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2010/11
1. NOÇÕES DE CONSTITUCIONALISMO
3. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO1
Conceito – Teorias
TRADICIONAIS
Hesse reconhece a importância das forças de poder, mas elas não podem estar acima da
constituição, pois a Constituição deve ter a capacidade de condicionar como as forças de
poder irão e poderão se comportar e se desenvolver.
OBS: Constituição material e constituição formal – pode ser enquadrado a partir da teoria
de Schimit. Material é apenas aquilo que representa verdadeiramente matéria de
constituição. Formal tudo que está dentro do texto constitucional.
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NOVELINO, Marcelo. Direito constitucional. 4 ed. Método: São Paulo, 2010, p. 103/107.
c) Jurídica – Kelsen (Teoria Pura) – art. 59/CF
d) Culturalista - Häberle
A Constituição além de ser a representação dos fatores reais de poder, além de ser
a representação das decisões políticas fundamentais, além de ser a base de todo o
ordenamento jurídico, é também a projeção para o direito positivo das opções
culturais da coletividade.
Material ou Substancial: apenas aquilo que, estando ou não inserido no texto, trata de
tema típico constitucional, ou seja, trata de matéria própria constitucional, com identidade
constitucional.
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NOVELINO, Marcelo. Direito constitucional. 4 ed. Método: São Paulo, 2010, p. 110/120.
Ex: Formal – art. 142 CF (muito usado em prova)
Ex: Material – Normas e tratados internacionais de direitos humanos. – art. 5, §2º CF.
Quanto à forma: costumeira (Nova Zelândia, Israel e Inglaterra) x escrita (um documento
ou documentos variados) (EUA e França).
Reflete ao fundo as duas diferentes concepções de direito, quais sejam: modelo Civil
Law (romano-germânico) e modelo Common Law (anglo-saxão).
Bonavides destaca que certa data há um predomínio das constituições escritas porque a
mesma trás mais segurança para a coletividade devido ao maior conhecimento e
transparência.
Bonavides define como LEGAL ou esparsas a que tem vários documentos; e como
CODIFICADA que está em um único documento.
Pactuada: Magna Carta de 1215 – João Sem Terra – Inglaterra: representa um pacto
entre forças políticas antagônicas que não tenham força suficiente para se impor às
outras. Ex.: Rei X burguesia.
Cesarista: (Jose Afonso da Silva) elaborada pelo governante que a submete a uma
aprovação popular.
Histórica: quando elaborada ao longo dos anos, ou seja, com o passar do tempo as ideias
políticas vão se formando. São as consuetudinárias, como a inglesa.
Imutável: não admite nenhum tipo de mudança, como Código de Hamurabi e Lei das XII
Tábuas.
Rígida: o procedimento para modificar a constituição é mais duro que o das normas
infraconstitucionais.
Semi-Rígida: há uma parte rígida e outra flexível. Ex: CF de 1824, art. 178.
Há uma parte formal e materialmente constitucional que é rígida, e uma parte apenas
formalmente constitucional que é flexível.
Super-Rígida: criada pela doutrina para se referir a constituições que tenham cláusulas
pétreas. Tais cláusulas podem ser alteradas, mas não podem ser suprimidas.
Social: o que vai caracterizar a constituição social é a obrigação do Estado com normas
de caráter social, com direitos sociais, com caráter prestacional. E essas normas de
caráter social são conhecidas por normas programáticas, pois definem um programa de
atuação social do Estado, o qual deverá ser executado na forma da lei. Dirigente é um
conceito trazido por Canotilho.
Semântica: o poder é quem determina como vai ser posta a constituição. Visa à
perpetuação do poder.
Destaques
Só pode ser titularizado por quem possui Constituição. Desta forma, Municípios e
DF não são dotados de poder constituinte, uma vez que possuem Lei Orgânica.
É comum se afirmar que em uma perspectiva material a Lei Orgânica equivale-se a
uma Constituição, pois cumprem o mesmo papel que uma Constituição do estado.
