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,

Universidade Regional do Cariri

José Patrício Pereira de Melo


Reitor
,
Francisco do O’ de Lima Júnior
Vice-Reitor

Maria Arlene Pessoas da Silva


Pró-Reitora de Extensão

Essa ExposiAção Mulheres Pensantes, Presentes! de-


seja (re)apresentar à comunidade da Universidade
Regional do Cariri/CE, bem como às pessoas que pela
Galeria Maria Célia Bacurau Arrais, Campus Pimenta
passarem, produções de mulheres do mundo, sejam elas
nascidas biologicamente com sexo feminino ou não,
sejam elas de cor negra ou não, sejam elas brasi-
leiras ou não. Pretendemos assinalar nossa natureza
de criaturas que criam, transformam, informam, de-
safiam, ousam.

Realização YABARTE – Projeto de Extensão do Departamento Mulheres que pensaram ou que pensam o mundo como
de Artes Visuais do Centro de Artes Reitora Maria Violeta possibilidade de equidade, ou seja, de que cada ser
Arraes de Alencar Gervaiseau contemplado por edital da humano, cada pessoa na sua integridade existencial
PROEX – Pró-Reitoria de Extensão. seja compreendida e respeitada dessa forma. Um mundo
no qual a produção intelectual não seja valoriza-
Realização:
da pelo gênero e sim que sirva ao aprimoramento e
melhoramento de nossas passagens por estas terras.
Um mundo no qual nosso sexo biológico não determine
nosso destino, mas que nossos pensamentos contribu-
am para que ele seja melhor.
Para Mulheres Pensantes, Presentes! Ficha Técnica
elencamos conjuntamente mulheres do
Brasil e do mundo que, nos estudos Comissão de Organização ExposiAção. Elaboração.
do Grupo de Pesquisa NZINGA, nome da Expografia. Curadoria. Montagem. Registro
rainha estrategista africana do rei-
no de Matamba e Ndongo do século XVI, Prof. Dra. Renata Aparecida Felinto dos Santos
nos mostraram e nos mostram como po- > Líder Grupo de Pesquisa
demos alterar as realidades nas quais
vivemos com suas iniciativas. Eliana Barbosa de Amorim
Fernanda Veloso da Costa
Mulheres pensantes estão presentes Maria Claudineide Alves Macêdo
desde sempre e somos suas continuida- > Bolsistas
des no tempo-espaço, não retrocedere-
mos um passo! Nosso pensamento é vivo Val Alexandre de Sousa Silva
e é vida e mudar a nossa sociedade, Aline Gonçalves de Lima
que nos violenta de muitas formas in- Amanda Mendes de Jesus
cluindo as tentativas de interdição Andrea Sobreira de Oliveira
de nossas intelectualidades é urgen- Clitya Nóbrega dos Santos
te, se faz premente! Esse pensamento Francisca Edivania Barros
se materializará em livro, em medi- Gledsson Rodrigues Duarte
camento, em pintura, em atendimento, Maria de Fátima Gomes dos Santos (Fatinha Gomes)
em poesia, em piada, em política, em Maria Vanessa dos Santos
educação, em música, em filosofia, em Larissa Rachel Gomes Silva
quadrinhos, em filme, em performance,e Williana da Silva Maciel
de muitas outras formas. > Pesquisadorxs

Nenhum pensamento a menos. Nenhuma Francisco Cleiton de Araújo Ferreira


mulher a menos. Rawan Carvalho Alencar
> Colaboradores
Eloá Cristina, presente! Cláudia da
Silva Ferreira, presente! Luana Bar- Andréa Sobreira / Mestra Margarida
bosa, presente! Silvany Sousa, pre- > Ilustração capa
sente! Presentes!!!
Gabie Jurgenfeld
Setembro de 2018 > Foto contracapa
Nascida em Nova Iorque/EUA, em 1827, fugiu com seu
filho mais novo para o Canadá. Dois anos depois
retornou ao seu país de origem após a abolição
da escravatura. Trabalhou como empregada domésti-
ca ao mesmo tempo que pregava sermões evangélicos
nas ruas. Tornou-se uma referência para o feminis-
mo negro e interseccional devido à retomada de seu
discurso de posicionamento no encontro feminista em
Ohio/EUA, em 1851:

