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Revista Brasileira de Gestão de Negócios

ISSN: 1806-4892
gestnegocios@fecap.br
Fundação Escola de Comércio Álvares
Penteado
Brasil

Vieira de Oliveira, Oderlene; Arruda Cavalcante Forte, Sérgio Henrique; Araújo Aragão, Lindenberg
Fusões e Aquisições sob a Perspectiva da Vantagem Competitiva: o caso da Perdigão Agroindustrial
S.A.
Revista Brasileira de Gestão de Negócios, vol. 9, núm. 24, maio-agosto, 2007, pp. 91-108
Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado
São Paulo, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=94792408

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Fusões e Aquisições sob a Perspectiva da Vantagem Competitiva: o caso da Perdigão Agroindustrial S.A.

Área Temática: Estratégia e Comportamento Organizacional

Fusões e Aquisições sob a Perspectiva


da Vantagem Competitiva: o caso da
Perdigão Agroindustrial S.A.
Oderlene Vieira de Oliveira
Mestranda em Administração de Empresas da Universidade de Fortaleza – UNIFOR
[oderlene@hotmail.com]

Sérgio Henrique Arruda Cavalcante Forte


Doutor em Administração de Empresas pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas
– EAESP/FGV
Professor do curso de Pós-Graduação da Universidade de Fortaleza – UNIFOR [forte@unifor.br]

Lindenberg Araújo Aragão


Mestrando em Administração de Empresas da Universidade de Fortaleza – UNIFOR [l.aragao@superig.com.br]

Endereço dos autores: Av. Washington Soares, 1321, Fortaleza – CE Cep. 60811-341 - Caixa Postal: 1258

