Você está na página 1de 114

FACULDADE DE PINHAIS

ALESSANDRA MARA RODRIGUES

A INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA FÍSICA NA ESCOLA:


DIREITO FUNDAMENTAL

PINHAIS - PR
2017
ALESSANDRA MARA RODRIGUES

A INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA FÍSICA NA


ESCOLA: DIREITO FUNDAMENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como requisito parcial à obtenção do grau de
bacharel em Direito, Curso de Direito,
Faculdade de Pinhais.

Profa. Dra. Edna Torres Felício Câmara.

PINHAIS - PR
2017
TERMO DE APROVAÇÃO

ALESSANDRA MARA RODRIGUES

A INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA FÍSICA NA


ESCOLA: DIREITO FUNDAMENTAL

Trabalho de conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para


obtenção do grau de Bacharel em Direito, da Faculdade de Pinhais.

Banca Examinadora

__________________________________________
Orientadora - Profa. Dra. Edna Torres Felício Câmara

__________________________________________
Prof.

__________________________________________
Prof.

Aprovado em ______ de ___________ 2017.


Agradeço primeiramente a Deus, por ter permitido que eu realizasse essa
conquista. A todos os que de alguma forma contribuíram para a realização deste
trabalho.
E principalmente à querida professora Edna Torres Felício Câmara pela dedicada
orientação e por dividir comigo o seu conhecimento e o seu tempo.
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeiramente a Deus, que, em sua infinita bondade deu-


me saúde, paciência, sabedoria e disposição para continuar caminhando. Também
me deu forças para continuarseguindo em frente, mesmo com tantas barreiras pelo
caminho. Ele me fez ver que, a cada novo obstáculo que surgia, eu me tornava mais
forte e com vontade de continuar seguindo o meu caminho para conseguir meus
objetivos.
Agora, depois de muito tempo, estou alcançando um dos meus objetivos: o
meu tão sonhado diploma de bacharel em Direito, minha segunda graduação,
almejada não apenas por mim, mas por todos os que me amam e viram a minha luta
para chegar até aqui.
À minha orientadora Profa. Dra. Edna Torres Felício Câmara, que foi
responsável por me fazer acreditar no possível, mostrando-me que, quando se tem
persistência, os objetivos são sempre alcançados. Ela me fez ver o quanto sou capaze
que a humildade deve sempre vir em primeiro lugar. Obrigada querida professora por
toda a paciência, por me receber para as orientações, por me passar o seu
conhecimento, que enriqueceu o trabalho, e também a minha formação; pela
influência do modo de perceber os acontecimentos ao meu redor. Reúno outras
perspectivas hoje graças aos seus ensinamentos.
Quero agradecer aos meus pais, que nunca, em hipótese alguma, mediram
esforços para que eu conseguisse realizar o meu sonho (que certamente éo deles
também). Obrigada pelos muitos anos dedicados a mim. Pelo tempo da minha mãe,
assim como, pelos dias de trabalho suado do meu pai; pelas muitas noites de sono
perdidas, pela sua dedicação e pelo esforço para ganhar o pão de cada dia, para dar-
me o sustento e me educar da melhor maneira.
Sempre tentando, os dois, meu pai e minha mãe, fizeram-me ver que o estudo é a
coisa mais preciosa que temos o direito de conquistar. A eles todo meu amor e a
minha admiração por serem como são e por sempre me incentivarem a continuar
estudando para o crescimento pessoal. Eles me ensinaram que quando se quer algo,
devemos ir à luta.
Quero agradecer ao meu esposo que me deu todo seu apoio sempre, na
colaboração das tarefas, por ter entendido as minhas ausências, pois sem ele
certamente também não teria conseguido.
Ao meu filho Charleston Juju, que tanto me incentivou, e, assim como eu,
sentiu o cansaço das noites mal dormidas, mesmo tendo que acordar cedo no outro
dia, lá estava ele a me esperar. Foi ele meu grande incentivo parater realizado esse
grande sonho. A ele todo meu amor, carinho e agradecimento.
Foi através de muita luta que hoje estou vivendo os dias mais felizes da minha
vida...
Aos professores, que me ajudaram na minha formação antes e durante os
anos de graduação na FAPI, sem eles nunca eu teria conseguido que esse sonho
pudesse um dia ser real.
Aos meus amigos, que me ajudaram e incentivaram. Aos que ficaram felizes
com a minha felicidade, esses sim, são os meus amigos de verdade... Cada um de
seu modo direto ou indireto que fizeram parte desses dias os quais eu guardarei para
sempre na minha memória, pois o tempo passa, mas as lembranças ficam.
E de todos que contribuíram e através da força da família que tiramos a
motivação, persistência para seguir em frente, cada dia de uma vez, buscando sempre
seguir os melhores caminhos, pois por eles é que iremos trilhar nossa vida, e fazer
disso o nosso sustento.
Se Deus quiser, esses dias eu não quero, esquecer jamais, pois são dias
vividos com muita intensidade, e que não voltam, mas que vão deixar saudades na
memória daqueles que os viveram... Obrigado aos colegas de curso... Sentirei
saudades... Meu sonho está se tornando realidade... Obrigada meu Deus por tudo!
“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar.
Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.”
Madre Teresa de Calcutá
RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo contextualizar a inclusão da pessoa com


deficiência física na escola e a consequente garantia de acessibilidade como direito
fundamental. O presente tema demonstra sua relevância tendo em vista que, de
acordo com os dados do Censo de 2010, quarenta e cinco milhões de pessoas
afirmam ter algum tipo de deficiência. Portanto, a inclusão é um tema contemporâneo
e de repetidas discussões devido aos desafios que representa. Note-se também que
o desafio é ainda maior devido ao desconhecimento, por parte das pessoas com
deficiência e da sociedade, quanto aos direitos garantidos a esse grupo de pessoas.
Nesta pesquisa, a metodologia utilizada foi a de revisão bibliográfica e de análise das
principais leis atinentes ao tema. Concluiu-se, após a análise de aspectos relativos ao
tratamento das pessoas com deficiência, após a apresentação do desenvolvimento
dos direitos humanos específicos deste grupo e após a análise da Constituição de
1988, de convenções internacionais e de leis infraconstitucionais, que a educação
inclusiva e a correspondente garantia de acessibilidade não são ações de cunho
caritativo, mas são direitos fundamentais de cidadãos brasileiros, que devem ser
garantidos pelo Estado como o mesmo vigor que os demais direitos inscritos na Carta
Magna de 1988.

Palavras-chave: Inclusão. Acessibilidade. Pessoa com deficiência. Escola. Direito


fundamental.
ABSTRACT

The research has the purpose to place the results about the inclusion of people with
special needs in school and also to guarantee accessibility as a legal right. This theme
illustrate its importance considering the results of data from Census 2010, forty-five
thousand says that they have any kind of special need. Therefore, inclusion is a
contemporary subject and repeated discussions because of the challenges. Note that
the challenge is bigger because of the ignorance of people with special needs and also
society about the rights assured to them. The methodology used in this research was
bibliographic review and also analyses of the main laws. In conclusion after analisys
of aspects related for the people´s treatment with special needs, after to the
presentation of the development about the specific human rights of this group and after
the review from the constitution of 1988, international conventions, intraconstitutions
laws, moreover education and the guarantee of accessibility could not be actions of
charity value but are basic human rights and must be guaranteed by the government,
as the same force as the rights registered in the Magna Letter from 1988.

Key-words: Inclusion. Accessibility. Person with special needs. School. Fundamental


right.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - POPULAÇÃO POR TIPO DE DEFICIÊNCIA.................................. 67


LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – SIGNIFICADOS DA TERMINOLOGIA DE SASSAKI................ 32

QUADRO 2 – DIREITOS E DIMENSÕES........................................................ 40

QUADRO 3 – MUDANÇAS DA CORDE ......................................................... 65

QUADRO 4 – AVANÇOS FUNDAMENTAIS PARA A CONQUISTA DA


AUTONOMIA NA CAUSA DA DEFICIÊNCIA.................................................. 77
LISTA DE SIGLAS

AEE – Atendimento Educacional Especializado


AIPD – Ano Internacional das Pessoas Deficientes
CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
OMS – Organização Mundial da Saúde
ONG – Organização Não Governamental
ONU – Organização das Nações Unidas
PCD – Pessoa com Deficiência
PNE – Pessoas com Necessidades Especiais
PPD – Pessoa Portadora de Deficiência
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 14
2 AÇÕES VOLTADAS ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA................................... 16
2.1 A PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL.................................................... 16
2.2 ONU E AS PESSOAS COM DEFICIENCIA....................................................... 20
2.3 PEDAGOGIA E INCLUSÃO.............................................................................. 22
2.4 A ATUAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS.................................................... 24
2.5 TERMINOLOGIA............................................................................................... 26
2.6 MODELOS DE TRATAMENTO......................................................................... 35
3 OS DIREITOS HUMANOS E AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA....................... 38
3.1 O DESENVOLVIMENTO DOS DIREITOS HUMANOS..................................... 39
3.2 OS DIREITOS HUMANOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA..................... 42
3.3 A CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA.... 46
3.4 A CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
E A EDUCAÇÃO..................................................................................................... 50
4 OS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL, A EDUCAÇÃO
INCLUSIVA E A ACESSIBILIDADE....................................................................... 54
4.1 A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL.................................................................. 56
4.2 A ASSISTÊNCIA SOCIAL NA CONSTITUIÇÂO FEDERAL DE 1988............... 59
4.3 A LEI 7.853/89 E O DIREITO À EDUCAÇÃO INCLUSIVA................................ 62
4.4 A ACESSIBILIDADE GARANTIDA PELA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA
EDUCAÇÃO............................................................................................................ 68
4.5 A LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
(ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA) LEI 13.146/15.............................. 76
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 80
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 84
ANEXO 1 – CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL,
1988........................................................................................................................ 91
ANEXO 2 – LEI 7853/89.......................................................................................... 92
ANEXO 3 – DECRETO 3298/99.............................................................................. 94
ANEXO 4 – LAS – LEI Nº8742/93........................................................................... 98
ANEXO 5 – CIF....................................................................................................... 101
ANEXO 6 – LDB...................................................................................................... 102
ANEXO 7 – DECRETO Nº 6949/2009..................................................................... 103
ANEXO 8 – LEI 10.098/2000................................................................................... 105
ANEXO 9 – LEI 13.146/2015................................................................................... 112
14

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objeto a análise do direito à inclusão da pessoa


com deficiência física na escola e a correspondente garantia de acessibilidade como
um direito fundamental,assegurado constitucionalmente por convenções supralegais
e normativas infraconstitucionais.
O processo de desenvolvimento do direito da pessoa com deficiência foi
fomentado por diversas mudanças na sociedade. No percurso da história, houve
vários formatos de tratamento: desde a segregação até o modelo inclusivo proposto
na Constituição de 1988.
O modelo social (compatível com a educação inclusiva), criado em meados
dos anos sessenta e que ainda esta em desenvolvimento, traz uma nova abordagem
em relação ao tratamento. Nesse modelo a sociedade é responsável por se adequar
de maneira a incluir com igualdade de oportunidades sem discriminação.
No âmbito da tutela jurisdicional, a pessoa com deficiência teve seus direitos
tutelados especialmente com a Lei 7.853/89 que criminaliza a discriminação e o
preconceito. Em relação ao atendimento escolar, a lei obriga a inserção de escolas
especiais, privadas e públicas, no sistema educacional e traz a oferta, obrigatória e
gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino.
Nesse sentido prevê a punição e reclusão de dois a cinco anos e multa para
os estabelecimentos de ensino público ou privado, que por qualquer motivo recusem,
cobrem valores adicionais, suspendam, procrastinem, cancelem ou façam cessar
inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público
ou privado. A Lei n° 7.853/89 representa um grande avanço na questão relacionada à
inclusão e ao início de integração social.
Diante do ponto de vista de tratamento social conferido na Convenção
Internacional de Proteção aos Direitos da Pessoa com Deficiência, optou-se nesse
trabalho, pela real face da inclusão da pessoa com deficiência na escola como direito
fundamental.
Para tanto, fez-se uma análise das garantias constitucionais e do conjunto de
leis que visa assegurar a proteção dos direitos das pessoas com deficiência física.
Portanto, a presente pesquisa tem como objetivo geral identificar as
normativas constitucionais e legais a fim de demonstrar que a inclusão da pessoa com
15

deficiência na escola e o correspondente direito à acessibilidade tem assento


constitucional como direito fundamental.
A experiência desta autora como docente do ensino fundamental, como tutora
de alunos com deficiência em escolas públicas e como mãe de um filho com
deficiência permite afirmar que há pouco conhecimento da sociedade a respeito das
leis de proteção a pessoa com deficiência. Este trabalho tem como grande finalidade
ser utilizado como fonte de informação e fundamentos, podendo ser utilizado por
professores, instituições, familiares e pela própria pessoa com deficiência.
Este trabalho de conclusão de curso estrutura-se em cinco capítulos. Após a
presente introdução, o segundo capítulo apresenta as ações voltadas à pessoa com
deficiência: abordará os primeiros movimentos existentes em defesa dos direitos das
pessoas com deficiência; a pedagogia e a inclusão, as terminologias usadas para
nomear essas pessoas e como elas eram vistas na sociedade, pelos diferentes
modelos de tratamento.
O capítulo três apresenta o desenvolvimento dos direitos humanos e a pessoa
com deficiência com enfoque especial na Convenção Sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência, como ferramenta nas mudanças comportamentais do cenário de
exclusão.
No último capítulo serão abordados os direitos da pessoa com deficiência no
Brasil, a educação inclusiva e a acessibilidade com ênfase na Lei 7.853/89 e na Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Ao final, à guisa de conclusão, aponta-se a necessidade de encarar o tema
da educação inclusiva e acessibilidade não como um favor do Estado, mas como um
direito fundamental cuja concretização é imperativa.
16

2 AÇÕES VOLTADAS A PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Bevervanço (2001) afirma que a inclusão da pessoa com deficiência na


sociedade, acompanha desde sempre a humanidade, embora parte da doutrina
entenda que o tema seja um fenômeno do século XX.
Nesse sentido, alguns pontos introdutórios são importantes na análise do
assunto.

2.1 A PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL

Segundo o guia Para Todos, disponibilizado pela Secretaria Nacional de


Promoção dos Direitos das pessoas com deficiência, até a década de 70, às pessoas
com deficiência não tinham reconhecidos nenhum direito relativo à sua condição. Para
a mudança desse quadro se fez necessária a organização de movimentos afirmativos,
dispostos a lutar pelos direitos humanos, por autonomia e pela inclusão social.
(BRASIL, 2011a).
Para Silva (1987 p.11), “a sobrevivência das pessoas com deficiência no Brasil
e em boa parte do mundo tem sido uma grande epopeia”. Essa luta constante através
de muitos séculos foi ignorada pelos governos e sociedade. O autor afirma que a
sobrevivência das pessoas com deficiências:

[...] aqui no Brasil e em boa parte do mundo, na grande maioria dos casos,
tem sido uma verdadeira epopéia. Essa epopéia nunca deixou de ser uma
luta quase que fatalmente ignorada pela sociedade e pelos governos como
um todo - uma verdadeira saga melancólica-assim como o foi em todas as
culturas pelos muitos séculos da existência do homem. Ignorada, não por
desconhecimento acidental ou por falta de informações, mas por não se
desejar dela tomar conhecimento. (SILVA, 1987, p.11).

Afirma o mesmo autor, que nada de concreto existe, quanto à existência de


pessoas com deficiência, nos primórdios da humanidade, a não ser supostas
situações baseadas em indícios:

É evidente que fatos concretos ou situações comprovadas de vida, em toda


a fase pré-histórica da História da Humanidade, são impossíveis de serem
estabelecidos, mesmo com o magnífico concurso dos sábios que dominam
muito bem toda a ciência arqueológica e áreas afins. (SILVA, 1987.p.14).
17

Nesse viés estudos mostram a possibilidade de existência de patologias,


desde os primórdios do homem na terra. Constatou-se através de estudos ósseos que
já existia a presença de diversas anomalias em várias partes do mundo. Em suas
pesquisas Silva citando Stéphen-Chauvet em sua obra "La Médecine chez les
PeuplesPrimitifs (Préhistoriques et Contemporains)", afirma que um grande estudioso
de achados pré históricos Dr. Raymond:

[...] pôde estudar um fêmur direito encontrado numa gruta do vale Petit-Morin
que havia sido fraturado em seu terço inferior, e que apresentava um forte
deslocamento. O fragmento inferior tinha sua ponta, na linha áspera e
quebrada, solidificada à extremidade baixa do pedaço superior do fêmur, mas
com grande desvio. Assim, o conjunto é envolvido numa calosidade óssea de
aproximadamente 20 cm de circunferência, daí resultando um considerável
encurtamento da coxa. Todas essas fraturas mesmo a do metatarso
chegavam a impedir o homem primitivo da participação em atividades de caça
ou de guerra praticamente durante meses. Viviam com seus membros
imobilizados - ou pelo menos não usados - sobrevivendo na dependência dos
demais. Eram, assim, transitórias, mas seriamente deficientes. (SILVA,
1987.p.18)1.

Em 1500 aproximadamente cinco milhões de índios vivam no território


brasileiro, que se dividiam em tribos. Cada grupo indígena possuía sua crença e rituais
religiosos específicos. Segundo relatos de historiadores e antropólogos em algumas
tribos ao nascer uma criança com deformidades físicas ela era imediatamente
rejeitada, pois se acreditava que traria maldição à tribo. Os recém nascidos eram
abandonados nas matas, atirados das montanhas, ou ainda sacrificadas em rituais de
purificação. (Figueira, 2008).
Todavia Figueira (2008, p.24) sustenta que isso nem sempre acontecia “há
relatos que afirmam sim a existência de índios com deficiência”.

1Em relação aos cuidados prestados à pessoa com deficiência Sidney Madruga, (2016, p.34-36)
aponta que ao longo da história existiram diferentes modelos de tratamento conferidos às pessoas
com deficiência. “A doutrina por sua vez os divide em três: modelo de prescindência, o modelo médico
(ou reabilitador) e o modelo social”.
No modelo de prescindência os motivos que davam origem à deficiência teriam cunho religioso e “as
pessoas com deficiência são consideradas inúteis por não contribuírem com a vida na comunidade”.
Nesse modelo assim como ocorria na Idade Média às pessoas eram eliminadas ou excluídas.
O modelo médico/ reabilitador, surgiu ante os efeitos suportados pelos feridos em combate, com o
fim da Primeira Guerra Mundial. Considera a origem científica da deficiência, como um “problema”
que está nas limitações individuais da pessoa incapaz de enfrentar a sociedade. E o modelo social
que surgiu em meados de 1960, nesse modelo o problema não é entendido de maneira individual,
mas eminentemente social. O problema está na sociedade e não no indivíduo.
Os modelos de tratamento serão explanados no capítulo 2.2 para melhor compreensão dessa
evolução.
18

Nesse sentido Figueira (2008) citando Léry um missionário europeu que após
ser nomeado pastor em 1560, escreve suas experiências brasileiras, e entre elas esta:
“Viagem à Terra do Brasil” de 1578. Nessa obra Léry narrou à vida e os costumes dos
tupinambás, onde em certo trecho descreve:

Não são maiores nem mais gordos que os europeus; são, porém mais fortes,
mais robustos, mais entroncados, mais bem dispostos e menos sujeitos a
moléstias, havendo entre eles muito poucos coxos, disformes, aleijados ou
doentios. (FIGUEIRA, apud Léry 2008, p.24).

Embora sem muitos detalhes, essa afirmação denota que nem todas as tribos
praticavam a política de exclusão. Dessa maneira Figueira (2008) afirma que existiram
pessoas com deficiência já a essa época. Mas foi na metade do século XVI, que surge
a medicina jesuítica onde, os padres e irmãos da Companhia de Jesus2 foram os
médicos, enfermeiros e boticários3 dos povos daquela época.
Com a Companhia de Jesus, surgiram os primeiros hospitais das Irmandades
de Misericórdia, mas contavam com poucos recursos que não atendiam as
necessidades daquele período. Esses locais eram procurados pelos doentes, pobres,
mestiços e negros que buscavam socorro. Dessa forma transformando as enfermarias
da Companhia de Jesus em hospitais aos necessitados (FIGUEIRA, 2008).
Salienta Figueira (2008, p.30), que “embora não tendo registros oficiais da
época, pelas descrições das doenças, podemos presumir a existência de pessoas
com deficiências congênitas ou adquiridas, entre os assistidos pelos jesuítas”.
No que tange ao assistencialismo, que mais tarde se configura no modelo
médico de tratamento da pessoa com deficiência, as crianças provenientes das
relações entre os brancos, negros com as mulheres indígenas eram chamadas órfãs
da terra, e eram normalmente abandonadas por suas mães. Os índios acreditavam
que parentesco verdadeiro se dava apenas parte dos pais, e assim essas crianças
não fariam parte do seu povo, por não terem sido geradas por um homem da tribo.
(FIGUEIRA, 2008).

2 A Companhia de Jesus [...] era uma Sociedade missionária fundada em 1534, com o objetivo de
defender o catolicismo contra a Reforma Protestante na Europa [...] (FIGUEIRA, 2008, p.27).
3 Os boticários foram cristão-novos, de condição inferior e oriundos da Península Ibérica. Estabeleciam

boticas, contratavam auxiliares e trabalhavam na manipulação das drogas, obedecendo ao que era
determinado nas coleções manuscritas de receitas, enquanto que os boticários mais esclarecidos
manuseavam as obras de botânica e de matéria médica. (FIGUEIRA, 2008, p.29).
19

Esses órfãos então eram recolhidos em lugares chamados ‘Casa de


Muchacho’, para que fossem educados dentro dos ensinamentos da igreja. E dessa
forma nascia o primeiro afastamento do convívio familiar praticado no Brasil,
configurando uma política de exclusão. (FIGUEIRA, 2008, p.35).
Segundo aponta Marcílio (2016), de 1726 a 1950 funcionou no Brasil a roda
dos expostos, lugar onde se colocava os bebês que se queria abandonar, que
perdurou por século e meio sendo uma das intuições brasileiras de mais longa vida e
praticamente a única com esse tipo de assistência.
Camargo citado por Figueira (2008) traça uma visão sobre o destino dessas
crianças abandonadas:

As crianças expostas às Rodas, no Brasil e na Europa, recebiam a marca


estigmatizadora do abandono, e mediante a ela suas vidas pautavam-se
pelas mais várias formas de exclusão [...]. Grande parte das crianças
expostas morria ainda no período de amamentação, outro tanto era vendida
como escrava e outra parcela, depois de crescida, passava a habitar as ruas.
(FIGUEIRA, 2008, p.38).

Foi neste cenário que, surge à ideia de tutela no Brasil, que mais tarde reflete
também no assistencialismo às pessoas com deficiência. (FIGUEIRA, 2008).
Sobre a deficiência causada pelo trabalho escravo Figueira (2008) ensina que
nessa época houve muitos casos, advindos de mutilações e castigos aplicados pelos
portugueses. Documentos oficiais da época comprovam que D. João V aprovava essa
punição. Esse número de deficientes só não foi maior devido à necessidade dos
escravos para a mão de obra.
Descrevendo o destino dos escravos mutilados e consequentemente
deficientes, Figueira (2008, p. 50) se reporta a obra de Delbret, que reproduziu
fielmente o cotidiano de nosso país: “várias pessoas cegas, eram utilizadas e
valorizadas como cantores de rua” ou simplesmente, abandonadas e ficavam em
busca de sobrevivência.
Ainda no Brasil Colônia surgiram os primeiros hospitais brasileiros e as Santas
Casas de Misericórdia para dar abrigo aos necessitados, marcando uma cultura
assistencialista, que mais tarde daria abrigo a deficiência associada à doença. Essa
cultura não teve modificações relevantes até meados do século XX. (FIGUEIRA,
2008).
20

Nesse aspecto foi somente em 1956 com o início da Revolução Industrial, que
Jânio Quadros, com o intuito de atender os operários acidentados, assina o Decreto
27.083/56. Criando na Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo, o
Instituto Nacional de Reabilitação, o (INAR), que foi extinto em 1968 com o final do
apoio de especialistas estrangeiros e de membros da ONU. (FIGUEIRA, 2008).
Já de acordo com Lanna Júnior (2010, p.28) “um dos primeiros centros de
reabilitação do Brasil foi a Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR),
fundada em 1954”. Foi idealizado pelo arquiteto Fernando Lemos, que tinha um filho
com sequelas de poliomielite.
Nesse mesmo pensamento o autor ressalta a importância da ABBR, pois foi
dela a iniciativa de criar a escola de reabilitação para formar fisioterapeutas e
terapeutas ocupacionais, ante a carência desses profissionais no Brasil. (LANNA
JÚNIOR, 2010).
E a partir de 1960 com os novos rumos da industrialização, o perfil dos
usuários dos centros de reabilitação teve uma mudança significativa:

A consolidação da urbanização e da industrialização da sociedade e o êxito


das campanhas nacionais de vacinação provocaram dois efeitos: diminuíram
os casos de sequelas por poliomielite e aumentaram os casos de deficiência
associados a causas violentas, principalmente acidentes automobilísticos
(carro e moto), de mergulho e ferimentos ocasionados por armas de fogo.
(LANNA JÚNIOR, 2010, p. 28).