Aquele homem ali diz que é preciso ajudar as mulhe-


res a subir numa carruagem, é preciso carregar elas
quando atravessam um lamaçal e elas devem ocupar
sempre os melhores lugares. Nunca ninguém me ajuda
a subir numa carruagem, a passar por cima da lama ou
me cede o melhor lugar! E não sou uma mulher? Olhem
para mim! Olhem para meu braço! Eu capinei, eu plan-
tei juntei palha nos celeiros e homem nenhum conse-
guiu me superar! E não sou uma mulher? Eu consegui
trabalhar e comer tanto quanto um homem – quando
tinha o que comer – e também aguentei as chicotadas!
E não sou mulher? Pari cinco filhos e a maioria deles
foi vendida como escravos. Quando manifestei minha
Sojourner Truth dor de mãe, ninguém, a não ser Jesus, me ouviu! E
não sou uma mulher?
(1797-1883)

Foto de cerca de 1862.Trecho do discurso em res-


posta à manifestação de um homem branco sobre
como tratar uma mulher. Extraído de O que é Lugar
de Fala?, Djamila Ribeiro, Editora Letramento.
Nzinga Mbande Cakombe, Ngola Nzinga Mbande ou Dona
Ana de Sousa foi rainha dos reinos de Matamba e Ngo-
la, na atual Angola,combateu a invasão portuguesa no
intenso período de tráfico transatlântico no século
XVI, notabilizando-se como uma guerreira estrate-
gista com conhecimentos diplomáticos. Por exemplo,
aliou-se à Holanda para combater Portugal. Realizou
alguns acordos com portugueses a fim de obter a paci-
ficação. Resistiu à cristianização até o fim da vida
quando, para o fortalecimento de pactos, aceitou ser
batizada como Ana de Sousa. Após sua morte aos 81
anos de idade, 7.000 de seus guerreiros foram vendi-
dos para o Brasil. Sua memória é muito respeitada em
Angola e em Portugal, lugares nos quais representa
a maior resistência contra a escravização de afri-
canas e africanos.

Nzinga Mbande Ngola


(1583-1663)

Lesliana Pereira no filme Nzinga, Rainha de Ango-


la, de 2013, direção de Sérgio Graciano.
Nascida no Sudoeste da África originária da etnia
khoisan, onde hoje se localiza a África do Sul, foi
vítima do racismo científico do século XIX. Sara foi
levada para a Europa como “selvagem” para ser exi-
bida nua em museus, universidades, circos, bares e
bordéis, e ficou conhecida como “Vênus Hotentote”.
Até depois de morta, Sara continuou sendo violenta-
da pela curiosidade etnológica e sexual europeia,
tendo suas partes íntimas e seu cérebro expostos no
Museu do Homem, em Paris, França.

A partir de sua trágica história podemos apontar


questões que se referem à objetificação dos corpos de
mulheres negras ao longo da história.

Sarah “Saartjie” Baartman


(1789-1815)

Imagem estraída do site da BBC, disponí-


vel em <https://www.bbc.com/portuguese/noti-
cias/2016/01/160110_mulher_circo_africa_lab>,
acesso 01 set. 2018.
Nascida no Rio de Janeiro/RJ foi Cantora, composi-
tora e atriz, a “Grande Dama do Samba”, enfrentou o
preconceito tornando-se a primeira mulher sambista
a compor e ganhar um samba-enredo.

