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GEOLOGIA PARA ENGENHEIROS I

NOTAS DE AULA

Prof. Dr. José Augusto de Lollo

Ilha Solteira, 2008


Caro aluno,

As dificuldades encontradas nas universidades brasileiras de aquisição de


bibliografias de qualidade e em quantidade suficiente para atender seu s estudantes de
cursos de graduação, aliadas aos problemas das editoras nacionais em publicar livros
didáticos, seja devido a seu alto custo ou a sua pequena tiragem, fazem com que nossos
professores universitários tenham grandes dificuldades de cumprir com seu verdadeiro
papel de educadores, passando a atuar como meros repassadores de conhecimento e
utilizando para isto a sórdida figura da “apostila” ou “nota de aula”.
Você deve estar pensando ser incoerente se iniciar uma publicação desta natureza
justamente falando-se mal dela. Na verdade o problema de qualquer “apostila” é formar que
o aluno a encara.
É preciso que se entenda que uma publicação desta natureza nada mais é que um guia de
estudos, a ser utilizado pelo aluno para adquirir conhecimentos básicos, posteriormente
enriquecidos por consultas a livros, onde verdadeiramente os assuntos são abordados de
forma completa.
Para isso, estas “Notas de Aulas” não apresentam ilustrações ou tabelas, e quando o
fazem é apenas na forma na forma de instrumento prático para consulta rápida em trabalhos
práticos. Para consultas aprofundadas devem ser consultados os livros texto indicados pelo
professor. Entendendo a maneira correta de utilizar este volume, ele poderá lhe ser muito
útil.
Agradeço quaisquer correções quanto a erros constados e sugestões que possam
melhorar esta publicação.

José Augusto de Lollo, Ilha Solteira, 2008.


CAPITULO 1: CONCEITOS E INFORMAÇÕES BÁSICAS

1.1. INTRODUÇÃO:

Antes de ser um conjunto de conceitos, teoremas e leis físicas expressas na forma


matemática, às ciências surgiram na história da humanidade como decorrência da
necessidade do ser humano de conhecer os processos naturais que o cercam de maneira a
facilitar sua integração com o meio ambiente para extrair dele os materiais necessários ao
seu cotidiano.
Neste enfoque, todo conhecimento deriva de um ponto comum, que é necessidade
de entendimento dos processos naturais. Porém em nenhum ramo de conhecimento isto se
torna mais claro que naquele denominado “ciências naturais” e mais especificamente as
geociências.
Este tipo de estudo correlaciona ramos do conhecimento considerados fundamentais
como a matemática, a química, a física e a biologia, com outros específicos das geociências
como a metrologia, a oceanografia, a geografia e a geologia. Dentre estas ciências o
objetivo do presente curso é o estudo da geologia, cujo nome deriva do grego Geo (deusa
grega que simbolizava a terra) e logos (estudo, conhecimento). A geologia compreende o
estudo e a interpretação dos processos físicos, químicos e biológicos que se relacionem aos
fenômenos naturais do planeta.

1.2. INTERESSE DO ESTUDO DA GEOLOGIA:

Uma vez que a geologia estuda os materiais e processos existentes no planeta é


óbvio que os estudos desta natureza tem sido úteis à muitas outras áreas do conhecimento
humano. Os estudos dos fósseis (restos vegetais ou animais que sob certas condições
físico-químicas são preservados nas rochas) tem sido de grande importância para o
entendimento do desenvolvimento das espécies; os novos materiais desenvolvidos em
diversos ramos da indústria tais como cerâmicas especiais e novas ligas que integram
circuitos de computador ou naves espaciais, dependem antes de estudo de natureza
geológica que localizem as matérias primas necessidades e forneçam evidências acerca de
seus processos de formação; grande variedade de materiais como plásticos e borrachas
nada mais são que produtos derivados do petróleo, que foi um material descoberto a partir
de pesquisas geológicas; da mesma forma, muitos outros exemplos poderiam ser citados.

1.3. IMPORTÂNCIA DA GEOLOGIA PARA A ENGENHARIA CIVIL:

O simples falo de que toda obra de engenharia civil está sempre, no todo ou em
parte, em contato com rochas ou solos é argumento mais que suficiente para mostrar a
importância do facilitar a sua atuação profissional. O conhecimento das condições
geológicas de uma área na qual se pretenda implantar uma obra de engenharia possibilita
redução de custos e prazos de entrega, facilita o acesso a materiais de construção, favorece
a utilização de menores coeficientes de segurança e cria a possibilidade de prevenção e
correção de quaisquer problemas de estabilidade que possam vir a ocorrer.
Dentre as condições geológicas específicas de interesse para engenheiro civil pode-
se citar: composição e propriedade dos solos; composição e descontinuidades das rochas;
condições de águas subterrâneas; condições de relevo; materiais de construção presentes e
suas propriedades; características de estabilidade dos terrenos; e condições de desmonte e
escavação dos terrenos.
Quando se discute a importância destes conhecimentos para o engenheiro civil, os
comentários comuns à maioria dos engenheiros que não tiveram este tipo de informação
são: “um engenheiro não precisa saber isto”, ou “para isso se contrata um geólogo”, ou
ainda “basta que se adotem coeficientes de segurança maiores”; porém isto nem sempre é
verdade. “Nem sempre se pode contratar um geólogo”, ou ainda “basta que se adote
coeficiente de segurança maior”; porém isso nem sempre é verdade. Nem sempre se pode
contratar um geólogo ou uma empresa de consultoria, e a adoção de coeficientes de
segurança mais altos implica em obras mais caras, às vezes mais demoradas e,
conseqüentemente, menos competitivas.
Não se pretende aqui que futuros engenheiros civis saibam de tudo de geologia,
mas sim que eles possuam conhecimentos básicos que lhe permitam fazer uma obra segura
sem que para isso precise correr atrás de um geólogo para que lhe responda questões que
o próprio engenheiro poderia ter resolvido com um mínimo de conhecimento da geologia.

1.4. A ESTRUTURA DA TERRA:

Desde muitos séculos, os estudiosos dos fenômenos naturais perceberam que parte
dos eventos que aconteciam na superfície da terra, como vulcões e terremotos, tinham sua
origem no interior do planeta. Um dos primeiros estudos a afirmar algo acerca disso se deve
a KIRCHER (1664) que afirmava que todos os vulcões existentes no planeta tinham sua
origem num “fogo central” que ele julgava situar-se no centro da terra.
Esse tipo de afirmação teve apoio de outros estudiosos, baseado em certas
evidências descobertas posteriormente:
1. estudo realizados com meteoritos mostravam que alguns tipos possuíam
composição química próxima à composição das rochas provenientes do
resfriamento das lavas de vulcões. Como se supõe que estes meteoritos
sejam partes da explosão de corpos celestes de constituição parecida a
da terra, parece provável que nosso planeta apresente, em seu interior,
porções com composição química parecida com a dos meteoritos.
2. observou-se a densidade média obtida para a superfície terrestre (2,73
g/m³) eram incompatível com a densidade calculada para o planeta como
um todo (5,53 g/m³) fazendo com que os cientistas imaginassem que as
camadas mais internas do planeta fossem constituídas de materiais com
maiores densidades (para que o valor global tivesse sentido). Esta
densidade deveria se situar entre 9 e 14 g/cm³ (valores próximos
daqueles encontrados para os meteoritos), o que enriqueceu a crença que
as camadas mais internas do planeta tivessem uma composição próxima
dos meteoritos.
Até a metade do século XX porém não se tinha qualquer outra evidência mais
segura com relação à estrutura e composição interna do planeta. Isto só foi possível com o
surgimento da geofísica e os estudos de sísmicas induzida.
Os estudos da sísmica tiveram seu início quando os pesquisadores perceberam que
as ondas sísmicas apresentaram diferentes valores de velocidade de propagação para cada
material atravessado. Desta forma, os diferentes materiais poderiam ser reconhecidos a
partir da velocidade de propagação destas ondas em seu interior.
Neste método simula-se o efetivo de um tremor gerando-se ondas sísmicas através
de explosões ou de fortes impactos, registrando-se a sua velocidade de proporção no meio
em questão. As ondas sísmicas podem ser de três tipos, cada uma com suas características
próprias de proporção: Ondas L (longas ou diretas) – se programam paralelamente à
superfície e são responsáveis pelos grandes estragos provocados nos terremotos; Ondas P
(primárias) – são ondas que apresentam maior velocidade quanto maior a densidade do
meio. E Ondas S (secundárias) – refratadas, que possuem maiores velocidades quanto mais
densas o meio porém não se propagam em meios líquidos.
A aplicação destes estudos ao interior do planeta mostrou variações interessantes no
comportamento das ondas P e S que mostraram a existência de três descontinuidades
importantes no interior da terra mostrando que sua estrutura interna é formada por camadas
concêntricas, cada uma delas com características próprias.
• Sial – composição rica em Si e AL, espessura média de 30 km e
densidade da ordem de 2,7g/cm³.

• Sima – camada rica em Si e Mg, com espessura variando entre 6


e 20km e densidade da ordem de 3,0g/cm³.

• Manto – composto basicamente de silicatos de Na, Ca, Mg e Fe,


profundidade de 70 a 2.900km, com densidades variando de 3,3 a
5,5 g/cm³.

• Núcleo Exterior – composição rica em sulfatos e óxidos, com


densidades entre 9 e 11 g/cm³ e profundidade de 2.900 a
4.800km, suposto líquido.

Com relação às “descontinuidades” que foram observadas nas ondas sísmicas e que
marcam os limites entre estas camadas tem-se: Descontinuidade de Conrad – marcam o
limite entre o Sial e o Sima; Descontinuidade de Mohorovicic - limite entre a crosta ou
litosfera (conjunto Sial + Sima) e o Manto; Descontinuidade de Dham – limite entre o Manto
e o Núcleo.
Dentre as camadas citadas, a de maior interesse para a geologia no enfoque da
engenharia civil é a Crosta ou Litosfera (conjunto Sial + Sima), que é a única camada à qual
se tem acesso direto para observação e onde se processam os eventos geológicos de
interesse para a engenharia.
É nesta camada que se processa toda a atividade humana e, como decorrência
disto, as obras de engenharia, portanto nosso estudo vai limitar à litosfera.
1.5. COMPOSIÇÃO DA LITOSFERA

Uma vez que a litosfera é a camada que desperta atenção especial de estudo, é
importante antes de mais nada que se conheça a sua posição, pois ela influenciará na
composição das rochas e dos solos e, conseqüentemente, em suas propriedades. Como o
próprio nome indica (lithos – grego, pedra + spheros – camada) esta camada é composta
essencialmente por rochas, e secundariamente por produtos derivados das rochas, como
solos e sedimentos.
Desta forma é natural que uma das primeiras tentativas de descrição de sua
composição seja em terrenos do volume ocupado pelos diversos tipos de rochas:
Sedimentos ................................ 6,2%
Granodioritos ............................. 38,3%
Andesitos .................................... 0.1%
Dioritos ....................................... 9,5%
Bassaltos ..................................... 45,8%

Quando se avalia, porém, a distribuição das rochas no planeta em termos de área


ocupada verifica-se que as rochas sedimentares ocupam uma área muito grande, o que se
deve ao fato destas rochas ocuparem grandes áreas com depósitos de pequena espessura,
desta maneira, tem-se:

Tipo de Rocha Distr. em Volume Distr. em Área

Sedimentares 5% 75%
Magnéticas 95% 25%

Outro tipo possível de descrição da composição da litosfera pode ser feita com base
na sua composição em termos de elementos químicos. Neste caso com mais freqüentes
são:
O ...................................................... 46,6%
Si ...................................................... 27,7%
Al ...................................................... 8,1%
Fe ..................................................... 5,0%
Ca ..................................................... 3,6%
Na .................................................... 2,8%
K ....................................................... 2,6%
Mg .................................................... 2,1%
Demais ............................................. 1,5%
Como se pode observar, a porcentagem dos elementos químicos acima é tão alta
que dos demais só aparecem em proporções diminutas, as quais muitas vezes só podem
ser representadas em PPM (parte por milhão, o que equivaleria a g/ton), dentre estes os
mais comuns são:
Ti ........................ 4.400 ppm C ........................ 320 ppm
H ........................ 1.400 ppm Cl ........................ 314 ppm
P ........................ 1.180 ppm Rb ....................... 310 ppm
Mn ..................... 1.000 ppm F ........................ 300 ppm
S ......................... 520 ppm

