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Laboratório de introdução às

ciências físicas - FIS 122

NATUREZA ONDULATÓRIA DA
LUZ: REDES DE DIFRAÇÃO

MATERIAL USADO

1 banco óptico c/fonte de luz

1 lâmpada fluorescente compacta com bocal

1 fenda

1 rede de difração

1 anteparo com escala

3 suportes

1 CD

1 - Introdução
O que é a luz? Uma onda ou uma partícula? Como nossos olhos percebem a luz? O que são as cores? Estas
e outras perguntas foram feitas durante séculos e grandes estudiosos se dedicaram a obter respostas,
inclusive Isaac Newton, que é mais conhecido dos estudantes pelo seu papel fundamental na mecânica.
Porém, o conhecimento da ótica só teve um avanço mais rápido a partir do século 19, com os
trabalhos de Thomas Young, Augustin- Jean Fresnel, Christiaan Huygens e Joseph Von Fraunhofer, que
sedimentaram o reconhecimento da luz como sendo um fenômeno ondulatório e estudaram as suas
consequências.

Fraunhofer foi o criador das “Redes de Difração”, que permitram a medida do comprimento de onda da luz
de maneira bastante precisa, e tornou a espectroscopia uma ciência quantitativa. Com a espectroscopia
descobriu-se que a luz produzida por descargas elétricas em um gás tem comprimentos de onda
específicos, característicos dos elementos químicos deste gás. Estes comprimentos de onda específicos
apareciam como “linhas” no espectro, que foram identificadas também na forma de “sombras”
observáveis no espectro da luz do sol e de outras estrelas, o que até hoje é usado para determinar a
composição química de objetos celestes em Astronomia.

A emissão de luz pelos átomos na forma de linhas de comprimentos de onda específicos constituiu um
dos grandes mistérios do final do século 19. Este problema só foi resolvido com o desenvolvimento da
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teoria quântica, que mudou radicalmente a visão que temos da natureza e é a base da tecnologia
moderna. Curiosamente, enquanto as bases experimentais da teoria quântica foram descobertas graças a
fenômenos ondulatórios da luz, o seu desenvolvimento acabou resgatando a idéia de que a luz fosse
composta de pequenas partículas, que Albert Einstein chamou de fótons. A chamada dualidade onda-
partícula é um dos aspectos desconcertantes da t eoria q uântica, e se aplica não só aos fótons como a
todas as partículas conhecidas.

Figura 1- representação de uma onda.

Difração

O fenômeno da “Difração“, do Latim “difrangere”, ou “se partir em pedaços”, consiste na aparente


mudança de direção, ou mesmo criação de ondas secundárias, quando uma onda encontra um obstáculo.
Um exemplo disso pode ser visto na Figura 2, que representa a passagem de uma onda através de
uma fenda. Assumindo que a onda esteja vindo diretamente da esquerda para a direita, após a
fenda ela aparenta estar espalhada em todas as direções.

Figura 2 – Exemplo de difração.

Interferência

Nota-se também na Figura 2 outro fenômeno intrinsecamente ligado ao da difração, que é o da


“Interferência”. A interferência se manifesta pelo fato de a amplitude das ondas parecer mais forte em
algumas direções do que em outras. A interferência pode ser compreendida se tomarmos a amplitude
total das ondas que passam por um certo ponto simplesmente como a soma das amplitudes das ondas
incidentes. Se todas as ondas apresentarem um máximo naquele ponto, haverá interferência construtiva.
Caso as ondas apresentem máximos e mínimos alternados, temos a interferência destrutiva. No nosso
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dia-a-dia, é difícil identificar fenômenos de interferência, porque normalmente as ondas vindas de
diversas direções não mantêm uma relação de fase constante entre elas, alternando ora interferência
construtiva ora destrutiva numa sucessão tão rápida que não é possível distinguir.

Figura 3 – Explicando a interferência – soma de ondas planas

Rede de Difração

Uma r ede de d ifração é constituída por um anteparo com fendas dispostas em intervalos regulares,
por onde a luz passa é é difratada, como na Figura 2. Cada fenda que deixa passar a luz incidente se
comporta como uma nova fonte de luz, e boas redes de difração têm centenas ou milhares de fendas por
milímetro, o que as torna translúcidas. A principal utilidade é separar as cores em ângulos diversos
de acordo com o comprimento de onda. Para ver como isso é possível, vamos estudar o diagrama da
Figura 5, que representa duas fendas apenas. Na Figura 5, à esquerda, as ondas emitidas numa certa
direção têm máximos que coincidem na frente de ondas, resultando numa interferência construtiva para
este comprimento de onda naquela direção. Na figura 5 à direita, no entanto, onde as ondas são
emitidas numa outra direção, os máximos da onda vinda de uma fenda coincidem com os mínimos da onda
emitida pela outra. Temos então interferência destrutiva. Somando a contribuição de diversas fendas, o
contraste entre interferência construtiva e destrutiva torna-se mais pronunciado, melhorando a
“resolução” da medida e a visibilidade do fenômeno.