Embora tenha substituído o modelo de prescindência, e representasse um


progresso o modelo médico de tratamento visava apenas à reabilitação, atribuindo a
responsabilidade pela deficiência apenas ao indivíduo. Ou seja, até aqui a exclusão
social ainda persiste. Esse modelo de tratamento desconsidera a responsabilidade
social para a inclusão da pessoa com deficiência.

2.2 A ONU E AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Segundo Silva (1987), no que se refere à reabilitação e os esforços


internacionais, pautada no modelo médico, visando soluções para as deficiências
causadas pela guerra, a ONU - Organização das Nações Unidas, com o apoio de
entidades não-governamentais, na tentativa de encontrar soluções aos mutilados de
21

guerra, concentrou esforços em programas de reabilitação das pessoas com


deficiência.
Porém esses esforços não tiveram sucesso devido à falta de coordenação,
pois não havia um plano mundial para dar cobertura a toda à magnitude de
dificuldades.
O autor aponta que as ações preventivas são tão importantes, quanto à
própria reabilitação. E nesse mesmo pensamento que a Assembleia Geral da ONU,
tem a sua atenção voltada para a grande variedade dos demais problemas de
desenvolvimento.
Dessa forma no ano de 1975, foi aprovada pela Assembleia a Declaração dos
Direitos das Pessoas com Deficiência. (SILVA, 1987).
Fato relevante para a proteção e a conscientização sobre a problemática das
pessoas com deficiência, ocorreu um ano depois quando aprovado a Resolução n°
31/123, que proclamou o ano de 1981, como o Ano Internacional para as Pessoas
com Deficiência (International Year for Disabled Persons). (SILVA, 1987).
No Brasil o Ano Internacional das Pessoas com Deficiência, aconteceu em
1979, através de uma carta que o oficial Chefe da Unidade de Reabilitação da ONU
enviou com o objetivo estimular o evento para que esse surtisse efeito. (SILVA, 1987).
Silva (1987), explica que vários movimentos da época se reuniram com o
objetivo de elaborar novas propostas para aplicação das proposições no Brasil, uma
vez que no documento original o texto era fragmentado.
De acordo com Comissão Nacional do Ano Internacional das Pessoas com
Deficiência, as atividades foram planejadas de maneira a envolver o maior número
possível de Órgãos do Governo, Entidades não Governamentais e Membros da
Comunidade, no intento que todos os brasileiros deficientes ou não, participassem
num trabalho coeso e sistematizado. (BRASIL, 1981).
Destarte ainda o Ano Internacional das Pessoas com Deficiência tinha por
seus principais objetivos:
22

1. Ajudar os deficientes no seu ajustamento físico e psicossocial na


sociedade;
2. Promover todos os esforços, nacionais e internacionais, para proporcionar
aos deficientes assistências adequadas, treinamento, cuidadosa orientação,
oportunidades para trabalho compatível e assegurar a sua plena integração
na sociedade;
3. Estimular projetos de estudo e pesquisa, visandoa participação prática e
efetiva de deficientes nas atividades da vida diária, melhorando as condições
de acesso aos edifícios públicos e sistemas de transportes;
4. Educar e informar o público sobre o direito das pessoas deficientes de
participarem e contribuírem, nos vários aspectos da vida econômica, social e
política;
5. Promover medidas eficazes para a prevenção de deficiências e para a
reabilitação das pessoas deficientes (BRASIL, 1981 p.2).

Porém não foi o que ocorreu Lanna Júnior (2010), salienta que as pessoas
com deficiência, não participaram dessa Comissão Nacional do Ano Internacional das
Pessoas com Deficiência, motivo que gerou grande insatisfação por parte do
movimento.
Muitas foram às críticas nesse sentido. Como consequência, houve muitas
ações, no intuito de aproveitar a atenção midiática que o evento proporcionava. Dessa
forma foram criadas várias comissões de pessoas com deficiência visando despertar
à busca pelos direitos. (LANNA JÚNIOR, 2010).
A imprensa por sua vez demonstrando pouco conhecimento sobre o tema
generalizou o uso das expressões, empregando termos pejorativos como: “‘retardado
mental’, ‘paralítico’, e ‘deficiente físico’”. Tais atitudes despertaram campanhas contra
a forma pelas qual as pessoas com deficiência foram tratadas pela imprensa (LANNA
JÚNIOR, 2010, p 46).
Todavia o autor destaca um ponto positivo e importante para esse ano “Pode
se afirmar que o Ano Internacional da Pessoa com Deficiência, cumpriu o objetivo
desejado pela ONU”. No Brasil as pessoas com deficiência além de ganharem
destaque, suas reivindicações, por direitos e mobilizações foram notadas como nunca
antes tinha acontecido. (LANNA JÚNIOR, 2010, p.46).
E somente em 1990 que o serviço de reabilitação reaparece, com a assinatura
do Decreto 32.122 onde o Instituto de Ortopedia e Traumatologia, passa a chamar
Professor Francisco Elias Godoy Moreira. (FIGUEIRA, 2008).
23

2.3 PEDAGOGIA E INCLUSÃO

Sobre a contribuição médica pedagógica Jannuzzi (2012) explica que as


pesquisas no campo educacional, ocorreram entre o final do século XIX e meados do
século XX. Dessa forma os médicos:

[...] também perceberam importância da pedagogia, criando instituições


escolares ligadas a hospitais psiquiátricos, congregando crianças bem
comprometidas em seu quadro geral e que estavam segregadas socialmente
junto com os adultos loucos. (JANNUZZI, 2012, p.31-32).

De acordo com a autora apesar das iniciativas, manterem a segregação dos


deficientes, já apontava algo positivo, como a tentativa de se não limitar somente ao
campo médico, mas de visar o lado pedagógico dessas crianças:

Percebo que esses pavilhões anexos aos hospitais psiquiátricos, nascidos


sob a preocupação médico-pedagógica, mantêm a segregação desses
deficientes, continuando, pois a patentear, a institucionalizar a segregação
social, mas não apenas isso. Há a apresentação de algo esperançoso, de
algo diferente, alguma tentativa de não limiar o auxilia a essas crianças
apenas ao campo médico [...] já era a percepção da importância da educação;
era já o desafio trazido ao campo pedagógico, em sistematizar
conhecimentos que fizessem dessas crianças participantes de alguma forma
da vida do grupo social. (JANNUZZI, 2012, p.33).

“Entre os primeiros médicos que se dedicaram à questão havia uma


preocupação de estabelecer uma catalogação de anormalidade.” As pessoas com
dificuldades pedagógicas eram anotadas em fichas das chamadas crianças com
defeitos pedagógicos. Dessa forma as pessoas com deficiência eram separadas de
acordo com os critérios médicos: os anormais intelectuais, os morais e os
pedagógicos. (FIGUEIRA, 2008, p. 81).
Nesse aspecto alerta Jannuzzi (2012) que isso tudo influenciou às tentativas
de escolarização das pessoas com deficiência, e a partir de 1930, a sociedade civil
começa a se organizar em associações de pessoas preocupadas com o problema.
Assim de acordo com a autora já citada, em 1946 a nova Constituição, trouxe
várias propostas de redemocratização do país que asseguraram à União a
competência para legislar sobre as Leis de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
Nessa época a preocupação em relação à (LDB) era o interesse pelo ensino
público.
24

Dessa forma Goffredo (1999) orienta que muitos foram os caminhos para uma
educação inclusiva, de qualidade e para todos os indivíduos. Em 1994, na cidade de
Salamanca, na Espanha aconteceu a Conferência Mundial sobre Necessidades
Educativas Especiais. Essa conferência tinha por objetivo:

[...] promover a Educação para Todos, analisando as mudanças


fundamentais de políticas necessárias para favorecer o enfoque da educação
integrador, capacitando as escolas para atenderem a todas as crianças,
sobretudo as que têm necessidades educativas especiais. (GOFFREDO,
1999, p.28).

Dessa forma, surge um dos mais importantes documentos que visa à inclusão
social, a Declaração de Salamanca, resolução das Nações Unidas, a qual o Brasil se
tornou signatário em 1994.
Cabe ressaltar que a Declaração de Salamanca, traz que todas as crianças
com necessidades educacionais especiais deveriam ter acesso à escola regular,
sendo acomodadas em uma pedagogia centrada na criança. Esse documento:

[...] reforça o direito a uma educação de qualidade e que considere as


características e os interesses únicos de cada educando, evitando-se assim,
discriminações e a exclusão escolar. Nesse sentido, propõe que as escolas
se organizem e se capacitem para atender a todos. (RAIÇA, 2014, não p.)

Frente ao exposto Goffredo (1999) enfatiza que o movimento de Educação


Inclusiva, foi um grande avanço para a realidade educacional da época, mesmo que
ainda em fase de transição. Visto que a Declaração de Salamanca recomenda a
matrícula do aluno com deficiência na escola regular, enquanto antes prevalecia à
escola especial como o lugar para as pessoas com deficiência.
Mas para que exista uma educação democrática, onde todas as pessoas
possam ser inseridas dentro da sociedade, cabe nesse contexto essencialmente ao
professor exercer esse papel, com compromisso e responsabilidade, no sentido de
promover uma educação equânime que atenda a diversidade na medida de suas
diferenças. (GOFFREDO, 1999).
Em suma os primeiros passos foram dados, em relação à inclusão da pessoa
com deficiência na escola regular.
25

2.4 A ATUAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Muitas mudanças ocorreram, através dos movimentos das pessoas com


deficiência, em busca da igualdade, da autonomia e da inclusão social. Nesse sentido
Sassaki (1997) citado por Figueira (2008) faz um resumo geral dos movimentos das
pessoas com deficiência no Brasil:

A história do movimento de pessoas com deficiência no Brasil contém uma


enorme quantidade de fatos, realizações, frustrações, sucessos e fracassos,
e, sobretudo muitas lutas, muitas horas de trabalho duro e muitos objetivos
atingidos em quase todas as cidades. [...] Poderíamos fazer uma lista longa,
muita longa lista de nomes de companheiros que incansavelmente lutaram, e
continuam lutando, em todo o País pela causa da participação plena e
igualdade de direitos das pessoas com deficiência. Muitos desses valorosos
militantes, a maioria anônimo para o grande público, não estão mais neste
mundo, porém deixaram conosco o exemplo a ser seguido por outras
gerações. (SASSAKI, 1997 apud FIGUEIRA, 2008, p.137).

Figueira (2008, p. 140) ensina que hoje devido o grande número de pessoas
com deficiência no Brasil, “essa quantidade passou a ter um peso significativo na
sociedade”. Deixando de ser os coitadinhos para tornar-se um público ativo,
consumidor, produtivo, e sabedor de onde realmente quer chegar, exigente de bons
serviços.
Como consequência, cada vez mais o contexto social esta se voltando a
promover e adaptar a política da inclusão social para recebê-los.
O autor salienta que com o crescimento do Terceiro Setor, as famosas ONG
– Organizações Não- Governamentais, que surgiram significativamente na década de
noventa, voltadas a participação dos cidadãos em ações que visam interesse comum
em uma esfera de atuação pública, não estatal, formada a partir de iniciativas
voluntárias e sem fins lucrativos, houve uma grande participação das pessoas com
deficiência.
Fundadas, presididas e administradas por elas com velhos nomes dos
movimentos das três décadas passadas. As ONGs por sua vez significam “uma nova
expressão, um novo reduto para o movimento atual”, na continuação dos novos
desafios na defesa dos direitos das pessoas com deficiência. (FIGUERIA, 2008, p.
142).
As organizações representativas, das pessoas com deficiência, também
estimularam uma nova mudança: passando do campo assistencialista para um campo
26

mais inclusivo. Porém de início gerou certa apreensão em relação às famílias, pois
estas sentiram insegurança em relação ao medo de perder direitos já conquistados.
(SANTOS, 1999).
Sobre as mudanças ocorridas em função dos movimentos sociais Lanna
Júnior (2010, p. 108), comenta que do paradigma integração até a sociedade
inclusiva, “o movimento político das pessoas com deficiência, vem trabalhando
intensivamente para alcançar um novo patamar de dignidade humana”.
Desse modo explica o autor que o movimento político das pessoas com
deficiência ainda:

[...] convive com resquícios de segregação, muito de integração, e são


incipientes as práticas de inclusão, as quais apresentam a diversidade
humana como regra e, por conseguinte, tem como princípios norteadores da
sociedade o respeito e a valorização das diferenças. Autonomia, direito a
fazer sua própria escolha, vida independente e não discriminação podem ser
sumarizados pelo lema “Nada sobre nós sem nós”. (LANNA JUNIOR, 2010,
p.108).

Destarte Lanna Júnior (2010), ressalta que os desafios que ainda deverão ser
enfrentados pelos movimentos são: a efetividade das leis e os sistemas de proteção
conquistados, de modo que se apliquem ao cotidiano das pessoas com deficiência. E
que os novos movimentos se fortaleçam, de modo a dar seguimento na disseminação
dos direitos adquiridos a fim de evitar as violações que possam ocorrer.

2.5 TERMINOLOGIA

Ao longo da história, várias foram as denominações atribuídas às pessoas


com deficiência. Nota-se que alguns termos foram usados baseados na ideia de
exclusão social. Nesse sentido, “[...] palavras usadas para nomear as pessoas com
deficiência comportam uma visão valorativa que traduz as percepções da época em
que foram cunhadas”. (LANNA JÚNIOR, 2010, p.16).
Para os movimentos sociais as palavras empregadas as pessoas com
deficiência, são:
27

[...] instrumentos importantes de luta política. A busca por novas


denominações reflete a intenção de rompimento com as premissas de
menos-valia que até então embasavam a visão sobre a deficiência. Termos
genéricos como “inválidos”, “incapazes”, “aleijados” e “defeituosos” foram
amplamente utilizados e difundidos até meados do século XX, indicando a
percepção dessas pessoas como um fardo social, inútil e sem valor. (LANNA,
JÚNIOR, 2010, p.17).

Contudo Luiz Alberto David Araújo busca definir a pessoa portadora de


deficiência na medida de sua integração social:

O que define a pessoa com deficiência não é a falta de um membro nem a


visão ou audição reduzida. O que caracteriza a pessoa com deficiência é a
dificuldade de se relacionar, de se integrar na sociedade. O grau de
dificuldade para a integração social é que definirá quem é ou não portador de
deficiência. [...] A deficiência, portanto, há que ser entendida levando-se em
conta o grau de dificuldade para a integração de uma falha sensorial ou
motora [...] (ARAÙJO, 2011, p.20-21).

Todavia, na busca, por novas denominações que rompesse com a imagem


negativa de exclusão, as pessoas com deficiência se organizaram em movimentos,
dos quais:

O primeiro passo nessa direção foi à expressão “pessoas deficientes”, que o


movimento usou quando da sua organização no final da década de 1970 e
início da década de 1980, por influência do Ano Internacional das Pessoas
Deficientes (AIPD). A inclusão do substantivo “pessoa” era uma forma de
evitar a coisificação, se contrapondo à inferiorização e desvalorização
associada aos termos pejorativos usados até então. (LANNA, JÚNIOR, 2010,
p.17).

Foi a partir da década de 70, que surge a busca por definições ou termos que
fossem mais precisos e objetivos, pois até então o que se tinha eram conceitos
evasivos, e definições que não davam conta da realidade total e concreta dessas
pessoas. O intuito era aprimorar os termos de modo que propiciasse uma imagem
positiva desses grupos.(RIBAS, 2003).
Pois até então, o que se tinha era uma imagem distorcida das pessoas com
deficiência, construídas com base em termos como “inválidos, insanos, ceguinhos ou
portadores de handicap”. Tais imagens e termos, entretanto foram sendo construídos
através da cultura de fatores históricos. (RIBAS, 2003, p.9).
Dessa forma (RIBAS, 2003, p. 10) com o objetivo de lançar mundialmente o
termo ‘pessoas deficientes’ “alguns órgãos da Organização das Nações Unidas se
manifestaram”. Surgindo em 1975a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes,
28

aprovada pela Assembleia Geral da ONU, que proclamou em seu artigo I, sobre o
termo “pessoas deficientes”, que se referiu:

[...] a qualquer pessoa incapaz de assegurar por si mesma, total ou


parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal, em
decorrência de uma deficiência congênita ou não em suas capacidades
físicas ou mentais. (RIBAS, 2003, p.10).

Insta salientar o que diz o Ministro Antônio Herman de Vasconcelos e


BENJAMIN em seu texto A Tutela Das Pessoas Portadoras de Deficiência que “nem
sempre o termo “deficiente” tem significado idêntico par a Medicina e para o Direito”.
(BENJAMIN, 1997, p. 5).
O Ministro ressalta que a deficiência e a incapacidade jurídica não se
confundem. Visto que “a incapacidade diz respeito, fundamentalmente à
impossibilidade de expressão adequada da vontade já a deficiência, ocorre face à
limitação física ou mental que nem sempre atinge os limites da incapacidade jurídica”.
(BENJAMIN, 1997 p.6).
Nesse sentido Araújo (2011) esclarece que algumas expressões ou palavras
realçam a incapacidade, outras mais a noção de deficiências. O autor destaca
algumas expressões utilizadas como: portador de necessidades especiais, e o termo
deficiente, que é mais incisivo, pois leva diretamente, a deficiência do indivíduo.
Segundo Wainer, citado por o Lippo (2009), o termo deficiência surgiu para:

[...] substituir anormalidade, seguindo um processo que tem como base uma
lógica de institucionalização e segregação das diferenças. Entretanto, se lida
com a deficiência como se ela fosse natural, estática, definitiva. Porém esse
é um fenômeno relacional, depende do contexto, de situação, da cultura em
questão, etc. A explicação sob o referencial organicista não dá conta dos
critérios de agrupamentos e não justifica e exclusão. Pode-se dizer que a
prática dessa área se caracteriza pela manutenção do conceito de
deficiência, reputada a causas biológicas, emocionais ou sociais. Mesmo
quando relativizada (considerando deficiência como construção), afirma a
existência de uma identidade deficiente. A preservação desse conceito, ao
mesmo tempo em que estigmatiza e marginaliza alguns grupos sociais,
obscurece os efeitos de poder nesses grupos. (LIPPO, 2009, p.51).

Assim Diniz (2012, p.20), explica que a deficiência passou a ser um conceito
político: “a expressão da desvantagem social sofrida pelas pessoas com diferentes
lesões”. Ainda segundo a autora, termos como:
29

Pessoa portadora de deficiência, pessoa com necessidades especiais, e


outros agressivos, como aleijado, débil mental, retardado, mongoloide,
manco e coxo, foram colocados na mesa de discussões. (DINIZ, 2012. p. 20-
21).

Com o intuito de que reformular os termos e consequentemente a imagem,


das pessoas com deficiência, órgãos da Organização nações unidas lançaram
mundialmente o termo pessoas deficientes. Surgindo assim a Declaração dos Direitos
das Pessoas Deficientes, no ano de 1975. Designando o artigo primeiro a definição
da expressão “pessoas deficientes”:

[...] designa qualquer pessoa incapaz de satisfazer por si própria, no todo


ou em parte, as necessidades de uma vida normal individual e/ou social, em
resultado de deficiência, congênita ou não, nas suas faculdades físicas ou
mentais. (BRASIL, 1975).

Nessa seara, de acordo com Bublitz e Hendges (2001) a Organização Mundial


de Saúde, publicou em 1980 uma Classificação Internacional definindo conceitos dos
Casos de impedimento, deficiência e incapacidade, ressaltando que embora os três
conceitos estejam presentes nas pessoas com deficiência, tais restrições não lhes
retiram o valor, o poder de decidir sobre suas vidas e de tomarem decisões.
A OMS é uma das organizações mais importantes que trabalham
continuamente sobre uma definição geral da deficiência: Desde 1980, a Classificação
Internacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagens (ICIDH) tem sido o mais
importante sistema de classificação no processo de compreender e definir
a deficiência. A classificação foi revisada no final dos anos 90, dando origem à
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (ICF) em 2002.
De acordo com Bublitz e Hendges (2001, não p.):
30

Deficiência: perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica,


fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente. Incluem-se nessas a
ocorrência de uma anomalia, defeito ou perda de um membro, órgão, tecido
ou qualquer outra estrutura do corpo, inclusive das funções mentais.
Representa a exteriorização de um estado patológico, refletindo um distúrbio
orgânico, uma perturbação no órgão.
Incapacidade: restrição, resultante de uma deficiência, da habilidade para
desempenhar uma atividade considerada normal para o ser humano. Surge
como consequência direta ou é resposta do indivíduo a uma deficiência
psicológica, física, sensorial ou outra. Representa a objetivação da deficiência
e reflete os distúrbios da própria pessoa, nas atividades e comportamentos
essenciais à vida diária.
Desvantagem: prejuízo para o indivíduo, resultante de uma deficiência ou
uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho de papéis de acordo
com a idade, sexo, fatores sociais e culturais Caracteriza-se por uma
discordância entre a capacidade individual de realização e as expectativas do
indivíduo ou do seu grupo social. Representa a socialização da deficiência e
relaciona-se às dificuldades nas habilidades de sobrevivência.

Sobre a terminologia à luz do texto Constitucional de 1988, a expressão


adotada antes da Convenção Internacional da ONU, julgando ser a mais adequada foi
pessoas portadoras de deficiência. E em 1989 a Lei n° 7.853que inaugurou a tutela
dos direitos das pessoas portadora de deficiência, adotou essa mesma denominação.
(ARAUJO, 2011).
Nas palavras de Bublitz e Hendges (2011) a Lei nº 7.853/89 foi regulamentada
pelo Decreto Federal nº 3.298/99, que instituiu a política nacional para a integração
da pessoa portadora de deficiência. A Leitrouxe a definição paraessa
terminologia,ressaltando um aspecto mais técnico. Assimo art. 3o deste Decreto, traz
algumas especificações nesse sentido. (vide anexo 3).
OLIVEIRA (1981) lembra que há que ser ter um cuidado no uso das
terminologias das pessoas com deficiência, com expressões e definições que
atendam aos princípios da ética profissional, evitando linguagens e termos pejorativos
usados no passado.
Com aprovação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) surgem novas expressões
pautadas na declaração de Salamanca com o termo pessoas portadoras de
necessidades educacionais especiais (PNEE), que designava os excluídos da escola
e dos processos educativos. (LIPPO, 2009).
Apesar de ter sido pensada na especificidade da educação o termo pessoas
portadoras de necessidades educacionais especiais, logo foi abolida pela sociedade
que de maneira mais prática sintetizou o termo para “pessoas portadoras de
necessidades especiais sendo utilizada como substitutiva para pessoas com
deficiência”. (LIPPO, 2009, p.53).
31

Bevervanço (2001) explica que até meados do século XXI muitos profissionais
da área defendiam essa denominação pessoa com necessidades especial. Explica a
autora que tal conceito afasta a sociedade das deficiências e suas modalidades:
pessoa com necessidades especiais dificulta a difusão de informação, diante da
generalidade extrema.
Nesse mesmo pensamento Lippo (2009) salienta que alguns autores
discordam desse termo sintetizado pessoas com deficiência, por descaracterizar a
identificação dos movimentos sociais. Uma vez que esse termo torna-se ainda muito
mais abrangente. “Centra-se em um déficit, não na diferença ou particularidade e
tampouco na capacidade do indivíduo”. (LIPPO, 2009, p.53).
E como observa Figueiredo (1997) citado por Bevervanço (2001), em virtude
de tais fatos, a opção mais técnica e adequada ainda seria pessoa “portadora de
deficiência”. (FIGUEIREDO, 1997 apud BEVERVANÇO, 2001, p. 12).
Destarte Débora Diniz, descreve que é comum o termo deficiente, nos
seguidores das Upias (Liga dos Lesados Contra a Segregação)e na linha britânica,
por denotar a identidade na deficiência. (DINIZ, 2012, p. 21).
Segundo Oliver e Barnes, citado por Diniz (2012, p.21) explica sobre o que
sugere “a expressão pessoa com deficiência”:

[...] “sugere que a deficiência é propriedade do indivíduo e não da sociedade”,


ao passo que “pessoa deficiente” ou “deficiente” demonstra que a deficiência
é parte constitutiva da identidade das pessoas, e não um detalhe. “Oliver”
critica duramente a expressão composta “pessoa com deficiência”, adotada
pela tradição estadunidense.

Oliver citado por Débora Diniz por sua vez, considera que essa expressão
deficiente faz parte de uma visão liberal, e tratar-se de um modelo mais forte
politicamente;
Esta visão liberal e humanista vai de encontro à realidade tal como ela é
experimentada pelos deficientes, que sustentam ser a deficiência parte
essencial da constituição de suas identidades e não meramente um apêndice.
Nesse contexto, não faz sentido falar sobre pessoas e deficiência
separadamente. [...] “Deficiente” seria, portanto, um termo politicamente mais
forte que “pessoa com deficiência”, muito embora alguns autores utilizem
ambos de modo indiscriminado. (DINIZ, 2012.p.21-22).

