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(poema)

Alberto Lins Caldas

Galileu Edições
Medea
Alberto Lins Caldas
Galileu Edições
Londrina – PR – 2021.
● há sempre um desvio monstruoso na carne ●
● q destrói o ninho as crias os ovos o ressonar - ●
● basta um vôo - um sonho maior - o descuido - ●
● olhar a beleza nos olhos e ferir - ?quem sabe - ●
● medea lava as mãos - o sangue escorre e vai - ●
● o mar espia medea - grita - medea - medea - ●
● medea cala sempre chorando por seu homem - ●
● não os filhos - anda sobre o mar - ?a morte - ●
● olhar a beleza nos olhos e ferir - ?quem sabe - ●
● há sempre um desvio monstruoso na carne - ●
● medea desfeita anda nua buscando silêncio - ●
● o além da nudez - do sangue - da dissolução - ●
● medea caminha com a loucura fria dos deuses - ●
● come lama com gosto de desespero - se deita - ●
● basta um vôo - um sonho maior - um descuido ●
● q destrói o ninho as crias os ovos o ressonar - ●
● diz - medea anda - medea grita medea desaba - ●
● mergulha até só restar em tudo apenas água - ●
● na fonte o vazio do pau do seu homem q se foi - ●
● sente nojo do sangue dos filhos na pele e sim - ●
● medea olhos abertos medea chora enfimporfim - ●
● a língua do teu olhar não lambe mais o desejo - ●
● medea medea medea - aos tacos como leprosa - ●
● há sempre um desvio monstruoso na carne - sim - ●
● olhar a beleza nos olhos e sorrir - ?quem sabe - ●

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