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DUMAZEDIER, Joffre. Sociologia empírica do lazer. São Paulo: Perspectiva: SESC, 1979.
CASTRO, Sidney, Classificação das actividades de Lazer. Universidade Anhembi
Morumbi.
CAMARGO, Luiz O. L. Educação para o lazer. São Paulo: Moderna, 1998.
MARCELINO, N. C. Lazer e Humanização. Campinas: Papirus, 1983.
MEDEIROS, E. B. Lazer: necessidade ou novidade? Rio de Janeiro: Sesc, 1975.
MUNNÉ, F. Psicologia do tempo livre: um enfoque critico.México: Trilhas, 1980.
Definições de Lazer
Lazer, que vem do latim ‘licere’ – ser lícito, ser permitido -, é normalmente definido como
uma série de actividades que o ser pode praticar em seu tempo livre, ou seja, naquele
momento em que não está trabalhando, em tarefas familiares, religiosas ou sociais, e que lhe
proporcionam prazer. Neste contexto ele tem a oportunidade de relaxar, descansar, se distrair,
exercer alguma forma de recreação.
O lazer (sinónimo de ócio) é o tempo livre de que dispõe uma pessoa. Trata-se dos momentos
em que não se trabalha ou, pelo menos, não de forma obrigatória. O lazer não só excluiu as
obrigações laborais, mas também o tempo despendido para satisfazer necessidades básicas
como comer ou dormir.
Lazer é o estado de espírito em que o ser humano se coloca instintivamente (não
deliberadamente), dentro de seu tempo livre, em busca do lúdico (diversão, alegria,
entretenimento).
Lazer é considerado como o período de tempo não sujeito a deveres.
História do Lazer
O surgimento do lazer é ainda uma questão polémica entre os teóricos do campo. De acordo
com Gomes (2003) existem duas correntes que dividem as opiniões sobre a sistematização do
surgimento do lazer.
Na primeira corrente estão os autores que consideram que o lazer existia nas sociedades mais
antigas e que sempre existiu (DEGRAZIA, 1966; MUNNÉ, 1980; MEDEIROS, 1975).
Do lado oposto, os autores que consideram o lazer como um fenómeno moderno, das
sociedades urbano – industriais (DUMAZEDIER, 1979; MARCELLINO, 1983; MELO;
ALVES JUNIOR, 2003).
No histórico do lazer há todo um contexto cultural, social e urbanístico de configuração do
local à qual ele é inserido, principalmente nas cidades, desde a antiguidade. O lazer não pode
ser interpretado como um factor exclusivo da modernidade, datada no começo da Revolução
Industrial do Século XVIII, mas um fenómeno que sempre acompanhou a humanidade desde
os primórdios.
Para alguns autores essa especulação do lazer está ligada em virtude das transformações de
correntes dos processos de industrialização, que levaria à rígida e nítida delimitação do
trabalho, o qual passou a ser classifica do em tempo de trabalho e em tempo de não trabalho,
sendo este último considerado também como tempo livre, ou seja, o tempo onde o lazer
estaria inserido.
Gomes (2004) procurou analisar os diversos sentidos atribuídos às palavras e conceitos
associados alazer
Como SCHOLE, OTIUM e LICERE – da Antiguidade Clássica à Modernidade, tendo como
ponto de partida o modo devida e as ideias construídas na Grécia Antiga.
Nas sociedades mais antigas há elementos históricos para pensarmos a existência do lazer
nesses períodos: as olimpíadas, as competições, as encenações poéticas na Grécia; os banhos,
os banquetes, as festas, as representações teatrais, as corridas de carros e os combates de
gladiadores em Roma; e os feriados religiosos, os jogos, os cantos, as festas, as
comemorações e os carnavais na Idade Média, onde o “Sagrado (sério e oficial)” e “Profano
(cómico e risonho)” se encontravam.
