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ORIENTE PRÓXIMO

MESOPOTÂMIA E EGITO
BORA LEMBRAR DA AULA ANTERIOR?

1. Sedentarizarão da humanidade;
2. Desenvolvimento da agricultura;
3. Domesticação dos animais;
4. Criação do arado e da irrigação;
5. Ocupação do norte para o sul da Mesopotâmia Gado de pequeno porte, relevo do
palácio de Nimrud, século VIII a.C.,
6. O uso do cobre, do bronze e do ferro Museu Britânico, Londres.
7. Surgimento da escrita com uma finalidade econômica

Vaso de cerâmica com talha


decorativa, de Tell-Hassuna, 5º
milênio a.C.

Escrita cuneiforme gravada numa


escultura do século XXII a.C.
(Museu do Louvre, Paris). Cuneiforme adaptado para tabuletas de
argila, Shuruppak, por volta de 2600
a.C., Museu do Louvre, França.
Mapa da Mesopotâmia.
MESOPOTÂMIA
MESOPOTÂMIA
• Região do Oriente Médio onde se localizam os rios
Tigre e Eufrates
• A palavra “Mesopotâmia é de origem grega e
significa “terra entre rios”
• As primeiras cidades na região surgiram a partir da
sedentarização do homem com o desenvolvimento
da agricultura
• Era habitada por diferentes povos: Sumérios,
Acadianos, Amoritas, Assírios e Caldeus.
A economia dos
palácios e o trabalho
Estandarte de Ur, por volta de 2.500 a.C.,
Museu Britânico, Londres.

“As formas de exploração eram principalmente duas: os impostos e


os trabalhados forçados.” (REDE, 2002, p.21)
“Uma parte dos bens produzidos pela população era entregue obrigatoriamente ao palácio na forma de
imposto (e aos templos, na forma de oferendas). Uma das cenas mais comuns na arte mesopotâmica era,
justamente, a procissão de pessoas levando seus produtos para os templos e palácios. O palácio recolhia
e armazenava esses impostos, usando-os em benefício próprio; por vezes, em caso de necessidade,
redistribuía os produtos para a população, principalmente os alimentos e as sementes para o plantio.”
(REDE, 2002, p.21)
“Outra forma de exploração era o trabalho obrigatório nas obras realizadas pelo rei: construção de
palácios, templos e muralhas; escavação e limpeza dos canais de irrigação etc. Esta obrigação de prestar
serviços, que atingia várias camadas da população livre, era a principal forma de exploração da mão-de-
obra da antiga Mesopotâmia e foi uma das bases do poder econômico dos templos e dos palácios.”
(REDE, 2002, p.21)
“A escravidão existiu na Mesopotâmia: eram transformados em escravos os prisioneiros de guerra (figura
27) e também os homens livres que não conseguiam pagar suas dívidas (algumas famílias vendiam seus
membros para conseguir rendas ou saldar débitos). No caso da escravidão por dívidas, os reis
frequentemente ordenavam a libertação das pessoas ou limitavam seu tempo de escravidão a alguns
anos.” (REDE, 2002, p.22)

6. “Se uma dívida pesa sobre um homem e


ele vendeu sua esposa, seu filho ou sua filha
ou entregou-se em escravidão pela dívida,
eles trabalharão durante três anos na casa
de seu comprador ou daquele que os possui.
No quarto ano, eles serão libertados.”
§ 117 do Código de Hamurabi

Estandarte de Ur, por volta de 2.500 a.C.,


Museu Britânico, Londres.
Politeísta: crença em mais de um deus
Cada cidade-estado possuía uma divindade específica
Os deuses mesopotâmicos possuíam forma humana (antropomórfica) Religião
Aceitação de novas crenças e divindades.)

