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Geologia para Engenheiros I Notas de Aul
Geologia para Engenheiros I Notas de Aul
NOTAS DE AULA
1.1. INTRODUÇÃO:
O simples falo de que toda obra de engenharia civil está sempre, no todo ou em
parte, em contato com rochas ou solos é argumento mais que suficiente para mostrar a
importância do facilitar a sua atuação profissional. O conhecimento das condições
geológicas de uma área na qual se pretenda implantar uma obra de engenharia possibilita
redução de custos e prazos de entrega, facilita o acesso a materiais de construção, favorece
a utilização de menores coeficientes de segurança e cria a possibilidade de prevenção e
correção de quaisquer problemas de estabilidade que possam vir a ocorrer.
Dentre as condições geológicas específicas de interesse para engenheiro civil pode-
se citar: composição e propriedade dos solos; composição e descontinuidades das rochas;
condições de águas subterrâneas; condições de relevo; materiais de construção presentes e
suas propriedades; características de estabilidade dos terrenos; e condições de desmonte e
escavação dos terrenos.
Quando se discute a importância destes conhecimentos para o engenheiro civil, os
comentários comuns à maioria dos engenheiros que não tiveram este tipo de informação
são: “um engenheiro não precisa saber isto”, ou “para isso se contrata um geólogo”, ou
ainda “basta que se adotem coeficientes de segurança maiores”; porém isto nem sempre é
verdade. “Nem sempre se pode contratar um geólogo”, ou ainda “basta que se adote
coeficiente de segurança maior”; porém isso nem sempre é verdade. Nem sempre se pode
contratar um geólogo ou uma empresa de consultoria, e a adoção de coeficientes de
segurança mais altos implica em obras mais caras, às vezes mais demoradas e,
conseqüentemente, menos competitivas.
Não se pretende aqui que futuros engenheiros civis saibam de tudo de geologia,
mas sim que eles possuam conhecimentos básicos que lhe permitam fazer uma obra segura
sem que para isso precise correr atrás de um geólogo para que lhe responda questões que
o próprio engenheiro poderia ter resolvido com um mínimo de conhecimento da geologia.
Desde muitos séculos, os estudiosos dos fenômenos naturais perceberam que parte
dos eventos que aconteciam na superfície da terra, como vulcões e terremotos, tinham sua
origem no interior do planeta. Um dos primeiros estudos a afirmar algo acerca disso se deve
a KIRCHER (1664) que afirmava que todos os vulcões existentes no planeta tinham sua
origem num “fogo central” que ele julgava situar-se no centro da terra.
Esse tipo de afirmação teve apoio de outros estudiosos, baseado em certas
evidências descobertas posteriormente:
1. estudo realizados com meteoritos mostravam que alguns tipos possuíam
composição química próxima à composição das rochas provenientes do
resfriamento das lavas de vulcões. Como se supõe que estes meteoritos
sejam partes da explosão de corpos celestes de constituição parecida a
da terra, parece provável que nosso planeta apresente, em seu interior,
porções com composição química parecida com a dos meteoritos.
2. observou-se a densidade média obtida para a superfície terrestre (2,73
g/m³) eram incompatível com a densidade calculada para o planeta como
um todo (5,53 g/m³) fazendo com que os cientistas imaginassem que as
camadas mais internas do planeta fossem constituídas de materiais com
maiores densidades (para que o valor global tivesse sentido). Esta
densidade deveria se situar entre 9 e 14 g/cm³ (valores próximos
daqueles encontrados para os meteoritos), o que enriqueceu a crença que
as camadas mais internas do planeta tivessem uma composição próxima
dos meteoritos.
Até a metade do século XX porém não se tinha qualquer outra evidência mais
segura com relação à estrutura e composição interna do planeta. Isto só foi possível com o
surgimento da geofísica e os estudos de sísmicas induzida.
Os estudos da sísmica tiveram seu início quando os pesquisadores perceberam que
as ondas sísmicas apresentaram diferentes valores de velocidade de propagação para cada
material atravessado. Desta forma, os diferentes materiais poderiam ser reconhecidos a
partir da velocidade de propagação destas ondas em seu interior.