Partindo do pressuposto de uma visão histórica, Lippo (2009) destaca que a


nomenclatura mudou, assim como a humanidade ao longo da história. Nesse aspecto
32

da mesma maneira que o desenvolvimento tecnológico evolui também evoluem as


nomenclaturas, a serem utilizadas.
Ainda segundo o autor apesar das mudanças, referente às variações do termo
correto:“portador de deficiência, pessoa portadora de deficiência ou portador de
necessidades especiais”o que se observou é que o termo ficou ligado à história, a
passagem do tempo e espaço (LIPPO, 2009, p.58).
Segundo Sassaki:

A razão disso reside no fato de que a cada época são utilizadas palavras
cujos significados são compatíveis com os valores vigentes no período.
Percorramos, mesmo que superficialmente, a trajetória da terminologia
utilizada ao longo da história da atenção às pessoas com deficiência no
Brasil. (SASSAKI, p.10, 2009).

De acordo com o quadro 1, pode-se observar as variações terminológicas, e


os valores atribuídos às pessoas com deficiência nas diferentes épocas.

QUADRO 1 – SIGNIFICADOS DA TERMINOLOGIA DE SASSAKI


ÉPOCA TERMOS E SIGNIFICADOS VALOR DA PESSOA

No começo da Os inválidos – “indivíduos Aquele que tinha deficiência era tido como
história, entre os sem valor” socialmente inútil, um peso morto para a
séculos. sociedade, um fardo para a família, alguém
sem valor profissional.

Século 20 até + - Os incapacitados - Foi um avanço de a sociedade reconhecer


1960 “indivíduos sem capacidade” que a pessoa com deficiência poderia ter
capacidade residual, mesmo que reduzida.
Mas, ao mesmo tempo, considerava-se que a
deficiência, qualquer que fosse o tipo,
eliminava ou reduzia a capacidade da pessoa
em todos os aspectos: físico, psicológico,
social, profissional etc.

De+- 1960 até +- Os defeituosos, ou A sociedade passou a utilizar esses três


1980 deficientes – “indivíduos com termos, que focalizam as deficiências em si,
deformidades” sem reforçarem o que as pessoas não
(principalmente física). conseguiam fazer como a maioria.
Deficientes- “indivíduos com
Simultaneamente, difundia-se o movimento
deficiência”
em defesa dos direitos das pessoas
superdotadas (expressão substituída por
“pessoa com altas habilidades” ou “pessoas
com indícios de altas habilidades’”.). O
movimento mostrou que o termo “os
excepcionais” não poderia referir-se
exclusivamente aos que tinham deficiência
intelectual, pois as pessoas com
superdotação também são excepcionais por
33

estarem na outra ponta da curva da


inteligência humana.

De 1981até +- 1987 Pessoas deficientes Foi atribuído o valor “pessoas” àqueles que
tinham deficiência, igualando-os em direitos e
dignidade à maioria dos membros de
qualquer sociedade ou país.

De 1988 até +- Pessoas portadoras de O “portar uma deficiência” passou a ser um


1993 deficiência valor agregado à pessoa. A deficiência
passou a ser um detalhe da pessoa. O termo
foi adotado nas Constituições federal e
estadual e em todas as leis e políticas
pertinentes ao mesmo campo das
deficiências. Conselhos, coordenadorias e
associações passaram a incluir o termo em
seus oficiais.

De +- 1990 até hoje. Pessoas com necessidades De início, “necessidades especiais”


especiais; Pessoas representava apenas um novo termo.
portadoras de necessidades
especiais.

1990 até hoje. Pessoas especiais. Pessoas O adjetivo “especiais” permanece como uma
com deficiência simples palavra, sem agregar valor
diferenciado às pessoas com deficiência. O
O Termo “Pessoas com
“especial” não é qualificativo exclusivo das
deficiência” passa a ser o
pessoas que têm deficiência, pois ele se
termo preferido por um
aplica a qualquer pessoa. Os valores
número cada vez maior de
agregados às pessoas com deficiência são:
adeptos, boa parte dos quais
é constituída por pessoas 1) O do empoderamento [uso do poder
com deficiência que, no maior pessoal para fazer escolhas, tomar decisões
evento (“Encontrão”) das e assumir o controle da situação de cada um];
organizações de pessoas e
com deficiência, realizado no
2) O da responsabilidade de contribuir
Recife em 2000,
com seus talentos para mudar a sociedade
conclamaram o público a
rumo à inclusão de todas as pessoas, com ou
adotar este termo. Elas
sem deficiência.
esclareceram que não são
“portadoras de deficiência” e
que não querem ser
chamadas com tal nome.

Junho de 1994 Pessoas com deficiência. O valor agregado às pessoas é o de elas


fazerem parte do grande segmento dos
excluídos que, com o seu poder pessoal,
exigem sua inclusão em todos os aspectos da
vida da sociedade. Trata-se do
empoderamento.

Em maio de 2002 Portadores de direitos Não há valor a ser agregado com a adoção
especiais. deste termo, por motivos expostos na coluna
ao lado e nesta.

FONTE: (LIPPO, in Sociologia da Acessibilidade, 2009, p. 56-57).


34

Desse modo Lippo destaca que “a mudança de nomenclatura por si só, não
transforma o sentido dados aos termos, há uma transformação cultural que tem de ser
consolidada”. (LIPPO, 2009, p.58).
Nas palavras de Sassaki (2009) sobre a terminologia da deficiência na era
da inclusão, concluiu que o assunto já está encerrado pautado na Convenção
Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com
Deficiência:

Os movimentos mundiais de pessoas com deficiência, incluindo os do Brasil,


estão debatendo o nome pelo qual elas desejam ser chamadas.
Mundialmente, já fecharam a questão: querem ser chamadas de “pessoas
com deficiência” em todos os idiomas. E esse termo faz parte do texto da
Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade
das Pessoas com Deficiência [...]. (SASSAKI, 2009, p.15).

Nesse sentido Lopes (2014) aponta que deve haver na legislação brasileira
as atualizações pertinentes, e que outras terminologias devem ser abandonadas,
assim:

[...] os termos antigos, como “pessoas portadoras de deficiência”, “pessoas


com necessidades especiais”, “deficientes”, entre outros. Isso porque, não se
porta uma deficiência como se fosse uma bolsa que se retira para no
momento posterior recolocá-la. “Pessoas com necessidades especiais”
também não identifica o segmento, pois todos têm alguma necessidade
especial. “Deficientes” resume a condição de deficiência e não valoriza a
condição de pessoa em primeiro lugar. Esse avanço da terminologia faz parte
da revolução de valores em que a inclusão social e o respeito à dignidade
humana das pessoas com deficiência passam a ser reconhecidos como
direitos fundamentais. Essa nova visão, resultante da luta dos movimentos
sociais de pessoas com deficiência e de direitos humanos, significou a
mudança no modo de se referir, de olhar e de lidar com as pessoas com
deficiência e suas relações com a sociedade e, em decorrência, com os
conceitos anteriormente estabelecidos. (LOPES, 2014, p.33).

Dessa forma o conceito de pessoa com deficiência adotada pela Convenção,


tem uma grande importância jurídica. Pois supera as legislações tradicionais que
normalmente enfocavam o aspecto clínico da deficiência. Desloca-se a questão do
âmbito do indivíduo com deficiência para as sociedades que passam a assumir a
deficiência como problema de todos. (Fonseca, 2017, não p.).
No Brasil, a expressão pessoas com deficiência foi adotada oficialmente em
2008, quando ratificada a Convenção. Substituindo os termos: “pessoa deficiente,
pessoas portadoras de deficiência, (presentes em várias passagens da Constituição:
35

arts. 7° XXXI; 23 II; 24 XIV; 37 VIII; 203 IV e V; 227,§ 2°; 244 caput) e portadores de
deficiência” (arts. 40 §4°, I; 201, §1°; 227, § 1°, II, CF/88.)”. (MADRUGA, 2016, p.18).
A expressão adota da pela Convenção é atualmente usada nos diversos
setores da sociedade e órgãos governamentais, porém em alguns contextos jurídicos
é ainda negligenciada.
Portando não se usa mais o termo portadores de deficiência, uma vez que a
deficiência não se carrega não se porta não se leva consigo como se fosse algo ou
um objeto, que se possa retirar a qualquer tempo. “A deficiência é inerente à pessoa
que a possui”. (MADRUGA, 2016, p.19).
Dessa maneira, percebe-se que houve uma busca pelo termo mais adequado,
de modo a contribuir por afastar estigmas e atitudes discriminatórias daqueles que
sempre foram excluídos. (MADRUGA, 2016).
Por fim com de tudo que se expôs Araújo (2011, p. 22), com fundamento na
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, incorporada pelo Direito
Interno, ensina que a terminologia correta é “pessoa com deficiência”, expressão que
será utilizada no decorrer do trabalho.

2.6 MODELOS DE TRATAMENTO

Como já visto anteriormente “a doutrina confere diferentes modelos de


tratamento às pessoas com deficiência”. O modelo de prescindência, o modelo médico
(ou reabilitador) e o modelo social. (MADRUGA, 2016, p.34).
De acordo com o autor o modelo de prescindência deriva suas causas de
fundo religioso, como ocorria na Idade Média onde as pessoas com deficiência eram
eliminadas ou excluídas. Nesse modelo as pessoas eram consideradas inúteis por
não contribuírem com a vida na comunidade, sendo comum a prática de infanticídio.
Nessa linha de pensamento a sociedade prescinde dessas pessoas, visto que
o nascimento de uma criança com deficiência era fruto de algum pecado cometido
pelos seus ascendentes.
O modelo médico surge ao final da Primeira Guerra Mundial, ante os efeitos
sofridos pelos feridos de guerra. Ao contrário do outro modelo a deficiência é centrada
no indivíduo que necessita se reabilitar para o retorno na vida em sociedade.
(MADRUGA, 2016).
36

Werneck (2004, p.1) sustenta que o modelo médico tem como enfoque os
tratamentos na área da saúde na qual a deficiência deve ser combatida. Nesse modelo
“a sociedade estaria isenta de qualquer responsabilidade por atos e processos de
discriminação”.
“Essa visão de “fora para dentro”, problematizada e relativizada, do indivíduo
como objeto de análise e intervenção clinica individual é denominado modelo médico”.
(MADRUGA, 2016, p.34).
O modelo social surge em meados dos anos 60 “no Reino Unido, por iniciativa
de pessoas com deficiências reunidas no chamado Social Disability Movement”. O
objetivo do movimento era mostrar que as dificuldades enfrentadas pelas pessoas
com deficiência era consequência “da forma pela qual a sociedade lida com as
limitações e as lesões físicas, intelectuais, sensoriais e múltiplas de cada indivíduo”.
(WERNECK, 2004, p.02).
Na década de 80 esse modelo foi essencial para o desenvolvimento da
doutrina. Nesse seguimento teve início à ação da ONU que proclamou 1981 como o
Ano Internacional dos Portadores de Deficiência, visando estimular a participação e
igualdade plena. (MADRUGA, 2016).
Nesse sentido o modelo social aponta a “inadequação da sociedade para
incluir a coletividade”. O problema não esta mais no indivíduo mais na sociedade. “É
o contexto social que gera a exclusão”. (MADRUGA, 2016, p.34).
Madruga (2016) afirma que atualmente as iniciativas estão pautadas no
modelo social, diferentemente do quevinha sendo antes em outros modelos. Hoje a
pessoa com deficiência é vista no enfoque dos direitos humanos, nesse aspecto é a
sociedade que deve se ajustar para receber a diversidade.
Diante desta realidade, Werneck (2004) orienta que o paradigma do modelo
social não pressupõe o abandono da reabilitação. Porém não se pode haver apenas
um aspecto. Deve-se:

[...] provocar as famílias, os profissionais, o governo, a mídia e todos os outros


setores da sociedade a entender que estes tratamentos, ainda que
importantes, não devem se sobrepor à garantia de educação, emprego,
cultura, lazer e vida independente para as pessoas com deficiência. Apenas
quando todos esses acessos estiverem garantidos é que haverá distribuição
equitativa de oportunidades. (WERNECK, 2004, p.02).
37

Sobre esse prisma o Relatório Mundial sobre a Deficiência, produzido pela


Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Governo do Estado de São
Paulo, afirma que;

O modelo médico e o modelo social costumam ser apresentados como


separados, mas a deficiência não deve ser vista como algo puramente
médico nem como algo puramente social. (SÃO PAULO, 2012, p.4).

Entretanto Madruga (2016) explica que apesar das pessoas com deficiência
apresentarem dificuldades decorrentes de seu estado físico. Deve-se ser fazer uma
abordagem equânime de modo a atender as diferentes necessidades dessas
pessoas.
Arrematando o pensamento inicial Madruga (2016) instrui que a deficiência, sob
o enfoque social, reconhece que o problema não está no indivíduo, mas no próprio
comportamento estigmatizado de todo corpo social.
Nesse sentido a sociedade deve unir esforços de maneira a incluir as pessoas
com deficiência, seja através das reabilitações, para uma melhor qualidade de vida,
nas mudanças comportamentais, e através das adaptações mobiliárias possibilitando
o acesso, visando a participação plena, com base em uma sociedade para todos.
38

3 OS DIREITOS HUMANOS E A PESSOA COM DEFICIÊNCIA

No capítulo anterior, apresentaram-se alguns elementos fundamentais para a


presente pesquisa: breves aportes históricos sobre o tratamento da pessoa com
deficiência no Brasil; a atuação da ONU em relação ao tema; questões introdutórias
sobre pedagogia e inclusão e a atuação dos movimentos sociais.
Depois, foram efetuadas considerações sobre a terminologia e sobre os
modelos de ação relacionados ao tratamento das pessoas com deficiência. Conclui-
se que a questão dos direitos das pessoas com deficiência é uma questão de direitos
humanos.
No presente capítulo, o grande enfoque será a busca de justificativas para que
o direito da pessoa com deficiência seja encarado e protegido como direito humano
que é, especialmente à luz da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com
Deficiência, que tem status de norma constitucional.
Flávia Piovesan ensina que ao longo da história houve grandes e graves
“violações aos direitos humanos com o fundamento do ‘eu versus o outro’ a
diversidade era atraída com o intuito de aniquilar direitos”. (PIOVESAN, 2014, p.9).
Dessa forma a diferença no ‘outro’ era vista como, “um ser menor em
dignidade e direitos, um ser descartável, supérfluo e objeto de escravidão ou
extermínio (como ocorreu no nazismo)”. (PIOVESAN, 2014, p.9).
Nesse sentido buscou-se a proteção dos direitos humanos em um processo
de universalização, de um sistema internacional. Assim visando à proteção das
minorias surge o primeiro instrumento de proteção global, a Declaração Universal dos
Direitos Humanos de 1948 queincorporou uma concepção de igualdade. (PIOVESAN,
2014, p.13-16).
Izabel Maior afirma que é muito difícil que não saibamos de cor o artigo 1°
dessa Declaração:

Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São


dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas as outras com
espírito de fraternidade. (MAIOR, 2008, p.20).

No ano de 2008, ano do sexagésimo aniversário da Declaração Universal dos


Direitos Humanos - DUDH, a ONU para celebrar essa data de alto simbolismo cunhou-
se a expressão “Dignidade e Justiça para Todos Nós”.
39

Nesse influxo os Estados Partes desenvolveram suas agendas de educação


em direitos humanos. No Brasil, a “Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República com status de Ministério”, trabalhou na divulgação da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, com atividades baseadas no lema:
“Iguais na Diferença”. (MAIOR, 2008, p.20).
A autora ressalta que desde a Constituição de 1988, que as políticas de
inclusão social das pessoas com deficiência existem no Brasil. Igualmente as
questões relativas às pessoas com deficiência são conduzidas na esfera dos direitos
humanos desde 1995, com o surgimento da Secretaria Nacional de Cidadania do
Ministério da Justiça. (MAIOR, 2008, p.21).
Mas segundo Lopes (2014), foi somente no ano de 2008 que uma importante
ferramenta surge para modificar o cenário de exclusão das pessoas com deficiência,
a então Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

3.1 O DESENVOLVIMENTO DOS DIREITOS HUMANOS

De acordo com os autores Farias, Cunha e Pinto, (2016, p.19) “os direitos
humanos, segundo a classificação usualmente aceita, são divididos como da primeira,
segunda e terceira geração”.
Nesse sentido os direitos de primeira geração surgem com a transição do
feudalismo e a sociedade burguesa. Representam a luta da burguesia contra o poder
isolado dos estados absolutistas, e tinham como base o direito de liberdade, da livre
iniciativa econômica, direito de ir e vir, de uma mão de obra livre, entre outros.
O surgimento da segunda geração é definido por Farias, Cunha e Pinto,
(2016) somente a partir do século XIX com a Revolução Francesa. Cujos valores são
a liberdade, igualdade e fraternidade. Com uma nova concepção de direitos humanos,
de conteúdo de direitos sociais, econômicos e culturais.
Destacando os direitos à greve, à aposentadoria, à organização sindical, à
estabilidade no emprego, férias, serviços públicos básicos como a saúde e a
educação. São lutas que refletiram o momento histórico e que até hoje continuam
sendo travadas. (FARIAS; CUNHA; PINTO, 2016).
Ainda de acordo com os autores, surgem os direitos de terceira geração, com
o fim da segunda grande guerra, com as transformações das relações sociais e
humanas ampliando assim o conteúdo dos direitos humanos.
40

Devido ao receio de uma nova guerra, os direitos que antes eram de


titularidade do homem emergem e os direitos passam então a ser destinados à
proteção de grupos humanos.
Neles compreendidos o direito à paz, a autodeterminação dos povos, e a um
ambiente sadio. (FARIAS; CUNHA; PINTO, 2016, p.19-20).
Nas palavras Oliveira (2016, p.15) “o termo geração de direitos, foi comutado
em uma parcela significativa da doutrina por dimensão de direitos”. Ainda segundo o
autor (2016, p.20) “o uso da expressão dimensão de direitos humanos, evita a ideia
de substituição de uma geração de direitos por outra”.
A seguir Galeano (2016), representa uma forma interessante e resumida dos
fatos relevantes aos Direitos e Dimensões, como se observa no quadro 2.

QUADROS 2 – DIREITOS E DIMENSÕES

Direitos Direitos de Primeira Direitos de Segunda Direitos de Terceira


Humanos Geração/Dimensão Geração/ Dimensão geração/ Dimensão

Direitos Civis e Políticos Econômicos, Sociais e Difusos


Culturais.

Valor Liberdade Igualdade Fraternidade

Recorte Revoluções Liberais do  Constituição do Pós- Segunda


Século XVIII: México (1917);
Histórico Guerra Mundial
 Revolução
Industrial
 Revolução
 Independência Russa (1918);
das 13 Colônias da
América do Norte
 Constituição de
 Revolução
Weimar (1919).
Francesa

FONTE: (GALEANO, 2016, p.16).

Por conseguinte Nogueira (2008, p.26) ensina que “os direitos humanos estão
presentes desde os tempos antigos, quando estes ainda eram conhecidos por ‘direitos
do homem’ e denominados por conceitos como direitos naturais, inalienáveis,
essenciais ou inerentes à pessoa”. Dessa forma o autor disserta que Filósofos gregos
e romanos:
41

[...] já os entendiam como direitos devidos ao simples fato da condição


humana, estando estes direitos implícitos na própria essência do ser humano
e por isso acima do direito positivo. Assim, a lei escrita pelo homem não pode
eliminar ou reduzir este direito essencial que existe independentemente do
reconhecimento legislativo. (NOGUEIRA, 2008, p. 26).

Visto que os direitos humanos são direitos históricos, Bobbio ensina que estes
sofrem modificações ao longo do tempo. (BOBBIO, 2004).
Assim Oliveira (2016) ensina que expressões como, Direitos humanos:

[...] direitos fundamentais, direitos do homem, liberdades públicas, entre


outras, são utilizadas para referenciar ao conjunto de direitos que
denominamos direitos humanos, causando confusões e divergências
inúmeras.

E sobre a divergência entre direitos humanos e direitos fundamentais


esclarece que “direitos humanos são direitos consignados nos documentos
internacionais” [...] e “direitos fundamentais do ponto de vista histórico são também
direitos humanos, mas em uma visa mais contemporânea são aqueles positivados e
reconhecidos na ordem constitucional estatal.” (OLIVEIRA, 2016, p.4)
Com os horrores da Segunda Guerra Mundial foi necessária uma
reorganização dos direitos humanos, “como paradigma e referencial ético a orientar a
ordem internacional contemporânea”. (PIOVESAN, 2014, p.42).
Nesse aspecto pelos ensinamentos de Hannah Arendt (2012, p.406) os
direitos humanos “o direito de ter direitos, ou o direito de cada indivíduo de pertencer
à humanidade, deveria ser garantido pela própria humanidade”
Portanto esse desejo narrado por Hannah Arendt talvez seja imaginável no
futuro com uma Constituição mundial, conforme recomendado pela professora Carla
Noura Teixeira (2013, p.319) em sua tese de doutorado.
Ao passo que esse desejo não se realiza, a confirmação dos direitos humanos
se concretiza com a positivação nos textos constitucionais, constituindo “a proteção
dentro do Estado que incorpora tais direitos”. (NISHIYAMA, 2016, p. 85).
“No âmbito nacional, os constitucionalismos internos consolidam os valores
de proteção da pessoa nos documentos constitucionais”. (PIOVESAN; FACHIN, 2015,
p.14).
Desse modo “a dignidade da pessoa humana, na qualidade de predicado
capital comum de todos os indivíduos decorrente de sua humanidade, torna-se razão
central dos direitos”. (PIOVESAN; FACHIN, 2015, p.15).
42

Assim a “Constituição Federal atribuiu unidade de sentido, valor e


concordância ao sistema de direitos fundamentais”. E uma vez que concebem a
extensão da dignidade humana, com base nela deve nela devem ser interpretados.
(NEVES; PIOVESAN, 2015 p.358).
Apesar de o referido desenvolvimento ter várias passagens históricas, em
resumo a evolução dos direitos humanos, caminhou com o objetivo de proteger as
minorias das atrocidades humanas, trazendo mecanismos de proteção que uma vez
incorporado na legislação brasileira Constituição Federal consagra-se como direitos
fundamentais. Por isso são incontestavelmente superiores, razão pela qual se
incorpora a este trabalho.

3.2 OS DIREITOS HUMANOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Paulo Bonavides (2004, p.561) ensina que os direitos ou garantias


fundamentais são aqueles elencados e especificados no instrumento constitucional.
Os direitos e garantias fundamentais dividem-se em cinco capítulos na
Constituição Federal: “os direitos e deveres individuais e coletivos; os direitos sociais;
os direitos da nacionalidade os diretos políticos e dos partidos políticos”.
(BITTENCOURT, 2008, p.64).
Bittencourt (2008, p.61) esclarece que “os direitos fundamentais consistem em
preceitos jurídicos necessários para que a pessoa humana se realize de forma plena,
num ambiente de liberdade, dignidade e igualdade”.
Logo “a expressão Direitos Fundamentais remete imediatamente ao princípio
da dignidade da pessoa humana”. No sentido que toda pessoa deve ter igualdade de
oportunidades e condições para se realizar e se desenvolver de forma livre e digna.
(BITTENCOURT, 2008, p.61).
Nesse diapasão “Os direitos fundamentais mantêm uma grande proximidade
com a Política”. De modo que não se pode desconsiderar que foram impostos
politicamente no meio de ferozes lutas, de revoluções, de guerras civis e de outros
acontecimentos de ruptura. (DIMOULIS; MARTINS, 2014, p.3).
Em que pese termos direitos humanos e direitos fundamentais, sejam
empregados como sinônimo Sarlet (2012) explica essa distinção:
43

O termo direitos fundamentais se aplica para aqueles direitos do ser humano


reconhecido e positivado na esfera do direito constitucional, enquanto
a expressão direitos humanos guardaria relação com os documentos de
direito internacional”, não tendo dependência de vinculação com determinada
ordem constitucional, e dessa forma visam uma validade universal para todos
os povos. (SARLET, 2012, p.35).

Os direitos humanos por sua vez tem sido objeto de grandes discussões,
quando a sua efetividade. Nesse sentido “As preocupações com a defesa dos
princípios fundamentais extensivos a todos os homens estão expressas na
Declaração Universal dos Direitos do Homem”. (CARVALHO, 1999, p.18).
Para tanto Bobbio, deslinda sobre o tema, uma coisa é proclamar o direito e
outra é desfrutá-lo efetivamente:

Não se poderia explicar a contradição entre a literatura que faz a apologia da


era dos direitos e aquela que denuncia a massa dos “sem-direitos”. Mas os
direitos de que fala a primeira são somente os proclamados nas instituições
internacionais e nos congressos, enquanto os direitos de que fala a segunda
são aqueles que a esmagadora maioria da humanidade não possui de fato
(ainda que sejam solene e repetidamente proclamados). (BOBBIO, 2004,
p.11).

