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" -~:~.~~~~.~
PEL9
POR
1869
"... . .
9 Sr. FerreiraVialloa:..- Parecerá estranho,
Sr. presidente, que eu venha defender uma vic-
lima protegida a qual não
ouço levantar~se só palavra·, e
entretanto certo está em pe-
rigol
Oiscutindo-se acredito que a
medida proposta pelo additivo ~fiscal; porque, se
o pensamento da cummissãofosse mais amplo até
. alcançar as instituições monasticas existentes no
paiz, eu consideraria o additivo uma iniquidadp-
com a circumstaneia aggravante da sorpl'ezü.
Cumpre das differentes
emendas em o substitutivo
e a emenda provincia dI)
Ceará.
O additivo commissão
de fazenda estabelece contra as ordens regulares
uma contribuição progressiva e iHimitada, Ó ii
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absorpção da propriedade monastica pelo fisco. O
substitutivo hvje offerecido pela commissão limita
a progressão a .21 na renda dos predios rusticos,
%
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gencia ou contradicçâo éntre a emenda e as'
opiniões do nobre deputado manifestadas durante
o deqate, senio aos estlmulos da ar~umentação,
mas peÇü:"lhe licença para mais confiar no que
escreveu, do que rio. que falIou; o escripto
presuppõe a meditação, e à: meditação de um
juriséonsulto como o nobre deputado offerece
maior garantia. ,..
O SR, ALENCAR AnARIPE: - JIr. sei a que se
retere; ã expressão propl'Íá deve ser possuidores
e não proprietariOs.
O SR.. FERRÉlRA VIANNA: -".. a expressão
prôprietarios é a confissã.o mais completa que o
nobre deputado podia fazer do reconhecimentu
do pleno dominio das ordens regulares sobre todos
os bens quecoristiluem o páttimonio, A commissÁ.o,
porédl, foi mais sagaz; sagacidade propria dos
velhos parlamentares. O seu fim ~eservado é
destruir ás ortiens monasticàs, disfarçado por uma
providencia de câtacter fiscal, incluida de modo
forçado na lei do orçamentd. Sinto profundamente
estar constrangido nos estreitos limites de uma
unica discusSão, e receioso de retardar a approva-
ção do orçamento, recladlada com urgencia pelo
honrado Sr, presidente do conselho; desejava
uma discussão mais larga, e que o substitutivo
fosse d.esannexado do orçamento, para desenvólvet
•
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pela província
tem da commissão
da; apenas no meio pratico
lisaI-o. A commissão emprega o meio indirecto da
elevação da taxa do imposto, o nobre deputado
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determina a conversão em periodo illlproro-
gaveI.
Sei,que ha J})Olitjcos de e~periencia e saber que
,preferem P .uso dos ,meios indireli:t.os para ,reaU~ar
ce~~os fins, aos ,meios direct.oS: .o temp.o desta
politi~ pasaou.
NãQ.approv.o as maximas des~ escola p.olitica
,PQl'qp.eentend.o que ao; illu"óes Stã.o h.oje difficeisn.o
Ig.o.verno da pQblicidade, ao ,pa~so que dão teste-
Jnunh.o de ip.decisã.o.nas resoluções da adminis-
,traçã.o. .E' nec~ssari.o c.ollocar as questões com
fil'me,za e sillCerida.de. (ApQiados,)
~ -abolição das, ordens religi.osas.é uma ques~.o
renovada, sempre que .o g.overno ci.vil $ente-se ,em
difficuldades fiuanceciras.,Ou accusem os religiosos
de inimig.os irrec.onciliaveis d.o pr.ogn~sso, .ou c.or-
demnem a vida d.o ~laustr.o c.om.o um sacrifici.o
inutil, .ou averbem de prej'\(licial á riqueza publica
a imm.obilidade d.os patrimoni.os, .ou finalmente
de dissipad.ora a administraçã.o, .o espirito inn.ova-
dor nã.o perde de mira .os bens d.o claustro. ~Ias .o
espírito conservad.or, sempre disp.ost.o a reparar.
resiste ás intenções d.os destruid.ores. Os religi.os.os
sã.o tratad.os c.omo f.oram .os ju41eus. Uns confiscad.os
s.ob a presumpçã.o de serem christà.os n.ov.os,.outros
.sob o pretexto de serem christã.os velh.os.
Infeliz do governo e do paiz que prestar .ouvidos
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aos máos instinctos, sempre avidos e sempre insa-
ciaveis, que aspiram o impossivel e se lançam
sobre o desconhecido. Esses são os ditfamadores
das ordens (Ilonasticas, .sÓ .pela razão de st'rem
instituições antigas.