Neste método simula-se o efetivo de um tremor gerando-se ondas sísmicas através
de explosões ou de fortes impactos, registrando-se a sua velocidade de proporção no meio
em questão. As ondas sísmicas podem ser de três tipos, cada uma com suas características
próprias de proporção: Ondas L (longas ou diretas) – se programam paralelamente à
superfície e são responsáveis pelos grandes estragos provocados nos terremotos; Ondas P
(primárias) – são ondas que apresentam maior velocidade quanto maior a densidade do
meio. E Ondas S (secundárias) – refratadas, que possuem maiores velocidades quanto mais
densas o meio porém não se propagam em meios líquidos.
A aplicação destes estudos ao interior do planeta mostrou variações interessantes no
comportamento das ondas P e S que mostraram a existência de três descontinuidades
importantes no interior da terra mostrando que sua estrutura interna é formada por camadas
concêntricas, cada uma delas com características próprias.
• Sial – composição rica em Si e AL, espessura média de 30 km e
densidade da ordem de 2,7g/cm³.
Com relação às “descontinuidades” que foram observadas nas ondas sísmicas e que
marcam os limites entre estas camadas tem-se: Descontinuidade de Conrad – marcam o
limite entre o Sial e o Sima; Descontinuidade de Mohorovicic - limite entre a crosta ou
litosfera (conjunto Sial + Sima) e o Manto; Descontinuidade de Dham – limite entre o Manto
e o Núcleo.
Dentre as camadas citadas, a de maior interesse para a geologia no enfoque da
engenharia civil é a Crosta ou Litosfera (conjunto Sial + Sima), que é a única camada à qual
se tem acesso direto para observação e onde se processam os eventos geológicos de
interesse para a engenharia.
É nesta camada que se processa toda a atividade humana e, como decorrência
disto, as obras de engenharia, portanto nosso estudo vai limitar à litosfera.
1.5. COMPOSIÇÃO DA LITOSFERA
Uma vez que a litosfera é a camada que desperta atenção especial de estudo, é
importante antes de mais nada que se conheça a sua posição, pois ela influenciará na
composição das rochas e dos solos e, conseqüentemente, em suas propriedades. Como o
próprio nome indica (lithos – grego, pedra + spheros – camada) esta camada é composta
essencialmente por rochas, e secundariamente por produtos derivados das rochas, como
solos e sedimentos.
Desta forma é natural que uma das primeiras tentativas de descrição de sua
composição seja em terrenos do volume ocupado pelos diversos tipos de rochas:
Sedimentos ................................ 6,2%
Granodioritos ............................. 38,3%
Andesitos .................................... 0.1%
Dioritos ....................................... 9,5%
Bassaltos ..................................... 45,8%
Sedimentares 5% 75%
Magnéticas 95% 25%
Outro tipo possível de descrição da composição da litosfera pode ser feita com base
na sua composição em termos de elementos químicos. Neste caso com mais freqüentes
são:
O ...................................................... 46,6%
Si ...................................................... 27,7%
Al ...................................................... 8,1%
Fe ..................................................... 5,0%
Ca ..................................................... 3,6%
Na .................................................... 2,8%
K ....................................................... 2,6%
Mg .................................................... 2,1%
Demais ............................................. 1,5%
Como se pode observar, a porcentagem dos elementos químicos acima é tão alta
que dos demais só aparecem em proporções diminutas, as quais muitas vezes só podem
ser representadas em PPM (parte por milhão, o que equivaleria a g/ton), dentre estes os
mais comuns são:
Ti ........................ 4.400 ppm C ........................ 320 ppm
H ........................ 1.400 ppm Cl ........................ 314 ppm
P ........................ 1.180 ppm Rb ....................... 310 ppm
Mn ..................... 1.000 ppm F ........................ 300 ppm
S ......................... 520 ppm
Esta freqüência em termos de óxidos se reflete fortemente nos tipos minerais mais
freqüentes na crosta (uma vez que os minerais nada mais são que combinações destes
óxidos), fazendo com que a maior parte dos minerais nada mais é que combinações destes
óxidos), fazendo com que a maior parte dos minerais presentes na litosfera sejam silicatos.