Essa constatação se aplica imediatamente as pessoas com deficiência uma


vez que os direitos de cidadania têm sido desrespeitados, em função da falta de
informação entre outros preconceitos.
Em outro pensamento da mesma autora, afirma que “os movimentos
históricos marcados pela exclusão e segregação das pessoas portadoras de
deficiência têm sido substituídos por propostas inclusivas”. (CARVALHO, 1999, p.18).
Nesse mesmo sentido Oliveira (2016, p.12) discorre que os “direitos humanos,
são direitos históricos. Não nascem de um determinado momento, mas são frutos de
longo processo, de avanços e retrocessos em seu reconhecimento de proteção”.
Esse mesmo autor expõe que “como a própria acepção já denota os direitos
humanos, por óbvio são ligados à pessoa humana”. (OLIVEIRA, 2016, p.6).
Para Bobbio os direitos do homem se modificam com as mudanças e
condições históricas e relata que:

[...] que não existem direitos fundamentais por natureza “o que parece,
fundamental numa época histórica e numa determinada civilização não é
fundamental em outras épocas e em outras culturas.” (BOBBIO, 2004, p.13).
44

Nesse viés, Comparato (2015, p.24)ressalta que somente após vinte e cinco
séculos, a abertura de uma Declaração Universal de direitos Humanos, que englobou
quase a totalidade dos povos da Terra, proclamou que “todos os homens nascem
livres e iguais em dignidade e direitos”.
Segundo Silva (2005) os artigos da Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, reconhecem os direitos fundamentais do homem, e proclama em seus
artigos, os direitos e garantias individuais, tais como a igualdade, dignidade, não
discriminação; direito a vida, à liberdade de locomoção, de pensamento, de
consciência assim como outros também importantes.
Ainda segundo o autor já citado a Declaração, careceu de eficácia por não ter
mecanismos para fazer valer o seu conteúdo e, em razão disso foram firmados vários
pactos e convenções internacionais, sob o patrocínio da ONU. (SILVA, 2005, p.165).
Já nas palavras de Norberto Bobbio, a Declaração Universal dos Direitos do
Homem começa afirmando que;

[...] o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família


humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da
liberdade, da justiça e da paz no mundo”. E que, a essas palavras, se associa
diretamente a Carta da ONU, na qual à declaração de que é necessário
‘salvar as gerações futuras do flagelo da guerra’, segue-se logo depois a
reafirmação da fé nos direitos fundamentais do homem. (BOBBIO, 2004,
p.93).

Ainda nas palavras de BOBBIO (2004, p.93), “sem direitos do homem


reconhecidos e efetivamente protegidos não existe democracia, sem democracia não
existem as condições mínimas para a solução pacífica dos conflitos que surgem entre
os indivíduos”.
Para tanto Comparato, ressalta que a Declaração Universal dos Direitos
Humanos “proclama três princípios fundamentais em matéria dos direitos humanos, a
liberdade, a igualdade e a fraternidade”. (COMPARATO, 2015, p.240).
Insta salientar que os direitos fundamentais regulados na Constituição Federal
“estão em consonância com a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948,
assim como os principais pactos internacionais sobre direitos Humanos”. (NEVES;
PIOVESAN, 2015, p.359)
Dessa forma Araújo (2011, p.61) ensina que“não se pode imaginar o direito à
inclusão das pessoas com deficiência sem qualquer desses direitos instrumentais”.
45

O autor ainda sustenta que o direito à saúde incluindo habilitação e


reabilitação, o transporte adaptado, o direito à educação, à aposentadoria e o direito
ao lazer, são componentes indispensáveis à inclusão social do indivíduo.
Com esse fundamento Dallari citado por Farias, Cunha e Pinto, (2016, p.19)
frisa que “sem os direitos considerados fundamentais, a pessoa humana não pode
existir ou não é capaz de se desenvolver e participar plenamente da vida”.
Assim o eixo de proteção da pessoa com deficiência como obrigação imposta
pelo Estado, na esfera da dignidade humana, precisa estar concatenada ao objetivo
constitucional de garantir a todos uma vida digna. (FARIAS; CUNHA; PINTO, 2016).
Nesse sentido a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
no artigo 10, item Direito à vida, o legislador confere destaque especial a condição do
deficiente, à dignidade que deve ser assegurada pelo Estado;

Os Estados Partes reafirmam que todo ser humano tem o inerente direito à
vida e tomarão todas as medidas necessárias para assegurar o efetivo
exercício desse direito pelas pessoas com deficiência, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas. (BRASIL, 2012a, p.36).

Razão pela qual o direito à vida digna é o epicentro das garantias


constitucionais, visto que a igualdade substancial consiste em tratar desigualmente
quem estiver em posição desigual, dúvida não pode existir de que durante toda a vida
a pessoa com deficiência merece tratamento diferenciado, de maneira a garantir sua
dignidade (FARIAS; CUNHA; PINTO, 2016).
Em resumo Barroso (2015, p.285) ensina que “a dignidade humana é um valor
fundamental”.

A dignidade, portanto é um principio jurídico de status constitucional. Como


valor e como princípio, a dignidade humana funciona tanto como justificação
moral quanto fundamento normativo para os direitos fundamentais. Na
verdade ela constitui parte dos direitos fundamentais. (BARROSO, 2015,
p.285).

Assim Barroso (2015) ensina que o mínimo existencial social está na essência
dos direitos sociais e econômicos e encontram-se de fato como direitos fundamentais
e não como simples privilégio dependente do processo político.
Em termos da verdadeira dignidade humana, para que ela exista, os
indivíduos devem ser livres, iguais e capazes de exercer a cidadania e estando além
46

dos limites mínimos do bem-estar, caso contrário a autonomia se torna apenas uma
simples ilusão. (BARROSO, 2015).
Em relação os direitos humanos da pessoa com deficiência, é justo salientar
o importante papel exercido por esses direitos básicos, conferidos a todos os seres
humanos. No que tange aos direitos da pessoa com deficiência percebe-se que este
está intrinsecamente ligado a uma importante ferramenta em prol dos direitos
protetivos que asseguram uma sociedade mais justa e mais fraterna, no sentido da
inclusão dessas pessoas.
Desta maneira pautada no propósito da justiça social, é que se busca com
esse trabalho o verdadeiro significado dos direitos humanos, através da eliminação
de qualquer barreira que vise à exclusão.

3.3 A CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Visando proteger e promover a garantia de uma vida digna para as pessoas


com deficiência, baseada no pleno exercício dos direitos humanos “foi aprovado pela
ONU a Convenção Internacional Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
(DIAS, 2014, p.212).
No Brasil o Decreto Legislativo n° 186, de 2008, aprova o texto da Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo,
assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007. (BRASIL, 2012a).
Nas palavras de Maior (2008, p.33) “a Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência é um marco para os Direitos Humanos para seu público
destinatário”. Assim dentre os princípios da Convenção estão:

O respeito pela dignidade inerente, independência da pessoa, inclusive a


liberdade de fazer as próprias escolha, e autonomia individual, a não
discriminação, a plena e efetiva participação e inclusão na sociedade, o
respeito pela diferença, a igualdade de oportunidades, a acessibilidade, a
igualdade entre o homem e a mulher e o respeito pelas capacidades em
desenvolvimento de crianças com deficiência. (MAIOR, 2008, p.34).

FONSECA, (2017) afirma que a Convenção sobre os Direitos das Pessoas


com Deficiência está dentro do processo de construção dos direitos humanos, os
quais foram sistematizados a partir do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,
47

Sociais e Culturais e do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, ambos de


1966, que elencaram os direitos individuais básicos e os direitos sociais.

A Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência foi


incorporada à legislação brasileira em 2008. Após uma atuação de liderança
em seu processo de elaboração, o Brasil decidiu, soberanamente, ratificá-la
com equivalência de emenda constitucional, nos termos previstos no Artigo
5º, § 3º da Constituição brasileira, e, quando o fez, reconheceu um
instrumento que gera maior respeito aos Direitos Humano. (BRASIL, 2012a,
p.9).

Dessa forma a atenção aos grupos vulneráveis como o grupo das pessoas
com deficiência, vem buscar a eficácia dos direitos humanos de forma a fazê-los unos,
indivisíveis e interdependentes. (FONSECA, 2017).
Assim, existe uma tendência mundial em proteger os direitos das minorias e
dos grupos vulneráveis, nas palavras de Nishiyama (2016) os excluídos sociais, onde
se enquadram as pessoas com deficiência quando elas são excluídas socialmente
pela falta da acessibilidade.
Ao contrário do assistencialismo e da vitimização o que se busca é a
autonomia e a independência, e para isso se faz necessário uma sociedade acessível.
(NISHIYAMA, 2016).
A Cartilha do Censo de 2010 das Pessoas com Deficiência descreve que a
deficiência é um tema de direitos humanos, seguindo o princípio de que todos têm o
direito às condições necessárias para o desenvolvimento de seus talentos,
aspirações, sem que seja submetido a qualquer tipo de discriminação. (BRASIL,
2012b).
Ainda segundo a Cartilha do Censo de 2010, os princípios que regem o
enfoque da deficiência como direito humano são:
48

 Universalidade e inalienabilidade: os direitos humanos são inerentes


ao ser humano, não podem ser recusados pela pessoa que a eles
tem direito, nem podem ser tomados de alguém.
 Indivisibilidade: os direitos humanos não podem ser separados. Um
direito não pode ser realizado sem a realização dos demais, seja ele
civil, econômico, cultural ou ambiental. Eles têm a mesma
importância e não podem ser colocados em hierarquia.
 Interdependência e inter-relacionamento: a realização de um direito
depende da realização dos demais. Os direitos humanos afetam uns
aos outros.
 Igualdade e não discriminação: os direitos humanos são inerentes à
dignidade humana e ninguém onde sofrer qualquer tipo de
discriminação.
 Participação e inclusão: todo indivíduo tem direito a participar ativa e
livremente na comunidade em que vive.
 Exercício do poder: processo por meio do qual as pessoas são
capazes de exigir seus direitos, influenciar o desenho de políticas
públicas e ser responsáveis pela própria vida.
 Prestação de conta e respeito de leis: identificação daqueles que tem
obrigação de realizar direitos e possibilidades de exigir processos
claros e passíveis de contestação em caso de violação de direitos.
(BRASIL, 2012b, p.29).

Sobre o enfoque dos direitos humanos destinados à pessoa com deficiência


a conquista mais recente é a ratificação brasileira da Convenção sobre os Direitos das
pessoas com Deficiência, em 9 de julho de 2008. Incorporada à nossa legislação com
equivalência de emenda constitucional sob n° 45/2004.

Nesse sentido, buscando defender e garantir condições de vida com


dignidade a todas as pessoas que apresentam alguma deficiência, a
Convenção prevê monitoramento periódico e avança na consolidação diária
dos direitos humanos ao permitir que o Brasil relate a sua situação e, com
coragem, reconheça que, apesar do muito que já se fez, ainda há muito
quefazer. (BRASIL, 2012a, p.13-14).

Joelson Dias (2014) orienta que no Brasil o órgão responsável pela


coordenação e monitoramento das Pessoas com Deficiência é a Secretaria Nacional
de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD), dessa forma:

No Brasil, a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com


Deficiência (SNPD), órgão integrante da Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República, é o responsável por exercer a coordenação central
de diferentes setores (artigo 14, inciso II, do Decreto n° 7.256/10). Inicialmente
criada como Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência (CORDE) pelo Decreto nº 93.481/86, no âmbito do Gabinete Civil
da Presidência da República, já foi ligada a diversos órgãos, tendo regressado
à estrutura da Presidência no ano de 2003 (Medida Provisória nº 103). (DIAS,
2014, p.212).
49

Sobre a promoção, proteção e monitoramento Dias (2014, p.215) explica que


as Nações Unidas (2009) entendem a promoção através de atividades de
conscientização, e fornecimento de suporte técnico para as autoridades públicas. A
proteção compreende as “atividades que vão da investigação de denúncias à emissão
de relatórios e o monitoramento envolve análise de dados para a verificação do
progresso e da implementação”.
Sobre o monitoramento o item, 3 do artigo 33 da Convenção determina como
se dará esse procedimento, assim a sociedade civil eas pessoas com deficiência:

[...]e suas organizações representativas serão envolvidas e participarão


plenamente no processo de monitoramento [...] e requer a plena e efetiva
participação e inclusão na sociedade [...] que pode ser traduzido pela máxima
nada sobre nós, sem nós. Tal participação pode e deve sedar, por exemplo,
mediante a realização de reuniões, palestras, consultas e audiências públicas
e o direito de petição. (DIAS, 2014, p.215-216).

Segundo Lopes, “a Convenção é uma importante ferramenta”, nas mudanças


comportamentais do cenário de exclusão das pessoas com deficiência e ao alcance
de seus direitos humanos e liberdades fundamentais em uma esfera internacional
(LOPES, 2014, p.26).
Ainda sobre a autora já citada acima, a para que de fato ocorra a inclusão
social a Convenção vem contribuir com a proposta onde o ambiente é responsável
pela situação da deficiência e deve ser plenamente favorável, sem nenhum tipo de
barreiras sejam elas: arquitetônicas, de comunicação e atitudinais.
Ademais o problema a ser tratado não está na pessoa com deficiência, mas
sim na sociedade que por meio das barreiras impostas limitam uma participação social
ativa dessas pessoas. (LOPES, 2014).
Sobre uma perspectiva global de proteção da presente Convenção Madruga
(2016, p.196), destaca em três alicerces: “os direitos humanos, o desenvolvimento
social e a não discriminação”. (MADRUGA, 2016, p.194).
“Nos passos da Convenção, apessoa com deficiência é obstaculizada por
barreiras criadas pela sociedade que as impedem de participar em igualdade de
condições com as demais pessoas”. (MADRUGA, 2016, p.196).
Nesse sentido, o Preâmbulo da Convenção Sobre Os Direitos Das Pessoas
com Deficiência descreve que a deficiência é um conceito em evolução.
50

Assim a deficiência é consequência da relação entre a sociedade, que ao


impor barreiras comportamentais, ambientais e atitudinais, impossibilitam a
participação global, efetiva e democrática da pessoa com deficiência, na plenitude da
inclusão. (SÃO PAULO, 2012).
Nessa mesma de raciocínio Madruga (2016) concorda que a deficiência esta
atrelada a fatores sociais e ambientais aos quais devem evoluir de modo a atender o
pleno desenvolvimento do indivíduo.
No que se refere à aplicabilidade dessa norma com status de emenda
Constitucional Araújo (2014) comenta que após a sua ratificação esta se tornou
superior às demais normas do sistema, e passa a produzir efeitos imediatos
revogando a legislação ordinária que for contrária a ela.
Caldas (2014, p.47) ressalta que os países que ratificaram a presente
Convenção têm por obrigação, “respeitar, garantir e promover os direitos das pessoas
com deficiência”. Dando verdadeiras normas de conduta, onde os Estados parte
deverão adequar a legislação interna, de maneira a atender a responsabilidade
assumida na presente Convenção Internacional.

3.4 A CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E A


EDUCAÇÃO

No que se refere à educação a Convenção da ONU assegura à pessoa com


deficiência um ensino inclusivo, e garante à educação em todos os níveis
educacionais.
Para tanto com intuito de efetivar esse direito o Educa Censo coleta
informações sobre a condição física dos estudantes, fundamentadas no artigo 1 da
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – ONU/2006 e no artigo
5° do Decreto n°5296/2004, e com base nesta declaração, identifica o número de
estudantes que necessitam de material didático em diversos formatos de
acessibilidade, para implantar políticas públicas educacionais. (BRASIL, 2014).
51

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU 2006),


promulgada no Brasil com status de Emenda Constitucional por meio do
Decreto Legislativo nº. 186/2008 e Decreto Executivo n°6.949/2009,
estabelece o compromisso dos Estados-Parte de assegurar às pessoas com
deficiência um sistema educacional inclusivo em todos os níveis de ensino,
em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social,
compatível com a meta de inclusão plena, com a adoção de medidas para
garantir que as pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema
educacional geral sob alegação de deficiência e possam ter acesso ao ensino
de qualidade em igualdade de condições com as demais pessoas na
comunidade em que vivem. (BRASIL, 2014).

Dessa forma, é implantado o Atendimento Educacional Especializado


(AEE)(BRASIL, 2008a, p.1) “segundo o texto da Política de Educação Especial, na
Perspectiva Inclusiva SEESP/MEC; 01/2008 uma modalidade de ensino que perpassa
todos os níveis e etapas e todas as modalidades da educação básica e superior”.
Assim AEE:

O atendimento educacional especializado (AEE) é um serviço da educação


especial que identifica, elabora, e organiza recursos pedagógicos e de
acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos
alunos, considerando suas necessidades específicas “. (BRASIL, 2008a,
p.16).

Na perspectiva da educação inclusiva, proposta pela Convenção, a educação


especial “passa a constituir a proposta pedagógica da escola, definindo como seu
público-alvo os alunos com deficiência”, de modo a atuar de forma articulada com a
rede regular de ensino, atendendo as necessidades educacionais especiais desses
alunos. (BRASIL, 2008a, p.5).
Nesse aspecto o AEE é um serviço de atendimento especializado que visa
atender os alunos da classe regular em horário diferenciado que pode ser na própria
escola ou uma escola especializada de maneira a complementar essa formação.
E tem por objetivo proporcionar a acessibilidade, do aluno com deficiência
atendendo as suas necessidades educacionais específicas. (BRASIL, 2008a):

O ensino oferecido no atendimento educacional especializado é


necessariamente diferente do ensino escolar e não pode caracterizar-se
como um espaço de reforço escolar ou complementação das atividades
escolares. São exemplos práticos de atendimento educacional especializado:
[...] a introdução e formação do aluno na utilização de recursos de tecnologia
assistiva, como a comunicação alternativa e os recursos de acessibilidade ao
computador, a orientação e mobilidade, a preparação e disponibilização ao
aluno de material pedagógico acessível, entre outros.
52

Assim o AEE orienta alunos e professores quanto à utilização e produção de


materiais de maneira a proporcionar a inclusão do aluno com deficiência. Para tanto“o
AEE complementa e/ou suplementa a formação do aluno com vistas à autonomia e
independência na escola e fora dela”. (BRASIL, 2008a, p.10).
Entre outras funções de importância do AEE, segundo Brasil (2008a) é
promover a formação continuada para os professores do atendimento especializado,
e para a comunidade escolar em geral.
No entanto para que o AEE possa ser implantado no espaço da rede regular
de ensino, deve constar a sua oferta no projeto Político pedagógico da escola, em
todas as etapas e modalidades da educação básica, afim de que possa se efetivar o
direito destes estudantes à educação. (BRASIL, 2014).
Nessa esteira se faz necessário que os profissionais da educação estejam
capacitados para atender a diversidade;

[...] é necessário que os professores conheçam a diversidade e a


complexidade dos diferentes tipos de deficiência física, para definir
estratégias de ensino que desenvolvam o potencial do aluno. De acordo com
a limitação física apresentada é necessário utilizar recursos didáticos e
equipamentos especiais para a sua educação buscando viabilizar a
participação do aluno nas situações prática vivenciadas no cotidiano escolar,
para que o mesmo, com autonomia, possa otimizar suas potencialidades e
transformar o ambiente em busca de uma melhor qualidade de vida. (BRASIL,
2006, p. 29).

Essa política de inclusão esta pautada de acordo com Santos (2014, p.160)
no artigo 24 da Convenção que prevê que as pessoas com deficiência devem receber
o apoio necessário, no âmbito educacional, através de adaptações e medidas
individualizadas. Com o fim de “garantir plenas condições de acesso, permanência,
participação e aprendizagem em todas as modalidades de ensino, sem discriminação
e em igualdade de condições”.
Fundamentado ainda no Decreto n°7084/2010, que dispõe sobre os
programas de material didático in verbis;

Art. 28. O Ministério da Educação adotará mecanismos para promoção da


acessibilidade nos programas de material didático destinados aos alunos da
educação especial e seus professores das escolas de educação básica
públicas. (BRASIL, 2010).
53

Em suma adotada pela Assembleia das Nações Unidas em 13 de dezembro


de 2006, a Convenção é um marco para muitos militantes em defesa dos direitos
humanos, especialmente para “os ativistas dos direitos das pessoas com deficiência”
e traz a proteção de uma educação inclusiva com igualdade de condições a todas as
pessoas com deficiência. (BRASIL, 2008b, p.115).
Todas essas questões apontam para as políticas públicas voltadas a
efetividade da proposta de uma educação inclusiva, com base na igualdade de
oportunidades de acordo com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, ratificada pelo Brasil em 2008.
54

4 OS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL A EDUCAÇÃO


INCLUSIVA E A ACESSIBILIDADE

No capítulo anterior, justificou-se a tese de que o direito à educação inclusiva


é um direito fundamental de todo ser humano (lembremo-nos que todos estamos
sujeitos a termos alguma deficiência ao longo da vida).
No presente capítulo, o enfoque será sobre uma parcela dos direitos das
pessoas com deficiência: a educação inclusiva e a correspondente garantia de
acessibilidade.
Desde a década de 40 que a educação é prevista como direito de todos de
forma Universal. A Declaração Universal dos Direitos Humanos dispõe, em seu Artigo
26, que toda pessoa tem direito à educação obrigatória e gratuita, no mínimo na
educação infantil, fundamental e média e assim hoje. (UNIC/RIO, 2009 não p.).

Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo
menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será
obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como
a instrução superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada
no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do
fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades
fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a
amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará
as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. (UNIC/RIO,
2009, não p.).

Goffredo (1999, p.27) em seu texto Educação: Direito de Todos os Brasileiros,


nos ensina que “as Constituições brasileiras de 1934, 1937, e 1946, garantiam a todos
o direito à educação”. Da mesma forma que foi estabelecida na Constituição de 1824,
ainda no Brasil Império.
A autora ainda destaca no que no art. 206, do atual texto Constitucional (1988)
apresentam-se “os princípios eminentemente democráticos”, que norteiam a
educação. (ANEXO 1).
Ressaltando ainda que “as linhas estabelecidas pela Constituição foram
regulamentadas mais especificamente na Lei de diretrizes e Bases da educação
Nacional”, Lei n° 9.394/96, que será analisada no capitulo 4.3 desde trabalho.
(GOFFREDO, 1999, p.28).
“O Artigo 6° da Constituição Federal Brasileira trata dos direitos sociais, entre
os quais está o ensino universal”, salientando ainda a competência privativa da União
55

sobre as diretrizes e bases da educação nacional, estampados nos Artigos 205 a 214.
(BRASIL, 2012b, p.15).
A Cartilha do Censo (BRASIL, 2012b, p.15-16) ressalta que dados de 2010,
apontaram uma taxa de alfabetização de 81,7% no segmento de pessoas com pelos
menos uma deficiência. Destacando que “as pessoas com deficiência apresentam
taxas de alfabetização menores do que a população total em todas as regiões
brasileiras”.
Conforme esses dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), 45,6 milhões de pessoas tem algum tipo de deficiência, o que corresponde a
23,9% da população, do período. No que tange a deficiência motora, a prevalência
fica em segundo lugar, incidindo em 7% da população, especificamente o equivalente
a 10 milhões. (BRASIL, 2012b, p.6-7).
De acordo com a Cartilha do Censo (BRASIL, 2012b, p.6) “os direito humanos
são assegurados a todos os brasileiros com deficiência e para esse grupo são
desenvolvidos programas e ações do Governo Federal e da Secretaria Nacional de
Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência”.
No que tange a deficiência por regiões brasileiras, dados apontaram que a
deficiência está ligada a condições de vida. Nessa especificação a região nordeste
teve a maior taxa de prevalência, constatando que a deficiência esta adstrita
apobreza. Nesse sentido essa região apresentou a menor taxa de alfabetização das
pessoas com pelo menos uma deficiência. (BRASIL, 2012b, p.8-24).
Ainda segundo o instituto (IBGE) a população projetada para o Brasil, em 2020
será de 212.077.375 habitantes, com um universo de 50,6 milhões de pessoas com
deficiência.(IBGE, 2013).
Sobre a relação da deficiência com a pobreza DEVANDAS, citado por VITAL,
(2008, p.24) alerta que “a deficiência é tanto causa como uma consequência da
pobreza; alguns cálculos indicam que uma a cada cinco pessoas pobres apresenta
uma deficiência”.
Convém neste ponto relembrar com Araújo (2011) que da mesma forma que
o direito à saúde, a educação é um direito de todos. Nesse sentido o artigo 205 da
Constituição Federal de 88, tipifica esse direito. Como sendo a educação:
56

[...] direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e


incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. (BRASIL, 2016, p.155).

Em suma a inclusão escolar de alunos com deficiência nasescolas regulares


é um direito garantido pela Constituição Federal e ainda assegurado pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei n. 9.934/96.

