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ISSN 2177-3866
Seminários em Administração
INTRODUÇÃO
INOVAÇÃO SOCIAL
COOPERAÇÃO INTERORGANIZACIONAL
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cooperativo entre os agentes, os problemas sociais podem ser mais eficazmente resolvidos do
que se protagonizadas por um único ator (Reay & Hinings, 2009; Turner & Martin, 2005).
Os estudos sobre parcerias intersetoriais são associados ao campo das relações
interorganizacionais (Matthew, Daniel, & Joan, 2015) e abrangem uma série de termos. De
acordo com Koschmann, Kuhn e Pfarrer (2012), as alianças intersetoriais representam as
parcerias sociais multisetoriais, as parcerias baseadas em causas, as alianças sociais,
colaborativas ou multipartidárias, colaboração multisetorial ou intersetorial, parcerias de
serviços sociais, parcerias público-privadas, parcerias comercial-comunitária, parcerias
empresariais ou governamentais sem fins lucrativos. Em comum, colaborações entre setores
enfrentam o desafio de lidar com diferentes lógicas institucionais dos parceiros a medida que
dependem dos recursos uns dos outros para alcançar a mudança pretendida (Ashraf,
Ahmadsimab, & Pinkse, 2017).
Nesse sentido, percebe-se que a colaboração intersetorial representa, por definição, um
novo olhar sobre um conceito tradicional da área de estudos em gestão. Seu foco, em síntese,
está vinculado aos problemas sociais existentes que demandam expertises e recursos
provenientes de diversos atores, alocados em diferentes setores. Percebe-se, portanto, que o
cerne dessa discussão condiz com a preocupação principal das ações de inovação social.
Embora essa conexão das áreas seja recente, há necessidade de uma análise sobre as
contribuições que já foram geradas na literatura para que novas propostas de pesquisas sejam
desenhadas, buscando descortinar o processo de inovação social a partir da cooperação
interorganizacional.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
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Conforme dados da Tabela 1, 90 publicações foram identificadas na etapa de
levantamento. No entanto, com o auxílio da ferramenta de identificação de registros
duplicados, do software EndNote (Thomson Reuters), foi possível excluir 47 arquivos,
restando 42 textos para análise. A partir dos 42 textos originais, deu-se início à etapa de
aplicação dos critérios de exclusão a fim de refinar a seleção. Para isso, foi feita a leitura de
todas as publicações, com atenção especial para o resumo, a introdução, itens do referencial
teórico e conclusões a fim de identificar aquelas que seriam excluídas da seleção. Como
resultado, 6 artigos foram excluídos por não se caracterizarem como publicados em revistas
acadêmicas; 8 por envolver temas que não a inovação social propriamente dita ou publicações
que apenas citavam os termos pesquisados poucas vezes durante o texto, e, portanto, o
enfoque principal eram outros, não a inovação social; 11 que por mais que fossem trabalhos
sobre inovação social, o enfoque não estava nas relações de parceria ou alianças. Com isso, 17
artigos foram selecionados para integrarem o presente estudo.
A etapa de análise das publicações selecionadas envolveu uma nova leitura completa
das 17 publicações selecionadas a partir do uso da técnica de revisão integrativa. Tal técnica
pode ser definida como uma “forma de pesquisa que analisa, critica e sintetiza a literatura
sobre um tópico de forma integrada de modo que novos quadros e perspectivas sobre o tema
possam ser gerados" (Torraco, 2005, p. 356, tradução nossa). Embora o uso principal dessa
técnica seja na área de saúde, sua sistematicidade já foi utilizada em estudos sobre marketing
(Krishna, 2012) e estratégia e cognição (Narayanan, Zane, & Kemmerer, 2011), por exemplo.
Na visão de Botelho, Cunha e Macedo (2011, p. 122), a revisão integrativa permite ao
pesquisador da área de gestão “aproximar-se da problemática que deseja apreciar, traçando
um panorama sobre a sua produção científica, de forma que possa conhecer a evolução do
tema ao longo do tempo e, com isso, visualizar possíveis oportunidades de pesquisa”.
