, 2002).
O enfoque dos sistemas abertos modificou a maneira de se
pensar nas organizações. Até então, os teóricos da administração
clássica deram relativamente pouca atenção ao ambiente. Trataram a
organização como um sistema mecânico "fechado" e se preocuparam
com os princípios de planejamento interno. A visão de sistemas aber-

Claretiano - Centro Universitário


70 © Práticas Corporais Alternativas

tos sugeriu que se deveria sempre efetuar o processo de organização


tendo-se em mente o ambiente. Para Morgan (1996, p. 48-49), "Desta
forma, bastante atenção tem sido dada à compreensão da atividade
ambiental imediata, definida pelas interações diretas, como: clientes,
concorrentes, fornecedores, sindicatos e agências governamentais".
Embora muitos estudiosos tenham procurado aplicar os
princípios da TGS, o modelo do sistema aberto apresentou grande
potencial (especialmente devido a sua abrangência e flexibilidade)
no estudo das Ciências Sociais.
Entretanto, não é especificamente a TGS que nos interessa,
e sim seu produto principal: sua abordagem de sistemas. A Teoria
Sistêmica é oponente ao mecanicismo – característica essencial da
Teoria Científica, da Teoria Clássica e da Teoria Burocrática, as quais
dividiam organismos agregados em células (CHIAVENATO, 2000).
Com efeito, todas as ciências começaram a utilizar novas
configurações em seus estudos, passando a praticar suas ativida-
des com uma visão mais global e integralizada.
A Administração, por sua vez, adotou os princípios do con-
ceito sistêmico, o qual contribuiu para os estudos organizacionais,
proporcionando uma abordagem global dos fenômenos institucio-
nais e possibilitando a inter-relação e a integração das partes da
organização na formação do todo.
Vejamos, a seguir, uma reflexão sobre os sistemas.

Os Sistemas––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Conforme a UCPEL (2012), todo sistema deve possuir 4 características básicas:
- Elementos;
- Relações entre elementos;
- Objetivo comum; e
- Meio-ambiente

Exemplo:
Um carro possui elementos tais como sistema elétrico, motor, chassis, rodas e
carroceria. As relações entre os elementos são estruturais (uma parte acoplada
ou integrada à outra) ou funcionais (uma parte desempenhando trocas com ou-
tra). O objetivo comum é a locomoção (UCPEL, 2012).
© U3 - Abordagem Sistêmica das Organizações 71

Exercício:
Identifique estas 4 características nos sistemas "corpo humano" e "computador".

O meio-ambiente é o que está fora do sistema, ou seja, não pode ser controla-
do pelo sistema. Entretanto, o sistema pode fazer trocas com o meio-ambiente
(energia, produtos, materiais, informações) e, por isto, o sistema pode influenciar
o meio-ambiente e vice-versa.
Como exemplo, o meio-ambiente de um carro inclui a estrada, postes e árvo-
res, edificações, placas e sinalizações, outros carros, o clima e a natureza. Um
exemplo de troca é a de combustível (do meio para o sistema) e emissões (do
sistema para o meio).
Às vezes, é difícil determinar o que está fora ou dentro do sistema. Por exemplo,
os alunos de uma universidade são elementos do sistema "universidade" ou são
meio-ambiente.
Para tirar esta dúvida, verifica-se se o sistema pode controlar este elemento. Se
sim, ele será um elemento do sistema. Se não, ele será um elemento do meio-
-ambiente.
Neste exemplo, a universidade não pode controlar que o aluno venha à aula,
portanto os alunos são parte do meio-ambiente. A universidade pode influenciar
o aluno a vir às aulas, mas não tem controle sobre esta decisão.

Exercício:
Identifique o meio-ambiente dos sistemas "corpo humano" e "computador" (UC-
PEL, 2012, p. 1).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Uma das grandes contribuições para o estudo da Teoria
Sistêmica foi a abordagem cibernética, de Norbert Wiener, que
aprenderemos a seguir.

6. Cibernética
Para iniciar nossos estudos, faremos a seguir algumas consi-
derações a respeito da palavra cibernética.
1) Cibernética, do grego kybernytiky, significa "a arte de
governar navio".
2) Platão (427-347 a.C.) utilizou a palavra kybernytiky em
seus diálogos.
3) Alcebíades e Górgias utilizaram-na com o sentido de
"arte de dirigir um navio ou um carro".
4) Em Clítofo e na República de Platão, a palavra foi usada
com o significado de "dirigir homens ou governar".