Da Figura 6 podemos ver que a diferença entre os dois casos é a distância adicional que a onda
emitida pela fenda de baixo tem que percorrer em relação à onda emitida pela fenda de cima. Esta
distância adicional, que chamaremos de “d”, pode ser calculada a partir da distância entre as fendas, D, e
o ângulo de observação da onda, através da equação 1:

d = D sen (1)

A interferência construtiva se dará quando esta distância for igual a um comprimento de onda completo
λ, ou um múltiplo de λ, ou seja:

= D sen (2)

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Figura 5 – diagrama de duas fendas separadas por uma distância D.

Figura 6 – diferença de caminho ótico d entre ondas provenientes de duas fendas.

2 – procedimentos experimentais

2.1 – montagem do experimento

a) Monte, no banco ótico, a fonte de luz (lâmpada incandescente numa caixa preta), uma fenda, na
posição 17 cm, o anteparo graduado na posição 33 cm, e a rede de difração na posição 57 cm. A
F igura 8, à esquerda, demonstra o posicionamento da rede de difração como exemplo, e à direita,
temos a visão geral da montagem. Observe que a lâmpada deve ser alinhada (botão em cima da caixa
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da lâmpada) para iluminar o meio do anteparo graduado.

Figura 8 – montagem do experimento

b) Ligue a fonte de luz e observe através da rede de difração, mas não diretamente para a fonte de luz, e
sim um pouco de lado. A imagem obtida deverá ser semelhante à da Figura 9. Observe que cores distintas
aparentam estar em posições diferentes no anteparo graduado. Esse espectro observado é contínuo,
característico de lâmpadas incandescentes.

Figura 9 – difração usando lâmpada incandescente.

2.2 - coleta de dados

Antes de contunuar, substitua a lâmpada incandescente por uma lâmpada fluorescente. A


lâmpda deve ser posicionada logo antes da fenda.

Com a lâmpada fluorescente, você deverá observar um conjunto de linhas no espectro, ao invés de um
contínuo. A intensidade das linhas em função do comprimento de onda é conhecida, para a lâmpada
fluorescente, e uma representação gráfica pode ser vista n a fi g u r a 1 , onde os picos correspondem às

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linhas mais intensas do espectro. Na Tabela 1, alguns dos picos são identificados. Vê-se que a luz emitida é
composta basicamente das linhas de emissão do mercúrio, presente na forma de vapor dentro da
lâmpada, e de linhas de fluorescência de alguns elementos “terras raras”, que constituem a tinta
“branca” que recobre o vidro da lâmpada pelo lado de dentro. (Fonte: WIKIPEDIA)

a) Anote a posição “X” que cada linha tem no anteparo, fazendo uma tabela em seu caderno como a Tabela
2, identificando os picos. Verifique se o valor é o mesmo ao observar a rede de difração na direção
oposta. Se não for, isso quer dizer que o anteparo está mal colocado e convém utilizar o valor
médio das observações feitas nas duas direções diferentes ou centralizar o anteparo para
melhor coleta de dados.

b) Substitua a rede de difração pelo CD, de tal forma que a janela produzida no CD fique na mesma posição
que a rede ficava antes. Anote as posições das linhas, completando a Tabela 2. Não se preocupe com a
incerteza das medidas da posição na coleta de dados com a rede de digração e com o CD, pois a
determinação da posição dos picos no anteparo pode não ser exata, dependendo da linha.

Figura 10 – Espectro de emissão de uma lâmpada fluorescente

c) Com ajuda da Figura 11, escreva uma equação que permita calcular o seno do ângulo de observação
θ, em função da posição X da linha de cor no anteparo, e a distância a entre o anteparo e a rede de
difração.

d) Preencha a Tabela 3 em seu caderno com os valores de λ e sen θ calculados usando a relação obtida em c.

e) Faça um gráfico de λ em função de sen θ para as medidas realizadas com a rede de difração.

f) Faça um gráfico de λ em função de sen θ para as medidas realizadas com o CD.