Os governos revolucionarios, ou poJ.l circumstan- '
cias imprevistas, ou col1(i)cados na dolorosa .O(i)U-
dição de cederem aos impu]sQs da revoluQão .voo-
cedora, não deliberam, obedecem ..Nesta crise su-
prema, a abolição· das ordens religiosas foi deore-
tada. No meio da agitação se resolveu.a ex:tincçflo
das communidades religiosas em todo o reino ida
Italia, como em ·França, em Portugal e na Ues-
panha.
O claustro algumas vezes tem d~putado. seus
direitos recorrendo ao apoio do seculo. Se não é
legitimo que os homens da oração se defendampe-
los meios temporaes,ao menos é esctlsavel,porque
na revolução elIes reconhecem seus constan tes
inimigos. bem como do altar e do throno. Alguns
conventos intervieram nas lutas que precederam a
annexação de diversos Estados que hoje formam o
reino da Ilalia, mas o prisioneiro revestido da es-
tamenha grossüra cto monge, e com signaes da
polvora nos labios, pagou caro 11 dereza do throno
cahido e do altar vacillante. As orden~ religiosas
succumbiram, e s~ms bens despedaçados não cor-
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respondem ás lisongciras ('speranças dos que os
absorvt:ram,
Nós não estamos nessas tristes circumstancias.
O SR. PINTO DE CAMPOS: -Felizmente.
O SR ..FERREIRA VIANNA:-OS nossos poucos reli-
giosos são mais que submissos, victima~ que ca-
10inham para o abysmo Jo desapparecimento sem
proferir uma só palavra.
E notae bem. Aqui a injustiça tem todas as cÔres
de um attentado ..
Elles tudo' abandonaram, as heranças de seus
antepassado;, lodos os direitos politicos e civis.
Elles voltaram o rosto ao mundo, e fizeram seu
voto de consciencia a Deus.
Como é que o governo do paiz, constante man-
tenedor (los principios de ordem, e que tem tão
largas vocações para a liberdade, ousa (fizer a es-
tes desherdados, a estes homens que renunciaram
tudo para viver em comtllLlIIidadi~, para adorai' ü
. seu Beus pelo meio mais s~guro, como tal rec\J-
nhecido e coniagrado pelos santos concilios e pelos
ponlifices : eu nilo consinto na eontinuação de
vossa ordem; disponde de vosso patrimonio; paga(~
me um impost.o impossível etprüparae-vos a rom-
per o voto de vossa consciencia?
Independente da memoria dos valiosos serviços
prestados I.t humanidade pelas cl)mmunidade~ re-
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-t.
ligiosas, existencia glo-
riosa durante independente de seus
direitos poderia assistir
mudo ao saciar a avidez
doforle.Filho obediente da Santa Igreja Catholica, •
julgo-me no rigoroso dever de defender a institui-
ção monastica reconhecida pelo Summo Pontifice,
meu soberano 'espiritual, parte mais nobre de meu
ser.
O SR. PINTO bem.
O SR. esbulho é uma
violencia. não podem ser
cerradas.Fechal-as,e sempre. é uma
immoralidade, immoralidade. (A poia-
dos e não apoiúdos.)
Estudae, senhores, a natureza humana, estu-
dae-a, ~ cada um de vós seja o juiz, interrogando
um por um os dias de sua vida.
Quem é, quem é este espirito desvairado, des-
cuidoso, que não teve um dia de decepção amarga,
um dia de que não se sen;..
I ,
tiu no fundo como um phantas-
I .instinclos da
conservação seus dias? Esta
triste posição tem uma unica esperança, um
conforto: fechar atraz de si aS' portas do mundo,
~ncerrar-se nas solidões do claustro .
•
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Não está provado pelas mais competentes autori-
dades que os suicidio3 se te3m multiplicado depois
que os desesperados, privados da mansão dos élaus-
tros,foram obrigados a lutar no tumulto das paixões
e dos interesses do seculo ,
O SR. PINTO DE CAMPOS : -E' uma verdade ..
O SR. FERREIRA VIANNA : - Se, porém,aiJlustre
commissão me assegura, e o governo, representado
pelo Sr. ministro do Imperio, confirma que se per-
siste no desejo de restaurar as ordens regulares,
não pouparei esforços, e concorrerei como poder
para a realisação de tão fecundo pensamento.
(Apoiados ).
E' tempol Em vez de lhes apertar a garganta com
o baraço do tributo, facilitemo-lhes os meios de
prompta e solida regeneração. Já não me seduzem
fallazes illusõeslAs min has desconfianças crescem,
e eu percebo atravez de todas essas douradas pro-
messas a dolúrosa realidade I As ordens religio-
sas estã,) no vacuo medonho, a machina pneu-
matica, o imposto, "ae pausadamente extrtthindo
o ar, até que o ultimo monge, e com elle a ordem,
morram asph.yxiados. (JJl'uito bem.)
Entretanto tenho fé, e mujto robusta, que assim
como o tempo teve força para abater, terá tambem
o poder de levantar.
A causa das ~rdens regulares no Brasil não está
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