Para Gomes (2004), o surgimento do lazer pode ser muito amarrada à origem histórica de
palavras relacionadas ao lazer e seus significados (otium, schole, licere) e isso estaria
dificultando e até mesmo impedindo, de certa forma, uma análise mais densa sobre o passado
do lazer.
Todo embasamento de Gomes nos mostra o lazer na linha da história, acompanhado as
terminologias até adquirir sua posição actual.
Partimos para conceitos formulados pelos autores da segunda linha de pesquisa do lazer, que
são
Joffre Dumazedier, Vitor Andradede Melo, Edmundo de Drummond Alves Junior e Nelson
Marcellino.
O conceito do sociólogo Joffre Dumazedier é um dos mais requisitados no meio académico
para definir o lazer.
O lazer é o conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade,
seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda, para desenvolver
sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre
capacidade criadora após livrar se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais,
familiares e sociais. (DUMAZEDIER, 2000,p.34).
No conceito de Dumazedier ele destaca as três funções do lazer: descanso,
divertimento/recreação e entretenimento; e de desenvolvimento. “O descanso libera-se da
fadiga. Neste sentido o lazer é o reparador das deteriorações físicas e nervosas provocadas
pelas tensões resultantes das obrigações quotidianas e, particularmente, do trabalho”.
(DUMAZEDIER, 2000,p.32).
Ele coloca o descanso como uma forma de liberar as tensões do dia a dia, assim o indivíduo
volta
Renovado para a sua jornada de trabalho. Seria uma forma de lazer que revigora e prepara o
dia-a-dia da cidade.
A segunda função, do divertimento, recreação e entretenimento é vista ligada ao tédio, à vida
quotidiana.
A sua postura quanto a isso é de o trabalhador fica sempre naquela rotina do dia a dia da
cidade, sem experimentar lugares novos, actividades novas, enfim, sem novas experiências.
Daí a busca de uma vida de complementações, de compensação e de fuga por meio de
divertimento e invasão para um mundo diferente, e mesmo diverso, do enfrentado todos os
dias. A ruptura poderá levar a actividades reais, baseadas em mudanças de lugar, ritmo e
estilo (viagens, jogos e exportes) ou então a recorrer a actividades fictícias, com base na
identificação e na projecção (cinema, teatro, romance). (DUMAZEDIER, 2000,p.33).
A terceira função é o desenvolvimento que tratada acção praticada pelo corpo, uma maior
participação social e mais livre. Praticar o desenvolvimento da personalidade, as actividades
que os indivíduos praticam por ser do seu gosto, por livre e espontânea vontade, sem
qualquer imposição da sociedade.
A função de desenvolvimento pode criar novas formas de aprendizagem voluntária, a serem
praticadas durante toda a vida e contribuir para surgimento de condutas inovadoras e
criadoras. Suscitará, assim, no indivíduo permite sair de suas obrigações profissionais,
comportamentos de livres escolhas que visem ao completo desenvolvimento da
personalidade, dentro de um estilo devida pessoal e social. (DUMAZEDIER, 2000.p.34).
Marcelino, outro estudioso do lazer, coloca uma contra posição à ideia de lazer apresentada
por Dumazedier. Sua definição revela muito o contexto da cultura da sociedade.
A cultura – compreendida no seu sentido mais amplo – vivenciada (praticada ou fruída) no
“tempo disponível”o importante, como traço de escolha, é o carácter “desinteressado”dessa
vivência a “disponibilidade de tempo”significa possibilidade e opção pela actividade prática
ou contemplativa. (MARCELINO, 2000.p.31).
Por último, Vitor de Andrade de Melo, afirma que lazer é um fenómeno moderno, surgido
coma artificialização do tempo de trabalho, sendo uma manifestação típica do modelo de
produção fabril desenvolvido a partir da Revolução Industrial. Melo também aponta o lazer
como sendo um campo de tensões, pois ele vê o tempo livre como sendo umas conquistadas
classes trabalhadoras.