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g) Usando o gráfico do item e) e a equação 2, calcule a distância D entre fendas para a rede de difração pelo
método gráfico (cálculo de coeficientes) descrito no anexo 1. Observe que o coeficiente possui unidades.

h) Usando o gráfico do item f) e a equação 2, calcule a distância D entre fendas para a rede de difração pelo
método gráfico (cálculo de coeficientes) descrito no anexo 1. Observe que o coeficiente possui unidades.

i) calcule a densidade de linhas por milímetro para a rede de digração e para o CD.

j) Compare o valor encontrado de densidade de linhas para a rede de difração com o valor nominal mostrado na
rede através do cálculo do erro relativo.
.

Tabela 1 – Identificação dos picos da Figura 10.

Tabela 2 – Identificação dos picos mais intensos e observação de suas posições.

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Figura 11- esquema da montagem para observação das linhas de difração.

λ (nm) sen θ para a rede de difração sen θ para o CD

Tabela 3 – dados para gráficos lineares

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Anexo 1 – construção de gráficos e cálculo de coeficientes de uma reta

1 - Relações lineares entre grandezas

Se uma grandeza física y possui uma relação linear com outra grandeza x, temos que:
y=ax+b , Equação 1
onde a é o coeficiente angular e b é o coeficiente linear. O coeficiente angular corresponde à inclinação da reta, ou
seja:
Δy
a= , Equação 2
Δx

como mostrado na Figura 1. O coeficiente linear b é o intercepto, ponto onde a reta cruza o eixo das ordenadas (eixo y).

Figura 1 –gráfico linear

2 - Regras básicas para construção de gráficos

1. Colocar um título, especificando o fenômeno físico em estudo, que relaciona as grandezas medidas.
2. Escrever nos eixos coordenados as grandezas representadas, com suas respectivas unidades. Em geral, no
eixo horizontal (abscissa) é lançada a variável independente, isto é, a variável cujos valores são escolhidos
pelo experimentador. No eixo vertical (ordenada) é lançada a variável dependente, ou seja, aquela obtida em
função da primeira.
2. A escala deve conter a informação do número de algarismos significativos das medidas e deve ser escolhida
de tal forma que facilite tanto a construção quanto a leitura dos gráficos. A escala deve ser simples e
sugere-se adotar valores múltiplos ou submúltiplos de 1, 2 ou 5.
3. Não use escalas múltiplas de 3, 4,7,9, etc., ou seja, não defina três quadrados do papel milimetrado ( ou 3 cm)
como sendo uma unidade. Se você fizer isso, um quadrado será equivalente a 0,333…. e a marcação de pontos
no gráfico não será simples. Isso vale para qualquer outro número que não seja fácil de trabalhar. Use sempre
uma divisão da escala (um quadrado/ 1 cm) como sendo 1, 2 ou 5.
4. A escala adotada em um eixo não precisa ser igual a do outro. As escalas são independentes e não precisam
começar do zero. Você pode começar a escala x do zero e a escala y a partir de 5, por exemplo.
5. Escolha escalas de tal forma que se utilize o máximo possível de área do papel milimetrado, sem, é claro,
escolher escalas múltiplas de números difíceis de trabalhar (item 3).
6. Nunca se deve assinalar os dados, correspondentes aos pontos experimentais, sobre os eixos coordenados.
Sobre os eixos deve-se somente colocar valores igualmente espaçados, organizados.

7. O ponto experimental a ser plotado deve ser traçado com as barras de erro caso estas sejam de magnitude
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suficiente para serem representadas na escala escolhida. As barras de erro podem aparecer tanto no eixo vertical
quanto no eixo horizontal. Use sempre x ou cruz para marcar os pontos.
8. Quando todos os pontos experimentais já estiverem marcados no gráfico, resta traçar a reta para calcular os
coeficiente.
• A reta não precisa passar sobre todos os pontos, nem mesmo precisa passar pela origem.
• Não ligue o primeiro ponto ao último! De fato, é possível que a curva não passe por nenhum ponto do
gráfico.
• O que é necessário é que se trace uma reta minimizando a distância de todos os pontos experimentais até a
reta, ou seja, deve-se ajustar a reta para que ela esteja igualmente próxima de todos os pontos. Isso equivale a
fazer uma média gráfica usando todos os pontos experimentais.

A Figura 2 mostra um exemplo de reta ajustada a pontos experimentais.

Figura 2: Exemplo de um gráfico, mostrando o movimento de uma partícula em função do tempo.

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