Recebido em 27 de junho de 2007 / Aprovado em 31 de julho de 2007

RESUMO investigado em dezesseis filiais por meio de en-


As organizações tendo interesse em novos seg- trevistas (face a face e por telefone), e material
mentos de mercado podem optar por estratégias secundário. A coleta de dados deu-se em 2006
de fusão e aquisição. O sucesso dessas transa- e 2007. O estudo foi de caráter exploratório,
ções é, normalmente, definido pela expectativa com abordagem qualitativa. Para a consolida-
do retorno sobre o capital investido. Este ar- ção dos dados a técnica de análise de conteúdo
tigo, de outra forma, identificou os resultados especificamente a análise temática (BARDIN,
da aquisição a partir da percepção dos gesto- 1977), mostrou-se mais apropriada. Pode-se
res. Entendendo-se por resultado, qualquer concluir que a operação de aquisição da Batavo
efeito tangível ou intangível no ambiente or- Frios gerou vantagem competitiva relativa para
ganizacional e no posicionamento da empresa a Perdigão Agroindustrial S.A.
frente ao mercado. Assim, buscou-se respon-
der a seguinte questão orientadora: a transa- Palavras-chave:
ção de aquisição da Batavo Frios gerou vanta- Fusões e Aquisições. Vantagem Competitiva.
gem competitiva para a Perdigão Agroindustrial Recursos.
S.A.? Buscando uma resposta para o problema
o estudo objetivou constatar se o processo de ABSTRACT
aquisição trouxe vantagem competitiva, focan- The organizations interested in new segments of
do duas fases: (i) a integração, e (ii) o geren- the market can choose strategies of fusion and
ciamento da aquisição (assimilação). O caso foi acquisition. The success of these transactions is
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normally measured be the expectation of return encontrar una respuesta para el problema el es-
of the invested capital. This article, however, tudio tuvo como objetivo constatar si el proceso
pondered the results from a manager’s point trajo ventajas competitivas, separándolo en dos
of view. We understand by result any tangible fases: (i) la integración y (ii) el gerenciamiento
or intangible effect on the organizational de la adquisición (asimilación). El caso fue in-
environment and the company’s position facing vestigado en diecisiete filiales por medio de en-
the market. Thus, we have attempted to answer trevistas (cara a cara o por teléfono) y material
the following question: did the acquisition of secundario. La colecta de datos se dio en 2006
Batavo Frios generate competitive advantage y 2007. El estudio fue de carácter exploratorio,
to Perdigão Agroindustrial S.A.? Searching con abordaje cualitativo. Para la consolidación de
for an answer to the problem, the study has los datos la técnica de análisis de contenido espe-
aimed at checking if the process of acquisition cíficamente el análisis temático (BARDIN, 1977)
has brought competitive advantage while se mostró más apropiado. Puede concluirse que
focusing on two phases (i) integration and (ii) la operación de adquisición de Batavo Frios, ge-
acquisition management (assimilation). The neró ventajas competitivas relativas para Perdigão
case was investigated in 16 branches through Agroindustrial S.A.
interviews (face-to-face and on the telephone),
and secondary material. The gathering of data Palabras-clave:
took place in 2006 and 2007. The study was of Fusiones y Adquisiciones. Ventaja competitiva.
exploratory nature with a qualitative approach. Recursos.
To the consolidation of data the content analysis
technique, especially the theme analysis has 1  INTRODUÇÃO
proven most appropriate. We can conclude that Até os anos 80, eram raros os processos
the acquisition of Batavo Frios has generated de Fusão e Aquisição (F&A) envolvendo grandes
relative competitive advantage to Perdigão empresas no Brasil. Com a globalização, essas
Agroindustrial S.A. práticas passaram a ser mais comum no mer-
cado. Barros, Souza e Steuer (2003) explicam
Key-words: que o número de operações começou aumentar
Fusions and Acquisitions. Competitive Advantage. em decorrência da redução das barreiras de en-
Resources. trada de capital estrangeiro e da inserção do país
no mercado global. Estudo da KPMG (2007)
RESUMEN revela que no ano de 1994 foram realizadas 172
Las organizaciones que tengan interés en nue- operações de fusões e aquisições no Brasil. No
vos segmentos de mercado, pueden optar por ano de 2006, essas operações passaram para
estrategias de fusión y adquisición. El éxito de 4.032, ou seja, houve um crescimento de mais
esas transacciones es normalmente definido por de 2.200% em doze anos.
la expectativa de retorno sobre el capital inverti- Essas transações de F&A apresentam-se
do. Este artículo identificó otra forma de medir como elementos de destaque nas estratégias adota-
los resultados de las adquisiciones a partir de la das pelo setor de alimentos, bebidas e fumo, o que
percepción de los administradores. Definiéndo- pode ser constatado no ranking da KPMG (2007),
se como resultados, cualquier efecto tangible o no qual esse setor ocupa o primeiro lugar.
intangible en el ambiente organizacional y el po- Quando se trata dos processos de F&A
sicionamiento de la empresa frente al mercado. é comum se falar também em vantagem com-
Se buscó responder la siguiente cuestión orien- petitiva. Afinal, esses processos proporcionam
tadora: ¿la transacción de adquisición de la em- às empresas fontes importantes de diferencia-
presa Batavo Frios generó ventajas competitivas ção ou liderança de custos (PORTER, 1995),
para Perdigão Agroindustrial S.A.? Tratando de gerando assim aumento na competitividade.
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Fica claro que as corporações ao busca- processo de aquisição da Batavo Frios pela Perdi-
rem novas organizações no mercado, fazendo gão Agroindustrial trouxe vantagem competitiva,
aquisições, com o objetivo de ampliar ou modi- focando duas fases do processo de aquisição: (i)
ficar seus portfólios de negócio, buscam obter Integração, e (ii) o gerenciamento da aquisição
vantagens competitivas, visto que é incomum (assimilação). Para tanto realizou-se um estudo
nessa estratégia que uma corporação desenvolva de caso de caráter exploratório, com abordagem
novos produtos internamente, uma vez que evi- qualitativa, na qual se utilizaram técnicas de en-
dências sugerem que a aquisição é uma maneira trevistas semi-estruturadas com questões abertas.
mais rápida e fácil de se modificar ou ampliar os Para a consolidação dos dados a técnica da análise
portfólios de negócios. de conteúdo, especificamente a análise temáti-
Na visão de Churchil e Peter (2000) ca, mostrou-se mais apropriada, sendo aplicada
vantagem competitiva é a capacidade competi- conforme os critérios de análise, codificação e
tiva de uma firma ter um desempenho melhor categorização descrita por Bardin (1977).
que o dos concorrentes na oferta de algo que o Alguns trabalhos têm sido desenvolvidos
mercado valorize. focando F&A no Brasil, mas nenhum foi lo-
Segundo Hitt, Ireland e Hoskisson calizado focando F&A na abordagem vantagem
(2005), uma empresa desenvolve uma vantagem competitiva. Com o abordagem em F&A desta-
competitiva por meio de uma estratégia de aqui- cam-se os trabalhos de Barros (2003); Barros e
sição somente quando essa transação gera sinergia Cançado (2003); Wood Jr, Vasconcelos e Cal-
privada, a qual é criada quando a combinação e das (2004); Casali (2006) e com a abordagem
integração dos ativos das firmas adquirente e ad- em vantagem competitiva destacam-se os tra-
quirida produzem capacidades e competências es- balhos de Ferreira (2006), Oliveira (2007), e
senciais que não poderiam ser desenvolvidas com- Forte, Moreira e Moura (2006) que constituem
binando-se e integrando-se os ativos de qualquer importantes estudos e que contribuíram para a
uma das firmas com os de outra companhia. realização deste pesquisa.
Uma aquisição é uma estratégia por meio Este artigo apresenta-se estruturado da
da qual uma firma compra uma participação de seguinte forma: a primeira seção apresenta o pa-
controle, ou 100%, de outra firma com a inten- norama dos processos de fusões e aquisições no
ção de utilizar uma competência essencial mais Brasil, a classificação e motivos que levam a pro-
eficiente, tornando a firma adquirida um negó- cessos de F&A, as fases do processo de aquisição.
cio subsidiário dentro do portfólio da adquiren- A segunda parte foca a vantagem competitiva e os
te (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2005). recursos e fala-se repentinamente em sinergias de
Apesar de crescentes, os processos de uma F&A. A terceira parte apresenta a metodo-
F&A não vêm apresentando os resultados espe- logia utilizada. O quarto item explica o estudo de
rados. Pesquisa conduzida no Brasil por Barros caso e as análises teórico-empírico. Finalmente a
e Rodrigues (2001), com executivos de grandes quinta parte traz a conclusão do estudo.
empresas, revelaram como problemas: avalia-
ção incorreta do negócio (34,3%), expectati- 2  FUSÕES E AQUISIÇÕES NO BRASIL
va de mercado não atendida (32,8%) e ques- No Brasil, como em muitas outras eco-
tões culturais (19,4%). Diante da incerteza de nomias emergentes, o crescimento do número
tais resultados, buscou-se responder a seguinte de fusões e aquisições acompanhou o proces-
questão orientadora: a transação de aquisição da so de liberação econômica. Este fator favoreceu
Batavo Frios pela Perdigão, para a inserção no os processos de F&A de três diferentes modos:
mercado de derivados de peru, trouxe vantagem primeiro, a desregulamentação dos mercados lo-
competitiva para a adquirente? cais, associadas às tendências internacionais em
Buscando encontrar uma resposta a esse direção à globalização, permitiu que as empre-
questionamento, objetivou-se constatar se o sas estrangeiras adquirissem empresas brasilei-
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ras; segundo, programas de privatização criaram Segundo o informe setorial Fusões e


oportunidades para que muitas empresas estran- Aquisições no setor de alimentos elaborado
geiras e brasileiras adquirissem grandes opera- pelo BNDES (1999), a predominância do setor
ções nos setores de energia, de telecomunicações de alimentos e bebidas parece associada à reu-
e bancário; e terceiro, a elevada competição in- nião de vários fatores, com destaque para :
ternacional, associada à acelerada mudança tec- a) saturação dos mercados dos países de-
nológica, obrigou empresas domésticas a se fun- senvolvidos – como consumidores euro-
direm ou a adquirirem umas às outras (WOOD peus e norte americanos estão próximos
JR.; VASCONCELOS; CALDAS, 2004). do limite físico de consumo de alimen-
Segundo dados da KPMG (2007), das tos, as taxas de crescimento das vendas
transações de fusões e aquisições realizadas en- são muito baixas levando as empresas a
tre 1994 e 2006, no Brasil, o setor de alimentos, procurarem mercados mais dinâmicos;
bebida e fumo é líder no ranking, representan- b) crescente poder das cadeias de distribui-
do 10,59% do total de F&A (Tabela 1). Apesar de ção – os grandes supermercados têm re-
ser o líder do ranking setorial de transações de duzido as margens dos fornecedores nos
fusões e aquisições, no ano de 2006, o setor de países desenvolvidos, levando-os a bus-
alimentos, bebidas e fumo não foi o que obteve o car em mercados menos competitivos;
maior número de transações. O setor de Com- c) custos crescentes – os pesados investi-
panhias energéticas foi quem apresentou o maior mentos em propaganda, distribuição e
número de transações em 2006, apresentando qualidade tornam vitais as economias
um crescimento de 381,25%, o que fez com que de escala, por vezes inviabilizando fir-
subisse do 6º para o 5º lugar no ranking. mas pequenas;

Tabela 1 - Evolução do número de F&A no Brasil por setor.