Fachada reconstruída do Zigurate de Ur; as ruínas da estrutura neobabilônica do século XXI a.C. podem ser vistas no topo da estrutura - Iraque.
• “Na fábrica de carne de Duranki (a cidade de

Surgimento do mundo e •


Nippur),
Nós sacrificaremos dois (?) Alla divinos
da humanidade • E de seu sangue faremos nascer os homens.
• A obrigação dos deuses será sua obrigação:
• Eles delimitarão os campos, de uma vez por todas;
• “Naqueles dias, aqueles dias antigos • Eles tomarão em suas mãos enxadas e cestos
• Naquelas Noites, aquelas noites antigas • Em benefício do templo dos grandes deuses (...)
• Naqueles anos, aqueles anos antigos • Eles construirão o sistema de irrigação
• Quando o Céu havia sido separado da Terra • Para regar todos os lugares
• E que a Terra havia sido separado do Céu • E fazer crescer toda espécie de planta (...)

• An tendo levado consigo o Céu • Eles cultivarão os campos dos Anunna,


• Aumentando a riqueza do país,
• E Enlil tendo levado consigo a Terra
• Celebrando com dignidade as festividades dos deuses,
• E dado o Mundo Inferior a Ereshkigal...”
• Vertendo água fresca no Grande Templo.”
• (Prólogo do mito sumério de Gilgamesh, Enkidu e o
Inferno: 1ss) • (Narrativa bilíngiie da Criação do Homem:18-38)
A ira dos deuses
Tabuinha cuneiforme assíria tardia
com relato do Dilúvio, Museu
Britânico, Londres. • “Golpes de vento e tempestade precipitava-se,

• “Ó homem de Shuruppak, filho de Ubar-tutu, • Enquanto o dilúvio engolia a cidade.


• Demole tua casa e constrói um barco; • E quando – após sete dias e sete noites –
• Renuncia a tuas riquezas a fim de preservar tua vida; • O dilúvio havia recoberto o país,
• Desfaze-te de teus bens para ficares a salvo. • E o barco fora sacudido pelos ventos sobre as águas,
• Embarca contigo espécimes de todos os seres • Utu (o deus Sol) reapareceu, iluminando o céu e terra.
viventes.
• Ziusudra, o rei,
• O barco que tu fabricarás
• Deve ser uma construção perfeita • Ajoelhou-se diante de Utu

• Com a largura igual ao comprimento...” • E sacrificou em abundância bois e carneiros...”

• (Instruções de Éa a Uta-napisthim na Epopeia de • (O dilúvio segundo o relato sumério encontrado em


Gilgamesh, XI: 23-30) Nippur, V:201, 211)
Os templos
“Mas o templo foi principalmente uma instituição religiosa, responsável pelo
culto aos deuses, pelos rituais e pelo recebimento das oferendas. Era
considerado a moradia do deus, que se fazia presente nele pela sua estátua.
Cada cidade podia ter vários grandes templos (o maior era, em geral,
dedicado ao deus principal da cidade), além de pequenos santuários
espelhados pelos quarteirões. Junto com os zigurates, os templos formavam
um importante conjunto de construções religiosas.” (REDE, 2002, p.28)

“Os templos, além de sua importância religiosa, foram os principais focos da


cultura literária e artística na Mesopotâmia. Neles, ensinava-se a escrita
cuneiforme e formava-se uma parte de funcionários do rei. Os sacerdotes
eram encarregados de formular e transmitir por escrito as tradições culturais
mesopotâmicas, copiando e recopiando, durante milênios, os mitos, os
hinos, as poesias etc.” (REDE, 2002, p.28)

Reconstrução contemporânea de como seria o zigurate da cidade da Babilônia por Jean-Claude Golvin.
A morte e os mortos
“Ao lado de uma visão temerosa e pessimista da vida, os mesopotâmios tinham ideias sombrias e
aterradoras sobre o que se passava após a morte. Acreditavam que, perecendo o corpo, uma parte
imaterial da pessoa (uma espécie de “espírito”) viajava para o Mundo Inferior, o “Lugar sem Retorno”.
Este era uma região escura e deprimente, onde habitavam a rainha dos Infernos, Ereshkigal, seu esposo
Nergal e outras divindades e demônios infernais. Nele, o “espírito” do morto alimentava-se de poeira e
lodo.” (REDE, 2002, p.30)
“A religião não oferecia aos mesopotâmios a possibilidade de uma salvação ou de uma vida melhor no
além. Os mortos estavam sempre condenados a uma existência miserável e apática. Apenas os cuidados
dos parentes vivos podiam amenizar um pouco o sofrimento dos mortos: para isso, eram feitas
oferendas, principalmente de alimentos e água fresca. Os vivos podiam também pedir a ajuda dos mortos
(por exemplo, parar curar doenças). Mas acreditava-se que, quando eram esquecidos, os “espíritos”
voltavam para assombrar as pessoas.” (REDE, 2002, p.30)
Sumérios
 Estabeleceram-se na região por volta de 5.000 a.C.
 Constituíram cidades-estado
 Construíram diversas barragens, reservatórios e canais de irrigação
na região
 Desenvolveram a escrita cuneiforme

