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OURO BRANCO - MG
DEZEMBRO-2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI
CAMPUS ALTO PARAOPEBA
OURO BRANCO - MG
DEZEMBRO-2015
DEYSIANE ANTUNES BARROSO DAMASCENO
ISABELA CARVALHO PINHEIRO
____________________________________________________
Prof. Me. Emmanuel Kennedy da Costa Teixeira
Orientador - UFSJ
____________________________________________________
Prof. Drª Eliane Prado Cunha Costa dos Santos
Avaliador - UFSJ
____________________________________________________
Dr Elvis Márcio de Castro Lima
Avaliador – UFSJ
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 7
2. OBJETIVO ............................................................................................................................ 8
4. METODOLOGIA................................................................................................................. 28
5. RESULTADOS .................................................................................................................... 31
6. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 40
6
1. INTRODUÇÃO
Á água é um recurso finito de vital importância para os todos seres vivos. Além de garantir a
vida, a água também exerce grande relevância em vários outros setores, desde atividades
agrícolas até atividades industriais, definindo valores culturais e sociais de diferentes regiões.
Cerca de 2/3 da superfície do planeta Terra são ocupados pelos oceanos. O volume total de
água na Terra é estimado em torno de 1,35 milhões de quilômetros cúbicos, sendo que 97,5%
deste volume é de água salgada, encontrada em mares e oceanos. Já 2,5% é de água doce,
porém localizada em regiões de difícil acesso, como aquíferos (águas subterrâneas) e geleiras.
Apenas 0,007% da água doce se encontra em locais de fácil acesso para o consumo humano,
como lagos, rios e na atmosfera (UNIÁGUA, 2006 apud MARINOSKI, 2007).
O Brasil é um dos países que possui o maior volume acumulado de água, porém esse valor
encontra-se mal distribuído. As regiões brasileiras com maior concentração da população
apresentam menor disponibilidade de água, a exemplo as regiões Sudeste e Nordeste. Ao
contrário do que acontece nas regiões citadas anteriormente, a região Norte que conta com um
menor número de pessoas, é a que tem disponível a maior parte dos recursos hídricos
encontroados no Brasil.
7
2. OBJETIVO
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Fontes alternativas de abastecimento de água têm sido cada vez mais difundidas pelo mundo
na tentativa de suprir a demanda deste bem, uma vez que a escassez deste recurso associada à
ineficácia dos sistemas de tratamento de água e esgoto e a crescente poluição que atinge em
larga escala a qualidade dos mananciais tornam cada vez mais difícil e oneroso a obtenção de
água por métodos convencionais (GONÇALVES et al., 2006).
O aproveitamento de águas de chuvas para consumo é uma prática antiga realizada por várias
civilizações passadas, possuindo relatos de sistemas de coleta e armazenamento de águas
pluviais no Oriente Médio, Europa e pelos Incas, Maias e Astecas na América Latina, há
cerca de 2000 anos. Com o passar do tempo e com o aparecimento de novas técnicas de
obtenção de água, este método foi deixando de ser praticado (GONÇALVES et al., 2006).
Atualmente, no Brasil, a utilização de técnicas que utilizam águas de chuvas não tem
acompanhado o crescimento do país, assim como não tem se desenvolvido na mesma
proporção que surgem os problemas com escassez de água (GONÇALVES et al., 2006). Os
deflúvios superficiais provenientes de águas de chuvas representam fontes alternativas de
água para consumos menos exigentes, além de se caracterizarem como alternativa
socioambiental e economicamente viável (RIGHETTO et al., 2009).
8
3.2. QUALIDADE DAS ÁGUAS PLUVIAIS
Vários fatores influenciam na qualidade das águas de chuvas. O posicionamento geográfico, o
clima, a presença de indústrias na região, o índice de poluição etc., são fatores que estão
intimamente ligados à qualidade das águas pluviais. Quando há a precipitação, a chuva limpa
a atmosfera incorporando suas impurezas, o que reduz sua qualidade. Outra forma de
contaminação das águas de chuvas é na própria superfície que a coleta. Os materiais destas
superfícies não devem conter impurezas que interfiram na qualidade da água, assim como
devem preferencialmente não reter sujeiras. Os reservatórios de armazenamento destas águas
devem também ser projetados de forma a não contaminar a água. Uma medida para garantir a
eliminação de impurezas incorporadas na captação e reservação é eliminar o primeiro
milímetro de água captada (GONÇALVES et al., 2006).