As maiores percentagens dos elementos O, Si, Al, e os demais já citados faz


com que os compostos químicos mais freqüentes na crosta sejam óxidos destes elementos,
fornecendo as seguintes percentagens médias:
Si O2 ..................... 60% Fe2O3 ..................... 3%
Al2 O3 .................... 15% K2O ........................ 3%
CaO ....................... 5% Na2 ........................ 3%
FeO ........................ 4% MgO ...................... 3%

Esta freqüência em termos de óxidos se reflete fortemente nos tipos minerais mais
freqüentes na crosta (uma vez que os minerais nada mais são que combinações destes
óxidos), fazendo com que a maior parte dos minerais nada mais é que combinações destes
óxidos), fazendo com que a maior parte dos minerais presentes na litosfera sejam silicatos.
Apesar de haver mais de 1.500 espécies minerais conhecidas pode-se dizer que
cerca de 40 delas representam mais de 90% dos minerais encontrados no planeta. Baseado
nisto pode-se fazer uma descrição da crosta terrestre em termos mineralógicos, tendo-se o
seguinte resultado.
Mineral Comp. Química %

Feldspatos K2O Al2O3 Si O2


Na2O Al2O3 60
CaO Al2 O3

Piroxênios Ca, Na, Mg, Fe Al2O3 Si O2 Fe2O3


e
Anfibólios Ca, Na, Mg, Fe Al2O3 Si O2 Fe2O3 (OH) 17

Quartzo Si O2
12

K, Fe Al2O3 Si O2 H2O
Micas Mg, Al Al2O3 Si O2 H2O 4

Todos estes minerais pertencem, como poderemos ver posteriormente, ao grupo dos
silicatos, que representa o grupo mineral mais freqüente na litosfera e conseqüentemente
nas rochas e nos solos e sedimentos.
1.6. TEMPO GEOLÓGICO

“Longe, ao norte, numa terra chamada Svithjod, existe uma rocha.


Possui cem milhas de atura e cem largura. Uma vez a cada milênio, um
pássaro vem à rocha para afiar o seu bico. Quando a rocha tiver sido
totalmente, então um único dia na eternidade ter-se-á escoado.”

VAN LOON (1951)

A declaração acima serve ilustrar a grandiosidade do tempo de decorrência dos


processos geológicos, outro conceito de grande importância no entendimento dos
fenômenos naturais estudados no âmbito da geologia. O “Tempo Geológico”, como
costuma-se denominar, mede o tempo dos processos geológicos e tem uma conotação
diferente das medidas de tempo as quais estamos acostumados em nosso cotidiano. Os
processos geológicos são medidos em termos de milhares, milhões e até bilhões de anos.
Durante a idade média os cientistas e a humanidade atribuíram para o planeta uma
idade inferior a 6.000 anos. Estudos posteriores de diversas áreas do conhecimento humano
mostraram que os naturais observados na atualidade são tão lentos que 6.000 anos não
seria tempo suficiente para que os mesmos tivessem se dado.
A partir deste ponto muitos cientistas tentaram, de diversas formas, estabelecer a
idade da terra com base no acréscimo desalinidade dos oceanos; com KELVIN que tentou
determinar a idade da terra com base nas medidas de perda de calor do planeta; e de
muitos outros pesquisadores que tentaram a mesma coisa utilizando-se da taxa de
deposição dos sedimentos ou de fósseis.
Porém a primeira possibilidade concreta de datação dos fenômenos geológicos se
deu com a descoberta da radioatividade e a possibilidade de datação de rochas com base
na meia vida de certos geológicos podem durar até bilhões de anos e que a litosfera teria se
formado à cerca de 4,6 bilhões de anos.
A associação deste método com a datação fossilífera (feita através dos fósseis)
possibilitou o estabelecimento da chamada “Escala Geológica do Tempo”.
COLUNA GEOLÓGICA DO TEMPO

ERA PERIODO - DURAÇÃO IDADE CARACTERÍSTICAS


SISTEMA

Q TECNOGENO ÚLTIMOS 1000 ANOS Tecnologia


U Moderna
A
C T HOLOCENO ÚLTIMOS 5000 ANOS Homem Moderno
E
PLEISTOCENO 2,5 2,0 Idade da Pedra
N
O T PLIOCENO 4,5 7,0
Z E
Ó R MIOCENO 19 26
I C
OLIGOCENO 12 38 Mamíferos e
C I
O Á Plantas com flores
OCENO 16 54
R
I PALEOCENO 11 65
O

M CRETÁCIO 71 136
E
S JURÁSSICO 54 190 Répteis
O
TRIÁSSICO 35 225
Z

P PERMIANO 55 280
A Anfíbios e Plantas
L CARBONÍFERO 65 345 Primitivas
E
O DEVONIANO 50 395 Peixes
Z
SILURIANO 35 430
Ó
Invertebrados,
I ORDOVICIANO 70 500 Primeiros Fósseis
C
O CAMBRIANO 70 570

PRÉ 2.700 Restos de Esponjas


C e Algas Marinhas
A
M Não Existe
B Evidência
R FORMAÇÃO DA 4.030 de Vida
I CROSTA 4.600
A
N (milhões de anos)
O
1.7. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

Apesar do fato da coluna geológica do tempo ser mundialmente aceita nos meios
geológicos até a presente data, algumas observações devem ser feitas acerca de sua
validade uma vez que ela reflete apenas uma tentativa de estabelecimento de ordem
cronológica para os processos naturais do planeta.
A primeira observação diz respeito ao tempo de duração dos processos geológicos,
que nem sempre é da ordem de milhões ou bilhões de ano. O processo de escovação de
uma caverna pelas águas meteóricas (água de chuva), por exemplo, pode acontecer num
período inferior a 10.000 anos. Outros processos podem se dar em intervalos de tempo
muito menores: os processos de vulcanismo muitas vezes se dão em período de dias e
modificam a paisagem de grandes áreas; enchentes podem, em questão de horas, través de
enxurradas provocarem a deposição de metros de espessura de sedimentos (como ocorreu
em 1983 nos estados de Paraná e Santa Catarina); processos de deslizamento de terra
podem movimentar bilhões de metros cúbicos de material em questão de minutos;
terremotos podem promover grandes modificações em questão de segundos.
A segunda observação diz respeito à questão da duração dos processos geológicos
e da idade dos fenômenos ocorridos na terra. Os processos de datação radiométrica
(datação das rochas através da radioatividade) requerem que duas premissas básicas
sejam cumpridas para apresentar validade como datador de processos naturais, as quais
não apresentam ainda o devido respaldo científico: (1) a terra deve ter surgido como uma
mistura de rochas e água que só se individualizaram posteriormente, (2) os processos que
hoje são observados devem ter ocorridos no passado com a mesma taxa que hoje são
observados devem ter ocorrido no passado com a mesma taxa que hoje se observa,
gastando, portanto períodos de tempo similares.
Porém qualquer uma destas premissas pode estar errada, conduzidos assim à pelo
menos três possibilidades de datação dos eventos geológicos ocorrentes no planeta: (1) as
premissas estão certas e, portanto a coluna geológica do tempo é válida; (2) os processos
que hoje se observa tiveram, no passado, taxas de ocorrência deferentes) o que poderia ser
reflexo de uma variação na velocidade da luz) e, portanto a história do planeta poderia ter
até 10.000 anos; (3) quando o planeta surgiu, ele já era praticamente como hoje, e poucas
transformações surgiram a partir daí, neste caso o planeta poderia ter até menos de 6.000
anos, mas há a necessidades de influência divina para que as coisas tenham se dado desta
forma.
O importante nisso tudo é que se note que não é necessário que existe uma só
explicação para as coisas, ou que qualquer problema técnico tenha apenas uma solução.
Mas como até o momento nenhum das premissas citadas foi razoavelmente contestada, a
coluna geológica do tempo pode ser considerada válida.
CAPÍTULO 2: MINERAIS

2.1. INTRODUÇÃO:

Apesar do surgimento da mineralogia como ciência ser um fato relativamente


recente, pinturas que datam de 5.000 anos já mostravam os seres humanos negociando
pedras preciosas e fundindo metais. Na verdade o uso dos minerais pelo homem tem uma
história muito mais antiga e começa com o uso de sílex (espécie mineral muito duro e de
arestas cortantes) em lanças, por parte do homem pré-histórico.
Pode-se definir mineral como: “elemento ou composto químico de ocorrência natural,
com estrutura e composição química definidas, formado a partir de processos inorgânicos”.
Esta definição abrange mais de 1.500 espécies minerais, porém a maioria delas é de
ocorrência muito restrita e, por isso mesmo não apresenta grande interesse de estudo. Os
minerais que aparecem com grande freqüência na crosta terrestre representam um grupo
bastante pequeno, e aquele que tem interesse para a engenharia civil, um grupo menor
ainda. Este fato facilitará bastante o estudo dos minerais no que tange ao interesse da
engenharia civil.

2.2. IMPORTÂNCIAS DOS MINERAIS

Como constituintes básicos das rochas, e conseqüentemente da litosfera, os


minerais estão presentes em praticamente todos os ramos da atividade humana e muitas
são suas utilidades.
Mais de 50% dos materiais utilizados pelo ser humano são, de alguma maneira,
derivados ou obtidos diretamente de espécies minerais. Isso acontece em quase todos os
setores da industria de transformação, em grande parte das industrias de bens de consumo,
e na maior parte das industrias de bens de consumo, e na maior parte da industria extrativa.
Com relação às atividades de engenharia civil os minerais estão quase sempre
presente nas obras, seja através de sua interação direta com as obras (uma vez que os
mesmos são os constituintes básicos de rochas, solos e sedimentos), seja através de sua
participação como materiais de construção.

2.3. ESTRUTURA DOS MINERAIS

Uma vez que os minerais possuem uma espessura definida, uma das primeiras
formas de estudo dos minerais que se pode ter está baseada na estrutura cristalina (arranjo
interno ordenado dos átomos que compõem o mineral). Esta estrutura cristalina é típica da
espécie mineral e controla muitas de suas propriedades.
As substâncias cristalinas mostram, de maneira geral, um arranjo ordenado baseado
na repetição de uma base estrutural morfologicamente constante e que obedece a “leis de
crescimento” que fazem com que estas células básicas se associem sempre da mesma
maneira. Estas unidades se dispõem em um retículo tridimensional definido por três
direções e pelas distâncias ao longo das quais o “desenho” é repetido.
BRAVAIS (1848) demonstrou que esta ordenação de células uma ao lado da outra
(segundo certas ligações pré-estabelecidas) permite a existência de apenas 14 retículos
espaciais nos quais a vizinhança em torno de cada ponto seja idêntica à dos pontos
vizinhos. Estas estruturas ficaram conhecidas como “os quatorzes retículos espaciais de
Bravais”.
Uma vez que a estrutura dos minerais é repetitiva ela apresenta condições
particulares de simetria de acordo com a forma segundo a qual for ordenada. Estes
elementos de simetria são planos, eixos e centros de simetria e é típico de cada grupo de
espécies minerais, o que permite que se faça uma classificação dos minerais com base em
sua estrutura cristalina.
Este tipo de classificação possibilitou a definição de seis sistemas cristalográficos, de
acordo com o tipo de elementos de simetria aceito por cada um:
SISTEMAS CRISTALOGRÁFICO ELEMENTOS DE SIMETRIA

Triclínico 1 centro
Monoclínico 1 plano e 1 eixo
Ortorrônbico 4 planos e 3 eixos
Tetragonal 4 planos e 7 eixos
Hexagonal 7 planos e 13 eixos
Cúbico 9 planos e 11 eixos e 1 centro

2.4. PROPRIEDADES DOS MINERAIS

Como propriedades dos minerais se entendem todas aquelas decorrentes da


composição química ou da estrutura cristalina dos minerais, e que podem ser usadas, em
conjunto, como critérios diagnósticos para a identificação dos minerais. As propriedades
podem ser divididas em três grupos: (1) não dependentes da luz; (2) dependentes da luz; (3)
elétricas e magnéticas.
Estes conjuntos de propriedades apresentam uma grande variedade de propriedades
descritas, porém em nosso enfoque serão citadas apenas aquelas que são fundamentais na
identificação dos tipos minerais mais comuns.