Acadianos
 Conquistaram as principais cidades sumérias por volta de 2.300 a.C.
 Principal rei: Sargão I
 Foram conquistados pelos Amoritas por volta de 2.000 a.C

1. Cuneiforme adaptado para tabuletas de argila, Shuruppak, por volta de 2600 a.C., Museu do Louvre, França
2. Rei acadiano, escultura em bronze de 2250 a.C., Museu Nacional do Iraque.
Amoritas
 Estabeleceram-se por volta de 2.000 a.C.
 Ocuparam a cidade da Babilônia e transformaram-na em grande
centro urbano da Mesopotâmia
 Estabeleceram o Primeiro Império Babilônico
 Principal rei: Hamurábi

Código de Hamurábi:
Lei de Talião: “olho por olho, dente por dente”.

Código de Hammurabi, cerca de


1.750 a.C., Museu do Louvre, França.
Assírios
 Ao final do segundo milênio antes de Cristo, passaram a organizar uma sociedade
extremamente militarizada
 Iniciaram o domínio sobre a Mesopotâmia por volta de 1.000 a.C
 Principal rei: Assurbanipal
 Com a morte de Assurbanipal, o Império entrou em decadência e foi conquistado
pelos Caldeus em 612 a.C.

Caldeus
 Conquistaram os assírios em 612 a.C. e destruíram a cidade de Ninive
 Formaram o Segundo Império da Babilônia
 Seu grande rei foi Nabucodonosor
 Foram conquistados pelos persas em 539 a.C.
Rei acadiano,
escultura em
bronze de 2250
Sociedade estratificada RESUMO
a.C., Museu
Nacional do  Rei, sacerdotes, chefes militares e funcionários do Estado formava a elite
Iraque. econômica
 Artesãos, médicos e comerciantes formavam uma classe intermediária
 Camponeses e trabalhadores urbanos representavam uma “classe baixa”.