Tabela 1 – Parâmetros de qualidade de água da chuva para usos restritivo não potáveis
Nota: Podem ser usados outros processos de desinfecção além do cloro, como a aplicação de
raio ultravioleta e aplicação de ozônio.
a
No caso de serem utilizados compostos de cloro para a desinfecção
b
uT é a unidade de turbidez
c
uH é a unidade Hazen
Fonte: NBR 15527, ABNT 2007.
O padrão de qualidade da água é função do uso a que esta se destina. De maneira geral, estas
águas são destinadas a fins não potáveis como: rega de jardins, lavagem de roupas e pisos,
descargas sanitárias etc. Quando as águas pluviais se destinam a outros fins, como o consumo
9
direto humano, é necessário que ela passe por um processo de desinfecção (GONÇALVES et
al., 2006).
10
3.4. INTENSIDADE PLUVIOMÉTRICA
T = 25 anos, para coberturas e áreas onde empoçamento ou extravasamento não possa ser
tolerado.
Por fim, a equação que relaciona intensidade, duração e frequência da chuva para diferentes
localidades é dada na Equação 1;
kTm
I = (t+t n
Equação 1
0)
Onde os parâmetros K, m, n e t0 variam de acordo com a localidade e podem ser obtidos pelas
estações pluviométricas que monitoram as ocorrências de chuvas. A NBR 10844/1989
ressalta que para construções até 100 m² de área de projeção horizontal, salvo casos especiais,
pode-se adotar I igual a 150mm/h.
A área de contribuição (A) é definida como a área plana onde a chuva incide. Deve-se também
considerar a inclinação da cobertura e caso existam paredes e platibandas que também
interceptam a chuva, estas devem ser consideradas.
11
O cálculo destas áreas pode ser feito conforme a NBR 10844/1989 de acordo com o tipo de
cobertura, como indica a Figura 1.
Figura 1 – Áreas de contribuição para cálculo de vazão nas calhas, coletores e condutores
verticais.
12
3.6. COEFICIENTE DE DEFLÚVIO
Nem todo volume de água que incide na área de coleta pode ser captado, parcela da água
precipitada infiltra, evapora e/ou fica retida na superfície de coleta. O grau de
impermeabilização desta superfície pode ser obtido pelo coeficiente de deflúvio (C), também
conhecido como coeficiente de Runoff, que é a relação entre a vazão que escoa na superfície e
a vazão precipitada. A Tabela 2 fornece alguns coeficientes de deflúvio (BAPTISTA e
LARA, 2010).
CIA
Q= 60
Equação 2
Onde:
C é o coeficiente de deflúvio;
As calhas são componentes responsáveis por receber a água coletada e encaminhá-la até o
reservatório de armazenamento. Elas funcionam em regime de escoamento livre, por isso
podem ser dimensionadas segundo a equação de Manning-Strickler, conforme também sugere
13
a NBR 10844/1989. As Calhas podem ser fabricadas em diversos materiais, como plástico,
fibrocimento, aço, metais não ferrosos, concreto, alvenaria etc., assim como em diversos
formatos, retangulares, semicirculares, trapezoidais etc. (BAPTISTA e LARA, 2010).
10
𝐷3 5
𝜃𝐷 2/3
𝑄= 5 (𝜃 − 𝑠𝑒𝑛𝜃)3 √𝐼/( ) 𝑛 Equação 3
2
83
Onde:
2𝑦
𝜃 = 2 cos −1(1 − ) , em rad;
𝐷
𝑌
= 66%, lâmina d’água;
𝐷
D é o diâmetro da calha, em m;
A NBR 10844/1989 sugere que a inclinação das calhas de beiral e platibanda deve ser
uniforme, com valor mínimo de 0,5%, e quando a saída da calha estiver a menos de 4 m de
uma mudança de direção, a vazão de projeto deve ser multiplicada pelos coeficientes
apresentados na Tabela 4.