Dessa forma, as publicações selecionadas foram analisadas pelos autores com o
propósito de compreender seus enfoques e conclusões principais no que diz respeito à
interseção das temáticas de inovação social e alianças estratégicas. Ressalta-se que após a
etapa de análise individual dos 17 textos selecionados, deu-se início à fase de análise conjunta
com textos com a finalidade de associá-los a grupos representativos com a intenção de
facilitar a compreensão acerca dos campos de pesquisa explorados na interseção das áreas.
Como resultado, quatro grupos de investigação puderam ser delineados.
A segunda parte desse artigo, dedicada à proposição de questões de pesquisa ainda não
exploradas na interseção das duas literaturas (inovação social e cooperação
interorganizacional) foi proposta pelos autores considerando as principais lacunas
identificadas na área. Com isso, pôde-se explorar algumas contribuições que cada uma das
áreas contempladas na literatura poderia auxiliar no entendimento do fenômeno da inovação
social e suas relações de parcerias, temática ainda recente na literatura de gestão.
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a) Aspectos estratégicos
Dentro desse grupo podem ser alocados os interesses de pesquisa relacionados aos
fatores que influenciam o estabelecimento das conexões, ou seja, as motivações e os
benefícios percebidos a partir da colaboração, bem como os elementos de fracasso das
parcerias com foco na inovação social.
Nesse sentido, Kolk e Lenfant (2015), em uma tentativa de analisar os benefícios das
alianças estabelecidas para a produção de café no Congo, cujos resultados são considerados
como inovação social, os resumem em: (i) no nível organizacional: diminuição da necessidade
de gestão da firma sobre o processo devido à transferência de competências para os parceiros
locais; (ii) no nível do produtor: melhoria da renda recebida pela comercialização, bem como
no acesso a novos mercados; e (iii) no nível da comunidade: melhora no relacionamento entre
comunidades vizinhas que passaram a ser parceiros comerciais para atender a demanda
produtiva, além da criação de mecanismos de governança em um ambiente tradicionalmente
caracterizado como institucionalmente frágil.
No que se refere aos fatores de sucesso para o estabelecimento de alianças com
foco na inovação social, Le Ber e Branzei (2010a), a partir de um estudo empírico no Canadá,
evidenciam que o sucesso de uma parceria intersetorial depende da motivação dos parceiros
em alinhar seus papeis, assim para os autores, parcerias de sucesso desenvolvem graus mais
fortes de conexão relacional.
Ainda corroborando com os fatores de sucesso nesse tipo de alianças, Grudinschi et al.
(2013), com base em uma pesquisa na Finlândia, argumentam que a construção de uma
cooperação eficiente e bem-sucedida de criação de valor social depende de quanto os líderes
de ambas organizações estão centrados nos recursos e capacidades constituídos de forma
conjunta, corroborando a percepção de Le Ber e Branzei (2010a) de que o alinhamento entre
os parceiros conduz a conexões mais fortes e estabelecem um fator de sucesso.
Quanto aos elementos de fracasso nas cooperações com foco em inovação social,
Seitadini (2008) revela que no caso estudado o fracasso ocorreu principalmente devido ao
aspecto restritivo da parceria, isto é, com resultados menores ou de menor relevância, que
foram oriundos de pequenos e não grandes esforços. Assim, o esforço reduzido nos
desenvolvimentos dos trabalhos, ou no alcance dos objetivos da parceria, conduziram a
resultados não tão bons quanto seria possível. Nesse sentido, os autores apontam que as
responsabilidades relativamente estreitas por parte dos agentes, acabaram por impossibilitar a
mudança social pretendida.
Entretanto, outras questões poderiam ser exploradas no intento de aprofundar
conhecimento sobre as inovações sociais e os aspectos estratégicos de suas cooperações, tais
como as apontadas no Quadro 1:
Como os parceiros das alianças com foco em inovações sociais são selecionados? Quais os elementos que
fundamentam tal escolha?
Como se desenvolvem as parcerias em cada uma das fases da inovação social? As relações interorganizacionais
estabelecidas nas fases iniciais da inovação se diferenciam das demais?