Apesar de haver mais de 1.500 espécies minerais conhecidas pode-se dizer que
cerca de 40 delas representam mais de 90% dos minerais encontrados no planeta. Baseado
nisto pode-se fazer uma descrição da crosta terrestre em termos mineralógicos, tendo-se o
seguinte resultado.
Mineral Comp. Química %
Quartzo Si O2
12
K, Fe Al2O3 Si O2 H2O
Micas Mg, Al Al2O3 Si O2 H2O 4
Todos estes minerais pertencem, como poderemos ver posteriormente, ao grupo dos
silicatos, que representa o grupo mineral mais freqüente na litosfera e conseqüentemente
nas rochas e nos solos e sedimentos.
1.6. TEMPO GEOLÓGICO
M CRETÁCIO 71 136
E
S JURÁSSICO 54 190 Répteis
O
TRIÁSSICO 35 225
Z
P PERMIANO 55 280
A Anfíbios e Plantas
L CARBONÍFERO 65 345 Primitivas
E
O DEVONIANO 50 395 Peixes
Z
SILURIANO 35 430
Ó
Invertebrados,
I ORDOVICIANO 70 500 Primeiros Fósseis
C
O CAMBRIANO 70 570
Apesar do fato da coluna geológica do tempo ser mundialmente aceita nos meios
geológicos até a presente data, algumas observações devem ser feitas acerca de sua
validade uma vez que ela reflete apenas uma tentativa de estabelecimento de ordem
cronológica para os processos naturais do planeta.
A primeira observação diz respeito ao tempo de duração dos processos geológicos,
que nem sempre é da ordem de milhões ou bilhões de ano. O processo de escovação de
uma caverna pelas águas meteóricas (água de chuva), por exemplo, pode acontecer num
período inferior a 10.000 anos. Outros processos podem se dar em intervalos de tempo
muito menores: os processos de vulcanismo muitas vezes se dão em período de dias e
modificam a paisagem de grandes áreas; enchentes podem, em questão de horas, través de
enxurradas provocarem a deposição de metros de espessura de sedimentos (como ocorreu
em 1983 nos estados de Paraná e Santa Catarina); processos de deslizamento de terra
podem movimentar bilhões de metros cúbicos de material em questão de minutos;
terremotos podem promover grandes modificações em questão de segundos.
A segunda observação diz respeito à questão da duração dos processos geológicos
e da idade dos fenômenos ocorridos na terra. Os processos de datação radiométrica
(datação das rochas através da radioatividade) requerem que duas premissas básicas
sejam cumpridas para apresentar validade como datador de processos naturais, as quais
não apresentam ainda o devido respaldo científico: (1) a terra deve ter surgido como uma
mistura de rochas e água que só se individualizaram posteriormente, (2) os processos que
hoje são observados devem ter ocorridos no passado com a mesma taxa que hoje são
observados devem ter ocorrido no passado com a mesma taxa que hoje se observa,
gastando, portanto períodos de tempo similares.
Porém qualquer uma destas premissas pode estar errada, conduzidos assim à pelo
menos três possibilidades de datação dos eventos geológicos ocorrentes no planeta: (1) as
premissas estão certas e, portanto a coluna geológica do tempo é válida; (2) os processos
que hoje se observa tiveram, no passado, taxas de ocorrência deferentes) o que poderia ser
reflexo de uma variação na velocidade da luz) e, portanto a história do planeta poderia ter
até 10.000 anos; (3) quando o planeta surgiu, ele já era praticamente como hoje, e poucas
transformações surgiram a partir daí, neste caso o planeta poderia ter até menos de 6.000
anos, mas há a necessidades de influência divina para que as coisas tenham se dado desta
forma.
O importante nisso tudo é que se note que não é necessário que existe uma só
explicação para as coisas, ou que qualquer problema técnico tenha apenas uma solução.
Mas como até o momento nenhum das premissas citadas foi razoavelmente contestada, a
coluna geológica do tempo pode ser considerada válida.
CAPÍTULO 2: MINERAIS
2.1. INTRODUÇÃO:
Uma vez que os minerais possuem uma espessura definida, uma das primeiras
formas de estudo dos minerais que se pode ter está baseada na estrutura cristalina (arranjo
interno ordenado dos átomos que compõem o mineral). Esta estrutura cristalina é típica da
espécie mineral e controla muitas de suas propriedades.