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Tabela 4 – Coeficientes multiplicativos da vazão de projeto
Curva a menos de Curva entre 2 e 4
Tipo de curva 2 m da saída da m da saída da
calha calha
Canto Reto 1,2 1,1
Canto
Arredondado 1,1 1,05
Fonte: NBR 10844 (ABNT 1989).
O dimensionamento dos condutores verticais não se dá de forma direta, uma vez que seu
escoamento pode ser livre e/ou forçado, a depender das condições de entrada e saída da água
na canalização (BAPTISTA e LARA, 2010).
Por isso, a NBR 10844 sugere ábacos que permitem o dimensionamento destas tubulações
(Figura 2). Estes ábacos foram construídos para tubos rugosos e permitem seu
dimensionamento uma vez que sejam conhecidos:
Condutores horizontais devem, assim como as calhas, serem projetados como condutos livres.
Deste modo seu dimensionamento também se dá pela Equação 3. Deve-se adotar uma
declividade mínima de 0,5% para estas tubulações e quando se tratar de tubos circulares a
lâmina de água não deve ultrapassar 2/3 do diâmetro adotado.
Para o dimensionamento dos reservatórios deve-se levar em conta as séries históricas das
precipitações médias mensais, sendo recomendado séries que contenham dados de pelo menos
10 anos (TOMAZ, 2010).
Os reservatórios devem ser projetados como aqueles que armazenam água potável, levando-se
em conta todas as precauções no que se refere à preservação da qualidade da água. Os
reservatórios podem ser elevados, apoiados, semienterrados ou enterrados. Podem ser em
materiais como concreto, alvenaria armada, materiais plásticos como polietileno, PVC, fibra
de vidro e aço inox (TOMAZ, 2010).
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Q(t) = C × precipitação da chuva(t) × A Equação 5
A é a área de captação;
Para melhor visualização do método pode-se colocar os resultados na forma de gráfico, como
a Figura 3 mostra. A curva em azul representa a variação do volume de água disponível,
enquanto que a curva rosa cheia representa a demanda. A distância entre as duas linhas
paralelas que tangenciam os pontos máximo e mínimo da curva azul fornece o volume que
deve ser reservado para garantir água no período de estiagem.
C3 é a demanda mensal que foi imposta de acordo com as necessidades. A demanda também
pode ser denominada de consumo mensal, em m³;
C4 é a área de captação da água de chuva que é suposta constante durante o ano. A área de
captação é a projeção do telhado sobre o terreno, em m²;
C7 é a soma acumulada dos valores positivos de C6. Deve-se parar a soma quando aparecer o
primeiro número negativo e retomá-la no próximo valor positivo que aparecer.
C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8
Total
Fonte: Tomaz, 2007.
Neste método arbitra-se um volume e verifica-se o que acontece com a água que vai sobrar
(overflow) e com a água que vai faltar (suprimento do serviço público). Varia-se o volume
arbitrado do reservatório de forma a atender o interesse do construtor, caso não se deseja usar
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água de fonte externa, devem-se aumentar as dimensões do reservatório, caso contrário,
diminui-se o reservatório, mas cria-se a necessidade do uso de suprimento nos períodos de
seca (COUTO, 2012).
Sendo que:
0 ≤ S(t) ≤ V
Onde:
A é a área de captação;
Onde:
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C5 é o volume de água de chuva que é obtido da seguinte maneira: C5 = C2 x C4 x 1 / 1000
para obter o resultado, em m³;
C10 é a reposição da água, que pode vir do serviço público de abastecimento ou de caminhão
tanque ou de outra procedência.
C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10
Total
Fonte: Tomaz, 2007.
Também conhecido como Método Prático Brasileiro, este método utiliza uma série de
precipitação anual relacionando-a com a quantidade de meses com pouca chuva ou seca.
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O volume do reservatório é ideal quando for cerca de 4,2% do produto entre o volume de
chuva coletada, área do telhado e número de meses de pouca chuva (COUTO, 2012). O
volume pode ser obtido pela Equação 9.