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Existem casos de fusões e aquisições a partir de alianças estabelecidas com foco na inovação social? Se sim,
como elas se desenvolveram? Quais seus motivadores e barreiras?
Fonte: Elaborado pelos autores (2017)
b) Gestão
Dentro do grupo denominado “gestão” podem ser alocadas pesquisas que envolvam
desde o processo de aproximação com os parceiros selecionados até questões relacionadas ao
modo como a cooperação é, em termos práticos, realizada. Desse modo, o grupo inclui
pesquisas sobre a transferência de conhecimento, os processos comunicativos e a combinação
de recursos.
Nesse sentido, o estudo de Mirvis et al. (2016), ao explorar a transferência de
conhecimento no contexto de inovações sociais desenvolvidas a partir de parcerias com
agentes externos, analisa 70 estudos de caso ilustrativos em que identificam que o
conhecimento trocado nesse tipo de acordo é, em grande parte, tácito e, portanto, são
transferidos principalmente a partir de interações e experiências conjunta. Nesse sentido,
estabelecer laços fortes, com o objetivo de garantir confiança mútua, é essencial entre os
atores.
Já no que se refere aos processos de comunicação em cooperações com foco em
inovação social, Saji e Elingstad (2016) buscam compreendê-los a partir do estudo de um
projeto de inovação social chamado de Marly Infant Diagnosis Project, dedicado ao
diagnóstico precoce do vírus HIV em crianças no Quênia, encabeçado pela multinacional
americana HP (Hewlett-Packard). Por meio da análise de e-mails trocados entre os atores, o
estudo conclui que existem três níveis de dinâmica de parceria em projetos de IS: relacional
(incentivos para compartilhamento do know-how, confiança e credibilidade, aproveitamento
de competências individuais), estrutural (conhecimento específico, intensidade de interação,
conectividade forte, diversidade de parceiros) e cognitiva (clareza no acordo, comunicação e
coordenação, objetivos comuns).
Sobre a combinação de recursos em diferentes lógicas institucionais, Le Ber e
Branzei (2010b), buscam responder a seguinte questão: como parceiros com e sem fins
lucrativos podem vir a entender, conciliar, e produtivamente combinar seus (muitas vezes
adversários e profundamente difusos) interesses? Para isso, foram analisados quatro casos de
parcerias intersetoriais na área da saúde no Canadá. Os resultados indicam que o início das
parcerias é caracterizado pelos contrastes nos interesses; porém, após algum tempo, as
relações de parceria caminham para conciliar de forma gradual suas diferenças e, desse modo,
criar valor social de forma conjunta.
Além das questões apontadas pelos três estudos anteriores, estudos sobre a gestão de
redes de cooperação em inovação social poderiam abordar enfoques sugeridos no Quadro 2:
Como os processos comunicativos, tanto externos quanto internos, se desenvolvem em alianças com foco em
inovação social? Os resultados podem ser equiparados aos de Saji e Elingstad (2016)?
Como a percepção de risco interfere no estabelecimento de alianças com foco em inovação social? Quais os
mecanismos são usados para minimizar tal circunstância?
Como a relação de confiança entre atores de uma aliança com foco em inovação social é estabelecida e
mantida? Existem diferenças com as conclusões em alianças entre empresas tradicionais?
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Como os contratos são utilizados como meio para firmar compromisso entre as partes de uma aliança de
inovação social? Como eles são desenvolvidos? No que se diferem dos desenvolvidos em alianças entre
empresas tradicionais?
Como são administradas as diferenças culturais entre os participantes de uma aliança com foco em inovação
social? Essas divergências são maiores em função das lógicas institucionais muitas vezes conflitantes nesse tipo
de aliança ao envolver organizações com e sem fins lucrativos, por exemplo?
Como os recursos humanos de organizações com diferentes lógicas institucionais (com e sem fins lucrativos)
reagem às parcerias estabelecidas? Qual o impacto disso na motivação das equipes de trabalho?