2.4.1. PROPRIEDADES NÃO DEPENDENTES DA LUZ

Clivagem – propriedade que certa espécie mineral possui de se romper produzindo


superfícies lisas, sempre paralelas aos seus planos de crescimento, dependendo portanto
da estrutura interna do mineral.
Fratura – maneira pela qual o mineral se rompe quando isto não se dá ao longo de
planos de clivagem. Normalmente são superfícies irregulares. Os tipos mais comuns são:
conchoidal, fibrosa ou estilhaçada, serrilhada e irregular.
Dureza – resistência ao risco apresenta pela espécie mineral, dependendo da
estrutura do mineral e variando de acordo com a estrutura considerada. Como sua
caracterização direta é difícil, costuma-se lançar mão da chamada “Escala de Dureza de
Mohs” que é uma modalidade de determinação indireta da dureza (através de intervalos de
variação).
ESCALA DE MOHS

1 – Talco 6 –Ortoclásio
2–Gipsita 7–Quartzo
3– Calcita 8 – Topázio
4– Fluorita 9 – Corindon
5– Apatita 10 – Diamante

Habito – diz respeito à forma do cristal da espécie mineral (quando esta apresenta
cristais bem desenvolvidos) e é função da estrutura cristalina dos minerais.

2.4.2. PROPRIEDADES DEPENDENTES DA LUZ

Brilho – definitivo como a aparência geral do mineral à luz refletida, sendo


caracterizado subjetivamente como: vítreo, resinoso, nacarado, gorduroso, sedoso,
adamantino, ceroso e matálico.
Cor – diz respeito à cor natural do mineral, devendo-se considerar condições
particulares (tais como inclusões e aquecimento) que podem alterá-lá.
Traço – caracterização pela cor do pó finge que a mineral deixa sobre a superfície
que o riscou. Normalmente utiliza-se uma placa de porcelana para o teste do traço dos
menerais.
Pleocroismo – propriedade que algumas espécies minerais têm de apresentar
diferentes cores conforme a direção cristalográfica na qual são observadas.
Iridescência – propriedade que certos minerais possuem de mostrar uma série de
cores na sua superfície ou interior quando girados à luz. Geralmente é devida à existência
de fraturas no mineral. É bastante comum nos minerais de brilho metálico.
Luminescência – qualquer emissão de luz efetuada por um mineral que seja
conseqüência de seu aquecimento (termoluminescência) ou esfregação
(triboluminescência). De acordo com o seu tipo os minerais podem ser classificados em
fluorecentes (a luminescência cessa quando cessa a causa) e fosforencentes (quando ela
perdura após ter cessado a causa).

2.4.3. PROPRIEDADES ELÉTRICAS E MAGNÉTICAS

Piroeletricidade – propriedade que certos minerais possuem de transmitir


eletricidade quando sujeito à aquecimento.
Piezoeletricidade – propriedade dos minerais que transmitem corrente elétrica
quando sujeitos à pressões adequadas.
Magnetismo – são denominados magnéticos os minerais que em seu estado natural
possuem a capacidade de orientar o imã.

2.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MINERAIS:

A classificação das espécies minerais se baseia em sua composição química,


estando às classes minerais agrupadas de acordo com certos radicais químicos, o que
possibilita a definição de 12 classes minerais dentre as quais a dos silicatos é a maior e
mais importante, sendo por isso subdividida em grupos. As doze classes minerais são:
Elementos Nativos – são minerais que ocorrem na forma são combinadas
(elementos químicos).
Sulfetos – esta classe compreende os minerais formados pela associação do íon
sulfeto (S-²) com certos metais.
Sulfossais – compostos através da combinação de S, Sb, Bi ou As com alguns
elementos metálicos.
Óxidos – costumam serem incluídos neste grupo também os hidróxidos, portanto
estes grupos compreendem minerais que tenham sua constituição básica formada a partir
dos radicais O-² e OH-.
Haloides – classe que inclui os fluoretos, brometos e iodetos de origem natural.
Carbonatos – minerais que possuem o radical corbonato (CO3-2).
Nitratos – minerais formados pela associação do radical NO3- com outros elementos
químicos.
Boratos – minerais formados pela associação do radical BO3-2.
Fostatos – minerais que possuam o radical PO4-2 em sua fórmula.
Sulfatos – minerais compostos com a participação do radical SO4-2.
Tungstantos – minerais que apresentam o radical WO4-2.
Silicatos – maior classe minerais (fato que é decorrência, como já vimos, de serem
O e Si os elementos químicos mais freqüentes na crosta terrestre), inclui todos os minerais
que possuem em sua composição o radical silicato (SiO2), representado cerca de 90% dos
minerais mais freqüentes no planeta e quase a totalidade daqueles que interessam à
engenharia civil. O fato de se tratar de uma classe muito extensa faz com que ele seja
subdividida em grupos de acordo com a sua estrutura cristalina, criando-se assim os
seguintes grupos: Nesossilicatos, Sorossilicatos, Ciclossilicatos, Inossilicatos, Filissilicatos e
Tectossilicatos.

2.6. MINERAIS MAIS FREQÜENTES NAS ROCHAS, SOLOS E SEDIMENTOS:

Como já foi dito, apesar do grande número de espécies minerais conhecidos na


atualidade, apenas uma pequena parcela destes são constituintes comumente encontrados
nas rochas. Portanto um bom conhecimento das características e do modo de ocorrência
destes minerais é suficiente para a satisfação de grande parte das dúvidas a que um
engenheiro civil está sujeito no exercício da profissão. Estes minerais de ocorrência mais
freqüente são:
Feldspato – são os minerais mais comuns na crosta, geralmente apresentam cores
claras, duas direções de clivagem bem definidas e contornos normalmente regulares. As
composições químicas mais comuns são KAlSi3O8, NaAlSi3O8 e CaAlSi2O8, sua alteração
costuma produzir minerais de argila, sendo comuns nas rochas ígneas e metamórficas, nas
sedimentares normalmente se encontram alterados, possuem dureza 6.
Quartzo – possui habitus hexagonal, porém nas rochas raramente apresenta
contornos bem definidos, sendo altamente resistente a alteração, sem clivagem, com fratura
conchoidal, brilho vítreo, dureza 7, ocorrendo em quase todo tipo de rocha. Sua composição
química é Si O2.
Anfibólios – apresentam-se como lâminas longas de terminações irregulares, com
clivagem em duas direções, e seção hexagonal típica. Comuns nas rochas magmáticas e
metamórficas, estes minerais apresentam fórmula X2Y5(Si8O22) (OH)2, onde X costuma
ser Ca ou Na e Y normalmente Me ou Fe.
Micas – apresentam geralmente fórmulas muito complexas compostas por Si, Al, O,
K, Mg, Fe, OH e metais alcalinos, apresentando-se na forma lamelar (placas), decorrência
de uma direção de clividagem perfeita. Ocorrem principalmente nas rochas ígneas e
metamórficas, alterando-se com certa facilidade em argilominerais.
Olivina – com fórmula (MG, Fe)2SiO2, apresenta cores verde escuras, alterando-se
facilmente para silicatos hidratados de Fe e Mg. São minerais típicos de rochas ígneas
básicas ou rochas metamórficas destas derivadas. Sua alteração, quando em estágio inicial,
pode resultar em zeólitas.
Calcita e dolomita – pertencentes ao grupo dos carbonatos, apresentam fórmula
CaCO3 (dolomita), apresentando formas romboédricas com clivagem boa em três direções
e baixa dureza. São minerais que ocorrem preferencialmente em rochas sedimentares
químicas, e tem sua identificação facilitada por efervescerem sob a ação de HCl
concentrado (a calcita apresenta efervescência em suas superfícies naturais, enquanto a
dolomita apenas no pó).
Hematita – possui brilho metálico, traço castanho avermelhado, podendo ocorrer na
forma de placas hexagonais, sendo freqüente em certas rochas metamórficas e em rochas
sedimentares detríticas, apresenta fórmula Fe2O3 .
Magnetita – forma octaédrica, brilho metálico, presente normalmente em rochas
sedimentares e secundariamente em ígneas e metamórficas. Apresenta forte magnetismo e
composição representada pó Fe3O4.
Argilominerais – silicatos hidratados de forma laminar, apresentando em partículas
de dimensões tão diminutas que sua identificação só é possível através de métodos
especiais (como microscópio eletrônico). São divididos em três grupos de acordo com sua
estrutura: Grupo de Caulinita, Grupo da Ilita e Grupo das Cloritas.

2.7. CHAVES DE CLASSIFICAÇÃO DOS MINERAIS:

As chaves de classificação dos minerais constituem um dispositivo prático para a


determinação rápida de qualquer mineral, baseada em suas propriedades diagnósticas. Sua
utilização se dá na forma de “árvore-lógica”, permitindo que se identifique a espécie mineral
com base em propriedades de fácil reconhecimento.
CAPITULO 3: ROCHAS MAGMÁTICAS

3.1. Introdução:

As rochas (agregados naturais de uma ou mais espécies minerais) são os


constituintes básicos da litosfera e controla fatores naturais importantes para a vida humana
como a topografia, as condições de fertilidade dos solos e a disponibilidade de matérias
primas para muitos ramos da atividade econômica humana.
Estes agregados minerais são classificados, de acordo com sua origem, em três
grupos: rochas magmáticas ou ígneas, rochas sedimentares e rochas metamórficas.
As rochas magmáticas são aquelas provenientes da consolidação do magma, sendo
consideradas, portanto rochas primárias. O magma pode ser definido como “fluidos
superaquecidos compostos de silicatos, fosfatos, água e gases, com temperaturas variando
entre 500 e 1.200°C e que tem sua origem nas camadas profundas da terra”. Como
magmatismo entende-se o conjunto de fenômenos relacionados à atividade do magma.
A composição mineralógica das rochas ígneas depende do tipo de atividades
magmática da qual elas derivam e das condições de cristalização do magma que lhe deu
origem. Com relação à este segundo aspecto existe uma seqüência de cristalização dos
minerais que varia de acordo com sua complexidade estrutural e a disponibilidade de sílica
(Si O2) no magma. Esta sequência é denominada “Série de Cristalização de Bowen” e pode
ser esquematizada conforme apresentado na página seguinte.

SÉRIE DE CRISTALIZAÇÃO DE BOWEN

SÉRIE DESCONTINUA SÉRIE CONTINUA

OLIVINA BYTOWNITA

PIROXÊNIOS

ANFIBÓLIOS

BIOTITA ALBITA

K – FELDSPATOS

QUARTZO
3.2. TIPOS DE ATIVIDADE ÍGNEA:

As modalidades de atividades magmáticas são diferenciadas de acordo com a


posição na qual se dá o resfriamento e a consolidação do magma. Esta atividade pode se
dar de duas maneiras básicas: (1) a consolidação do magma se dá à superfície, neste caso
as rochas ígneas apresentam uma posição subhorizontal, sendo denominadas vulcânicas
ou extrusivas, podendo ainda ser subdivididas de acordo com o tipo de atividade vulcânica
explosiva); (2) quando a consolidação do magma se dá em profundidade (no interior do
planeta) as rochas são denominadas intrusivas ou plutônicas e neste caso podem-se ter três
tipos básicos de corpos instrutivos (Sills ou Soleiras – de formato tabular e comportamento
subhorizontal, geralmente pouco espessos, provenientes da consolidação do magma em
zonas de fraqueza; diques – formato tabular, comportamento vertical ou inclinado,
espessuras variáveis; batólitos – grandes corpos intrusivos de formatos semicirculares,
consolidados à grandes profundidades.

3.3. CARACTERIZAÇÕES DAS ROCHAS ÍGNEAS

Dentre as diversas formas possíveis de caracterização das rochas ígneas deve-se


dar preferência àquelas que possibilitem uma caracterização mais rápida, podendo de esta
forma ser úteis a uma identificação expedida. Neste caso é comum que se opte pelas
características de textura e composição das rochas.