V = 0,042 × P × A × T Equação 9
Onde:
Sendo:
Segundo Fontanela et al (2012 apud COUTO, 2012) este método considera apenas a
precipitação média anual e a área de coleta, sem levar em consideração variáveis como
demanda, impermeabilização etc. O volume de chuva é obtido através da Equação 11.
V = 0,05 × P × A Equação 11
Onde:
Este método utiliza séries históricas mensais de precipitação. O cálculo faz uma análise entre
a chuva total do mês e a demanda mensal. Faz-se estimativas de valores do volume do
reservatório até que o volume adotado reserve água suficiente para suprir a demanda nos
meses de estiagem. Para verificar se o volume do reservatório é o ideal, recomenda-se fazer o
cálculo da confiança dos valores.
Q = A × C × (P – I) Equação 12
Onde:
O cálculo do volume do reservatório é realizado por tentativas, até que sejam utilizados
valores otimizados de confiança e volume do reservatório é dado ela Equação 13.
Onde:
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D(t) é a demanda mensal, em m³;
Total
Fonte: Tomaz, 2007.
O cálculo da confiança é feito através da Equação 14, onde PR é a falha dada pela Equação 15.
Confiança = 1− PR Equação 14
NR
𝑃𝑅 = Equação 15
N
Sendo:
PR é a falha;
NR é o número de meses em que o reservatório não atendeu a demanda, isto é, quando V(t) =
0;
Segundo Amorim e Pereira (2008), o método de Azevedo Neto e o Método Prático Inglês
fornecem valores de volumes elevados, quando comparados aos volumes obtidos pelos
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Métodos Práticos Alemão e Australiano, os quais fornecem valores bem menores. Logo,
conclui-se que os dois primeiros podem ser aplicados para casos em que se deseja armazenar
água pluvial para suprir a demanda, para o maior período de tempo possível, principalmente
em regiões onde ocorre grandes períodos de estiagem durante o ano. Já os dois últimos são
mais indicados quando se deseja diminuir o volume do reservatório, reduzindo então, os
custos de implantação do sistema. Nesse caso, devem existir fontes alternativas de
abastecimento de água para os períodos em que o reservatório não supre a demanda.
Em suma, os métodos práticos, por serem menos complexos e de fácil aplicação, são mais
indicados em residências unifamiliares ou em pequenos estabelecimentos, enquanto os
métodos mais complexos, como o Método de Rippl e o Método de Análise de Simulação são
mais indicados para projetos maiores.
Vários estudos sugerem que a primeira água de chuva que cai sobre a superfície de coleta é a
mais poluída, uma vez que ela limpa a superfície, a qual contém folhas, poeira etc. É
recomendado então, que se descarte certo volume de água antes que se comece o
armazenamento de fato. Tomaz (2010) ressalta que o first flush, que é o primeiro volume de
chuva que será descartado, varia de 0,4 L/m2 de telhado a 8 L/m2 de telhado, conforme o
local, e que na falta de dados locais sugere-se o uso do first flush no valor de 2 L/m2 de área
de telhado.
Existem vários métodos, automatizados ou manuais, para descarte desta primeira água. Couto
(2012) sugere alguns, como discutido a seguir.
O sistema do tipo tonel funciona do seguinte modo: a água do telhado é recolhida pela calha,
conduzida pelo tubo de queda até um reservatório do tipo “tonel” com uma capacidade fixa,
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dependente da área de captação. Este deve ser provido de um pequeno orifício na parede
inferior, com cerca de 0,5 cm de diâmetro, conforme a Figura 4.
Figura 4: Reservatório de água da chuva com reservatório para rejeição de água de limpeza
do telhado do tipo “tonel”
Uma maneira para dimensionar a caixa de autolimpeza, isto é, que o mecanismo de descarte
seja feito automaticamente, é imaginar que ela terá volume igual ao do first flush e que o seu
esvaziamento seja feito em 10 minutos, aproximadamente.
Q = Cd A√2gh Equação 16
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O volume do reservatório de descarte é encontrado pela relação de vazão sobre o tempo de 10
minutos adotados.