"Ubi societas, ibi jus" - "Onde está a sociedade, está o Direito": Sempre existiu uma
Constituição, onde quer que haja organização política na sociedade houve constituição
material. Desta forma, é possível afirmar que sempre houve Poder Constituinte sob a
ótica material. Lógico que no passado não se tratava de constituição escrita.
• Titularidade e Exercício
Características
i. Soberano: maior poder que pode se manifestar dentro da coletividade, uma vez
que deve refletir as aspirações do titular, o povo.
ii. Permanente: não se esgota.
iii. Inicial ou Inaugural: inicia a ordem jurídica, ou seja, a manifestação do Poder
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NOVELINO, Marcelo. Direito constitucional. 4 ed. Método: São Paulo, 2010, p. 71/84.
Constituinte INSTAURA uma nova ordem jurídica.
iv. Ilimitado: não comporta limites sob ponto de vista do direito vigente, não comporta
limites do ponto de vista jurídico, contudo deve prevalecer a cultura da sociedade. O
direito vigente não limita a atividade do poder originário.
Destaque:
Existem limites materiais à manifestação do PCO, são limites que decorrem de uma
transcendentalidade ao direito vigente, ou seja, decorre do contexto constituinte. Costuma
se afirmar que são limites não do ponto de vista positivo, mas do ponto de vista
sociológico ou da filosofia constitucional.
- Modifica a Constituição
- Secundário ou de segundo grau.
- Alguns doutrinadores defendem que não é poder e sim uma mera competência.
Características
a. Limitado
b. Condicionado
c. Subordinado
• Autenticidade do PCD
Limitações ao PCD
No Brasil o reformador não sofreu limitação temporal, por seu turno o revisor sofreu a
limitação de 05 anos após a promulgação da CF. A CF poderia ter sido reformada no dia
seguinte ao da sua promulgação.
Art. 60
OBS: Tendente a abolir x Modificar: A CF não permite supressão de cláusula pétrea, mas
é possível modificar o que está definido na CF para a cláusula pétrea.
OBS: De acordo com a CF uma emenda constitucional não pode abolir os direitos e
garantias individuais.
Art. 11. ADCT Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a
Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição
Federal, obedecidos os princípios desta.
OBS: Municípios e DF, que são regidos por Lei Orgânica, não possuem PC Decorrente.
OBS: A ordem jurídica estadual não é inaugurada com a Constituição Estadual, pois a CF
já trás uma série de normas que vinculam a atividade do estado. Ex: art. 27, §4º CF.
LIMITES AO PODER DECORRENTE:
- Princípio da Simetria:
a) normas de reprodução obrigatória;
b) normas de reprodução facultativa; e
c) normas de reprodução vedada.
O presente debate vale tanto para normas constitucionais originárias quanto para as
derivadas.
OBS: Filtragem Constitucional: confrontar a lei anterior à nova constituição para saber se
há ou não violação material a nova ordem constitucional. As novas serão recepcionadas
com nova “roupagem” conforme a nova ordem constitucional.
Teorias
7. NORMAS CONSTITUCIONAIS5
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NOVELINO, Marcelo. Direito constitucional. 4 ed. Método: São Paulo, 2010, p.149/155.
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NOVELINO, Marcelo. Direito constitucional. 4 ed. Método: São Paulo, 2010, p. 123/127.
A eficácia é a aptidão para produzir efeitos, pode ser: jurídica (dever-ser) e social ou
efetividade (ser).
OBS: Limitada: são mandatórias, pois impõem ao parlamento o dever de fazer a lei.
Produz efeitos jurídicos? Toda e qualquer norma constitucional produz efeitos jurídicos,
mas a produção dos efeitos da norma fica dependendo de complemento legislativo.
Algumas normas constitucionais só manifestam a plenitude dos efeitos jurídicos
pretendidos pelo legislador constituinte após a emissão de atos normativos previstos ou
requeridos por ela, possuindo uma eficácia limitada ou reduzido.
Efeitos
Art. 20 - Devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, manter em cárcere privado, incendiar,
depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por
inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações
políticas clandestinas ou subversivas.