Nasci Pra Sonhar E Cantar

O que trago dentro de mim preciso revelar


Eu solto um mundo de tristeza que a vida me dá
Me exponho a tanta emoção
Nasci pra sonhar e cantar
Na busca incessante do amor
Que desejo encontrar

Quanta gente por aí que não terá


A metade do prazer que sei gastar
No amor sou madrugada
Que padece e não esquece
E há sempre um amanhã
Para o seu pranto secar

Dona Ivone Lara


(1922-2018)

Fotografia de Rogério Reis/ Tyba


Nascida em uma favela da zona sul de Belo Horizonte
(MG). Educadora, poetisa, romancista, autora de vá-
rias obras, premiada, primeira escritora negra in-
dicada a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira
de Letras.

Eu-Mulher

Uma gota de leite


me escorre entre os seios.
Uma mancha de sangue
me enfeita entre as pernas
Meia palavra mordida
me foge da boca.
Vagos desejos insinuam esperanças.
Eu-mulher em rios vermelhos
inauguro a vida.
Em baixa voz
violento os tímpanos do mundo.
Antevejo.
Antecipo.
Antes-vivo
Antes - agora - o que há de vir.
Conceição Evaristo Eu fêmea-matriz.
Eu força-motriz.
(1922-2018) Eu-mulher
abrigo da semente
moto-contínuo
do mundo.

Fotografia: Isabela Kassow


Filha de Negro e Índia Lélia Gonzalez nasceu “de
Almeida”, em Belo Horizonte-MG, em 1935. Educado-
ra, filosofa, intelectual, feminista, anti racista
e militante em movimentos políticos tornou-se uma
grande referência para o movimento Negro no Brasil,
assim como Beatriz Nascimento. Faleceu em 1994, na
cidade do Rio de Janeiro.

Lélia Gonzalez
(1935-1994)

Fotografia: Alberto Jacob.


Luiza Mahin, nascida no início do século XIX, per-
tencia à nação nagô-jeje, da tribo Mahin, daí seu
sobrenome, comprou sua alforria em 1812, livre, tor-
nou-se quitandeira em Salvador-BA. Mãe do poeta e
abolicionista Luís Gama, envolveu-se na articula-
ção de todas as revoltas e levantes de escravos que
sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras
décadas do século XIX. Sendo uma delas a Revolta dos
Malês(1835).

Luiza Mahin
(dados de nascimento e morte incertos)

Bahia-Brasil

Fotografia: Alberto Jacob.


Maria Margarida da Conceição nasceu na cidade de
Alagoas/ MACEIÓ, no dia 21 de Junho de 1935. Mestra
Margarida( Margá), tem em seu grande feito a força
e a resistência de uma Guerreira-Mestra de Reisa-
do, Negra. Muito cedo, veio de Alagoas para morar
em Juazeiro do Norte na casa da sua madrinha Ágada,
que também era Mestra de Reisado. Manter acesa a
força do Reisado no Bairro João Cabral, em Juazei-
ro do Norte é seu grande feito, não é fácil, só as
fortes entenderão.

Mestra Margarida
(1935-)

Fotografia: Augusto Pessoa


Marielle Francisco da Silva conhecida como Marielle
Franco era uma mulher negra, socióloga e vereadora
do Rio de Janeiro. Atuou em frentes de luta em fa-
vor dos direitos das mulheres e da população negra.
Fazia fortes denúncias e críticas às intervenções
militares feitas no Rio de Janeiro. Foi assassina-
da brutalmente após denunciar os atos violentos da
polícia.As investigações sobre os mandantes de seu
extermínio permanecem sem a identificação dos/as au-
tores/as.

MARIELLE FRANCO, PRESENTE!!!