Trata-se de um sistema que veda e desvia automaticamente o fluxo de água limpa para o
reservatório. Uma válvula de descarte lento assegura que a câmara se esvazie depois da chuva
e reinicie automaticamente, conforme a Figura 5.
Trata-se de um tubo vertical instalado no extremo montante da calha, antes do tubo de queda.
De um modo geral este tubo é em PVC, com diâmetro entre 150 a 200 mm, o qual no fundo
possui uma válvula e um orifício de limpeza. Muitos destes dispositivos de limpeza
prolongam-se desde a calha até o solo. Uma vez este tubo cheio, a água da chuva passa a fluir
para tubo de queda que a conduz ao reservatório de armazenamento conforme pode ser visto
na Figura 6.
O descarte da água de limpeza do telhado pode ser feito com o auxílio de torneira de boia,
conforme Figura 7. Este tipo de reservatório necessita ser esvaziado após o período de chuva
para que o sistema possa voltar a descartar a água da chuva.
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Figura 6: Dispositivo comercial de rejeição de água de limpeza do telhado
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Figura 8: Dispositivo de rejeição da água de limpeza do telhado utilizado na Austrália
4. METODOLOGIA
Para a elaboração desse projeto de aproveitamento da água de chuva no Laboratório de
Engenharia Civil do Campus Alto Paraopeba – UFSJ – foi desenvolvida uma metodologia
que engloba as seguintes etapas: Levantamento de dados pluviométricos da região onde está
localizado o laboratório; levantamento quantitativo do consumo de água não potável;
determinação da área da cobertura que contribuirá para a coleta; dimensionamento dos
condutores verticais, horizontais, calhas, reservatório de acumulação e de descarte da primeira
chuva.
Foi estabelecido que a água pluvial coletada será utilizada nos sanitários e também será usada
no processo de destilação. Os locais de utilização foram definidos de acordo com as
atividades que não sofreriam nenhuma alteração em seus resultados ao se utilizar água não
potável.
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Não foi possível determinar exatamente qual era o consumo total para o Laboratório de
Engenharia Civil através de hidrômetros ou variação do nível do reservatório, pois estes
também são ligados ao Laboratório de Engenharia Química. A determinação do consumo foi
feita através de entrevistas com os técnicos, controle de dados dos equipamentos de destilação
e cálculos baseados na literatura para o consumo dos sanitários.
A precipitação média local foi obtida através do Jornal do Tempo do site UOL, onde se pôde
ter acesso às séries históricas de 1961 a 1990 para a região de Ouro Branco – MG, onde está
localizado o Campus Alto Paraopeba, como mostrado na Tabela 8.
A área da cobertura que contribuirá na coleta de água foi calculada através do levantamento
das dimensões e da inclinação do telhado, ambos obtidos através da planta de cobertura, a
qual consta no projeto arquitetônico do laboratório em questão (Figura 9) obtida com a
Empresa Júnior de Engenharia Civil – Ideal.
A área é então calculada através da Equação 17, para telhados de duas águas conforme NBR
10844/1989.
ℎ
𝐴 = (𝑎 + 2) 𝑏 Equação 17
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Figura 9: Área de cobertura do telhado do Laboratório de Engenharia Civil, unidades em cm.
A disposição esquemática das calhas e condutores que levam as águas pluviais até o
reservatório pode ser vista na Figura 10.
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Figura 10: Disposição das calhas e condutores, unidades em cm.
O volume de água que deverá ser descartado foi calculado segundo orientações da NBR
15527/2007, a qual recomenda que o descarte da primeira água seja de 2 mm da precipitação
inicial por metro quadrado de área do telhado contribuinte.
O dimensionamento do reservatório que acumulará a água coletada foi feito de acordo com os
seis métodos descritos no item 3.
5. RESULTADOS
O consumo de água nas bacias sanitárias foi estimado a partir do limite máximo de utilização
de água para limpeza de bacias sanitárias, determinado pelo Ministério do Interior através do
Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), que estabelece 6
L/descarga, e pelo número estimado de descargas diárias no laboratório. Considerando o
número de pessoas que frequentam diariamente o Laboratório de Engenharia Civil, cerca 20
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pessoas, e o número de vezes que cada uma utiliza os sanitários, em média 2 vezes por dia,
tem-se um total de 40 descargas por dia. Porém, o dimensionamento foi feito de maneira
conservadora considerando 50 descargas por dia, gerando uma vazão de 300 L/dia.