Fonte: Elaborado pelos autores (2017)
c) Atores específicos
Uma característica relevante e que difere os estudos sobre cooperações com foco em
inovação social dos de alianças estratégicas ‘tradicionais’ é diversidade e o número de atores
envolvidos. Nesse sentido, o maior agrupamento de pesquisas concentra investigações acerca
de organizações-pontes, cidadãos, governos e grandes empresas com fins lucrativos.
Quanto às organizações-ponte, conceituadas como agentes dedicados a facilitar as
ações colaborativas entre atores interessados na inovação social, McMullen e Adobor (2011),
com o objetivo de investigar o sucesso de uma liderança de uma organização ponte,
investigaram um caso nos Estados Unidos. Como resultado, os autores assumem que esse tipo
de organização obtém sucesso quando apresenta os seguintes elementos: facilidade para
construção de relações próximas entre os atores; desejo por solucionar o problema social em
que está envolvida; transformação da questão social em problemática pessoal dos líderes,
relacionado ao envolvimento profundo; desenvolvimento de comportamentos simbólicos e
cerimoniais, por parte dos líderes, com foco na sua missão de conectar as partes interessadas;
e comunicação frequente com os atores.
Sobre a participação de cidadãos como forma de inovação social, Charalabidis e
Loukis (2014) se propõem a investigar como as TIC (tecnologias da informação e
comunicação) podem ajudar no desenvolvimento de inovações sociais. Para isso analisam três
casos de aplicações-piloto junto ao Parlamento Europeu em que o foco era a participação
cidadã. Entre as conclusões apresentadas no estudo, destacam-se: o potencial de estimular os
cidadãos a participarem de decisões relacionadas a problemas sociais específicos; a
possibilidade de ofertar informações sobre projetos de diversos tipos, o que não estava
disponível anteriormente; e a disponibilidade de meios alternativos para a participação social
nas discussões públicas, dando maior pluralidade aos direcionamentos.
O governo é apontado por Lopez e Ramos (2015) como um parceiro-chave em
projetos com foco em inovação social. Nesse sentido, ao explorar o turismo rural na
Argentina, os autores constatam, por meio de pesquisa quantitativa com 91 empresários
rurais, que o maior entrave para o avanço do setor, considerado pelos autores como
impulsionadores de inovações sociais, é a falta de apoio governamental. Nesse sentido, o
estudo elenca algumas funções que deveriam ser priorizadas pelo governo no sentido de
melhorar o ambiente para o desenvolvimento de inovações sociais: prover financiamento;
fornecer treinamento para a formação dos produtores; dar apoio aos investimentos privados;
auxiliar na redução dos problemas de coordenação dentro dos grupos; melhorar o acesso à
informação técnica e de mercado; e facilitar a adoção de inovações.
Ainda dentro do tópico de discussão sobre governo, o estudo de Rodriguez (2015)
busca investigar as necessidades do estabelecimento de parcerias na fase preliminar o
processo de inovação social com os agricultores e produtores de leite em um município da
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Colômbia. Como resultado, o autor argumenta que os agricultores possuem baixa escolaridade
e, portanto, baixa capacidade de gestão do negócio e por isso precisam de apoio
principalmente na fase inicial do empreendimento. Nesse sentido, o governo, único ator
destacado no estudo, além dos próprios produtores rurais, poderia auxiliar a partir de
programas de financiamento de organizações de produtores (cooperativas).
A colaboração com foco na inovação social a partir de empresas com fins lucrativos
é apontada Sandeep e Ravishankar (2015). Para os autores, as parcerias dessas empresas com
pequenas organizações são meios para analisar o desenvolvimento de inovações sociais a
partir da terceirização de serviços. Para isso, foram investigados sete casos de pequenas
empresas, localizadas em áreas rurais ou pequenas cidades da Índia, responsáveis pelos
serviços de TI terceirizados por grandes empresas de tecnologia. Os resultados da pesquisa
chamam atenção para o papel altruísta dos empreendedores ao visualizarem uma proposta
empresarial capaz de ir além da lucratividade e auxiliar no entendimento sobre como as
empresas de terceirização podem ter impacto positivo nas comunidades pobres, contribuindo,
portanto, para o desenvolvimento local.