Marielle Franco
(1979-2018)

Fotografia: Márcia Folleto/ Agência O Globo


Erica Malunguinho é uma mulher trans, artista, ati-
vista e educadora pernambucana. Transformou seu
ateliê artístico em um Centro Cultural de resistên-
cia negra e em um Quilombo Urbano chamado Aparelha
Luzia localizado na cidade de São Paulo, o bairro
de Campos Elíseos popularmente conhecido como Cra-
colândia. Eleita deputada estadual pelo estado de
São Paulo em 2018,a fim de representar as minorias
políticas e promover o que chama de “alternância de
poder”. Produz trabalhos nas áreas de fotografia,
desenhos, performance e escrita. Sobre sua condição
diz que:

Eu acreditava que entender minha orientação sexual


seria suficiente para me colocar no mundo. Aos pou-
cos fui me dando conta de que haviam outros aspectos
inexplorados da minha subjetividade e, nesse conjun-
to de termos que utilizamos para nos definir, me en-
tendi como uma pessoa ‘T’, ou seja, uma mulher trans.

ALTERNÂNCIA DE PODER!!!
Erica Malunguinho REINTEGRAÇÃO DE POSSE!!
(1982-)

Fotografia: Futura Play.


A australiana Hannah Gadsby é uma mulher lésbica
que cresceu na Tasmânia, onde a homossexualidade
era crime até 1997. Ganhou projeção mundial com o
especial lançado na Netflix em junho desse ano, que
trata de experiências pessoais em forma de stand-up
comedy, esboçando ironia e humor de fatos pessoais
pesados o qual vivenciou. Formada em História da
Arte, onde não conseguiu projeção, sua experiência
se inclinou para atuação e apresentações nesse es-
tilo de fazer humor, ganhando reconhecimento na Eu-
ropa, nos Estados Unidos e, agora, em outros países.

Não há nada mais forte do que uma


mulher destruída que se reconstrói.

Hanna Gadsby
(1978-)

Fotografia extraída do site <https://observa-


dor.pt/2018/07/19/hannah-gadsby-stand-up-ou-
-cilada-o-espectaculo-que-esta-a-mudar-o-hu-
mor/>, acesso 01 set. 2018.
Cratense-cearense nascida em uma comunidade quilom-
bola, para depois ir à estudo para São Paulo/SP,
lugar onde formou-se em Pedagogia. Retornou à sua
cidade de origem onde fundou com sua irmã o GRUNEC
(Grupo de Valorização Negra do Cariri), em 2001.
O GRUNEC objetiva promover a conscientização da
identidade negra no Cariri; diminuir as disparida-
des sociais entre diferentes grupos étnicorraciais;
resgatar e valorizar a história e cultura negras na
região, dentre outras demandas.

Sou Sexxxxxx sagenária, muito, muitíssimo sexy, mu-


lher negra e descendente quilombola... Meu maior
feito é ter assumido o verbo “Miolar” na minha vida,
amo conversar “Miolo de Pote”. Nos ensinamentos do
meu avô, aprendi que miolar é conversar sobre tudo
o que preenche o pote, que mesmo vazio tem muito o
que contar . Assim são as histórias de vidas , de
amores que se entrelaçam e se ajudam. Meu direito
de falar é meu.

Valéria Gersina das


Neves Carvalho
(1958-)

Fotografia: Mallu Silvestre.


Cratense-cearense nascida em uma comunidade quilom-
bola, para depois ir à estudo para São Paulo/SP,
lugar onde formou-se em Biologia. Retornou à sua
cidade de origem onde fundou com sua irmã o GRUNEC
(Grupo de Valorização Negra do Cariri), em 2001.
O GRUNEC objetiva promover a conscientização da
identidade negra no Cariri; diminuir as disparida-
des sociais entre diferentes grupos étnicorraciais;
resgatar e valorizar a história e cultura negras na
região, dentre outras demandas.

Meu maior feito foi poder realizar o mapeamento das


comunidades Negras Quilombolas no Cariri cearen-
se. Poder visibilizar um povo que historicamente
foi negado da sua existência a partir do mapeamen-
to, fizeram surgir novas conquistas e novos desafios.
Enquanto mulher negra esse é meu maior feito, faz
parte da minha história.