4.1 PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL

No objeto de estudo anterior foi possível perceber que a educação é um direito


Constitucional. Para tanto se faz necessário um estudo mais aprofundado sobre essa
proteção.
Dessa maneira Araújo (2011) sustenta que a primeira notícia de uma proteção
específica à pessoa com deficiência foi com a Emenda Constitucional n°12 à
Constituição de 1967.
Todavia a Emenda de n° 12, à Constituição Federal de 1967, “não foi
incorporada ao texto”, diluída em artigos, mesclada com outras temáticas
constitucionais, foi, porém separada ao final do texto. Desta forma ficando segregada,
demonstrando a preocupação de proteger sem incluir. (ARAÚJO, 2011, p.69).
Depois da “Segunda Guerra Mundial, se fez necessário uma prestação mais
positiva do Estado, diante da quantidade de vítimas”. Surge então à necessidade de
uma maior proteção às pessoas com deficiência. Que ocorreu somente com a
Constituição de 1978. (ARAÚJO, 2011, p. 70).
Araújo (2011) salienta que a Constituição Federal de 1988, não trouxe à
proteção às pessoas com deficiência ao final do texto, como no documento anterior,
mas sim de forma dispersa, elencados em vários dispositivos, em capítulos diversos.
Sobre “o genérico principio da igualdade que vem assegurado na cabeça do
artigo 5°, o inciso XXXI do artigo 7° define proteção isonômica específica a pessoa
com deficiência”. (ARAÚJO, 2011, p.70).
Nesse passo com relação à educação e o atendimento especializado à
pessoa com deficiência Araújo destaca o art. 208 da Constituição Federal que traz o
dever do Estado de prestar educação, a essas pessoas:
57

O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de;


III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino. (BRASIL, 2016, p. 156).

Ressaltando que vários pontos da Constituição cuidaram da inclusão da


pessoa com deficiência, o artigo 208, III quando determina que o ensino especializado
seja “preferencialmente” na rede regular de ensino, o legislador cuidou da proteção
da pessoa com deficiência contra eventuais discriminações, com o objetivo da
integração social. (ARAÚJO, 2011, p.105).
No entanto a palavra “preferencialmente” no texto constitucional recebeu um
novo entendimento, uma vez que não se imagina mais uma criança com deficiência
segregada em uma escola especial. Dessa forma Araújo (2011, p.106) comenta que
“é preciso desenvolver a inclusãocomo forma de participação social e democrática”.
Segundo as pesquisas de Lanna Júnior (2010, p.67) “uma das principais
reivindicações das pessoas com deficiência discutida nos encontros era que o texto
constitucional não consolidasse a tutela, e sim a autonomia”.
Ainda segundo o autor houve mais de 200 audiências públicas mostrando um
trabalho intenso das comissões das pessoas com deficiência, na participação do texto
constitucional de 1988. (LANNA JÚNIOR, 2010).
Destarte o autor ressalta ainda que (LANNA JÚNIOR, 2010, p. 65). “O
movimento não queria as tutelas especiais, mas, sim, direitos iguais garantidos
juntamente com os de todas as pessoas”.

A separação, na visão do movimento, era discriminatória. Desde o início da


década de 1980, a principal demanda do movimento era a igualdade de
direitos, e, nesse sentido, reivindicavam que os dispositivos constitucionais
voltados para as pessoas com deficiência deveriam integrar os capítulos
dirigidos a todos os cidadãos. O movimento vislumbrava, portanto, que o
tema deficiência fosse transversal no texto constitucional. (LANNA JÚNIOR,
2010, p.65).

“Indubitavelmente, certos interesses das pessoas com deficiência se


enquadram, perfeitamente dentro da nova tutela coletiva ou difusa”. (FIGUEIREDO,
1988, p. 18).
Pois bem, apesar do direito à inclusão na escola se apresentar com um
aspecto de cunho individual, seus os reflexos se estendem a todo um grupo.
(ARAUJO, 2011).
58

Em síntese Araújo (2011, 119-120) ensina que os direitos assegurados na


Constituição Federal para a proteção das pessoas com deficiência podem ser
efetivados através das seguintes medidas: a Proteção Judicial Individual, quando
afetam diretamente o indivíduo, demonstrado seu interesse particular. Tais como
ações ordinárias, as defesas na execução, mandado de segurança, etc.
Através do Mandado de Injunção, contra a omissão do legislador ou ainda da
inércia do administrador, conforme prevê o artigo 5° da Constituição Federal:

5° [...] LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de


norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e
à cidadania. (BRASIL, 2016, p.21).

Ou Mandado de Segurança quando o interesse for além do individual, Araújo


(2011, p. 130) destaca o mandado de segurança coletivo. Nesse caso deve haver uma
pretensão do associado relacionado com uma associação ou entidade, que nela
esteja vinculado. “O interesse deverá estar ligado a sua condição de associado, o que
exige vinculação aos objetos sócias da entidade”. Dessa forma, o artigo 5° da
Constituição elenca os legitimados, in verbis:

Art. 5º (...) LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:a)
partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
membros ou associados. (BRASIL, 2016, p.21).

“Em se tratando de interesse difuso ou coletivo o pleito será ajuizado pelo


Ministério Público”. E nesse caso a Lei Federal nº 7853/89 e o Código Civil legitimam
expressamente o Ministério Público a promover ações destinadas à defesa da pessoa
com deficiência. (ARAÚJO, 2011, p.141).
Ainda há outras proteções constitucionais de acordo com Mazzilli (2007) a
Lei Maior em seus artigos 23, II e 24, XIV, estipulou como competência comum das
pessoas jurídicas de direito público interno;

[...] cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas


portadoras de deficiência, assim como legislar concorrentemente sobre a
proteção integral social das pessoas portadoras de deficiência. (MAZZILLI,
2007, p.596).
59

Sobre a proteção da pessoa com deficiência configurada na Constituição


Federal, resta evidente que vários são os mecanismos instituídos com esse objetivo.
Para tanto será estudado no próximo ponto do trabalho a importante função
da assistência social, para se fazer garantir o próprio direito da cidadania e da
dignidade da pessoa humana, fator importante para que ocorra a inclusão social da
pessoa com deficiência.

4.2 A ASSISTÊNCIA SOCIAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

No tocante da assistência social a Constituição Federal em seu art. 203


(ANEXO1), Mazzilli (2007, p.596) orienta que entre seus objetivos estão: “a habilitação
e a reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua
integração a vida comunitária.” Garantindo ainda um salário mínimo mensal,
comprovando não possuir meios de prover a própria manutenção ou tê-la provida pela
família. (BRASIL, 2016).
Esse artigo, porém foi regulamentado pela Lei Federal nº. 8.748/93 alterada
pela Lei n.º 12.435/11, que disserta sobre a capacidade e sobre a renda familiar per
capita cujo valor mensal seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo, para a
garantia desse benefício, in verbis;

A Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS. - Lei nº 8.742 de 07 de


Dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá
outras providências.
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-
mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e
cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção nem de tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei nº
12.435, de 2011).
§ 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com
deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4
(um quarto) do salário-mínimo. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011).
(BRASIL, 2011b).

O Benefício da Prestação Continuada é uma garantia de uma renda mensal


correspondente a um salário mínimo aos idosos e pessoas portadoras de deficiência,
que não possuem meios de promover de forma digna a própria subsistência. “Sendo
a assistência social nesse sentido uma das vertentes do princípio da dignidade
humana”, que visa valorizar o indivíduo e amparar os necessitados, reduzindo as
desigualdades sociais, e se incorpora ainda ao princípio da universalidade e da
60

cobertura do atendimento na seguridade social (artigo 194, inciso I, da CF). (BUBLITZ;


HENDGES, 2011, p.1-2).
O parágrafo 2º do artigo 20 da Lei nº 8.742/93 que atualmente dispõe sobre a
organização da Assistência Social (LOAS), estabelece que o BPC é assegurado à a
essas pessoas (ANEXO 4) e traz as considerações sobre a pessoa com deficiência
que deve receber o benefício: “aquela incapacitada para a vida independente e para
o trabalho”. (BUBLITZ; HENDGES, 2011, p.2).
As autoras ainda ressaltam que o texto constitucional, procura não isolar o
pessoa com deficiência, procurar integrar, estabelecendo um conjunto de elementos
que visem assegurar e garantir a “dignidade da pessoa humana e a efetividade da
igualdade”. (BUBLITZ; HENDGES, 2011, p.1).
Nas palavras de Paulo Bonavides (2004), sobre a concretização da igualdade,
a eliminação das exclusões e aproximação de uma justiça satisfatória:

O estado social no Brasil está para produzir as condições e os pressupostos


reais e fáticos indispensáveis ao exercício dos direitos fundamentais. Não há
para tanto outro caminho senão reconhecer o estado atual de dependência
do indivíduo em relação às prestações do Estado e fazer com que este último
cumpra a tarefa igualitária e distributivista, sem a qual não haverá democracia
nem liberdade. (BONAVIDES, 2004, p.378).

“De todos os direitos fundamentais a igualdade é aquele que mais tem subido
de importância no Direito Constitucional”. Sendo o direito “chave e guardião do Estado
social”. (BONAVIDES, 2004, p.376).
Por fim, MADRUGA (2016) ensina que é impossível falar dos direitos das
pessoas com deficiência, sem fazer relação com os direitos fundamentais. Visto que
estes são a prova para que às pessoas com deficiência, possam ter a igualdade de
oportunidades, é preciso ter um tratamento diferenciado, como garantias e direitos
específicos.
Não se tratando de direitos especiais, mas de leis específicas. Então “o cerne
fundamental das atuais disposições constitucionais consagradas às pessoas com
deficiência se vincula a garantir a sua dignidade como pessoa humana”. (MADRUGA,
2016, p.172).
Seguindo essa mesma linha de raciocínio Bublitz e Hendges (2011) concluem
que;
61

Dentre os direitos fundamentais, os direitos sociais necessitam de garantias


que lhes assegurem eficácia e efetividade, de forma mais ampla. Considere-
se a peculiaridade da realidade social brasileira, em que é marcada por
profundas desigualdades sociais, agravadas pelo modelo econômico e pela
inexistência de um padrão mínimo de qualidade de vida e cidadania. Nesse
contexto, a construção de uma sociedade com garantia de padrões aceitáveis
de vida e existência digna perpassa necessariamente pela instituição de um
sistema amplo e abrangente de proteção social, inclusive na vertente da
assistência social. (BUBLITZ; HENDGES, 2011, p.2).

O “único desejo das pessoas com deficiências é o de serem iguais”, sendo


inclusos e aceitos pela sociedade. (BEVERVANÇO, 2001, p.3).
Do ponto de vista da inclusão Martins (2008, p.29) esclarece, para que as
pessoas com deficiência sejam incluídas, se faz necessário uma sociedade menos
excludente, mais inclusiva reconhecendo a diversidade humana e suas necessidades
específicas.
Dessa forma promovendo os ajustes necessários e correções indispensáveis,
para que ocorra o desenvolvimento pessoal e social com iguais oportunidades. “É
dentro desse paradigma da inclusão social e dos direitos humanos que devemos
inserir e tratar a questão da deficiência”. (MARTINS, 2008, p. 29).
Assim Martins (2008, p.30) frisa que “é justamente na diversidade que
devemos buscar e extrair riquezas que nos acrescentam e completam”. (MARTINS,
2008, p.30).
Deste modo Bevervanço (2001, p.1) encerra a questão salientando que “o
estudo das deficiências é na verdade, um estudo de toda humanidade. Então, o Direito
precisa conferir amplitude à reflexão acerca do estigma que cerca a pessoa com
deficiência” (BEVERVANÇO, 2001, p.1).
Portanto no tocante à assistência social da Constituição Federal de 1988 o
Benefício da Prestação Continuada (BPC) se faz importante, tendo em vista que
apesar das novas perspectivas, ainda há muitas dificuldades na inclusão da pessoa
com deficiência.
Assim na atual conjuntura política sobre o aspecto social, dentro do
paradigma do princípio da dignidade humana é preciso amparar essas pessoas.
Porém com a atual legislação da Lei Brasileira de Inclusão (13.146/2015) que
será estudada nos próximos capítulos, esse quadro pode ter mudanças significativas
no futuro.
62

4.3 A LEI 7.853/89 E O DIREITO À EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A lei n.7853/89, de 24 de outubro de 1989, “dispõe sobre o apoio às pessoas


com deficiência e sua integração social”. (BEVERVANÇO, 2001, p.87).
Segundo a Legislação Comentada para Pessoas Portadoras de Deficiência e
Sociedade Civil Organizada (2003) “a Lei 7.853/89 estabeleceu normas e mecanismos
que asseguram o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas com
deficiência”. (BRASIL, 2003, p.48).
Esse mesmo documento explica que a Lei instituiu a tutela jurisdicional de
interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, e responsabilidade não só do
Ministério Publico como de:

[...] Entidades Públicas da administração direta, indireta e fundacional,


associações filantrópicas constituídas há mais de um ano e que incluam entre
as suas finalidades institucionais, a proteção das pessoas portadoras de
deficiência, a competência para defender por via de ação civil pública os
interesses coletivos e difusos das pessoas portadoras de deficiência (art. 3°
ao 7°). (BRASIL, 2003, p.48).

Sobre as sanções disciplinadas na referida importa ressaltar que esta também


cuidou da proteção desses interesses, impondo sanções através de medidas
punitivas, com pena de reclusão que varia de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa aos
responsáveis por atos infringentes aos incisos do art. 8° da Lei n°.7853/89. (ANEXO
2).
Todavia dez anos mais tarde, o Decreto n° 3.298/89 regulamentou a Lei n°
7.853/89, e desta foram “a política para integração da pessoa portadora de deficiência
é consolidada”. (BRASIL, 2003, p.48-49).
Bevervanço (2001, p.94) ressalta que foi “o Decreto n°. 3.298/99 que inovou
e ao mesmo tempo conferiu maior efetividade à garantia do atendimento de saúde
especializado ao prever recursos destinados ao processo de reabilitação”.
No que tange a educação, conforme a autora já citada acima “à Lei n°
7.853/89 prevê no artigo 2°, em seu parágrafo único medidas inclusivas, oferta de
ensino especial, e a matrícula compulsória nos cursos regulares de ensino públicos e
particulares de pessoas portadoras de deficiência”. Caso haja o descumprimento,
este importará em crime preconceituoso como previsto no artigo 8°, inciso I.
63

Sobre o prisma da discriminação o decreto nº 3.956/01 que promulgou a


Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, prevê em seu artigo 1°, o que se
entende por:

a) o termo "discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência"


significa toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência,
antecedente de deficiência, consequência de deficiência anterior ou
percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou
propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte
das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas
liberdades fundamentais. (BRASIL, 2001a).

Porém nem todas as condutas serão puníveis apenas se praticadas na


modalidade dolosa. Não há previsão de modalidade culposa nesse artigo 8º da Lei
7.853/89.
Conforme Assis e Pussoli (1992) através da Lei que boa parcela de pessoas
com deficiências passaram a ter uma atividade no espaço público.
Também o decreto n°. 3.298/99, art. 24 regulamentou as condições de
acessibilidade para realização de provas, inclusive vestibular e educação profissional”.
(ANEXO 3). (BEVERVANÇO, 2001).
Benjamin (1997, p.26) Ministro do Superior Tribunal de Justiça afirma que a
Lei “Trata-se, sem dúvida, da legislação mais avançada e completa”.
Desacatando ainda o que diz o artigo 5º e 6º, da sobre a atuação obrigatória
do Ministério Público, na tutela das pessoas com deficiência. Cabendo a instauração
de inquérito civil ou requisitar de qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou
particular, certidões, informações, exame ou perícias, no prazo que assinalar não
inferior a 10 (dez) dias úteis. (BENJAMIN, 1997, p.27). (ANEXO 9).
Além da possibilidade administrativa, confere ainda ao Ministério Público a
“legitimidade ad causam para buscar tutela judicial dos interesses dos portadores de
deficiência, como preceitua o artigo 3°.
64

Art. 3º As medidas judiciais destinadas à proteção de interesses coletivos,


difusos, individuais homogêneos e individuais indisponíveis da pessoa com
deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela Defensoria
Pública, pela União, pelos Estados, pelos Municípios, pelo Distrito Federal,
por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, por
autarquia, por empresa pública e por fundação ou sociedade de economia
mista que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção dos
interesses e a promoção de direitos da pessoa com deficiência.
(Texto alterado pelo Art. 98 da Lei. Lei nº 13.146 de 06 de Julho de 2015 que
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da
Pessoa com Deficiência). (BRASIL, 2015).

Dessa forma conclui Benjamin (1997, p.28), não haver “dúvida que o
Ministério Público é o tutor natural dos interesses das pessoas com deficiência.
Assim Mazzilli explica essa intervenção:

[...] não intervém apenas em ações que versem interesses coletivos ou


difusos relacionados à proteção das pessoas portadoras de deficiência.
Intervirá antes em qualquer ação em que seja parte uma pessoa portadora
de deficiência física ou mental, posto não se trate de incapaz para os fins do
Código Civil, desde que o objeto dessa ação esteja relacionado com a
deficiência. Salienta a importância dessa ressalva porque “dá a medida da
intervenção ministerial”. Ainda “é protetivo o oficio ministerial em que todas
essas atuações ou intervenções caudadas por um interesse público
evidenciado pela qualidade da parte”. (MAZZILLI, apud BEVERVANÇO,
2001.p.253).

No que diz respeito ao preconceito configurado na Lei em estudo Mazzilli


(2007) afirma que “o maior de todos os preconceitos é o preconceito social”.
(MAZZILLI, 2007, p.595).
Descreve ainda o autor que foi a partir da Constituição de 1988, que houve
um maior desenvolvimento da matéria. Observa que no art. 7°, XXXI que a
Constituição assegurou o direito social “a proibição de qualquer discriminação no
tocante a salário e critérios de admissão ao trabalhador portador de deficiência”.
(MAZZILLI, 2007, p.596).
Nessa mesma linha o autor ressalta que foi a Lei Maior em seus artigos 23, II
e 24, XIV, que estipulou como competência comum das pessoas jurídicas de direito
público interno. “Cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das
pessoas portadoras de deficiência, assim como legislar concorrentemente sobre a
proteção integral social das pessoas portadoras de deficiência”. (MAZZILLI, 2007,
p.396).
Lanna Júnior (2010, p.78), explica que a Lei efetivou a atuação da
Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
65

(CORDE), instituiu suas competências e definiu os aspectos específicos dos direitos


à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância
e à maternidade, além de estabelecer as responsabilidades ao Poder Público.
O quadro 3 mostra a mudança ocorrida no CORDE, que passou a ser
chamado em 2010 de Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos das Pessoas
com Deficiência.

QUADRO 3 – MUDANÇAS DA CORDE


ANO MUDANÇAS AO LONGO DO TEMPO

2009 A antiga Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa com


Deficiência (CORDE) - órgão federal responsável pela política de
inclusão das pessoas com deficiência desde o advento da Lei Nº
7.853/1989 - foi elevada ao status de Subsecretaria Nacional de
Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, criada através da Lei
Nº 11.958, de 26 de junho de 2009 e do Decreto Nº 6.980, de 13 de
outubro de 2009.

2010 Chega ao status de Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos das


Pessoas com Deficiência por meio do Decreto Nº 7.256/10.
Órgão integrante da Secretaria de Direitos Humanos e atua na
articulação e coordenação das políticas públicas voltadas as pessoas
com deficiência – SNPDP.
FONTE: Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados da Secretaria Especial
dos Direitos da Pessoa com Deficiência, 2017.

O CORDE deveria elaborar seus planos, programas e projetos considerando


a Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. E tinha por
princípio:

[...] a ação conjunta do Estado e da sociedade civil na criação de mecanismos


na criação de mecanismos que assegurassem a plena integração da pessoa
com deficiência em todos os aspectos da vida em sociedade. (LANNA
JÚNIOR, 2010, p.78).

Em 2010, criou-se a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa


com Deficiência (SDH/PR), “responsável pela articulação e coordenação das políticas
públicas voltadas para as pessoas com deficiência”, tornando a parte do terceiro
escalão do governo federal abaixo apenas dos ministros e vice-presidente da
República. (LANNA JÚNIOR, 2010, p.80).
66

Ter a coordenação da política para a inclusão da pessoa com deficiência na


pasta dos Direitos Humanos é um reconhecimento de que esta inclusão, é
antes de mais nada, um direito conquistado por este grupo a parte de muita
luta. Em 2009, a OEA4 reconheceu que poucos são os países que vão além
da ação reabilitatória e assistencialista. [...] o Brasil é destaque internacional
por coordenar medidas administrativas, legislativas, judiciais e políticas
públicas, com o objetivo de assegurar os direitos fundamentais desta parcela
da população. (LANNA JÚNIOR, 2010, p.80).

Contudo como o CORDE, era subordinado à Presidência da República, e


contava apenas constitucionalmente com dois conselhos deliberativos (o Conselho da
República e o Conselho de Defesa Nacional). “Em 1999, porém, esse conselho foi
abolido e, finalmente, criou-se um Conselho Deliberativo, o Conselho Nacional dos
Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência – CONADE5 (Decreto n° 3.076, de 1° de
junho de 1999).”(LANNA JÚNIOR, 2010, p.82).
No que tange o diploma mais recente a Lei nº 13.1465 de 2015 (Estatuto da
Pessoa com Deficiência) Farias, Cunha e Pinto (2016) comentam sobre qual norma
vigoraria no que refere o conceito da pessoa com deficiência, se a Lei n. 7.853/1989,
que foi regulamentada pelo Dec. 3.298/1999 ou o Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Sobre esse aspecto os autores, explicam que os conceitos trazidos, são
“plenamente compatíveis, sobretudo no que se refere a impedimentos de ordem física
que dificultem o pleno exercício na sociedade, por seu portador, em relação aos
demais”. (FARIAS; CUNHA; PINTO, 2016, p.23).
Outro fato relevante da Lei n° 7.853, foi à obrigatoriedade da inclusão, nos
censos nacionais, com questões específicas sobre as pessoas com deficiência.
Ressaltando que estas informações são de suma relevância, no auxílio do
planejamento de políticas públicas destinadas a inclusão social. (LANNA JÚNIOR,
2010).
Nesse enfoque o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
trabalharam em parceria com a Secretaria de Promoção dos Direitos da Pessoa
Portadora de Deficiência, no planejamento do Censo 2000. (LANNA JUNIOR, 2010).

4A Organização dos Estados Americanos OEA - A Organização foi criada para alcançar nos Estados
membros, como estipula o Artigo 1º da Carta, “uma ordem de paz e de justiça, para promover sua
solidariedade, intensificar sua colaboração e defender sua soberania, sua integridade territorial e sua
independência”.
5O CONADE foi criado como órgão superior de deliberação coletiva com a atribuição principal de

garantir a implementação da Política Nacional de Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Seu


decreto de criação determinou que o órgão fosse constituído paritariamente por representantes do
Poder Público e da sociedade civil, ficando sob a responsabilidade do Ministro de Estado da Justiça
disciplinar o funcionamento do órgão.
67

Nesse viés, para fim de comparação dos dados, As Nações Unidas solicitaram
que o trabalho estatístico e metodológico obedecesse a padrões internacionais.
Adotando como ponto de partida conceitual a Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. (ANEXO 5).
Dessa forma o Censo do IBGE 2010 utilizou meios informatizados, e houve
uma maior preparação dos recenseadores, no que se refere às pesquisas das
pessoas com deficiência. (LANNA JUNIOR, 2010).
Desse modo de acordo com dados do IBGE 2010 apud Brasil (2012b), o Brasil
tem 45,6 milhões de pessoas com pelo menos um tipo de deficiência, conforme
apresentado na: (FIGURA 1).

FIGURA 1 - POPULAÇÃO POR TIPO DE DEFICIÊNCIA.

Fonte: BRASIL (2012b).

A Cartilha do Censo (BRASIL, 2012b) ainda aponta que embora as pessoas


com deficiência tenham os mesmos direitos que as pessoas sem deficiência, elas nem
sempre conseguem clamar por seus direitos nas mesmas condições das pessoas sem
deficiência. Isso “devido a desvantagens impostas pela restrição de funcionalidades e
pela sociedade que lhe impõem barreiras físicas, legais e de atitudes”. (BRASIL,
2012b, p.14).
Dessa forma a educação tem papel fundamental, para o desenvolvimento ao
trabalho, renda e uma vida com independência e dignidade:
68

A educação tem sido considerada, em todas as nações do mundo e durante


toda a história da humanidade, como um fim e um meio para o
desenvolvimento do indivíduo e da própria humanidade. Todo homem,
mulher, jovem e criança têm direito à educação, treinamento e informação
durante todas as fases de suas vidas, não havendo limites de idade para suas
reivindicações. O direito à educação é inalienável e universal, sendo também
considerado um direito que viabiliza a realização de outros direitos, pois ele
prepara as pessoas com deficiência para o trabalho e para a obtenção de
renda que lhes garantam viver com independência e dignidade.
(BRASIL, 2012b, p.14).

Por fim, o Decreto nº 3.298, que regulamenta a Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre a
Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define a
educação especial como:

Uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino,


enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino
regular. Acompanhando o processo de mudança, as Diretrizes Nacionais
para a Educação Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº
2/2001, no artigo 2º, determinam que: “Os sistemas de ensino devem
matricular todos os estudantes, cabendo às escolas organizarem-se para o
atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais,
assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade
para todos. (BRASIL, 2001b).