O lazer, numa suposta escala hierárquica de necessidades humanas, seria menos importante
que a educação, a saúde e o saneamento, com certeza todas essas dimensões humanas são
fundamentais, mas porque seria o lazer menos importante? Além disso, existe a relação
directa entre lazer e saúde, lazer e educação, lazer e qualidade devida, as quais não podem ser
negligenciadas (MELO e ALVESJUNIOR,2003.p.29).
Conceitos Similares a Lazer
Recreação é um conjunto de actividades realizadas, a fim de entreter e divertir qualquer um
que é feito. Também é tido como momento em que o uso do tempo livre para obter benefícios
físicos e mentais prossegue.
Diversão é uma actividade especifica, separada da vida normal reservada para momentos
especiais, então, é preciso ser radical o bastante para justificar o esforço.
Tempo livre é aquele de que se dispõe para realizar qualquer actividade que apeteça, sem
obrigações. Pode se dizer que o tempo livre corresponde às horas em que não se estuda e nem
se trabalha.
Entretenimento é uma forma de recrear ou divertir pessoas ou um conjunto delas quando elas
se encontram desviadas de suas preocupações quotidianas.
Relaxar refere se a acção no efeito de afrouxar, amaciar, distrair a mente com um pouco de
descanso. Também pode ter seu significado em descontrair, portanto, associado com a
redução do stress físico e mental.
Tipologias ou Conteúdos de actividade de Lazer
Lazer doméstico: actividades prazerosas que podem ser realizadas dentro do próprio lar e que
proporcionam interacção e diversão da família.
Ex: olhar TV, jogos de tabuleiro, navegar na internet.
Lazer turístico: abrange viagens e passeios com o propósito de relaxar e conhecer novos ares,
está intimamente relacionado a férias.
Ex: excursões pelo país, reconhecimento de interiores do estado, cruzeiros.
Lazer trabalhista: é a actividade realizada em determinado tempo vago que é dado ao
trabalhador, geralmente as grandes empresas dão aos servidores 15 min para lancharem e
realizaram estas actividades.
Ex: ver tv, conversar com os outros funcionários tranquilamente, fazer ioga ou academia.
Lazer escolar: pode ser visto no recreio dos alunos ou na aula de Ed. Física, além disso, em
aulas práticas de todas as matérias.
Ex: exposição de pintura na aula de Artes, intercalasse, show de talentos, festivais esportivos.
Entre populações que vieram recentemente do campo, essas actividades podem constituir um
semilazer, na medida em que evitam gastos ou incorporam ganhos financeiros. Nas classes
médias, sobretudo entre a parcela mais inovadora, chega a constituir um estilo de vida, onde a
própria produção manual é uma crítica ao consumismo.
São muitos os exemplos de actividade manual de lazer: desde lavar o automóvel em fins de
semana, onde o prazer da manipulação da água envolve ludicamente, pais, filhos e vizinhos,
desde cultivar hortaliças e animais de corte nos quintais urbanos, o croché, o tricô, desde o
consertar e desmontar - para - consertar - de - novo, engenhocas e aparelhos domésticos, até a
invenção de pequenas máquinas, a fabricação de suas próprias estantes e móveis, mesas e
armários, a montagem de estufas para a criação de plantas ou a criação de animais
domésticos.
O ato de criar com as próprias mãos é cheio de simbolismos. As mãos são fonte de expressão
não apenas gestual como prática, de transformação de coisas. Restituir - lhes esta capacidade
reprimida por uma sociedade que as substituiu por instituições e fábricas são, para muitas
pessoas, uma necessidade importante.
Actividades artísticas de lazer
Às vezes, o lazer manual é uma fonte de expressões artísticas. Mas não necessariamente para
toda a população. Quando se fala em interesses artísticos, ressalta-se a busca do imaginário,
do sonho, do encantamento, do belo, do fazer – de -conta.