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até o dobro; se
resulta morte, aumenta-se até o triplo.
Desses dizeres decorre a ideia de que apenas a lei, em regra, pode introduzir
inovações primárias, criando novos direitos e novos deveres na ordem jurídica como
um todo considerada.
No campo da administração Pública, como unanimemente reconhecem os
constitucionalistas e os administrativistas, afirma-se de modo radicalmente diferente a
incidência do princípio da legalidade. Aqui, na dimensão dada pela própria
indisponibilidade dos interesses públicos, diz-se que o administrador, em cumprimento
ao princípio da legalidade, "só pode atuar nos termos estabelecidos pela lei". Não
pode este por atos administrativos de qualquer espécie (decreto, portaria, resolução,
instrução, circular etc.) proibir ou impor comportamento a terceiro, se ato legislativo não
fornecer, em boa dimensão jurídica, ampara a essa pretensão. A lei é seu único e
definitivo parâmetro.
Temos, pois, que, enquanto no mundo privado se coloca como apropriada a
afirmação de que o que não é proibido é permitido, no mundo público assume-se
como verdadeira a ideia de que a Administração só pode fazer o que a lei
antecipadamente autoriza.
Deste modo, a afirmação de que a Administração Pública deve atender à
legalidade em suas atividades implica a noção de que a atividade administrativa é a
desenvolvida em nível imediatamente infralegal, dando cumprimento às disposições da
lei. Em outras palavras, a função dos atos da Administração é a realização das
disposições legais, não lhe sendo possível, portanto, a inovação do ordenamento jurídico,
mas tão-só a concretização de presságios genéricos e abstratos anteriormente firmados
pelo exercente da função legislativa.
Sobre o tema, vale trazer a ponto a seguinte preleção de CELSO ANTÔNIO
BANDEIRA DE MELLO:
"Para avaliar corretamente o princípio da legalidade e captar-lhe o sentido
profundo cumpre atentar para o fato de que ele é a tradução jurídica de um propósito
político: o de submeter os exercentes do poder em concreto – administrativo – a um
quadro normativo que embargue favoritismos, perseguições ou desmandos.
Pretende-se através da norma geral, abstrata e impessoal, a lei, editada pelo Poder
Legislativo – que é o colégio representativo de todas as tendências (inclusive
minoritárias) do corpo social – garantir que a atuação do Executivo nada mais seja senão
a concretização da vontade geral".
11.2 Princípio Da Impessoalidade
O princípio ou regra da impessoalidade da Administração Pública pode ser definido
como aquele que determina que os atos realizados pela Administração Pública, ou por ela
delegados, devam ser sempre imputados ao ente ou órgão em nome do qual se realiza, e
ainda destinados genericamente à coletividade, sem consideração, para fins de
privilegiamento ou da imposição de situações restritivas, das características pessoais
daqueles a quem porventura se dirija. Em síntese, os atos e provimentos administrativos
são imputáveis não ao funcionário que os pratica mas ao órgão ou entidade
administrativa em nome do qual age o funcionário.
A mera leitura dessa definição bem nos revela que esse princípio pode ser
decomposto em duas perspectivas diferentes: a impessoalidade do administrador quando
da prática do ato e a impessoalidade do próprio administrado como destinatário desse
mesmo ato.
Com efeito, de um lado, o princípio da impessoalidade busca assegurar que, diante
dos administrados, as realizações administrativo-governamentais não sejam
propriamente do funcionário ou da autoridade, mas exclusivamente da entidade pública
que a efetiva. Custeada com dinheiro público, a atividade da Administração Pública
jamais poderá ser apropriada, para quaisquer fins, por aquele que, em decorrência do
exercício funcional, se viu na condição de executá-la. É, por excelência, impessoal,
unicamente imputável à estrutura administrativa ou governamental incumbida de sua
prática, para todos os fins que se fizerem de direito.
Assim, como exemplos de violação a esse princípio, dentro dessa particular
acepção examinada, podemos mencionar a realização de publicidade ou propaganda
pessoa do administrador com verbas públicas ou ainda, a edição de atos normativos com
o objetivo de conseguir benefícios pessoais.