3.3.1. TEXTURA

A textura de uma rocha pode ser definida como a sua organização interna, sendo
definida a partir do arranjo dos grãos minerais que integram a rocha. No caso das rochas
magmáticas existem cinco tipos de texturas mais comuns: (1) porfirítica – caracterizada pela
presença de grãos menores; (2) fanerítica – caracterizada pela uniformidade de tamanho
entre os grãos da rocha; (3) afanítica – aprenenta uniformidade no tamanho dos grãos,
porém estes possuem dimensões tão pequenas que não são visíveis a olho nu; (4) vítrea –
textura caracterizada por um aspecto brilhante, devido a altas percentagens de vidro
vulcânico em sua composição; (5) vesicular – presença de espaços vazios na rocha
decorrentes da volatilização da gases presentes no magma quando de seu rápido
resfriamento, quando estas vesículas encontram-se preenchidas a textura é denominada
“amigdalóide”.
Enquanto as texturas porfirítica e fanerítica são comuns em rochas intrusivas ou
plutônicas (devido ao resfriamento mais lento do magma) as texturas afaníticas, vítrea e
vesicular são típicas de rochas vulcânicas (nas quais o resfriamento do magma se dá mais
rapidamente devido ao contato com a atmosfera).

3.3.2. COMPOSIÇÃO

As rochas ígneas obedecem, como já vimos, à uma seqüência preferencial de


cristalização dos minerais (Série de Bowen). Esta por sua vez se caracteriza por apresentar
ordem crescente de complexidade estrutural e disponibilidade de sílica no magma, o que
equivale a dizer que os minerais formados no início da série apresentam baixa
complexidade estrutural e altas percentagens de Fe, Mg, Ca e Na, enquanto aqueles
formados no final da série apresentam maior complexidade estrutural (a maior entre os
silicatos) e altas percentagens de Si e Al.
A caracterização das rochas magmáticas de acordo com sua composição química e
mineralógica depende da posição na qual a mesma se encontre na Série de Crisrtalização
de Bowen, ou seja, de suas condições fisioquímicas de formação.
Suas composições química permite caracterizá-las de acordo com a percentagem de
sílica (SiO2) uma vez que a maioria dos minerais presentes nas rochas são silicatos. No
tocante à mineralogia as rochas ígneas não apresentam grandes variações composicionais,
por mais complexa que seja a constituição mineral de uma rocha ígnea os minerais
essenciais são geralmente feldspatos, quartzo, piroxênios, anfibólios e micas.

3.4. CLASSIFICAÇÕES DAS ROCHAS MAGMÁTICAS:

Uma vez que as formas de caracterização das rochas ígneas mais utilizadas estejam
baseadas em suas composições químicas e textura é de se esperar que os critérios
utilizados para sua classificação sejam os mesmos. A prática mostra porém que a textura
não é um bom critério de classificação, desta forma costuma-se utilizar para esta
classificação os critérios mineralogia e composição química.

3.4.1. CLASSIFICAÇÃO BASEADA NA MINERALOGIA:

Este tipo de classificação divide as rochas magmáticas em três grupos de acordo


com sua mineralogia básica (tendo como base a cor da rocha): (1) leucocráticas – rochas
claras, ricas em silicatos de cores claras como feldspatos, quartzo e micas brancas; (2)
melanocráticas – rochas que apresentam uma composição rica em minerais de cores
escuras como piroxênios, anfibólios e micas escuras; (3) mesocráticas – rochas que
apresentam uma composição rica em minerais de cores escuras como piroxênios, anfíbios e
micas escuras; (3) mesocráticas – rochas com composição mineralógica e cores
intermediárias a estes dois grupos.

3.4.2. CLASSIFICAÇÃO BASEADA NA COMPOSIÇÃO QUIMICA

Com relação à composição química o critério de classificação utilização para as


rochas magmáticas é a percentagem em sílica, que possibilita evidência razoável com
relação à origem da rocha. Dentro deste enfoque as rochas ígneas podem ser classificadas
em:
CLASSIFICAÇÃO % de Si O2

Ácidas > 65%


Intermediárias 52 – 65%
Básicas 45 – 52%
Ultrabásicas > 45%

3.5. IDENTIFICAÇÕES DAS ROCHAS MAGMÁTICAS:

As rochas magmáticas se caracterizam, como já vimos, por uma mineralogia típica.


Isto faz com que a composição mineralógica seja melhor critério para se identificar esta
rocha. A associação deste critério com as características textuais proporciona uma
modalidade bastante segura de identificação das rochas ígneas. Este tipo de associação
mineralogia versus textura possibilita a confecção de tabelas de identificação de rochas
magmáticas que podem ser bastante úteis quando se pretende uma identificação rápida da
rocha.
Como o grupo de rochas ígneas que nos interessa (apenas aquelas mais comuns) é
bastante restrito não lançaremos mão de tabelas para sua identificação, organizando
apenas uma lista destas rochas de maior interesse com suas características diagnósticas.

3.6. ROCHAS MAGMÁTICAS MAIS COMUNS:

Granito – composto principalmente por feldspato, quartzo e micas, é a rocha


magmática mais comum, sendo o constituinte rochoso mais comum da crosta terrestre,
apresenta texturas fanerítica e porfirítica. Conforme indica sua mineralogia é uma rocha
ácida utilizada normalmente como material de revestimento, possuindo cores variadas.
Sienito – composto de feldspatos, anfibólios, piroxênios e micas, o sienito é
classificado é classificado como rocha intermediária, ocorrendo em regiões de vulcanismo
antigo e apresentado textura porfirítica ou fanerítica. Assim como o granito, o sieito é
freqüentemente utilizado como material de revestimento, devido à beleza de suas cores
amarelas ou avermelhadas.
Gabro – rochas básicas plutônicas compostas por piroxênios e feldspatos, podendo
ainda apresentar olivina e anfibólios em sua composição, apresenta normalmente textura
fanerítica. Suas cores escuras (verdes à pretas) fazem com que o gabro seja bastante
utilizado para revestimento, podendo também ser usado como agregado para pavimento
asfáltico.
Peridotito – intrusiva ultrabásica composta de olivina e piroxênios (podendo conter
percentagens apreciáveis de magnetita), possuem normalmente textura fanerítica.
Diabásio – instrusiva básica constituída essencialmente por piroxênios e feldspatos
de Ca, apresentam predominantemente textura fanerítica fina e são muito utilizados como
agregados.
Basalto – vulcânica básica, típica de derrames, apresenta textura normalmente
afanítica, e composição rica em feldspatos de Fe e Mg. Além da textura afanítica são
freqüentes as texturas vesiculares e amigdaloide, sendo muito utilizado como agregado.

3.7. IMPORTÂNCIA PARA A ENGENHARIA CIVIL

Com relação à composição mineralógica as rochas ígneas normalmente não


apresentam grandes problemas para a engenharia civil quando não alteradas. Quando
alternadas ou em estágio inicial de alteração, é preciso que se tome cuidado com os
produtos de alteração dos minerais ferro-magnesianos, presentes principalmente nas rochas
básicas, que podem dar origem à argilominerais expansivos.
No que diz respeito a textura é importante que se tenha cuidado com as rochas de
texturas porfiríticas (devido à menor resistência dos profiroblastos) e vesicular (pois as
vesículas podem estar preenchidas por minerais plásticos ou expansíveis). Com relação às
estruturas (descontinuidades provocadas por esforços sofridos pela rocha) é necessário um
bom conhecimento de sua orientação já que as mesmas podem representar superfícies
potenciais de instabilidade.
CAPÍTULO 4: ROCHAS SEDIMENTARES

4.1. INTRODUÇÃO:

As rochas sedimentos podem ser definidas como “tipo rochoso derivado de outras
rochas, depositado na forma de fragmentos ou precipitado quimicamente, que devido a seu
lento processo de deposição pode apresentar estruturas planares horizontais”.
Estas rochas têm sua origem baseada na fragmentação ou dissolução de outros
tipos rochosos, transporte destes fragmentos ou íons por meio de soluções, e sua deposição
ou precipitação em ambientes favoráveis.
Assim como as rochas magmáticas, as rochas sedimentares necessitam de
condições especificas para sua formação. Estes ambientes normalmente incluem a
existência de água e de condições fisioquímicas particulares. Grosseiramente podem-se
dividir os ambientes de posicionais (de formação) das rochas sedimentares em: fluvial,
lacustre, marinho, litorâneo, lagunar, desértico, deltaico, de talus e de plataforma.

4.2. PROCESSOS SEDIMENTARES:

Os processos de gênese das rochas sedimentares estão intimamente ligados aos


processos de dinâmica externa do planeta, ao contrário das atividades ígneas e
metamórficas que estão associadas aos processos de dinâmica interna da terra. O conjunto
de processos que tem lugar quando da origem das rochas sedimentares são: (1) processos
de intemperismo (fragmentação das rochas e alteração de sua composição química); (2)
processos de retirada destes materiais alterados; (3) processos de transporte destes
materiais; (4) processos de deposição dos mesmos sob condições fisioquímicas favoráveis;
(5) processos de litificação (transformação destes materiais soltos em rochas).

4.3. MINERALOGIA DAS ROCHAS SEDIMENTARES:

Como as rochas sedimentares são, na maioria dos casos formados a partir de


fragmentos de outras rochas, seria de se esperar que elas apresentassem uma mineralogia
bastante variada, porém os minerais essenciais das rochas sedimentares são em numero
bastante reduzidos. Como os minerais presentes nas rochas sedimentares passam por
processos de fragmentação e alteração química, apenas os mais resistentes escapam da
destruição total, daí o pequeno número de espécies minerais presentes nas rochas
sedimentares.
Desta forma o número de minerais que resistem com sua estrutura e composição
química intactas é bastante pequeno. Os outros minerais quando sujeitos a estes processos
se modificam e passam a constituir novos minerais denominados “neoformados”, os quais
são estáveis sob as novas condições reinantes.
Rocha Pré-existente


T  Desintegração Decomposição


R     

T  Fragmentos Soluções

Transporte e Distribuição dos Materiais 




Sedimentos Detríticos Precipitados Quimicos



T  Compactação e Cimentação Recristalização

Rocha Sedimentar

Pode-se diferenciar a mineralogia das rochas sedimentares de acordo com os


processos que lhes deram origem. Se a rocha tem sua gênese associada à deposição de
fragmentos transportados podemos ter duas possibilidades: (1) se o transporte se deu por
tração em meio fluido a rocha deve apresentar grãos maiores e uma mineralogia rica em
minerais primários (vindos da rocha original e que resistiram aos processos de alteração);
(2) se o transporte predominante for a suspensão em meio fluido a rocha deve apresentar
grão de menor tamanho e riqueza em minerais neoformados (secundários – criados durante
o processo de alteração).
Por outro lado, se a rocha foi formada pela precipitação de soluções químicas ela
deve apresentar uma estrutura maciça (onde é praticamente impossível a diferenciação
entre grãos) e uma composição rica em carbonatos e/ou fosfatos.
A mineralogia básica das rochas sedimentares pode ser assim descrita: quartzo,
fragmentos de rochas, feldspato, micas, argilominerais, clorita, hematita, magnetita, calcita,
apatita e dolomita.

4.4. ESTRUTURAS SEDIMENTARES:

Uma característica diagnostica das rochas sedimentares é a existência de estruturas


típicas deste grupo de rochas. Estas estruturas podem ser geradas tanto durante o processo
de diagênese (conjunto de processos responsáveis pela origem das rochas sedimentares)
como posteriormente.
Os estudos da sedimentologia (ramo da geologia que estudas os processos
sedimentares) possibilitam o reconhecimento e descrição de um numero muito grande de
estruturas sedimentares, porém muitas delas ocorrem apenas raramente, as mais
freqüentes são em número muito pequeno. Desta forma nosso estudo ficará restritas à
apenas aquelas estruturas mais comum.
Estratificação – arranjo dos grãos em camadas superpostas de acordo com o ritmo
de deposição, podendo ser de diversas formas de acordo com a posição das camadas
(plano-paralelas, acanalada, e cruzada, entre outras). A presença destas estruturas se deve
ao fato dos sedimentos (fragmentos que dão origem as rochas sedimentares) se
depositarem em camadas.
Gradação Granulométrica – arranjo dos grãos minerais em camadas de acordo com
sua dimensão, normalmente é função da diferença de peso ou de massa especifica entre os
diversos grãos e das condições de deposição. A gradação pode ser normal (grãos maiores
ou mais densos embaixo) inversa (quando os grãos menores ou menos densos se
encontram nas camadas inferiores do pacote de sedimentos).
Estruturas de Ressecamento – comuns nos sedimentos mais finos (raramente sendo
preservada nas rochas), constituiu-se de estruturas retas de caráter vertical mostrando
fragmentação e deslocamento entre os grãos vizinhos quando da perda d’água por parte do
sedimento.