Claretiano - Centro Universitário


72 © Práticas Corporais Alternativas

Na década de 1940, a Teoria Sistêmica recebeu importantes


contribuições do matemático americano Norbert Wiener.
Wiener participou de projetos de desenvolvimento de mís-
seis de autocontrole, que resultaram em mísseis inteligentes e sis-
temas automáticos. Dessa forma, nas fases de implantação desses
projetos, ele observou que poderia desenvolver um modelo de
controle dos organismos vivos.
Portanto, de acordo com Chiavenato (2000), a Teoria Ciber-
nética é desenvolvida pelas características apresentadas em ou-
tros estudos, a saber: teoria da informação, teoria dos jogos, teo-
ria do controle e teoria do algoritmo. Os trabalhos relacionados
com essas teorias são dos autores:
1) Alan M. Turing, que protagonizou o estudo referente à
probabilidade lógica das máquinas.
2) Claude E. Shannon e sua pesquisa sobre a Teoria da In-
formação.
3) Ludwig Von Bertalanffy, o biólogo alemão, que desenvol-
veu seus estudos sobre a Teoria Sistêmica.
4) James Watt (1736-1819), e sua importante participação
na Revolução Industrial, ao inventar a máquina a vapor.
5) John Von Neumann, que pesquisou a relevância da Teo-
ria Matemática nos Jogos.
O visão da Cibernética como ciência é somente uma dentre
as teorias existentes. O mais importante é que esse campo de es-
tudo, em aliança com a Teoria da Informação de Shannon, abria
um caminho de sustentação para a compreensão do ser humano
e das máquinas.
Chiavenato (2000, p. 507) afirma:
A idéia de informação como uma das características fundamentais
do universo levou Wiener e Shannon, separadamente, a demons-
trarem que muitas coisas, desde o movimento aleatório de partícu-
las subatômicas, até o comportamento de redes baseadas em cha-
veamentos elétricos ou alguns aspectos do discurso humano estão
relacionados de um modo que possam ser expressos por algumas
equações matemáticas básicas.
© U3 - Abordagem Sistêmica das Organizações 73

Mais tarde, o estudo sobre essas equações colaborou de for-


ma relevante no projeto e no desenvolvimento dos computadores
e das redes de telefonias. Além disso, inúmeras pesquisas desen-
volvidas e disseminadas pela Teoria Cibernética, juntamente com a
Teoria da Informação, foram protagonistas nos projetos lógicos de
máquinas, equipamentos e na criação de softwares.
Com base nesses fatos, Norbert Wiener (apud Chiavenato,
2000) apresentou os preceitos básicos que eram necessários para
orientar o autocontrole de mísseis, para que eles fossem os mais
eficientes e eficazes instrumentos. Mais tarde, esses princípios fo-
ram aplicados para outras espécies de sistema:
• O princípio geral do sistema é alcançar o objetivo.
• Na concepção do sistema, presume-se que ele precisa au-
tomaticamente possuir mecanismos que sustentem seu
comportamento, com possibilidade de ajustes. O sistema
deve informar-se continuamente sobre o comportamen-
to do objetivo.
• O sistema precisa estar organizado para aplicar instanta-
neamente o processo de informação sobre como está se
apresentando o seu comportamento e o alcance do obje-
tivo previsto.
• O feedback, ou a retroalimentação, é a ferramenta que
fornece informações para o sistema sobre como foi o seu
desempenho no ciclo operacional.
Portanto, Cibernética é a ciência da comunicação e do con-
trole, compreendendo os processos e sistemas de transformação
da informação e sua concretização em processos físicos, fisiológi-
cos, psicológicos, os quais a tornam uma ciência interdisciplinar.
A Cibernética tem como campo de estudo o sistema. "Um
sistema é um conjunto de elementos que estão dinamicamente re-
lacionados, dando a ideia de conectividade" (CHIAVENATO, 2000,
p. 501).

Claretiano - Centro Universitário


74 © Práticas Corporais Alternativas

A ênfase da Cibernética está na representação de sistemas


originais por meio de sistemas comparáveis, que são denominados
"modelos físicos" ou "modelos matemáticos". Esses modelos são
essenciais para a compreensão do funcionamento dos sistemas.
Existem três razões para a utilização de modelos:
• A manipulação de entidades reais (pessoas ou organizações).
• A incerteza com a qual a Administração precisa lidar faz
crescer e aumentar rápida e desproporcionalmente as
consequências dos erros.
• O aumento enorme da capacidade de construir modelos
físicos matemáticos representativos da realidade.
A respeito dessa questão, Chiavenato (2000, p. 503) afirma:
A construção de um modelo considera o isoformismo e o homofor-
mismo. Os sistemas são isoformos quando possuem semelhança
de forma e os sistemas são homomorfos quando guardam entre
si proporcionalidades de formas, embora nem sempre do mesmo
tamanho.