Economia
 Agricultura era a base da subsistência.
 Solo fértil em razão dos dois rios, o que possibilitava o sustento a partir
da agricultura.
 Produções principais: trigo e cevada.
 Impostos e trabalhos forçados. Religião
 Politeísta: crença em mais de um
Cronologia dos povos: Sumérios > Acadianos > Amoritas >
deus.
Código de Hammurabi, cerca de Assírios > Caldeus > Persas > Macedônios > fragmentação  Cada cidade-estado possuía uma
1.750 a.C., Museu do Louvre. e desaparecimento da escrita. divindade específica.
EGITO
EGITO ANTIGO
 “(...) é provável que o primeiro povoamento efetivo do
vale do Nilo tenha ocorrido no início do Neolítico (por
volta de -7000). Nessa época, os egípcios adotaram um
modo de vida pastoril e agrícola. Enquanto
aperfeiçoavam seus instrumentos e armas de pedra,
inventaram – ou acolheram – a cerâmica, ” (BAKR, 2010,
p.37)
 “Pouco antes do período histórico, os egípcios
aprenderam a utilizar os metais , ingressando assim no
chamado período calcolítico (ou cuprolítico). O metal
aos poucos substituiu o sílex. O ouro e o cobre fizeram
também sua primeira aparição, embora o bronze não
tenha sido empregado até o Médio Império e,
aparentemente, o uso do ferro não se tenha
generalizado até o último período da história faraônica.”
(BAKR, 2010, p.37)
Uma possível cronologia
do Egito Antigo
Primeiro povoamento (Neolítico) 7.000 a.C.
Escrita 4.000 a.C.
O período Arcaico 3.200 a.C. – 2.900 a.C.
O Antigo Império 2.900 a.C. – 2.280 a.C.
O Primeiro Período Intermediário 2.280 a.C. – 2.060 a.C.
O Médio Império 2.060 a.C. – 1.785 a.C.
O Segundo Período Intermediário 1785 a.C. –1.580 a.C.
O Novo Império 1.580 a.C. – 1.085 a.C.
Estela de Minnakht, chefe dos escribas. durante o reinado de Ay,
Período de declínio 720 a.C. – 33 a.C. > 476 d.C. cerca de 1.321 a.C. - Museu do Louvre.
O faraó
“O primeiro evento historicamente importante de que se tem notícia é a união dos dois reinos pré-
-históricos, ou melhor, a sujeição do Baixo Egito pelo soberano do Alto Egito, denominado Menés pela
tradição (embora as fontes arqueológicas o chamem Narmer). Foi ele o fundador da primeira das trinta
dinastias ou famílias governantes, em que o historiador egípcio Mâneton (-280) dividiu a longa linhagem
de soberanos até a época de Alexandre, o Grande. Com certeza foi o reino meridional que impôs seu
domínio a todo país, tendo Narmer, logo após sua primeira vitória, instalado a capital em Mênfis, próximo
à fronteira entre as duas regiões.” (BAKR, 2010, p.39)

“A cultura do final do período pré-dinástico prevaleceu durante os trezentos anos posteriores à I dinastia,
mas com a consumação da unidade política, durante a III e IV dinastia, o novo Estado adquire estabilidade
o bastante. Isso se dá sob a forma de um novo dogma, segundo o qual o rei egípcio era considerado
sobre-humano, verdadeiro deus a reinar sobre os homens. O dogma da divindade do faraó , difícil de
definir, teria sido elaborado durante as primeiras dinastias com o objetivo de consolidar um poder único
sobre os dois territórios. Poder-se-ia dizer que a partir da III dinastia o chefe do Estado não era um egípcio
do norte ou do sul, mas um deus.” (BAKR, 2010, p.39)
“Segundo a teoria da realeza, o faraó encarnava o Estado e era
responsável por todas as atividades do país. Além disso, era o sumo
sacerdote de todos os deuses, servindo-os diariamente em cada um dos
templos. Obviamente, na prática, era-lhe impossível corresponder a tudo
o que dele se esperava. Necessitava de representantes para executar suas
tarefas divinas: ministros, funcionários nas províncias, generais no
exército e sacerdotes nos templos. Embora seu poder fosse teoricamente
absoluto, ele não podia, de fato, exercê-lo livremente. Era ele a
personificação de crenças e práticas muito antigas que se desenvolveram
progressivamente com o passar dos anos. Na realidade, a vida dos reis
era tão codificada que estes não podiam passear ou banhar-se sem
submeter-se ao cerimonial estabelecido para cada um desses atos,
regulado por ritos e obrigações. No entanto, sob suas coroas ricamente
ornamentadas, os faraós possuíam, é claro, uma dimensão humana:
eram sensíveis ao amor e ao ódio, à ambição e à desconfiança, à cólera e
ao desejo. Durante toda a história do antigo Egito, a arte e a literatura
representaram o faraó segundo um ideal (...)” (BAKR, 2010, p.42)

Câmara de culto de Ka-ni-nisut, cerca 2500 a.C., O Museu de História da Arte em Viena.
A religião
“ (...) os primeiros egípcios viam forças divinas no Sol, na Lua,
nas estrelas, no céu e nas cheias do Nilo. Deviam temer suas
manifestações visíveis e impressionar-se com a influência que
exerciam, pois os adoravam e os consideravam deuses
poderosos: Rá ou Rê, o Sol, Nut, o céu, Nun, o oceano, Shu, o
ar, Geb, a Terra, e Hapi, a cheia.” (BAKR, 2010, p.43)