O consumo diário total foi então calculado considerando dois destiladores mais a vazão dos
sanitários, resultando em 1608,7 L/dia. Assim, o consumo mensal é de 48,26 m3.
A intensidade pluviométrica calculada para Ouro Branco é 146 mm/h. Essa intensidade foi
calculada utilizando os seguintes valores: k = 3359,569; a = 0,221; b = 25,101; e c = 1,026, os
quais foram obtidos através do programa Plúvios.
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a é igual a1355 cm, conforme projeto;
ℎ = 𝑖𝑎 = 189,7 𝑐𝑚.
Como apresentado na Tabela 10, de acordo com o método de Rippl, o volume mínimo que
deve ser adotado para que o reservatório armazene água suficiente para suprir a demanda dos
tempos de seca é de 146,58m³.
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5.6.3. MÉTODO AZEVEDO NETO
P é a precipitação média anual de 1412,7mm, obtido pela soma das precipitações médias
mensais da Tabela 8;
A é a área de coleta de 795,97 m². Assim, o volume será 4,2% do produto dos parâmetros
acima. Portanto, o volume do reservatório será de 236,14m³.
O volume do reservatório será 6% do menor dos dois valores acima. Portanto, o volume do
reservatório será 34747,2 L, ou 34,7m³.
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5.6.6. MÉTODO PRÁTICO AUSTRALIANO
Devido ao grande volume de chuvas durante os três primeiros meses do ano é possível captar
água suficiente para suprir a demanda dos meses de estiagem, como se pode ver na Tabela 12.
Através de tentativas e erros, estimou-se então um volume de reservatório capaz de armazenar
água suficiente para os meses de pouca chuva, sem que seja necessário usar de outra fonte de
suprimento. O volume adotado para este reservatório deve ser de no mínimo 29,87 m³ com
confiança de 100%, segundo Equações 15 e 16. Assim é possível garantir água suficiente para
suprir a demanda durante os meses de pouca chuva, como pode ser visto na Tabela 13.
Chuva Demanda
Área de Volume de
Média Interceptação Constante V(t)
Meses Captação Runoff C Chuva
Mensal (mm) Mensal m³
(m²) Mesal (m³)
(mm) (m³)
C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8
Janeiro 261 795,97 1 2 206,16 48,26 0
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5.7. DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO DE DESCARTE
O reservatório de descarte foi dimensionado conforme item 3.11, onde é sugerido que o
volume de água a ser descartado deve ser 2L a cada metro quadrado da área de coleta,
gerando um volume de descarte de 1591,94 L.
O Método de Rippl forneceu um volume de 146,58 m³, este volume significa o volume de
chuva que deve ser acumulado durante os períodos chuvosos para que se não falte água
durante os períodos de seca e não seja necessário o uso de suprimentos extras.
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Já o Método da Simulação permite que se adote um volume do reservatório e se analise a
variação do seu volume. Foi estipulado, então, um volume próximo ao valor de demanda, de
50,00 m³. Tal volume se mostrou suficiente para abastecer a edificação durante a maioria dos
meses, exceto nos meses de junho a setembro, os quais precisariam de suprimento de água.
O Método de Azevedo Neto forneceu um valor elevado para o volume do reservatório, 236,14
m³, embora exagerado, este número é bastante coerente, pois este método não leva em
consideração variáveis como demanda, evaporação, descarte de água etc. Além disso, o
volume de chuva produzido anualmente é multiplicado pelo número de meses de seca,
majorando os cálculos.
O Método Alemão forneceu um volume para o reservatório de 34,70 m³, inferior ao volume
de demanda mensal. Desta forma, seria obrigatoriamente necessário o uso de suprimento de
água de outras fontes em todos os meses, por outro lado, as dimensões do reservatório seriam
diminuídas, reduzindo-se o custo de implantação do sistema.