4.5. CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS SEDIMENTARES:

Um primeiro critério de classificação das rochas sedimentares diz respeito à sua


origem. Segundo este critério as rochas sedimentares são classificadas em: Clásticas ou
Detríticas – quando são provenientes do transporte e deposição dos sedimentos na forma
sólida, incluindo minerais primários; Química – originadas à partir da cristalização de sais
transportados em solução no seu estado dissociado e precipitante em condições fisico-
químicas favoráveis; Orgânicas – formadas a partir da acumulação de restos vegetais e
animais.
Com relação às rochas químicas e orgânicas a classificação é relativamente fácil
uma vez que elas apresentam características mineralógicas facilmente distinguíveis. As
rochas clásticas ou detríticas porém, devido ao caráter de alteração e transporte intensos
dos minerais, apresentam uma mineralogia bastante semelhante entre os diversos tipos, o
que faz com que para as mesmas se necessite de outro critério de classificação.
Nestes casos o critério utilizado é o tamanho dos grãos componentes da rocha. Esta
caracterização, denomina granulométrica (medida de tamanho dos grãos) é feita a partir da
definição de classes de tamanho de grãos presentes na rocha e de suas proporções.
O conceito de granulometria diz respeito ao estabelecimento de classes de tamanho
baseado em intervalos de diâmetro das partículas. Para a utilização deste conceito de
diâmetro de partícula consideram-se os fragmentos presentes nas rochas como esféricos,
definindo assim o diâmetro equivalente àquela classe de tamanho. As classes
granulométricas assim definidas são:

CLASSE DIÂMETRO (mm)

Matação > 256


Bloco 64 - 256
Seixo 4 - 64
Grânulo 2-4
Areia Grossa 1/4 - 2
Areia Fina 1/16 – 1/4
Silte 1/256 – 1/16
Argila < 1/256

Com base nesta escala granulométrica foi possível a definição dos tipos rochosos
apresentados na tabela da página seguinte:

GRUPO CLASSES GRANUL. ROCHAS SESIM. CARACTERISTICAS

Granulação Matações, Blocos Seixos e Conglomerados Frag. de Rocha


Grosseira Grânulos numa matriz
arenosa ou fina

Granulação Arenitos Predominância de


Média Areia Grossa à Fina quartzo

Granulação Silte Siltito = Arenitos


Fina
Argila Argilito ou folhelho Argilo - minerais

Obs – a distinção entre argilito e folhelho pode ser feita com base em estruturas, enquanto
os argilitos apresentam estruturas maciças, os folhelhos apresentam estratificação.

4.6. IDENTIFICAÇÃO DAS ROCHAS SEDIMENTARES:

Além das estruturas anteriormente citadas uma outra característica das rochas
sedimentares comumente utilizada em suas identificação é a textura. As texturas mais
comuns presentes nas rochas sedimentares são: (1) detrítica – existe a possibilidade de
identificação e individualização dos grãos presentes na rocha, é característica das rochas
clásticas; (2) cristalina – textura típica das rochas sedimentos químicas, se caracteriza pelo
aspecto brilhante pelo aspecto brilhante e pela dificuldade em se individualizar os grãos
minerais; (3) oolítica ou eferiodal – presença de partículas de formas circulares resultantes
da cristalização de substâncias num forma radial, é característica das rochas químicas; (4)
orgânica – textura caracterizada pela presença de restos vegetais ou animais.
Ao contrário das rochas ígneas, o estabelecimento de quadros de classificação para
as rochas sedimentares é bastante difícil, porém isto não dificulta a sua identificação uma
vez que as rochas sedimentares costumam apresentar características diagnósticas que
tornam bastante fácil a identificação dos diversos tipos.

4.7. ROCHAS SEDIMENTARES MAIS COMUNS:

Argilito e Folhelho – rochas sedimentares detríticas nas quais predomina a fração


argila, apresentando normalmente colorações escuras devido à presença de matérias
orgânica. A diferenciação entre os dois tipos pode ser feitas através de estruturas, enquanto
o argilito apresenta estrutura maciça (designação utilizada para a ausência de estrutura), o
folhelho apresenta estratificação. Sua mineralogia é rica em micas, clorita e argilominerias.
Siltito – rochas clástica que apresenta predominância da fração silte em sua
composição, os grãos podem ser observados apenas com a ajuda de uma lupa,
apresentado uma mineralogia rica em argilominerais e fragmentos diminutos de quartzo e
feldspato.
Arenito – rocha sedimentar detrítica na qual predomina a fração areia, comumente
apresenta estratificação ou gradação granulométrica, apresentando uma composição rica
em quartzo, micas, feldspato e pequenos fragmentos de rocha.
Conglomerado – rochas sedimentar clástica que apresenta alta percentagem de
grão de tamanho grosseiro (maior que grânulo) e uma mineralogia rica em fragmentos de
rochas.
Brecha – apresenta as mesmas características básicas do conglomerado, porém
difere-se deste por apresentar grãos angulosos (enquanto no conglomerado eles são
arredondados).
Calcário – rochas sedimentar química de textura cristalina e granulação fina, rica em
minerais CaCO3 e MgCO3 podendo conter quantidades apreciáveis de argila.
Evaporito – rochas sedimentar química de textura comumente esferoidal ou
cristalina, rica em minerais halóides, proveniente da cristalização de sais marinhos.
Sílex – rochas sedimentar química, de textura cristalina, proveniente da precipitação
de sílica coloidal.

4.8. IMPORTÂNCIA PARA A ENGENHARIA CIVIL:

Com relação à estabilidade dos terrenos as rochas sedimentares só representam


problema quando se trata de sedimentos com forte contribuição de matéria orgânica. Por
apresentar uma mineralogia quase toda composta por minerais estáveis e resistentes à
alteração, estas rochas podem representar problemas apenas quando se trata de
argilominerais expansíveis.
Com relação às estruturas sedimentares é preciso que se tenha cuidado
principalmente com aquelas de comportamento planar (como a estratificação) que podem
ser planos de menor resistência da rocha e, por isso mesmo, planos potenciais de ruptura.
Um aspecto interessante com relação as rochas sedimentares diz respeito as rochas
químicas carbonáticas que quando sujeitas à ação de águas aciduladas podem desenvolver
grutas e cavernas cujas instabilidade natural pode vir a comprometer obras situadas na
superfície. Dois exemplos interessantes destes fenômenos são as cidades de Cajamar (SP)
e Sete Lagoas (MG).
Outro aspecto interessante das rochas sedimentares para a engenharia civil diz
respeito a materiais de construção (agregados, cimento, cal e pedra para revestimento), dos
quais as rochas sedimentares são boa fonte.
CAPITULO 5: ROCHAS METAMÓRFICAS

5.1. INTRODUÇÃO

As rochas metamórficas podem ser definidas como “rochas geradas a partir das
variações das condições de pressão e temperatura de outros tipos rochosos, condições
estes diferentes daquelas nas quais as rochas foram geradas”.
A este conjunto de transformações sofridas pelas rochas dá-se o nome de
metamorfismo, englobando todo o conjunto de transformações sofridas pelas rochas sob
novas condições de P e T, sem que as mesmas sofram fusão.
Como se pode verificar, as rochas metamórficas podem se originar de qualquer outro
tipo de rocha seja ela ígnea, sedimentar ou mesmo metamórfica, desde que as mesmas
sejam submetidas a novas condições de temperatura e pressão.
As modificações de P e T que as rochas sofrem para que se tornem rochas
metamórficas são devidas a processos naturais. Normalmente estas variações estão
associadas a processos de atividade magmática ou processos de deformação das rochas.
Estas variáveis (pressão e temperatura) podem ter dois tipos de causa cada um
delas: a pressão pode ser proveniente de esforços de deformação das rochas ou da ação de
seu peso próprio; e a variação de temperatura pode ser provocada por intrusões ou pela
ação de fluidos quentes.

5.2. MODIFICAÇÕES SOFRIDAS PELAS ROCHAS:

O conjunto de transformações ocorridas nas rochas durante o processo de


metamorfismo visa das condições de estabilidade físico-químico sob as novas condições
reinantes.
Estas novas condições de equilíbrio podem ser obtidas através de dois processos
básicos: modificações nas texturas da rocha (arranjo interno dos cristais) e modificações em
sua mineralogia. Estes processos porém podem ocorrer os dois ao mesmo tempo e se dar
de diversas maneiras: Cristalização da Matéria Amorfa; Retirada de Água da Composição
dos Minerais; Coalescência de Pequenos Cristais; Reação entre Minerais para Formar um
Novo Mineral; Reorientação de Cristais das Rochas; Ação de transportes de Ions e
Elementos por Soluções.

5.3. TIPOS DE METAMORFISMO

Os tipos de modificações possíveis durante o processo de metamorfismo são


bastante variados, como já pudemos verificar. Esta diversidade de processos aliadas às
condições locais podem dar origem a categorias diferentes de metamorfismo. Os tipos
básicos de metamorfismo são:
Metamorfismo de Contato – ocorre apenas nas vizinhanças de pequenas
instruções, abrangendo, portanto, pequenas áreas. O comprovante principal é a temperatura
e as modificações sofridas são de caráter eminente mineralógico.
Metamorfismo Geotermal – também denominado “Burial” ou “de Confinamento”,
este tipo de metamorfismo decorre principalmente da ação do peso dos sedimentos sobre
as camadas inferiores, provocando principalmente alterações texturais. A inclusão deste
processo no campo do metamorfismo é bastante discutível.
Metamorfismo Cataclástico – decorrente da ação delatas pressões dirigidas (em
zonas de falha), este tipo de metamorfismo abrange pequenas áreas. Devido à pequena
participação da temperatura no processo, as rochas sofrem somente reorientação mineral.
Metamorfismo Regional ou Dinamotermal – caracterizado pela ação intensa de
pressão e temperatura, podendo levar até à fusão parcial das rochas. Abrange grandes
áreas.
Metamorfismo Hidrotermal – causado pela percolação de intrusões fluidas quentes,
este metamorfismo provoca principalmente modificações mineralógicas nas rochas.

5.4. TEXTURAS E ESTRUTURAS:

Comumente (nas rochas ígneas e sedimentos) as feições textura e estruturas são


bastante distintas e tem significados diferentes, porém nas rochas metamórficas elas se
confundem uma vez que a textura (arranjo mineral interno) se reflete nas estruturas (feições
de orientação mineral que são distinguíveis a olho nu).
Desta forma é comum que se encontre a alguma confusão na denominação destas
feições, ora denominadas texturas ora estruturas. Utilizaremos para denominar estas feições
o termo estrutura, englobando os seguintes tipos básicos:
Foliação – qualquer tipo de orientação mineral em planos ou superfícies de rochas
metamórficas.
Xistosidade – superfície gerada pela orientação de minerais planares
(principalmente as micas).
Clivagem – orientação de pequenas partículas minerais de formas planares ou
asciculares, de caráter eminentemente plano. Sua característica principal é a regularidade
de seu comportamento plano.

5.5. MINERALOGIA DAS ROCHAS METAMÓRFICAS:

As rochas metamórficas podem apresentar uma mineralogia bastante variada uma


vez que podem se formar a partir de todo tipo de rocha, porém seus minerais essenciais
formam um grupo bastante restrito assim como no caso das rochas magmáticas e
sedimentares. Existe, porém um grupo de minerais de ocorrência mais restrita que são
típicos de rochas metamórficas.
Desta forma os minerais presentes nas rochas metamórficas podem ser dividodos
em dois grandes grupos: Minerais Essenciais – feldspatos, piroxênios, anfibólios, quartzo,
carbonatos e micas; Minerais Típicos – granada, epidoto, turmalina, cianita, estautolita,
andaluzita, serpentina e talco.

5.6. CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS METAMÓRFICAS:

Normalmente as rochas metamórficas apresentam feições bastante diferenciadas


uma das outras, não constituindo grupos de rochas com mineralogias e estruturas típicas.
Desta forma uma classificação coerente destas rochas (principalmente no que diz
respeito ao interesse para a engenharia civil) é bastante difícil, existindo porém algumas
tentativas de classificação baseadas em diferentes critérios: (1) Classificação baseada na
Presença de Foliação; (2) Classificação Baseada na Presença de Xistosidade; (3)
Classificação baseada no Fácies Metamórficos; e (4) Classificação baseada no Tipo de
Metamorfismo.
Como nenhuma destas classificações acima descritas apresenta interesse para as
finalidades da engenharia civil, optou-se no presente texto por não recomendar o uso de
nenhuma delas.