As substâncias cristalinas mostram, de maneira geral, um arranjo ordenado baseado
na repetição de uma base estrutural morfologicamente constante e que obedece a “leis de
crescimento” que fazem com que estas células básicas se associem sempre da mesma
maneira. Estas unidades se dispõem em um retículo tridimensional definido por três
direções e pelas distâncias ao longo das quais o “desenho” é repetido.
BRAVAIS (1848) demonstrou que esta ordenação de células uma ao lado da outra
(segundo certas ligações pré-estabelecidas) permite a existência de apenas 14 retículos
espaciais nos quais a vizinhança em torno de cada ponto seja idêntica à dos pontos
vizinhos. Estas estruturas ficaram conhecidas como “os quatorzes retículos espaciais de
Bravais”.
Uma vez que a estrutura dos minerais é repetitiva ela apresenta condições
particulares de simetria de acordo com a forma segundo a qual for ordenada. Estes
elementos de simetria são planos, eixos e centros de simetria e é típico de cada grupo de
espécies minerais, o que permite que se faça uma classificação dos minerais com base em
sua estrutura cristalina.
Este tipo de classificação possibilitou a definição de seis sistemas cristalográficos, de
acordo com o tipo de elementos de simetria aceito por cada um:
SISTEMAS CRISTALOGRÁFICO ELEMENTOS DE SIMETRIA
Triclínico 1 centro
Monoclínico 1 plano e 1 eixo
Ortorrônbico 4 planos e 3 eixos
Tetragonal 4 planos e 7 eixos
Hexagonal 7 planos e 13 eixos
Cúbico 9 planos e 11 eixos e 1 centro
1 – Talco 6 –Ortoclásio
2–Gipsita 7–Quartzo
3– Calcita 8 – Topázio
4– Fluorita 9 – Corindon
5– Apatita 10 – Diamante
Habito – diz respeito à forma do cristal da espécie mineral (quando esta apresenta
cristais bem desenvolvidos) e é função da estrutura cristalina dos minerais.
3.1. Introdução:
OLIVINA BYTOWNITA
PIROXÊNIOS
ANFIBÓLIOS
BIOTITA ALBITA
K – FELDSPATOS
QUARTZO
3.2. TIPOS DE ATIVIDADE ÍGNEA:
3.3.1. TEXTURA
A textura de uma rocha pode ser definida como a sua organização interna, sendo
definida a partir do arranjo dos grãos minerais que integram a rocha. No caso das rochas
magmáticas existem cinco tipos de texturas mais comuns: (1) porfirítica – caracterizada pela
presença de grãos menores; (2) fanerítica – caracterizada pela uniformidade de tamanho
entre os grãos da rocha; (3) afanítica – aprenenta uniformidade no tamanho dos grãos,
porém estes possuem dimensões tão pequenas que não são visíveis a olho nu; (4) vítrea –
textura caracterizada por um aspecto brilhante, devido a altas percentagens de vidro
vulcânico em sua composição; (5) vesicular – presença de espaços vazios na rocha
decorrentes da volatilização da gases presentes no magma quando de seu rápido
resfriamento, quando estas vesículas encontram-se preenchidas a textura é denominada
“amigdalóide”.
Enquanto as texturas porfirítica e fanerítica são comuns em rochas intrusivas ou
plutônicas (devido ao resfriamento mais lento do magma) as texturas afaníticas, vítrea e
vesicular são típicas de rochas vulcânicas (nas quais o resfriamento do magma se dá mais
rapidamente devido ao contato com a atmosfera).
3.3.2. COMPOSIÇÃO
Uma vez que as formas de caracterização das rochas ígneas mais utilizadas estejam
baseadas em suas composições químicas e textura é de se esperar que os critérios
utilizados para sua classificação sejam os mesmos. A prática mostra porém que a textura
não é um bom critério de classificação, desta forma costuma-se utilizar para esta
classificação os critérios mineralogia e composição química.