Verônica Neuma
das Neves Carvalho
(1958-)

Fotografia: Samuel Macêdo


Natural de Recife/PE, iniciou seus estudos na Escola
Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1908,
ingressou na Academia Julian em Paris, onde estudou
de 1911 a 1915. Ao retornar ao Brasil participou de
diversas exposições. Em 1932 tornou-se cofundadora
da Escola de Belas Artes de Recife, onde também le-
cionou.

Conheça também:
Julieta de França (1870–1951), escultora paraense.
Antonieta Santos Feio ou Antonieta Feio (1897–1980),
pintora paraense.

Fédera do Rego Monteiro


(1889-1975)

Fotografia: link da imagem <https://s3.ama-


zonaws.com/photos.geni.com/p13/68/99/
e9/06/5344483a01143989/fedora-rego-monteiro-
-fernandes_medium.jpg>, acesso 01 set. 2018.
Natural de Havana, Cuba, cursou artes na Universi-
dade de Iowa/EUA e a pós-graduação em performance.
Seus trabalhos têm grande ligação com o feminino e a
natureza utilizando diversas linguagens que vão dos
desenhos ao seu corpo, o que a insere na body art,
corrente artística que tem no corpo suporte e objeto
de investigação. Morreu durante seu casamento com o
artista estadunidense Carl Andre, caso até hoje não
esclarecido que pode ter sido acidente, suicídio ou
feminicídio*.

* Até agosto de 2018, morreram 321 mulheres no Es-


tado do Ceará vítimas de seus ex-companheiros. Em
28 de agosto de 2018, no mesmo estado, foi condena-
do o primeiro homem a cometer feminicídio. Os dados
foram compartilhados pela Prof. Cleo do Vale (UFCA)
em redes sociais.

Ana Mendieta
(1948-1985)

Fotografia: obra da artista Autorretrato com


sangue, 1973.
Pernambucana de Recife, Elza Maia Costa Freire pri-
meira esposa de Paulo Freire, dedicou sua vida a
educação. Foi uma das responsáveis pela inserção
da arte-educação nas escolas públicas de Recife e
uma das precursoras na formação de professores em
Recife, Angicos/RN, Brasília/DF e São Paulo/SP, es-
pecificamente na Vila Helena Maria. Também foi quem
influenciou Paulo Freire ir para o campo da Educação,
abandonando o Direito, sua formação inicial.

Elza Maia Costa Freire


(1916-1986)

Fotografia: Acervo Paulo Freire, datada de 1975.


Cearense, Graduada em História pela Universida-
de Regional do Cariri/URCA, Doutora em Arqueolo-
gia pela Universidade de Coimbra, Portugal. Mes-
tre em Arqueologia e Preservação do Patrimônio pela
Universidade Federal de Pernambuco. Cofundadora da
Fundação Casa Grande, Memorial do Homem Kariri, em
1992, instituição filantrópica e cultural localizada
em Nova Olinda/CE, onde realizou atividades de pes-
quisas arqueológicas e educativas de 1992 a 2006,
com a participação de crianças e jovens da região
abrangendo as áreas de memória, comunicação, artes
e turismo.

Todo esse estudo foi voltado para uma arqueologia


social inclusiva. O tempo todo trago esse discurso e
essa forma de fazer arqueologia, que procura não ser
um fim em si mesmo, mas um meio de inclusão social,
em desenvolvimento da comunidade, conscientização e
que traz uma solidariedade entre as pessoas, que a
Casa Grande vem construindo.

Roseane Limaverde
Vilar Mendonça
(1964-2017)

Foto: Elizângela Santos. Trecho de entrevista


cedida pela pesquisadora à Verdes Mares.
Paulistana, filha de imigrante italiana branca e de
um brasileiro negro, foi a primeira mulher a fazer
análise na América Latina.