Esse espaço é encontrado numa série de outras actividades, que também devem ser
consideradas artísticas, tais como a decoração da casa, por simples que seja, as roupas, a
maquiagem e, principalmente as festas. Todo género de festas. É claro que as festas são
ocasiões de encontro afectivo e sobretudo para adolescentes e jovens, o momento
privilegiado da paquera. Mas, mesmo para estes e, sobretudo para crianças, adultos e idosos,
de ambos os sexos, a festa é o exercício pleno do imaginário. Numa festa, todos são atores.
Todos procuram transmitir uma parcela especial e que imaginam a melhor de suas próprias
personalidades.
Actividades intelectuais de lazer
Antes de criar uma discussão com os educadores artísticos, cabe uma explicação: tudo na
vida é fonte de conhecimento, de informação, de aprendizagem. Muitas pessoas preferem
crescer no conhecimento através da leitura elaborada e crítica de romances, contos, poesias e
filmes. Dumazedier diz que, enquanto a arte informa por encantamento, a ciência, a principal
fonte de satisfação dos interesses intelectuais no lazer, informa por desencantamento. A
ciência aqui deve ser entendida não apenas no seu conteúdo próprio, expresso em livros e
publicações especializadas, como nas formas de vulgarização e difusão, através de jornais,
revistas e tevê. No frigir dos ovos é difícil separar uma coisa e outra.
Sem pretender embarcar nessa polémica, lembro apenas de que a arte pode informar, mas
dirige-se basicamente à emoção dos indivíduos. Enquanto a busca de uma informação num
livro, num jornal, pode até mesmo provocar uma emoção forte nas pessoas, mas dirige-se
basicamente à satisfação de uma curiosidade ou do desejo sincero de saber alguma coisa
sobre algum assunto.
Paradoxalmente, a vida social no lazer pode assumir uma outra feição, cada vez mais
frequente nas grandes cidades, a da busca da privacidade. Esta forma pode constituir para
algumas pessoas uma forma de misantropia (aversão à sociedade, aos homens, antropofobia),
de recusa do contacto humano, de negação da sociabilidade.
Para muitas pessoas, contudo, a solidão é um momento de encontro do outro. Como dizia
(parece-me) o filósofo alemão Kant, "para conhecer os homens, é preciso viajar pelo mundo
todo, mas para conhecer o homem, não preciso sair do meu quarto".
O interesse cultural central dos indivíduos que buscam este género de actividades é a
mudança de paisagem, ritmo e estilo de vida. De todas as actividades de lazer, o turismo é
certamente a que mais provoca ansiedade nos indivíduos. Conhecer novos lugares, novas
formas de vida e, além de tudo, poder num curto período alterar a rotina quotidiana,
utilizando o tempo nobre de férias e fins-de-semana, tudo isso supões um conjunto de
atitudes que normalmente deveria merecer menos descaso por parte da sociedade. O sector
económico do turismo, centrado nas excelentes possibilidades comerciais que toda essa
expectativa gera, certamente não é capaz de atender a todas as suas implicações.
Tendências de Lazer
As férias tornam-se mais curtas, mais frequentes e mais intensas, distribuídas
uniformemente ao longo do ano. Já que há pouco tempo para as férias, as pessoas tendem
a saírem mais para não se estressarem rapidamente e, mais intensas, pois devido ao curto
tempo, querem desfrutar ao máximo cada momento.
Como o curto tempo para o lazer vocacional, a tendência é que as pessoas viajem a
destinos mais próximos de casa, o que aumenta a competição entre atracões.
O lazer virtual oferecido pela Internet oferece uma nova modalidade de lazer ao
indivíduo. Ele pode optar entre visita ao museu do Louvre ou um mergulho na Barreira de
Corais na Austrália pelo Google Earth ou a leitura de um livro; ou simplesmente, navegar
nas páginas que lhe interessam.
A procura por lazer ao ar livre e próximo de casa remete ao meio rural, ofertando espaços
no entorno da cidade, com actividades que contemplam recreação, descanso e ruralidade
em um único ambiente.