4.1. INTRODUÇÃO:
As rochas sedimentos podem ser definidas como “tipo rochoso derivado de outras
rochas, depositado na forma de fragmentos ou precipitado quimicamente, que devido a seu
lento processo de deposição pode apresentar estruturas planares horizontais”.
Estas rochas têm sua origem baseada na fragmentação ou dissolução de outros
tipos rochosos, transporte destes fragmentos ou íons por meio de soluções, e sua deposição
ou precipitação em ambientes favoráveis.
Assim como as rochas magmáticas, as rochas sedimentares necessitam de
condições especificas para sua formação. Estes ambientes normalmente incluem a
existência de água e de condições fisioquímicas particulares. Grosseiramente podem-se
dividir os ambientes de posicionais (de formação) das rochas sedimentares em: fluvial,
lacustre, marinho, litorâneo, lagunar, desértico, deltaico, de talus e de plataforma.
R
E
T Fragmentos Soluções
I
R
Transporte e Distribuição dos Materiais
D
E
P
Sedimentos Detríticos Precipitados Quimicos
O
S
L
I
T Compactação e Cimentação Recristalização
I
F
Rocha Sedimentar
Com base nesta escala granulométrica foi possível a definição dos tipos rochosos
apresentados na tabela da página seguinte:
Obs – a distinção entre argilito e folhelho pode ser feita com base em estruturas, enquanto
os argilitos apresentam estruturas maciças, os folhelhos apresentam estratificação.
Além das estruturas anteriormente citadas uma outra característica das rochas
sedimentares comumente utilizada em suas identificação é a textura. As texturas mais
comuns presentes nas rochas sedimentares são: (1) detrítica – existe a possibilidade de
identificação e individualização dos grãos presentes na rocha, é característica das rochas
clásticas; (2) cristalina – textura típica das rochas sedimentos químicas, se caracteriza pelo
aspecto brilhante pelo aspecto brilhante e pela dificuldade em se individualizar os grãos
minerais; (3) oolítica ou eferiodal – presença de partículas de formas circulares resultantes
da cristalização de substâncias num forma radial, é característica das rochas químicas; (4)
orgânica – textura caracterizada pela presença de restos vegetais ou animais.
Ao contrário das rochas ígneas, o estabelecimento de quadros de classificação para
as rochas sedimentares é bastante difícil, porém isto não dificulta a sua identificação uma
vez que as rochas sedimentares costumam apresentar características diagnósticas que
tornam bastante fácil a identificação dos diversos tipos.
5.1. INTRODUÇÃO
As rochas metamórficas podem ser definidas como “rochas geradas a partir das
variações das condições de pressão e temperatura de outros tipos rochosos, condições
estes diferentes daquelas nas quais as rochas foram geradas”.
A este conjunto de transformações sofridas pelas rochas dá-se o nome de
metamorfismo, englobando todo o conjunto de transformações sofridas pelas rochas sob
novas condições de P e T, sem que as mesmas sofram fusão.
Como se pode verificar, as rochas metamórficas podem se originar de qualquer outro
tipo de rocha seja ela ígnea, sedimentar ou mesmo metamórfica, desde que as mesmas
sejam submetidas a novas condições de temperatura e pressão.
As modificações de P e T que as rochas sofrem para que se tornem rochas
metamórficas são devidas a processos naturais. Normalmente estas variações estão
associadas a processos de atividade magmática ou processos de deformação das rochas.
Estas variáveis (pressão e temperatura) podem ter dois tipos de causa cada um
delas: a pressão pode ser proveniente de esforços de deformação das rochas ou da ação de
seu peso próprio; e a variação de temperatura pode ser provocada por intrusões ou pela
ação de fluidos quentes.
S N
Apresenta Foliação?
S S
Bandeamento Apresenta
Claro/Escuro? Clividade?
Ardósia
N
Tem Hematita?
N N
S
Rica em Talco ou Itabirito Gnaisse Ricas em
Serpentina? Carbonatos? S
N
N
“Macia”? S
S
Quartzito Mármore
Talco?
N Xistosidade é
S
Quartzito Ondulada? S
Talco Xistoso N
N
Filito Xisto
Serpentinito
Como já foi possível observar nos capítulo “rochas ígneas” e “rochas sedimentares”,
o interesse para a engenharia civil se relaciona à sua mineralogia e descontinuidades
(texturas e estruturas). No caso das rochas metamórficas a situação não é diferente.