Principais setores 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 Total


Alimentos,
21 24 38 49 36 25 36 32 29 22 36 36 43 427
bebidas e fumo
Tecnologia de
8 7 11 8 8 28 57 36 13 28 22 49 46 321
informação
Telecomunicações 5 8 5 14 31 47 26 27 22 21 32 21 28 287
Instituições
15 20 31 36 28 16 18 17 20 16 19 19 21 276
financeiras
Companhias
0 1 9 17 11 10 20 36 16 17 12 16 61 226
energéticas
Metalurgia e
11 9 17 18 23 9 11 15 13 14 19 25 38 222
siderurgia
Publicidade e
3 2 5 9 19 17 23 19 12 12 17 19 19 176
editoras
Química e
14 13 18 22 25 6 12 7 4 5 7 18 21 172
petroquímica
Petrolífero 2 4 4 3 1 6 28 40 26 7 16 14 8 159
Seguros 8 9 16 24 15 9 6 7 5 10 10 16 6 141
Outros 130 109 78 67 104 116 136 154 172 174 115 88 182 1625
Total F&A 175 212 328 372 351 309 353 340 227 230 299 363 473 4032

Fonte: adaptado do estudo da KPMG (2007).

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d) focalização de negócios – empresas de indústria altamente relacionada para permitir o


todos os portes têm desinvestido em ne- exercício de uma competência essencial e ganhar
gócios periféricos, com o objetivo de au- vantagem competitiva no mercado principal da
mentar sua eficiência, inclusive gerando firma adquirente. As firmas utilizam aquisições
caixa para fusões e aquisições em seus ra- horizontais, verticais e relacionadas para aumen-
mos principais; e tarem seus poderes de mercado (Quadro 1).
e) entrada em mercados regionais/ locais
– a compra de uma empresa já estabele- Tipo Definição
cida reduz os custos de entrada em novos Horizontal É a aquisição de uma firma que compete
segmentos de mercados. na mesma indústria que o seu concor-
rente, aumentando o poder de merca-
do de uma firma ao explorara sinergias
2.1 Classificação das F&A e motivos baseadas no custo e nas receitas.
para as F&A Vertical É a aquisição, por uma firma, de um for-
Para Hitt; Ireland e Hoskisson (2005) necedor ou distribuidor de um ou mais
uma razão importante para as aquisições é obter de seus bens e serviços, onde ela controla
maior poder de mercado, que existe quando uma partes adicionais da cadeia de valor.
firma é capaz de vender seus bens e serviços acima Relacionada É a aquisição de uma firma indústria
altamente relacionada.
dos níveis competitivos ou quando os custos de
suas atividades principais ou de apoio são infe- Quadro 1 – Tipos de F&A.
riores aos dos competidores. O poder de merca- Fonte: Hitt; Ireland e Hoskisson (2005).
do geralmente é derivado do tamanho da firma
e de seus recursos e capacidades para competir Weston (1990 apud BNDES, 1999) clas-
no mercado. Portanto, a maioria das aquisições sifica as fusões em três tipos: horizontais, verti-
projetadas para obter um maior poder de mer- cais e por conglomerados (concêntrica e conglo-
cado requer a compra de um competidor, for- merado puro) e aponta as principais motivações
necedor, distribuidor ou de um negócio numa conforme mostra o Quadro 2.

Tipo Definição Possíveis objetivos


Obter economias de escala e escopo
Horizontal
Fusões dentro de uma mesma indústria ou segmento Elevação do market-share
Penetrar rapidamente em novas regiões
Maior controle sobre as atividades
Proteção do investimento principal
Fusões de empresas que estão à frente ou atrás da Maior facilidade na distribuição dos
Vertical
cadeia produtiva produtos
Assegurar matérias-primas
(eventualmente a custos mais baixos)
Diminuição dos custos de distribuição
Diversificação do risco
Concêntrica
Fusões de empresas com produtos ou serviços não Adquirir rapidamente o know-how
similares que apresentam algum tipo de sinergia no setor
Ampliar a linha de produtos
Entrar em novos mercados
Diversificação do risco
Fusões sem qualquer tipo de sinergia
Conglomerado Puro Aproveitar as oportunidades de
investimento

Quadro 2 - Tipos e Motivos de Ocorrência de F&A.


Fonte: BNDES (1999).

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Para Evans, Pucik e Barsoux (2002), as ra- alvo (due diligence); fechamento do negócio;
zões para a aquisição podem estar ligadas a domí- elaboração do contrato e do plano de integração
nio de mercado para ganhar economia de escala estratégica da nova organização.
e controle sobre canais de distribuição; expansão Ashkenas, Demonaco e Francis (2001)
geográfica; aquisição e ou alavancagem de compe- apresentam o modelo “Pathfinder Model” (Figu-
tências; aquisição de recursos; ajuste ao mercado ra 1), elaborado pelos consultores da “GE Capi-
competidor; e desejo irracional de executivos. tal Services” como exemplo de um guia gerencial
Rourke (1992) aponta como razões para para detalhar as etapas de desenvolvimento de um
aquisição a necessidade de diversificação pura; a processo de aquisição e integração.
melhoria de posição no mercado; aquisição de Esses consultores dividem o processo
tecnologia; e o aproveitamento de situações de em quatro “estágios de ação”, que são: pré-
reestruturação, quando a empresa tem proble- aquisição, construção de fundamentos, in-
mas de performance. tegração rápida e assimilação. Tais estágios
Em síntese, embora possam ser listados possuem sub-processos e incluem as melho-
vários motivos, F&A são estratégias usuais na res práticas de cada organização. Embora o
busca de crescimento, diversificação e criação modelo seja simples e sistemático, os auto-
de valor para os acionistas. res salientam que nem todos os processos de
aquisição e integração são iguais, pois cada
2.2  Fases do processo de aquisição situação apresenta novos e únicos aspectos.
Segundo Meirelles e Gonçalves (2001), de Como em outros processos de mudança, é
maneira geral, F&A iniciam com um plano de ex- preciso adaptar o modelo às características
pansão dentro do planejamento estratégico da ad- específicas de cada caso. O modelo é um guia
quirente, pois estratégias representam a adequação de planejamento do processo, impedindo que
da organização ao seu ambiente. Para Rasmussen F&A se desenvolvam de forma improvisada
(1989) F&A constituem estratégias que evoluem (CASALI, 2006). Aborda-se nesta pesquisa
passando assim por várias etapas, que são: pesquisa apenas as fases da integração e assimilação.
e seleção de candidatos para a aquisição; investi- A fase de integração é fundamental para
gação detalhada e sistematizada das organizações- garantir o sucesso da operação. Segundo Hitt,

Início

Planejamento em Due dilligence


longo prazo Negociação e anúncio
Assimilação Avaliação e ajuste Encerramento Pré-aquisição

4 1

Melhores Práticas

3 2
Integração Construção de
Implementação Lançamento
rápida Fundamentos
Avaliação e ajuste Exercício de integração
em andamento Formulação da estratégia

Figura 1 – “Pathfinder Model” de aquisição e integração.