Em resumo sobre o estudo da lei 7.853/89 e o direito à educação inclusiva, o


decreto nº 3.298 é um marco importante, pois assegurou no ensino regular, a
educação especial como atuação complementar. Implantando dessa forma uma
política de integração tendo em vista que a matricula compulsória se dava ainda dentro
da política da educação especial. Surgindo, portanto os primeiros passos na direção
de uma educação inclusiva.

4.4 A ACESSIBILIDADE E A LDB- LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO


NACIONAL

Pelos ensinamentos de Araújo (2011, p.57) “A educação é um direito de todas


as pessoas com deficiência ou não”. Por esse ângulo as pessoas com deficiência têm
direito à educação, como forma de desenvolvimento intelectual, “por se tratar de um
bem derivado do direito à vida”.
A educação deve ser pensada, considerando a necessidade da pessoa com
deficiência. No entanto deve ser feita dentro da classe regular, de maneira que, para
atingir o objetivo real da inclusão os professores devem desenvolver habilidades
69

próprias para esse grupo, com tarefas adequadas e específicas. “Igualdade, direito à
educação, e ensino inclusivo são expressões que devem andar juntas. (ARAÚJO,
2011, p.57).
Nesse cenário Araújo (2011, p.57) expõe que ao proporcionar o ingresso do
aluno com deficiência nas classes regulares de ensino, está se “desenvolvendo o
espírito da solidariedade, uma comunicação mais rica e mais motivada
engrandecendo a todos, reflexo de uma postura democrática”.
Nesse aspecto a Lei da acessibilidade n° 10.098/2000 foi criada visando
garantir os direitos igualitários a fim de assegurar as pessoas com deficiência,
qualidade de vida adequada, possibilitando o acesso a todos os espaços. (SLOBOJA,
2014, p.13).
No que se refere especialmente aos ambientes escolares, o artigo 24 do
decreto 5296/2004 que regulamenta a Lei 10.098/00, dispõe sobre as normas de
acessibilidade que os estabelecimentos públicos ou privados deverão proporcionar às
pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida nesse sentido os estabelecimentos
de ensino:

[...] de qualquer nível, etapa ou modalidade, públicos ou privados,


proporcionarão condições de acesso e utilização de todos os seus ambientes
ou compartimentos para pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida, inclusive salas de aula, bibliotecas, auditórios, ginásios
e instalações desportivas, laboratórios, áreas de lazer e sanitários.
§ 1o Para a concessão de autorização de funcionamento, de abertura ou
renovação de curso pelo Poder Público, o estabelecimento de ensino deverá
comprovar que:
I - está cumprindo as regras de acessibilidade arquitetônica, urbanística e na
comunicação e informação previstas nas normas técnicas de acessibilidade
da ABNT, na legislação específica ou neste Decreto;
II - coloca à disposição de professores, alunos, servidores e empregados
portadores de deficiência ou com mobilidade reduzida ajudas técnicas que
permitam o acesso às atividades escolares e administrativas em igualdade
de condições com as demais pessoas; e
III - seu ordenamento interno contém normas sobre o tratamento a ser
dispensado a professores, alunos, servidores e empregados portadores de
deficiência, com o objetivo de coibir e reprimir qualquer tipo de discriminação,
bem como as respectivas sanções pelo descumprimento dessas normas.
(BRASIL, 2004).

“O direito à acessibilidade é um direito instrumental, pois viabiliza a existência


de outros direitos”. (ARAÚJO, 2011, p.59).
E sobre quem são os alunos com deficiência física, os autores Silva, Castro e
Branco (2006, p. 10), dissertam que “são aqueles que apresentam alterações
musculares, ortopédicas, articulares ou neurológicas que podem comprometer seu
70

desenvolvimento educacional”. E nessa esteira quando estas alterações ocasionam


dificuldades “no processo de aprendizagem, o aluno deve receber atendimento
psicopedagógico, e recursos didáticos adaptados”.
Dessa forma a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº
9394/96 no capítulo v da educação especial em seu artigo 58 preceitua o que se
entende por educação especial;

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a
modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular
de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela
Lei nº 12.796, de 2013).
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola
regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos
alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino
regular. § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado,
tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
(BRASIL, 2012c, p.33).

No entanto Farias; Cunha e Pinto (2016, p.102)destaca que a LDB, busca de


alguma forma priorizar a chamada educação especial, que tende a segregar o aluno
com deficiência dos demais, quando usa em seu artigo que o termo
“preferencialmente”. Art. 58. “Entende-se por educação especial [...] a modalidade de
educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para
educandos com deficiência [...]”
Da mesma forma os autores Silva, Castro e Branco (2006) ressaltam que a
atual política educacional brasileira acentuam que a inclusão dos alunos com
necessidades educacionais especiais, deve se dar nas classes regulares comuns, a
fim de afastar as práticas segregacionistas que sobrevieram na educação desses
alunos.
Prosseguem os autores que, no entanto a educação inclusiva tem sido um
grande desafio no que diz respeito ao ensino público e privado a prática que
homogeniza a escola compromete a pluralidade da aprendizagem, desrespeitando a
diversidade e anulando as peculiaridades dos alunos com necessidades educacionais
especiais.
Os autores citados acima ainda enfatizam que a educação inclusiva, deve
substituir o modelo racionalista, para uma “nova concepção da educação, em um
71

sistema aberto nas dimensões do ser, do fazer e do conviver”. (SILVA; CASTRO;


BRANCO, 2006, p.13).
Portanto explicam os autores Silva, Castro e Branco (2006, p.13) que o aluno
com deficiência física deve ser visto como um indivíduo “capaz de responder com
competência as exigências do meio, desde que sejam oferecidas a ele condições para
esse desenvolvimento”.
Nesse mesmo tema o Decreto nº 6.949/09, que promulgou a Convenção
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência em o direito das pessoas
com deficiência à educação, sem discriminação e com igualdade de oportunidades.
Assegurando o pleno desenvolvimento do potencial humano, e sua participação
efetiva na sociedade. (BRASIL, 2009).
Assim de acordo com o referido decreto em seu artigo 24, item 5 (anexo 5)os
Estados Parte devem reconhecer o direito das pessoas com deficiência à educação e
assegurar um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, para que não que
estas não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação de deficiência.
(BRASIL, 2009).
Sobre a acessibilidade o art. 24, alínea c diz que: as “adaptações razoáveis
de acordo com as necessidades individuais sejam providenciadas”, de maneira que
as pessoas recebam todo o apoio necessário a fim de facilitar a sua efetiva educação.
(BRASIL, 2009).
Nesse sentido Madruga (2016, p.199) relaciona “a acessibilidade universal ao
princípio da dignidade humana”, garantindo uma vida digna e com qualidade, onde as
barreiras físicas e sociais sejam vencidas e que outras não sejam criadas.
Dessa forma Bezerra (2014, p. 75) destaca que a “acessibilidade é um direito
humano, fundamental e indisponível”.
A autora ressalta que a falta de a adaptação razoável ou a sua recusa podem
ser enquadradas como uma “discriminação por motivo de deficiência”. (BEZERRA,
2014, p. 73).

Discriminação por motivo de deficiência significa qualquer diferenciação,


exclusão ou restrição baseada na deficiência, com propósito ou efeito de
impedir ou impossibilitar o reconhecimento, gozo ou o exercício, em
igualdade de oportunidades com as demais pessoas, de todos os direitos
humanos e liberdades fundamentais nos âmbitos político, econômico, social,
cultural, civil ou qualquer outro. Abrange todas as formas de discriminação,
inclusiva a recusa de adaptação razoável. (BEZERRA, 2014, p. 74).
72

Sobre a inclusão o Ministro da Educação, do período de (2005 a 2012)


Fernando Haddad explica que os benefícios da inclusão:

[...] inclusão não é apenas para crianças com deficiência, efetivamente para
toda a comunidade, porque o ambiente escolar sofre um impacto no sentido
da cidadania, da diversidade e do aprendizado. (INCLUSÃO, 2005, p.5).

Ferreira Promotor de Justiça (2009, p.1), orienta que para garantir a educação
do aluno com deficiência, existe uma série de elementos que necessitam ser
adequados. E elenca um rol de fatores que precisam estar em harmonia para que de
fato haja a inclusão social. Como:

[...] transporte adaptado, calçadas acessíveis, professores e funcionários


capacitados, escolas acessíveis sem barreiras arquitetônicas, familiares
dispostos a aceitar a inclusão, realização de atividades de sensibilização e
conscientização dentro e fora da escola a fim de eliminar o preconceito,
estigmas e estereótipos. (FERREIRA, 2009, p.1).

Ferreira, (2009) destaca ainda que para haver uma educação inclusiva,
requer um “sistema educacional inclusivo”. (FERREIRA, 2009, p.1).
Sobre as adaptações Ferreira (2009) explica que providências como ação civil
pública e o inquérito civil devem ser tomadas buscando o termo de ajustamento de
conduta, para que essas adaptações sejam de fato efetivadas.
Nesse viés o autor (FERREIRA, 2009, p.1) se posiciona sobre a justificativa
legal para a instauração do inquérito civil. Que se encontra pautada na:

Constituição Federal quanto ao princípio da dignidade da pessoa humana


(art. 1º, III), da igualdade (art.5º), da garantia da educação para todos (art.
205) e da prioridade absoluta (art. 227) que se deve dar à criança e ao
adolescente, principalmente em relação à educação”. Também
regulamentados na Política Nacional de Educação Especial, (MEC/SEESP,
1994), onde fica estabelecido o apoio ao sistema regular de ensino para a
inserção dos portadores de deficiência, dando prioridade a projetos
institucionais que envolvam ações de integração. E igualmente regimentado
na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394/96), no Plano
Nacional de Educação, na Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001, e as
Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica.
(FERREIRA, 2009, não p.).

Sobre o artigo 59 disposto na LDB, o MEC (2008) ressalta a recomendação


que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos
e organização específicos para atender as suas necessidades. (ANEXO 6).
73

Nesse viés seguindo o processo de mudança, as Diretrizes Nacionais para a


Educação Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001 no artigo 2º,
determinam que:

Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas


organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades
educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma
educação de qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001 apud BRASIL,
2008a, p.8).

Conforme observam Frias e Menezes em (2008, p.11), de uma maneira geral


as escolas têm a clareza das leis quanto à inclusão assim como a obrigatoriedade da
garantia de vaga para os alunos com necessidades educacionais especiais, porém
apontam algumas dificuldades pelo fato de não haver a sustentação necessária, a
exemplo, “ausência de definições mais estruturais acerca da educação especial e dos
suportes necessários a sua implementação”.
Frisam ainda que para que a inclusão se consume se faz necessárias
modificações relevantes no sistema de ensino, não bastante somente a garantia da
legislação. (FRIAS; MENEZES, 2008).
E sobre os profissionais da educação Silva, Castro e Branco, (2006),
enfatizam estes, precisam ter conhecimento dos diferentes tipos de deficiência e suas
complexidades, de modo que esse conhecimento auxilie na elaboração dos diferentes
tipos de estratégias de ensino de forma a desenvolver programas pedagógicos que
enfoque o potencial dos alunos e não suas limitações.
E no que diz respeito à estrutura e acessibilidade no espaço escolar os
autores afirmam que “a escola deverá preparar-se para acolher os alunos com
necessidades educacionais especiais - deficiência física”. Por meio de ações
conjuntas de maneira a proporcionar a acessibilidade, removendo as barreiras
arquitetônicas, com o intuito de adaptar os mobiliários bem como os materiais didático-
pedagógicos. (SILVA, CASTRO; BRANCO, 2006, p.14).
E sobre o enfoque da Lei Federal n° 13.146/2015, conhecida como Lei
Brasileira de Inclusão dispõe o 1° que “a lei foi criada para assegurar os direitos
igualitários, visando à inclusão social e cidadania”.
Assim, os autores Farias Cunha e Pinto (2016, p.98), destacam que “o
conceito de educação está intimamente ligado à noção de direitos humanos e
especificamente ao princípio da igualdade.”
74

Logo Mantoan (2003, p14) concorda que a educação inclusiva tem que ser
voltada para uma cidadania “global, plena, livre de preconceitos e que reconhece e
valoriza as diferenças.”
E sobre as contradições pautadas na Constituição Federal e na LDB, no que
se refere à integração e inclusão no fundamento das classes especiais de ensino
Mantoan (2008) se posiciona que a regra para contemplar as pessoas com deficiência,
deve acontecer dentro do ensino regular, não se justificando um ensino especial
apartado. (MANTOAN, 2003).
A autora já citada ainda ressalta a evolução das normas educacionais, entre
as controvérsias da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB de
1996) e a Constituição Federal de 1988. Razão pela qual a inclusão é relevante na
educação escolar, uma vez que deve ultrapassar os impasses da legislação.
(MANTOAN, 2003).
Dessa forma pode-se perceber que a Constituição Federal “admite que o
atendimento educacional especializado possa ser oferecido fora da rede regular de
ensino, em qualquer instituição”, de maneira apenas complementar, e não um
substitutivo, do ensino ministrado na rede regular para todos os alunos, porém “na
LDB (art. 58 e seguintes), consta que a substituição do ensino regular pelo ensino
especial é possível”. (MANTOAN, 2003, p.23).
Assim Mantoan (2003, p.24), traz que posteriormente a LDB surge uma nova
legislação que revogou as disposições contrárias a ela. “Trata-se da Convenção
Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as
Pessoas Portadoras de Deficiência, celebrada na Guatemala, em maio de 1999”, a
qual o Brasil é signatário.
E esse novo documento segundo Mantoan (2003) fica claro a impossibilidade
de diferenciação com base na deficiência. E define a discriminação:

[...] toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência,


antecedente de deficiência, consequência de deficiência anterior ou
percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou
propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte
das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas
liberdades fundamentais (art. 1º, nº 2 “a”). (MANTOAN, 2003, p.24).

Outra consideração pertinente ao tema é acerca da Convenção que também


diferencia o que não constituiu discriminação:
75

[...] a diferenciação ou preferência adotada para promover a integração social


ou o desenvolvimento pessoal dos portadores de deficiência, desde que a
diferenciação ou preferência não limite em si mesma o direito à igualdade
dessas pessoas e que elas não sejam obrigadas a aceitar tal diferenciação
ou preferência (art. 1º, nº 2 “b”). (MANTOAN, 2003, p.24).

Ainda sobre o prisma da educação ofertada em classes especiais, Mantoan


(2003, p.24), observa que “a LDB de 1996, não se harmoniza com a norma, uma vez
que esta admite a substituição do direito de acesso à educação em ambientes
especiais”, diferenciando a educação com base nas condições pessoais do ser
humano, através de suas deficiências.
E outro ponto crítico segundo a autora é o fato da LDB não prever o direito de
opção pelos pais e responsáveis, ficando na prática a critério da escola ou da rede de
ensino, em quais situações se dará a educação especial.
Nessa linha de raciocínio a autora comenta que é por força da nova corrente
de interpretação jurídica da educação para pessoas com deficiência, que as escolas
que ‘inscritas como especiais devem rever seus estatutos. (MANTOAN, 2003, p.25).
A autora completa ainda que segundo os “termos da Convenção da
Guatemala, a escola não pode intitular-se especial com base em diferenciações
fundadas nas deficiências das pessoas que pretende receber”. (MANTOAN, 2003,
p.25).
Outro fato relevante é sobre o ensino na rede privada, Pinto (2011) ensina que
a não aceitação das pessoas com deficiência na rede privada de ensino afronta a
norma constitucional que garante igualdade de acesso e permanência na escola.
E sobre a acessibilidade nas escolas a autora explica que para haver o
atendimento satisfatório da diversidade humana “o sistema educacional deve estar
regularmente adaptado e equipado com recursos arquitetônicos, humanos e
pedagógicos necessários ao pleno desenvolvimento de todos os alunos.” (PINTO,
2011, não p.).
Sobre a garantia de um atendimento educacional direcionado a pessoa com
deficiência Pinto (2011, não p.), esclarece que os recursos próprios para o
atendimento das pessoas com deficiência esta configurado no artigo 208, III, da
Constituição Federal, que “prescreve a necessidade da garantia de atendimento
educação especializado as pessoas com deficiência, cabendo ao Estado garantir o
76

atendimento educacional necessário para que a pessoa com deficiência desenvolva


o seu aprendizado”.
Ainda de acordo com a autora já citada, fica claro que a Constituição confere
a necessidade de recursos educativos que visem o pleno desenvolvimento dos
portadores de deficiência. E uma vez que o ente privado faz às vezes do poder público
assume este a aplicação direta dos princípios e direitos fundamentais.
E mesmo havendo resistência por parte das escolas privadas em oferecer o
atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência, estas exercem
atividades estatais de forma delegada, não podendo sobrepor seus interesses
particulares aos princípios constitucionais. Também pó força do artigo 205 da Lei
Maior que enuncia:

[...] compete às instituições públicas e privadas providenciar a adaptação


necessária ao efetivo desenvolvimento dos alunos portadores de deficiência.
Isto porque, apenas com a efetivação da educação inclusiva nas escolas
regulares é que os fundamentos e objetivos da República Federativa do Brasil
serão atingidos. (PINTO, 2011, não p).

Dessa forma conclui a autora que uma vez existente o comando


Constitucional, este deve ter a máxima efetividade. Porém para não sobrecarregar a
escola e tão pouco as famílias os custos dos aparatos estes devem ser redistribuídos
na coletividade de alunos com base ao princípio da solidariedade. (PINTO, 2011, não
p.).

4.5 A LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA


(ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA) LEI Nº 13.146/15.

Visando a máxima proteção da pessoa com deficiência, sob o enfoque da


inclusão,a Lei Brasileira de Inclusão n° 13.146/2015 foi um grande avanço em vários
aspectos. Baile citado por Franco (2016, não p.) comenta que “ao se exercer os
direitos previstos na lei, devem surgir casos de punição por discriminação e isso vai
ter um efeito cultural e pedagógico positivo”.
Franco (2016) esclarece ainda que a Lei trouxe muitas inovações além das
destinadas na área da educação, também nas áreas sociais como a saúde, trabalho,
transporte, assistência social, previdência e esporte.
77

A seguir, destacam-se alguns dos avanços fundamentais para a conquista da


autonomia e da independência da pessoa com deficiência. (FRANCO, 2016).

QUADRO 4- AVANÇOS FUNDAMENTAIS PARA A CONQUISTA DA AUTONOMIA NA CAUSA DA


DEFICIÊNCIA.
Capacidade civil Garantiu às pessoas com deficiência o direito de casar ou constituir
união estável e exercer direitos sexuais e reprodutivos em
igualdade de condições com as demais pessoas. Também lhes foi
aberta a possibilidade de aderir ao processo de tomada de decisão
apoiada (auxílio de pessoas de sua confiança em decisões sobre
atos da vida civil), restringindo-se a designação de um curador a
atos relacionados a direitos de ordem patrimonial ou negocial.

Inclusão escolar Assegurou a oferta de sistema educacional inclusivo em todos os


níveis e modalidades de ensino. Estabeleceu ainda a adoção de
um projeto pedagógico que institucionalize o atendimento
educacional especializado, com fornecimento de profissionais de
apoio. Proíbe as escolas particulares de cobrarem valores
adicionais por esses serviços.

Auxílio-inclusão Criou benefício assistencial para a pessoa com deficiência


moderada ou grave que ingresse no mercado de trabalho em
atividade que a enquadre como segurada obrigatória do Regime
Geral de Previdência Social.

Discriminação, Estabeleceu pena de um a três anos de reclusão, mais multa, para


abandono e quem prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou exercício
exclusão de direitos e liberdades fundamentais da pessoa com deficiência.

Atendimento Garantiu prioridade na restituição do Imposto de Renda aos


prioritário contribuintes com deficiência ou com dependentes nesta condição
e no atendimento por serviços de proteção e socorro.

Administração Incluiu o desrespeito às normas de acessibilidade como causa de


pública improbidade administrativa e criou o Cadastro Nacional de Inclusão
da Pessoa com Deficiência (Cadastro-Inclusão), registro público
eletrônico que irá reunir dados de identificação e socioeconômicos
da pessoa com deficiência.

Esporte Aumentou o percentual de arrecadação das loterias federais


destinado ao esporte. Com isso, os recursos para financiar o
esporte paralímpico deverão ser ampliados em mais de três vezes.
FONTE: AGÊNCIA DO SENADO apud FRANCO (2016).

Para fim de conclusão do tema exposto,a lei brasileira de inclusão também


cuidou da proteção da pessoa com deficiência, visando sua plena participação na
sociedade. Assim fundamentou o tema sobre as barreiras que impedem esse direito
dentro da acessibilidade. Assim é importante elucidar no o que significa acessibilidade
de acordo com decreto nº 5296, p. 04. Para fins deste decreto a acessibilidade é
entendida como:
78

Condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos


espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços
de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e
informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.
(FRAGNAN; VIANA, 2009, não p.).

Outra consideração a tecer é relevância da lei 10.098, que estabelece as


normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. (ANEXO 8).
Os autores Ricardo Fragnan e Helena Brandão Viana (2009, não p.) destacam
a importância da adaptação regulamentada com a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) desse modo todas as construções, ampliações ou reformas de
“edifícios públicos ou privados destinados ao uso coletivo deverão ser executadas de
modo que sejam ou se tornem acessível ás pessoas portadores de deficiência ou
mobilidade reduzida”.
Sustentam ainda os autores que conhecer a estrutura da cadeira de rodas e
suas limitações “quanto ao tamanho, e inclinação da cadeira para fazer os desníveis
(rampas), é imprescindível.” (FRAGNAN; VIANA, 2009, não p.).
Em 2004 a ABNT firmou acordo com o Ministério Federal para a divulgação e
aceso das normas. “Em 2015 foi publicada pelo Comitê Brasileiro de Acessibilidade
da ABNT a revisão e atualização da Norma de Acessibilidade a Edificações
Mobiliárias, Espaços e Equipamentos Urbanos, a NBR 9050.” (ABNT, 2015). Essas
normas por sua vez são de interesse social e são citadas pelas leis Federais de
Acessibilidade.
Sassaki (2009) sustenta que, a acessibilidade

É uma qualidade, uma facilidade que desejamos ver e ter em todos os


contextos e aspectos da atividade humana [...] a acessibilidade for (ou tiver
sido) projetada sob os princípios do desenho universal, ela beneficia todas as
pessoas, tenham ou não qualquer tipo de deficiência. (SASSAKI, 2009, p.11).