“Essas divindades eram representadas sob forma humana ou


animal, e seu culto não se limitava a uma localidade
específica. As deusas também desempenhavam papel
decisivo na religião, sendo objeto de grande veneração.”
(BAKR, 2010, p.43)

Quadro 5 do Livro dos Mortos de Hunefer, cerca


de 1.285 a.C., Museu Britânico.
Os mortos
“Em nenhuma outra nação antiga ou moderna, a ideia de uma vida
após a morte desempenhou papel tão importante e influenciou
tanto a vida dos crentes como no antigo Egito . A crença no além foi
sem dúvida favorecida e influenciada pelas condições geográficas
do Egito, onde a aridez do solo e o clima quente asseguravam uma
notável conservação dos corpos após a morte, o que deve ter
estimulado fortemente a convicção de que a vida continuava no
além-túmulo.” (BAKR, 2010, p.43)
Fontes textuais:
• Hinos;
• Textos litúrgicos;
• Literatura;
• Textos funerários:
1. Textos das pirâmides (Antigo Império)
2. Textos dos caixões (Médio Império)
3. Livro dos Mortos (Novo Império)
As ruínas da Pirâmide de Unas, Sacará, Egito.
Equipamento funerário
• Estatuetas: acompanhavam os mortos; possuíam funções específicas;
e algumas, textos escritos;
• Alimentos: é a partir do contexto funerário que se é possível conhecer
como os egípcios se alimentavam em vida e no pós-vida;
• Caixões
• Vasos canopos: utilizados para guarda os órgãos
• Amuletos

• Estar vivo
Múmia de Hornedjitef, Sarcófago de madeira, de
• Tempo de vida: Tebas (perto de Luxor), cerca de 240 A.C. – Museu
Britânico.
o aha’u, sendo 30 anos o período de uma geração;
o 100 anos o máximo de vida;
Vasos canópicos
o 110 anos a idade ideal para a experiência terrena; da XIX Dinastia.
Museu Egípcio de
o Últimos 10 anos eram considerados como um extra concedido pelos Berlim, Alemanha.
deuses;
o Para o egípcio o eterno seria 1 milhão (não é algo imensurável, a
eternidade é quantificada);
Constituição humana (7

Múmia Do Período Ptolomaico


(305 a.C. a 30 a.C.) exposta no
elementos juntos):

Museu do Louvre, Paris.


• 4 elementos materiais:
• khet (ret), khat (rat), dejt (derret) ou hau(rau): Corpo
 Sah: O corpo mumificado:
 shut: Sombra
• Há indícios de que a sombra do morto teria funções tanto de proteção quanto
de auxilio em sua mobilidade.

aC, correspondentes à IV Dinastia do


Raotepe e Noferte, datadas de 2360
• Passeia durante o dia junto com o indivíduo.

Antigo, Museu do Cairo, Egito.