No que diz respeito à mineralogia das rochas metamórficas verifica-se que parte dos
minerais que participam de sua composição (típicos do metamorfismo) é estável apenas nas
suas condições de formação e quando submetidos a novas condições físico-químicas se
alteram facilmente. Assim, o estudo da mineralogia das rochas metamórficas pode ter dois
enfoques distintos: (1) mineralogia das rochas – que quando alteradas podem dar origem a
produtos altamente plásticos e de baixa resistência, muitas vezes orientados, o que torna o
problema maior ainda; (2) mineralogia dos Produtos Residuais – como os minerais
presentes nas rochas metamórficas são, na maioria das vezes, silicatos de Ca, Na e Mg,
sua alteração pode proporcionar a presença no solo de argilominerais expansíveis.
Com relação às estruturas, as rochas metamórficas podem apresentar dois tipos
básicos de problemas, como decorrência do fato de exibirem uma orientação dos minerais
em superfície: (1) estes planos são planos potenciais de instabilidade mesmo quando a
rocha não está alternada; (2) estas superfícies podem se tornar caminhos preferências de
percolação da água podendo gerar grande perda de resistência.
CAPITULO 6: INTEMPERISMO
6.1. INTRODUÇÃO
A afirmação “a crosta terrestre é constituída por rochas” faz parece que estas rochas
estejam sempre à superfície possibilitando assim os trabalhos de quem se interessem em
estudá-las. Quando olhamos ao nosso redor porém, verificamos que não é bem isso que
acontece. Na maioria das vezes o material ao qual se tem acesso para estudo é constituído
por solos e sedimentos, materiais inconsolidados decorrentes das modificações promovidas
nas rochas por processos naturais de desintegração e alteração. Tal fenômeno é, como
veremos, ainda mais intenso quando se trata de regiões intertrópicos como é o caso de
grande parte de nosso país.
O conjunto de processo responsável pelas transformações ocorridas nas rochas,
sejam elas transformações de caráter físico ou químico, recebe o nome de intemperismo
(nome este derivado de intempérie – processo natural devido à agentes atmosféricos),
sendo também conhecido como meteorização.
6.6. ARGILOMINERAIS:
7.1. INTRODUÇÃO:
Neste grupo são incluídas as estruturas que evidenciem deformações nas rochas
através de variação de volume (característica de deformações em regime plástico). Estas
estruturas podem ser divididas em dois grupos:
Deformações Flexurais – normalmente são decorrentes de soerguimentos em
áreas de deposição sedimentar gerando estruturas onduladas com inclinações suaves que
mostram flexuras em suas bordas (flexuras estas que costumam ser denominadas
antiformes e as depressões sinformes.
Dobramentos – ocorrem quando as rochas são submetidas a esforços superiores ao
intervalo de regime elástico, fazendo com que as camadas de rocha se dobrem formando
saliências e depressões. As saliências são denominadas antiformas e as depressões
sinformes.
As dobras podem ter as formas mais variadas, portanto sua classificação depende
do estabelecimento de critérios adotados para esta descrição estão baseados na geometria
das dobras são denominados “elementos geométricos da bobra”: Linha de Charneira – linha
que une os pontos de curvatura máxima da dobra; Superfície Axial – superfície que contém
as linhas de charneira de todas as camadas sucessivas; Eixo da Dobra – linha de charneira
de cada camada; Crista da Dobra – linha que liga os pontos mais altos de uma mesma
camada, só coincide com o eixo em dobras simétricas e cilíndricas; flancos da dobra – lados
da dobra que se unem em seu eixo.
Com base nestes elementos geométricos é possível caracterizar os inúmeros tipos
de dobras encontradas nas rochas, porém aqui serão apresentados apenas os tipos mais
comuns.