Também oportuno ressaltar que as barreiras atitudinais no campo da


educação, devem ser removidas com a realização de “atividades de sensibilização e
conscientização, dentro e fora da escola a fim de eliminar preconceitos”. (SASSAKI,
2009, p.15).
O autor cita ainda a Resolução CNE/CEB nº 2, de 11/9/01, art. 12, que
assegura a acessibilidade aos alunos com deficiência. “Provendo as escolas dos
recursos humanos e a acessibilidade atitudinal”. (SASSAKI, 2009, p.15).
79

Dessa forma Vargas (2013) completa que desde a proclamação Declaração


de Salamanca (1994) muitos paradigmas lentamente vem se constituindo. Uma
transformação da Escola Integrativa para a escola Inclusiva, alçada entre muitos
obstáculos; como a falta de recursos, o preconceito, a falta de preparação do corpo
docente, a falta de adequação dos currículos. E aponta que ter um aluno com
deficiência na classe entre os 30 não é necessariamente dizer que este aluno está
incluso.
E finaliza a autora que de nada adianta criar tantas leis, se não houver
pessoas dispostas a acolher as crianças nessa perspectiva inclusiva. (VARGAS,
2013).
No curso desse trabalho, procurou-se examinar a caracterização da pessoa
com deficiência dentro da perspectiva da inclusão como direito fundamental.
O Brasil é considerado o quinto país mais inclusivo no que tange a legislação
de acordo com o documento, "Monitoramento Internacional dos Direitos dos
Deficientes", realizado pelo Centro para a Reabilitação Internacional e divulgado em
reunião na ONU sobre o tema. No entanto apesar desse arcabouço de leis, ainda
existe uma discrepância entre a realidade e a legislação.
No que toca os direitos fundamentais das pessoas com deficiência, é notório
que estas têm seus direitos assentados pelo Princípio da dignidade da pessoa
humana que prevê os direitos e garantias fundamentais inerentes ao ser humano.
Dessa forma o direito a acessibilidade, e a inclusão é um direito da pessoa
com deficiência que deve ser respeitado em todos os espaços.
80

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa tem por objetivo fundamentar a proposição de que a


inclusão da pessoa com deficiência física na escola e a consequente garantia de
acessibilidade são direitos fundamentais protegidos pelo sistema de proteção
internacional dos direitos humanos, por tratados ratificados pelo Brasil, pelo texto
constitucional e por leis infraconstitucionais atinentes ao tema.
Para contextualização do problema, apresentaram-se alguns aspectos
básicos relativos à (não) inserção da pessoa com deficiência na sociedade. Pelo o
que foi exposto, é notório que, durante muitos anos as pessoas com deficiência foram
segregadas e excluídas da sociedade.
Ao longo do tempo, essa perspectiva vem se transformando. A partir das lutas
dos movimentos sociais, bem como com um novo viés do direito, que pretende com a
inclusão social tornar a pessoa com deficiência um cidadão capaz de contribuir para
o desenvolvimento da comunidade na qual está inserido.
Essa mudança transparece na terminologia utilizada. Assim, pessoas que
fazem parte dessa categoria de cidadãos foram chamadas de inválidos,
incapacitados, defeituosos, deficientes, pessoas portadoras de deficiência e pessoas
com necessidades especiais. Esses formatos de tratamento se deram em virtude das
diferentes passagens e épocas, e conforme a sociedade evoluía também se
modificavam os valores atribuídos a essas pessoas.
Atualmente, o termo a ser utilizado é “pessoas com deficiência” que surgiu
com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, em uma visão
voltada aos direitos humanos e ao respeito, pois antes da deficiência, ela deve ser
visto como pessoa, como um cidadão, em uma sociedade verdadeiramente inclusiva.
A fim de contextualizar o tema, também foram apresentados os modelos de
tratamento, conferidos às pessoas com deficiência ao longo do tempo. Alguns
doutrinadores entendem que esses modelos são três: o modelo de prescindência, o
modelo médico ou reabilitador e o modelo social. O modelo de prescindência traz um
olhar religioso ao tema, sendo que a deficiência seria fruto de algum pecado cometido
pelos ascendentes do “inválido”. Devendo elas ser eliminadas, por não contribuírem
com a vida em sociedade. Por óbvio, esse modelo foi inútil por se tratar de um modelo
que exclui à pessoa com deficiência da sociedade. Não há, nesse modelo, nenhum
incentivo para a inserção na vida escolar da pessoa com deficiência.
81

Já o modelo médico, que se iniciou com o final da Primeira Guerra Mundial é


igualmente criticados pelos doutrinadores, pois o foco do tratamento se concentra
apenas no indivíduo que necessita ser reabilitado.
A sociedade nesse modelo não tem qualquer responsabilidade pelos atos de
discriminação que possa sofrer a pessoa com deficiência, uma vez que o problema
está unicamente no indivíduo que necessita ser reabilitado para, depois da
reabilitação, ser inserir na sociedade. Esse modelo também é falho, pois as
dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência são problemas que devem
envolver toda a comunidade.
Dessa forma, atualmente, o modelo social parece ser o mais adequado, poiso
assunto da deficiência não é do apenas do indivíduo, mas sim de interesse público.
Assim sendo, a pessoa com deficiência passa a ser vista como um agente de
mudança, capaz de decidir a sua própria vida com independência na busca pela
inclusãosocial e na efetivação dos direitos.
Na esfera constitucional, a educação e a deficiência foi motivo de divergência
entre muitos ativistas na luta pela inclusão. O tema foi tratado nos artigos 205 e 206
da Constituição de 1988. Nesses artigos, afirma-se que a educação é um direito de
todos e dever do Estado. Todavia, no artigo 208, o constituinte originário dispôs que
o atendimento educacional especializado as pessoas com deficiência se daria
“preferencialmente” nas redes regulares de ensino.
Assim, apesar do grande avanço da afirmação de que a educação é direito de
todos, à inclusão dos alunos com deficiência na rede regular de ensino se daria
apenas se isso fosse possível, não se dando de maneira isonômica a todos os
cidadãos (incluindo às pessoas com deficiência).
Apesar disso, a leitura da Constituição deve ser feita de maneira integrada,
especialmente à luz do princípio da dignidade da pessoa humana, do princípio da
isonomia e à luz da grande função da Constituição: proteger as minorias.
Por isso, no enfoque do modelo social, que privilegia a efetivação dos direitos
das pessoas com deficiência, a Lei nº 7.853/89 veio deliberar sobre a integração social
das pessoas com deficiência, dispondo a compulsoriedade das escolas públicas e
privadas em ofertar a educação especial na rede regular de ensino.
Dez anos mais tarde em 1999, o Decreto nº 3.298, que regulamenta a Lei nº
7.853/89, veio disciplinar a educação especial como uma modalidade transversal a
82

todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da


educação especial ao ensino regular.
Acompanhando, essa evolução com o objetivo de acompanhar a temática da
integração social e da promoção pela acessibilidade foi implantada a Lei Federal nº
10.098 que dispõe sobre as normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, com a
supressão de barreiras e obstáculos.
E diante do ponto de vista de tratamento social conferido pela Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados
pelo Congresso Nacional em 2008, com força de emenda constitucional, foi instituída
a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
Deficiência).
Portanto através Lei n° 13.146/15, que instituiu o chamado Estatuto da Pessoa
com Deficiência essas pessoas ganham proteção e a garantia de oportunidades em
todo o território nacional, com o direito a matrícula na rede regular de ensino
efetivando assim a inclusão da pessoa com deficiência na escola como direito
fundamental, desmistificando as classes especiais, e assegurando um país acessível
a todos.
Isso tudo permite afirmar que surgiram muitas ações afirmativas no intuito de
assegurar às pessoas com deficiência os direitos inerentes a todos os seres humanos.
E, ao contrário do assistencialismo e da vitimização, o que se busca é emancipação,
a autonomia e a independência dentro de uma política de uma sociedade para todos.
Abre-se um novo paradigma no qual a sociedade, por meio do Estatuto irá se
preparar para receber à pessoa com deficiência, e não mais a pessoa com deficiência
terá que se adaptar a uma um sociedade que não se preocupa em se preparar para
recebê-la.
Nesse sentido, as escolas públicas e privadas não poderão se negar a receber
qualquer as pessoas com qualquer tipo de deficiência, devendo colocar na sua
agenda definitivamente a palavra inclusão. E ela não passa apenas pelas mudanças
estruturais como o caso da acessibilidade, ela vai além tendo também um caráter
pedagógico. Nesses casos, as escolas deverão se adequar dentro de um aparato:
baseado em profissionais de apoio, sala de recursos e material adaptado. Ficando
proibidas de cobrar qualquer valor adicional.
83

De tudo verifica-se que, apesar do Brasil ser o quinto país mais inclusivo em
legislação, ainda existe muita falta de informação sobre os direitos fundamentais da
pessoa com deficiência, dificultando a aplicação da legislação.
Por outro lado se fazem necessárias políticas públicas voltadas a esse público
com o intuito de afirmar as legislações e divulgar informações como as relevantes
modificações no sistema de ensino – com ações conjuntas de acessibilidade
removendo as barreiras arquitetônicas, bem como na capacitação dos profissionais
da educação de modo a atender o princípio da igualdade assegurando uma educação
isonômica.
Em suma, para haver uma sociedade de fato inclusiva, fraterna e igualitária,
se faz necessário ir além da legislação, é preciso que as pessoas com deficiência
tenham conhecimentos delas, e, igualmente importante da boa vontade e dedicação
de todos os cidadãos. Assim a proteção desses direitos necessita de políticas públicas
eficientes, para que de fato se tornem efetivas.
Conclui-se que a remoção das barreiras estruturais e atitudinais impostas às
pessoas com deficiência é um direito fundamental que necessita ser concretizado.
Ressalta-se que a elaboração deste trabalho de conclusão de curso constituiu
em uma excelente oportunidade para conhecer e refletir sobre os direitos das pessoas
com deficiência, especialmente ao expor o fundamento de que a inclusão não se trata
de uma benesse ou caridade, mas de um direito com fundamento no arcabouço
jurídico nacional e internacional.
Os direitos humanos têm como principal característica a universalidade,
portanto, a inclusão e a consequente acessibilidade é direito de todas as pessoas com
deficiência.
Em suma hoje é praticamente impossível falar dos direitos das pessoas com
deficiência sem fazer uma relação com os direitos fundamentais.
A presente pesquisa pretende contribuir com as pessoas com deficiência
(inclusive ao filho desta pesquisadora) e com suas famílias que precisam conhecer os
seus direitos para lutar por sua efetivação.
84

REFERÊNCIAS

ABNT. NBR 9050. Norma Acessibilidade Gratuita. 2015. Disponível em:


<http://www.aedesenho.com.br/informativo/abnt-nbr-9050-2015norma-
acessibilidade-gratuita/>. Acesso: 21 mai. 2017.

ARAÚJO, Luiz Alberto David. A Proteção Constitucional das Pessoas com


Deficiência. 4. ed. Brasília: CORDE- Coordenadoria Nacional para Integração da
Pessoa Portadora de Deficiência, 2011.

_______________________. Artigo 3: Princípios gerais. In: BRASIL. Convenção


sobre os direitos das pessoas com deficiência: novos comentários. Brasília:
SNPD, 2014.

ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo: antissemitismo, imperialismo,


totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

ASSIS, Olney Queiroz; PUSSOLI, Lafaiate. Pessoa deficiente: direitos e garantias.


São Paulo: EDIPRO, 1992.

BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os


conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
2015.

BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcellos e. A Tutela Das Pessoas Portadoras


de Deficiência Pelo Ministério Público. 1997.Disponível em:
<http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/32085/Tutela_Pessoas_Portadoras.doc.pd
f>. Acesso em: 11 abr. 2017.

BEVERVANÇO, Rosana Beraldi. Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência: Da


exclusão à Igualdade. Curitiba: Ministério Público do Paraná, 2001.

BEZERRA, Rebecca Monte Nunes. Artigo 9 – Acessibilidade. In: BRASIL.


Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência: novos comentários.
Brasília: SNPD, 2014.

BITTENCOURT, Marcus Vinícius Corrêa. Curso de direito constitucional. 2. ed.


Belo Horizonte: Fórum, 2008.

BOBBIO, Norberto. 1909 - A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 15. ed.São Paulo,


Malheiros, 2004.

BRASIL. Associação Nacional dos Membros do Ministério Público de Defesa dos


Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência. Convenções e Declarações da ONU
sobre a Pessoa com Deficiência. Declaração dos Direitos das
PessoasPortadoras de Deficiências Organização das Nações Unidas –ONU,
85

1975. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/dec_def.pdf>.


Acesso em: 09 jun. 2017.

_______. Comissão Nacional Relatório de Atividades: Ano Internacional das


Pessoas Deficientes. Brasil, 1981.

_______. Decreto 3.956: de 8 de outubro de 2001. Promulga a Convenção


Interamericana para a Eliminação de todas as formas de discriminação contra as
pessoas portadoras de deficiência, 2001a.

_______. Ministério da Educação. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial


na Educação Básica. Secretaria de educação Especial – MEC: SEESP, 2001b.

_______. Federação Nacional das APAEs. Legislação comentada para pessoas


portadoras de deficiência e sociedade civil organizada. Brasília: Federação
Nacional das APAEs, 2003.

_______. Decreto-lei 5.296: de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta às Leis nº


10.048 de 8 de novembro de 2000 e nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2004/decreto/d5296.htm>. Acesso em: 18 jun. 2017. 2004.

_______. Secretaria de Educação especial. Política de Educação Especial na


perspectiva Inclusiva. Brasília: SEESP/MEC, 2008a.

_______. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Brasil direitos humanos: a


realidade do país aos 60 anos da Declaração Universal. Brasília: SEDH, 2008b.

_______. Decreto 6.949, de 25 de agosto de 2009. Dispõem sobre os Direitos das


Pessoas com Deficiência. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htm acesso
em 13/05/2017>. Acesso em: 13 de abr. 2017.

_______. Decreto 7084: 27 de janeiro de 2010. Disponível em:


www.portal.mec.gov.br/index.php.?option=com_docman&viewdownload&alias=1004
3=decreto-7084-27012010-final&category_slug=fevereiro-2. Acesso em 17 jun.
2017.

_______. Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos das Pessoas com


Deficiência. Para Todos: o movimento político das pessoas com deficiência no
Brasil. Brasília: SNPD, 2011a.

_______. Lei 12.435: de 6 julho de 2011. Altera a lei 8.742/93, que dispõe sobre
organização da assistência social, 2011b.

_______. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência Protocolo


Facultativo à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
Decreto Legislativo nº 186/2008 – Decreto nº 6.949/2009, 4. ed. Brasília: Secretaria
de Direitos Humanos, 2012a.
86

_______. Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência.


Cartilha do Censo 2010: Pessoas com deficiência. Brasília: SDH-PR/SNDP, 2012b.

_______. LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: lei 9394 de 20


de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 7.
ed. Brasília: Câmara dos Deputados, 2012c.

_______. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e


Inclusão. Nota técnica nº 4. Brasília: MEC, 2014.

_______. Lei 13.146: de 6 de Julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da


Pessoa com deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), 2015.

_______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Curitiba, 2016.

BUBLITZ, Michelle Dias; HENDGES, Carla Evelise Justino. O conceito de


deficiência para fins do benefício assistencial do artigo 203, inciso V, da
Constituição Federal de 1988. 2011. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/19651. Acesso em: 15 fev. 2017.

CALDAS, Roberto. Artigo 4: Obrigações gerais. In: BRASIL. Convenção sobre os


Direitos das Pessoas com Deficiência: novos comentários. Brasília: SNPD, 2014.

CARVALHO, Rosita Edler. O Direito de ter Direitos. Salto para o Futuro: Educação
Especial, tendências atuais. Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério
da Educação, SEED, 1999.

COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 9. ed.


São Paulo: Saraiva, 2015.

DIAS, Joelson. Artigo 33. Implementação e monitoramento nacionais. In: BRASIL.


Novos Comentários à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência. 3. ed. Brasília: 2014.

DIMOULIS, Dimitri; MARTINS, Leonardo. Teoria geral dos direitos fundamentais.


– 5. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

DINIZ, Débora. O que é deficiência. São Paulo: Brasiliense, 2012. Coleção


primeiros passos.

FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista.
Estatuto da pessoa com Deficiência Comentado artigo por artigo. Salvador:
JusPodivm, 2016.

FERREIRA, Luiz Antonio Miguel. A inclusão da Criança e do Adolescente com


Deficiência na Educação. AMPID, Associação Nacional dos Membros do Ministério
Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com deficiência, 2009.
Disponível em: <http://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/LuizAntonioFerreira.php.>
Acesso em: 13 mai. 2017.
87

FIGUEIRA, Emilio. Caminhando em Silencio:uma introdução à trajetória das


pessoas com deficiência na historia do Brasil. São Paulo: Giz, 2008.

FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Direitos difusos e coletivos. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1988.

FONSECA, Ricardo Tadeu Marques da. Associação Nacional dos Membros do


Ministério Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com
Deficiência. A ONU e seu Conceito Revolucionário de Pessoa com Deficiência,
2017. Disponível
em:<http://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/Onu_Ricardo_Fonseca.php.> Acesso
em: 26 mar.2017.

FRAGNAN. Ricardo; VIANA, Helena Brandão. Acessibilidade em locais públicos


e privados para pessoas com limitações funcionais: um estudo sobre as
dificuldades do tetraplégico. 2009. Disponível em:
<http://www.efdeportes.com/efd139/acessibilidade-em-locais-publicos-e-
privados.htm>. Acesso em: 20 mai. 2017.

FRANCO, Simone. Lei Brasileira de Inclusão entra em vigor e beneficia 45


milhões de pessoas. 2016. Disponível em:
<http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/01/21/lei-brasileira-de-inclusao-
entra-em-vigor-e-beneficia-45-milhoes-de-brasileiros>. Acesso em: 17 jun. 2017.

FRIAS, Elzabel Maria; MENEZES, Maria Christine Berdusco. Inclusão Escolar do


aluno com necessidades educacionais especiais: contribuições ao professor do
Ensino Regular. Disponível em:
<http://www.diaadiaeducação.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1462-8.pdf.> Acesso
em: 07 mai 2017.

GALEANO, Eduardo. Teoria Geral dos Direitos Humanos. In: MELO, Fabiano.
Direitos Humanos. Rio de Janeiro: Método, 2016.

GOFFREDO, Vera Lúcia Flor Sénéchal. Educação: Direito de Todos os Brasileiros.


In: Salto para o futuro, Educação Especial, Tendências atuais. Secretaria de
Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 1999.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2013.Projeções e estimativas


da população do Brasil e das Unidades da Federação. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/notatecnica.html.> Acesso em:
mar de 2017.

INCLUSÃO. Revista da Educação Especial. Secretaria de Educação Especial, v.1,


n.1, out/2005. Brasília: Secretaria de Educação Especial, 2005.

JANUZZI, Gilberta de Martinho. A educação do deficiente no Brasil: dos


primórdios ao início do século XXI. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2012.
88

LANNA JUNIOR, Mário Cleber Martins (Comp.). História do Movimento Político


das Pessoas com Deficiência no Brasil. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos.
Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, 2010.

LIPPO, Humberto.Sociologia da Acessibilidade. Curitiba: Ibpex, 2009.

LOPES, Laís de Figueiredo. Artigo 1. Propósito. In: BRASIL. Secretaria Nacional de


Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência.Convenção sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência.3. ed. Brasília: SNPD, 2014.

MADRUGA, Sidney. Pessoas com deficiência e direitos humanos: ótica da


diferença e ações afirmativas. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

MAIOR, Izabel Madeira de Loureiro. Apresentação.In: RESENDE, Ana Paula


Corsara; VITAL, Flavia Maria de Paiva. A Convenção sobre Direitos das Pessoas
com Deficiência Comentada.Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 2008,
p.20-22.

MARCILIO, Maria Luiza. A Roda dos Expostos e a Criança Abandonada na História


do Brasil (1726-1950). In: FREITAS, Marcos Cezar de. (Org.). História social da
infância no Brasil. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2016.

MARTINS, Lilia Pinto. Artigo 2 – Definições. In: RESENDE, Ana Paula Corsara;
VITAL, Flavia Maria de Paiva. A Convenção sobre Direitos das Pessoas com
Deficiência Comentada.Brasília: CONADE, 2008, p.28-30.

MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. 20. ed. São
Paulo: Saraiva, 2007.

MANTOAN. Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer?
São Paulo: Moderna , 2003.

NISHIYAMA, Adolfo Mamoru. Proteção jurídica das pessoas com deficiência nas
relações de consumo. Curitiba: Juruá, 2016.

NEVES, mariana Moreira. PIOVESAN, Flávia. Os direitos fundamentais e o direito


homoafetivo: a invalidade dos questionamentos preconceituosos. In: PIOVESAN,
Flávia; FACHIN, Melina Girardi (Coord.).Direitos humanos na ordem
contemporânea: proteção nacional regional e global. Curitiba: Juruá, 2015.

NOGUEIRA, Geraldo de. Artigo 1-Propósito. In: RESENDE, Ana Paula Corsara;
VITAL, Flavia Maria de Paiva.A Convenção sobre Direitos das Pessoas com
Deficiência Comentada.Brasília: CONADE, 2008, p.26-28.

OLIVEIRA, Fabiano Melo Gonçalves de. Direitos Humanos. São Paulo: Método,
2016.

OLIVEIRA, Moacyr de. Deficientes: sua tutela jurídica. Revista dos Tribunais, São
Paulo, n.4. Ano 2, p. 46-58 dez. 1981. Disponível em:
89

<http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/files/anexos/829-843-1-PB.pdf> Acesso
em:09 abr. 2017.

PINTO, Luciana Vieira Santos Moreira. A garantia da educação especial na rede


privada de ensino. Revista Jus Navigandi, ano16, n.3079, 2011.

PIOVESAN, Flávia. Apresentação. In: BRASIL. Secretaria Nacional de Promoção


dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Novos Comentários à Convenção sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência. Brasília: SNPD, 2014.

PIOVESAN, Flávia. FACHIN, Melina Girardi. O Abismo da Universalização dos


Direitos e o Papel do direito humano ao desenvolvimento como ponte. In:
PIOVESAN, Flávia; FACHIN, Melina Girardi (Coord.). Direitos Humanos na Ordem
Contemporânea. Curitiba: Juruá, 2015.

RAIÇA, DARCY.Vinte anos da Declaração de Salamanca: avanços e desafios.


Revista Giz, São Paulo, n. 26, 2014. Disponível em:
<http://revistagiz.sinprosp.org.br/?p=5122>. Acesso em: 01 jun. 2017.

RIBAS, João B. Cintra. O Que São Pessoas Deficientes. 6. ed. São Paulo:
Brasiliense, 2003.

SÃO PAULO. Relatório mundial sobre a deficiência. São Paulo: SEDPcD, 2012.

SANTOS. Mônica Pereira dos. A Família e o Movimento pela Inclusão. Salto para o
futuro: Educação Especial. Tendências atuais. Secretaria de Educação a Distância.
Brasília: Ministério da Educação, SEED, 1999.

SANTOS, Martinha Clarete Dutra dos. Artigo 24: educação. In: BRASIL. Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: novos comentários. Brasília:
SNPD, 2014.

SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral
dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 11. ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2012.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: acessibilidade no lazer, trabalho e educação.


Revista Nacional de Reabilitação (Reação), São Paulo, Ano XII, mar./abr. p. 10-16,
2009.

SILVA, José Afonso da.Curso de Direito Constitucional Positivo. 25. ed. São
Paulo:Malheiros, 2005.

SILVA, Otto Marques. A Epopéia Ignorada: a pessoa deficiente na história do


mundo de ontem e de hoje. São Paulo: Cedas,1987.

SILVA, Adilson Florentino da; CASTRO, Ana de Lourdes Barbosa; BRANCO, Maria
Cristina Mello Castelo. A inclusão escolar de alunos com necessidades
educacionais especiais: deficiência física. Brasília: Ministério da Educação, 2006.
90

SLOBOJA, Rosenilda. A acessibilidade e a inclusão social de deficientes físicos


(cadeirantes) nas escolas públicos- estaduais de Goioerê: superando as
barrreiras na educação. 41f. Monografia (Especialista em Ensino de Ciências) –
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2014.

TEIXEIRA, Carla Noura. Direito internacional par o século XXI. São Paulo:
Saraiva, 2013.

UNIC/RIO. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Rio de Janeiro:


UNIC/Rio 005, 2009.

VAGAS, Roberta Vieira de. Educação Inclusiva. Revista o professor, São Paulo, 17
ed., ago/set. 2013.

VITAL, Flavia Maria de Paiva. Preâmbulo. In: RESENDE, Ana Paula Corsara; VITAL,
Flavia Maria de Paiva. A Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência
Comentada.Brasília: CONADE, 2008, p.24-25.

WERNECK, Cláudia. Modelo médico x Modelo social da deficiência. Manual da


mídia legal 3, comunicadores pela saúde, Escola de Gente, Rio de Janeiro: WVA
Editora, 2004, p. 01-03. Disponível em:
<www.libras.dominiotemporario.com/fsh/modelomedicomodelosocial.pdf> Acesso
em: 29 mai. 2017.
91

ANEXO 1 - CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988.

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,


independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: V - a
garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência
e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de
tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I -igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II -liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o
saber;
III -pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de
instituições públicas e privadas de ensino;
IV -gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V -valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da
lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas
e títulos, aos das redes públicas;
VI -gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII -garantia de padrão de qualidade;
VIII -piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar
pública, nos termos de lei federal.
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados
profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou
adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.
92

ANEXO 2 – LEI 7853/89.