Com efeito, a Cibernética visa ao autocontrole dos sistemas


por meio da informação, a qual está ligada à ideia de equilíbrio di-
nâmico entre o sistema e seu objetivo. A ideia central desta aplica-
ção é que qualquer sistema deve possuir um sistema de autocon-
trole por meio de um complexo de informações capazes de ativar
seu eficiente funcionamento.
Como podemos usar o enfoque sistêmico?

7. Aprendendo a usar o enfoque sistêmico


O princípio básico mais relevante do enfoque sistêmico está
norteado pelo fato de a criação do sistema ser conceituada por
meio da observação. Recapitulando: para enfrentar a complexida-
de, é necessário ter competência para distingui-la. Conforme utili-
zarmos o enfoque sistêmico, aprenderemos a observar os sistemas
de forma mais acentuada, bem como sua complexidade.
© U3 - Abordagem Sistêmica das Organizações 75

Portanto, precisamos nos educar para perceber os elemen-


tos da realidade como parte de sistemas. Por exemplo, para en-
tender um livro como parte de um sistema educacional, é preciso
reconhecer a educação como sistema e o livro como um de seus
componentes. Da mesma forma, todas as organizações são siste-
mas que podem fazer parte de outros sistemas maiores.

8. Organizações Como Sistemas


Uma das principais ideias da abordagem sistêmica é a con-
cepção da organização como sistema: as organizações são dividi-
das em partes, cada parte tem sua importância e nenhuma pode
ser desprezada para o bom funcionamento do sistema. O conhe-
cimento dos elementos que interagem nas organizações é uma
habilidade primordial para os administradores. Nas organizações
encontram-se, em uma análise sistêmica, dois sistemas que se in-
fluenciam reciprocamente. Vejamos:
• sistema técnico: composto por recursos e componentes
físicos ou abstratos, que são independentes dos indiví-
duos, como duração das atividades, procedimentos, me-
tas, tecnologia, instalações, divisão do trabalho.
• sistema social: formado por todas as manifestações com-
portamentais dos indivíduos e das comunidades sociais,
relacionamentos humanos, associações informais, cultu-
ra, comportamento e motivação.
Diferentemente da administração científica, que focaliza
apenas o sistema técnico, e o da escola de relações humanas, que
destaca apenas o sistema social, a administração sistêmica sugere
uma visão integrada, na qual as organizações são sistemas socio-
técnicos.
Veja, na Figura 2, a inter-relação de três sistemas. Perceba
que não se pode gerenciar um sistema se não for considerado o
outro.

Claretiano - Centro Universitário


76 © Práticas Corporais Alternativas

Fonte: adaptado de Chiavenato (2000, p. 562).


Figura 2 Sistema sociotécnico.

A seguir, veremos uma analogia entre as organizações e o


corpo humano:

Regras do negócio–––––––––––––––––––––––––––––––––––
Em seu livro Business rule concepts: getting to the point of knowledge, o autor
Ross (2009) faz uma analogia entre o corpo humano e as organizações, enfati-
zando nas regras do negócio.
Para esse autor, no corpo humano, o controle é realizado pelo sistema nervoso,
uma coleção organizada de nervos que se conecta com os músculos. Organi-
zações necessitam de uma coordenação de comportamento semelhante, que é
suportada por regras de negócios.
No corpo humano, a energia é fornecida pelos músculos; nas organizações, é
apoiada por processos. Nervos e músculos são separados, regras de negócio e
processos devem ser separados também. Este princípio de separação é chama-
do de Regra Independente (adaptado de ROSS, 2009).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
© U3 - Abordagem Sistêmica das Organizações 77

9. Eficácia Global
Uma proposta relevante do enfoque sistêmico é a eficácia
global do sistema, isto é, seu desempenho na consolidação dos
objetivos.
Visualizando a eficácia global, o enfoque sistêmico prioriza
a realização dos objetivos dos sistemas, muito mais que a eficiên-
cia das partes separadas. De acordo com a abordagem sistêmica,
é mais importante conceituar uma organização a respeito de sua
finalidade ou utilidade para o usuário do que pelos seus recursos
de entrada.
Apresentamos, a seguir, um exemplo de utilização prática des-
se princípio sistêmico, fundamentado na elaboração de questões
que buscam conhecer o cenário no qual a empresa está inserida.
1) Qual é o nosso negócio?
2) O que podemos oferecer para o cliente?
3) Qual é nossa missão?
4) Quem são os nossos concorrentes?