Fonte: Adaptado de Ashkenas, Demonaco e Francis (2001).
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Iireland e Hoskisson (2005) a fase de integra- empresa compradora se apresentam na fase de


ção pós-aquisição é o determinante em particu- integração, pois a definição do tipo de programa
lar mais importante da criação de valor, devendo de recursos humanos pode conter demissões ou
ser cuidadosamente planejada. Para Markides e retenção dos executivos da empresa comprada.
Oryon (1998) a criação de valor ocorre somente Assim, para as autoras, gerenciar o processo de
durante a fase pós-aquisição, ou seja, a partir do substituição de pessoas pode ter efeitos danosos
gerenciamento da integração da adquirida pela para a aquisição ou pode facilitar os ajustes. A es-
adquirente. Haspeslagh e Jesmison (1991) argu- colha do método de gestão mais adequado para a
mentam que apesar de a adequação estratégica ser realidade da aquisição repercute em um maior ou
a base da potencial criação de valor, é o bom ge- menor tempo de choque cultural e, conseqüen-
renciamento que leva a efetiva criação de valor. te, aculturação, que tem impactos na saúde psi-
Durante o período de integração, dentre cológica, bem-estar psicológico e desempenho
as várias questões a serem enfrentadas, uma das individual (CARTWRIGHT; COOPER, 1995).
mais imediatas, refere-se à seleção dos executivos A fase da assimilação compreende: a im-
a serem conservados. Paine e Power (1984) alegam plementação de mudanças administrativas de
que, em muitos casos, a empresa adquirente quer longo prazo; o desenvolvimento contínuo de fer-
reter os executivos e, sendo assim, os esforços para ramentas, práticas, processos de linguagem co-
conservá-los podem ser mais importante do que os muns; a realização de treinamentos; e a utilização
esforços para encontrarem substitutos. Kitching de assessores e auditores de integração (ASHKE-
(1967) diz que os executivos da empresa adquiri- NAS; DEMONACO; FRANCIS, 2001).
da podem permanecer, mas precisam ser expostos
à filosofia gerencial da empresa adquirente. Senn 3  VANTAGEM COMPETITIVA
(1995) aponta três formas de integração: (1) autô- A competitividade estratégica, segundo
noma ou semi-autônoma, nesse cenário há pouca Hitt, Ireland e Hoskisson (2005), é alcançada
ou quase nenhuma interferência na natureza das quando uma empresa é bem-sucedida na formu-
organizações; (2) absorção e assimilação, nesse lação e implementação de uma estratégia que gere
caso, a meta do adquirente e absorver e assimilar valor. Quando esta firma implementa a referida
completamente a empresa adquirida, o que ocorre estratégia que outras não conseguem reproduzir
com orientações explícitas aos funcionários sobre a ou acreditam que seja muito dispendioso imitá-
mudança das “regras do jogo”; (3) e co-criação de la, ela terá, então, obtido uma vantagem competi-
uma nova família, em que a operação é vista como tiva. Stalk Jr. (1998) caracteriza a vantagem com-
um “casamento” entre as duas empresas e faz-se petitiva como um alvo em constante mutação, em
grande esforço em direção à integração cultural. que a chave está em não se ater em uma idéia fixa
Além da motivação para a compra, ou- e única do que seja sua fonte de vantagem.
tros fatores podem ser determinantes para con- Segundo Porter (1995), a vantagem
figurar a estratégia de integração, como por competitiva surge fundamentalmente do valor
exemplo, a situação financeira da adquirida; a que uma empresa tem condições de criar para
capacidade da adquirente para assumir a gestão, os seus clientes por meio de liderança de custos
tendo em vista o porte relativo das empresas en- ou da diferenciação. Para Parasuraman (1997),
volvidas, dentre outros. valor é freqüentemente medido como um atri-
Uma transação de fusão e aquisição não buto baseado nos desejos ou preferência que in-
pode ser vista como uma solução simples para fluenciarão a compra.
problemas internos ou externos, devido ao ele- De acordo com Chatterjee (1986), para que
vado risco, incerteza e nível de complexidade uma estratégia de F&A crie valor, uma competên-
que interpõem essas operações. cia distinta (por exemplo, um recurso escasso que
Barros e Cançado (2003) consideram tenha múltiplos usos) deve ser identificada como
que as principais dificuldades enfrentadas pela uma oportunidade no ambiente. Sob essa pers-
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pectiva, a quantidade de valor econômico resultan- des para atuar num ambiente competitivo, entre-
te da F&A depende: (1) da qualidade de recursos tanto, eles não representam vantagem competitiva
obtidos pela empresa em relação à quantidade total sustentável.Com recursos competitivos as organi-
presente na economia; (2) da disponibilidade de zações obtêm valor agregado. Os fatores que tor-
oportunidades para utilizar esses recursos. Quanto nam esses recursos competitivos são recursos de
mais recursos escassos puderem ser utilizados, ce- tecnologia e conhecimento, patentes, vantagem de
teris paribus, maior a expectativa de valor que pode localização, reputação e marcas. Já os recursos es-
potencialmente ser criado. Uma empresa que ob- tratégicos são os que se referem aos recursos únicos
tém retornos financeiros superiores dentro do seu de uma organização que, quando utilizados pela
setor em longo prazo goza da vantagem competitiva empresa, dificultam a utilização dos concorrentes.
sobre os seus rivais, adquirindo assim, uma fonte O limite entre os recursos estratégicos e os recur-
de vantagem competitiva (BAUMEIR, 2002). sos competitivos não é bem definido, contudo,
Para Peteraf (1993), as fontes de van- corresponde a uma divisão entre os recursos que
tagem competitiva das organizações estariam, representam vantagem absoluta e os recursos que
portanto, primeiramente nos recursos e, de representam vantagem relativa, respectivamente.
modo secundário, na indústria em que estives- Para Dierickx, Coll e Barney (1989), Bar-
sem competindo. ney (1991, 2002), e Grant (1991) os recursos são
De acordo com Marino (1996), os ges- determinantes da vantagem competitiva susten-
tores têm como desafio classificar os recursos tável de uma organização, entretanto, nem todos
essenciais da firma para manutenção da vanta- os recursos podem gerar altos níveis de ganhos
gem competitiva. Com esse propósito, a Figura econômicos ou, mesmo que os gerem, talvez não
2 apresenta uma classificação hierárquica dos sejam defensáveis contra a competição, portan-
recursos proposta por Chaharbaghi e Lynch to, nem todos os recursos são estratégicos, pois,
(1999), os recursos podem ser: (1) periféricos; para que os sejam, devem ser simultaneamente:
(2) básicos; (3) competitivos; e (4) estratégicos. valiosos, raros, imperfeitamente imitáveis e não
substituíveis (BARNEY, 1991, 2002). Recur-
sos valiosos permitem melhorar o desempenho,
aproveitar oportunidades e neutralizar ameaças
Recursos provenientes do ambiente externo. Os recursos
Estratégicos
raros são os que a demanda por ele é alta, ou seja,
Recursos não estão sendo utilizado simultaneamente por
Competitivos
outras empresas. Os recursos não-imitáveis ou
Recursos Básicos imperfeitamente imitável são os que são fonte de
vantagem competitiva sustentável e outras orga-
Recursos Periféricos
nizações não podem obtê-los. Os recursos não-
substituíveis ou difíceis de imitar são essenciais e
Figura 2 – Classificação dos recursos. não devem possuir equivalentes estratégicos que
Fonte: Chaharbaghi e Lynch (1999). não sejam raros e imperfeitamente imitáveis.
Barney (2002) ampliou com o framework
Os recursos periféricos mesmo não sen- VRIO (Value, Rarity, Imitability, e Organization)
do fundamentais para a organização são, contu- a percepção dos recursos e competências distintas
do, necessários. Podem ser facilmente obtidos por como forma de estabelecer vantagem competiti-
meio de aluguel ou compra. Recursos básicos são va para as empresas (Quadro 3). Em outras pa-
fundamentais para a organização, pois a empresa lavras, os procedimentos são representados pela
não pode funcionar sem esses recursos, contudo, estrutura formal, pelo modelo de gestão, pelos
eles são mais utilizados na entrada em mercados sistemas explícitos de controle, pelas políticas de
competitivos ou requerem o mínimo de capacida- compensação e pelo papel da liderança.
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Fusões e Aquisições sob a Perspectiva da Vantagem Competitiva: o caso da Perdigão Agroindustrial S.A.