5.7 ROCHAS METAMÓRFICAS MAIS COMUNS:

Gnaisse – resultante do matamorfismo de granitos e granodioritos, os gnaisses


apresentam como característica mais marcante um bandeamento com alternância de cores
claras e escuras (denominado foliação gnássica) e, em alguns casos, a presença de
granada.
Filitos – caracterização principalmente por uma xistosidade muito bem desenvolvida
e alta pasticidade, os filitos são derivados de matamorfismo de folhelhos e argilitos.
Xistos – formado a partir do metamorfismo de rochas ígneas básicas, os xistos
apresentam xistosidade muito bem desenvolvida, normalmente ondulada.
Mármores – rochas metamórficas derivada de calcários, os mármores raramente
exibem xistosidade e possuem uma composição rica em carbonatos.
Quartzo – derivado de arenito, o quartzo é muito rico em quartzo pode apresentar
boa xistosidade quando apresenta boa percentagem de mica.
Itabirito – rico em hematita, exibe alternância de leitos claros e escuros, quando
alterado apresenta crosta ferruginosa pronunciada.
Serpentinito – rico em piroxênios, anfibólios e olivina, o serpentinito costuma
apresentar cores verdes e xistosidade bem desenvolvida.
Talco – decorrente do metamorfismo de rochas ígneas básicas e ultrabásicas, o
talco apresenta cores escuras (esverdeadas principalmente), xistosidade muito desenvolvida
e presença freqüente do mineral talco.

5.8. IDENTIFICAÇÃO DAS ROCHAS METAMÓRFICAS:

Apesar de haverem tentativas de utilização de chaves de identificação para as


rochas metamórficas, estas normalmente dependem de uma caracterização mineralógica
precisa da rocha, a qual as vezes só é possível com o uso de microscópio.
Como cada tipo de rocha metamórfica apresenta feições típicas, o seu
reconhecimento é bem mais fácil que o das rochas ígneas e sedimentares. Uma tentativa de
sistematização desta identificação rápida da rocha em questão. Uma árvore-lógica
desenvolvida para tal finalidade é apresentada na página seguinte.
Árvore Lógica para Identificação de rochas Metamórficas:

S N
Apresenta Foliação?

S S
Bandeamento Apresenta
Claro/Escuro? Clividade?
Ardósia
 

Tem Hematita?
N N 

Rica em Talco ou Itabirito Gnaisse Ricas em
Serpentina? Carbonatos? S 


“Macia”? S 

Quartzito Mármore
Talco?
N Xistosidade é

Quartzito Ondulada? S
Talco Xistoso N 

Filito Xisto
Serpentinito

5.9. IMPORTÂNCIA PARA A ENGENHARIA CIVIL:

Como já foi possível observar nos capítulo “rochas ígneas” e “rochas sedimentares”,
o interesse para a engenharia civil se relaciona à sua mineralogia e descontinuidades
(texturas e estruturas). No caso das rochas metamórficas a situação não é diferente.
No que diz respeito à mineralogia das rochas metamórficas verifica-se que parte dos
minerais que participam de sua composição (típicos do metamorfismo) é estável apenas nas
suas condições de formação e quando submetidos a novas condições físico-químicas se
alteram facilmente. Assim, o estudo da mineralogia das rochas metamórficas pode ter dois
enfoques distintos: (1) mineralogia das rochas – que quando alteradas podem dar origem a
produtos altamente plásticos e de baixa resistência, muitas vezes orientados, o que torna o
problema maior ainda; (2) mineralogia dos Produtos Residuais – como os minerais
presentes nas rochas metamórficas são, na maioria das vezes, silicatos de Ca, Na e Mg,
sua alteração pode proporcionar a presença no solo de argilominerais expansíveis.
Com relação às estruturas, as rochas metamórficas podem apresentar dois tipos
básicos de problemas, como decorrência do fato de exibirem uma orientação dos minerais
em superfície: (1) estes planos são planos potenciais de instabilidade mesmo quando a
rocha não está alternada; (2) estas superfícies podem se tornar caminhos preferências de
percolação da água podendo gerar grande perda de resistência.
CAPITULO 6: INTEMPERISMO

6.1. INTRODUÇÃO

A afirmação “a crosta terrestre é constituída por rochas” faz parece que estas rochas
estejam sempre à superfície possibilitando assim os trabalhos de quem se interessem em
estudá-las. Quando olhamos ao nosso redor porém, verificamos que não é bem isso que
acontece. Na maioria das vezes o material ao qual se tem acesso para estudo é constituído
por solos e sedimentos, materiais inconsolidados decorrentes das modificações promovidas
nas rochas por processos naturais de desintegração e alteração. Tal fenômeno é, como
veremos, ainda mais intenso quando se trata de regiões intertrópicos como é o caso de
grande parte de nosso país.
O conjunto de processo responsável pelas transformações ocorridas nas rochas,
sejam elas transformações de caráter físico ou químico, recebe o nome de intemperismo
(nome este derivado de intempérie – processo natural devido à agentes atmosféricos),
sendo também conhecido como meteorização.

6.2. FATORES DO INTEMPERISMO

Como o próprio nome indica, o intemperismo tem suas principais causas


relacionadas a fatores climáticos, tais como a umidade, a variação de temperatura, o regime
dos ventos, a evaporação e a insolação.
A maioria dos agentes do intemperismo que vamos estudar depende, alguma forma,
das condições climáticas, tais como a umidade, a variação de temperatura, o regime dos
ventos a evaporação e a insolação.
Grosseria, os fatores do intemperismo podem ser divididos em, físicos, químicos e
biológicos, englobando-se aí processos climáticos, reações químicas atividades biológicas.
A ação diferenciada de cada fator do intemperismo promove modificações diferentes
nas rochas, mas de maneira geral o intemperismo foi dividido em duas categorias (físico e
químico) de acordo com tipo de ação promovida pelo fator específico e com o tipo de
alteração surgida na rocha.
Assim é que no conjunto de processos do intemperismo físico se incluem todos
aqueles responsáveis por processos de desintegração física das rochas, entre os processos
do intemperismo químico todos aqueles que promovam alterações na composição química
das rochas.

6.3. INTEMPERISMO FÍSICO

É responsável pela desagregação ou desintegração das rochas, sendo geralmente


anterior ao intemperismo químico e, de certa forma, preparando as rochas para as ação
posterior do intemperismo químico. Compreende todos os processos de fragmentação das
rochas possuindo uma atuação restrita em termos de profundidade, normalmente não
ultrapassando alguns metros. Os principais agentes do intemperismo físico são:
Variação da temperatura – as variações da temperatura durante as estações do
ano e principalmente entre o dia e a noite provocam fenômenos de expansão e contração de
volume das rochas. Como as rochas são compostas, na sua maioria, de minerais diferentes
(e que apresentam diferentes coeficiente de dilatação), e como um mesma espécie mineral
pode ter diferente coeficiente de dilatação de acordo com a direção considerada, estes
grãos minerais ao se expandir e contrair provocarão o aparecimento de tensões no interior
da rocha que tendem a fraturá-la. A ação continua deste fenômeno faz com que a rocha vá
se fragmentando com o decorrer do tempo.
Congelamento as Água – é sabido que a água ao se congelar expande seu volume
de até 9%. O congelamento da água presente nos poros da rocha cria desta forma pressões
que tendem a abrir estes poros. A freqüência de ciclos gelo-degelo promove, a longo prazo,
a fragmentação da rocha.
Cristalização de Sais – acontece principalmente em regiões de clima semi-árido
onde os sais presentes na rocha não são removidos pela água da chuva. Quando a
precipitação acontece existe em seguida um fenômeno intenso de ascenção da água por
capilaridade, trazendo consigo estes íons salinos que se cristalizam fendas das rochas.
Estas cristalizações criam pressões devidas ao crescimento dos cristais as quais provocam
a abertura das fendas, colaborando na fragmentação da rocha.
Agentes Físico-Biológicos – dentre os agentes biológicos que promovem o
intemperismo físico os mais comuns são os vegetais. O crescimento das raízes das plantas
faz com que estas penetrem nas fendas das rochas onde passam a exercer pressões que
abrem estas fendas. Outros agentes biológicos importantes são os animais que fazem
buracos e túneis.

6.4. INTEMPERISMO QUÍMICO:

Caracteriza-se pelas reações químicas entre a rocha e soluções aquosas variadas,


tornando-se um processo tão mais rápido quanto mais fragmentado estiver à rocha, uma
vez que a fragmentação aumenta a área de ataque das soluções sobre a rocha.
A velocidade e o resultado final destes processos dependem de diversos fatores
dentre os quais a rocha, o clima, a cobertura vegetal, a topografia e o tempo de duração dos
processos. O clima quente e úmido é sem dúvida o mais apropriado a estas reações pois a
maior presença de água implica em maior presença de agentes químicos em soluções e
maiores temperaturas podem acelerar as reações químicas.
Ao contrário do intemperismo físico, esta modalidade de intemperismo (químico)
pode atingir profundidade consideráveis, variando o seu máximo de acordo com o nível de
drenagem regional.
De maneira geral pode-se distinguir três estágios na evolução do intemperismo
químico: (1) início do ataque químico; (2) decomposição total dos minerais com preservação
de texturas e estruturas; (3) decomposição total, com a formação de novos minerais,
desaparecimento das texturas e estruturas da rocha, e formação do solo.
Os processos de decomposição podem ser caracterizados de acordo com a natureza
da reação química que predomina no processo:
Oxidação – decorrente normalmente da ação de bactérias, sendo os sulfetos e os
elementos Fe e Mn os mais suscetíveis à oxidação. Os sulfetos podem fornecer o ácido
sulfúrico que tem um papel importante na decomposição das rochas. Normalmente o
aparecimento de cores amarelas ou avermelhadas na rocha é o primeiro sinal de oxidação.
Quelação – decorre da ação dos quelatos (sais orgânicos completos) originados a
partir do húmus e que tem o poder de fixar e remover certos inos metálicos com Fe e Al. O
processo é muito comum em regiões onde as taxas de precipitação não são muito altas e
existe acúmulo de matéria orgânica no solo.
Hidratação e Hidrólise – em geral estas reações acontecem em seqüência ou
associadas. Na hidratação as moléculas de água são incorporadas aos minerais passando a
fazer parte de sua estrutura cristalina. Através da hidrólise o mineral é dissolvido pela água.
Normalmente elementos K, Ca, Na e Mg migram em solução e outros como Si e Al formam
combinações estáveis dando origem aos argilominerais que são silicatos hidratados de
alumínio.
Decomposição pelo Ácido Carbônico – é uma modalidade específica de hidrolise.
O ácido carbônico é formado pela reação da água da chuva com o CO2 da atmosfera,
Apesar de se tratar de um ácido fraco, o H2CO3 encontra-se em estado dissociado na água
que infiltra no solo e é um dos principais agentes do intemperismo. Ele reage com os
minerais da rocha formando sais solúveis que migram e argilominerais que ficam com
produtos residuais. Além do ácido carbônico é importante também a ação dos ácidos
húmico e sulfúricos e de ácidos orgânicos provenientes do metabolismo de
microorganismos.
Dissolução – efetuada pelos ácidos anteriormente citados, apresenta como
modalidade mais comum a solubilização de carbonatos dando origem a bicarbonatos que
migram em solução e produtos insolúveis que ficam como resíduos. Se a ação da circulação
da água é intensa e a região apresenta rochas ricas em circulação da água é intensa e a
região apresenta rochas ricas em carbonatos, pode haver a formação de grutas calcárias.
Decomposição Químico-Biológica – corresponde a decomposição das rochas
através da atividade orgânica, principalmente de bactérias. A seqüência de ocupação de
atividades dos organismos vivos em um local ainda não ocupado é: bactérias e fungos,
liquens, algas e musgos, e finalmente vegetais superiores. Todos estes organismos
segregam CO2, nitratos e ácidos orgânicos como produtos de seu metabolismo, sendo estes
produtos incorporados às soluções que atravessam os solos chegando até as rochas onde
favorecem a decomposição dos minerais.