Mestre em Sociologia pela Escola Livre de Sociologia


e Política. Recentemente sua dissertação foi repu-
blicada e tem como mérito a recusa de formulações
raciais de cunho biológico para se pensar a raça
como categoria social. Primeira psicanalista sem
formação médica no Brasil e iniciou sua análise com
a Dra. Adelheid Lucy Koch, primeira analista cre-
denciada pela International Psychoanalytical Asso-
ciation (IPA) no Brasil. Em 1970, Virgínia iniciou
em Brasília a análise e o ensino a um grupo de seis
psiquiatras.

Eu me interessei muito cedo por esse lado social.


Não foi por acaso que procurei psicanálise e so-
ciologia. Veja bem o que fiz: eu fui buscar defesas
científicas para o íntimo, o psíquico, para conciliar
a pessoa de dentro com a de fora. Fui procurar na
sociologia a explicação para questões de status so-
cial. E, na psicanálise, proteção para a expectativa
Virgínia Leone Bicudo de rejeição. Essa é a história.

(1910-2003)

Fotografia: Extraída do site Blogueiras Negras.


Trecho de entrevista concedida em 1998.
Recifense, Raquel Trindade de Souza ou Raquel Solano
Trindade, numa incorporação do primeiro nome de seu
pai, Solano Trindade, o poeta do povo. Filha também de
Maria Margarida Trindade, terapeuta ocupacional que
trabalhou com Nise da Silveira. Foi ativista da cul-
tura negra, artista plástica, dançarina, coreógrafa.

Fundou o Teatro Popular Solano Trindade (TPST), em


Embu das Artes/SP, em 1975, após o falecimento de
seu pai, de onde surgiu e o Nação Kambinda de Mara-
catu. Participou do movimento da feira de artes da
Praça da República, em São Paulo, e da feira de ar-
tes de Embu das Artes. Realizou cursos e oficinas por
todo o país, bem como exposições e apresentações de
danças de matriz africana como o maracatu e o coco.
Mesmo sem diploma universitário, na década de 1980
foi professora visitante na Universidade Estadual
de Campinas, a UNICAMP.

Raquel Trindade
(1936-2018)

Fotografia: Divulgação, site Festival Afreaka


Natural de Aracati/CE, em 1933 mudou-se para Forta-
leza para estudar. Em 1950, iniciou seus estudos no
Curso Livre de desenho e pintura e Iniciação à Histó-
ria da Arte da Sociedade Cearense de Artes Plásticas
(SCAP). Dedicou-se à pintura e ao bordado, e junto
com seu marido Estrigas, fundou o Minimuseu Firmeza
na capital cearense.

Nice Firmeza
(1921-2013)

Fotografia Gentil Barreira


A artista nascida em Morada Nova/CE, produz e publi-
ca seus desenhos e textos, em fanzines e revistas há
mais de quinze anos. Possuindo um interesse forte
pela produção autobiográfica, suas narrativas permeiam
dramas pessoais, e questões de cunho político e femi-
nista, facilmente identificáveis. Atualmente continua
ativa com produção em redes sociais ganhando projeção
ascendente.

Sirlanney
(1984-)

Fotografia: extraída de <http://ladyscomics.


com.br/entrevista-sirlanney-magra-deruim>,a-
cesso 01. set. 2018.
Maria Caboré viveu e morreu na cidade do Crato/CE.
Entre o fim da segunda metade do século 19 e iní-
cio do século 20. Mulher negra, pobre e considerada
louca. É entendida como uma santa “popular”, e seu
túmulo (milagreiro) está localizado no Cemitério
Municipal Nossa Senhora da Piedade, na mesma cidade.
Anualmente torna-se palco de muitas demonstrações
de fé no Dia de Finados. Não há registros fotográfi-
cos sobre essa mulher.