Recursos ou Capacidades
Implicações
Imperfeitamente Organização (explorado Performance econômica
Valioso Raro competitivas
imitáveis pela empresa)
Não - - Não Desvantagem Abaixo da média
Sim Não Não Paridade Equivalentes a média
Sim Sim Não Temporária Equivalentes e superiores a média
Sim Sim Sim Sim Sustentável Acima da média

Quadro 3 – Framework VRIO.


Fonte: Barney (2002, p. 173).

Para Pettigrew (1987, p.649) o papel da li- Os recursos identificados na pesquisa foram
derança apresenta-se como crucial na articulação inicialmente classificados como periféricos, básicos
de recursos, capacidades e competências internas, e competitivos (representam vantagem relativa) e
muitas vezes constituindo por si só na real fonte de recursos estratégicos (que representam vantagem
vantagem competitiva das empresas. Complemen- absoluta), segundo Chaharbaghi e Lynch (1999).
ta dizendo: “em tempos de incerteza, é confortável Posteriormente foram divididos de acordo com a
crer que indivíduos em posição de liderança podem conseqüência competitiva (BARNEY, 1991) ou im-
fazer a diferença”. Bowditch e Buono (1992) defi- plicações competitivas (BARNEY, 2002), poden-
nem liderança como um processo de influência, a do ocorrer: desvantagem competitiva, igualdade ou
partir do qual os indivíduos são orientados para o paridade competitiva, vantagem competitiva tem-
estabelecimento e alcance de objetivos comuns. poral, e vantagem competitiva sustentável.
Para o estudo, adotou-se o modelo de
análise utilizado por Forte, Moreira e Mou- 4  ASPECTOS METODOLÓGICOS
ra (2006) composto pela união dos conceitos Como metodologia utilizou-se de um
de recursos apresentados por Chaharbaghi e estudo de caso exploratório, no qual se bus-
Lynch­ (1999) e por Barney (1991, 2002), con- cou constatar o sucesso presente no proces-
forme Figura 3. so de aquisição da Batavo Frios pela Perdigão

Chaharbaghi e Lynch (1999) Barney (2002)

Recursos Vantagem Competitiva


Vantagem Absoluta Sustentável
Estratégicos Sustentável

Recursos Vantagem Competitiva


Temporária
Competitivos Temporal

Recursos Igualdade
Vantagem Relativa Paridade
Básicos Competitiva

Recursos Desvantagem
Desvantagem
Periféricos Competitiva

Figura 3 – Relação dos Recursos com as Conseqüências Competitivas.


Fonte: Adaptado de Forte, Moreira e Moura (2006).
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Oderlene Vieira de Oliveira / Sérgio Henrique Arruda Cavalcante Forte / Lindenberg Araújo Aragão