6.5. PRODUTOS RESIDUAIS DO INTEMPERISMO:

A ação dos processos de intemperismo físico e químico produz alterações de caráter


granulométrico (diminuição do tamanho das partículas) e de caráter composicional
(destruição de espécies minerais e aparecimento de outras) que modificam as rochas a tal
ponto que estas não podem mais ser descritas como tal.
Quando estes produtos residuais do intemperismo permanecem no local onde os
processos se deram eles são denominados solos, quando os materiais são resíduos e
transportados para outro local eles são designados sedimentos.
As condições climáticas controlam grande parte dos processos de modificação das
rochas e, como decorrência, controlam também as características destes produtos residuais,
afirmação que pode ser reforçada pelo fato de rochas bastante diferentes darem origem a
solos muito parecidos quando sob as mesmas condições climáticas.
Mineralogicamente os produtos residuais do intemperismo podem ser descritos como
silicatos e óxidos de Al e Fe, podendo também aparecer hidrossilicatos de Fe e Al e outros
elementos como Mg, Mn e Cr. Os metais alcalinos normalmente são lixiviados (retirados
pela chuva) podendo ser transportados para camadas mais profundas ou para outros locais.
Esta caracterização mineralógica depende do estágio de decomposição em que se
encontre a rocha: no primeiro estágio não acontecem modificações mineralógicas profundas
(as reações mais comuns são de hidratação) apenas alterações pouco significativa na
estrutura dos minerais; no segundo estágio as modificações de ordem mineralógica são
intensas e apenas os minerais mais resistentes à alteração são preservados enquanto as
estruturas e texturas permanecem intactas; no terceiro e último estágio a rocha foi
totalmente modificada e o produto residual que se observa já pode receber a denominação
“solo”.
Esta evolução da alteração da rocha até o estágio final (formação do solo) pde ser
visualizada esquematicamente através do “perfil do solo”, no qual são apresentadas todas
as camadas existentes num perfil de alteração de rocha.
Os três estágios de evolução da alteração da rocha podem ser cada um deles:
Estágio 1 – a mineralogia da rocha encontra-se inalterada; Estágio 2 – a mineralogia evolui
dando origem às novas espécies minerais estáveis sob as novas condições (como os
silicatos hidratados e óxidos de elementos metálicos), os minerais resistentes à alteração
como quartzo continuam inalterados; Estágio 3 – tanto a mineralogia como textura da rocha
estão totalmente alteradas (com exceção dos minerais resistentes), os íons mais móveis
(como K, Na, Ca, Mg) diminuem sensivelmente sua participação na composição dos
minerais e a mineralogia apresenta grande percentagem de hidrossilicatos e óxidos e Fe e
Al, as condições de estabilidade química estão estabelecidas até que outro fenômeno venha
a rompê-la.
Dentro destas características mineralógicas um tipo de mineral tem grande
importância serão presentes; no segundo estágio constituem formas instáveis que
representam grande risco para obras de engenharia; no terceiro estágio normalmente já
evoluíram para formas mais estáveis.

6.6. ARGILOMINERAIS:

Denominadas errôneamente “minerais de argila” ou “minerais argílicos” esta classe


mineral compreende os principais componentes das frações finas do solo. As dificuldades
de obervação direta destes minerais (devido ao seu tamanho diminuto) fizeram que durante
muito tempo eles fossem considerados substâncias amorfas (sem estrutura cristalina).
Apenas com o uso de técnicas relativamente recentes como o Raio X, a Análise
Térmica Diferencial e a Microscopia Eletrônica de Transmissão tornou-se possível a
caracterização destas substâncias como crsitalinas, adotando-se então a denominação
“minerais de argila” para estes compostos.
Estudos posteriores, porém mostram que entre estas partículas encontram-se
também diminutos fragmentos de rochas o que fez com que a Comissão Internacional para
o Estudo das Argilas recomendasse, em 1959, que se adotasse a denominação
argilominerais para estes compostos de granulometria inclusa na fragmentação argila.
As dificuldades de identificação das diversas espécies de argilominerais com base
nas técnicas tradicionais (observação a olho nú ou microscopia ótica – usadas normalmente
para os outros minerais) fizeram com que se utilizasse os estudos de raios X para sua
identificação. Desta forma os argilominerais foram divididos em grupos de acordo com a
medida da reflexão na camada basal dos minerais (que é reflexo direto de sua estrutura).
A estrutura dos argilominerais pode ser descrita como a alternância de dois tipos de
estruturais básicos: tetraedros de sílica (SiO2) e octaedros de hidróxidos (normalmente Al
(OH)3 ou Mg(OH)2. As diferentes formas de combinação dos planos destas duas estruturas
básicas condicionam o comprimento de onda da luz refletida na camada basal e,
conseqüentemente, a sua classificação. Desta forma tem-se os seguintes grupos de
argilominerais:
Grupo da caulinita – argilominerais constituídos pela alternância de um plano de
tetraedros e um de octaedros (estrutura denomonada 1:1), comprimento de onda da luz
refletida na camada basal de 7,2 Å, inclui os argilominerais caulita, haliosita e crisotila.
Grupo da Montimorilonita – alternância de dois planos de tetraedros e um de
octaedros, a estrutura de 2:1, reflexão na camada basal de 11,4 Å, inclui a ilita e a
montmorilonita. Estes minerais costumam apresentar uma camada intermadiárias entre as
células básicas, na ilita ela apresentar o íon K e na montmorilonita apresente íons mais H2O
Grupo da Clorita – estrutura denominada 2:1:1 (ou 2:1 com camada de hidróxidos)
composta por dois planos de tetraedros, um de octaedros e uma camada de hidróxidos)
composta por dois planos de tetraedros, um de octaedros e uma camada de hidróxidos,
comprimento de onda da reflexão basal de 14,7 Å, incluindo os minerais clorita, vermiculita e
paligorsquita.

6.7. IMPORTÂNCIA PARA A ENGENHARIA CIVIL:

Com relação à mineralogia das frações de granulometria mais grosseira do solo


pode-se dizer que sua maior importância está no fato de constituírem importantes matérias
de construção. Já as frações mais finas (a fração argila principalmente), devido á presença
de argilominerais necessitam de uma atenção especial. Estes compostos (argilominerais)
apresentam propridades de expansão quando em contato com a água que são muito
importantes para a engenharia civil. Todos os argilominerais apresentam este fenômeno
porém o ele é mais intenso nos grupos 2:1 e 2:1:1 podendo conferir alta plasticidade aos
solos, diminuindo desta forma sua resistência.
CAPITULO 7: TECTÔNICA E ELEMENTOS ESTRUTURAIS DAS ROCHAS

7.1. INTRODUÇÃO:

O interesse da tectônica, mais propriamente geotectônica, abrange o estudo dos


movimentos sofridos no presente e no passado pela crosta terreste. Com relação a estes
movimentos crustais, as maiores evidências de sua existência são fenômenos que ocorrem
em larga escala como terremotos em geração de cadeias de montanhas.
Estes movimentos podem apresentar velocidades variadas, podendo ser bastante
lentos (da ordem de 1m para cada 25.000 anos) como nos Alpes, ou muito rápidos como no
caso de erupções vulcânicas (450 em três dias no caso do vulcão Parácuntin no México).
Os movimentos tectônicos podem ser de dois tipos: Orogênicos (movimentos
geradores de cadeias de montanhas, criados a partir de esforços que se dirigem do mar
para o continente, comprimido os materiais que bordejam os continentes fazendo com que
estes materiais se acumulem por deformação e soerguimento) e Epirogênicos (movimentos
de componentes verticais ascendentes e descendentes, cujos esforços são gerados no
interior do planeta).

7.2. RELAÇÃO TECTÔNICA X DEFORMAÇÃO:

Todo movimentos tectônicos está associado à componentes de deformação, ou seja,


as forças geradas quando de um movimento tectônico provocam deformações nas rochas
presentes na área afetada. Estas deformações podem se dar em áreas restritas ou em
escalas de dimensões continentais.
Com relação às rochas pode-se estabelecer, como para qualquer outro material,
intervalos de comportamentos frente aos esforços aos quais a rocha é submetidas: (1)
Regime Elástico – regime de deformação no qual quando cessa a causa que promoveu a
deformação o corpo volta às condições anteriores; (2) Regime Plástico – a rocha se dapta
às novas condições de tensão deformando-se através da alteração de sua forma e estrutura
interna, não retornando à condição anterior quando cessa o esforço; (3) Regime Rúptil – o
material não suporta mais absorver tentão e dissipá-la na forma de deformação plástica e se
rompe.

7.3. DISSIPAÇÃO DE ESFORÇOS x ESTRUTURAS:

Como já se pôde perceber, os esforços gerados quando de movimentos tectônicos


são dissipados através da deformação das rochas, o que se dá através de alterações de
forma e estrutura, alterações estas promovidas por reajustes químicos e por micro-fraturas.
Estas deformações podem se dar de maneira diferente de acordo com o regime
(elástico, plástico ou rúptil) ao quais as rochas foram submetidas. Com base nisto criou-se,
para as rochas, o denominado “Critério de Competência” que classifica as rochas de acordo
com suas respostas frente aos esforços em : Competentes – rochas capazes de dissipar
esforços através de deformações em regime plástico; e Incompetentes – rochas que
apresentam dificuldade em absorver esforços em regime plástico, se deformando em regime
rúptil.
É importante ressaltar que este conceito está intimamente relacionado com a
mineralogia e a textura da rocha.
Quando dissipam esforços através da deformação as rochas o fazem, como já
vimos, por meio de alterações de seu arranjo mineral. Estas alterações se refletem
posteriormente nas rochas através de estruturas que nada mais são que a conseqüência
desses novos arranjos internos. De acordo com o regime de deformação ao qual foi sujeitas,
a rocha vai apresenta estruturas de características bastante diferentes, daí o fato de neste
capítulo se dividir as estruturas das rochas em estruturas de origem plástica e estruturas de
origem rúptil.

7.4. ESTRUTURAS DE ORIGEM PLÁSTICA:

Neste grupo são incluídas as estruturas que evidenciem deformações nas rochas
através de variação de volume (característica de deformações em regime plástico). Estas
estruturas podem ser divididas em dois grupos:
Deformações Flexurais – normalmente são decorrentes de soerguimentos em
áreas de deposição sedimentar gerando estruturas onduladas com inclinações suaves que
mostram flexuras em suas bordas (flexuras estas que costumam ser denominadas
antiformes e as depressões sinformes.
Dobramentos – ocorrem quando as rochas são submetidas a esforços superiores ao
intervalo de regime elástico, fazendo com que as camadas de rocha se dobrem formando
saliências e depressões. As saliências são denominadas antiformas e as depressões
sinformes.
As dobras podem ter as formas mais variadas, portanto sua classificação depende
do estabelecimento de critérios adotados para esta descrição estão baseados na geometria
das dobras são denominados “elementos geométricos da bobra”: Linha de Charneira – linha
que une os pontos de curvatura máxima da dobra; Superfície Axial – superfície que contém
as linhas de charneira de todas as camadas sucessivas; Eixo da Dobra – linha de charneira
de cada camada; Crista da Dobra – linha que liga os pontos mais altos de uma mesma
camada, só coincide com o eixo em dobras simétricas e cilíndricas; flancos da dobra – lados
da dobra que se unem em seu eixo.
Com base nestes elementos geométricos é possível caracterizar os inúmeros tipos
de dobras encontradas nas rochas, porém aqui serão apresentados apenas os tipos mais
comuns.
Este critério de classificação que se baseia nos elementos geométricos das dobras
permite que se tenha três tipos clássicos de classificação:
Baseada na Inclinação dos Flancos – classifica as dobras em anticlinais
(apresenta a crista voltada para cima, com os flancos se inclinando em sentidos opostos –
divergindo a partir da crista, apresentando as camadas mais antigas no núcleo); e sinclinais
(a crista é voltada para baixo, os flancos se inclinam uma para o outro convergindo para a
crista, apresentando as rochas mais novas em seu núcleo).
Baseada na Superfície Axial – com base neste critério as dobras podem ser dividas
em simétricas (os flancos formam o mesmo ângulo com a superfície axial), assimétricas (os
flancos formam ângulos com a superfície axial), e deitados (o plano axial tende à
horizontalidade).
Baseada no Estilo da Dobra – classifica as dobras em isoclinal (ambos os flancos
foram ângulo na mesma direção), recumbente (isoclinal na qual a superfície axial é
horizontal), em leque (os flancos se inclinam na mesma direção no anticlinal e em direções
opostas no sinclinal), e monoclinal (flancos muito longos, dobramentos abruptos com cristas
restrita com forte inclinação).