 ib (ibi): Coração “metafórico”
• Local da memória
• Repositório dos sentimentos
• Órgão mais importante do ser humano
 ren: Nome
• Mantenedor da memória.
• Definidor da pessoa e da existência (“se você não tem nome você não existe”).
• Escrito inúmeras vezes, em quase todos os artefatos, para não ser esquecido.
3 elementos espirituais:
• ka: Duplo do morto
• Parte que ficava na tumba.
• Duplo do morto (deuses e humanos no geral).
• Parte que recebe as oferendas e que se nutri.
• Parte mais estável do ser humano.
• Transmissibilidade.
• Morrer significava ir para seu Ka ou encontrar com seu Ka.
• “Homenagem a vós senhores da comida, vim em paz ao vosso campo para
receber comida celestial. Consenti que eu venha ao Grande Deus diariamente e
consenti que eu me aproxime das oferendas, ou seja, dos bolos, de cerveja, dos
bois, dos patos e do pão, que são oferecidos ao seu duplo.
• Nebseni ora também para que: Concedam a Osíris e toda a companhia dos deuses
que moram em sx-t Htp oferendas de bolos, cerveja, bois, patos, pão e todas as
boas coisas, roupas de linho e incenso todos os dias, e uma oferenda sobre o altar Estatua Ka do rei Hor, XIII
todos os dias, e o recebimento de bolos de várias espécies, leite, vinho e comida
celestial, e o séquito do deus em sua saída durante os festivais de Ro-setau, dinastia, Museu do Cairo, Egito.
juntamente com os favorecidos do grande deus, ao duplo escriba Nebseni.”
(Capitulo 110 do Livro dos mortos).
• ba: é um espírito móvel que entra e sai do corpo após a morte
• “Manifestação externa”, seja de um objeto, uma pessoa ou mesmo de uma
divindade.
• Era ele que poderia sair e vagar por diversos locais, transmutar-se em diferentes
formas e retornar à tumba ao fim do dia;
• Caso ele não retornasse, a pessoa poderia sofrer uma espécie de “segunda morte”,
deixando efetivamente de existir.
• “O ba, assim, é a ‘representação’ ou ‘projeção’ etérea do defunto, capaz de tomar
forma física e de praticar ações materiais, agindo por conta própria, embora
conservando o caráter que possuíra quando animava o antigo suporte corporal. No
plural (bau) designa ‘poder, força’, indicando um conjunto de qualidades ou agentes
externos que atuam fora de contingências espaciais como manifestações
longínquas de um ser vivo ou de um deus.” (ARAÚJO, 2000 p. 381.)
• Muitas vezes representados como o pássaro Jaburu (Ephippiorhynchus
senegalensis).

Ba Egito, provavelmente Novo Reino (1550 - 1070 aC) Escultura Madeira com
vestígios de gesso e tinta. Museu de Arte do Condado de Los Angeles, Los Angeles.
• akh: Alma imortal e espírito efetivo
• Componente invisível e imortal do indivíduo, potência espiritual superior, luz,
brilho, eficácia.
• Nome recebido pelo morto após ter passado pelo tribunal osiríaco e associado com
o sol.
• Essa forma só chega ao estágio completo depois da morte.
• “Em textos seculares ele possui conotações de “efetividade”;
• O falecido, ao se tornar akh, adquiria “efetividade” assim como algumas das
qualidades desses deuses, sem se tornar totalmente igual a eles, mas sendo
identificado com eles e sendo dotado de uma energia criativa semelhante a que foi
empregada na criação do mundo.
• Meios de se erguer da inércia da morte para uma nova vida.
• Akh também tinha associações com luz e luminosidade [...].
• Ser akh, então, era ser um espírito efetivo, desfrutando das qualidades e
prerrogativas de deuses, possuindo a capacidade de vida eterna e sendo capaz de
influenciar outros “;
Liturgia funerária:
• A morte real (segunda morte) seria o sumiço de um desses elementos;
• Os egípcios não praticam a incineração ou a cremação (costume romano e grego);
• Porta falsa que não dá para lugar nenhum, “atrás” dessa porta ficaria o espirito do morto, um ponto de conexão com o
mundo terreno.
• Existem coveiros pagos para cuidar dos túmulos, fazer as leituras das oferendas.

• Caso não há comida, há uma Fórmula para evitar o morto de comer suas próprias fezes:
• CT 1011 ou “Formula para não comer excrementos na necrópole”: “A abominação é minha abominação! Não existe a possibilidade
de que eu o coma! Os excrementos são minha abominação! Eu não os comerei! Os dejetos, não os comerei! (...) Eu quero viver de
pão de espelta branco (...). Eu quero viver das coisas doces saídas das quatro capelas e das estela fronteiriças (...).”
• Relação da morte com os rituais
• Manutenção pelos vivos:
• Presença e papel dos vivos durante todos esses processos de enterramento e posterior manutenção da existência póstuma
era crucial para as crenças egípcias.
• ka deveria continuar a ser alimentado para que o morto permanecesse existindo.
• Oferendas de alimentos na capela funerária da tumba.
• Oferendas por meios mágicos, que usavam textos ou imagens existentes na tumba, ou os chamados “servos do ka”.
• Relação com as sepulturas
• Contatos entre vivos e mortos estreitos.
• Tumbas visitadas com frequência.
• Bela Festiva do Vale, realizado em Tebas, em que a estátua do deus Amon era levada para as necrópoles em que se
encontravam antigos reis mortos.
• Culto aos mortos no âmbito da religião privada, visto terem sido encontrados, na localidade de Deir el-Medina, estelas e
bustos representando ancestrais que, segundo inscrições existentes, haviam se tornado akhu.
• Problemas
• Os egípcios acreditavam que os mortos que falhavam em se tornar akhu passavam a ser uma existência perigosa.
• Mt, eles consistiam em potenciais perigos aos vivos e era preciso se proteger contra eles, havendo diversos encantamentos
e procedimentos mágicos para tal.
• Há uma série de documentos escritos que chegaram até nós que mostram interessantes pedidos e súplicas aos mortos (por
exemplo, pediam que o morto o deixasse em paz), fato que levou os estudiosos a adotarem o nome de ‘Cartas aos Mortos
A ARTE PARA
ETERNIDADE
O jardim, afresco da tumba de Nebamun, cerca de 1400 a.C.
Originalmente em Tebas, Egito. Atualmente no Museu Britânico, Londres.
.