Agroindustrial S.A à luz das amplo teorias so- os diretores, gerentes ou supervisores dos centros
bre fusões e aquisições, vantagem competitiva e de distribuição. Todas as entrevistas foram gra-
recursos. Como objetivo de pesquisa, a impor- vadas com o consentimento dos entrevistados (as
tância do estudo de caso exploratório descri- efetuados por telefone utilizou-se a secretária ele-
tivo, surge da necessidade de se compreender trônica para a gravação). Posteriormente, foram
fenômenos sociais complexos. É um método transcritas na sua integralidade, possibilitando
que, ao aumentar a base empírica de coleta de análises para atingir os objetivos da investigação.
dados aliados ao conhecimento acumulado até Salienta-se que foi garantido aos respondentes
então, amplia a capacidade de análise de pro- que toda informação seria tratada com sigilo não
blemas e tomada de decisão, influencia a for- sendo divulgado o nome do entrevistado.
mação de atitudes e, a partir da riqueza do tra- Os dados secundários foram obtidos por
tamento científico dessas novas informações, meio de publicações, tais como: home page das
gera novos conhecimentos. Utilizado dentro empresas, matérias jornalísticas publicadas na
de parâmetros bem definidos e rigorosos, o imprensa eletrônica e a revistas interna.
estudo de caso se constitui num grande instru- Os dados coletados foram analisados por
mento de pesquisa científica (YIN, 2001). meio da análise de conteúdo. A aplicação des-
Segundo Yin (2001), existem algumas sa técnica segundo Bardin (1977), consiste no
possibilidades para se conduzir estudos de caso, seguinte: pré-análise, exploração do material,
ao combinar alternativas a partir de duas dimen- tratamento dos dados, inferência e interpreta-
sões. A primeira está relacionada à quantidade de ção. A pré-análise é a fase da organização pro-
casos a serem trabalhados (único ou múltiplos), priamente dita. Geralmente, esta primeira fase
e a segunda à quantidade de unidades de análise possui três missões: a escolha dos documentos a
(única (holístico) ou múltipla (enraizados)). serem submetidos a análise, a formação das hi-
Neste estudo, o desenho de pesquisa se póteses e dos objetivos e a elaboração de indi-
enquadra no estudo de caso exploratório des- cadores que fundamentem a interpretação final
critivo de um único caso e de múltipla unidade (BARDIN, 1977, p. 95). No estudo em questão,
de análise (enraizados). os documentos escolhidos para a análise foram
A escolha da empresa pesquisada deu-se as transcrições das entrevistas, material do site e
pela sua importante participação no mercado de algumas publicações em revistas e jornais. Par-
alimentos, por optar por transações de aquisi- tiu-se da hipótese de que o processo de aquisi-
ções como forma de estratégia e pela facilidade ção da Batavo Frios pela Perdigão Agroindustrial
e disponibilidade no acesso às informações. S.A. trouxe vantagem competitiva. Esta hipótese
Os dados primários foram coletados por fundamentou-se no conhecimento prévio dos
meio de entrevistas (face a face e por telefone) pesquisadores em relação ao processo de aquisi-
apoiadas em um roteiro semi estruturado. Esse ção. Quanto aos indicadores que fundamenta-
roteiro sofreu um refinamento após o pré-teste ram a interpretação da análise temática, encon-
em uma das unidades pesquisadas. A coleta ocor- tram-se relacionados no Quadro 4.
reu em dois momentos diferentes. O primeiro O tratamento dos resultados obtidos e a
momento foi em 2006 e o segundo momen- interpretação são onde os resultados brutos são
to em 2007, que se justifica pela busca de uma tratados de maneira a serem significativos (fa-
maior validação do conteúdo. As entrevistas fo- lantes) e válidos. (BARDIN, 1977, p.101). Essa
ram aplicadas em 16 filiais. Tinha-se a pretensão fase favoreceu o entendimento de como foram
de aplicar a entrevista com os gestores das deze- construídas as opiniões acerca do resultado das
nove filiais presentes em vários estados do Brasil fases do processo de aquisição e possibilitou fa-
(AM,BA, CE, DF, ES, GO, MG, PA, PE, PR, zer inferências e adiantar interpretações a pro-
RJ, RS, SC, SP), mas não se conseguiu manter pósito do objetivo previsto e até mesmo de des-
contato com as demais. Os entrevistados foram cobertas inesperadas.
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CATEGORIAS COMPONENTES A companhia tem como importantes


Integração Motivos e Razões diferenciais competitivos a estrutura de pro-
Seleção das candidatas dução - com dezesseis unidades industriais,
Valor agregado localizadas no Rio Grande do Sul, Santa
Assimilação Gestão
Catarina,Goiás, Distrito Federal e Mato Gros-
Posicionamento (mercado)
so – e a rede de distribuição de congelados e
Quadro 4 – Indicadores para a análise temática. refrigerados, com dezesseis centros próprios,
Fonte: elaborado pelos autores. e sete terceirizados, além de vinte e um pontos
O tratamento dos dados obtidos e a in- de cross-docking – operação de rápida movi-
terpretação são onde os resultados brutos são mentação de produtos acabados para expedi-
tratados de maneira a serem significativos (fa- ção. No exterior, mantém seis escritórios em
lantes) e válidos. (BARDIN, 1977, p.101). Essa operação: na Inglaterra, Holanda, Emirados
fase favoreceu o entendimento de como foram Árabes Unidos, França, Cingapura e Japão e
construídas as opiniões acerca do resultado das um centro de operações na Holanda.
fases do processo de aquisição e possibilitou fa-
zer inferências e adiantar interpretações a pro- 5.2 A Batavo Frios
pósito do objetivo previsto e até mesmo de des- A história da marca Batavo começou em
cobertas inesperadas. 1911, com a chegada de três famílias de imigran-
Para facilitar a análise das entrevistas e tes holandeses na localidade de Carambeí, região
auxiliar o processo de interpretação, elaborou- Centro-Sul do Paraná, onde foi criada a Coope-
se um mapa de associações de idéias (SPINK; rativa Central de Laticínios do Paraná Ltda. que
1999) para cada categoria (Integração e Assimi- produzia leite e processava queijos artesanalmen-
lação). Devido a extensão dos mapas, é apresen- te, para atender o mercado regional.
tado nesta pesquisa somente um recorte de cada Com o capital originário das econo-
um deles com os relatos mais significativos. mias destas famílias, implantou-se, em 1925,
a Sociedade Cooperativa Holandesa de Lati-
5  ESTUDO DE CASO cínios, então transformada na Cooperativa
Agropecuária Batavo Ltda. Com a chegada de
5.1  A Perdigão Agroindustrial S.A. um novo grupo de holandeses, em 1950, se
A Perdigão, uma das maiores compa- estabeleceu na cidade de Castro, próxima a
nhias do setor de alimentos da América Latina Carambeí, a colônia Castrolanda e a Socieda-
completou 70 anos em 2004. A empresa nasceu de Cooperativa Castrolanda.
em 1934, na cidade de Videira (antiga Vila das Em 1961, um novo grupo de imigran-
Perdizes), Meio-Oeste de Santa Catarina, e tem tes chegou a Arapoti e fundou a Cooperativa
sua trajetória associada à própria história do se- Agropecuária Arapoti que, no mesmo ano,
tor alimentício no país. associou-se a CCLPL.- Cooperativa Central
Companhia de capital aberto é controla- de Laticínios do Paraná Ltda. Nascia, assim, o
da desde 1994 por um pool de fundos de pensão. grupo Batavo. Na década de 70, foram agre-
Foi a primeira empresa brasileira de alimentos a gados à estrutura produtiva as áreas de avicul-
lançar ações (ADRs) na Bolsa de Nova York. tura e suinocultura, transformando a CCLPL
A empresa ocupa o sétimo lugar no ranking num grande complexo agroindustrial de pro-
mundial, contribuindo assim, para o desenvolvi- dução de alimentos.
mento da economia nacional, para o bom desem- Em abril de 1998, foi criada a Batávia S/A,
penho das exportações e para o fortalecimento da a partir da associação estratégica das cooperativas
imagem do Brasil no mercado internacional. No CCLPL e Agromilk (adquirida em 1996) com a
Brasil, está entre as líderes na produção de ali- Parmalat Brasil. O controle acionário passava a
mentos e processamento de aves e suínos. pertencer à Parmalat, que detinha 51% das ações.
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Em setembro de 1999, a Batávia iniciou Perdigão já havia se utilizado, com sucesso, de pro-
o abate e a industrialização de perus por meio cessos de aquisição como estratégia para se manter
de um investimento de cerca de R$ 23 milhões. em um mercado competitivo ou expandir-se.
Este investimento foi aplicado em equipamen- Em janeiro de 2000, a Perdigão adqui-
tos modernos para todas as etapas de produção; riu 51% das ações do Frigorífico Batávia (Batavo
e também na instalação de uma moderna linha Frios), com direito à utilização da marca Batavo.
industrial em Carambeí/PR. Em 16 março de 2001, a Perdigão adquiriu os
Em dezembro de 1999, deu-se a separação 49% restantes das ações representativas do capital
dos negócios de carne e de leite da Batávia S.A. social do Batavo Frios, passando a deter a totali-
dade das ações da empresa e preservando a marca
5.3 Entendendo as fases do processo e a Batavo com equipe de vendas independente.
geração da vantagem competitiva Para a análise dos componentes das fases
Na década de 90, a Perdigão estava experi- do processo de aquisição e classificação dos recursos
mentando um forte processo de crescimento. Um que contribuem para a identificação da existência
crescimento ainda maior dependeria de sua inser- da vantagem competitiva, elaborou-se dois mapas
ção no mercado de derivados de peru. Em 1999 de associação de idéias, um para a fase de integra-
foi definido como estratégia para a inserção nesse ção e outro para a fase da assimilação. O Quadro
nicho de mercado a aquisição de uma empresa que 5 apresenta os trechos das entrevistas que melhor
já estivesse consolidada no mercado. Em outras representa a categoria estrutura e que demonstra a
iniciativas semelhantes – expansão de mercado – a presença da vantagem competitiva no processo.

