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Instalações hidrossanitárias: Dicas sobre as declividades aplicadas nos

projetos

Um projeto de instalações hidrossanitárias basicamente é composto pelas


redes hidráulicas destacando água fria, água quente e a alimentação
(abastecimentos dos reservatórios), assim como as redes sanitárias, entre elas
esgoto, ventilação e a rede pluvial.

Uma das diferenças entre as redes hidráulicas e as sanitárias, é o fato de que


as redes hidráulicas funcionam sobre a ação de pressões que proporcionam o
abastecimento dos pontos hidráulicos, já no caso das redes sanitárias o
escoamento é livre ocorrendo pela ação da gravidade, sendo assim
dependendo totalmente da declividade dos condutos.

A seguir vamos verificar alguns aspectos normativos que influenciam no


escoamento das redes hidrossanitárias.

1 – Rede de água fria e água quente

Parece estranho estar falando de declividade nas redes de água fria e água
quente, contudo a NBR 05626/98 recomenda que a rede hidráulica seja
instalada com uma leve declividade em relação ao fluxo da água, isto é, se por
ventura houver acumulação de bolhas de ar na tubulação, as mesmas serão
escoadas para o início da rede, no caso o reservatório. As bolhas presentes na
tubulação reduzem a seção de escoamento, provocando problemas na vazão
do sistema.

Na figura a seguir um exemplo onde a inclinação do conduto faz com que as


bolhas retornem ao reservatório.
A norma ainda recomenda que quando não for possível direcionar as bolhas
para o reservatório, a inclinação deve ser tal que possibilite o escoamento das
bolhas para os pontos de utilização mais elevados tais como os chuveiros, ou
para um dispositivo de eliminação de ar.

2 – Rede de ventilação

A rede de ventilação tem como finalidade manter a pressão atmosféricas


dentro das tubulações sanitárias, visando evitar problemas de sobrepressões e
depressões que podem influenciar na variação do nível dos fechos hídricos dos
elementos sifonados, tais como vasos sanitários e caixas sifonadas.

Logo como o intuito na rede de ventilação é a circulação de ar, pode-se


imaginar que a aplicação da declividade nestes condutos seria desprezada,
contudo não. A NBR 8160/1999 recomenda que toda a rede de ventilação deve
ser instalada com um aclive mínimo de 1%, fazendo com que qualquer liquido
que venha a ser introduzido nesta rede seja escoado para os ramais da rede
de esgoto, evitando assim acumulo de água nos condutos de ventilação.

3 – Rede de esgoto

A rede de esgoto tem como finalidade receber as contribuições dos pontos de


consumo de água de uma edificação. Esta rede trabalha através de um
escoamento livre, logo seu bom funcionamento depende das declividades
aplicadas nos condutos.
A NBR 8160/1999 recomenda padrões de declividades a serem adotados
de acordo com as características dos ramais, sendo eles:

• Ramais de descarga e esgoto


◦ Para diâmetro nominal igual ou menor que 75 mm adotar 2%.
◦ Para diâmetro nominal igual ou maior que 100 mm adotar 1%.

• Subcoletor e coletor predial

◦ A declividade não deve ser inferior ao indicado para os ramais de descarga e


esgoto.
◦ A declividade máxima a ser considerada é de 5%.

O dimensionamento dos subcoletores e coletores prediais também é


influenciado pela declividade definida, sendo que quanto maior for a
declividade, maior será a capacidade de condução de um determinado conduto
com a mesma bitola.

Na tabela a seguir os diâmetros dos subcoletores e coletores prediais a serem


adotados de acordo com as contribuições e declividades, mencionados pela
NBR 8160/199.

4 – Rede de Pluvial

Assim como a rede de esgoto a rede pluvial é realizada através de escoamento


livre, e é baseado na NBR 10844. Essa norma estabelece parâmetros de
declividade para as calhas e para os condutores horizontais de seção circular.
Um ponto importante quando se considera a declividade nas redes de
escoamento livre, é o desnível gerado entre o ponto inicial e o ponto final da
rede, sendo necessário verificar se a altura final resultante da inclinação
definida é compatível com a altura da rede de drenagem urbana.

Na tabela a seguir, conforme a norma anteriormente citada, as declividades


que são aplicadas nas calhas e suas respectivas dimensões.

O dimensionamento dos coletores pluviais horizontais podem ser


baseados na tabela indicada a seguir:

5 – Automatizando o cálculo da declividade

Vimos aqui alguns conceitos sobre as considerações das declividades nos


projetos de instalações hidrossanitárias, más na pratica como citado é
necessário também considerar o desnível resultante entre o início e o final da
rede, para poder prever a profundidade em que as tubulações serão instaladas
assim como as cotas das caixas de inspeção.

Fazer este cálculo do desnível manualmente pode gerar um certo


trabalho, sendo necessário basicamente efetuar as seguintes etapas:

• Obter o comprimento dos condutos;


• Calcular o desnível com base no comprimento e na declividade definida;
• Somar o desnível com o valor da altura a montante do conduto;
• Verificar as alturas de entrada em uma caixa de inspeção e adotar como
saída o valor mais baixo resultante das entradas.

Assista no vídeo indicado a seguir, uma comparação entre o trabalho de se


efetuar o cálculo manual utilizando um CAD sem ferramentas especificas de
dimensionamento, e um software especializado em instalações
hidrossanitárias.

Na primeira parte do vídeo, foram definidos os comprimentos, e efetuado o


cálculo das elevações conforme as etapas indicadas acima, já na segunda
parte do vídeo foram aplicadas ferramentas especificas que visão a definição
das elevações dos condutos.

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