Art. 2º. Parágrafo único:

I - Na área da educação
a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade
educativa que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1° e 2° graus, a
supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e
exigências de diplomação próprios;
b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, privadas e
públicas;
c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimentos públicos
de ensino;
d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial a nível pré-escolar
e escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por
prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de deficiência;
e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais
educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo;
f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e
particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no
sistema regular de ensino;
Art. 5º O Ministério Público intervirá obrigatoriamente nas ações públicas, coletivas ou
individuais, em que se discutam interesses relacionados à deficiência das pessoas.
Art. 6º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou
requisitar, de qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou particular, certidões,
informações, exame ou perícias, no prazo que assinalar, não inferior a 10 (dez) dias
úteis.
§ 1º Esgotadas as diligências, caso se convença o órgão do Ministério Público da
inexistência de elementos para a propositura de ação civil, promoverá
fundamentadamente o arquivamento do inquérito civil, ou das peças informativas.
Neste caso, deverá remeter a reexame os autos ou as respectivas peças, em 3 (três)
dias, ao Conselho Superior do Ministério Público, que os examinará, deliberando a
respeito, conforme dispuser seu Regimento.
93

§ 2º Se a promoção do arquivamento for reformada, o Conselho Superior do Ministério


Público designará desde logo outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da
ação.
Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa:
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015). (Vigência)
I - recusar, cobrar valores adicionais, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer
cessar inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau,
público ou privado, em razão de sua deficiência; (Redação dada pela Lei nº 13.146,
de 2015). (Vigência)
II - obstar inscrição em concurso público ou acesso de alguém a qualquer cargo ou
emprego público, em razão de sua deficiência; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015). (Vigência)
III - negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção à pessoa em razão de sua
deficiência; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015). (Vigência)
IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de prestar assistência médico-
hospitalar e ambulatorial à pessoa com deficiência; (Redação dada pela Lei nº 13.146,
de 2015). (Vigência)
V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar execução de ordem judicial expedida na
ação civil a que alude esta Lei; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015). (Vigência)
VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação
civil pública objeto desta Lei, quando requisitados. (Redação dada pela Lei nº 13.146,
de 2015). (Vigência)
§ 1oSe o crime for praticado contra pessoa com deficiência menor de 18 (dezoito)
anos, a pena é agravada em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015).
(Vigência)
§ 2oA pena pela adoção deliberada de critérios subjetivos para indeferimento de
inscrição, de aprovação e de cumprimento de estágio probatório em concursos
públicos não exclui a responsabilidade patrimonial pessoal do administrador público
pelos danos causados. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015). (Vigência)
§ 3oIncorre nas mesmas penas quem impede ou dificulta o ingresso de pessoa com
deficiência em planos privados de assistência à saúde, inclusive com cobrança de
valores diferenciados. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015). (Vigência)
§ 4oSe o crime for praticado em atendimento de urgência e emergência, a pena é
agravada em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015). (Vigência).
94

ANEXO 3 – DECRETO 3298/99

Art. 3o Para os efeitos deste Decreto, considera-se:


I - deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica,
fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade,
dentro do padrão considerado normal para o ser humano;
II - deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período
de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se
altere, apesar de novos tratamentos; e
III - incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração
social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais
para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações
necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser
exercida.
Art. 4oÉ considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas
seguintes categorias:
I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo
humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a
forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia,
triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de
membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou
adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para
o desempenho de funções; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004
Art. 24. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta
responsáveis pela educação dispensarão tratamento prioritário e adequado aos
assuntos objeto deste Decreto, viabilizando, sem prejuízo de outras, as seguintes
medidas:
I - a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e
particulares de pessoa portadora de deficiência capazes de se integrar na rede regular
de ensino;
II - a inclusão, no sistema educacional, da educação especial como modalidade de
educação escolar que permeia transversalmente todos os níveis e as modalidades de
ensino;
95

III - a inserção, no sistema educacional, das escolas ou instituições especializadas


públicas e privadas;
IV - a oferta, obrigatória e gratuita, da educação especial em estabelecimentos
públicos de ensino;
V - o oferecimento obrigatório dos serviços de educação especial ao educando
portador de deficiência em unidades hospitalares e congêneres nas quais esteja
internado por prazo igual ou superior a um ano; e
VI - o acesso de aluno portador de deficiência aos benefícios conferidos aos demais
educandos, inclusive material escolar, transporte, merenda escolar e bolsas de
estudo.
§ 1º Entende-se por educação especial, para os efeitos deste Decreto, a modalidade
de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para
educando com necessidades educacionais especiais, entre eles o portador de
deficiência.
§ 2º A educação especial caracteriza-se por constituir processo flexível, dinâmico e
individualizado, oferecido principalmente nos níveis de ensino considerados
obrigatórios.
§ 3º A educação do aluno com deficiência deverá iniciar-se na educação infantil, a
partir de zero ano.
§ 4º A educação especial contará com equipe multiprofissional, com a adequada
especialização, e adotará orientações pedagógicas individualizadas.
§ 5º Quando da construção e reforma de estabelecimentos de ensino deverá ser
observado o atendimento as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT relativas à acessibilidade.
Art. 25. Os serviços de educação especial serão ofertados nas instituições de ensino
público ou privado do sistema de educação geral, de forma transitória ou permanente,
mediante programas de apoio para o aluno que está integrado no sistema regular de
ensino, ou em escolas especializadas exclusivamente quando a educação das
escolas comuns não puder satisfazer as necessidades educativas ou sociais do aluno
ou quando necessário ao bem-estar do educando.
Art. 26. As instituições hospitalares e congêneres deverão assegurar atendimento
pedagógico ao educando portador de deficiência internado nessas unidades por prazo
igual ou superior a um ano, com o propósito de sua inclusão ou manutenção no
processo educacional.
96

Art. 27. As instituições de ensino superior deverão oferecer adaptações de provas e


os apoios necessários, previamente solicitados pelo aluno portador de deficiência,
inclusive tempo adicional para realização das provas, conforme as características da
deficiência.
§ 1º As disposições deste artigo aplicam-se, também, ao sistema geral do processo
seletivo para ingresso em cursos universitários de instituições de ensino superior.
§ 2º O Ministério da Educação, no âmbito da sua competência, expedirá instruções
para que os programas de educação superior incluam nos seus currículos conteúdos,
itens ou disciplinas relacionados à pessoa portadora de deficiência.
Art. 28. O aluno portador de deficiência matriculado ou egresso do ensino
fundamental ou médio, de instituições públicas ou privadas, terá acesso à educação
profissional, a fim de obter habilitação profissional que lhe proporcione oportunidades
de acesso ao mercado de trabalho.
§ 1º A educação profissional para a pessoa portadora de deficiência será oferecida
nos níveis básico, técnico e tecnológico, em escola regular, em instituições
especializadas e nos ambientes de trabalho.
§ 2º As instituições públicas e privadas que ministram educação profissional deverão,
obrigatoriamente, oferecer cursos profissionais de nível básico à pessoa portadora de
deficiência, condicionando a matrícula à sua capacidade de aproveitamento e não a
seu nível de escolaridade.
§ 3º Entende-se por habilitação profissional o processo destinado a propiciar à pessoa
portadora de deficiência, em nível formal e sistematizado, aquisição de conhecimentos
e habilidades especificamente associados a determinada profissão ou ocupação.
§ 4º Os diplomas e certificados de cursos de educação profissional expedidos por
instituição credenciada pelo Ministério da Educação ou órgão equivalente terão
validade em todo o território nacional.
Art. 29. As escolas e instituições de educação profissional oferecerão se necessário,
serviços de apoio especializado para atender às peculiaridades da pessoa portadora
de deficiência, tais como:
I -adaptação dos recursos instrucionais: material pedagógico, equipamento e
currículo;
II - capacitação dos recursos humanos: professores, instrutores e profissionais
especializados; e
97

III - adequação dos recursos físicos: eliminação de barreiras arquitetônicas,


ambientais e de comunicação.

BRASIL. Decreto Nº 3.298:de 20 de dezembro de 1999. Brasília: Política Nacional


para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 1999. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm> Acesso em: 09 abr. 2017.
98

ANEXO 4 - LAS - LEI Nº 8.742 DE 07 DE DEZEMBRO DE 1993

Art. 20 da Lei da Assistência Social - Lei 8742/93


Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências.
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo
mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais
que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la
provida por sua família. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o
cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o
padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados,
desde que vivam sob o mesmo teto. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se: (Redação dada pela Lei
nº 12.435, de 2011)
I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza
física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas;
(Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
II - impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência
para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.
(Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência
aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual
ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)
§ 2o Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada, considera-se
pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade
de condições com as demais pessoas. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
§ 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou
idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-
mínimo. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
99

§ 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário
com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da
assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. (Redação dada
pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 5o A condição de acolhimento em instituições de longa permanência não prejudica
o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício de prestação continuada.
(Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 6o A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de
incapacidade, composta por avaliação médica e avaliação social realizadas por
médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS). (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 6º A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de
impedimento de que trata o § 2o, composta por avaliação médica e avaliação social
realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de
Seguro Social - INSS. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)
§ 7o Na hipótese de não existirem serviços no município de residência do beneficiário,
fica assegurado, na forma prevista em regulamento, o seu encaminhamento ao
município mais próximo que contar com tal estrutura. (Incluído pela Lei nº 9.720, de
1998)
§ 8o A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo
requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos
previstos no regulamento para o deferimento do pedido.(Incluído pela Lei nº 9.720, de
1998)
§ 9º A remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz não será
considerada para fins do cálculo a que se refere o § 3o deste artigo. (Inclído pela Lei
nº 12.470, de 2011)
§ 9o Os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado e de aprendizagem não
serão computados para os fins de cálculo da renda familiar per capita a que se refere
o § 3o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
§ 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo,
aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. (Inclído pela Lei nº
12.470, de 2011)
§ 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste artigo, poderão ser
utilizados outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo
100

familiar e da situação de vulnerabilidade, conforme regulamento. (Incluído pela Lei nº


13.146, de 2015)
101

ANEXO 5 – CIF

Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, conhecida


como CIF. A CIF pertence à “família” das classificações internacionais desenvolvida
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para aplicação em vários aspectos da
saúde. A família de classificações internacionais da OMS proporciona um sistema
para a codificação de uma ampla gama de informações sobre saúde (e.g. diagnóstico,
funcionalidade e incapacidade, motivos de contacto com os serviços de saúde) e
utiliza uma linguagem comum padronizada que permite a comunicação sobre saúde
e cuidados de saúde em todo o mundo, entre várias disciplinas e ciências. Nas
classificações internacionais da OMS, os estados de saúde (doenças, perturbações,
lesões, etc.) são classificados principalmente na CID-10 (abreviatura da Classificação
Internacional de Doenças, Décima Revisão),4 que fornece uma estrutura de base
etiológica. A funcionalidade e a incapacidade associados aos estados de saúde são
classificados na CIF. Portanto, a CID-10 e a CIF são complementares, 5 e os
utilizadores são estimulados a usarem conjunto esses dois membros da família de
classificações internacionais da OMS. A CID-10 proporciona um “diagnóstico” de
doenças, perturbações ou outras condições de saúde, que é complementado pelas
informações adicionais fornecidas pela CIF sobre funcionalidade.6 Em conjunto, as
informações sobre o diagnóstico e sobre a funcionalidade, dão uma imagem mais
ampla e mais significativa da saúde das pessoas ou da população, que pode ser
utilizada em tomadas de decisão.

Disponível em: <http://www.inr.pt/uploads/docs/cif/CIF_port_%202004.pdf>. Acesso


em: 22 abr. 2017.
102

ANEXO 6 – LDB

LDBE - Lei nº 9.394 de 20 de Dezembro de 1996. Art. 59. Os sistemas de ensino


assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento
e altas habilidades ou superdotação: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para


atender às suas necessidades;

II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para
a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração
para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;
III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para
atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados
para a integração desses educandos nas classes comuns.
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm> acesso em 07/05/2017.
103

ANEXO 7 -DECRETO Nº 6.949 DE 25 DE AGOSTO DE 2009

Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência


e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007.
Artigo 24 Educação 1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com
deficiência à educação. Para efetivar esse direito sem discriminação e com base na
igualdade de oportunidades, os Estados Partes assegurarão sistema educacional
inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida, com
os seguintes objetivos:
a) O pleno desenvolvimento do potencial humano e do senso de dignidade e auto-
estima, além do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades
fundamentais e pela diversidade humana;
b) O máximo desenvolvimento possível da personalidade e dos talentos e da
criatividade das pessoas com deficiência, assim como de suas habilidades físicas e
intelectuais;
c) A participação efetiva das pessoas com deficiência em uma sociedade livre.
2.Para a realização desse direito, os Estados Partes assegurarão que:
a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob
alegação de deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do
ensino primário gratuito e compulsório ou do ensino secundário, sob alegação de
deficiência;
b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino primário inclusivo, de
qualidade e gratuito, e ao ensino secundário, em igualdade de condições com as
demais pessoas na comunidade em que vivem;
c) Adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais sejam
providenciadas;
d) As pessoas com deficiência recebam o apoio necessário, no âmbito do sistema
educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educação;
e) Medidas de apoio individualizadas e efetivas sejam adotadas em ambientes que
maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão
plena.
3.Os Estados Partes assegurarão às pessoas com deficiência a possibilidade de
adquirir as competências práticas e sociais necessárias de modo a facilitar às pessoas
104

com deficiência sua plena e igual participação no sistema de ensino e na vida em


comunidade. Para tanto, os Estados Partes tomarão medidas apropriadas, incluindo:
a) Facilitação do aprendizado do braille, escrita alternativa, modos, meios e formatos
de comunicação aumentativa e alternativa, e habilidades de orientação e mobilidade,
além de facilitação do apoio e aconselhamento de pares;
b) Facilitação do aprendizado da língua de sinais e promoção da identidade lingüística
da comunidade surda;
c) Garantia de que a educação de pessoas, em particular crianças cegas, surdocegas
e surdas, seja ministrada nas línguas e nos modos e meios de comunicação mais
adequados ao indivíduo e em ambientes que favoreçam ao máximo seu
desenvolvimento acadêmico e social.
4.A fim de contribuir para o exercício desse direito, os Estados Partes tomarão
medidas apropriadas para empregar professores, inclusive professores com
deficiência, habilitados para o ensino da língua de sinais e/ou do braille, e para
capacitar profissionais e equipes atuantes em todos os níveis de ensino. Essa
capacitação incorporará a conscientização da deficiência e a utilização de modos,
meios e formatos apropriados de comunicação aumentativa e alternativa, e técnicas
e materiais pedagógicos, como apoios para pessoas com deficiência.
5.Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com deficiência possam ter acesso
ao ensino superior em geral, treinamento profissional de acordo com sua vocação,
educação para adultos e formação continuada, sem discriminação e em igualdade de
condições. Para tanto, os Estados Partes assegurarão a provisão de adaptações
razoáveis para pessoas com deficiência.
105

ANEXO 8 – LEI 10.098/2000

Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida,
mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no
mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e
de comunicação.
Art. 2o Para os fins desta Lei são estabelecidas as seguintes definições:
I – acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança
e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos
transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de
deficiência ou com mobilidade reduzida;
II – barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a
liberdade de movimento e a circulação com segurança das pessoas, classificadas em:
a) barreiras arquitetônicas urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos espaços
de uso público;
b) barreiras arquitetônicas na edificação: as existentes no interior dos edifícios
públicos e privados;
c) barreiras arquitetônicas nos transportes: as existentes nos meios de transportes;
d) barreiras nas comunicações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou
impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos meios
ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa;
III – pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida: a que temporária
ou permanentemente tem limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de
utilizá-lo;
IV – elemento da urbanização: qualquer componente das obras de urbanização, tais
como os referentes a pavimentação, saneamento, encanamentos para esgotos,
distribuição de energia elétrica, iluminação pública, abastecimento e distribuição de
água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento urbanístico;
V – mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas vias e espaços públicos,
superpostos ou adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação, de forma
que sua modificação ou traslado não provoque alterações substanciais nestes
elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, cabines
106

telefônicas, fontes públicas, lixeiras, toldos, marquises, quiosques e quaisquer outros


de natureza análoga;
VI – ajuda técnica: qualquer elemento que facilite a autonomia pessoal ou possibilite
o acesso e o uso de meio físico.
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança
e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações,
transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem
como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados
de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou
com mobilidade reduzida; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
II - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou
impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de
seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à
comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança,
entre outros, classificadas em: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência)
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados
abertos ao público ou de uso coletivo; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência)
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados; (Redação
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de
transportes; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude
ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de
mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de
tecnologia da informação; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade
de condições com as demais pessoas; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência)
IV - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por qualquer motivo,
dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da
107

mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso,


gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso; (Redação dada pela Lei nº
13.146, de 2015) (Vigência)
V - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com deficiência, podendo ou não
desempenhar as funções de atendente pessoal; (Redação dada pela Lei nº 13.146,
de 2015) (Vigência)
VI - elemento de urbanização: quaisquer componentes de obras de urbanização, tais
como os referentes a pavimentação, saneamento, encanamento para esgotos,
distribuição de energia elétrica e de gás, iluminação pública, serviços de comunicação,
abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam as
indicações do planejamento urbanístico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência)
VII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias e nos espaços públicos,
superpostos ou adicionados aos elementos de urbanização ou de edificação, de forma
que sua modificação ou seu traslado não provoque alterações substanciais nesses
elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, terminais e pontos
de acesso coletivo às telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, marquises,
bancos, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga; (Incluído pela Lei nº
13.146, de 2015) (Vigência)
VIII - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos,
recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a
funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou
com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida
e inclusão social; (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
X - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a
serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto
específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva. (Incluído pela Lei nº 13.146,
de 2015) (Vigência)
CAPÍTULO II
DOS ELEMENTOS DA URBANIZAÇÃO
Art. 3o O planejamento e a urbanização das vias públicas, dos parques e dos demais
espaços de uso público deverão ser concebidos e executados de forma a torná-los
acessíveis para as pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
108

Art. 3o O planejamento e a urbanização das vias públicas, dos parques e dos demais
espaços de uso público deverão ser concebidos e executados de forma a torná-los
acessíveis para todas as pessoas, inclusive para aquelas com deficiência ou com
mobilidade reduzida. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Parágrafo único. O passeio público, elemento obrigatório de urbanização e parte da
via pública, normalmente segregado e em nível diferente, destina-se somente à
circulação de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário urbano e de
vegetação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 4o As vias públicas, os parques e os demais espaços de uso público existentes,
assim como as respectivas instalações de serviços e mobiliários urbanos deverão ser
adaptados, obedecendo-se ordem de prioridade que vise à maior eficiência das
modificações, no sentido de promover mais ampla acessibilidade às pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Parágrafo único. Os parques de diversões, públicos e privados, devem adaptar, no
mínimo, 5% (cinco por cento) de cada brinquedo e equipamento e identificá-lo para
possibilitar sua utilização por pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida,
tanto quanto tecnicamente possível. (Incluído pela Lei nº 11.982, de 2009)
Art. 5o O projeto e o traçado dos elementos de urbanização públicos e privados de uso
comunitário, nestes compreendidos os itinerários e as passagens de pedestres, os
percursos de entrada e de saída de veículos, as escadas e rampas, deverão observar
os parâmetros estabelecidos pelas normas técnicas de acessibilidade da Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
Art. 6o Os banheiros de uso público existentes ou a construir em parques, praças,
jardins e espaços livres públicos deverão ser acessíveis e dispor, pelo menos, de um
sanitário e um lavatório que atendam às especificações das normas técnicas da
ABNT.
Art. 7o Em todas as áreas de estacionamento de veículos, localizadas em vias ou em
espaços públicos, deverão ser reservadas vagas próximas dos acessos de circulação
de pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que transportem pessoas
portadoras de deficiência com dificuldade de locomoção.
Parágrafo único. As vagas a que se refere o caput deste artigo deverão ser em número
equivalente a dois por cento do total, garantida, no mínimo, uma vaga, devidamente
sinalizada e com as especificações técnicas de desenho e traçado de acordo com as
normas técnicas vigentes.
109

CAPÍTULO III
DO DESENHO E DA LOCALIZAÇÃO DO MOBILIÁRIO URBANO
Art. 8o Os sinais de tráfego, semáforos, postes de iluminação ou quaisquer outros
elementos verticais de sinalização que devam ser instalados em itinerário ou espaço
de acesso para pedestres deverão ser dispostos de forma a não dificultar ou impedir
a circulação, e de modo que possam ser utilizados com a máxima comodidade.
Art. 10. Os elementos do mobiliário urbano deverão ser projetados e instalados em
locais que permitam sejam eles utilizados pelas pessoas portadoras de deficiência ou
com mobilidade reduzida.
Art. 10-A. A instalação de qualquer mobiliário urbano em área de circulação comum
para pedestre que ofereça risco de acidente à pessoa com deficiência deverá ser
indicada mediante sinalização tátil de alerta no piso, de acordo com as normas
técnicas pertinentes. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
CAPÍTULO IV
DA ACESSIBILIDADE NOS EDIFÍCIOS PÚBLICOS OU DE USO COLETIVO
Art. 11. A construção, ampliação ou reforma de edifícios públicos ou privados
destinados ao uso coletivo deverão ser executadas de modo que sejam ou se tornem
acessíveis às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Parágrafo único. Para os fins do disposto neste artigo, na construção, ampliação ou
reforma de edifícios públicos ou privados destinados ao uso coletivo deverão ser
observados, pelo menos, os seguintes requisitos de acessibilidade:
I – nas áreas externas ou internas da edificação, destinadas a garagem e a
estacionamento de uso público, deverão ser reservadas vagas próximas dos acessos
de circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que transportem
pessoas portadoras de deficiência com dificuldade de locomoção permanente;
II – pelo menos um dos acessos ao interior da edificação deverá estar livre de barreiras
arquitetônicas e de obstáculos que impeçam ou dificultem a acessibilidade de pessoa
portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;
III – pelo menos um dos itinerários que comuniquem horizontal e verticalmente todas
as dependências e serviços do edifício, entre si e com o exterior, deverá cumprir os
requisitos de acessibilidade de que trata esta Lei; e
IV – os edifícios deverão dispor, pelo menos, de um banheiro acessível, distribuindo-
se seus equipamentos e acessórios de maneira que possam ser utilizados por pessoa
portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.
110

Art. 12. Os locais de espetáculos, conferências, aulas e outros de natureza similar


deverão dispor de espaços reservados para pessoas que utilizam cadeira de rodas, e
de lugares específicos para pessoas com deficiência auditiva e visual, inclusive
acompanhante, de acordo com a ABNT, de modo a facilitar-lhes as condições de
acesso, circulação e comunicação.
Art. 12-A. Os centros comerciais e os estabelecimentos congêneres devem fornecer
carros e cadeiras de rodas, motorizados ou não, para o atendimento da pessoa com
deficiência ou com mobilidade reduzida. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência)
CAPÍTULO V
DA ACESSIBILIDADE NOS EDIFÍCIOS DE USO PRIVADO
Art. 13. Os edifícios de uso privado em que seja obrigatória a instalação de elevadores
deverão ser construídos atendendo aos seguintes requisitos mínimos de
acessibilidade:
I – percurso acessível que una as unidades habitacionais com o exterior e com as
dependências de uso comum;
II – percurso acessível que una a edificação à via pública, às edificações e aos
serviços anexos de uso comum e aos edifícios vizinhos;
III – cabine do elevador e respectiva porta de entrada acessíveis para pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Art. 14. Os edifícios a serem construídos com mais de um pavimento além do
pavimento de acesso, à exceção das habitações unifamiliares, e que não estejam
obrigados à instalação de elevador, deverão dispor de especificações técnicas e de
projeto que facilitem a instalação de um elevador adaptado, devendo os demais
elementos de uso comum destes edifícios atender aos requisitos de acessibilidade.
Art. 15. Caberá ao órgão federal responsável pela coordenação da política
habitacional regulamentar a reserva de um percentual mínimo do total das habitações,
conforme a característica da população local, para o atendimento da demanda de
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
CAPÍTULO VI
DA ACESSIBILIDADE NOS VEÍCULOS DE TRANSPORTE COLETIVO
Art. 16. Os veículos de transporte coletivo deverão cumprir os requisitos de
acessibilidade estabelecidos nas normas técnicas específicas.
CAPÍTULO VIII
111

DISPOSIÇÕES SOBRE AJUDAS TÉCNICAS


Art. 20. O Poder Público promoverá a supressão de barreiras urbanísticas,
arquitetônicas, de transporte e de comunicação, mediante ajudas técnicas.
Art. 21. O Poder Público, por meio dos organismos de apoio à pesquisa e das agências
de financiamento, fomentará programas destinados:
I – à promoção de pesquisas científicas voltadas ao tratamento e prevenção de
deficiências;
II – ao desenvolvimento tecnológico orientado à produção de ajudas técnicas para as
pessoas portadoras de deficiência;
III – à especialização de recursos humanos em acessibilidade.

BRASIL. Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L10098.htm>. Acesso em: 20 mai. 2017.
112

ANEXO 9 - LEI Nº 13.146 DE 06 DE JULHO DE 2015

Art. 98 da Lei 13146/15


Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa
com Deficiência).
Art. 98. A Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
“Art. 3o As medidas judiciais destinadas à proteção de interesses coletivos, difusos,
individuais homogêneos e individuais indisponíveis da pessoa com deficiência
poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela União,
pelos Estados, pelos Municípios, pelo Distrito Federal, por associação constituída há
mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, por autarquia, por empresa pública e por
fundação ou sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades
institucionais, a proteção dos interesses e a promoção de direitos da pessoa com
deficiência.
.................................................................................” (NR)
“Art. 8o Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa:
I - recusar, cobrar valores adicionais, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer
cessar inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau,
público ou privado, em razão de sua deficiência;
II - obstar inscrição em concurso público ou acesso de alguém a qualquer cargo ou
emprego público, em razão de sua deficiência;
III - negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção à pessoa em razão de sua
deficiência;
IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de prestar assistência médico-
hospitalar e ambulatorial à pessoa com deficiência;
V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar execução de ordem judicial expedida na
ação civil a que alude esta Lei;
VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação
civil pública objeto desta Lei, quando requisitados.
§ 1o Se o crime for praticado contra pessoa com deficiência menor de 18 (dezoito)
anos, a pena é agravada em 1/3 (um terço).
113

§ 2o A pena pela adoção deliberada de critérios subjetivos para indeferimento de


inscrição, de aprovação e de cumprimento de estágio probatório em concursos
públicos não exclui a responsabilidade patrimonial pessoal do administrador público
pelos danos causados.
§ 3o Incorre nas mesmas penas quem impede ou dificulta o ingresso de pessoa com
deficiência em planos privados de assistência à saúde, inclusive com cobrança de
valores diferenciados.
§ 4o Se o crime for praticado em atendimento de urgência e emergência, a pena é
agravada em 1/3 (um terço).” (NR)

Você também pode gostar