Classificação Implicação
Categoria Componente Trecho da Entrevista
Competitiva Competitiva
[...] O motivo principal dessa aquisição foi à
Motivo ou entrada no mercado de derivados de peru [...]
Razão a pretensão era trabalhar o mercado interno e
expandir pra o mercado externo.
Quando se pensou na empresa que seria
adquirida se estabeleceu alguns critérios e os mais
Seleção das
importantes seriam: a estrutura física e a marca
Candidatas
associada a longevidade da empresa no mercado e
a Batavo Frios preenchia o pré-requisito.
A aquisição possibilitou otimizar nossos recursos
operacionais e administrativos reduzindo Recursos Igualdade
substancialmente alguns custos e proporcionando à Básicos Competitiva
Integração empresa o acesso com alta tecnologia ao mercado e e Vantagem
de derivados de peru (disse Carlos Grandin, vice- Recursos Competitiva
presidente de operações a Celestino Vivian, editor Competitivos Temporal
adjunto da Folha News (FOLHA ONLINE, 2001)).
Criação de Com a aquisição foi possível iniciar as exportações
Valor para mercados internacionais exigentes, como a
Comunidade Européia e o Oriente Médio, além de
fornecer matéria prima para a linha Light & Elegante
da Perdigão. E tudo foi possível graças a marca Batavo,
que já tinha uma forte presença de mercado. Naquele
primeiro momento havia uma preocupação em
manter a visibilidade de atuação nesse novo segmento
e a marca preenchia essa função.

Quadro 5 – Recorte do mapa de associação de idéias da categoria Integração.


Fonte: elaborado pelos autores.
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De acordo com os dados assentados no cado, fosse aplicado uma outra estratégia para
Quadro 5, a classificação competitiva em rela- a inserção da Perdigão no segmento de deri-
ção a implicação competitiva contribui para a vados de peru.
existência da vantagem competitiva no proces- A Perdigão havia feito outras aquisições,
so de aquisição. mas todas até aquele momento tinham sido ab-
Para Porter (1995) fatores de produção sorvidas pela área comercial como sendo uma
sofisticados (alta tecnologia) são considerados empresa só, ou seja, a gestão era feita por um
como recursos avançados e constituem fonte único diretor nacional e pela mesma equipe de
real de vantagem competitiva. Chaharbaghi e vendas já existente. Com a aquisição da Bata-
Lynch (1999) classificam recursos de tecno- vo Frios essa situação mudou, a empresa conti-
logia e marca como recursos competitivos que nuou sendo uma só – Perdigão - , mas foi criada
segundo Barney (2002) são valiosos e raros, uma divisão de vendas separada, com um diretor
podendo ou não ser insubstituíveis, gerando nacional e uma equipe de vendas independen-
assim vantagem competitiva temporal para a te. Com a criação dessa nova divisão de vendas
empresa detentora. houve a necessidade de um processo de análise
Para os entrevistados, não seria possí- da qualificação das pessoas dessa área da empre-
vel que, dado a urgência de entrar nesse mer- sa adquirida para o devido enquadramento.

Classificação Implicação
Categoria Componente Trecho da Entrevista
Competitiva Competitiva
[...] o grande diferencial nesta fase foi a vinda do
Alcione (era gerente de vendas da Batavo lácteos)
para liderar a nova equipe de vendas Intitulado
como diretor nacional ele fez pessoalmente a
seleção de cada gestor em cada região
O crescimento no mercado está diretamente
relacionado a conhecimento e experiências da
gestão que possibilitou a empresa imprimir suas
estratégias competitivas no mercado com sucesso.
Gestão
A influência dele (Alcione) nos gestores é
incrível. As ações (campanhas de vendas) por ele
implementadas anualmente são coisas do outro
mundo [...] Ele consegui trazer pro nosso
mundo (vendas) a estória contada em um filme Vantagem
Recursos
Assimilação (ficção) e tudo sai redondinho (perfeito) [...]. Competitiva
Competitivos
Temporal
A Perdigão foi muito feliz com a aquisição que
fez [...] a empresa cresceu se tornando mais
importante (relevante) no mercado.
A aquisição significou uma guinada
estratégica para a companhia [...] havendo
um crescimento visível na participação de
mercado (No momento da entrevista face a
Posicionamento face o entrevista mostrou a Figura 4, tentando
(mercado) comprovar o que dizia).
[...] os acionistas seriam as pessoas ideais para
responder sobre o sucesso da aquisição [...].
A demanda por nossas ações, após a aquisição,
tornaram-se bem maiores.