Maria Caboré
(data de nascimento e morte desconhecidas)

Fotografia: Registro do túmulo de Francisca Edi-


vania Barros.
Jarid Arraes nasceu em Juazeiro do Norte/CE. É escri-
tora, poetisa, cordelista, ativista dos direitos hu-
manos, que inclui o combate ao racismo, ao machismo, à
lgbtqiapfobia* etc. Dentre as suas obras destacam-se
As Lendas de Dandara, 2015, e Heroínas Negras Brasi-
leiras em 15 cordéis, 2017.

Escrevo para honrar


minha ancestralidade.
LGBTQIAP+ é uma sigla que significa Lésbicas, Gays,
Bi, Trans, Queer/Questionando, Intersexo, Assexuais/
Arromântiques/Agênero, Pan/Poli, e mais.

Jarid Arraes
(1991-)

Fotografia: Imagem extraída das redes sociais.


Nascida nos Estados Unidos, em St. Louis, Missouri é
considerada uma das personalidades mais influentes do
seu país. Desenvolveu uma série de atividades como
escritora e atriz, ativista dos direitos da população
negra estadunidense.

Ela fez o possível para sobreviver após um estupro


ainda menina, e depois de ter engravidado e cuidado
sozinha de um filho numa época em que era pouco comum
mães sozinhas.

Teve contato com líderes como Martin Luther King Jr,


Malcom X, foi condecorada pelo presidente Barack Oba-
ma. Possui uma enorme obra em literatura e entre os
temas que discute estão a individualidade e as opres-
sões sociais, raciais e de gênero.

Maya Angelou
(1928-2014)

Fotografia: Site Revista VOGUE França.


Escritora lésbica estadunidense nascida em Massachu-
setts, considerada uma das mais importantes poetas a
escrever em língua inglesa. Orfã de pai, sua mãe foi
internada em um hospital psiquiátrico e Elizabeth foi
educada por parentes.

Publicou poucos. Sua poesia foi reunida pela primei-


ra vez em 1969, com seus Complete Poems. Detalhes de
sua vida são razoavelmente bem conhecidos no Brasil,
e sua obra ainda circula. Recentemente, com o volume
Poemas Escolhidos de Elizabeth Bishop, com seleção,
tradução e introdução de Paulo Henriques Britto.

Elizabeth Bishop
(1911-1979)

Fotografia: Imagem extraída do site <http://


totodenadie.blogspot.com/2017/05/elizabeth-
-bishop-poeta-lesbica.html>, acesso 01 set.
2018.
,
ALEXANDRE SOUSA ALINE LIMA (Exu-PE)
corpo e aflição, 2018. Enlinhada, 2018.
Fotografia. Instalação, bordado.
Tríptico Dimensões: 142cm
AMANDA MENDES (Jardim-CE) ANDRÉIA SOBREIRA (Guarulhos-SP)
O poder da mulher não visto na Zona Y, 2018.
sociedade, 2018. Quadrinho, desenho digital.
Guache sobre tecido. Tríptico
Dimensões: 77cm x 57cm
ELIANA AMORIM (Exu-PE) FHERNANDA VELOSO (Crato-CE)
Botocuda, 2018. Maria Caboré, 2018.
Pintura Mural. Desenho, grafitte sobre canson.
Dimensões:149cm x 93cm Dimensões: 26cm x 20cm
LARISSA RACHEL (Fortaleza-CE) MARIA MACÊDO (Juazeiro do Norte-CE)
Boneca de Trapo I, 2018. Você fala Pretuguês?, 2018.
Escultura. Panfleto.
Dimensões: 10 cm x 0.5 cm
WILLIANA SILVA (Juazeiro do Norte-CE)
femi ni cidio, 2018.
,
Fotografia.
Dimensões:85cm x 29cm

foto Gledson Rodrigues


foto Wandeallyson Landim

foto Maria Macêdo - Fala com Manoel Trindade

foto Gledson Rodrigues

foto Maria Macêdo - oficina yabarte foto Maria Macêdo - oficina yabarte
,

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