No âmbito dessa particular dimensão do princípio da impessoalidade, é que está o
elemento diferenciador básico entre esse princípio e o da isonomia. Ao vedar o
tratamento desigual entre iguais, a regra isonômica não abarca, em seus direitos termos,
a ideia da imputabilidade dos atos da Administração ao ente ou órgão que a realiza,
vedando, como decorrência direta de seus próprios termos, e em toda a sua extensão, a
possibilidade de apropriação indevida desta por agentes públicos. Nisso, reside a
diferença jurídica entre ambos.
Já, por outro ângulo de visão, o princípio da impessoalidade deve ter sua ênfase
não mais colocada na pessoa do administrador, mas na própria pessoa do
administrado. Passa a afirmar-se como uma garantia de que este não pode e não deve
ser favorecido ou prejudicado, no exercício da atividade da Administração Pública, por
suas exclusivas condições e características.
Jamais poderá, por conseguinte, um ato do Poder Público, ao menos de modo
adequado a esse princípio, vir a beneficiar ou a impor sanção a alguém em decorrência
de favoritismos ou de perseguição pessoal. Todo e qualquer administrado deve sempre
relacionar-se de forma impessoal com a Administração, ou com quem sem seu nome
atue, sem que suas características pessoais, sejam elas quais forem, possam ensejar
predileções ou discriminações de qualquer natureza.
Será, portanto, tida como manifestadamente violadora desse princípio, nessa
dimensão, por exemplo, o favorecimento de parentes e amigos (nepotismo), a tomada de
decisões administrativas voltadas à satisfação da agremiação partidária ou facção política
a que se liga o administrador (partidarismo), ou ainda de atos restritivos ou sancionatórios
que tenham por objetivo a vingança pessoas ou a perseguição política pura e simples
(desvio de poder).
Dessa perspectiva, o princípio da impessoalidade insere-se por inteiro no
âmbito do conteúdo jurídico do princípio da isonomia, bem como no do próprio
princípio da finalidade.
Perfilhando este entendimento, sustenta CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE
MELLO:
"No princípio da impessoalidade se traduz a ideia de que a Administração
tem que tratar a todos os administrados sem discriminações, benéficas ou
detrimentosas. Nem favoritismo nem perseguições são toleráveis. Simpatias ou
animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação
administrativa e muito menos interesses sectários, de facções ou grupos de qualquer
espécie. O princípio em causa é senão o próprio princípio da igualdade ou isonomia".
11.3 Princípio Da Moralidade
Já na Antiguidade se formulava a ideia de que as condições morais devem ser
tidas como uma exigência impostergável para o exercício das atividades de governo.
Segundo informam os estudiosos, seria de Sólon a afirmação de que um "homem
desmoralizado não poderá governar".
Todavia, foi neste século, pelos escritos de Hauriou, que o princípio da moralidade,
de forma pioneira, se fez formular no campo da ciência jurídica, capaz de fornecer, ao
lado da noção de legalidade, o fundamento para a invalidação de seus atos pelo vício
denominado desvio de poder. Essa moralidade jurídica, a seu ver, deveria ser entendida
como um conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior da própria
Administração, uma vez que ao agente público caberia também distinguir o honesto do
desonesto, a exemplo do que faz entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente
e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno. Afinal, pondera, como já proclamavam os
romanos "nem tudo que é legal é honesto" (nort omne quod licet honestum est).
Hoje, por força da expressa inclusão do princípio da moralidade no caput do art.
37, a ninguém será dado sustentar, em boa razão, sua não incidência vinculante sobre
todos os atos da Administração Pública. Ao administrador público brasileiro, por
conseguinte, não bastará cumprir os estritos termos da lei. Tem-se por necessário que
seus tos estejam verdadeiramente adequados à moralidade administrativa, ou seja, a
padrões éticos de conduta que orientem e balizem sua realização. Se assim não for,
inexoravelmente, haverão de ser considerados não apenas como imorais, mas também
como inválidos para todos os fins de direito.