Quadro 6 – Recorte do mapa de associação de idéias da categoria Assimilação.


Fonte: elaborado pelos autores.
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Haspeslagh e Jemison (1991) argu- mo gera para a empresa uma vantagem com-
mentam que apesar da adequação estratégica petitiva temporal (BARNEY, 2002).
ser a base da potencial criação de valor, é o Conforme publicação dos vários autores
bom gerenciamento que leva a efetiva criação da VBR (BARNEY, 1991, 2002; ; FAHY, 1998;
de valor. Segundo Porter (1995), a vantagem PETERAF, 1993; PRAHALAD; HAMEL, 1990;
competitiva surge fundamentalmente do valor SHARMA; ERRAMILLI, 2004 WERNER-
que uma empresa tem condições de criar para FELT, 1984) os atributos do ambiente interno,
os seus clientes. Chaharbaghi e Lynch (1999) entre os quais a liderança estratégica, são deter-
resumem conhecimento e experiências em minantes de uma competição bem sucedida nas
reputação e diz que a reputação em relação ao organizações. E esta variável em específico, se-
gestor pode ser um dos principais fatores para gundo os entrevistados, esteve presente ao longo
a obtenção da vantagem competitiva. O papel de todo o processo, condicionando ao resultado
da liderança (PETTIGREW, 1987) constitui de sucesso da aquisição.
recurso competitivo estratégico que é repre- A relevância, o crescimento na parti-
sentado no framework VRIO pelo “O”, e em cipação de mercado, a demanda pelas ações da
sendo um recurso competitivo (CHAHAR- empresa, mostram o quanto bem posicionada
BAGHI; LYNCH, 1999) a detenção do mes- está a empresa.

Faturamento Bruto
R$ milhões 5873
5567
2837
2727

4371

1838

3342

2789 1206
3036
1035 2840
2066 2533
1801
512 2136
1268 1415
517 1754
1017 1554
847 1284
1108
470 938
773
667

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Mercado Interno Mercado Externo

Figura 4 - Faturamento Bruto. Fonte: Perdigão (2006).

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Segundo Baumeir (2000), uma empre- acelerado. As empresas do setor de alimentos


sa que obtém retornos financeiros superiores não fogem a esse ambiente concorrencial e,
dentro do seu setor goza da vantagem competi- buscando adaptar-se a esse ambiente, têm se ar-
tiva sobre os seus rivais. ticulado por meio de F&A.
Cada firma é única devido aos recursos Partindo-se desse pressuposto, buscou-se
que possui, à compatibilidade entre os recur- constatar, neste trabalho, se o processo de aquisi-
sos e ao seu desenvolvimento (BARNEY, 1991). ção da Batavo Frios pela Perdigão trouxe vantagem
E cada firma está limitada por um estoque de competitiva, focando duas fases: 1) integração; 2)
recursos que condicionam a sua ação estraté- o gerenciamento da aquisição (assimilação).
gica, bem como a geração de rendas superiores Utilizou-se da percepção dos gestores,
ou vantagem competitiva em relação aos seus sobre o fenômeno, para responder à ques-
concorrentes (PETERAF, 1993). Esses recursos tão orientadora e atingir o objetivo propos-
são desenvolvidos ao longo do tempo e não são to, possibilitando que a veracidade mostrada
transferidos facilmente, sendo a estratégia de nesta pesquisa, tenha uma maior validação,
aquisição uma maneira mais rápida de adqui- visto que são esses os indivíduos que vivencia-
ri-los. Exemplos desses recursos incluem to- ram o processo.
dos os ativos e capacidades, como competências Evidenciou-se nas transcrições (entre-
distintas, tecnologia, cultura organizacional, vistas), a presença de vários recursos (alta tecno-
fidelidade ao cliente, marca, processos, proce- logia, marca, liderança, reputação ou conheci-
dimentos e orientação para o mercado (HUNT; mento e experiências de gestão, crescimento no
MORGAN, 1995; SRIVASTAVA; SHERVANI; mercado) que, segundo Chaharbaghi e Lynch
FAHEY, 1998), recursos estes em sua maioria (1999), são classificados como recursos compe-
presentes no caso em estudo. titivos que, para Barney (2002), são os respon-
O relato de um dos gestores sobre sáveis pela geração e manutenção de vantagem
as expectativas para o futuro da adquirida competitiva temporária ou, como diria Chajar-
demonstrou o interesse pelo segmento de baghi e Lynch (1999), uma vantagem competi-
lácteos.“A Perdigão tem interesse em comprar tiva relativa.
a Batávia e já vem conversando com os dire- Concluiu-se que o processo de aquisição
tores desde 2004, acreditamos que este ano o da empresa Batavo Frios, para a inserção da Per-
negócio se concretize”, diz o gestor regional digão no mercado de derivados de peru, trouxe
(entrevista realizada em 12 de maio de 2006). vantagem competitiva, mesmo com todas as im-
Decorridos alguns dias após essa entrevista provisações, destacando-se o papel do diretor
(26 de maio de 2006) a imprensa eletrôni- nacional de vendas – Sr. Alcione – na gestão da
ca divulgou a notícia da aquisição pela Per- adquirida, que foi peça fundamental para o al-
digão de 51% do controle da Batávia, ou seja, cance desse resultado.
da aquisição do segmento de lácteos da marca Em se tratando de um estudo de caso,
Batavo. O valor da aquisição foi fechado por os seus resultados não podem ser generaliza-
101 milhões de reais. dos, servindo apenas como aclaração dos ele-
mentos que contribuem para o sucesso nesse
6  CONCLUSÃO tipo de estratégia expansionista e a formação
Grandes mudanças nos negócios nacio- de hipótese.
nais e internacionais têm provocado constantes Com o surgimento do fator surpresa
alterações no ambiente empresarial, determi- (a aquisição do setor de lácteos), sugere-se um
nando um acirramento concorrencial nunca novo estudo na Perdigão, buscando acompa-
visto antes, culminando com o movimento de nhar o processo dessa nova aquisição e focando
fusões e aquisições em um ritmo cada vez mais o processo de aculturação.

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Oderlene Vieira de Oliveira / Sérgio Henrique Arruda Cavalcante Forte / Lindenberg Araújo Aragão

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