Este critério de classificação que se baseia nos elementos geométricos das dobras
permite que se tenha três tipos clássicos de classificação:
Baseada na Inclinação dos Flancos – classifica as dobras em anticlinais
(apresenta a crista voltada para cima, com os flancos se inclinando em sentidos opostos –
divergindo a partir da crista, apresentando as camadas mais antigas no núcleo); e sinclinais
(a crista é voltada para baixo, os flancos se inclinam uma para o outro convergindo para a
crista, apresentando as rochas mais novas em seu núcleo).
Baseada na Superfície Axial – com base neste critério as dobras podem ser dividas
em simétricas (os flancos formam o mesmo ângulo com a superfície axial), assimétricas (os
flancos formam ângulos com a superfície axial), e deitados (o plano axial tende à
horizontalidade).
Baseada no Estilo da Dobra – classifica as dobras em isoclinal (ambos os flancos
foram ângulo na mesma direção), recumbente (isoclinal na qual a superfície axial é
horizontal), em leque (os flancos se inclinam na mesma direção no anticlinal e em direções
opostas no sinclinal), e monoclinal (flancos muito longos, dobramentos abruptos com cristas
restrita com forte inclinação).
9.1 INTRODUÇÃO:
A utilização das rochas nas sociedades humanas tem uma idade bastante antiga no
que se diz respeito ao seu uso para criar ferramentas e utensílios para o desempenho das
tarefas diárias tais como a extração de produtos animais ou vegetais. Isso pode ser
evidenciado pela existência de utensílios de pedra datados e 1,5 milhões de anos.
Com relação, porém à utilização das rochas como materiais de construção esta
história á bem mais recente, pois a necessidade de construção de moradias só surgiu na
história da humanidade a partir do momento que as sociedades fizeram a opção pela vida
agrícola (cerca de 8.000 anos a.C.) o que favoreceu a fixação destas sociedades em áreas
restritas.
A partir deste momento as sociedades antigas passaram a utilizar, para construção
de seus edifícios, os materiais de construção naturais que pudessem ser encontrados à
menor distância possível.
Esta regra de facilidade de obtenção de matérias primas e de simplicidade
construtiva não era, no entanto válida para as edificações de caráter religioso (templos e
túmulos) as quais apresentavam grande suntuosidade tornando-se, por isso mesmo, obras
de grande beleza e que demandaram conhecimentos bastante avançados de técnicas
construtivas.
Exemplos clássicos deste tipo de construções são as obras dos Assírios (que
dominavam a técnica de fabricação de cerâmicas, inclusive vitrificadas), dos Egípcios (com
suas pirâmides construídas de rochas e sua arte de escultura em granito), dos Gregos
(criadores dos pórticos e que desenvolveram enormemente a técnica de estruturas em
mármore), dos Romanos (que criaram a combinação de arcos para gerar abóbodas, dando
grande avanço às técnicas construtivas através da assimilação e melhoria de técnicas
construtivas de povos conquistados); e dos Hindus (que produziram grandes templos
escavados diretamente na rocha).
a. Propriedades Naturais
Com relação ao uso de produtos derivados das rochas como materiais de construção
deve-se incluir não só os solos mas também os sedimentos. Na maioria das vezes este
materiais apresentam utilização direta ou semi-direta como materiais de construção e sua
caracterização diz respeito basicamente à presença de materiais que possam considerados
“indesejáveis”, seja por características mineralógicas ou granulométricas.
Este tipo de utilização dos materiais como “produtos não processados” podem levar
à divisão dos mesmos em dois grandes grupos: o daqueles utilizados como agregados
(cascalho e areia) e aqueles utilizados como matérias primas (argilas para cerâmicas, por
exemplo). Este segundo grupo (matérias primas) é assunto de outras disciplinas como
“Materiais de Construção”.
O grupo dos materiais usados como agregados apresenta como característica mais
importante a sua granulometria, que devem ser mais homogênea possível (para evitar
aumento com os custos de beneficiamento) uma vez que se trata de materiais de preços de
mercado relativamente baixos e de ocorrência bastante comum.
Um fator importante com relação a estes materiais é a alta taxa de impacto ambiental
que sua extração costuma acarretar.
Com relação à utilização do solo como material de construção (compactado nas
maioria dos casos) trata-se de assunto do âmbito de outras disciplinas como “Mecânica dos
Solos” e “Maciços e Obras de Terra”.