Isto posto, uma definição desse princípio, hoje agasalhado na órbita jurídico-
constitucional:
"Entende-se por princípio da moralidade, a nosso ver, aquele que determina
que os atos da Administração Pública devam estar inteiramente conformados aos
padrões éticos dominantes na sociedade para a gestão dos bens e interesses
públicos, sob pena de invalidade jurídica".
Admite o art. 5.º, LXXIII, da Constituição Federal que qualquer cidadão possa ser
considerado parte legítima para a propositura de ação popular que tenha por objetivo
anular atos entendidos como lesivos, entre outros, à própria moralidade administrativa.
Por outra via, como forma de também fazer respeitar esse princípio, a nossa Lei
Maior trata também da improbidade administrativa.
A probidade administrativa é uma forma de moralidade administrativa que mereceu
consideração especial pela Constituição, que pune o ímprobo com a suspensão de
direitos políticos (art. 37, §4.º).
Deste modo, conceitua-se:
"A probidade administrativa consiste no dever de o "funcionário servir a
Administração com honestidade, procedendo no exercício das suas funções, sem
aproveitar os poderes ou facilidades delas decorrentes em proveito pessoal ou de
outrem a quem queira favorecer".
Dessa forma, o desrespeito à moralidade, entre nós, não se limita apenas a exigir
a invalidação – por via administrativa ou judicial – do ato administrativo violador, mas
também a imposição de outras consequências sancionatórias rigorosas ao agente público
responsável por sua prática.
Nota-se, portanto, que a lei estabelece uma ressalva ao princípio. Nem tudo
prescreverá. Apenas a apuração e punição do ilícito, não, porém, o direito da
Administração ao ressarcimento, à indenização, do prejuízo causado ao erário.
Afinado com esse mesmo entendimento, sumaria JOSÉ AFONSO DA SILVA:
"É uma ressalva constitucional e, pois, inafastável, mas, por certo, destoante dos
princípios jurídicos, que não socorrem quem fica inerte (dormientibus non sucurrit ius).
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou
omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento
ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente.
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente.
Ainda que apenas o art. 10 seja o único que expressamente fale sobre ação
dolosa ou culposa, o entendimento majoritário é de que nas demais situações pode ser
por dolo ou por culpa.
Sanções
• Perda da função
• Perdas dos bens acrescidos ilicitamente
• Ressarcimento ao erário pelos danos causados
• Multa
• Suspensão dos direito políticos
• Proibição de contratar com o Poder Público, receber incetivos e benefícios fiscais e
tudo mais que se segue.
As sanções independem de dando efetivo ao erário e de aprovação de contas pelo
Tribunal de Contas.
Quando a lei menciona dano efetivo quer dizer dano material, dano ao patrimônio
pecuniário, pois dano sempre haverá.
É possível um único ato de improbidade violar as três hipóteses de uma só vez,
aplicando-se sempre a sanção do ato mais grave.
12. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Histórico
- Caso Blanco na França: primeiro momento que o estado começa a responder pelos
danos causados a particulares.
- Surgimento do Estado de Direito, do Estado que faz o direito e se sujeita ao direito
criado por ele.
- A partir de então o Estado é se torna um sujeito que promove o direito e se submete ao
direito, é um sujeito de direitos e obrigações.
- Teoria francesa.
- A ideia de que há responsabilidade do Estado toda vez que for comprovado que o
serviço foi mal prestado ou foi ineficiente.
- Comprovação de dolo ou culpa do serviço e não do agente público.
- Má prestação do serviço, ou seja, atuação do Estado de forma indevida.
Considera-se Estado:
• Pessoas Jurídicas de direito público – Administração direta, autárquica e
fundacional;
• Pessoas Jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos – empresas
públicas e sociedades de economia mista.
• Concessionárias e permissionárias de direito público.
STF: Banco do Brasil. Atuação bancária da estatal quando relacionar-se com consumidor
configura-se relação de consumo, responsabilidade objetiva com base no CDC.