 Pintura egípcia: representação a


partir do ângulo mais característico;
 Preocupação com a integridade do
objeto representado e não com a
coerência ótica entre os planos.
 Escola de artesão especializados:
templos e palácios.

Não se buscava o novo, e sim o


passado.
Pássaros capturados por rede, afresco da tumba de Khnumhotep, cerca de 1900 a.C, perto de Beni Hasan.

 As pinturas e os modelos encontrados em túmulos egípcios estavam associados à ideia de suprir a alma
de ajudantes no outro mundo.
 Não se deve supor que os artistas egípcios pensavam que os seres humanos tinham essa aparência.
Seguiam meramente uma regra que lhes permitia incluir tudo o que consideravam importante na forma
humana.
 Os egípcios desenhavam o patrão maior do que seus criados ou até do que sua esposa.
Máscara mortuária de Tutancâmon, cerca de 1.324 A.C., Museu
Nacional do Egito.

 “A máscara de Tutancâmon foi moldada em folhas de


ouro, posteriormente soldadas. Em versões mais
modestas, os traços faciais e outros detalhes eram
apenas pintados, mas, neste exemplar, o artista obtém
um efeito mais magnifico com variadas incrustações,
especialmente na gola bem trabalhada. Entre os
materiais utilizados estão lápis-lazúli, cornalina, obsidiana
e vidro de cor turquesa.” (FARTHING, 2011, p.33)

 “A máscara fúnebre tinha um papel importante na


proteção dos restos mortais contra o dano e a
decomposição. Segundo os preceitos da religião egípcia,
tal preservação era considerada essencial para que a alma
do faraó pudesse renascer após a morte. Depois que o
corpo era embalsamado e que os sacerdotes recitavam as
palavras necessárias do Livro dos Mortos, a máscara era
colocada em posição, protegendo a cabeça do faraó.”
(FARTHING, 2011, p.33)
Sistema Político RESUMO

Câmara de culto de Ka-ni-nisut, cerca 2500 a.C;


O Museu de História da Arte em Viena.
Teocracia: O sistema político no Egito encontrava-se fundamentado nas
normas estipuladas pelo sistema religioso.
O Faraó era considerado uma encarnação do deus na terra e era a maior
autoridade existente no Egito.
Sociedade Estratificada:
 Classe dominante: Faraó, sacerdotes e os funcionários do Estado;
 Classes intermediárias: escribas, comerciantes e artesãos;
 Camponeses;
 Escravos;
(Escravidão por dívidas ou por guerra)
A existência do Rio Nilo foi fundamental para
Religião
o desenvolvimento da civilização egípcia.  Politeísta: crença em mais de um
deus.
 Crença na vida após a morte.

As ruínas da Pirâmide de Unas, Sacará, Egito.


Referências Bibliográficas
• REDE, Marcelo. A Mesopotâmia. São Paulo: Saraiva, 2002.
• BAKR, A. Abu. O Egito faraônico. In: História Geral da África. São Paulo:
Ática/Unesco, 2010.
• FARTHING, Stephen. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011.

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