A pesquisa e a investigação do ambiente conduz as organiza-


ções a intensificar o grau de eficácia do sistema organizacional. A
partir do momento em que tomamos ciência das variáveis envolvi-
das no processo ambiental, alcançamos um melhor desempenho
para a consecução dos objetivos.
Para obter o grau de eficácia de um sistema, é preciso co-
nhecer inicialmente os objetivos e resultados esperados. Toda-
via, também é necessário evidenciar a origem dos objetivos pro-
postos. Estes devem estar em consonância com o mercado, com
os funcionários, os acionistas ou empresários, com o governo...
enfim, devem refletir as necessidades dos ambientes interno e
externo.

Claretiano - Centro Universitário


78 © Práticas Corporais Alternativas

10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Nesta unidade, você viu diversos conceitos relacionados à Teoria Sistêmica.
Monte um breve resumo, retomando cada um desses conceitos e relacio-
nando-os com a empresa em que trabalha.

2) Destaque algumas características de um sistema.

3) No pensamento sistêmico, como é entendida uma empresa?

4) Identifique alguns pontos positivos da Escola Sistêmica.

5) Você consegue enxergar a empresa em que trabalha como um sistema? E


como vê suas complexidades?

11. Considerações
A concepção do enfoque sistêmico trouxe diversas contribui-
ções para a teoria das organizações. Inicialmente, ela demonstrou
a relevância do pensamento holístico, procurando compreender
as variáveis dos ambientes que compõem a complexidade de qual-
quer situação ou problema enfrentado pelas organizações.
Depois, ela revelou a necessidade de considerar os ambien-
tes interno e externo como fatores determinantes da eficácia das
organizações, colocando que, para que isso seja obtido, é neces-
sária a consonância entre a estrutura organizacional e o ambiente.
Com efeito, essas ações permitem que a visão estratégica da admi-
nistração esteja em afinidade com a visão global do sistema.
Chegamos, enfim, ao final da Unidade 3, na qual você teve
a oportunidade de estudar os conceitos do Sistema de Von Ber-
talanffy e da Cibernética de Norbert Wiener. Você aprendeu tam-
bém sobre os benefícios do princípio do expansionismo, que veio
substituir o princípio do reducionismo.
Na quarta unidade, você aprenderá sobre o desenvolvimen-
to organizacional.
© U3 - Abordagem Sistêmica das Organizações 79

12. E-REFERÊNCIAS

Sites pesquisados
BCSSS. Bertalanffy Center for the study of systems science (BCSSS). Disponível em:
<http://www.bertalanffy.org/index.php> e <http://www.bertalanffy.org/bertalanffy/>.
Acesso em: 01 out. 2012.
O pensamento sistêmico no cotidiano e no mundo dos negócios. Disponível em: <http://
www.youtube.com/watch?v=VS0FLiAoRN0>. Acesso em: 23 maio 2012.
ROSS, Ronald G. The father of business rules. Disponível em: <http://www.ronross.info>.
Acesso em: 01 out. 2012.
Terra, planeta vida. A teoria de gaia. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=yjAUSeAAy_w>. Acesso em: 23 maio 2012.
Universidade Católica de Pelotas (UCPEL). Teoria geral dos sistemas e abordagem
sistêmica. 2012. Disponível em: <http://paginas.ucpel.tche.br/~loh/tgs.htm>. Acesso
em: 01 out. 2012.

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BERTALANFFY, L. V. Teoria geral dos sistemas. Petrópolis: Vozes, 1973.
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 6. ed. Rio de Janeiro:
Campus, 2000.
MAXIMIANO, A. C. A. Teoria Geral da Administração: da revolução urbana à revolução
digital. São Paulo: Atlas, 2004.
MOTTA, F. C. P.; VASCONCELOS, I. F. G. Teoria geral da Administração. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2002.
MORGAN, G. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996.
ROSS, R. Business rule concepts: getting to the point of knowledge. Houston: Business
Rule Solutions, LLC, 2009.

Claretiano - Centro Universitário

Você também pode gostar