Exclusão da Responsabilidade:
Há exclusão da responsabilidade objetiva do Estado se for excluído algum dos elementos
objetivos da responsabilidade (conduta, dano, nexo de causalidade).
No caso concreto qualquer situação ocorrida que exclua um desses elementos objetivos
está excluindo, consequentemente, a responsabilidade do Estado.
Os mais comuns são: caso fortuito, força maior e culpa exclusiva da vítima. Não são
as únicas hipóteses de exclusão, mas são as mais comuns, Situações em que se exclui o
nexo de causalidade.
Para os que adotam a teoria do risco integral Estado responde objetivamente pelos danos
causados SEMPRE que houver dano a terceiros.
Maior parte da doutrina, a partir de leitura da Constituição Federal, entende que o dano
nuclear causado a particular deve ser indenizado adotando a Teoria do Risco Integral.
Ex: Caso do césio 137 em Goiânia.
• Dano Ambiental:
O STJ entende, desde 2008, que a responsabilidade por dano ambiental gera
responsabilidade objetiva com base na teoria do risco ambiental somente nos casos de
condutas comissivas.
Esta responsabilidade subjetiva do Estado não é aquela dos civilistas, a que depende de
dolo ou culpa do agente.
Morte de menino por leptospirose devido a bairro que ficou alagado por dias após fortes
chuvas cabe responsabilidade do Estado? Sim. Devido a ineficiência e/ou não prestação
de serviço de esgoto.
Fábrica que liberava empregados após as 19h em área deserta onde os funcionários
eram costumeiramente vítimas de roubo. A direção da fábrica informou à Secretaria de
Segurança e o Estado não agiu mesmo após a notificação da fábrica. Certo dia uma
funcionária é assaltada e estuprada na rua da fábrica, cabe responsabilização do Estado?
Sim. Responsabilidade por omissão por não prestação do serviço de segurança pública.
Se o Estado cria um risco se dele há a ocorrência de dano, ainda que o dano não ocorra
de atividade direta de agente público, há responsabilidade objetiva do Estado.
Ex: um preso matar outro preso. preso que foge da prisão e rouba nas vizinhanças do
presídio.
Questão: Menor fugitivo da FEBEM e mata uma pessoa em parque longe da FEBEM, há
responsabilidade objetiva do Estado? Não, o STJ entendeu recentemente que falta nexo
de causalidade porque não se pode entender que o Estado criou um risco diferenciado
neste caso. Não há risco entre o “perigo FEBEM” e o dano causado.
• Custódia:
Há, em regra, um risco criado pelo Estado toda vez que ele mantém alguém sob custódia.
Aplica-se nestes casos a teoria do risco integral.
Ex: dano ocorrido a crianças que brincavam em escola pública, responsabilidade objetiva
em virtude das mesmas estarem sob custódia do Estado.
OBS: preso que se mata na prisão o Estado responde objetivamente, com fulcro na teoria
do risco integral.
Caso o dano resulte de obra realizada por empresa contratada há duas correntes. A
primeira corrente, adotada pela Fazenda Pública, defende que a responsabilidade da
empresa é subjetiva nos termos civilistas e a responsabilidade do Estado é uma
responsabilidade contratual, ou seja, responsabiliza-se o Estado caso se comprove que
deixou de fiscalizar a obra. Os doutrinadores desta corrente defendem que não há
responsabilidade objetiva do estado, apenas responsabiliza-se o Estado no caso de má
fiscalização do contrato.
A pessoa jurídica de direito privado não é prestadora de serviço e não está abarcada pelo
art. 36, §6º. A responsabilidade das empresas contratadas é subjetiva nos termos do
direito civil.
CC/02 – passou a preceituar em seu art. 206 que a prescrição em caso de reparação civil
é de 03 anos.
Garantia da vítima de não discutir dolo e culpa. A vítima tem a garantia de cobrar
do Estado que é solvente.
De acordo com entendimento do STF a vítima não pode abrir mão da dupla
garantia. Garantia de a vítima cobrar do Estado e o agente só ser cobrado pelo Estado.
Art. 37
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer
agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
ações de ressarcimento.