Você está na página 1de 3

Viajar é preciso

“Passear por lugares novos, descobrindo culturas e


pessoas diferentes.
Viajar pode ser uma experiência inesquecível,
iluminar nossas origens e mostrar que vivemos em
um mundo maior e mais belo do que pensamos. ”

Juliana Araújo

1 Aos 50 anos, Manuel Pereira fez a viagem que mudou sua vida. Há
cinco anos, o publicitário carioca atravessou o oceano para chegar a
Portugal e descobrir sua família. Queria entender suas raízes. “Tinha
muitas expectativas e um grande medo de não dar certo”, conta [...]

5 Com os parentes, visitou o túmulo do pai, tirou fotos com suas irmãs,
sobrinhos, tios, contou sobre sua vida no Brasil, ouviu como era a
deles em Portugal, falou sobre seus filhos, sua mãe, sua infância,
dividiu os momentos em que o pai não esteve presente. Encontrou
10 semelhanças e coincidências. Quatro dias depois, tinha conhecido a
Europa – foi a primeira vez que viajou para o continente – e voltava ao
Rio de Janeiro de alma lavada, com uma família maior de que
imaginava. “Foi como se eu tivesse tirado um peso de mim. Com essa
viagem, aprendi que posso fazer sonhos virar realidade. ” [...]

15 Quem tem coragem de se lançar a novos lugares se torna curioso e


aberto para outras culturas e costumes, assim, viajar acaba sendo uma
experiência mais ampla do que conhecer novos lugares. “O ato de viajar
expressa um entendimento de como a vida poderia ser fora das
limitações do trabalho e da luta pela sobrevivência”, afirma Alain de
20 Botton, em seu livro A Arte de Viajar. O escritor, conhecido por

1
popularizar a filosofia em suas obras, afirma que as viagens trazem
questões que extrapolam o nível prático da vida. Foi o que Grace
Downey, de 35 anos, e Robert Alger, de 47, descobriram dando uma
volta ao mundo.

25 Para eles, viajar é uma oportunidade de desvendar o diferente. Por isso,


há 12 anos, compraram um mapa-múndi e penduraram na sala da
casa. Foi assim que, sem saber, começaram a planejar o que seria a
grande viagem da vida deles. “Olhávamos para o mapa e pensávamos:
como será a vida nesse lugar? ” conta a paulistana Grace.

30 Com Robert, que é inglês, mas mudou-se para o Brasil há 17 anos, em


busca de novas experiências, o sonho de dar uma volta ao mundo foi
crescendo e tornando-se real.

Em junho de 2001, tomaram a decisão: a viagem seria dali a seis


meses. Avisaram amigos e familiares e, ambos professores de educação
35 física, começaram a economizar tudo o que puderam. Marcaram no
mapa da sala os lugares que sempre quiseram conhecer: o Alasca, as
dunas da Namíbia e o sul da África, a Índia e a Austrália.

Pediram demissão e partiram de São Paulo em um jipe com uma


barraca forno e colchão. Destino: o mundo

40 Começaram pelas Américas do Sul e Central, até chegar aos Estados


Unidos, Canadá e Alasca. Enfrentaram estradas, cidades, conheceram
pessoas. Dormiam na casa de amigos, acampavam, cozinhavam e
usavam os mesmos pares de sapatos por vários dias, sem luxos. Em
2003, fizeram uma pausa na capital da Inglaterra, Londres.

45 O dinheiro tinha acabado, e, enquanto isso, ficaram hospedados na


casa de parentes de Robert. Ele dava aulas enquanto ela fazia “bicos”
como faxineira para juntarem recursos para a segunda parte da viagem.
Sete meses depois, voltaram à estrada. Na Índia, viveram costumes
como comer com as mãos e levar horas para percorrer poucos
50 quilômetros em estradas com pessoas, camelos, elefantes, ônibus e
bicicletas. Na África, encantaram-se com os safaris e conheceram
parentes distantes de Grace, descendentes de um de seus avós, um
caçador.

2
Passaram pela Ásia, Europa e Austrália e voltaram ao Brasil em 7 de
55 agosto de 2005. Nesses 1.0781 dias de viagem percorreram 168.000
01
quilômetros em 50 países.
[C
a “Em uma viagem assim, além de aprendermos sobre outras culturas,
pt
conhecemos muito sobre nós mesmos”, diz Grace. “Tive de aprender a
e
la conviver com a saudade”, conta Grace. No caminho, o casal também
at
60 abandonou os preconceitos, aprendendo a respeitar o que é diferente.
e1
0
E viram que, para ser felizes, precisam de pouco: algumas roupas e o
nc
[C
aió mínimo de supérfluo.
n
pt
ed A curiosidade de Grace e Rob e a vontade e viver culturas diferentes são
e
la o que levam muitas pessoas a sair de sua fronteira e a desbravar novas
lo
at
65 terras. E foram relatos de viajantes como eles que transformaram o
es01
le
nc Ocidente e nossa forma de compreender o mundo.
[C
ct

a Se hoje aceitar e respeitar as diferenças é um de nossos valores é
or
n
pt
es
d
e porque, um dia, os viajantes saíram para ver o mundo e voltaram
em
la contatando que ele é plural e diverso.
e
lo
at
sdi
e
a
le
Fonte: nc ARAÚJO, Juliana. Viajar é preciso. Disponível em: http://www.revistasorria.com.br/edicao/viajar-e-preciso.php. Extraído de
nt
ct

NASCENTE, C. e NUNES, Giselle. Brasil Intercultural – Língua e cultura brasileira para estrangeiros-Ciclo Básico – Níveis 1 e 2.
Editora e Casa do Brasil. Buenos Aires (2018)
or
n
u
es
d
n
m
e
ealo
ci 1. De acordo com o texto, por que viajar pode ser uma experiência inesquecível? Cite
di
s
ata
le elementos do texto para justificar sua resposta.
ct 2. De que maneira conhecer o mundo para Grace e Rob também representou
i
nt
m
eor abandonar preconceitos e conhecer mais sobre si mesmos?
p 3. Você concorda que viajar acaba sendo uma experiência mais ampla do que
u
es
or
n conhecer novos lugares? Por quê?
m
ta
ae
nt
ci
di
e
ta
a
iex
nt
tr
m
e

p
u
d
or
n
a
ta
a
d
nt
ci
eel
ta
d
ex
i
oc
tr
m
u

p 3
m
d
or
aeta
nt
d
nt
o
el

Você também pode gostar