7.5. ESTRUTURAS DE ORIGEM RÚPTIL:

Esta classe compreende as estruturas formadas quando o regime plástico de


deformação é ultrapassado e as rochas se deformam por ruptura. Estas estruturas podem
ser de dois tipos:
Fraturas – planos que separam um corpo de rocha em duas partes e ao longo do
qual não houve deslocamento. Podem receber o nome de juntas (quando são formadas por
resfriamento – rochas ígneas, ou ressecamento – rochas sedimentares); ou diáclases
(quando são geradas por esforços, podendo ser tanto esforços de compressão como de
tração).
Falhas – estruturas rúpteis ao longo das quais houve deslocamento, fato este que as
diferencia das fraturas. Assim como as dobras, podem ter tamanhos variados (desde mm
até centenas de km).
Da mesma forma que para as dobras, os critérios utilizados para descrição das
falhas estão baseados em elementos geométricos característicos: Plano de Falha –
superfície ao longo da qual se deu a ruptura e o deslocamento; Linha de Falha – Interseção
do plano de falha com a superfície do terreno; Rejeito – deslocamento relativo entre pontos
da rocha que se encontrava em contato antes do movimento, medido no plano de falha;
Capa ou Teto – bloco acima do plano de falha; Lapa ou Muro – bloco abaixo do plano de
falha.
Com relação ao comportamento dos blocos (teto e muro) em relação ao plano de
falha pode-se diferenciar os seguintes tipos de falha:
Normal – falha na qual a capa ou teto se moveu aparentemente para baixo com
relação ao muro ou lapa.
Inversa ou De Empurrão – falha onde a capa ou teto se movimentou
aparentemente para cima com relação ao muro ou lapa.

7.6. IMPORTÂNCIA PARA A ENGENHARIA CIVIL:

O conhecimento da ocorrência destas estruturas citadas é de grande importância


para a engenharia já que as mesmas normalmente se constituem em superfícies potenciais
de instabilidade com relação a diversos aspectos: zonas de baixa resistência para
fundações, zonas de instabilidade potencial de taludes, zonas de enriquecimento em
minerais expansíveis, zonas de possível instabilidade de paredes de túneis, zonas de
endurecimentos excessivos devido à recristalização podendo tornar-se um sério obstáculo à
equipamentos de escavação.
CAPITULO 9: ROCHAS E DERIVADOS COMO MATERIAIS DE CONTRUÇÃO

9.1 INTRODUÇÃO:

A utilização das rochas nas sociedades humanas tem uma idade bastante antiga no
que se diz respeito ao seu uso para criar ferramentas e utensílios para o desempenho das
tarefas diárias tais como a extração de produtos animais ou vegetais. Isso pode ser
evidenciado pela existência de utensílios de pedra datados e 1,5 milhões de anos.
Com relação, porém à utilização das rochas como materiais de construção esta
história á bem mais recente, pois a necessidade de construção de moradias só surgiu na
história da humanidade a partir do momento que as sociedades fizeram a opção pela vida
agrícola (cerca de 8.000 anos a.C.) o que favoreceu a fixação destas sociedades em áreas
restritas.
A partir deste momento as sociedades antigas passaram a utilizar, para construção
de seus edifícios, os materiais de construção naturais que pudessem ser encontrados à
menor distância possível.
Esta regra de facilidade de obtenção de matérias primas e de simplicidade
construtiva não era, no entanto válida para as edificações de caráter religioso (templos e
túmulos) as quais apresentavam grande suntuosidade tornando-se, por isso mesmo, obras
de grande beleza e que demandaram conhecimentos bastante avançados de técnicas
construtivas.
Exemplos clássicos deste tipo de construções são as obras dos Assírios (que
dominavam a técnica de fabricação de cerâmicas, inclusive vitrificadas), dos Egípcios (com
suas pirâmides construídas de rochas e sua arte de escultura em granito), dos Gregos
(criadores dos pórticos e que desenvolveram enormemente a técnica de estruturas em
mármore), dos Romanos (que criaram a combinação de arcos para gerar abóbodas, dando
grande avanço às técnicas construtivas através da assimilação e melhoria de técnicas
construtivas de povos conquistados); e dos Hindus (que produziram grandes templos
escavados diretamente na rocha).

9.2. FORMAS DE UTILIZAÇÃO DOS MATERAIS DE CONSTRUÇÃO:

De acordo com a matéria prima disponível e as necessidades construtivas de cada


civilização (desde as mais antigas até as atuais) a humanidade tem desenvolvido formas
diversas de utilização dos diversos materiais de construção. Estas formas de utilização
podem ser divididas em quatro grandes grupos de acordo com o formato e o grau de
processamento ao quais os materiais tenham sido submetidos em:
Agregados – brita, areia e cascalho.
Blocos – enrocamento, muro de arrimo e paralelepípedo.
Placas – guias, lajes para calçamento e placas polidas.
Matéria prima – cerâmica, cal e cimento.
Com relação às rochas, as formas clássicas de extração são blocos, placas e brita;
os sedimentos e solos são utilizados na forma de materiais de empréstimo (areia, cascalho,
argila e solo).
9.3 AS ROCHAS COMO MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO:

As rochas apresentam diversas formas de utilização, porém as mais comuns como


materiais de construção são na formas de agregados e placas para revestimento. A forma
de utilização depende da rocha considerada, sendo função de suas características e
propriedades.

9.3.1 ROCHAS MAIS UTILIZADAS:

Mármores – podem apresentar grande variedade de cores e padrões, tendo como


formas clássicas de utilização o uso em revestimento de piso de paredes e o uso em
esculturas.
Quartzito – utilizado geralmente na forma de placas para calçamento, pois é anti-
derrapente e apresenta grande rendimento e fácil substituição, alem de ser bom isolante
térmico.
Gnaisses – quando apresenta pouca mica podem ser usados em revestimento, em
locais onde existe escassez de outro tipo de rocha com boa resistência à compressão,
costuma a ser utilizado como agregado e como lastro de rodovia.
Ardósia – o fato de apresentarem superfícies muito lisas e bastante leveza (além da
beleza natural) faz com que as ardósias apresentarem diversas formas de utilização tais
como pisos, sanitários, losas, mesas de bilhar e telhas.
Calcários – apresentam bom polimento e brilho natural intenso, além de serem
geralmente macios o que o torna bons materiais para revestimento e para esculturas.
Arenitos – quando apresentam certa dureza podem ser utilizadas para revestimento
e como “petit-pavé”.
Granitos – muitos bom para quase topo tipo de utilização, porém seu alto preço faz
com que seja utilizado principalmente como pedra para revestimento. Apresentam grande
variedade de cores e englobam, em sua caracterização comercial, outro tipo de rochas
utilizadas em revestimento tal como os gabros, dioritos, riolitos, sienitos, andesitos e outros.
Todos conhecidos sob denominação comercial de “granitos”.
Basalto – excelente para utilização na forma de agregado ou “petit-pavé”, sua
caracterização comercial costuma incluir os diabásios.

9.3.2. CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES:

Mineralogia – deve-se da atenção principalmente à certos minerais acessórios que


possam, devido a sua alteração, apresentar problemas estéticos (devido à oxidação) ou
perda de resistência.
Estruturas – rochas que apresentam orientações minerais (em planos ou linhas)
podem apresentar variações significativas em sua resistência segundo a direção
considerada, podendo também condicionar a sua extração (proporcionando placas de
menor espessura, por exemplo) e o seu beneficiamento (alta percentagem de fragmentos
placóides na britagem). A maior homogeneidade da rocha significa menor perda no
desdobramento (transformação dos blocos em placas) e, portanto maior rendimento.
Texturas – com relação à textura devem ser consideradas duas características
básicas: homogeneidade (quando mais homogênea é a textura maior a resistência das
rochas à esforços mecânicos e à alteração) e distribuição de tamanho (quanto mais
equigranular for a rocha mais fácil o seu afeiçoamento – aproximação de uma forma
desejada).

9.3.3. PROPRIEDADES DE CARACTERIZAÇÃO

Com relação às propriedades utilizadas na caracterização da qualidade das rochas


usadas como materiais de construção civil e consequentemente a caracterização da melhor
finalidade de utilização e valor da “pedra”, podem ser descritas inúmeras variáveis usadas
na caracterização.
Por se tratar de um número bastante grande de propriedades consideradas, serão
citadas aqui apenas as mais comuns. Para fins didáticos estas propriedades serão divididas
em “naturais” e “de resistência”.

a. Propriedades Naturais

Porosidade – relação entre o volume de vazios existente na rocha e seu volume


total. Condiciona fatores importantes relacionados à resistência mecânica e resistência a
alteração.
Massa Específica – fornece uma idéia da tensão aplicada pela rocha quando
apoiada sobre uma superfície, podendo ser caracterizada de duas formas: massa especifica
da rocha (relação entre a massa da rocha e seu volume) e massa específica dos sólidos da
rocha (relação entre a massa e o volume de sólidos da rocha).
Grau de densidade ou compacidade – relação entre o volume de sólidos e o
volume total da rocha, caracteriza qualitativamente a resistência da rocha à compressão e
sua porosidade (para rochas de mesma composição mineralógica, quanto maior a
compacidade menor a porosidade e maior a resistência à compressão).
Higroscopicidade – capacidade de absorção de água por capillaridade que a roca
apresenta. A água proveniente da fundação, das paredes ou da argamassa pode provocar a
cristalização de sais ou a alteração de certos minerais das rochas, provocando problemas
de fragmentação ou de oxidação da rocha.
Condutividade Térmica – caracteriza as rochas de acordo com a sua utilização,
principalmente com a relação a pavimentos e revestimentos.
Aderência – aptidão da rocha para se ligar com a argamassa, está intimamente à
porosidade, à existência das fraturas ou vesículas, e à rugosidade natural dos minerais
constituintes da rocha. É uma característica importante na classificação de rochas
destinadas à produção de agregados.
Adesividade – aptidão do fragmento de rocha de se legar ao betume, importante
com relação à utilização da rocha como matéria prima em pavimentos asfálticos. Está
relacionada na composição química da rocha, geralmente a adesividade aumenta com a
diminuição da percentagem de quartzo presente na rocha.

b. Propriedades Mecânicas ou de Resistência

Resistência à compressão – importante na caracterização de rochas utilizadas


como agregados; quando estas são utilizadas como revestimento as solicitações são muito
mais intensas no ligante.
Resistência à tração – utilizada normalmente apenas como critério de
caracterização da rocha.
Resistência à Flexão – seu conhecimento é muito importante no transporte de
placas utilizadas em revestimentos.
Resistência ao cisalhamento – se conhecimento geralmente é pouco importante,
ao não ser quando se trata de rochas com forte orientação mineralógica que sejam
utilizadas no calçamento e ruas (devido a possível fenômeno de desplacamento).

9.4 SEDIMENTOS E SOLOS COMO MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO:

Com relação ao uso de produtos derivados das rochas como materiais de construção
deve-se incluir não só os solos mas também os sedimentos. Na maioria das vezes este
materiais apresentam utilização direta ou semi-direta como materiais de construção e sua
caracterização diz respeito basicamente à presença de materiais que possam considerados
“indesejáveis”, seja por características mineralógicas ou granulométricas.
Este tipo de utilização dos materiais como “produtos não processados” podem levar
à divisão dos mesmos em dois grandes grupos: o daqueles utilizados como agregados
(cascalho e areia) e aqueles utilizados como matérias primas (argilas para cerâmicas, por
exemplo). Este segundo grupo (matérias primas) é assunto de outras disciplinas como
“Materiais de Construção”.
O grupo dos materiais usados como agregados apresenta como característica mais
importante a sua granulometria, que devem ser mais homogênea possível (para evitar
aumento com os custos de beneficiamento) uma vez que se trata de materiais de preços de
mercado relativamente baixos e de ocorrência bastante comum.
Um fator importante com relação a estes materiais é a alta taxa de impacto ambiental
que sua extração costuma acarretar.
Com relação à utilização do solo como material de construção (compactado nas
maioria dos casos) trata-se de assunto do âmbito de outras disciplinas como “Mecânica dos
Solos” e “Maciços e Obras de Terra”.

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