Assim como o Método de Azevedo Neto, o Método Prático Inglês não leva em consideração
variáveis como demanda, evaporação, descarte de água etc., utilizando somente uma
porcentagem do produto entre a precipitação média anual e área de captação. Apesar disso, o
método forneceu um valor moderado para o volume do reservatório de 56,22 m³.
Por fim, o Método Australiano, assim como os métodos da Simulação e de Rippl, faz uso das
precipitações médias mensais e da demanda para o cálculo do volume do reservatório. Este
método, porém, leva em conta o coeficiente de deflúvio e perdas de água por evaporação. O
método permite analisar o volume de água disponível no fim de cada mês, podendo desta
forma, através de tentativas, estimar o volume ideal do reservatório, o qual armazenará água
suficiente para suprir a demanda nos meses de estiagem, ou se o projetista desejar, determinar
volume tal que se utilize um valor constante de suprimento extra. O volume mínimo
necessário para garantir água durante o período de estiagem sugerido pelo método foi de
154,57m³.
Logo, cada método se mostra mais eficaz a depender do interesse do construtor. Os métodos
de Rippl e Australiano são bastante similares em sua metodologia e forneceram valores
semelhantes. A variação entre eles se dá devido a algumas pequenas particularidades, como
variáveis que cada um leva em consideração em seus cálculos. Estes métodos são indicados
quando se deseja armazenar água suficiente para suprir os meses de estiagem. No caso da
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região de Ouro Branco, não há períodos longos de seca, mas a demanda de água no
Laboratório de Engenharia Civil do Campus Alto Paraopeba – UFSJ é relativamente alta,
superando os volumes de chuva desse período, isso levou a valores elevados para o volume do
reservatório, consequentemente a dimensões exageradas do reservatório. Desta forma ambos
os métodos se mostram inviáveis no que se refere a custo de implantação do projeto.
O método de Azevedo Neto, por não levar em conta a demanda de água da edificação,
forneceu valor exageradamente alto para o volume do reservatório, mostrando inviabilidade
econômica no que diz respeito à implantação do projeto.
O Método Prático Alemão apresentou um volume coerente, embora menor que o volume de
água demandado. Este método é indicado quando se quer diminuir os custos com a
implantação do projeto, construção do reservatório, por exemplo, pois neste método as
dimensões do reservatório seriam menores. Por outro lado, é necessário o suprimento de água
de outras fontes durante todos os meses.
Ainda comparando os resultados deste trabalho com aqueles obtidos por Amorim e Pereira
(2008), pode-se ver que os volumes fornecidos pelos métodos de Rippl e Prático Australiano
são muito semelhantes, neste estudo a diferença entre eles foi 8m³ enquanto que para Amorim
e Pereira (2008) a diferença foi de 15m³.
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Como discutido no item 3 deste trabalho, é necessário que se descarte a água de first flush. A
determinação do tipo de reservatório de descarte varia conforme viabilidade econômica e
volume de água a se descartar. Os métodos apresentados são, em sua maioria, de simples
aplicação, diferenciando-se por alguns serem de esvaziamento hidraulicamente automatizado
e outros por necessitarem de acionamento manual do esvaziamento. Alguns modelos como o
comercial, podem ser encontrados prontos para instalação, outros, porém, é necessário
projetá-los. Dentre os modelos apresentados aquele que se mostrou de mais simples instalação
e custo reduzido é o reservatório com torneira de boia, embora seja necessário o acionamento
manual para esvaziá-lo, o laboratório consta de pessoal disponível para tal.
6. CONCLUSÃO
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10844: Instalações Prediais de
Águas Pluviais. Rio de Janeiro, 1989.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15527: Água de Chuva-
Aproveitamento de Coberturas em Áreas Urbanas para Fins Não Potáveis. Rio de Janeiro,
2007.
AMORIM, Simar; PEREIRA, Daniel. Estudo Comparativo dos Métodos de
Dimensionamento para Reservatórios Utilizados em Aproveitamento de Água Pluvial.
Porto Alegre, v. 8, n. 2, p. 53-66, abr./jun. 2008. Associação Nacional de Tecnologia do
Ambiente Construído.
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