Além das contribuições apresentadas, outras poderiam ser desenvolvidas a fim de
suprir as lacunas teóricas existentes, conforme algumas sugestões no Quadro 3:
Como são delineadas as parcerias com foco em inovações sociais em contextos diversos?
Como as diferentes estruturas desenvolvidas a partir das alianças com foco em inovação social são
administradas entre os atores? A posse é dividida ou existe um conflito de interesses entre as partes,
principalmente aquelas com lógicas de lucratividade divergentes?
Como ocorre a transferência de capacidades entre os diferentes parceiros envolvidos nas alianças de inovação
social?
Quais são as consequências (reflexos) das parcerias desenvolvidas com atores imersos em lógicas institucionais
distintas?
Como as redes de colaboração com foco em inovação social podem ser desenvolvidas em ambientes
institucionais frágeis caracterizadas pelo baixo incentivo governamental?
Qual o papel de agentes de diferentes setores da aliança? Quais são suas principais contribuições?
Fonte: Elaborado pelos autores (2017)
d) Associações Teóricas
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adequado à análise da aprendizagem e da inovação no contexto de alianças intersetoriais,
especialmente as que operam na base da pirâmide econômica.
Por fim, Selsky e Parker (2010), a partir de uma associação teórica com o conceito de
sensemaking, propõem a análise das estruturas cognitivas de sentido de líderes enquanto
participantes das redes de cooperação com foco em inovação social e , em uma discussão
teórica, abordam as estruturas cognitivas de sentido. Além disso, os autores argumentam que a
distribuição dos valores gerados depende em parte das estruturas cognitivas de sentido
realizada pelos participantes da parceria.
Além das discussões relativas à Teoria Institucional e aos conceitos capacidade
absortiva e sensemaking, outras contribuições poderiam ser feitas com o objetivo de utilizar
conceitos legitimados na área de pesquisa em gestão para o entendimento do fenômeno da
inovação social desenvolvida a partir de ações colaborativas interorganizacionais. Como a
gama de frentes teóricas advindas dos estudos de gestão é grande, levando-se em
consideração as décadas de contribuições da academia científica, várias possibilidades de
pesquisa nesse sentido poderiam ser elencadas de acordo com a perspectiva teórica
selecionada, assim esse tipo de sugestão não se faz necessária no contexto desse artigo, essa
sugestão não é apresentada. Entretanto, como nos três agrupamentos anteriores, outras
sugestões foram identificadas a partir da literatura consultada com o fim de aproximar os
conceitos teóricos da área com o entendimento sobre essa forma de inovação, sendo algumas
dessas indicações expostas no Quadro 4.
Chalmers e Balan-Vnuk (2013) chamam atenção para a necessidade de novos estudos envolvendo o
conhecimento da área de recursos e capacidades para responder, por exemplo, a uma demanda por uma
compreensão teórica maior acerca do processo de inovação e o desenvolvimento de capacidades inovadoras no
contexto da inovação e da empresa social
Le Ber e Brazeni (2010a) destacam, dentro da abordagem de recursos e capacidades, a necessidade de novos
estudos para entender o modo como a transferência de capacidades ocorre dentro de uma rede de colaboração,
além da demanda existente sobre a teorização da forma como o valor social é criado a partir da colaboração e
da transferência de recursos e capacidades.
Morais-da-Silva, Takahashi e Segatto (2016) destacam outras possibilidades de estudos envolvendo Teoria dos
Stakeholders e a Teoria da Aprendizagem e Competência Organizacional para um maior entendimento sobre a
inovação social e cooperação inteorganizacional. Nesse sentido, a primeira abordagem destacada poderia
auxiliar na compressão das relações entre organizações e seus principais interessados. Já a segunda poderia
destacar o entendimento sobre o modo como as organizações envolvidas em inovação social aprendem e
desenvolvem competências quando envolvidas em ações colaborativas.
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Figura 1 – Quatro campos de pesquisa em inovação social e cooperação interorganizacional
Inovação social e
cooperação inteorganizacional
Considerações Finais
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